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trabalho de processo penal 1

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Princípios do processo penal
Os princípios característicos do processo penal visam regulamentar a busca pela verdade real, para que, em um litígio penal, o juiz possa aplicar a justiça com exatidão, razão pela qual este texto traz os principais princípios do processo penal brasileiro.
1. PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA OU DA NÃO CULPABILIDADE
Na Constituição Federal de 1988, está disposto que:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
O direito de não ser declarado culpado enquanto houver dúvida sobre se o cidadão é culpado ou inocente está na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, em seu artigo 9º, que diz que: “Todo o acusado se presume inocenteaté ser declarado culpado e, se julgar indispensável prendê-lo, todo o rigor não necessário à guarda da sua pessoa, deverá ser severamente reprimido pela Lei.”.
Na Carta Magna, passou a ser usada a denominação de presunção de não culpabilidade, haja vista que na Constituição Federal não é usada a expressão inocente, e, sim, que ninguém será culpado. A Constituição é bem clara, ao dizer que “somente o trânsito em julgado de uma sentença penal condenatória, poderá afastar o estado inicial de inocência que todos gozam”, de acordo com Renato Brasileiro de Lima (2014).
Existem duas regras que são fundamentais para o Princípio da Presunção da Inocência, sendo elas: a regra probatória, pela qual a parte acusadora tem o ônus de demonstrar a culpabilidade do acusado, ao invés de ter que provar sua inocência; e a regra de tratamento, pela qual ninguém pode ser considerado culpado até que a sentença esteja com trânsito em julgado, o que impede qualquer antecipação de juízo condenatório ou de culpabilidade. E, ainda, subdivide-se a concessão antecipada dos benefícios da execução penal ao preso cautelar, que consiste na manutenção ou decretação da prisão do acusado antes do trânsito em julgado da sentença condenatória, em virtude da presença de uma das hipóteses que autorizam a prisão preventiva, assim, nada impede a concessão antecipada dos benefícios da execução penal definitiva ao preso cautelar.
O Princípio da Presunção da Inocência, manifestando-se como regra de julgamento, de processo e de tratamento, para que, assim, possa beneficiar o acusado durante as investigações e a tramitação da ação penal, mas sem impedir que o Estado cumpra com a investigação e a punição dos criminosos, fazendo uso de todos os instrumentos necessários previstos em lei.
2. PRINCIPIO DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA
Conforme discorre o artigo 5º, LV, da Constituição Federal, “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.
O principio do contraditório é o direito de contradizer e se opor aos atos e termos empregados pela parte contrária, e de acordo com o entendimento do doutrinador Joaquim Canuto Mendes de Almeida, o princípio do contraditório é composto por dois elementos, sendo uma delas o direito as partes de informação sobre o processo, garantindo que a parte contrária esteja ciente da demanda que lhe é proposta, e a outra o direito das partes de participar do processo, dando às partes a possibilidade de reagir, manifestando contrariedade à pretensão da parte contrária, utilizando-se dos meios de comunicação nos autos, quais sejam a citação, intimação e notificação.
De modo adverso ao processo civil, no processo penal, o acusado, além de possuir o direito à informação e participação ao processo, detém ainda o direito e a obrigação, imposta pelo ordenamento jurídico, de possuir a assistência de um defensor, ainda que o mesmo não tenha interesse em propor uma manifestação à pretensão acusatória, conforme disposto no artigo 261 do CPP.
A garantia da ampla defesa diz respeito somente ao réu, diferente do contraditório que é relacionado as partes. Desse modo, a Constituição Federal visando proteger as partes e lhes assegurar o direito a defesa técnica e à autodefesa.
A defesa técnica, também conhecida como defesa processual ou específica, é exercida por um profissional da advocacia, tal defesa é necessária e obrigatória, visto que ninguém pode ser processado penalmente sem que possua um defensor capacitado, ainda que o réu não possua interesse na defesa, o artigo 261 do CPP assegura que, mesmo se ausente ou foragido, o juiz nomeará um defensor para realização da sua defesa. Caso não seja constituído advogado, seja pelo acusado ou nomeado pelo juiz, o processo terá nulidade absoluta, por estar em desacordo com o princípio da ampla defesa.
Por sua vez, a autodefesa é a exercida pelo próprio acusado, no acompanhamento dos atos processuais, sendo assim, devem ser empregados de todos os meios previstos e disponíveis para a citação do réu. Caso tal direito seja infringido, acarretará na nulidade absoluta do processo, por violar o princípio da ampla defesa. O acusado exerce seu direito de autodefesa através da audiência, onde o mesmo tem a oportunidade de se defender pessoalmente durante o interrogatório. A autodefesa também está presente no direito de presença que possui o réu, acompanhando e auxiliando o seu defensor na realização da sua defesa. E, por fim, o direito de postular pessoalmente em alguns casos, sem a presença do profissional da advocacia, podendo interpor recursos, como a impetração de habeas corpus, ajuizar revisão criminal e formular pedidos relativos aos procedimentos da execução da pena.
3. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE
A garantia de acesso de todo e qualquer cidadão aos atos praticados no curso do processo revela uma clara postura democrática, e tem como objetivo precípuo assegurar a transparência da atividade jurisdicional, oportunizando sua fiscalização não só pelas partes, como por toda a comunidade. Basta lembrar que, em regra, os processos secretos são típicos de estados autoritários.
Na dicção de Ferrajoli, a publicidade “assegura o controle tanto externo como interno da atividade judiciária. Com base nela os procedimentos de formulação de hipóteses e de averiguação da responsabilidade penal devem desenvolver-se a luz do sol, sob o controle da opinião pública e, sobretudo do imputado e de seu defensor. Trata-se do requisito seguramente mais elementar e evidente do método acusatório”.
Segundo o art. 5º, LX, da Carta Magna, a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou interesse social o exigirem.
A publicidade é tida como ampla, plena, popular, absoluta, ou geral, quando os atos processuais são praticados perante as partes, e, ainda, abertos a todo público. Contudo, existe a publicidade restrita, ou interna, que se caracteriza quando houver alguma limitação à publicidade dos atos do processo. Nesse caso, alguns atos ou todos eles serão realizados somente perante as pessoas diretamente interessadas no feito e seus respectivos procuradores, ou, ainda, somente perante estes.
4. PRINCÍPIO DA BUSCA DA VERDADE: SUPERANDO O DOGMA DA VERDADE REAL
Tem prevalecido na doutrina mais moderna que o princípio que vigora no processo penal não é o da verdade material ou real, mas sim o da busca da verdade. Esse princípio também é conhecido como princípio da livre investigação da prova no interior do pedido e princípio da imparcialidade do juiz na direção e apreciação da prova, bem como princípio da investigação, princípio inquisitivo ou princípio da investigação judicial da prova.
Seu fundamento legal consta do art. 156 do Código de Processo Penal. Por força dele, admite-se que o magistrado produza provas de ofício, porém apenas na fase processual, devendo sua atuação ser sempre complementar, subsidiária. Na fase preliminar de investigações, não é dado ao magistrado produzir provas de ofício, sob penade evidente violação ao princípio do devido processo legal e à garantia da imparcialidade do magistrado.
5. PRINCÍPIO DA INADMISSIBILIDADE DAS PROVAS OBTIDAS POR MEIOS ILÍCITOS
São inadmissíveis no processo as provas obtidas por meios ilícitos, assim como prevê o art. 5º, LVI, da Constituição Federal.
6. PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL
O princípio do juiz natural tem a relevância de que é direito de cada cidadão saber, antecipadamente, a autoridade que irá processar e julgar, caso cometa alguma conduta definida como infração penal pelo ordenamento jurídico. Juiz natural, portanto, é aquele constituído antes do delito ter ocorrido, através de regras taxativas estabelecidas pela lei.
