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1. CONSTITUIÇÃO 1. CONCEITO, ACEPÇÕES, OBJETO E ELEMENTOS 1.1.1 – Conjunto de normas jurídicas que elencam direitos, prerrogativas, garantias, competências, deveres e encargos, consistindo na lei fundamental da sociedade. 1.1.2 - Ainda assim, há diversas acepções, como por exemplo, o de que a Constituição trata de um organismo vivo, pois é incumbência do legislador prever possíveis modificações futuras. 1.1.3 – Sentidos tradicionais de Constituição: a) sociológico: se apoia nos fatores reais de poder; b) jurídico (Kelsen): em sentido formal (documento solene), e material (preceitos que regulam a criação e normas jurídicas gerais); c) político: tudo que não diga respeito a uma decisão política seria apenas uma lei constitucional; d) jusnaturalista: concebida à luz dos princípios do direito natural – direitos humanos fundamentais; e) positivista: são normas emanadas do poder do Estado. 1.1.4 – Elementos mínimo-irredutíveis orgânicos (organizam o Estado e a estrutura do poder, sistema de competências), limitativos (freiam o poder estatal perante os cidadãos), socioideológicos (fins sociais e econômicos), bem como os elementos de estabilização (normalidade institucional e paz coletiva), aplicabilidade (procedimento formal para aplicação de normas supremas) e transição constitucional. 2. CLASSIFICAÇÕES (BRASILEIRA EM NEGRITO) 1.2.1 – Quanto à origem: históricas (tradição), democráticas (promulgadas), outorgadas (derivam de concessão do governante), pactuadas (plebiscito e referendo). 1.2.2 – Quanto à estabilidade: superrígidas (imutabilidade vai além de cláusulas pétreas), rígidas (processo solene e complicado), semirrígidas (parte das normas é assim), flexíveis (mais fácil – legislativo), imutáveis (eternas). É o sistema e não as cláusulas pétreas que determinam isso. 1.2.3 – Quanto à forma: escritas (único documento – sistematização), e não escritas (também em costumes, jurisprudência). 1.2.4 – Além disso, nossa Constituição é formal (documento solene), analítica (vai além de princípios básicos), dogmática (sistematizada a partir de ideias fundamentais), eclética (fundada em valores plurais), e normativa (tem valor jurídico legítimo, não apenas social). 2. TEORIA DA CONSTITUIÇÃO 1. CONSTITUCIONALISMO E NEOCONSTITUCIONALISMO 2.1.1 – Constitucionalismo surge das revoluções burguesas e tem como objetivo a limitação de poder e atribuição aos cidadãos de direitos e garantias fundamentais. 2.1.2 – Neoconstitucionalismo, como aprimoramento do Constitucionalismo moderno, prega a importância da moral e dos valores sociais, garantidos por meio de princípios. Afirma que a Constituição, centro do sistema jurídico, deve ser dotada de força normativa, onde o Poder Judiciário se destaca como garantidor, em ideia de extração máxima de efetividade do texto constitucional. 2. SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO 2.2.1 – Do ponto de vista formal, destaca-se a superioridade da Constituição sobre o restante da ordem jurídica, o que se dá por meio de constituições rígidas. Além disso, destacam-se a normatividade (todas as disposições da Carta Magna são normas jurídicas) e a centralidade da Constituição (demais ramos do Direito devem ser compreendidos e interpretados a partir do que dispõe a Constituição). 2.2.2 – Do ponto de vista material, a incorporação explícita de valores e opções políticas nos textos constitucionais, sobretudo no que diz respeito à promoção da dignidade humana e dos direitos fundamentais, e a expansão de conflitos entre as opções normativas e filosóficas dentro do próprio sistema constitucional Acerca disso, a corrente substancialista acredita que cabe à Constituição impor decisões valorativas a esse cenário, e a corrente procedimentalista determina que apenas se garante o funcionamento adequado do sistema de participação democrático, ficando a cargo da maioria a definição de valores e políticas. 3. INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS: MÉTODOS E PRINCÍPIOS 2.3.1 – Mutação constitucional: mudanças interpretativas que não a modificam formalmente, porém, dão aos seus comandos novos significados de acordo com a evolução social, política, econômica, filosófica. 2.3.2 – Toda e qualquer norma jurídica precisa ser interpretada, então o objetivo maior é reforçar seus princípios fundamentais, tendo como norte a proteção e valorização da pessoa humana. 2.3.3 – Princípios: unidade (Constituição deve ser vista e interpretada como um todo), máxima efetividade (maior eficácia para que se amplie o texto constitucional), conformidade funcional (respeito às limitações impostas pelo legislador constitucional), harmonização prática (não há hierarquia entre as normas constitucionais, embora as emendas estejam sujeitas ao controle de constitucionalidade) e força normativa (natureza normativo-jurídica dos princípios constitucionais). 4. APLICABILIDADE E EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS 2.4.1 – A colisão de direitos fundamentais não pode ser considerada um conflito aparente de normas, deve ser respeitado o núcleo intangível desta natureza, um prepondera sobre o outro sem eliminá-lo. 2.4.2 – Normas de eficácia plena: aplicabilidade direta, imediata e integral, trazem todo o conteúdo para sua materialização prática. 2.4.3 – Normas de eficácia contida: aplicabilidade direta, imediata e não integral, pois o poder legislativo poderá fazer restrições. 2.4.4 – Normas de eficácia limitada: aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, pois exigem norma infraconstitucional para que haja seu cumprimento. Eficácia negativa (revogam leis anteriores incompatíveis). Podem ser de princípio programático (preceitos a serem cumpridos pelo Poder Público, fins sociais) ou institutivo (regula estrutura do Estado). 2.4.5 – Súmulas vinculantes: apenas o STF pode editá-las, de ofício ou mediante provocação, desde que se trate de matéria constitucional e demonstrando controvérsia atual entre órgãos. Quórum para aprovação: 2/3. A vinculação atinge todos os órgãos do Judiciário, a Administração direta e indireta. Eventual modulação de efeitos, mesmo quórum. 5. NORMAS CONSTITUCIONAIS NO TEMPO E NO ESPAÇO (DIREITO INTERTEMPORAL) 2.5.1 – Recepção: continuam válidos os atos legislativos editados na vigência do ordenamento anterior, sendo recebidos e adaptados à nova ordem jurídica. 2.5.2 – Revogação: atos incompatíveis com o novo documento supremo serão deste expulsos. 2.5.3 – Repristinação: possibilidade de recuperação da vigência de norma que tinha sido revogada, se a lei que tinha revogado perder a vigência. Compromete a certeza e a segurança das relações jurídicas. 2.5.4 – Desconstitucionalização: normas constitucionais revogadas podem passar ao nível infraconstitucional. 6. BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE 2.6.1 – Conjunto de normas materialmente constitucionais que podem sofrer controle de constitucionalidade, sem necessariamente integrar formalmente a Constituição, como os tratados internacionais de direitos humanos. 3. PODER CONSTITUINTE 1. PERSPECTIVAS HISTÓRICAS 3.1.1 – É o povo (titular) que atribui seus poderes a órgãos estatais especializados, que passam a se denominar Poderes (quem exerce). Neste sentido, o Poder Constituinte tem suas raízes em uma força geral da Nação. 2. ESPÉCIES E CARACTERÍSTICAS 3.2.1 – O Poder Constituinte Originário cria nova constituição de um estado. É inicial (não existe outro poder anterior ou superior), autônomo (determina a estrutura da nova Constituição), ilimitado (sem qualquer subordinação), incondicionado (liberdade quanto aos procedimentos adotados), e permanente (não se esgota com a edição de nova Constituição). 3.2.2 – O Poder Constituinte Derivado Reformador é responsável pela reforma da Carta Magna – emendas constitucionais/incorporação de tratados internacionais. Não está expresso em nosso ordenamento, embora exista implicitamente. 3.2.3 – O Poder Constituinte Derivado Decorrente é o exercidopelos Estados-membros na construção das Constituições Estaduais. 3.2.4 – Limitações ao Poder Constituinte Derivado para alterações na Constituição: a) temporais (por determinado tempo – não previsto em nosso ordenamento); b) circunstanciais (em momento de extrema gravidade – estado de defesa, estado de sítio e intervenção federal); c) formais (rol taxativo de legitimidade para propositura de Emenda + quórum de 3/5 em dois turnos para aprovação); d) materiais: cláusulas pétreas; e) implícitas: referente às regras do processo de modificação da Constituição. 3. REFORMA CONSTITUCIONAL E MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL 3.3.1 – Reforma é gênero, e tem como espécies: emenda (mudança pontual) e revisão (modificação mais ampla). 3.3.2 – Revisão constitucional foi realizada 5 anos após a promulgação da CF/88, por voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral. 3.3.3 – Mutação constitucional é um processo não formal, onde modifica-se apenas o significado e o sentido interpretativo de determinada norma constitucional. Pode ocorrer por interpretação, pela atuação do legislador ou por via do costume. 4. PODER DE REFORMA CONSTITUCIONAL: EMENDAS E REVISÕES 3.4.1 – As emendas constitucionais representam um meio formal de modificação da Constituição, tratando-se de poder limitado, condicionado e subordinado, visto que estão sujeitas ao controle de constitucionalidade. 