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Bioética na Saúde: Reflexão Interdisciplinar

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Ética na saúde 
Vídeo aula 1
O QUE É BIOÉTICA?
É uma reflexão preocupada com o que se pode fazer, tecnicamente na ciência da vida, na ciência da saúde, na própria ecologia e é aquilo que se deve fazer ou seja, que não se perca o respeito pelo ser humano para que a gente não acabe fazendo o mau querendo inventar coisas novas, ou seja, unir ciência e reflexão moral. Não significa uma atitude conservadora, mas sim, uma atitude responsável .
 Na Bioética, alguns preferem trabalhar mais a partir de princípios, tais como o da justiça, o de fazer o bem e não o mau, o principio da autonomia, da pessoa e do respeito pela pessoa. Outros preferem trabalhar na Bioética com problemas concretos, de situações concretas porque cada situação concreta tem muitos aspectos que muitas vezes um principio só não atinge, então sempre existe uma analise de casos. A bioética está bastante desenvolvida nos países desenvolvidos, principalmente nos Estados Unidos, mas também na Europa toda, no Japão, na Austrália e no Brasil já temos grupos fortes trabalhando com essas questões, nós temos problemas da Bioética como abordo, eutanásia ou a relação médico/Paciente são problemas aonde é preciso um comportamento ético para que a humanidade cresça ao invés de regredir, é uma ciência nova, uma reflexão interdisciplinar e pluralista, não é uma ciência dogmática aonde tem alguém que tenha uma última palavra para dizer, ela é aberta e precisa de muitos interessados.
História da Bioética
As bases filosóficas da Bioética começaram a ser mais bem definidas após a Segunda Guerra Mundial, quando o mundo ocidental, chocado com as práticas nazistas executadas pretensamente em nome da ciência, cria um código ético para normatizar os estudos e experiências relacionados a seres humanos.
Deste episódio, fortalece-se também a ideia de que a ciência (ou qualquer outra forma de progresso) não pode ser mais importante que o homem. Assim, tecnologias e desenvolvimento técnico devem ser controlados para acompanhar a consciência da humanidade sobre os efeitos que eles podem ter, nos indivíduos, no mundo e na sociedade.
Vídeo aula 2
Então essa história do profissional da saúde estar “acima “ do bem e do mau é muito antiga, na antiguidade os médicos por ter esse poder do cuidados e muitas vezes considerado até da cura, eram considerados semideuses, por isso que muitas vezes é difícil nós desconstruirmos isso. É muito importante que hoje nós coloquemos para a população que a saúde é um direito e que faz parte da dignidade, não significa que os médicos por saber mais e poder auxiliar na saúde, que podem ser considerados semideuses.
 Na idade moderna, o cartesianismo é o estudo da mente e do corpo e são totalmente divididos. Século XIX, quando se descobriu os microrganismos, foi facilitando os estudos das doenças, só que as justificativas das doenças eram totalmente voltadas para as partes biológicas, então não tinha nenhum tipo de justificativa relacionado ao ambiente social ou a parte emocional, era tudo relacionado a questão da biologia.
SÉCULO XX E XXI, nós temos os grandes avanços científicos que mal conseguimos acompanhar, é um avanço desenfreado. Por isso é importante a bioética, para pensar até aonde esse avanço desenfreado pode afetar na vida do ser humano, até aonde a gente vai encontrar esse equilíbrio entre aproveitar os benefícios desse avanço e não deixar esses avanços prejudicar a vida. 
3 ideologias 
· Individualismo : cada um com sua liberdade (um individualismo que vai até o extremo, é um individualismo sem responsabilidade).
· Hedonismo : busca desenfreada pelo prazer (sem responsabilidade).
· Utilitarismo : vem do custo benéfico 
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BIOS (VIDA) + ETHOS (RELATIVO Á ÉTICA)
Oficialmente, o registro inicial do termo “Bioética” deu-se em 1971, no livro "Bioética: Ponte para o Futuro", do biólogo e oncologista americano Van R. Potter.
Em sua origem, o termo é a conjugação das palavras gregas bios (vida) + ethos (relativo à ética) e sua concepção compreende o campo disciplinar compromissado com o conflito moral na área da saúde e da doença dos seres humanos e dos animais não humanos.