Tal princípio tem como objetivo assegurar que as partes sejam julgadas por um juiz imparcial e independente. Pois no processo há a necessidade da presença de um terceiro imparcial, sendo inviável a existência de um processo em que a decisão ficará a cargo de um terceiro parcial, ou seja, interessado em beneficiar ou prejudicar alguma das partes.
A relevância deste princípio é destacada por Ada Pellegrini Grinover: “a imparcialidade do juiz, mais do que simples atributo da função jurisdicional, é vista hodiernamente como seu caráter essencial, sendo o princípio do juiz natural erigido em núcleo essencial do exercício da função. Mais do que direito subjetivo da parte e para além do conteúdo individualista dos direitos processuais, o princípio do juiz natural é garantia da própria jurisdição, seu elemento essencial, sua qualificação substancial. Sem o juiz natural não há função jurisdicional possível”.
A formação deste princípio se deve à proibição histórica do poder de comissão e do poder de evocação. O poder de comissão é a instituição de órgãos jurisdicionais sem previsão legal. O poder de evocação era quando o rei podia atribuir competência de julgamento a órgão distinto do que era previsto em lei.
Apesar de o princípio do juiz natural não constar expressamente previsto na Constituição Federal, há vários dispositivos constitucionais que versam sobre esse princípio. Na própria Constituição Federal, o art.5º, XXXVIII, estabelece ser o Tribunal do júri o juiz natural para processo e julgamento de crimes dolosos contra a vida.
7. PRINCÍPIO NEMO TENETUR SE DETEREGE.
De acordo com o Art. 5º, inciso LXIII, da Constituição Federal, “o preso será informado de seus direitos, dentre o quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado”. Esse princípio, além de ser uma prerrogativa processual do infrator de uma conduta tipificada no Código Penal, objetiva, sobretudo, protegê-lo contra excessos cometidos pelo Estado na persecução penal.
Nossa Carta Magna é incisiva ainda no sentido de que nenhum indivíduo pode ser forçado a produzir provas contra si mesmo. Outrora, se fizermos um estudo aprofundado desse princípio veremos que há entendimentos diversos nesse sentido. A minoria dos estudiosos do direito entende que essa prerrogativa tutela apenas quem está preso. Entretanto. O entendimento majoritário é que pouco importa se o cidadão é suspeito, indiciado, acusado ou condenado, e se está preso ou em liberdade, todos têm direito de não se auto-incriminar.
Toda e qualquer prova colhida do indivíduo sem os devidos procedimentos legais estabelecidos em lei estará eivadas de vícios e, portanto, deverá ser desconsiderada, mesmo a que já tenha sido antecipadamente produzidas no decorrer do processo. Logo, quaisquer procedimentos das autoridades administrativas ou judiciárias deverão observar os trâmites legais da lei, sob pena de serem consideradas nulas de pleno direito.
Além da Constituição Federal, o princípio do Nemo tenetur se deterege também se encontra previsto no Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (Art. 14.3, “g”), e na Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Art. 8º, § 2º, “g”).
8. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
O princípio da proporcionalidade está inserido materialmente no principio do devido processo legal (substantive due process os law) – “Ninguém será privado de liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal” (CF-5°, LIV). Dessa forma, o princípio da proporcionalidade dará algumas garantias constitucionais ao indivíduo, bem como: Direito ao Processo (garantia do judiciário); direito à citação e ao conhecimento prévio do teor da acusação; direito a um julgamento público e célere, sem dilações indevidas; direito ao contraditório e à ampla defesa; direito de não ser processado e julgado com base em leis ex post facto; direito à igualdade entre as partes; direito de não ser processado com fundamento em provas revestidas de ilicitude; direito ao benefício da gratuidade; direito à observância do princípio do juiz natural; direito ao silêncio (privilégio contra a autoincriminação); direito à prova; e direito de presença e de “participação ativa” nos atos de interrogatório judicial dos demais litisconsortes penais passivos, quando existentes.
O princípio da proporcionalidade reside na necessidade de proteger os direitos e as liberdades das pessoas contra qualquer modalidade de legislação ou de regulamentação que se revele opressiva ou destituída do necessário coeficiente de razoabilidade. Assim, o Poder Público não pode agir imoderadamente, pois a atividade estatal é condicionada pelo princípio da razoabilidade.
O princípio da proporcionalidade se qualifica como postulador básico de contenção dos excessos do Poder Público, por isso a doutrina afirma que tal princípio é essencial à racionalidade do Estado Democrático de Direito e imprescindível para a tutela mesma das liberdades fundamentais. Proíbe o excesso e veda o arbítrio do Poder, extraindo a sua justificação dogmática de diversas cláusulas constitucionais, principalmente aquela que veicula, substantiva e materialmente, a garantia do due process of law.
Tal princípio tem como pressuposto formal o princípio da legalidade, que afirma que todas as medidas de direitos fundamentais serão previstas em lei. Como pressuposto material, tem-se o princípio da justificação teológica, o qual busca a legitimação do uso de medida cautelar, a partir das razões pelas quais a aplicação se tornou necessária ao fim que se deseja almejar.
O princípio da proporcionalidade tem seus requisitos extrínsecos e intrínsecos. Os extrínsecos subdividem nos requisitos da judicialidade e da motivação. E os intrínsecos, em adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito, ou seja, é uma medida adequada, que atinge o fim almejado, sem causar o menor prejuízo possível, e proporcional, se as vantagens superarem as desvantagens.
Da adequação: O primeiro requisito intrínseco ao princípio da proporcionalidade é o da adequação, ou seja, a medida restritiva será considerada adequada quando for apta a atingir o fim proposto. Não sendo permitido, o ataque a um princípio fundamental se o meio adotado não se mostrar apropriado à consecução do resultado pretendido.
Da necessidade: O segundo requisito ou subprincípio da proporcionalidade é o da necessidade ou da exigibilidade. Por ele se entende que, dentre várias medidas restritivas de direitos fundamentais idôneas a atingir o fim proposto, deve o Poder Público escolher a que menos interfira no direito de liberdade e que ainda seja capaz de proteger o interesse público para o qual foi instituída.
O princípio da necessidade é princípio constitucional porque deriva da proibição do excesso; é, também, princípio comparativo porque induz o órgão da execução da persecução penal a busca de medidas alternativas idôneas; tende a otimização da eficácia dos direitos fundamentais porque obriga a refutar as medidas que possam ser substituídas por outras menos gravosas, com o que se diminui a lesividade da intromissão na esfera dos direitos e liberdades do indivíduo.
Da proporcionalidade em sentido estrito: É o terceiro subprincípio. Vai impor um juízo de ponderação entre o ônus imposto e o benefício trazido, a fim de se constatar se justifica a interferências na esfera dos direitos dos cidadãos, ou seja, é umaponderação entre os danos causados e os resultados a serem obtidos.
Este juízo de ponderação opera-se entre o interesse individual e o interesse estatal. Assim, de um lado, prevalece o interesse do indivíduo na manutenção de seu ius libertatis, com o pleno gozo dos direitos fundamentais, e do outro, o interesse estatal nas medidas restritivas de direitos fundamentais está consubstanciado pelo interesse na persecução penal, objetivando-se a tutela dos bens jurídicos protegidos pelas normas penais.
Princípios Fundamentais do Direito Processual Penal 
PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE
Ocorrido um crime, deve o Estado exercitar o jus puniendi, não sendo possível aos órgãos encarregados da investigação penal e da promoção da ação penal a análise da conveniência e oportunidade de apresentar a pretensão punitiva ao Estado-Juiz. Este princípio obriga a autoridade policial a instaurar inquérito policial e o órgão do Ministério Público a promover a ação penal pública, desde que presentes indícios de autoria e materialidade.