3.4.2 – Legitimados: a) 1/3 dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado; b) Presidente da República; c) mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, cada uma por maioria relativa de seus membros. 3.4.3 – Proposta será discutida em cada casa, considerando-se aprovada com 3/5 de votos. Promulgação é feita pelas mesas e não pelo Presidente (inexiste veto/sanção). 3.4.4 – Se rejeitada ou prejudicada a votação, será arquivada e a matéria não poderá ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa (uma por ano). 5. CLÁUSULAS PÉTREAS 3.5.1 – Expressas: a forma federativa do Estado, o voto direto, secreto, universal e periódico, a separação dos Poderes, e os direitos e garantias individuais, que não se restringem aos elencados no art. 5°. 3.5.2 – O poder constituinte reformador não pode criar novas cláusulas pétreas, mas sim a ampliar o catálogo dos direitos fundamentais, lembrando que o sistema constitucional brasileiro admite a existência de cláusulas pétreas implícitas, como a forma republicana de governo. 3.5.3 – A proteção especial dada às normas amparadas por cláusulas pétreas sobrelevam seu status político ou sua carga valorativa, com importantes repercussões hermenêuticas, mas não lhes atribui superioridade jurídica. 6. PODER CONSTITUINTE SUPRANACIONAL 3.6.1 – Busca submeter diversas constituições nacionais ao seu poder supremo, distinguindo-se do ordenamento jurídico positivo interno e do direito internacional. Exemplo: tentativa de criação de uma Constituição para a União Europeia. 4. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 1. HISTÓRICO DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 4.1.1 – Atual Constituição inovou pela democratização da legitimidade para propositura do controle concentrado, criando o rol do art. 103. Criação da ADPF, ADI por omissão e do mandado de injunção. Reconhecimento do controle concentrado de constitucionalidade estadual. 4.1.2 – Consiste na fiscalização da compatibilidade entre condutas dos Poderes Públicos e o Bloco de Constitucionalidade. Por isso, pressupõe a supremacia e a rigidez de uma Constituição. STF tem posicionamento firme de que não se admite controle de constitucionalidade em face de norma interposta (infraconstitucional que ofenda norma infraconstitucional). 4.1.3 – É possível existirem normas constitucionais inconstitucionais, desde que derivadas do poder constituinte reformador – emendas constitucionais, exemplo. 2. INCONSTITUCIONALIDADE E RECEPÇÃO NO SISTEMA JURÍDICO BRASILEIRO 4.2.1 – A inconstitucionalidade pode ser formal (vício de procedimento legislativo ou às regras de competência {orgânica}), material (vício afeta o conteúdo substantivo da norma), ou por vício de decoro parlamentar (abuso de prerrogativas ou percepção de vantagens indevidas). 4.2.2 – Quanto à competência: político (feito por órgão não integrante do Poder Judiciário), jurisdicional (regra), ou misto (por ambos os anteriores). 4.2.3 – Ainda pode ser originária (inconstitucionalidade desde sua criação) ou por arrastamento. Não se admite a inconstitucionalidade superveniente, visto que o vício há de ser apurado em face da Constituição vigente ao tempo de sua elaboração. 4.2.4 – Estados de coisas inconstitucional: política ativista do STF em ação conjunta com os Três Poderes para interromper violação sistemática de direitos fundamentais, ação/omissão do Poder Público. 3. ESPÉCIES DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO BRASIL 4.3.1 – Adota-se a teoria da nulidade, onde a decisão que reconhece a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo tem natureza declaratória e seus efeitos são ex tunc. No entanto, poderá ocorrer a modulação de efeitos (atribuição de efeitos ex nunc) por segurança jurídica ou interesse público, restringindo os efeitos da decisão até trânsito em julgado ou outro momento (efeitos inter partes). 4.3.2 – Quanto ao momento, poderá ser preventivo ou repressivo: 4.3.2.1 – Objetivo é evitar que norma inferior, ainda inacabada, ingresso no sistema jurídico. Legislativo através de suas comissões. Executivo através do veto do chefe do Executivo, que pode ser jurídico ou político (norma é contrária ao interesse público). Judiciário julga mandado de segurança impetrado. 4.3.2.2 – Acerca de norma já existente, no Brasil é competência do Judiciário. Exceção: Legislativo acerca de leis delegadas, atos normativos decorrentes do poder regulamentar, e as medidas provisórias. Chefes do Executivo podem determinar o não cumprimento de leis que não entendam necessárias. 4. O CONTROLE DIFUSO: CARACTERÍSTICAS, EFEITOS, NATUREZA. 4.4.1 – Adotado para decisão quanto ao pedido que envolve a resolução de um caso concreto, motivo pelo qual pode ser provocado por qualquer pessoa e realizado por todo juiz, inclusive de ofício. 4.4.2 – Princípio da reserva do plenário: maioria absoluta dos seus membros ou do respectivo órgão especial para os tribunais declararem a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo (art. 97, CF). 4.4.3 – Abrandamento da cláusula de reserva de plenário: a regra acima não incide para normas anteriores à Constituição, para se declarar a constitucionalidade ou quando já houver pronunciamento do próprio tribunal ou do STF sobre a questão – nem vai para plenário/órgão especial. 4.4.4 - A decisão que enseja a interposição de recurso ordinário ou extraordinário não é a do plenário, que resolve o incidente de inconstitucionalidade, mas a do órgão (câmaras, grupos ou turmas) que completa o julgamento do feito (Súmula 513/STF). 4.4.5 – A ação civil pública não pode ser usada como instrumento de controle, a menos que aqui, como questão prejudicial, indispensável à lide principal. 4.4.6 – Poderá haver a geração de efeitos erga omnes não retroativos se o Senado suspender a execução de lei declarada inconstitucional pelo STF em controle difuso (não é obrigado a fazer isso, decisão é irretratável). 4.4.7 - Viola a cláusula de reserva de plenário a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade da norma ou ato normativo, afasta sua incidência (Súm. Vinculante 10/STF) 5. O CONTROLE CONCENTRADO: CARACTERÍSTICAS, EFEITOS, NATUREZA. 4.5.1 – Almeja a manutenção da supremacia do Texto Constitucional, STF decide em quórum de 2/3 e votação por maioria absoluta em um processo objetivo, sem partes, com efeitos retroativos e com causa de pedir aberta (pode se reconhecer a inconstitucionalidade por motivos alheios àquelesexpostos na inicial). Cabe medida cautelar (efeitos ex nunc) e seu efeito repristinatório (aplica-se lei anterior) 4.5.2 - Rol de legitimados: I - Presidente da República e Governador (especial); II - Mesa do Senado Federal, da Câmara dos Deputados ou Assembleia de Estado ou Câmara do Distrito Federal (especial); III - Procurador-Geral da República, Conselho Federal da OAB, partido político com representação no Congresso Nacional (no momento da propositura), e confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional – especiais (requisitos: delimitação subjetiva da associação, caráter nacional – CUT NÃO É LEGITIMADA). Obs: especiais precisam demonstrar pertinência temática. 4.5.3 – Particularidades do processo objetivo do controle concentrado: a) inexistência de prescrição/decadência e prazo recursal ou para contestar em dobro; b) Inadmissibilidade de assistência jurídica, intervenção de terceiros, amicus curiae, a menos que por determinação do relator; c) vedação expressa à desistência; d) Irrecorribilidade e irrescindibilidade da decisão proferida (salvo EDs); e) Possibilidade de dilação probatória com perícia ou audiência pública. 4.5.4 – Possibilidade de presença do contraditório: órgão estatal defendendo o ato que editou ou AGU garantindo a defesa irrestrita da validade jurídica da norma. 4.5.5 – Arguição de suspeição é incabível, já de impedimento apenas caso o julgador tenha atuado no processo como requerente, requerido, AGU ou PGR. 4.5.6 – Reclamação constitucional no caso de descumprimento de algum órgão acerca da suspensão de medida cautelar pelo STF, sendo cassada a decisão. Não cabe quando já houver o trânsito em julgado – Súmula 734 STF. Cabimento: tanto controle de constitucionalidade federal quanto estadual. Estados também podem criar a possibilidade deste instituto em suas Constituições regionais. 4.5.7 – Mitigação da atuação do AGU: não está obrigado a defender tese jurídica se sobre ela o STF já houver se manifestado pela inconstitucionalidade. 4.5.8 – Teoria da transcendência dos motivos determinantes: prega que no ratio decidendi (fundamentos de uma sentença) também estaria incluído no efeito vinculante da decisão em sede de controle de constitucionalidade. 6. AÇÕES DO CONTROLE CONCENTRADO: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO, AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE, E ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL. 4.6.1 – ADI: ataca lei ou ato normativo federal ou estadual vigente, posterior à Constituição e primária, possuindo necessariamente uma desconformidade direta com a Constituição. 4.6.1.1 - Decisão de maioria absoluta do STF com natureza dúplice (ou declara a constitucionalidade ou sua inconformidade), efeito erga omnes e vinculante aos demais órgãos do Judiciário e Administração Pública. Regra geral para as demais ações, cujas peculiaridades estarão abaixo. Art. 125. § 2º Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual (perante TJ, decisão recorrível com Recurso Extraordinário se tiver ofensa constitucional federal). 