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MEMORIAL DE ALFABETIZAÇÃO MODELO

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS 
Instituto de Ciências Humanas 
Curso de Pedagogia 
Leitura e escrita 
Profª Sandra Maria Silva Cavalcante 
1º Período 
Letícia Costa da Silva 
11/11/2019 
 
MEMORIAL 
 
Antes de sair das fraldas, com cerca de um ano de idade, já frequentava a creche do 
bairro. Filha de mãe solteira, ficava aos cuidados da minha avó enquanto minha mãe ia todos 
os dias para a cidade vizinha trabalhar. 
Frequentei a única creche que tinha em minha cidade, morava no interior da Bahia e as 
oportunidades para estudos eram poucas. 
 Em 2003, ao ser eleito Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, deu segmento 
ao Programa de Distribuição do Leite, que ficou popularmente conhecido durante o mandato 
de José Sarney em 1986, consistia na distribuição diária de 2 litros de leite para famílias 
carentes com renda inferior a meio salário mínimo por pessoa. A distribuição era feita 
diariamente em escolas e creches da rede pública. 
 A creche que eu frequentava era um dos postos de retirada. Durante toda a minha 
permanência na creche Vovó Vicência, minha família desfrutou desse benefício, com a 
situação de pobreza da época, a distribuição de leite foi de suma importância para a minha 
saúde e nutrição. 
Lá na Creche Vovó Vicência, tive os primeiros contatos com a leitura e a escrita 
Lembro-me da Professora Zélia com sua voz doce nos contando contos infantis ora no 
jardim, enquanto fazíamos um belo piquenique, ora no nosso horário de soneca. 
Ah, fazíamos também desfiles e teatros encenando as histórias que líamos, e eu bem 
exibida, participava de todos e saía pelas ruas da cidade desfilando e encenando na traseira de 
um caminhão, enquanto minha mãe, no canto da praça, orgulhosa, me via fazendo caras e 
bocas ao interpretar toda caracterizada a Cinderela. 
Também era de costume levar caderno com lições de casa para recortar letrinhas e 
juntá-las para formar palavras. 
/
Um belo dia, aos quatro anos, fui ao mercado com minha mãe e avistei a palavra 
“Coca-Cola” em um outdoor. Minha velha não acreditou e pensou que eu apenas repeti algo 
que alguém na rua falava no momento. Ao chegar em casa, me mostrou mais algumas 
palavras simples e eu já conseguia juntar as sílabas, muito emocionada espalhou para todos 
que sua filha era uma prodígio, que já sabia ler antes de entrar para a escola. 
Aos cinco anos, ao sair da creche, fui matriculada no colégio Renascer I, no 2º ano do 
Ensino Fundamental, algo que era incomum na época; geralmente, as crianças iam para a 
escola a partir dos 6/7 anos. 
Logo nas primeiras aulas, Tia Regilene me passava atividades diferentes das que meus 
coleguinhas faziam. Então chamou minha mãe para uma reunião e ficou decidido que eu iria 
para a turma do 2º ano II, sala reservada para as crianças “avançadas”, com capacidade 
“elevada” em relação às outras. 
 Odiei a ideia, não queria ficar longe da professorinha de voz mansa e com uma pinta 
enorme no rosto, eu adorava brincar com ela. 
Ao mudar de classe, percebi que na verdade todas as professoras eram incríveis e logo 
me apeguei a “Tia Peninha” (ainda tento descobrir o porque desse apelido), sinto que, com 
ela, alavanquei meu processo de alfabetização. Lembro-me das primeiras lições, de desenhar 
5 borboletas, com o objetivo de nos ajudar no processo de desenvolvimento da coordenação 
motora e na contabilidade de unidades matemáticas. Também brincávamos com massinhas e 
tinta guache, eram minhas aulas prediletas. 
Fiquei apenas um ano com a Tia Peninha e logo fui transferida para o Renascer II, a 
escola das crianças “bem crescidinhas”. Pouco me recordo das professoras dessa época, 
porém, algo que me marcou bastante eram as sessões de leituras de poemas que tínhamos 
semanalmente e era obrigatório recitar para toda a escola, o que na época me deixava 
preocupada. Conforme fui crescendo, deixei de gostar de aparecer e já preferia me recolher no 
quarto e folhear os livros didáticos com assuntos que ainda iria aprender. Por ser tímida, 
fiquei bem receosa quando, no Dia do Índio, fizemos parte do desfile da cidade e eu precisaria 
recitar a música “Na tribo eles viviam”, do Patati Patata. Nesse dia, eu superei meus medos e 
fiquei ainda mais encantada pelo poder das palavras. 