Por mais insignificantes que os ilícitos podem aparentar ser, o jus puniendi deve estar presente, não sendo permitido aos órgãos estatais julgar a conveniência ou não de investigar e processar o suposto autor do delito. O art. 5º, do CPP consagra o princípio da legalidade e não oferece opção a autoridade policial, que, ao tomar conhecimento de uma possível infração de natureza pública incondicionada, deve iniciar a persecução, instaurando inquérito policial para colher os elementos necessários e fornecer subsídios ao Ministério Público para início da ação penal.
PRINCÍPIO DA OFICIALIDADE
Segundo este princípio, a pretensão punitiva do Estado deve se fazer valer por órgãos públicos, ou seja, a autoridade policial, no caso do inquérito, e o Ministério Público, no caso da ação penal pública.
PRINCÍPIO DA OFICIOSIDADE
A autoridade policial e o Ministério Público, regra geral, tomando conhecimento da possível ocorrência de um delito, deverão agir ex officio (daí o nome princípio da oficiosidade), não aguardando qualquer provocação.
PRINCÍPIO DA INICIATIVA DAS PARTES
O princípio da iniciativa das partes é assinalado pelos axiomas latinos nemo judex sine actore e ne procedat judex ex officio, ou seja, não há juiz sem autor, ou o juiz não pode dar início ao processo de ofício sem a provocação da parte interessada.
O CPP prevê expressamente o aludido princípio quando, por intermédio dos arts. 24 e 30, dispõe que a ação penal pública deve ser promovida pelo Ministério Público, através da denúncia, e que a ação penal privada deve ser promovida pelo ofendido ou por quem caiba representá-lo, mediante queixa.
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a ação privada.
Tais dispositivos podem ser confirmados pelo art. 28 do mesmo diploma legal, o qual dispõe que, nos casos em que o órgão do Ministério Público deixa de oferecer a denúncia para requerer o arquivamento do inquérito policial, ainda que o Juiz não concorde com as alegações do MP, não poderá dar início à ação penal ex officio, devendo remeter os autos ao Procurador Geral para que esse tome as providencias que julgar cabíveis.
PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE
Conforme preleciona a professora Tereza Nascimento Rocha Dóro, em sua obra Princípios no Processo Penal Brasileiro,
“O titular de uma ação privada é o ofendido ou quem o represente, exercitando o juz accusationis. Pode ele dispor da ação deixando de exercitá-la no prazo decadencial (na maioria dos casos seis meses), ou a qualquer tempo, ainda que já iniciada aquela, desistindo do feito, por meio do perdão (que também deve ser aceito) ou do abandono da causa, o que acarretará a perempção, com o consequente arquivamento do feito e a declaração de extinção da punibilidade”.
Enquanto ainda não houver o trânsito em julgado da sentença condenatória, o titular da ação privada possuí a disponibilidade desta. No entanto, tal princípio não é possível na ação penal pública, pois esta é indisponível.
PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DO PROCESSO
A adoção desse princípio proíbe a paralisação injustificada da investigação policial ou seu arquivamento pela autoridade policial. Também não permite que o Ministério Público desista da ação.
Como garantia do aludido princípio, a lei processual penal traz diversos dispositivos, como, por exemplo, a determinação dos prazos para a conclusão do inquérito policial (art. 10) e, ainda, a proibição da autoridade policial de formular pedido de arquivamento. Observe o texto legal:
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.
É importante ressaltar que a indisponibilidade encontra hoje ressalva na lei nº 9.099/1995 que permite a transação penal nos crimes de menor potencial ofensivo (contravenções e infrações cuja pena máxima não ultrapasse dois anos de prisão, cumulada ou não com multa).
INQUÉRITO POLICIAL
PROCESSO PENAL
FASES DA PERSECUÇÃO PENAL
INQUÉRITO (fase INVESTIGATÓRIA) AÇÃO PENAL (fase JUDICIAL)
Preliminar, inquisitivo, de investigação. Pedido de julgamento da pretensão punitiva
(contraditório e ampla defesa)
POLÍCIA JUDICIÁRIA E ADMINISTRATIVA
- ADMINISTRATIVA à atuação PREVENTIVA para impedir a ocorrência de infrações. Ex.: a Polícia Militar dos Estados.
- JUDICIÁRIA à atuação REPRESSIVA. Tem a missão de elaborar o IP. Parte da doutrina faz a seguinte distinção:
a) Polícia judiciária à função de auxiliar o Judiciário (ex.: executar mandado de busca e apreensão).
b) Polícia investigativa à diligências referentes à persecução preliminar da infração penal.
- Incumbe à autoridade policial fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos; realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo MP; cumprir os mandados de prisão e representar, se necessário, pela decretação de prisão cautelar.
- Em regra, a polícia civil investiga crime comum da competência da Justiça Estadual. A Polícia Federal poderá investigar desde que o crime tenha repercussão interestadual ou internacional.
- Assertiva correta do CESPE: uma quadrilha, em determinado lapso temporal, realizou, em larga escala, diversos roubos de cargas e valores transportados por empresas privadas em inúmeras operações interestaduais, o que ensejou a atuação da Polícia Federal na coordenação das investigações e a instauração do competente inquérito policial. Nessa situação hipotética, findo o procedimento policial, os autos deverão ser remetidos à justiça estadual, pois A ATUAÇÃO DA POLÍCIA FEDERAL NÃO TRANSFERE À JUSTIÇA FEDERAL A COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR O CRIME.
- AS CONTRAVENÇÕES SÃO JULGADAS SEMPRE PELA JUSTIÇA ESTADUAL, MESMO QUE PRATICADAS CONTRA BENS, SERVIÇOS OU INTERESSES DA UNIÃO. SE FOR PRATICADA EM CONEXÃO COM CRIME FEDERAL, O PROCESSO SERÁ DESMEMBRADO (crime federal na Justiça Federal; contravenção penal na Justiça Estadual).
· CONCEITO E FINALIDADE
- O IP É UM PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO, PRELIMINAR, INQUISITÓRIO, FORMAL, ESCRITO, SIGILOSO, INFORMATIVO, PRESIDIDO PELO DELEGADO DE POLÍCIA, NO INTUITO DE IDENTIFICAR O AUTOR DO ILÍCITO E OS ELEMENTOS QUE ATESTEM SUA MATERIALIDADE, CONTRIBUINDO PARA A FORMAÇÃO DA OPINIO DELICTI DO TITULAR DA AÇÃO PENAL. 
 Por ser um procedimento administrativo, NÃO LÁ LITISPENDÊNCIA EM SEDE DE IP E A COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR SOBRE IP É CONCORRENTE. Cabe à União estabelecer as normas gerais e os Estados têm competência para complementar essas normas gerais.
- O IP é UNIDIRECIONAL (o único objeto do IP é apurar fatos e encaminhar os resultados à apreciação do MP) e SISTEMÁTICO: as peças devem ser juntadas aos autos obedecendo a uma sequência lógica de modo à facilitar a compreensão dos fatos lá organizados como um todo.
- O IP NÃO SE SUJEITA À DECLARAÇÃO DE NULIDADE. Isto porque, despindo-se a sua confecçãode formalidades sacramentais (a lei não estabelece um procedimento específico para sua feitura), não pode, evidentemente, padecer de vícios que o nulifiquem. Isto não significa, obviamente, que uma determinada prova produzida no IP não possa vir a ser considerada nula no curso do processo criminal. Nessa hipótese, porém, a prova é que será nula e não o IP no bojo do qual ela foi realizada.
