Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Valentina Gomes Doencas degenerativas do SN Resumo baseado no Bogliolo + Robbins + aula da MC + imagens Patologia da UNICAMP DOENÇAS DESMIELINIZANTES: Caracterizam-se por: Alterações na Bainha de mielina Alteração nos oligodendrócitos responsáveis pela síntese e manutenção da Bainha Com o progresso da doença pode haver degeneração do axônio Esclerose Múltipla → Doença desmielinizante mais frequente → 3 vezes mais frequente em mulheres → Atinge em torno dos 30 anos Causa uma série de déficits neurológicos: Perda visual Perda de sensibilidade Ataxia Desordens psíquicas → Fases de Remissão X Exacerbação → Evidências indicam que se trata de uma doença autoimune → Provavelmente desencadeada por infecção viral prévia FATORES DE RISCO: Fator genético: EM em um parente de primeiro grau aumenta a chance em 10 a 20 vezes Fator Ambiental: Exposição solar → ↓ produção de vitamina D ↑ risco de EM Infecção viral → agente ainda desconhecido REAÇÃO IMUNITÁRIA: Respostas Th1 e Th17 Participação de: Linfócitos T CD4+ e T CD8+ Células NK Macrófagos Micróglia MICROSCOPIA: Na fase aguda há vacuolização, fragmentação e separação da mielina do axônio Esses vacúolos são macrófagos de citoplasma xantomatoso (fagocitaram mielina) 2 Valentina Gomes Lesão fundamental: Placa de desmielinização → Visível na substância branca → Pode ser rósea (recente) ou cinza (mais antiga) → Limites nítidos → Levemente deprimida e consistência firme (esclerose) → A placa contém mielina bem escassa Setas apontam áreas de placas de desmielinização Áreas pálidas indicam placas de desmielinização Nas placas de desmielinização ativas há infiltrado linfocitário perivascular 3 Valentina Gomes Em placas inativas (lado esquerdo), quase não há infiltrado inflamatório e há perda celular, restando apenas tecido cicatricial em comparação ao lado direito. SINTOMAS: A perda da função nervosa resulta da: Desmielinização → Bloqueio da condução saltatória Capacidade limitada em regenerar a bainha → Progressão da doença Degeneração dos axônios → Perda superior a 30% para haver comprometimento funcional Predileção pela: Substância branca periventricular (núcleos da base) Nervo óptico → Perda visual por neurite óptica Medula espinal → Fraqueza muscular, espasticidade, paralisia e perda sensorial Cerebelo → Ataxia EVOLUÇÃO Longa e progressiva → Cerca de 30 anos Curso da doença → Muito variável → poucos distúrbios e recuperação quase completa até evolução fatal em semanas ou meses Início agudo Estados de Remissão x Agudização DIAGNÓSTICO: Melhor teste é Ressonância Magnética As placas ativas contrastam com a substância branca normal ao redor 4 Valentina Gomes Encefalopatia de Wernicke → Causado pela deficiência de Tiamina (vitamina B1) → Encontrado em alcoólatras crônicos 80% dos alcoólatras crônicos tem deficiência de B1 Dieta inadequada Redução do transporte de tiamina na mucosa duodenal Diminuição da capacidade hepática de armazenar Redução da capacidade de transformar no composto ativo Outras causas: Desnutrição por doença e cirurgia gástrica Nutrição parenteral prolongada Hemodiálise Hiperêmese gravídica → A síndrome tem 2 componentes: Encefalopatia de Wernicke Amnesia de Korsakoff Mecanismo: Tiamina é coenzima na regulação do metabolismo da glicose → deficiência → redução na utilização de glicose e ATP MORFOLOGIA: Corpos mamilares sempre afetados EW AGUDA: Hemorragias petequiais são encontradas: Corpos mamilares → mais afetados Estruturas ao redor do III Ventrículo Aqueduto cerebral Assoalho do IV Ventrículo EW CRÔNICA: Lesões mais circunscritas Corpos mamilares → redução volumétrica Cor acastanhada