4.6.2 – ADI por omissão: Será dada ciência ao Poder Competente para a adoção das providências necessárias em 30 dias, ou outro prazo razoável. Decisão é apenas sugestão, não obriga a providência de medidas. O mandado de injunção difere na legitimação (qualquer um pode), no foro (pode ir para outras competências), na natureza (controle difuso) e na decisão (mais concretista). 4.6.3 – ADI interventiva: dependerá de representação do Procurador-Geral da República (legitimado ativo), e no caso de recusa à execução de lei federal, sendo submetido à apreciação pelo Congresso Nacional ou Assembléia Legislativa do Estado, no prazo de 24 horas. 4.6.4 – ADC: apenas para matéria federal, tem como pressuposto a existência de controvérsia judicial que coloque em risco a presunção de constitucionalidade da norma. Decisão é irrecorrível, e impede a realização de nova análise contestatória da matéria. 4.6.5 – ADPF: é dividida em espécie autônoma/direta (reparar lesão a preceito fundamental decorrente de ato do Poder Público, não necessariamente normativo) e por equiparação/incidental (relevante fundamento da controvérsia constitucional). Aplica-se aqui o princípio da subsidiariedade em relação às demais espécies. Cabe modulação de efeitos e concessão de medida liminar. Competência exclusiva STF, tendo por objeto lei municipal, lei anterior à Constituição e até lei revogada, visto que a intenção é a declaração de ilegitimidade ou de não-recepção da norma pela ordem constitucional superveniente. 5. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 1. FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 5.1.1 – SOCIDIVAPLU: Soberania, Cidadania, Dignidade da pessoa humana, Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e Pluralismo político. 5.1.2 – A soberania proibiu a existência de mais um poder soberano dentro do seu território (unidade), vedou a repartição aleatória (indivisibilidade), a cessão para entes externos (inalienabilidade) e sua imprescritibilidade. 5.1.3 – Estado Democrático de Direito: reconhece a ordem estatal justa, mantenedora das liberdades públicas e do regime democrático, assegurando direitos inalienáveis, sem os quais não haveria democracia nem liberdades públicas. É dever de cidadania opor-se à ordem ilegal. 5.1.4 – Princípio republicano: ideia de que representantes eleitos pelo povo devem decidir em seu nome, à luz da responsabilidade, da eletividade e da temporariedade. 5.1.5 – Os preceitos fundamentais são, além dos princípios fundamentais, todas as prescrições que dão o sentido básico do regime constitucional. Autonomia estatal. 5.1.6 – Poderes da União x Funções Essenciais à Justiça (DEFENSORIA PÚBLICA). 2. OBJETIVOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL a) Contração de uma sociedade livre justa e solidária; b) Garantia do desenvolvimento nacional; c) Erradicação da pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; d) Promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, etc; 3. PRINCÍPIOS ADOTADOS PELO BRASIL NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS a) Independência nacional; b) Prevalência dos Direitos Humanos; c) Autodeterminação dos povos; d) Não-intervenção; e) Igualdade entre os Estados; Defesa da Paz; f) Solução Pacífica dos Conflitos; g) Repúdio ao Terrorismo e ao Racismo; h) Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; i) Concessão de asilo político. 6. DIREITOS FUNDAMENTAIS 1. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 6.1.1 – Direitos fundamentais, ou liberdades públicas, são o conjunto de normas constitucionais positivas inerentes à soberania popular, que garantem a convivência igualitária social, independente do status da pessoa. São direitos de defesa/instrumentais que possuem aplicabilidade direta e integral. 6.1.2 - Em compensação, garantias fundamentais são as ferramentas jurídicas por meio das quais estes direitos, meramente declaratórios, se exercem, limitando os poderes do Estado. Exemplo: direito à ampla defesa + garantia do contraditório. Por isso as normas são direcionadas ao estado e não aos cidadãos, é ele que deve cumpri-las. Princípio da proibição do retrocesso. Possibilidade de descumprimento de lei inconstitucional. Lembrete: resta ao Judiciário interpretar harmonicamente as normas assecuratórias destes direitos, a fim de evitar contradições entre bens e princípios constitucionais. 2. DIREITOS FUNDAMENTAIS: CONCEITO, EVOLUÇÃO, CLASSIFICAÇÃO, DESTINATÁRIOS, CARACTERÍSTICAS E ESPÉCIES 6.2.1 – Historicidade: dependendo do momento histórico, mostraram-se mais ou menos relevantes. 6.2.2 – Universalidade: se tratam de direitos atribuídos a toda e qualquer pessoa, inclusive para estrangeiros (residentes ou em trânsito) e pessoas jurídicas.6.2.3 – Imprescritibilidade: no entanto, seus efeitos, especialmente os patrimoniais, sujeitam-se à prescrição e à decadência. 6.2.4 – Indisponibilidade e irrenunciabilidade: possibilidade da disponibilidade relativa (reality shows – imagem e privacidade). 3. DIMENSÕES OU GERAÇÕES DE DIREITOS FUNDAMENTAIS a) primeira geração - individuais – vida, liberdade, religião, associação; b) segunda geração - sociais, econômicos e culturais – trabalho, seguro social; c) terceira geração - solidariedade ou fraternidade/difusos – meio ambiente, vida saudável; d) quarta geração - dos povos – minorias, econômicos, coletivos, eutanásia; e) quinta geração – direito à paz; f) sexta geração - à democracia, informação e pluralismo político. Estado Democrático de Direito + Declaração Universal dos Direitos do Homem. 4. COLISÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS E TEORIA DA PONDERAÇÃO DE VALORES 6.4.1 – Os direitos fundamentais não possuem caráter absoluto, porque razões de relevante interesse público legitimam, ainda que excepcionalmente, a adoção de medidas restritivas das prerrogativas individuais ou coletivas. 6.4.2 – Ainda assim, o princípio da dignidade humana possui conteúdo axiológico e normativo. Sua interpretação requer proporcionalidade e ponderação, visto ser norma suprema. É atributo que todo ser humano possui, decorrente de sua natureza. 6.4.3 - Aplicação dos direitos fundamentais às relações entre particulares. Aqui, a técnica de ponderação garante ao magistrado equilibrar tais direitos do indivíduo e de entidades privadas, com prudência e bom senso. 5. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE 6.5.1 – Fórmula conciliadora, que reconhece nestes princípios uma proteção contra as limitações individuais arbitrárias, mas também contra a lesão ao núcleo essencial dos direitos fundamentais. Não há de ser interpretada em sentido meramente econômico, de adequação da medida limitadora ao fim perseguido, devendo também cuidar da harmonização dessa finalidade com o direito afetado pela medida. 6. DIREITOS INDIVIDUAIS EM ESPÉCIE Direito à vida Conceito Comentário Aborto Despenalização é inconstitucional. Exceções: art 124 a 128, CP. Anencefalia Possibilidade legal de interromper gravidez de feto anencefálico. Eutanásia Homicídio piedoso. Flagrante inconstitucionalidade. Pena de morte Admitido apenas em caso de guerra. Não se admite emenda. Clonagem Reprodução assexuada em humano. Inconstitucional. Direito à igualdade Conceito Comentário Ação afirmativa Tratamento objetivo diferenciado a certos grupos. Permite-se. Discriminação negativa Critério subjetivo e proibido de ser aplicado. Igualdade formal Perante a lei. Igualdade jurídica. Igualdade material Concretização da isonomia formal. Direito de propriedade Conceito Dispositivo Comentário Caráter relativo Art. 5°, XXIII, CF Função social inerente legitima intervenção estatal. Função social Art. 5°, XXII, CF Destinação econômica útil - interesse público. Direito relativo de edificar. Desapropriação Art. 5°, XXIV, CF Transferência compulsória de bens privados para o domínio público. Requisição Art. 5°, XXV, CF Uso temporário do bem, caráter excepcional, necessário perigo iminente. Direito Autoral Art. 5°, XXVII, CF Exclusiva utilização de suas obras. Transmissível por herança. Direito à liberdade Espécie Conceito Dispositivo Comentário Anonimato Art. 5°, IV, CF Proibido. Responde por eventual dano causado a terceiro. Pensamento Expressão Art. 5°, IX, CF Não suporta censura e licença, mas não é absoluto (atos ilícitos). Silêncio Art. 5°, LXIII, CF Privilégio contra a autoincriminação. Crítica jornalística Entendimento STF Não é sujeita à repressão estatal / abuso de liberdade. Comunicação Direito de resposta Art. 5°, V, CF Resguarda valores. Responsabilidade do meio de comunicação. Sigilo Art. 5°, XII, CF Possibilidade de quebra via ordem judicial quando utilizado como instrumento de prática ilícita Consciência Art. 5°, VI, VIII; art. 19, CFPressuposto para demais liberdades. Ok se não cometer ilícitos. Crença Art. 5°, VI, VIII, CF Escolher própria religião ou não. Laicidade do estado. Religião Culto Art. 5°, XII, CF Possibilidade de exercício sujeita à responsabilidade civil e criminal. Convicção político-filosóficaEntendimento STF Liberdade de comunicação nas democracias. Escusa de consciência Art. 5°, VI, VIII, CF Negar imposição contrária às suas convicções religiosas, políticas, etc. Reunião Art. 5°, XVI, CF Desde que pacífica, com prazo determinado e aviso prévio. Restrições: estado de sítio e defesa. Tutelado por mandado de segurança. Lib. De Expressão ColetivaAssociação Art. 5°, XVII a XXI, CF Vedado caráter paramilitar. Dissolução apenas por decisão judicial. Necessário caráter permanente. Independe de autorização. Informação Sigilo da fonte Art. 5°, XIV, CF Viabiliza ampla pesquisa. Respeito das confidências. Receber infos de órgãos Art. 5°, XXXIII, CF Desde que o sigilo seja imprescindível à segurança do Estado. Outros Direitos Conceito Dispositivo Comentário Intimidade, vida privada, honra,imagem Art. 5°, X, CF Limites às intromissões abusivas e ilícitas da imprensa. Liberdade de acesso à informação Art. 5°, XIV, CF Abarca o sigilo de fonte - acarreta responsabilidade. Receber informações do estado Art. 5°, XXXIII Possibilidade de impetração de habeas data. Inafastabilidade de jurisdição Art. 5°, XXXV Outros poderes não podem afastar a apreciação do Judiciário. 