- OS VÍCIOS OCORRIDOS NO IP NÃO ATINGEM A AÇÃO PENAL, SALVO QUANTO ÀS PROVAS
ILÍCITAS. Ex.: de uma confissão mediante tortura no IP decorreu todo o material probatório. Aplica-se a teoria dos frutos da árvore envenenada ou da ilicitude por derivação, isto é, todas as provas obtidas em virtude da ilicitude precedente deverão ser reputadas inválidas, havendo assim clara influência na fase processual.
- Assertiva correta do CESPE: os vícios ocorridos no curso do IP, em regra, não repercutem na futura ação penal, ensejando, apenas, a nulidade da peça informativa, salvo quando houver violações de garantias constitucionais e legais expressas e nos casos em que o órgão ministerial, na formação da opinio delicti, não consiga afastar os elementos informativos maculados para persecução penal em juízo, ocorrendo, desse modo, a extensão da nulidade à eventual ação penal.
- O IP também contribui para a decretação de MEDIDAS CAUTELARES durante a investigação. Ex.: decretação da prisão preventiva e determinação da interceptação telefônica. 
· CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL
1) DISCRICIONARIEDADE à as diligências estão a cargo do delegado, que as conduz da forma que melhor lhe aprouver. Os arts. 6º e 7º indicam algumas diligências que podem ser desenvolvidas.
REQUERIMENTOS DO INDICIADO OU DA VÍTIMA REQUISIÇÃO DE JUÍZES E PROMOTORES
O delegado NÃO É OBRIGADO a atender (conveniência e oportunidade).
Só não pode indeferir a realização do exame de corpo de delito, quando a infração deixar vestígios.
Denegação: RECURSO ADMINISTRATIVO AO CHEFE DE POLÍCIA.
O delegado é OBRIGADO a atender (art. 13, II).
2) ESCRITO à todas as peças do IP serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade (art. 9º).
3) SIGILOSO à a autoridade assegurará no IP o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade (art. 20). Esse sigilo, por óbvio, não se estende ao juiz e ao MP.
a) Sigilo externo à evita a divulgação de informações essenciais do IP ao público em geral.
b) Sigilo interno à restringe o acesso aos autos do procedimento por parte do indiciado e/ou do seu advogado. 
4- SV 14: É DIREITO DO DEFENSOR, NO INTERESSE DO REPRESENTADO, TER ACESSO AMPLO AOS ELEMENTOS DE PROVA QUE, JÁ DOCUMENTADOS EM PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO
REALIZADO POR ÓRGÃO COM COMPETÊNCIA DE POLÍCIA JUDICIÁRIA, DIGAM RESPEITO AO EXERCÍCIO DO DIREITO DE DEFESA.
- Se o delegado negar o acesso, caberá reclamação no STF (em virtude da SV 14), MS (em nome do próprio advogado) ou até HC, desde que haja risco à liberdade de locomoção (impetrado em nome do investigado).
- Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes à instauração de inquérito contra os requerentes (art. 20).
- Quaisquer outras informações de inquéritos em curso só serão certificadas se requisitadas por magistrado, membro do MP, autoridade policial ou agente do Estado, em pedido devidamente motivado, explicitando o uso do documento.
- Mesmo em caso de sigilo decretado no IP, a autoridade policial terá de encaminhar ao instituto de identificação os dados relativos à infração penal e à pessoa do indiciado.
4) OFICIALIDADE à o delegado é órgão oficial do Estado. A ação privada subsidiária da pública é uma exceção.
5) OFICIOSIDADE à se o crime for de ação penal pública incondicionada, a polícia deve atuar de ofício (art. 5º, I). Se for condicionada ou privada, a polícia depende da permissão para iniciar o IP.
6) INDISPONIBILIDADE à a autoridade policial não pode arquivar o IP. Uma vez iniciado o IP, deve-se ir até o final, não podendo arquivá-lo (art. 17).
- ARQUIVAMENTO è PEDIDO DO MP, HOMOLOGADO PELO JUIZ.
7) INQUISITIVO à NÃO É OBRIGATÓRIA A OBSERVÂNCIA DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA
DEFESA. Não há, contudo, integral eliminação do contraditório. O IP também deve contribuir para que pessoas nitidamente inocentes não sejam processadas.
- HÁ CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA NO INQUÉRITO PARA A EXPULSÃO DO ESTRANGEIRO E PARA APURAR FALTA ADMINISTRATIVA.
8) AUTORITARIEDADE à o delegado é autoridade pública.
- NÃO SE PODERÁ OPOR SUSPEIÇÃO ÀS AUTORIDADES POLICIAIS NOS ATOS DO INQUÉRITO, MAS DEVERÃO ELAS DECLARAR-SE SUSPEITAS, QUANDO OCORRER MOTIVO LEGAL. A autoridade policial não exerce atividade jurisdicional, que vem a ser o objeto da tutela das apontadas exceções.
9) DISPENSABILIDADE à O IP NÃO É IMPRESCINDÍVEL PARA A PROPOSITURA DA AÇÃO PENAL.
CONTUDO, SE O IP FOR A BASE PARA A PROPOSITURA DA AÇÃO, ESTE VAI ACOMPANHAR A INICIAL
ACUSATÓRIA APRESENTADA (art. 12).
- Embora não seja recomendável, nada obsta que as medidas cautelares sejam decretadas sem que haja inquérito instaurado. Nesse caso, deve haver elementos suficientes (exige-se cautela). 
· COMPETÊNCIA
- Territorial à circunscrição em que se consumou a infração.
- Material à delegacias especializadas em homicídios, entorpecentes, furtos etc.
- Em razão da pessoa à considera-se a vítima: delegacias da mulher, do turista, do idoso etc.
- Nada impede, nas comarcas em que exista mais de uma circunscrição policial, que a autoridade com exercício em uma delas ordene diligências em outra, independentemente de precatórias ou requisições, podendo ainda prontamente atuar em razão de fatos que venham a ocorrer em sua presença (art. 22).
- Assertiva correta do CESPE: considere que o delegado de polícia de determinada circunscrição tenha ordenado diligências em outra, sem ter expedido carta precatória, requisições ou solicitações.
Nessa situação, não houve nulidade no inquérito policial respectivo.
- É mera irregularidade o fato do IP tramitar em local diverso do da consumação da infração, afinal, a violação dos critérios de atribuição não tem o condão de macular o futuro processo. O advogado do indiciado, entretanto, poderá impetrar HC para trancar o inquérito que tramita irregularmente, por desrespeito à fixação da atribuição. A não contaminação do futuro processo não é obstáculo aocombate do inquérito irregular.
· PRAZOS
 REGRA GERAL indiciado PRESO à 10 dias (improrrogável)
(polícia civil estadual) indiciado SOLTO à 30 dias (prorrogável, a autoridade requere ao juiz)
- Se a polícia requerer a prorrogação, Nestor entende que o MP deve ser ouvido.
- PRAZOS ESPECIAIS
HIPÓTESE PRESO SOLTO
Regra geral 10 dias 30 dias (+30)
Polícia Federal 15 dias (+15) 50 dias (+30)
Crime contra a Economia Popular 10 dias 10 dias
Lei de Drogas 30 dias (+30) 90 dias (+90)
Inquéritos militares 20 dias 40 dias (+20)
- CONTAGEM DO PRAZO
INDICIADO SOLTO INDICIADO PRESO
Prazo PROCESSUAL: exclui o dia do começo e inclui o vencimento.
Prazo PENAL (lida com direito à liberdade): inclui o dia do começo e exclui o do vencimento.
- Quando o indiciado estiver preso, os 10 dias são contados a partir do DIA EM QUE SE EXECUTAR A ORDEM DE PRISÃO.