O objetivo primordial da Bioética é discutir as questões relativas à vida e a saúde, principalmente as que surgiram a partir de inovações tecnológicas posteriores aos debates éticos tradicionais, sob um enfoque humanista e assim, evitar que estes debates se restrinjam a aspectos puramente tecnicistas, esquecendo-se de que tratamos de aspectos delicados e extremamente complexos.
Não se poderia admitir que aspectos como os provocados pelas controvertidas questões do aborto e da eutanásia, ou as discussões cada dia mais prementes acerca da biossegurança, da biotecnologia e muitos outros associados, fossem discutidos sob o prisma de antigas abordagens (muitas vezes preconceituosas ou simplesmente dogmáticas) e sem uma análise transdisciplinar mais ampla. Por isso, a Bioética engloba áreas que abarcam aspectos práticos e normativos, através do biodireito e aspectos teóricos e filosóficos, como o biopoder.
A ética industrial decorrente da disseminação de valores capitalistas e da incessante busca por mais desenvolvimento tecnológico, estabeleceu nas sociedades ocidentais uma ideologia chamada de teoria utilitarista, através da qual a vida humana passa a ser concebida como objetivando a maximização da qualidade. Com isso, o debate ético sobre a sacralidade da vida humana começa a perder sentido em detrimento do quanto pode ser feito para que as pessoas em geral vivam mais e melhor.
John Finnis e outros estudiosos da ética e da bioética que se contrapunham a esta abordagem, argumentam que a questão da maximização do prazer (ou da qualidade de vida) não pode se impor (como uma equação matemática) eticamente a aspectos morais e a valores mais amplos do que o prazer.
Segundo estes autores, temas como o aborto ou a eutanásia, não podem ser moralmente debatidos em termos de satisfatoriedade ou qualidade de vida. Ou, em outras palavras, não podemos sustentar a defesa do aborto simplesmente pelo fato de que a gestante se priva de situações ou gratificações em função da gravidez.
O que Finnis irá propor é uma Bioética fundamentada em aspectos filosóficos mais clássicos e moralmente sustentáveis.
Assim, para solucionar questões éticas práticas, decorrentes de conflitos e controvérsias da interação humana e de suas práticas médicas ou científicas, a bioética se fundamenta em uma tríplice atuação:
1
Descritiva
Voltada para a  descrição e análise destes conflitos.
2
Normativa
Com relação a tais conflitos, no duplo sentido de proscrever os comportamentos que podem ser considerados reprováveis e de prescrever aqueles considerados corretos.
3
Protetora
No sentido de amparar, na medida do possível, todos os envolvidos em alguma disputa de interesses e valores, priorizando, quando isso for necessário, os mais “fracos” (Schramm, F.R. 2002. Bioética para quê? Revista Camiliana da Saúde, ano 1, vol. 1, n. 2 – jul/dez de 2002 – ISSN 1677-9029, pp. 14-21).
Respostas da primeira questão: 2, 3 e 1
Vídeo aula 3
‘’ não funcionou ‘’
Princípios básicos
Para objetivar estas atuações, a Bioética se sustenta em alguns conceitos básicos.
O princípio do duplo efeito
Uma situação frequente é a ocorrência de uma determinada ação que acarreta em dois efeitos concomitantes, um bom e outro mau. Apesar de buscarmos o primeiro resultado, ele sempre traz consigo um efeito colateral indesejável, porém inseparável.
O que fazer nestas situações?
Desistir do efeito positivo em função do colateral ou aceitar os danos como consequências de um fim positivo?
Como decidir sobre o que irá pesar mais?
O principio do duplo efeito foi elaborado para estabelecer as condições pelas quais considera-se ética uma ação boa que promove efeitos negativos.
.
A primeira dessas condições refere-se ao fato de que a ação em si não deve ser má. Isso significa que o mal não pode ser meio para a produçãodo bem, assim como um ato mau não pode ser moralmente aceito, mesmo que produza benefícios.