6.6.1 – Teoria do Impacto Desproporcional: toda e qualquer atividade empresarial, política governamental, de cunho legislativo ou administrativo, deve ser condenada por violação do princípio da igualdade material. 6.6.2 – Política de ações afirmativas: STF entende que a adoção de políticas que levariam ao afastamento de perspectiva meramente formal do princípio da isonomia integraria o cerne do conceito de democracia. 6.6.3 – União homoafetiva como entidade familiar: direito à orientação sexual. 6.6.4 – Foi declarada a inconstitucionalidade da interpretação segundo a qual a interrupção da gravidez de feto anencefálico é conduta tipificada no Código Penal. 6.6.5 - Escritos anônimos não podem por si só justificar a instauração de persecutio criminis, eis que peças apócrifas não podem ser incorporadas formalmente ao processo, salvo quando tais documentos forem produzidos pelo acusado ou constituírem por si só o corpo delito. 6.6.6 – Inviolabilidade do domicílio (é asilo): incluindo escritório, motel, hotel e congêneres. Exceções: por determinação judicial, durante o dia, ou em flagrante delito ou para prestar socorro, a qualquer horário. Obs: há a possibilidade de se instalar escuta ambiental em escritório de advocacia acusado de reduto para a prática de crimes. 6.6.7 – Interceptação telefônica (gravações de conversas presentes e futuras) submete-se à reserva de jurisdição e não se confunde com quebra de sigilo (acesso a dados passados), que não se submete à reserva, pois assiste competência à CPI para decretar a excepcional ruptura dessa esfera de privacidade. 6.6.8 – Possibilidade de a interceptação ter seu prazo prorrogado e ser usada como prova emprestada em procedimento administrativo disciplinar, contra a mesma pessoa em relação às quais foram colhidos ou outros servidores. 6.6.9 – Direito de petição como instrumento jurídico-constitucional à disposição de qualquer interessado, ainda que destituído de personalidade jurídica. 6.6.10 – Súmula Vinculante 14/STF: é direito do defensor ter acesso aos elementos de prova que já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, se dizerem respeito ao direito de defesa. 7. GARANTIAS CONSTITUCIONAIS 6.7.1 - A garantia de estabilidade das relações jurídicas importa, em síntese, que a lei não prejudicará o direito adquirido (que já se incorporou ao patrimônio e à personalidade de seu titular – segurançajurídica), o ato jurídico perfeito (já se consumou) e a coisa julgada (imutabilidade e indiscutibilidade da sentença). Neste sentido, importante salientar que a decisão que determina o arquivamento do inquérito policial, a pedido do MP, produz coisa julgada material, impedindo ulterior instauração de processo com mesmo objeto. 6.7.2 - Súmula 239/STF: Decisão que declara indevida a cobrança do imposto em determinado exercício não faz coisa julgada em relação aos posteriores. 6.7.3 - Súmula Vinculante 1/STF : Ofende a garantia constitucional do ato jurídico perfeito a decisão que, sem ponderar as circunstâncias do caso concreto, desconsidera a validez e a eficácia de acordo constante de termo de adesão instituído pela Lei Complementar nº 110/2001 (relações vinculadas ao FGTS). 6.7.4 - Dentre as garantias criminais, destacam-se: a) para haver delito é necessário que o fato seja cometido após a vigência da lei incriminadora. b) A irretroatividade da lei penal só é aplicada ao dispositivo mais severo. c) A pena não passará da pessoa do condenado, devendo ser adaptada a este, consideradas as características do sujeito ativo e do crime. d) Regra da não prisão, exceto pelo flagrante delito, pela emissão de ordem judicial, escrita e fundamentada, e transgressão militar ou crime militar. e) Prisão cível por dívida: apenas por inadimplemento de obrigação alimentícia - infidelidade depositária não entra neste rol (Súmula Vinculante n° 25/STF). 6.7.5 - Prerrogativas dos presos: a) respeito à integridade física e moral; b) condições para que mães permaneçam com seus filhos durante amamentação; c) comunicação tríplice imediata da prisão (juiz, família, pessoa indicada); d) informação de seus direitos: permanecer calado, assistência de família e advogado; e) identificação dos responsáveis pela prisão ou interrogatório policial; f) relaxamento imediato da prisão ilegal ou de não ser levado à prisão na hipótese legal de liberdade provisória, com ou sem fiança; g) indenização pelo Estado – erro judiciário, excesso de cumprimento da pena fixada; h) Civilmente identificado não poderá ser submetido a exame datiloscópico. 8. AÇÕES CONSTITUCIONAIS 8.1 – HABEAS CORPUS 6.8.1.1 - A salvaguarda do direito de locomoção (também denominada ambulatorial), cabendo contra ofensa direta, indireta, reflexa ou potencial. No entanto, apenas pessoa física pode impetrar (PJ pode em favor de PF). 6.8.1.2 – Pode ser impetrado de forma preventiva ou repressiva, bem como para trancamento de inquérito policial ou ação penal por falta de justa causa e anulação de ações penais com trânsito em julgado. 6.8.1.3 – Jurisprudência admite que a autoridade coatora possa ser um particular. 6.8.1.4 – É medida adequada para impugnar decisão judicial que autoriza a quebra de sigilos fiscal e bancário em procedimento criminal. 6.8.1.5 – Regra básica de competência: autoridade hierarquicamente superior àquela que determinou o ato (autoridade coatora), contra o qual se impetra o HC, é que julga a ação HC é ação impugnativa e não recurso). 6.8.1.6 – Súmulas do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL acerca do tema: a) Súmula 395: Descabimento quando o objeto seja o ônus das custas processuais; b) Súmula 431: É nulo o julgamento de recurso criminal, na segunda instância, sem prévia intimação ou publicação na pauta, salvo em habeas corpus; c) Súmula 691: Não cabe ao STF conhecer habeas corpus impetrado contra decisão do relator que, em habeas corpus requerido ao tribunal superior, indefere a liminar. d) Súmulas 692, 693, 694 e 695: Descabimento contra: I) omissão de relator de extradição, se fundado em fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava dos autos, nem foi ele provocado a respeito; II) contra decisão condenatória a pena de multa; III) pena de exclusão de militar ou de perda de patente ou de função publica; IV) e quando já extinta a pena de liberdade. 8.2 – HABEAS DATA – LEI N° 9.507/97 6.8.2.1 – Sua finalidade é assegurar o conhecimento de informações sobre sua pessoa que façam parte de arquivos ou banco de dados de entidades governamentais/ públicas (ou de direito privado que prestam serviço de interesse público), com direito à retificação de dados incorretos e à contestação ou explicação de dados verdadeiros. 6.8.2.2 – Qualquer pessoa física ou jurídica pode impetrá-lo, e seu procedimento possui prioridade sobre todos os atos judiciais (exceto HC e MS). 6.8.2.3 – Só será aceito se o impetrante houver deduzido pedido administrativo, motivo pelo qual a prova do anterior indeferimento ou da omissão em atende-lo constitui requisito indispensável para o interesse de agir no habeas data. 6.8.2.4 – Não se presta para a obtenção de vista aos autos de processo administrativo, consoante posicionamento do STF. 6.8.2.5 - Art. 20. O julgamento do habeas data compete: I - originariamente: a) ao Supremo Tribunal Federal, contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal; b) ao Superior Tribunal de Justiça, contra atos de Ministro de Estado ou do próprio Tribunal; c) aos Tribunais Regionais Federais contra atos do próprio Tribunal ou de juiz federal; d) a juiz federal, contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais; e) a tribunais estaduais, segundo o disposto na Constituição do Estado; f) a juiz estadual, nos demais casos; II - em grau de recurso: a) ao Supremo Tribunal Federal, quando a decisão denegatória for proferida em única instância pelos Tribunais Superiores; b) ao Superior Tribunal de Justiça, quando a decisão for proferida em única instância pelos Tribunais Regionais Federais; c) aos Tribunais Regionais Federais, quando a decisão for proferida por juiz federal; d) aos Tribunais Estaduais e ao do Distrito Federal e Territórios, conforme dispuserem a respectiva Constituição e a lei que organizar a Justiça do Distrito Federal; III - mediante recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal, nos casos previstos na Constituição. 8.3 – MANDADO DE SEGURANÇA – LEI N° 12.016/09 – PRAZO DECADENCIAL 120 DIAS 6.8.3.1 –Tem por objetivo a proteção de direito líquido e certo não amparado por habeas corpus/data e sua apreciação depende da comprovação documental e pré-constituída dos fatos narrados na inicial. Competência segue o rito do habeas data. 6.8.3.2 – Pode ser impetrado por qualquer pessoa, física ou jurídica, e o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder precisa necessariamente ser autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. 