- Se o prazo do IP encerrar-se em dia em que não há expediente forense, não cabe falar-se em prorrogação para o 1º dia útil subsequente, assim como se a prisão em flagrante ocorreu no final de semana, o IP terá o seu início imediatamente, afinal as delegacias atuam em sistema de plantão.
- A jurisprudência pátria tem admitido um sistema de compensação caso haja excesso de prazo na conclusão do IP. Ex.: se o indiciado está preso e o delegado concluir o IP em 12 dias, mas o promotor oferecer a denúncia em 2 dias, não há que se falar em constrangimento ilegal, porque a autoridade policial (10 dias) e o MP (5 dias) dispõem, juntos, de 15 dias para manter o suposto autor do fato preso. Nestor critica essa prática (flagrante violação dos prazos legais).
- Recentemente, a jurisprudência do STJ começou a entender queA GARANTIA DA RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO TAMBÉM É APLICÁVEL AO IP (HC 96.666).
· VALOR PROBATÓRIO
- Tecnicamente, o IP não serve para a produção de provas, porque prova, em regra, é aquilo que é produzido em contraditório judicial (art. 155). No IP, tem-se a colheita de ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO, sem a observância do contraditório e da ampla defesa. É por isso que, nessa fase, o juiz só deve intervir quando necessário, não podendo agir de ofício.
- Assim, o IP tem VALOR PROBATÓRIO RELATIVO, PORQUE O JUIZ NÃO PODE CONDENAR O RÉU COM BASE TÃO SOMENTE NOS ELEMENTOS INFORMATIVOS COLHIDOS DURANTE O IP, EMBORA POSSA ABSOLVÊ-LO COM BASE EXCLUSIVAMENTE NESSES ELEMENTOS.
- A regra é que a prova seja produzida na fase judicial. O art. 155 elenca 3 SITUAÇÕES EM QUE A
PROVA PODE SER PRODUZIDA NA INVESTIGAÇÃO:
PROVAS CAUTELARES PROVAS NÃO REPETÍVEIS PROVAS ANTECIPADAS
- Há risco de desaparecimento
do objeto da prova com o
tempo.
- Dependem de autorização
judicial.
- Contraditório DIFERIDO.
- Uma vez produzida, não tem
como ser novamente coletada.
- Não dependem de autorização
judicial.
- Contraditório DIFERIDO.
- São antecipadas por causa da urgência e
da relevância.
- Dependem de autorização judicial.
- Contraditório REAL à instaura-se o
incidente de produção antecipada de
prova, perante o juiz, sob o crivo do
contraditório e da ampla defesa. Ex.:
depoimento da a vítima, que está prestes
a morrer.
- As perícias, por serem técnicas e se submeterem ao contraditório diferido, têm tanto valor
probatório quanto as provas produzidas judicialmente, sobretudo pela isenção atribuída aos
peritos. Da mesma forma, os documentos colhidos na fase preliminar, interceptações telefônicas,
objetos conseguidos mediante busca e apreensão, têm sido valorados na fase processual, quando
serão submetidos à manifestação da defesa, num contraditório diferido ou postergado.
- O juiz tem INICIATIVA PROBATÓRIA RESIDUAL. Ex.: o art. 212 prevê que quem pergunta primeiro
são as partes (a produção da prova cabe precipuamente à acusação e à defesa). O juiz poderá
complementar a inquirição sobre os pontos não esclarecidos.
· NOTITIA CRIMINIS
- É o conhecimento pela autoridade, espontâneo ou provocado, de um fato aparentemente
criminoso.
- Normalmente é endereçada à AUTORIDADE POLICIAL, ao MP ou ao JUIZ. 
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- O MP, diante de notitia criminis que contenha elementos suficientes, dispensará a elaboração do
IP e oferecerá de pronto a denúncia. Já o juiz, em face da notitia, poderá remetê-la ao MP, para
providências cabíveis.
- O IP poderá ser instaurado mesmo se não houver nenhuma suspeita quanto à autoria do delito.
1) DE OFÍCIO à é o conhecimento direto dos fatos pela autoridade policial por meio de suas
atividades rotineiras ou através de comunicação informal. É a notitia criminis de cognição
imediata. Só cabe na ação pública incondicionada (a condicionada depende da representação).
2) REQUISIÇÃO DO JUIZ OU DO MP à requisição é sinônimo de ordem. Embora não haja hierarquia
entre o MP e a polícia, se o MP requisitar, o delegado deve instaurar o IP (princípio da
obrigatoriedade). Só cabe na ação pública incondicionada (a condicionada depende da
representação).
- O CPP diz que o juiz pode requisitar, mas isso violaria a garantia da imparcialidade e o próprio
sistema acusatório.
3) REQUERIMENTO DA VÍTIMA à a autoridade deve exercer um juízo de tipicidade e o
enquadramento legal. Se entender que não há infração penal e indeferir o requerimento, cabe
recurso administrativo ao chefe de polícia (art. 5º, §2º). Outra opção é a vítima fazer um
requerimento ao MP.
- A AUTORIDADE POLICIAL NÃO PODE INVOCAR O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA PARA DEIXAR DE
INSTAURAR O IP, ESSA ANÁLISE CABE AO TITULAR DA AÇÃO PENAL (posição majoritária). Nada
impede, porém, que o suposto autor da conduta insignificante, diante do constrangimento ilegal,
impetre HC para trancar o IP.
4) DELAÇÃO à qualquer do povo, nos crimes de ação penal pública incondicionada, pode noticiar o
fato delituoso à autoridade policial. É a notitia criminis de cognição mediata ou delatio criminis
simples.
5) REPRESENTAÇÃO DA VÍTIMA à nos crimes de ação penal pública condicionada, funciona como
condição de procedibilidade e, sem ela, o IP não poderá ser instaurado. Se for, a vítima pode
impetrar MS para trancá-lo. Também chamada de delatio criminis postulatória.
6) REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA à a instauração do IP, para alguns crimes, depende de
autorização do Ministro da Justiça. Não é ordem, é mera autorização.
7) AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE à é a notitia criminis de cognição coercitiva. Pode representar
notitia espontânea (quem realiza a prisão é a própria autoridade policial) ou provocada (quem
realiza a prisão é um particular). Nesse caso, é o próprio APF que vai dar início ao IP, e não uma
portaria, como ocorre com os demais casos.
- No curso do inquérito policial instaurado mediante portaria, o juiz só poderá decretar prisão
preventiva mediante representação da autoridade policial ou de requerimento do MP.
NOTITIA CRIMINIS INQUALIFICADA à é a delação apócrifa (denúncia anônima – ex.: disque
denúncia). A notícia anônima, por si só, não é idônea para a instauração de inquérito policial ou deflagração da ação penal, prestando-se, contudo, a embasar procedimentos investigatórios
preliminares em busca de indícios que corroborem as informações da fonte anônima. Atenção: o delegado, ao receber uma notícia anônima, deverá tomar diligências necessárias a averiguar a veracidade da denúncia, e só assim instaurar ou não o inquérito.
- Só cabe em ação pública incondicionada (a condicionada depende de representação).
Cognição imediata De ofício
Cognição mediata ou
delatio criminis simples
Por terceiros (delação)
Delatio criminis postulatória Pela vítima
Cognição coercitiva APF
Inqualificada Denúncia anônima
· PROVIDÊNCIAS
1) Dirigir-se ao local dos fatos, isolando a área para atuação dos peritos à diligência obrigatória!
Só após a liberação dos peritos é que os objetos poderão ser apreendidos e a cena do crime poderá
ser alterada. Exceção: acidente de trânsito.