No meu tempo livre, adorava brincar de ser professora, minhas vizinhas em sua 
maioria eram pedagogas, e eu sempre fiquei encantada pelo conhecimento que elas 
transmitiam. Cheguei até mesmo a fazer aulas de reforço com uma delas, não por necessidade, 
/
meus boletins sempre foram azuis, mas apenas para aprender um pouco mais e bisbilhotar 
sua pilha de apostilas e livros da faculdade. Ao me encontrar com minhas amigas, imitava a 
professora de reforço, Eliete, e até imprimia algumas atividades e distribuía para as meninas 
fazerem. Ao notar meu gosto pela profissão, minha avó até me deu uma lousa de giz no Natal 
para auxiliar minhas brincadeiras. 
Já no 5º ano, mudei novamente de colégio, fui para o Colégio Yeda Barradas Carneiro, 
esse por ser bem perto da da minha casa, se mostrou atraente para minha avó. Tive dois 
professores maravilhosos dos quais não lembro o nome, mas tinha um em especial bem 
rigoroso que nos contava histórias sobre o ginásio e sobre como seríamos maduros lá, porque 
seríamos obrigados a escrever de caneta. Ele nos fazia praticar o hábito da leitura com textos 
super interessantes e com pesquisas para fazermos. 
E foi aí que, no auge dos meus 9 anos, fui pela primeira vez à biblioteca da cidade 
para fazer uma pesquisa sobre a Lei Áurea. Fascinada pela quantidade de exemplares e 
vontade de devorá-los para obter conhecimento, pensei: quero morar aqui pra sempre. 
Deliciei-me à tarde inteira em meio a pesquisa. Após esse episódio, sempre pedia para 
minha vó me levar até a biblioteca, o que a deixava furiosa, já que não tinha mais disposição 
para caminhar. Por ser cidade pequena, não tinha ônibus para locomoção, no fim, eu só ia para 
fazer pesquisas escolares. 
No ano seguinte, já no ginásio, foi introduzido o uso da tão sonhadacaneta e 
disciplinas variadas, como o inglês. Não fiquei mais que três meses nessa nova escola, logo 
precisei me mudar para a cidade vizinha, minha mãe acreditava que minhas oportunidades de 
aprender na cidade grande eram melhores. 
Ao chegar em Porto Seguro, não havia vagas nos colégios no meio do ano letivo, 
então surgiu a oportunidade de estudar numa escola particular, a melhor da região. O patrão 
da minha mãe resolveu que eu era uma garota esperta e valeria a pena investir no meu futuro. 
Ah, a nova escola era incrível e completa, tínhamos laboratórios de informática e 
pesquisa, bibliotecas amplas, uma porção de novas matérias, em especial a de produção de 
texto, com a qual pude desenvolver minhas habilidades de escrita e imaginação, através da 
orientação da professora Valquíria. O tempo nessa escola foi um dos piores para minha saúde 
mental, ser bolsista significava sinônimo de exclusão, tanto da parte dos meus colegas, quanto 
dos próprios funcionários da escola, e foi graças a paciência da professora Valquíria 
(apelidada carinhosamente de “tia Val”) e suas aulas, que usei a leitura e a escrita como forma 
/
de refúgio da realidade, onde eu imaginava o mundo perfeito e sem injustiças, colocando 
tudo no papel. 
Essa mesma professora me deu um presente muito especial, que ainda hoje levo 
comigo. Tia Val me presenteou com o livro “Fala Sério, Professor”, da Thalita Rebouças, uma 
talentosíssima escritora e jornalista brasileira, hoje uma das minhas preferidas. Foi de longe o 
melhor presente que eu poderia ter ganho na vida 
Não aguentei muito tempo nesse colégio e pedi transferência de escola. Ao ingressar 
no Fundamental II, já não tinha muito tempo para escrever e ler, estava sempre atarefada com 
os trabalhos escolares, o que me distanciou da minha curiosidade com os livros por um bom 
tempo. 
Em 2013, saí da Bahia e parei em Minas Gerais, especificamente em Lagoa Santa, 
com meus 12 anos. Comecei a ser mais ativa nas redes sociais e descobri uns sites de 
Publicação de Fanfics chamado “Spirit” e “Fanfic Obsession”, onde vários escritores 
amadores e leitores se reuniam e liam as histórias lá publicadas. 