6.8.3.3 – Descabimento quando se tratar de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo, lei em tese ou decisão transitada em julgado. 6.8.3.4 – Entende-se por direito líquido e certo aquele que pode ser demonstrado sem que haja necessidade de dilação probatória. 6.8.3.5 – Já o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional e por organização sindical, entidade de classe ou associação constituída e em funcionamento há pelo menos um ano. Objeto: direitos coletivos (transindividuais, indivisíveis e de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas) e direitos individuais homogêneos (decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica dos membros). 8.4 – AÇÃO POPULAR – LEI N° 4717/65 – PRAZO PRESCRICIONAL 5 ANOS 6.8.4.1 – Qualquer cidadão em sua plena capacidade política é parte legítima aqui, onde se busca anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, em ação gratuita. 6.8.4.2 – Conforme a origem do ato impugnado, é competente paraconhecer da ação, o que for para as causas que interessem à União, ao Distrito Federal, aos Estados e aos Municípios, sem a existência de foro privilegiado. 6.8.4.3 – Súmula 101/STF – O mandado de segurança não substitui ação popular. 6.8.4.4 - São nulos os atos lesivos ao patrimônio nos casos de: a) incompetência; b) vício de forma; c) ilegalidade do objeto; d) inexistência dos motivos; e) desvio de finalidade. 6.8.5 – A sentença que decidir pela carência ou improcedência da ação popular está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não podendo produzir efeitos senão depois de confirmada pelo Tribunal. 8.5 – MANDADO DE INJUNÇÃO 6.8.5.1 – Tem por finalidade suprir a omissão do Poder Público, com o objetivo de viabilizar o exercício de direitos e liberdades constitucionais e prerrogativas inerentes à nacionalidade, soberania e cidadania. 6.8.5.2 – Requisitos: a) Falta de norma regulamentadora (normas constitucionais de eficácia limitada); b) direitos constitucionais inviabilizados (omissão do legislador). 6.8.5.3 – STF flexibilizou a interpretação constitucional acerca do instituto, garantindo uma compreensão mais abrangente e passando a admitir soluções “normativas” para a decisão judicial como alternativa legítima de tornar a proteção jurídica efetiva. 6.8.5.4 – Teoria concretista: reconhece a natureza constitutiva da decisão de mandado de injunção, viabilizando o exercício do direito carente de regulamentação. Poderá ser conferida eficácia inter partes ou erga omnes à decisão, quando isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração. 6.8.5.5 – STF já reconheceu sua competência para apreciar mandado de injunção impetrado por servidor público municipal. 6.8.5.6 – Lei n° 13.300/2016 (possibilidade do mandado de injunção coletivo): mesmo rol de legitimados do MS coletivo, com adição do MINISTÉRIO PÚBLICO e da DEFENSORIA PUBLICA, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, fazendo coisa julgada apenas aos integrantes da coletividade. 6.8.5.7 - São legitimados, como impetrantes, as pessoas naturais ou jurídicas que se afirmam titulares dos direitos, e, como impetrado, o Poder, o órgão ou a autoridade com atribuição para editar a norma regulamentadora. 7. DIREITOS SOCIAIS 1. TEORIA DOS DIREITOS SOCIAIS 7.1.1 – São direitos humanos de segunda geração, realizáveis por meio de políticas públicas estatais, e descritos em normas programáticas, embora exigíveis. 7.1.2 – Em espécie (art. 6°, CF): educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, transporte, lazer, segurança, previdência social, maternidade e infância, além da assistência aos desamparados e o transporte. 7.1.3 – A relevância econômica dos objetos dos direitos sociais prestacionais (que exigem atuação estatal) legitima o Poder Judiciário, diante da inércia dos legitimados ordinários, à concretização destes direitos. Trata-se da judicialização das políticas públicas, uma das facetas do Neoconstitucionalismo. 7.1.4 – Trabalhadores domésticos tiveram seus direitos ampliados pela Emenda Constitucional 72/2013, passando a ter agora dois grupos de direitos em relação a esta categoria: I) os direitos incondicionados, que são aqueles que devem ser aplicados independentemente de qualquer determinação estabelecida na legislação infraconstitucional; II) e os direitos condicionados, que são aplicados com atendimento às condições estabelecidas por estas normas. 2. TEORIA DO MÍNIMO EXISTENCIAL 7.2.1 – Complexo de prerrogativas cuja concretização revela-se capaz de garantir condições adequadas de existência digna. Princípio do não retrocesso social. 3. PRINCÍPIO DA RESERVA DO POSSÍVEL 7.3.1 – Total desvinculação jurídica do legislador quanto à dinamização dos direitos sociais consagrados. Não pode ser invocada com o propósito de frustrar a implementação de políticas públicas e encontra sua insuperável limitação na garantia constitucional do mínimo existencial, que representa e emanação direta do postulado da essencial dignidade humana. 8. DIREITOS DE NACIONALIDADE 1. DIREITOS DE NACIONALIDADE 8.1.1 –Nacionalidade é vínculo jurídico político que liga um indivíduo a um Estado, e todo ser humano pode exercer o direito à opção por uma, caso haja conflito positivo: dupla nacionalidade. Negativo: apátrida. 8.1.2 - Nacionalidade originária: adquirida por força do nascimento, Brasil adora o critério do jus solis (territorial), onde são considerados os nacionais quem nascem no território do país (é a regra), e o jus sanguinis, para os filhos dos seus nacionais, pouco importando onde nasçam, desde que qualquer deles esteja a serviço do Brasil. Já a nacionalidade secundária é fruto de uma manifestação de vontade – naturalização. 8.1.3 - Nacionalidade provisória: conferida ao menor nascido no estrangeiro, filho de pais brasileiros que não estão a serviço do Brasil nem foram registrados na embaixada ou consultado, antes da maioridade, vindo a residir no Brasil. 8.1.4 - Só existe naturalização expressa, depende da vontade do estrangeiro e da aceitação unilateral e discricionária do Estado. 8.1.5 – São cargos privativos de brasileiros natos: Ministro do STF, (Vice) Presidente da República, Presidente da Câmara ou do Senado, Carreira diplomática, Oficial das Forças Armadas e Ministro de Estado da Defesa. Macete MP3.COM. Art. 12 da Constituição Federal: São brasileiros: I - natos: Jus Solis a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; Jus sangunis b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; Natureza potestativa c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. II - naturalizados: Ordinária a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; Extraordinária b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. (Possibilidade de optar pela ordenação do Estatuto do Estrangeiro, onde o prazo cai para 4 anos para o rol de requisitos é consideravelmente maior). § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; 2. SAÍDA COMPULSÓRIA DO PAÍS 8.2.1 – O afastamento compulsório de nacionais (banimento) não é permitido. 8.2.2 – Expulsão: há prática de ato contra segurança nacional, ordem pública ou social, sendo ato administrativo. Competência exclusiva do Presidente da República. Só poderá retornar no caso de revogação do decreto. É proibida a expulsão coletiva de estrangeiros, bem como de estrangeiro casado com brasileira, ou que tenha filho brasileiro, dependente da economia paterna. 8.2.3 – Deportação: devolução de estrangeiro com permanência irregular do visto, é precedida de notificação e é permitido o reingresso. 8.2.4 – Entrega(ato TPI): O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. 8.2.5 – Extradição: instrumento típico de cooperação internacional em matéria penal. Ato bilateral, sem caráter absoluto, podendo o extraditado retornar após o cumprimento da pena. Naturalizado pode ser extraditado quando praticar crime comum antes da naturalização e por tráfico de drogas. Nato nunca. Requisitos: especialidade (apenas pelo delito), identidade ou dupla incriminação do delito nos dois países, e a existência de tratado ou promessa de reciprocidade. Respeito aos direitos humanos. Limites: delitos militares, de opinião ou políticos. Apenas pode por crime grave. Procedimento: a) administrativa: poder executivo, via diplomática – pode rejeitar sumariamente quando o pedido se fundamentar apenas em promessa de reciprocidade de TRATAMENTO; b) judiciária: STF examina a legalidade; c) política: entrega do extraditando ou comunica a recusa. Defesa é limitada a identidade da pessoa, defeito de forma ou ilegalidade. Súmula 421/STF: não impede a extradição a circunstância de ser o extraditando casado com brasileira ou ter filho brasileiro. 3. DIREITOS POLÍTICOS 8.3.1 – Conferem ao indivíduo o status de cidadão, estando relacionados com a participação popular nos negócios políticos do Estado. 8.3.2 – Brasil adota o sistema da democracia semidireta ou participativa: se tem uma democracia representativa, com a participação direta do cidadão, bem como um controle popular sobre os atos estatais. 8.3.3 – Domicílio eleitoral: não é o lugar onde se reside com animus definitivo que vai definir, e sim o lugar onde o interessado tem vínculos políticos e sociais. 8.3.4 – Sufrágio: direito público de participar ativa ou passivamente da organização do Estado. Voto é o exercício do direito de sufrágio. Escrutínio é a forma, o modo pelo qual o voto é exercido. 