2) Apreender objetos à segundo o STJ, a autoridade policial poderá apreender os objetos
relacionados com a infração, mesmo antes da instauração do respectivo IP.
3) Colher todas as provas;
4) Ouvir o ofendido à não será compromissado a dizer a verdade (não é testemunha).
5) Ouvir o indiciado à O termo de oitiva do indiciado será assinado por 2 testemunhas que
tenham ouvido a sua leitura, na presença do indiciado.
- A omissão dessa formalidade acarreta mera irregularidade, não tendo o cunho de descredibilizar,
por si só, a realização do ato.
- A PRESENÇA DO ADVOGADO NO IP É FACULTATIVA, ficando a critério da autoridade policial
oportunizar os esclarecimentos formulados ao seu constituinte.
- Se o indiciado não atender à notificação para comparecer, poderá ser conduzido coercitivamente
à presença da autoridade, independentemente de representação do delegado ao juiz (posição
majoritária). Contudo, melhor que se entenda pela necessidade de autorização judicial para a
condução coercitiva.
6) Proceder ao reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
7) Realização do exame de corpo de delito e outras perícias à sempre que a infração deixar
vestígios, a materialidade delitiva será demonstrada pela realização do exame de corpo de delito (art.
158). A AUSÊNCIA DE PERÍCIA NÃO PODE SER SUPRIDA NEM MESMO PELA CONFISSÃO DO 
SUSPEITO. Não sendo possível realizar o exame, a materialidade será demonstrada pela prova
testemunhal (art. 167).
8) Ordenar a identificação datiloscópica do indiciado e fazer juntar sua folha de antecedentes à
vale lembrar que o civilmente identificado não será identificado criminalmente.
- Tratando-se de IP instaurado para a apuração de crimes perpetrados por ORGANIZAÇÕES
CRIMINOSAS, é obrigatória a identificação datiloscópica das pessoas investigadas, ainda que
tenham apresentado identificação civil.
- Assertiva incorreta do CESPE: José foi indiciado em IP por crime de contrabando e, devidamenteintimado, compareceu perante a autoridade policial para interrogatório. Ao ser indagado a respeito
de seus dados qualificativos para o preenchimento da primeira parte do interrogatório, José arguiu o
direito ao silêncio, nada respondendo. Nessa situação hipotética, cabe à autoridade policial alertar
José de que a sua recusa em prestar as informações solicitadas acarreta responsabilidade penal,
porque a lei é taxativa quanto à obrigatoriedade da qualificação do acusado.
9) Averiguar a vida pregressa do indiciado, do ponto de vista individual, familiar e social, sua
condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e
quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação de seu temperamento e caráter.
· OUTRAS QUESTÕES IMPORTANTES
- INCOMUNICABILIDADE à o art. 21 do CPP contempla a possibilidade de decretação da
incomunicabilidade do preso durante o IP, por conveniência da investigação ou quando o interesse
da sociedade o exigir, por deliberação judicial, mediante requerimento da autoridade policial ou MP,
e por até 3 dias. Ocorre que em face do art. 136, §3º, IV, da CF não admite a incomunicabilidade até
mesmo durante o Estado de Defesa, não houve a recepção do art. 21 do CPP. Nem mesmo o RDD
(mais severo) admite a incomunicabilidade.
- REPRODUÇÃO SIMULADA DOS FATOS à para verificar a possibilidade de haver a infração sido
praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos
fatos, desde que esta não contrarie a MORALIDADE ou a ORDEM PÚBLICA (art. 7º).
- O indiciado não está obrigado a participar, pois não pode ser compelido a autoincriminar-se.
· INDICIAMENTO
- É A CIENTIFICAÇÃO AO SUSPEITO DE QUE ELE PASSA A SER O PRINCIPAL FOCO DO IP. Saímos do
juízo de possibilidade para o de probabilidade. Deve haver um lastro mínimo de prova vinculando o
suspeito à prática delitiva.
- A doutrina entende que o indiciamento deve ser fundamentado.
- Pode ser feito desde o início das investigações (inclusive no próprio APF) ATÉ O INÍCIO DO
PROCESSO. O STJ ENTENDE QUE CARACTERIZA CONSTRANGIMENTO ILEGAL O FORMAL
INDICIAMENTO DO SUJEITO QUE JÁ TEVE CONTRA SI OFERECIDA A DENÚNCIA, INCLUSIVE TENDO
ELA SIDO RECEBIDA PELO JUÍZO. O INDICIAMENTO APÓS A DENÚNCIA É DESNECESSÁRIO E ILEGAL.
- Pode ser direto (feito na presença do investigado, regra) e indireto (investigado ausente). 
· ENCERRAMENTO E PROVIDÊNCIAS DO MP
- O IP é encerrado com a produção de RELATÓRIO, ESSENCIALMENTE DESCRITIVO.
REGRA GERAL LEI DE DROGAS (EXCEÇÃO)
A autoridade policial NÃO PODE
ESBOÇAR JUÍZO DE VALOR (cabe ao
titular da ação penal).
O delegado precisa fundamentar o relatório, indicando,
inclusive, os motivos pelos quais ele entendeu que seria tráfico
ou porte de drogas.
- Os autos do IP, integrados com o relatório, serão REMETIDOS AO JUDICIÁRIO, para que sejam
acessados pelo titular da ação penal (art. 10, §1º).
- A AUSÊNCIA DO RELATÓRIO E DE INDICIAMENTO FORMAL É MERA IRREGULARIDADE FUNCIONAL,
que não traz prejuízos para persecução penal e que deve ser apurada na esfera disciplinar, não
podendo o juiz ou o MP determinar o retorno da investigação à autoridade para concretizá-los. O
MP não poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade policial, senão para novas diligências,
imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.
- SENDO O FATO DE DIFÍCIL ELUCIDAÇÃO E ESTANDO O INDICIADO SOLTO, PODERÁ O DELEGADO
REQUERER AO JUIZ A DEVOLUÇÃO DOS AUTOS PARA DILIGÊNCIAS.
- Ao fazer a remessa, a autoridade policial deverá oficiar ao Instituto de Identificação e Estatística.
Isso permite a formação do boletim individual.
- Quando os autos chegam ao juízo, tem-se as seguintes possibilidades:
1) CRIMES DE AÇÃO PENAL PRIVADA à os autos permanecem em cartório, aguardando-se a
iniciativa do ofendido para oferecimento da queixa-crime. Nada impede que os autos do IP, por
traslado, sejam entregues ao requerente.
- NÃO HÁ ARQUIVAMENTO DO IP NOS CRIMES DE INICIATIVA PRIVADA. SE A VÍTIMA NÃO DESEJA
OFERECER A AÇÃO, BASTA FICAR INERTE.
2) CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA à três hipóteses podem ocorrer:
a) OFERECIMENTO DA DENÚNCIA;
b) ARQUIVAMENTO à se o promotor entender pela absoluta ausência de elementos
mínimos de autoria e materialidade. O pedido de arquivamento deve ser fundamentado e
homologado pelo juiz. Se surgirem NOVAS PROVAS, o IP pode ser desarquivado.
c) REQUISIÇÃO DE DILIGÊNCIAS à se o MP entender que faltam ELEMENTOS
INDISPENSÁVEIS à formação da opinio delicti. Renato diz que essas requisições devem ser
feitas diretamente à polícia, e não ao juiz. Já Nestor diz que essa requisição deve passar pelo
juiz e ser remetida à polícia com prazo para cumprimento (e o juiz não pode indeferir as
diligências requisitadas pelo MP), mas nada impede que a requisição seja diretamente à
polícia. Realizadas as diligências, retornam ao juiz, que deverá abrir vistas ao MP. Satisfeito
com o material, o MP pode oferecer a denúncia. Se o material complementar não for
elucidador, resta o arquivamento.