e textura esponjosa 5 Valentina Gomes SINTOMAS: EW AGUDO Dieta sem B1 → Manifestações clínicas em 2- 3 semanas Confusão mental que evolui para coma (se não tratada) Alterações mentais: Acometimento tálamo e corpos mamilares Oftalmoplegia e nistagismo: Acometimento dos núcleos dos nervos oculomotor e abducente EW CRÔNICO: Carência de B1 surge aos poucos → Efeito cumulativo dos déficits subclínicos Caso dos alcoólatras Principal manifestação: Psicose ou Amnésia de Korsakoff → Amnésia anterógrada (a partir do momento da lesão para frente) e retrógrada (do momento da lesão para trás) → Preservação das outras funções cognitivas Neuropatia periférica nas extremidades distais - 80% dos pacientes Hipersinal nas áreas periaquedutal e corpos mamilares Doença de Alzheimer Causa mais comum de demência no idoso Predomina em mulheres de idade mais avançada Distribuição universal Problema social: alta morbidade Evolui por longo tempo Não tem tratamento ou cura PATOGÊNESE: → Deposição de peptídeo beta amiloide extracelular → Acumulo de proteína tau intracelular → Formação de placas e emaranhados neurofibrilares → indispensáveis para o diagnóstico Peptídeo Beta Amiloide: parte de uma proteína maior → Proteína Precursora Amiloide 6 Valentina Gomes PPA é uma proteína transmembrana produzido por neurônios e outras células cerebrais Sua função é desconhecida Principal componente das Placas Senis O acúmulo de proteínas leva às mesmas alterações do envelhecimento normal → mais intenso e difuso Clivagem da PPA (proteina precursora amiloide) → Formação do peptídeo β-amiloide → Agregação peptídeo ao neurônio → Ativa a micróglia → Dano neuronal Placas disseminadas no córtex. Observe o halo formado ao redor das placas: é um fator de distinção dos emaranhados Proteína tau: é associada aos microtúbulos e contribui para a estabilidade e algumas funções da célula Principal componente dos emaranhados neufibrilares Diminuição da afinidade da proteína tau com os microtúbulos → agregação da proteína → formação de filamentos helicoidais → alteração das funções das células (transporte intracelular anterógrado e retrógrado) → lesão irreversível ao neurônio Emaranhados neurofibrilares nos neurônios. Note a ausÊncia do halo 7 Valentina Gomes RESUMINDO: Ocorre perda gradual e irreversível dos neurônios → atrofia cerebral difusa Formação de placas senis no neurópilo → perda de sinapses → demência progressiva e irreversível MORFOLOGIA: Redução do peso do encéfalo → de 15 a 35% Atrofia cortical difusa, bilateral e simétrica Estreitamento dos giros, alargamento dos sulcos Formação hipocampal diminui 60% em estágios avançados Dilatação dos ventrículos → hidrocefalia ex-vácuo SINTOMAS: → Perda de memória → Perda de capacidade cognitiva → Degradação da linguagem → Perda da percepção de espaço → Perda da capacidade de calcular → Indiferença → Depressão DIVIDIDO EM 3 SUBTIPOS (GENÉTICOS) De início tardio, esporádico → mais comum De início precoce, entre 40 e 50 anos → raro, familial, herança autossômica dominante Associado a Síndrome de Down → trissomia do 21 triplica o gene da proteína percussora do amiloide Doença de Parkinson Distúrbio neurodegenerativo dos sistemas dopaminérgico, noradrenérgico, serotoninérgico e colinérgico Segunda doença neurodegenerativa mais comum Caracteriza-se por: Sinais motores ou Parkinsonismo → tremor, rigidez, bradicinesia e instabilidade Sinais não-motores → depressão, perda de expressão da face, transtornos do sono, demência e distúrbios gastrointestinais Fatores de risco: → Homens são ligeiramente mais acometidos → Brancos → Pessoas com familiares acometidos Idade de manifestação: 55 – 65 anos (sintomas