8.3.5 – Plebiscito e referendo decorrem do direito de sufrágio. O primeiro tem caráter consultivo prévio à lei, e sua decisão poderá ou não ser vinculante ao legislador. Já o referendo tem caráter decisório, prestando a dar vigência ou eficácia à norma. Autorização de ambos se dá por decreto legislativo, competência exclusiva do Congresso Nacional. 8.3.6 – Direitos políticos positivos (Capacidade eleitoral ativa – direito de votar – e passiva – direito de ser votado QUADRO 1) e negativos (inelegibilidade). 8.3.7 – São absolutamente inelegíveis os inalistáveis (estrangeiros e conscritos) e os analfabetos. Relativamente inelegíveis QUADRO 2. Súmula Vinculante 18: A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandado, não afasta a inelegibilidade prevista na Constituição. 8.3.8 – Inelegibilidade reflexa: cônjuge e parentes consanguíneos até o segundo grau ou por adoção do Presidente, dos Governadores e dos Prefeitos. 8.3.9 - Lei da Ficha Limpa: princípio da anualidade (lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que se realize até um ano da data de sua vigência) constitucionalidade da lei, alcançando atos e fatos ocorridos antes de sua vigência. 8.3.10 – Ademais, os candidatos a cargo eletivo que tenham sido condenados, mesmo por sentença não transitada em julgado, são inelegíveis. 8.3.11 – Possibilidade de perda (cancelamento de naturalização, recusa de cumprir obrigação a todos imposta e prestação alternativa) e suspensão dos direitos políticos e consequentemente do mandato (condenação penal enquanto durarem seus efeitos, improbidade administrativa e incapacidade civil absoluta – interdição não mais). Cassação é vedada no nosso ordenamento. QUADRO 1 QUADRO 2 Obs: se o chefe do Executivo for reelegível e renunciar a inelegibilidade reflexa não se aplica. 4. PARTIDOS POLÍTICOS 8.4.1 – Preceitos para sua criação: caráter nacional, proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou subordinados a estes, prestação de contas à Justiça Eleitoral, funcionamento parlamentar de acordo com a lei e vedação da utilização de organização paramilitar. 8.4.2 – Têm natureza jurídica de direito privado e adquirem personalidade jurídica após o registro civil tão somente. Após sua constituição, deve formalizar seu registro de seu estatuto junto ao TSE, possuindo após isso direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, além de imunidade tributária, independentemente de representação no Congresso Nacional. 8.4.3 – Possuem legitimidade para atuar em juízo, algumas vezes apenas se tiver representação no Congresso, como para ajuizar mandado de segurança coletivo. 8.4.4 – Sua criação, fusão e extinção é livre, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, e os direitos fundamentais. 9. ORGANIZAÇÃO DO ESTADO 1. TEORIA DO ESTADO: ELEMENTOS, FORMAÇÃO, EVOLUÇÃO E DESENVOLVIMENTO 9.1.1 – A forma de governo designa a maneira como o poder é exercido dentro de um Estado: monarquia, aristocracia ou república, que é o caso do Brasil. 9.1.2 – O modelo federalista pressupõe a relação entre as esferas de governo federal e local, compondo os chamados entes federativos, todos dotados de autonomia. No Brasil, é vedado o direito de secessão - a Federação é indissolúvel. 9.1.3 – Assim, a organização político-administrativa brasileira compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos. Federação é forma de Estado; República é forma de governo; Presidencialismo é sistema de governo e Democracia é o regime de governo. 9.1.4 – A autonomia dos entes federados é garantida por três institutos: a) capacidade de auto- organização (elaboração das Constituições Estaduais e Leis Orgânicas do Distrito Federal e Municípios); b) autolegislação (leis estaduais, distritais e municipais); c) autogoverno (eleição de seus representantes); d) autoadministração (salvo o inexistente judiciário municipal). 2. DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICA – ADMINISTRATIVA 9.2.1 – Os estados-membros podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada (plebiscito), e do Congresso Nacional, por lei complementar. 9.2.2 – Exige-se lei complementar federal para a criação de novos Entes Estaduais. 9.2.3 – Para os Municípios, se fará mediante lei estadual dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, além da aprovação popular - plesbicito. 9.2.4 – Nestes casos, o plebiscito é convocado mediante decreto legislativo, por proposta de pelo menos um terço dos membros que compõem qualquer das casas do Congresso. Aqui, a população diretamente interessada deve ser entendida tanto da área eventualmente desmembrada como de remanescente. 9.2.5 – Não obstante a inexistência de lei complementar federal regulamentando a criação de novos municípios, STF deixou de pronunciar a nulidade de leis estaduais a respeito – princípio da segurança jurídica e pela consolidada situação de fato. 9.2.6 - Estado que violar princípios constitucionais sensíveis (forma republicana, sistema representativo, regime democrático, direitos da pessoa humana, autonomia municipal, prestação de contas da administração pública e a aplicação do mínimo da receita resultante de impostos) estarão sujeitos à intervenção federal ADI interventiva (PGR propõe, STF julga, Presidente decreta, CN ratifica em até 24h). 9.2.7 – Já os Municípios somente poderão sofrer intervenção estadual, e caso: a) deixe de ser paga por dois anos consecutivos a dívida fundada; b) não prestar contas; c) não aplicar o mínimo exigido da receita no ensino e na saúde; d) o Tribunal de Justiça der provimento à representação para assegurar a observância de princípios na Constituição Estadual, ou para prover a execução de decisãojudicial. 3. REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 9.3.1 – Competência administrativa exclusiva da União: para exercer soberania internacional, declarar guerra e celebrar a paz, exercer a defesa nacional, emitir moeda, administrar reservas cambiais, serviço postal e correio aéreo nacional, explorar serviços de telecomunicações, radio, tv, energia elétrica, transporte ferroviário e rodoviário, os portos, organizar a DEFENSORIA PÚBLICA, as polícias e bombeiros; conceder anistia. 9.3.2 – Competência administrativa comum entre os entes: a guarda da Constituição, a saúde e assistência pública (garantia das pessoas com deficiência), acesso à cultura e educação, proteger o meio ambiente. Cooperação fixada por lei complementar. 9.3.3 – Competência legislativa exclusiva da União: direito civil, penal e processual, desapropriação, transportes, nacionalidade, populações indígenas, emigração e imigração, organização judiciária e Defensoria Pública, seguridade social, normais gerais de licitação, defesa territorial e propaganda comercial. 9.3.4 – Competência legislativa delegada: a União delega para os Estados e Distrito Federal competências acima arroladas. Para isso, há o requisito formal (necessidade de expedição de lei complementar para tal), material (delegação deve ser específica para tal matéria), e implícito (se delegar para um, deverá para todos). 9.3.5 – Competência legislativa concorrente entre os entes: aqui a União edita as normas gerais e os Estados e DF as normas específicas, embora caso haja omissão da União os Estados/DF tenham competência plena para tal. Ex: responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, assistência jurídica e Defensoria Pública, e proteção às pessoas portadoras de deficiência e infantes. 9.3.6 – Aos Estados é reservada a competência residual, e aos Municípios, suplementar, e acerca dos interesses locais e serviços públicos como o transporte. 9.3.7 – Os Territórios Federais integram a União, e sua criação ou transformação em Estado será regulamentada por lei complementar. Sem autonomia, são definidos como autarquias federais, podendo ainda ser divididos em Municípios. 10. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 1. DISPOSIÇÕES GERAIS 10.1.1 – É a Constituição como norma diretamente habilitadora da atuação administrativa, servindo como critério imediato para decisões administrativas. 10.1.2 – Princípios da Administração Pública: Legalidade (não exclui possibilidade de atividade discricionária pela Administração), Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência (LIMPE). 10.1.3 – Divide-se ainda em Administração Direta (prestada pela própria pessoa política ou ente federado) e indireta (descentralizada para outro órgão). 10.1.4 – A publicidade dos serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter apenas educativo, informativo ou de orientação, mas o STF entendeu ser legítima a publicação dos nomes dos seus servidores e do valor dos correspondentes vencimentos e vantagens pecuniárias. 10.1.5 – Quanto ao concurso público e o princípio da igualdade, presente no art. 7°, XXX, CF., verifica- se a possibilidade de fixação de limites etários máximos para a admissão de pessoal tão somente em atenção à natureza das atribuições do cargo, bem como o estabelecimento mínimo de altura. 10.1.6 – Dentro da validade, a Administração poderá escolher o momento da nomeação, mas não dispor sobre a própria nomeação: uma vez publicado o edital, o ato que declara os aprovados cria um dever de nomeação. Possibilidades excepcionais: superveniência, imprevisibilidade, gravidade ou necessidade. 10.1.7 – A exigência de reserva de vagas para portadores de deficiência em concurso público não pode ser afastada se o percentual legalmente afastado for inferior a um, hipótese em que a fração deve ser arredondada. 