- AS DILIGÊNCIAS COMPLEMENTARES SÓ PODEM SER REQUISITADAS SE O SUSPEITO ESTIVER
SOLTO. Caso esteja preso, deve ser posto em liberdade (se não existem elementos para a
propositura da denúncia, muito menos para a manutenção da prisão).
- PARA O STF, É VEDADO AO JUIZ REQUISITAR NOVAS DILIGÊNCIAS PROBATÓRIAS CASO O MP
TENHA SE MANIFESTADO PELO ARQUIVAMENTO DO FEITO. O juiz não é titular da ação penal, não
cabe a ele determinar de ofício diligências durante a fase investigatória. Deverá aplicar o art. 28 e
remeter ao PGJ. Caberá correição parcial contra a decisão judicial que determine a realização de
novas diligências, após a formulação de promoção de arquivamento do MP.
· ARQUIVAMENTO
- As hipóteses de arquivamento não foram expressamente disciplinadas pelo CPP. Deve-se aplicar o
art. 395 para suprir a omissão, que traz as HIPÓTESES DE REJEIÇÃO DA DENÚNCIA OU QUEIXA pelo
juiz. Se é caso de rejeição da denúncia, o promotor não deveria ter oferecido a inicial acusatória.
São elas:
a) Falta de pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal (inciso II);
b) Ausência de justa causa (inciso III).
- Com a reforma do CPP (Lei 11.719/08), passou-se a admitir o julgamento antecipado da lide (art.
397). As HIPÓTESES QUE AUTORIZAM A ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA, se cabalmente demonstradas ab
initio, também devem ser invocadas para lastrear o pedido de arquivamento. São elas:
a) Excludente de ilicitude;
b) Excludente de culpabilidade, salvo a inimputabilidade;
c) Manifesta atipicidade;
d) Causa extintiva da punibilidade. 
- É importante saber quando o desarquivamento faz coisa julgada ou não:
É POSSÍVEL DESARQUIVAR (NÃO FAZ CJM) NÃO É POSSÍVEL DESARQUIVAR (FAZ CJM)
- AUSÊNCIA DE PRESSUPOSTO PROCESSUAL OU DE
CONDIÇÃO DA AÇÃO PENAL
- FALTA DE JUSTA CAUSA
- CAUSA EXCLUDENTE DE ILICITUDE (STF)
- ATIPICIDADE
- CAUSA EXCLUDENTE DE CULPABILIDADE
- CAUSA EXTINTIVA DE PUNIBILIDADE (EXCEÇÃO:
CERTIDÃO DE ÓBITO FALSA)
- CAUSA EXCLUDENTE DE ILICITUDE (STJ)
- Quanto à causa excludente de ilicitude, vide info. 554 do STJ e info. 796 do STF.
- O TCO pode ser arquivado.
- Questão de concurso: em outubro de 2009, Bico de Pássaro foi preso em flagrante delito, uma vez
que, em cumprimento a mandado de busca e apreensão em sua residência, foi encontrada uma arma
de fogo de uso permitido, sem registro. Após instauração de IP pela suposta prática do crime previsto
no art. 12, da Lei 10.826/03, a defesa impetrou habeas corpus requerendo o trancamento do
inquérito. O TJ-GO entendeu que o fato evidentemente não constituía crime, uma vez que a Lei
11.922/09 teria ampliado o prazo para registro de armas de fogo para o dia 31/12/09 e, assim,
haveria atipicidade do crime de posse de arma de fogo até a mencionada data. A decisão transitou
em julgado. No entanto, o MP, verificando que o TJ-GO alterou seu entendimento em outros casos,
ofereceu denúncia contra Bico de Pássaro exatamente pelo crime de posse irregular de arma de
fogo. A denúncia foi recebida pelo magistrado. Nesse caso, segundo o STJ, o magistrado errou, uma
vez que a decisãoanterior, reconhecendo o fato como atípico, fez coisa julgada material, não
podendo o juiz reapreciar ou desconstituir o decidido pelo Tribunal.
- PROCEDIMENTO (art. 28) à se o MP requerer o arquivamento do IP e o juiz discordar, este
deverá remetê-lo ao PGJ (princípio da devolução), que pode proceder de 3 maneiras:
a) Oferecer a denúncia;
b) Designar outro promotor para oferecê-la (obrigação do promotor, que age por delegação
– longa manus);
c) Insistir no pedido de arquivamento (e o juiz será obrigado a atender);
d) Requerer a realização de novas diligências antes de decidir.
- Não há necessidade de fundamentação do juiz (o art. 28 só fala que o juiz devera “remetê-lo”).
- No âmbito do MPU (que engloba o MPF e o MPDF), se o juiz federal não concordar, remeterá os
autos do IP à Câmara de Coordenação e Revisão do MPF.
- ARQUIVAMENTO ORIGINÁRIO à em regra, o arquivamento é uma decisão judicial, mas NOS
CASOS DE ATRIBUIÇÃO ORIGINÁRIA DO PGJ/PGR, TRATA-SE DE DECISÃO DE CARÁTER
ADMINISTRATIVO, QUE NÃO PRECISA SER SUBMETIDA AO JUDICIÁRIO. Ex.: SE O PGR QUER
ARQUIVAR UM IP, NÃO PRECISA SUBMETER O ARQUIVAMENTO À HOMOLOGAÇÃO DO STF. NOS
CRIMES DE COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DE TRIBUNAIS NÃO SE APLICA O ART. 28 (o pedido de
arquivamento já emana do próprio PGR/PGJ, sendo o Tribunal obrigado a acolhê-lo). Vide info. 558
do STJ.
- Essa decisão (administrativa) não produz coisa julgada, porque não é judicial. Portanto, QUANDO O
ARQUIVAMENTO FOR CAPAZ DE PRODUZIR COISA JULGADA FORMAL E MATERIAL, É OBRIGATÓRIO
QUE O RECONHECIMENTO SEJA ANALISADO PELO TRIBUNAL COMPETENTE (STF, Inq. 1443).
Sistemas Processuais Penais
Trata-se de estudo sobre os sistemas processuais penais - inquisitório, acusatório e misto - na visão do princípio unificador de cada sistema.
INTRODUÇÃO
Para entender os sistemas processuais penais é necessário, antes de qualquer coisa, compreender o significado da palavra “sistema”. Etimologicamente, sistema – no viés jurídico – é o conjunto de normas, coordenadas entre si, intimamente correlacionadas, que funcionam como uma estrutura organizada dentro do ordenamento jurídico. Na visão de Paulo Rangel, é o conjunto de princípios e regras constitucionais, de acordo com o momento político de cada Estado, que estabelecem as diretrizes a serem seguidas para a aplicação do direito no caso concreto.
Assim, para que haja um sistema, é imperiosa a existência de uma idéia fundante e de um conjunto de normas que decorre dessa premissa. Basta, portanto, identificar o princípio unificador de cada sistema processual penal para saber de qual sistema estar-se-á tratando. Todo sistema é, portanto, regido por um único princípio unificador (idéia fundante) e, daí decorre as demais normas que devem ser interpretadas sob essa ótica.
Pois bem.
São três os sistemas processuais penais existentes no ordenamento jurídico: a) sistema inquisitório ou inquisidor; b) sistema acusatório; c) sistema misto, reformado, napoleônico ou acusatório formal.
SISTEMA INQUISITÓRIO
A origem da nomenclatura do sistema inquisitivo vem da inquisição (Santa Inquisição – Tribunal Eclesiástico), que possuía como finalidade a investigação e punição dos hereges, pelos membros do clero.
