Buscar

Resenha Filme O Leitor - análise ética e moral

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Ac. Suzany Caroline de Araújo Freitas R.A. 41916
Resenha do filme: O Leitor
SCHILINK, Bernhard. Direção de Stephen Daldry, 2009
Num cenário pós-segunda guerra, O Leitor trás a história de um adolescente, Michael Berg, que se envolve amorosamente, com Hanna Schmitz, uma mulher com o dobro de sua idade. Não se sabe bem a profundidade deste romance, mas há uma troca perceptível, seja pela descoberta de um primeiro envolvimento afetivo pelo garoto ou pelas sessões de leitura de livros que este fazia a Hanna a cada encontro em seu apartamento. Porém, esse relacionamento não durou muito, após uma oferta de emprego melhor, Hanna percebe que é hora de deixar o jovem Michel viver sua vida e se muda.
Anos depois, Michael, agora um estudante de direito reencontra sua amada em um júri, sendo ela e mais cinco mulheres, réu de crimes cometidos no que seria o Holocausto, por serem guardas em um dos campos, elas eram responsáveis por escolherem quem seria levado para as câmeras de gás e também acusadas pelo assassinato de mulheres judias ao serem deixadas presas em uma capela para morrerem queimadas quando houve um ataque local. Hanna sempre se mostrou verdadeira nos julgamentos, nunca escondendo que era sua obrigação na época como guarda, porém, ela assume a culpa e autoria de um relatório sobre a morte das judias pela vergonha de descobrirem que ela na verdade era analfabeta (fato que Michel só descobriu no julgamento se recordando dos momentos que passaram juntos).
Hanna é condenada a prisão perpétua por seus crimes, algum tempo depois Michael, por ela não saber escrever, envia fitas gravadas por ele mesmo narrando seus livros favoritos que liam juntos no passado, o que incentivou a ela aprender por si só a ler e a escrever. 
O filme nos faz pensarmos em tantos assuntos, seja pelo relacionamento do casal, ou pelos crimes desumanos durante a segunda guerra, ou o problema visto socialmente pelo analfabetismo, mas ao tratar especificamente sobre o Holocausto, podemos refletir um pouco sobre o que seria ético, legal e/ou moral.
Ao nos colocarmos no lugar de Hanna, podemos perceber que ela só queria cumprir seu papel, seguir as regras e leis impostas em seu país, seguindo de maneira ética, isso é demostrado por diversas vezes em sua reação e pronunciamentos sobre o que aconteceu de fato, havia ordens, e ela devia obedece-las, e isto era de fato assegurado em seu país, mas isso tudo mudou e agora seria considerado crime. 
Porém, todos nascemos com a noção do que é certo e o que é errado, o que é moral e amora, será que ela nunca tenha refletido sobre tudo o que estava acontecendo naquela guerra? Ela sabia que ao escolher as meninas judias, ela estaria colocando ali uma sentença de morte. E mais, em suas falas, e até mesmo questionada pelo juiz, ela preferiu deixar que as judias ficassem presas e em risco de morte, que libertá-las e haver uma desordem, mostrando sua passividade, não por medo da punição que sofreria caso alguma das presas se libertassem, mas pela sua própria vontade
Porém devemos lembrar do regime totalitário, que funciona com a junção de terror e medo, e quem fosse contra tais ideias deveria ser eliminado, o que fez com que muitos se submetessem as autoridades, anulando totalmente a individualidade. A filósofa judia Hannah Arendt que viveu na época da segunda guerra relata isso em seu livro Origens do Totalitarismo (1951): “Em lugar das fronteiras e dos canais de comunicação entre os homens individuais, constrói um cinturão de ferro que os cinge de tal forma que é como se a sua pluralidade se dissolvesse em Um-Só-Homem de dimensões gigantesca... Pressionando os homens, uns contra os outros, o terror total destrói o espaço entre eles”.
A filósofa também classifica dois tipos de pessoas, os nazistas convictos, ou seja, aqueles que realmente acreditavam no regime e eram antissemitas, e aqueles que realizavam seus trabalhos para ter vantagem pessoal, não acreditavam no totalitarismo, mesmo tendo que fazer coisas más, mas obedeciam ordens, como no caso sobre um oficial da SS, “O problema com Eichmann era exatamente que muitos eram como ele, e muitos não eram nem pervertidos, nem sádicos, mas eram e ainda são terrível e assustadoramente normais. Do ponto de vista de nossas instituições e de nossos padrões morais de julgamento, essa normalidade era muito mais apavorante do que todas as atrocidades juntas, pois implicava que — como foi dito insistentemente em Nuremberg pelos acusados e seus advogados — esse era um tipo novo de criminoso, efetivamente hostis generis humani, que comete seus crimes em circunstâncias que tornam praticamente impossível para ele saber ou sentir que está agindo de modo errado.” Eichmann em Jerusalém: Um relato sobre a banalidade do mal (1963), cita Arendt.
Ao analisarmos todos estes fatos, podemos nos perguntar, se Hanna estava sendo condenada por tais crimes, não deveriam também as milhares de outras pessoas que trabalharam para a doutrina nazista e que provocaram direta ou indiretamente a morte de tantas outras serem condenadas? Mesmo que a lei fosse esta e todos estivessem agindo eticamente corretos, a moral varia de sujeito para sujeito. Porém, em uma época totalitarista, a individualidade de cada um é tirada, até mesmo o que você julga ser certo ou errado, pois caso você for contrário, você é o inimigo. 
“O poder nunca é propriedade de um indivíduo; pertence a um grupo e existe somente enquanto o grupo se conserva unido”, Hannah Arendt.

Continue navegando