2. SERVIDORES PÚBLICOS 10.2.1 - Súm 41/STF: É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido. 10.2.2 – Adquire-se estabilidade após três anos de efetivo exercício, e lhes resta o direito de greve, menos para policiais segundo o STF. 10.2.3 -Os cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo, sendo vedada tanto a vinculação quanto a equiparação de qualquer espécie remuneratória de pessoal das carreiras públicas. 10.2.4 – É vedada ainda a acumulação de cargos ou empregos públicos, exceto: a) dois cargos de professor; b) um cargo de professor e outro técnico ou científico; c) dois cargos privativos de profissionais da saúde. Cuidado: é vedado ter um cargo técnico e outro privativo de saúde; dois cargos técnicos; 10.2.5 – As funções de confiança (cargo efetivo) e cargos em comissão (servidores de carreira) destinam- se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento. Proibição do nepotismo (Súmula vinculante n° 13/STF). 10.2.6 – Reintegração: invalidação de pena de demissão aplicada ao servidor público, com o retorno ao cargo, sem prejuízo da indenização. 10.2.7 – A demissão é sempre a título de punição. Hipóteses: sentença judicial, processo administrativo, e avaliação periódica de desempenho. Já a exoneração somente é permitida a pedido ou conveniência da Administração, e não poderá ser feito à livre critério ou com base em decreto que declara a desnecessidade do cargo. 10.2.8 – Os vencimentos referem-se ao vencimento básico somado às gratificações permanentes previstas em lei servidores públicos, regime estatutário. Já o subsídio é o pagamento de única parcela, sem subdivisões agentes políticos. 10.2.9 – A remuneração dos servidores públicos deve ser fixada por lei específica, assegurada a revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices, e não depois de decorrido o prazo mínimo de um ano do último reajuste concedido. 10.2.10 – Súmula 679/STF: A fixação dos vencimentos dos servidores públicos não pode ser objeto de convenção coletiva. 10.2.11 – É assegurado aos servidores de toda a Administração Pública direta o regime previdenciário de caráter contributivo e solidário, sendo vedada a existência de mais de um regime próprio de previdência social para os servidores titulares de cargos efetivos. 10.2.12 – A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público é objetiva em relação a terceiros usuários, e não a usuários do serviço, sendo necessário aqui o nexo de causalidade e culpa. 10.2.13 – Os atos de improbidade administrativa importarão na suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade de bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. 10.2.14 – Súmula vinculante n° 21/STF: É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para a admissibilidade de recurso administrativo. 11. ORGANIZAÇÃO DOS PODERES 1. PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES 11.1.1 – Os Poderes do Estado são independentes e harmônicos entre si. Tendo em vista as funções exercidas por cada um deles fala-se em tripartição de poderes, ainda que o Poder seja uno e indivisível. 11.1.2 – Fiscalizam-se mecanismos de freios e contrapesos, eliminando-se os excessos e desvios, por onde a existência de um critério orgânico explica o exercício da função estatal a partir do órgão responsável por seu exercício. 11.1.3 – Assim, a função jurisdicional é exercida fundamentalmente pelo Poder Judiciário. A função de administrar ou executar pertence ao Poder Executivo. E a de legislar, ao Poder Legislativo. 11.1.4 – A produção de efeitos de suas normas pode ser limitada pela atuação do Poder Judiciário – controle de constitucionalidade e sua legalidade frente ao sistema. 12. PODER LEGISLATIVO1. CONGRESSO NACIONAL 12.1.1 – Possui um sistema bicameral, representado pela Câmara dos Deputados, que representa o povo, e pelo Senado Federal, que representa os estados-membros e DF. 12.1.2 – Suas reuniões ocorrem do dia 2 de fevereiro a 17 de julho, e de 1° de agosto a 22 de dezembro, por onde uma legislatura possui o período de quatro anos e é dividida em 4 sessões legislativas (art. 44°, parágrafo único, CF). 12.1.3 – Durante o recesso parlamentar, convocações extraordinárias poderão ser realizadas para decretação de estado de defesa ou intervenção federal e autorização para decretar estado de sítio (exclusivo pelo Presidente do Senado) ou em caso de urgência ou interesse público, com aprovação de maioria absoluta de ambas as Casas, sendo realizada pelo Presidente da República, da Câmara, Senado ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas. Obs: somente se deliberará sobre a matéria para a qual fora convocada, medidas provisórias em vigor serão automaticamente incluídas na pauta. 12.1.4 – Competência exclusiva (sem veto, via decreto legislativo) do Congresso Nacional: autorização para guerra e celebrar a paz, aprovar estado de defesa e a intervenção federal ou suspender tais medidas, julgar as contas do Presidente, sustar os atos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar, resolver sobre tratados internacionais (apenas os que acarretem compromissos gravosos ao patrimônio nacional), autorizar referendo e convocar plebiscito e autorizar em terras indígenas a exploração de recursos. 12.1.5 – As Casas se reunirão em sessão conjunta para inaugurar a sessão legislativa, elaborar o regimento comum, e conhecer do veto e sobre ele deliberar. 12.1.6 – Responsável pela fiscalização financeira da União e das entidades da Administração direta e indireta quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas. Deste modo, qualquer pessoa que se envolva com bens públicos ou pelos quais a União responda deverá prestar contas. 2. CÂMARA DOS DEPUTADOS E SENADO FEDERAL 12.2.1 - Câmara: membros (número proporcional à população) eleitos pelo sistema proporcional (eleito candidato do partido com maior número de votos válidos). Atribuições exclusivas: autorizar (por 2/3) a instauração de processo contra o (vice) Presidente e os Ministros de Estado, proceder à tomada de contas do Presidente. 12.2.2 – Senado: membros (três por território) eleitos pelo sistema majoritário (votos válidos atribuídos ao candidato registrado por partido político). Atribuições exclusivas: processar e julgar o (vice) Presidente, Ministros do STF, membros do CNJ, PGR e AGU nos crimes de responsabilidade, suspender a execução de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do STF. 12.2.3 – O Poder Legislativo Estadual e Municipal por sua vez é unicameral, a Assembleia Legislativa e Câmara Municipal ou dos Vereadores composta pelos Deputados Estaduais (triplo dos deputados federais, e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze) e pelos Vereadores (proporcional à população). 3. COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO 12.3.1 - As comissões possuem competência para: a) discutir e votar projeto de lei que dispensar competência do Plenário; b) realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil; c) receber petições de qualquer pessoa contra atos/omissões das autoridades; d) solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão. 12.3.2 – Dividem-se em permanentes, que integram a própria estrutura das Casas e têm finalidades perenes; as comissões temporárias são criadas para determinado assunto e extintas tanto logo seja exaurida sua finalidade, a CPI se aplica aqui. 12.3.3 – Para a instauração de uma CPI, necessário o requerimento de 1/3 dos membros de ambas as Casas, e, tendo em vista que seus poderes de investigação são limitados, seus atos poderão ser passíveis de controle judicial – STF “reserva de jurisdição”. 12.3.4 – Não podem, portanto, julgar ou aplicar penas (encaminhamento ao Ministério Público; prisão apenas em flagrante), e nem expedir mandado de prisão, de busca e apreensão domiciliar, e interceptação telefônica, embora permitida a quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico, bem como ouvir investigados e testemunhas, neste caso podendo até determinar a condução coercitiva (garantido direito ao silêncio). 12.3.5 - Por fim, não podem investigar fatos estritos à competência dos entes federados, sob pena de ofensa ao pacto federativo. 12.3.6 – Acerca do quórum para aprovação da CPI, STF possui o entendimento que a prerrogativa institucional de investigar não pode ser comprometida pelo bloco majoritário existente no Congresso Nacional. 12.3.7 – Lei n° 13.367/2016: garantiu a CPI poderes de investigação próprios das autoridades judiciais e a possibilidade de solicitar ao juízo criminal medida cautelar. 4. PROCESSO LEGISLATIVO 12.4.1 – A Lei Complementar 95/98 dispõe sobre tal, e a inobservância de qualquer um dos procedimentos resulta na inconstitucionalidade formal da norma. 12.4.2 – Eventual sanção de projeto de lei não convalida vício resultante da usurpação do poder de iniciativa. 12.4.3 – 1ª Fase: Iniciativa concorrente e vários legitimados, podendo ser exclusiva (ex: Presidente), parlamentar (membros do Congresso) e extraparlamentar (STF). 12.4.4 – A iniciativa popular pode ser exercida por apresentação à Câmara de projeto de lei subscrito por 1% do eleitorado nacional, distribuído por ao menos cinco Estados, com não menos de 0,3% dos eleitores de cada um deles. 12.4.5 – Iniciativa privada do Presidente: leis que disponham sobre criação de cargos públicos na ADM direta e autarquias ou aumento de sua remuneração, criação e extinção de ministérios, organização de território. Mesma regra se aplica ao Governador (Princípio da Simetria). Possibilidade de emenda parlamentar, se presente a identidade de matéria. 