No sistema inquisitivo é o juiz quem detém a reunião das funções de acusar, julgar e defender o investigado – que se restringe à mero objeto do processo. A idéia fundante deste sistema é: o julgador é o gestor das provas, i.e., o juiz é quem produz e conduz as provas.
O sistema inquisidor possui as seguintes características: a) reunião das funções: o juiz julga, acusa e defende; b) não existem partes – o réu é mero objeto do processo penal e não sujeito de direitos; c) o processo é sigiloso, isto é, é praticado longe “aos olhos do povo”; d) inexiste garantias constitucionais, pois se o investigado é objeto, não há que se falar em contraditório, ampla defesa, devido processo legal etc.; e) a confissão é a rainha das provas (prova legal e tarifação das provas); e f) existência de presunção de culpa? O réu é culpado até que se prove o contrário.
O juiz, gestor da prova, busca a prova para confirmar o que pensa (subjetivismo) sobre o fato (idéia pré-concebida), onde as provas colhidas são utilizadas apenas para comprovar seu pensamento. Ele irá fabricar as provas para que confirme sua convicção sobre o crime e o réu. Para tanto, utiliza-se principalmente da confissão do réu, obtida mediante tortura ou outro meio cruel, para obter as respostas que lhe convir. Em outras palavras, o julgador – representante de Deus na Terra – produz provas para confirmar o fato, utilizando-se de todos os meios – lícitos ou não (máxima de Maquiavel) – para obter a condenação do objeto da relação processual.
Em um breve parêntese, pode-se notar que a delação premiada surge nesta época da inquisição, diante da confissão dos fiéis perante a autoridade eclesiástica (padre, bispo, etc.). Deste modo, o clero detinha poder sobre a comunidade, sabendo tudo que se passava no local, diante das confissões e delações dos fiéis.
Também, é neste período que as provas são tarifadas/valoradas. O testemunho de um clero ou nobre possuíam valores muito maiores, por exemplo, ao de uma mulher. A confissão é absoluta e irretratável (daí a expressão rainha das provas).
A crítica feita a este sistema processual, difundida por Juan Montero Aroca, é de que há contradição terminológica entre sistema processual inquisitivo e processo, alegando que processo pressupõe a aplicação das garantias processuais. Tal crítica é rebatida diante do conceito de processo, que se restringe ao instrumento para concretização do direito material.
SISTEMA ACUSATÓRIO
Diversamente do sistema inquisitório, sua antítese é o sistema processual acusatório, que possui como princípio unificador o fato de o gestor da prova ser pessoa/instituição diversa do julgador. Há, pois, nítida separação entre as funções de acusar, julgar e defender, o que não ocorria no sistema inquisitivo. Destarte, o juiz é imparcial e somente julga, não produz provas e nem defende o réu.
Os prováveis precursores desse sistema processual são: a) Magna Carta; b) Petition of Rights; c) Bill of Rights; d) secularização; e) iluminismo.
Para facilitar a compreensão desse sistema, eis suas principais características: a) as partes são as gestoras das provas; b) há separação das funções de acusar, julgar e defender; c) o processo é público, salvo exceções determinadas por lei; d) o réu é sujeito de direitos e não mais objeto da investigação; e) consequentemente, ao acusado é garantido o contraditório, a ampla defesa, o devido processo legal, e demais princípios limitadores do poder punitivo; f) presume-se a não culpabilidade (ou a inocência do réu); g) as provas não são taxativas e não possuem valores preestabelecidos.
Para diferenciar o sistema acusatório do sistema inquisitório, observe-se o quadro abaixo:
Características/sistemas
Sistema inquisitório
Sistema acusatório
Princípio unificador
O juiz é o gestor das provas.
As partes é que são gestoras das provas.
Funções acusar, defender e julgar
Reunidas nas mãos do juiz.
Separadas.
Atos do processo
Sigilosos.
A regra é a publicidade dos atos do processo, salvo exceções legais.
Réu
Objeto da investigação.
Sujeito de direitos.
Garantias
Não há contraditório, ampla defesa ou devido processo legal.
Todas as garantias constitucionais inerentes ao julgamento.
Provas
Taxativas, onde a confissão é a rainha das provas.
Livre convencimento do juiz e devidamente motivadas.
Presunção
De culpabilidade, podendo utilizar-se de torturas e meios cruéis para obter a confissão.
De não culpabilidade ou de inocência.
Julgador
É parcial.
É imparcial, eqüidistantes das partes.
Ainda, com relação às provas, no sistema acusatório puro, não é possível a realização/determinação de provas pelo juiz, de ofício, sob pena de fazer às vezes das partes (neste sentido, Luiz Flávio Gomes, Mirabete, Tourinho Filho, Scarance, etc.), embora haja entendimento diverso (Paulo Rangel, Norberto Avena etc.). A corrente contráriafundamenta-se no princípio da verdade real, no entanto, esse princípio, como parte do sistema acusatório, e diante de sua interpretação teleológica e sistemática, não permite – por si só – que o juiz produza provas ou recorra de ofício, v.g., sem determinação pelas partes (p. ex Lei de Falências, Lei de Economia Popular, Lei do Crime Organizado, Lei de Interceptação Telefônica, demais dispositivos do CPP).
Contudo, em um sistema acusatório não puro (ou aparência acusatória), como adotado pelo ordenamento jurídico brasileiro, é possível a realização de provas – ex officio – pelo julgador. Todavia, nosso Código de Processo Penal (e não o processo penal que não está adstrito ao CPP) ainda resguarda resquícios de um sistema processual penal misto, conforme veremos a seguir.
SISTEMA MISTO
Por fim, o sistema processual misto contém as características de ambos os sistemas supracitados. Possui duas fases: a primeira, inquisitória e a segunda, acusatória. Tem origem no Código Napoleônico (1808).
A primeira fase é a da investigação preliminar. Tem nítido caráter inquisitório em que o procedimento é presidido pelo juiz, colhendo provas, indícios e demais informações para que possa, posteriormente, embasar sua acusação ao Juízo competente. Obedece as características do sistema inquisitivo, em que o juiz é, portanto, o gestor das provas.
A segunda fase é a judicial, ou processual propriamente dita. Aqui, existe a figura do acusador (MP, particular), diverso do julgador (somente o juiz). Trata-se de uma falsa segunda fase, posto que, embora haja as demais características de um sistema acusatório, o princípio unificador (idéia fundante) ainda reside no juiz como gestor da prova.
Há uma corrente doutrinária que diz que o sistema processual brasileiro é misto (Tornaghi, Mougenot), aduzindo sua dupla fase: a) a fase investigatória, de características inquisitórias, visto que é pré-processual; b) fase judicial, com características acusatórias, iniciada após o recebimento da denúncia ou queixa. A crítica a esta corrente cinge-se ao caráter administrativo (extraprocessual) da investigação preliminar (inquérito policial, p. ex.).
CONCLUSÃO
A guisa de uma conclusão, pode-se afirmar que o sistema processual penal é definido a partir de uma idéia fundante (premissa ou princípio unificador), em que todas as demais características e normas devem ser interpretadas de acordo com essa ideia. Conhecida essa premissa, é possível distinguir o que sistema está se tratando.
Importante frisar que os sistemas processuais são intimamente interligados com o modelo político de Estado. Vale dizer que quanto mais o Estado aproxime ao autoritarismo (ditadura, monarquia), mais reduzidos ficam as garantias do réu, e mais se aproxima ao sistema inquisitório. O contrário também é verdadeiro: quanto mais o Estado se aproxime à democracia e ao Direito, maiores ficam as concessões de garantias e, por conseguinte, mais se aproxima ao modelo acusatório puro. Por fim, vale ressaltar que não existem sistemas puros.

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