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A IDENTIDADE CULTURAL NO PÓS MODERNIDADE - HALL STUART

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resenha: A identidade cultural da pós-modernidade de Stuart Hall 
Carlos Xandelly Resenhas 13 de março de 2018 0 Comentário 
Diante dos diversos conflitos de identidades culturais que vivemos atualmente, Stuart Hall em seu livro ‘A identidade cultural na pós-modernidade’, traz algumas indagações e concepções sobre o tema, servindo para a compreensão desta realidade. Em seu livro, Stuart apresente a questão da identidade cultural na chamada modernidade tardia, buscando responder algumas perguntas como: se há ou não há uma “crise” de identidade, em que ela consiste e quais suas consequências. Para isso o autor traz a mudança do conceito de sujeito e identidade no século XX.
HALL, Stuart. A identidade cultural da pós-modernidade. Rio de Janeiro, DP&A Editora, 10ª Edição,  2006
O Autor é simpático à posição que as identidades estão sendo descentradas, apesar de ser um processo complexo, ainda pouco compreendido e difícil de ser posto a prova.
Stuart desenvolve sua reflexão considerando a fragmentação nas sociedades modernas, apresentando de forma simples as três concepções de sujeito presentes na modernidade; as mudanças na modernidade tardia; e o “jogo de identidades” neste contexto.
O Autor, ainda enfatiza que o processo de Globalização, cujo é a essência as sociedades modernas, encontram-se em mudança constante, rápida e permanente; oferecendo uma interconexão que promove ondas de transformação social. Durante a reflexão o Autor aponta para ‘modernidade’ que segundo David Harvey implica um rompimento impiedoso com toda e qualquer condição precedente e se caracteriza por um processo sem-fim de rupturas e fragmentações internas no nosso próprio interior. Outra concepção de identidade, trazida por Laclau é que diferentes posições de sujeito são caracterizadas por diferenças, recebendo uma variedade de diferentes posições de sujeito (identidades), ambos pensamentos ocorre uma ênfase em comum: descontinuidade, fragmentação, ruptura e deslocamento.
O Segundo capítulo do livro traz ao leitor concepções mutantes do sujeito humano, embora feita de forma conceitual, sendo possível esboçar um quadro aproximado de como a conceptualização do Sujeito moderno mudou em três pontos estratégicos durante a modernidade.
Durante o desenrolar deste período de controversas mudanças no estado do Sujeito, vale ressaltar que entramos numa época nova cheia de individualismos, e egocentrismos. Estas transformações associadas à modernidade libertam o indivíduo de seus apoios estáveis nas tradições e nas estruturas. O iluminismo e o Humanismo romperam com o passado e nasce o indivíduo soberano.
Segundo Raymond Williams, o sujeito individual tem dois significados que é indivisível mas que também é singular distinto e único. Sendo que os movimentos nos pensamentos da cultura ocidental fizeram imergir a Reforma e o Protestantismo que libertaram a consciência individual das instituições religiosas das igrejas e a expuseram diretamente aos olhos de Deus; o Humanismo colocou o homem no centro do universo e o iluminismo centrou na imagem do homem racional. Grande parte da história da filosofia ocidental consiste de reflexões ou refinamentos dessa concepção de sujeito, seus poderes e suas capacidades. René Descartes promoveu uma importante formulação primária nesta concepção, ele foi atingido pela profunda dúvida que se surgiu ao deslocamento de Deus do centro do Universo, ele também postulou duas substâncias distintas a matéria e a mente, substância espacial e pensante. No centro da mente ele colocou o sujeito individual, por sua capacidade de pensar e raciocinar; Cogito, ergo sum ! Penso, logo existo !
Outra importante contribuição nesta fase foi promovida por John Locke em “Ensaio sobre a compreensão humana com um indivíduo soberano”. Este modelo sociológico interativo, com sua reciprocidade estável entre interior e exterior é, em grande parte, um produto da primeira metade do século XX, quando as ciências sociais assumem sua forma disciplinar atual e foi neste mesmo período que começa a surgir um sujeito pertubador ao qual da origem ao surgimento do Modernismo.
O Começo da descentração do sujeito começa nesta fase onde a primeira contribuição importante foi encontrada nos escritos de Marx com argumentos que fundamentavam que o deslocamento, quando o marxismo corretamente entendido, deslocara qualquer noção de agência individual, ocorrendo segundo seu sistema teórico um deslocamento de duas proposições-chave da filosofia moderna: que há uma essência universal de homem; e, que essa essência é o atributo de cada sujeito singular, o qual é seu sujeito real.
Ao longo dos anos essa revolução teórica foi fortemente atacada e contestada por muito teóricos humanistas. Um outro grande descentramento no pensamento ocidental aconteceu também quando da descoberta do inconsciente por Freud. Acontecendo sucessivamente outros decentramentos como o promovido pelos trabalhos de Ferdinand de Saussure,Michel Foucault acumulados pelos impactos sociais e temporais das mudanças. Em síntese este período ocorre grandes transformações, mudanças conceituais através das quais, de acordo com alguns teóricos, o sujeito do iluminismo, visto como tendo uma identidade fixa e estável, foi descentrado, resultando nas identidades abertas, contraditória, inacabadas, fragmentadas, do sujeito pós-moderno.