12.4.6 – 2ª Fase – Discussão e votação: análise prévia de constitucionalidade, feita pelas comissões. O projeto só será discutido no Senado se for iniciado por lá, qualquer outra possibilidade deve ir primeiro para a Câmara. 12.4.7 – Casa Revisora, em um turno de votação, poderá aprovar (segue para sanção/veto), rejeitar (será arquivado, podendo constituir objeto de novo projeto na mesma sessão legislativa apenas mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas) ou emendar (volta à Casa Inicial, e se a mudança for apenas formal, não precisa voltar para a Casa Revisora novamente). 12.4.8 – 3° Fase – Sanção/Veto: realizada pelo Chefe do Executivo, podendo ser expressa ou tácita (sanção – inércia de 15 dias – não exclui a possibilidade do Presidente promulgar a lei). Veto jurídico e político. 12.4.9 – O veto será apreciado em sessão conjunta, para haver rejeição: maioria absoluta de ambas as Casas. EC 76/2013 e o fim do escrutínio secreto nesta votação. 12.4.10 – 4° Fase – Promulgação, que representa a inserção da lei no ordenamento jurídico: norma jurídica válida e com presunção de constitucionalidade. Publicação, que objetiva dar conhecimento a todos da existência da lei. 12.4.11 – Processo sumário: Presidente solicita urgência para apreciação (apenas) de projeto de sua iniciativa Câmara possui 45 dias para apreciar, mesma coisa para a Casa Revisora (Senado) eventual revisão vem para Câmara com prazo de 10 dias, totalizando 100 dias de trâmite. 5. ESPÉCIES NORMATIVAS 12.5.1 – Emenda à Constituição é meio formal de modificação da Constituição, fruto do Poder Constituinte Derivado Reformador – poder limitado, condicionado e subordinado. Procedimento disposto no CAPÍTULO 3. 12.5.2 – Lei complementar tem como propósito explicar e adicionar algo à constituição, e a lei ordinária tem seu campo material alcançado por exclusão. 12.5.3 – Diferenças entre Leis Ordináriase Leis Complementares: a) apenas lei ordinária pode ser discutida e votada pelas Comissões do Congresso; b) leis ordinárias exigem maioria simples (desde que presentes a maioria absoluta em casa Casa), leis complementares exigem maioria absoluta; c) aplicabilidade residual da lei ordinária, visto que o rol de possibilidades da lei complementar está presente no texto constitucional, embora não haja hierarquia. 12.5.4 – Lei delegada: elaborada pelo Presidente, trata de instituto excepcional, sendo solicitada ao Congresso Nacional, que pode deferir a delegação por meio de resolução (poderá prever a apreciação do projeto pelo Congresso – em votação única, sem possibilidade de emendas). Veto parlamentar somente, inclusive com a possibilidade de sustar ato normativo aprovado, se exorbitar os limites da delegação. 12.5.4.1 – Não será objeto de delegação: competências exclusivas do Congresso, da Câmara ou do Senado, matéria reservada à lei complementar ou sobre organização do Poder Judiciário e MP, e sobre nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais, planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos. 12.5.5 – Medidas provisórias: editadas pelo Presidente, com força de lei (sofrem controle), devendo ser submetidas ao Congresso. Cabimento: relevância e urgência. 12.5.5.1 - Prazo de 60 dias, prorrogável uma vez por igual período, para ser convertida em lei, sob pena de perda de sua eficácia, devendo o Congresso disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas decorrentes da medida (se isso não for feito, as relações jurídicas constituídas neste tempo serão regidas pela própria medida). 12.5.5.2 – Não serão objeto de medida provisória: matéria sobre direito penal, processual penal e processual civil (direito civil pode!), detenção ou sequestro de bens, poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro (exceto para abertura de crédito extraordinário, normas gerais de licitação e contrato administrativo, ou aumento de alíquota de imposto), bem como matéria de lei já aprovada no Congresso e pendente apenas de sanção do Presidente. (além das destacadas no item 12.5.5). 12.5.5.3 - Se a medida provisória não for apreciada em até 45 dias, contados de sua publicação, entrará em regime de urgência em cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando. 12.5.5.4 - É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo. 12.5.5.5 - Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida provisória, esta manter-se-á integralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto. Se não haver alteração, é desnecessária remessa ao Presidente. 12.5.5.6 – Constituições Estaduais, pelo princípio da simetria, também podem prever edição de medida provisória pelo Governador. 12.5.6 – Decreto legislativo: disciplina matérias de competência exclusiva do Congresso, a exemplo dos tratados internacionais. Sem remessa ao Presidente para sanção, a promulgação é realizada pelo presidente do Senado. 12.5.7 – Resolução: disciplina matérias de competência exclusiva do Congresso, e privativa da Câmara e do Senado. Sem remessa ao Presidente para sanção, a promulgação é realizada pela Mesa da Casa Legislativa que a elaborar. 6. ESTATUTO DOS CONGRESSISTAS 12.6.1 - A imunidade parlamentar diz respeito à função exercida e não à figura do parlamentar em si, sendo prerrogativas e não privilégios, objetivando a estabilidade da democracia e do Estado de Direito, garantindo a necessária liberdade de atuação, tanto no que diz respeito às suas opiniões, resguardando aos membros do Congresso, de certos procedimentos legais e, principalmente, no que tange a independência do Legislativo quanto aos demais Poderes. 12.6.2 – Imunidade material (inviolabilidade civil e penal, por opinião durante o exercício do mandato, mesmo que fora do espaço físico do Congresso) e imunidade formal (desde a expedição do diploma não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável, competência exclusiva do STF). 12.6.3 – Comentários pertinentes à imunidade formal: a) a respectiva Casa poderá sustar o curso do processo, suspendendo assim o prazo prescricional até o término do mandato; b) preso em flagrante, os autos serão remetidos em até 24h para que a Casa resolva sobre a prisão por voto da maioria; c) congressistas nunca serão obrigados a testemunhas sobre informações recebidas em razão do exercício do mandato; d) tais imunidades subsistem durante o estado de sítio, só serão suspensas com voto de 2/3 da respectiva Casa; e) deputados estaduais possuem as mesmas prerrogativas, já os vereadores apenas possuem a imunidade material. 7. TRIBUNAL DE CONTAS 12.7.1 – Integrado por 9 Ministros, auxilia o Congresso no controle externo de fiscalização, tratando de órgão investido de autonomia jurídica – inexistência de qualquer subordinação institucional ao Poder Legislativo. 12.7.2 – Competência para: a) apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República (60 dias); b) julgar as contas dos administradores responsáveis por bens públicos da Adm direta e indireta; c) realizar inspeções e auditorias de natureza contábil nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário; d) fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta; e) aplicar aos responsáveis as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário; e) assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade; f) sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara e ao Senado; g) representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados. 13. PODER EXECUTIVO 1. COMPOSIÇÃO, ESTRUTURA, ATRIBUIÇÕES, ELEIÇÕES, IMUNIDADES 13.1.1 – Em nosso sistema presidencialista, o Presidente exerce tipicamente a função de chefe de Estado e chefe de governo (para gerir a Administração), bem como atividades atípicas legislativas (medidas provisórias e leis delegadas) e judiciárias (contencioso administrativo). 13.1.2 – Tanto o Presidente quanto seu vice serão eleitos em outubro pelo sistema majoritário (maioria absoluta dos votos válidos, excluídos os nulos e brancos), devendo tomar posse em até 10 dias após a data oficial. 13.1.3 - Poderá delegar via decreto algumas de suas típicas atribuições (art. 84, CF) aos Ministros de Estado, PGR ou AGU. São elas: organização e funcionamento da administração federal (se não aumentar despesas ou criar/extinguir cargos, a menos que vagos), e concessão de indulto e comutação de penas. 13.1.4 – Linha sucessória em caso de impedimento do Presidente: o Vice Presidente da Câmara Presidente do Senado Presidente do STF. 13.1.5 – Impeachment: se a vacância ocorrer nos dois primeiros anos do mandato, realizam-se eleições diretas no prazo de 90 dias. Se for nos dois últimos dois anos do mandato, realizam-se eleições indiretas pelo Congresso no prazo de 30 dias. Em ambos os casos, os eleitos ocuparão o cargo pelo período restante apenas. 2. RESPONSABILIDADES DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO 13.2.1 – Haverá crime de responsabilidade se cometer infração político-administrativa em afronta à Constituição, principalmente contra a existência da União, dos Poderes, do MP, ou ao exercício de direitos políticos individuais e sociais, a segurança interna, a probidade administrativa, a lei orçamentária e o cumprimento de leis e decisões judiciais. 13.2.1.1 – Qualquer cidadão possui legitimidade para propor denúncia desta espécie, sendo o julgamento autorizado pela Câmara (2/3
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