Com o boom das redes sociais em 2013, a boyband pop One Direction teve uma 
ascensão meteórica à fama, influenciando milhares de adolescentes ao redor do mundo. O 
aumento de usuários em redes sociais como o twitter, que criavam fã-clubes dedicados ao 
grupo e o acesso a sites com histórias publicadas inspiradas nos integrantes dessa boyband 
resultaram na explosão desse grupo britânico-irlandês. 
Meu passatempo predileto era ficar horas lendo as histórias, cada minuto livre era 
precioso para eu terminar e logo devorar a próxima. De tanto ler e ficar marcada com tantas 
histórias, decidi que também queria causar aquela sensação boa nas pessoas. Resolvi publicar 
meus contos, em que eu fantasiava minha vida perfeita com o amor da minha vida, na época, 
o Harry Styles, da One Direction. 
Através desses sites de histórias amadoras, conheci escritoras incríveis, com quem 
pude compartilhar ideias, sentimentos e sugestões de leitura. 
Contudo, a cada novo ano escolar, perdi o encanto, e aquilo que antes era algo 
prazeroso se tornou torturante e obrigatório. 
Ao chegar ao 2º grau, fui me distanciando cada vez mais do hábito de escrever e de 
ler, com os inúmeros trabalhos e leituras densas, que eu fazia apenas por obrigação e para ter 
um boletim azul. Perdi meu olhar de menina curiosa que adorava mergulhar no mundo das 
/
histórias e descobrir novos horizontes. Meu conto de fadas quase se tornou monótono e 
desinteressante. 
Em 2017, no meu último ano do Ensino Médio, fui ao Rio de Janeiro visitar alguns 
parentes e reencontrei uma prima que não via há muito tempo. Descobrimos que gostávamos 
das mesmas coisas, e ela me levou para conhecer sua mini biblioteca. 
Ao me deparar com tantos livros, fiquei um pouco nostálgica ao me lembrar de todas 
as vezes em que, quando pequena, sonhava em ter uma biblioteca só para mim, mas conforme 
fui crescendo, fui deixando de lado o sonho. Ao perceber meu olhar, logo se prontificou e me 
emprestou alguns exemplares, entre eles, uma série de livros que se chama “Fallen”, da 
Lauren Kate, os quais ganharam meu coração e despertou o interesse pelo mundo mágico dos 
livros em mim novamente. 
Ao retornar da viagem, comecei minha saga por leituras, sempre fui fã de romances e 
de mitologia. Minha tia era consultora Avon e eu, nos tempos livres, folheava as revistas com 
produtos, tinha uma sessão apenas para livros e eu que nunca tinha parado para ler. Fiquei 
curiosa e comecei a falar dos livros ali expostos, então ela me ofereceu um box de livros da 
Saga Encantadas de presente, aceitei no mesmo instante e, desde então, sempre fazia questão 
de olhar a página exclusiva para livros e pedir um de presente. 
Após esse box, vieram os livros da série “Os heróis do Olimpo”, depois o popular “A 
culpa é das estrelas”. 
Ao ler e reler todos esses livros, cansada, resolvi ir à biblioteca do colégio, ao lado da 
minha casa, e tentar a sorte de conseguir um livro emprestado. Consegui apenas uma vez, “As 
Lágrimas do Assassino”, de Anne Laure Bondoux, um livro lindo e que com toda a certeza, 
sempre será o meu preferido. 
Não consegui mais livros emprestados, então me afastei novamente da leitura e me 
dediquei a estudar para o Enem; estava decidida a cursar Biblioteconomia só para ficar cada 
vez mais próxima dos livros. 
No fim, consegui a tão sonhada vaga, porém, desisti, e entendi que não poderia fazer 
algo apenas para me isolar cada vez mais. Decidi que assim como tive minha vida escolar 
marcada por professores que amavam e exerciam muito bem sua profissão, que me 
incentivaram, que me mostraram o poder e a transformação que a leitura é capaz de fazer em 
nossas vidas, também quero deixar lembranças boas e aprendizados, quero ser a que faz a 
diferença na vida do outro. 
/
Quero ser lembrada de forma tão carinhosa e especial como a Tia Zélia, Regilene, 
Eliete, Peninha,Valquíria e todas as pessoas que, de alguma forma, foram inspiração e 
incentivo nesse meu processo de aprendizado. 
Hoje, aos 18 anos, estou no Ensino Superior cursando Pedagogia e tenho expectativas 
de levar para meus futuros alunos a esperança, o amor e o encantamento pela leitura e a 
escrita.

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