O Autor começa o terceiro capítulo do livro falando sobre como este sujeito  fragmentado é colocado em termos culturais e o processo de globalização. Vale saber que a formação de uma cultura nacional contribui para criar padrões de alfabetização universais, generalizando assim uma única língua vernacular como o meio dominante de comunicação em toda a nação, criando uma cultura homogêna capaz de manter instituições culturais nacionais como por exemplo um sistema educacional de ensino.
Diante destas formas a cultura nacional se tornou uma característica-chave da industrialização e um dispositivo da modernidade. Existem outros aspectos de uma cultura nacional que empurram numa direção diferente. Algumas dessas ambiguidades são exploradas pelo autor no capítulo, passando pelos temas se a identidades nacionais são realmente tão unificadas e tão homogêneas como representam ser e discute como uma cultura nacional funciona como um sistema de representação.
O autor expõe seus pensamentos de que as identidades nacionais não subordinam todas as outras formas de diferença e não estão livres do jogo de poder, de divisões e contradições internas, de lealdades e de diferenças sobrepostas.
Explora o contexto da globalização e seu impacto nas mudanças de sujeito, sociedade e pessoas. Este processo começa a impactar poderosamente as identidades culturais e nacionais a partir do fim do século XX. Sendo que a partir da década de 70 a globalização atinge seu ápice, promovendo impactos diretos em todos os sentidos principalmente na mudança de hábitos, costumes e sujeito.
Agora a terra passa a ser um único espaço tendo acesso em qualquer momento, lugar ou conteúdo através dos meios de comunicação que estão interligados, colocando assim comunidades, sociedades e pessoas dentro de um único globo, interagindo diretamente pessoas, sociedades e pensamentos. A influência é notória e perceptível, pessoas se unem em grupos conforme suas maneiras de pensar, bens de consumo, ideias e ideais, etc. A globalização promove também um aumento substancial no consumo desenfreado e frenético.
Quanto mais estes lugares, aldeias, comunidades, cidades e países se aproximam é possível uma interatividade pelos costumes e identidades entre todos, os meios de comunicação globalmente interligados oferecem uma viagem no espaço ‘físico’ em qualquer tempo, fazendo com que as pessoas tornem-se desvinculadas, desalojadas – de tempos, lugares, histórias e tradições. Somos confrontados por uma gama de diferentes identidades, dentre as quais podemos optar em qual ‘permaneceremos ou escolheremos’, promovendo ainda um verdadeiro supermercado cultural.
E este processo, segundo Stuart e sua reflexão, está levando a população mundiala uma espécie de ‘homogenização cultural’, resultado de diversos pensamentos e qualificações ou chamadas de contratendências principais. A globalização parece ser fonte de efeito principal capaz de deslocar as identidades centradas e fechadas de uma cultura nacional, promovendo um efeito de pluralidade causando assim uma variedade de possibilidades e novas posições de identificações.
Os movimentos que ocorrem nesta época colocam em ‘xeque’ questões sobre liberalismo, marxismo, capitalismo e aspectos inerentes aos valores e identidades. Atualmente os deslocamentos ou desvios da globalização mostram-se mais variados e mais contraditórios do que sugerem seus protagonistas e oponentes.
Finalizando, Stuart traz sua reflexão a existência de uma fusão de filosofias, de ideologias, de sistemas sociais e um vasto e amplo cenário de diferentes culturas e elementos, os quais acabam , segundo o Autor, por proporcionar novas formas de cultura, já algumas outras pessoas e estudiosos deste cenário acreditam que o hibridismo envolve um relativismo e apresenta custos e perigos iminentes e reais. Um outro pensamento reflexivo é com relação ao fundamentalismo, onde se discute a tentativa de se construir identidades puras baseadas na imersão na tradição.
O autor mostra o efeito contestador e deslocador da globalização nas identidades centradas e fechadas de uma cultura nacional.
Refletir sobre este sujeito pós-moderno e suas identidades culturais numa visão mais ampla, menos fixa a ‘pré-conceitos’ existentes é o nosso desafio, pois acaba por inserir uma ótima reflexão que nos permite redimensionar a figura da sociedade e de tal indivíduo sobre outros paradigmas como um todo.
Stuart diz em todos os capítulos o que ele pretende trazer a tona ou explicar, como ele o fará e em quais conclusões nós (ele e nós- os leitores) chegaremos ao final de cada capítulo. Além disso, as repetições sumárias dos capítulos prévios, que iniciam acabam dando uma espécie de visão ampla da reflexão do Autor, o que por sinal é uma grande jogada e traz um pouco de segurança e conforto no que virá pela frente nas páginas do livro, bem como despertando um interesse maior do leitor.
Stuart Hall foi um teórico jamaicano que viveu no Reino Unido, tornou-se um dos principais proponentes da teoria da recepção, e desenvolveu a teoria de codificação e decodificação. Faleceu em fevereiro de 2014 na cidade de Londres. Outras obras: Da Diáspora: Identidade e Mediações Culturais ; Questões de identidade cultural.

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