motores) 8 Valentina Gomes Sintomas não motores podem ter inicio até 15 anos antes → são muito inespecíficos para auxiliar em um diagnóstico precoce PATOGÊNESE: Acúmulo de alfa-sinucleina → tóxico O acúmulo atrapalha as funções das mitocôndrias, lisossomos e retículo endoplasmático, além de interferircom o transporte feito pelos microtúbulos Grandes agregados de alfa-sinucleinas geram uma forma redonda lamelar → Corpos de Lewy MORFOLOGIA: Achado macroscópico: Palidez da substância negra e do locus cerebeleus Substância negra despigmentada na doença de Parkinson (B) Microscopia: Perda de neurônios pigmentados, gliose e presença dos corpúsculos de Lewy nos neurônios remanescentes. 9 Valentina Gomes Corpúsculo de Lewy dentro de um neurônio da substância negra SINTOMAS: Pacientes com demência na fase avançada da DP apresentam 10x mais corpos de Lewy → relação direta dos corpos de Lewy com o surgimento da demência na DP Neuropatias periféricas Principais causas: → Autoimunidade → Doenças sistêmicas → Diabetes, mixedema, acromegalia → Câncer → Neuropatia para neoplásica → Infecções → Hanseníase, AIDS, herpes zoster → Deficiências nutricionais e alcoolismo → Compressão ou trauma NEUROPATIA DIABÉTICA: Causa mais comum de neuropatia Causa: → Dor → Perda de sensibilidade → Enfraquecimento ou perda dos reflexos tendíneos Núcleo Dorsal do Vago (sintomas gastrointestinais) Ascende para o locus cerebeleus Chega à Substância Negra (sintomas motores) Núcleo Dorsal da Rafe Com a progressão da doença chega ao Córtex (demência) 10 Valentina Gomes → Fraqueza MORFOLOGIA: → Perda axinal → Regeneração axonal → Desmielinização (alguns pacientes) Achado proeminente → engrossamento de arteríolas endoneurais SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRE Polyneuropatia inflamatória desmielinizante aguda Rara Emergência médica → diagnóstico rápido salva vidas Manifesta-se por fraqueza muscular ascendente (começa nos membros inferiores e sobe em direção aos superiores) e progressiva 2/3 dos casos tem relação com infecção por microorganismos: Campylobacter Jejuni, Citomegalovírus, Vírus EB, Zyka vírus A parede bacteriana de C. jejuni ativa a produção de anticorpos que geram reação cruzada com antígeno presente na membrana axonal Morfologia: Infiltrado de linfócitos T e macrófagos ao redor de pequenas veias endoneurais. A desmielinização é resultado da ação dos macrófagos → ação imunomediada Intoxicação por Etanol Principais efeitos sobre o SNC → Potencializa infecções → Contribui para o aparecimento de lesões traumáticas → Aumenta o risco de AVCs - especialmente os hemorrágicos → Causa de miopatia - relacionado a neuropatia periférica em alcoolatras crônicos INTOXICAÇÃO AGUDA: Efeitos tóxicos reversíveis Correlação efeito/concentração sanguínea INTOXICAÇÃO CRÔNICA: SNC pode ser afetado: Diretamente → efeito tóxico do etanol e seus metabólitos Indiretamente → deficiencias nutricionais, encefalopatia hepática Principais lesões: Intoxicação alteração na membrana plasmática dos neurônios mudanças na posição dos canais de transporte iônico potencialização do GABA Ação inibidora 10dg/L Perda de coordenação motora 20 - 25 dg/L Diminuição do nível de consciência >50 dg/L Intoxicação aguda 11 Valentina Gomes Atrofia cerebral: → Redução de 10% → Alteração mais encontrada na TC de alcoólatras crônicos Dilatação ventricular: Hidrocefalia Ex-vácuo → Pode ser parcialmente reversível com abstinência Síndrome alcoólica fetal: → Uma das principais causas de retardamento mental Características: Crescimento deficitário → baixa estatura Anormalidades faciais Anomalias cardíacas Anomalias nas articulações Microcefalia e retardo mental Atrofia cerebelar: → Presente em 35% dos alcoólatras com encefalopatia de Wernicke → Responsável pela ataxia de marcha e perda da coordenação motora Neuropatia periférica: → Progressiva → Simétrica → Predominantemente distal → Afeta fibras sensitivas, motoras e autõnomas → Afeta seletivamente fibras mielinicas de grosso calibre Sintomas: Cansaço na marcha Paresias Perda dos reflexos Diminuição da sensibilidade tátil e vibratória EVOLUÇÃO AGUDA → Crises convulsivas → Alteração do nível de consciência → evolução para o coma → Demência progressiva → Disartria → Incapacidade de deambular Manifestações graves: Tetraparesia Mutismo Disfagia Deterioração da consciência Demência vascular Doenças cerebrovasculares podem causar Transtorno Cognitivo Vascular → transtorno cognitivo leve a demência plenamente estabelecida. Lesões responsáveis: → Infarto → Hemorragia → Encefalopatia hipóxico-isquemica → Lesão isquêmica difusa da substância branca cerebral Padrão heterogêneo das lesões e coexistência com doenças neurodegenerativas que também causam demência → Dificuldade de determinar limiar do surgimento da demência Fatores de Risco: → Hipertensão arterial → Fibrilação arterial → Idade avançada → Grupos étnicos: Negros e Orientais → Cardiopatia isquêmica → Diabetes → Tabagismo → Hiperlipidemia → Baixo nível educacional → Falta de atividade física → História pregressa de acidente vascular cerebral DEMÊNCIA VASCULAR SUBCORTICAL: Doença de Binswanger 12 Valentina Gomes Associada a hipertensão e diabetes Caracteriza-se por: → Múltiplos infartos na substância branca, núcleos da base, tálamo e ponte → Dilatação dos espaços perivasculares (aspecto ou estado crivoso da substância branca) → Dilatação dos ventrículos laterais SINTOMAS: Demência vascular → predominantemente frontal ou subcortical (lembrar da vulnerabilidade de irrigação dessas áreas) ≠ Doença de Alzheimer → apresentação cortical → Deterioração das funções executivas e da atenção → Mudanças da personalidade → Preservação relativa da memória DIAGNÓSTICO Demência por múltiplos infartos → grandes infartos solitários ou múltiplos Demência vascular de pequenos vasos → Infartos lacunares e demência vascular subcortical Demência por infarto estratégico → pequeno infarto solitário em área nobre Demência vascular por hipoperfusão → Infartos em território de transição arterial, necrose laminar crtical, atrofia cortical granulosa, encefalopatia hipóxico-isquemica Demência por hemorragia cerebral → hemorragia Demência associada a alterações de doença neurodegenerativa Esclerose Lateral Amiotrófica Forma mais comum de doença do neurônio motor “Esclerose lateral” → como resultado da perda dos neurônios há degeneração dos tratos corticoespinais na região lateral Afeta mais homens Faixa etária: > 50 anos Manifestação: Fraqueza progressiva dos membros e musculatura bulbar Fraqueza da musculatura torácica e do diafragma → problemas respiratórios Prognóstico: Fatal em 3 – 5 anos após o início do quadro SINTOMAS: Morte de neurônios motores inferiores da medula espinal e tronco encefálico → atrofia muscular, fraqueza e fasciculações Morte dos neurônios motores superiores no córtex motor → paresia, hiperreflexia, espasticidade, sinal de Babinski Não há perda sensorial Esclerose amiotrófica bulbar: degeneração dos núcleos cranianos do tronco ocorre no início e com avanço rápido afetando mais proeminentemente musculatura de deglutição e fala. MORFOLOGIA: Atrofia das raízes anteriores da medula espinal e coloração acinzentada Córtex motor levemente atrofiado Atrofia do corno anterior da medula espinal Musculos esqueléticos exibem atrofia (neurogênica)
Compartilhar