Dessa forma, as consequências de um ato são diferentes do ato em si. O efeito negativo é aceito eticamente como consequência de um ato bom, mas nunca como ato (negativo) em si. É apenas a reprodução do conceito moral tradicional pelo qual “o fim não justifica os meios”.
Um exemplo é o efeito que uma cirurgia para correção de um problema de saúde é capaz de ocasionar: a pessoa pode ser curada de sua enfermidade (efeito positivo) ou, devido a complicações, falecer (efeito negativo).  Objeto com interação.
A segunda condição diz respeito à existência de uma proporcionalidade entre os efeitos colaterais negativos e os benefícios decorrentes da ação. Os benefícios precisam ser maiores do que os malefícios da ação. Um ato no qual os efeitos negativos sejam muito maiores do que o bem que ele possa acarretar não pode ser moralmente aceitável. Naturalmente que sempre haverá subjetividades e discordâncias relativas a esta avaliação de proporcionalidade, mas uma ação ética implica necessariamente nesta análise e (sempre que possível) em um consenso de valor entre as partes envolvidas. 
Tomando o exemplo anterior, se a cirurgia for realizada em uma pessoa muito idosa, será necessário considerar seus elevados riscos devido à idade já avançada. Mesmo que solucione um problema de saúde, o ato pode desencadear outras complicações, levando a pessoa, inclusive, à morte. Esses riscos devem, portanto, ser pesados.
1. 
O princípio da totalidade
Este princípio se origina do sistema psicológico da Gestalt que sustenta :
“O todo é mais do que a soma de suas partes”.
Assim, as partes do corpo não podem ser compreendidas de modo dissociado da unidade física.
Em outras palavras, isso significa dizer que não podemos dispor das partes de nosso corpo sem analisarmos o que isso irá promover em termos da preservação de nossa saúde geral.
A amputação de um órgão ou parte do corpo, por exemplo, precisa ser justificada em função de um dano permanente que não possa ser alterado e que implique em prejuízos para a saúde geral do corpo. Ou, em situações de doação a terceiros, o quanto esta remoção irá ou não afetar as condições de saúde geral do doador (em termos de proporcionalidade ao bem produzido ao outro).
Meios ordinários e extraordinários de tratamento
Um procedimento padrão no tratamento de alguma enfermidade se traduz pela aplicação de medicamentos ou processos terapêuticos já amplamente testados, de acesso disponível e que possuem eficácia comprovada na produção de resultados. Este tipo de procedimento, chamamos de meios ordinários (comuns).
Existem, no entanto, situações em que estes procedimentos não logram êxito, nestes casos, é preciso lançar mão de procedimentos que ao contrário dos primeiros, são muitas vezes caros, produzem efeitos colaterais indesejáveis e ainda assim, não tem sua eficácia plenamente comprovada. São os chamados meios extraordinários.
Naturalmente que esta distinção é decorrente de uma condição temporal, na medida em os avanços tecnológicos rapidamente podem transformar um meio extraordinário em ordinário. Esta avaliação, mesmo que sabidamente relativa ao momento presente, é extremamente importante do ponto de vista ético, na medida em que só se justifica a aplicação de um meio extraordinário se os meios ordinários já tiverem sido tentados e demonstrados sua ineficácia no caso em questão.
Justiça
Critérios de justiça estão diretamente associados aos aspectos éticos e não poderiam deixar de estar, também, vinculados à Bioética.
A justiça é o conceito pelo qual cada um deve receber o que lhe é merecido por direito ou pela ação de seus atos. Assim, casos semelhantes devem ser tratados de modo semelhante e casos diferentes tratados de modo diferenciado.
Vídeo aula 4
Reflexão: O respeito a pessoa humana.
· Respeito a identidade: cada ser humano é diferente do outro, individualidade. 
· Dignidade: o valor de cada um.
· Unitotalidade: olhar para o todo do ser humano, vamos olhar a parte biológica, a parte psicológica, a parte social (ambiente, pessoa), parte espiritual (vem como dilema ético).
Dentre os padrões de aplicação dos critérios de justiça, temos:
Justiça comutativa: Define padrões relativos á equidade nos mais variados tipos de trocas ou relações comerciais como, por exemplo, as formas de determinação de preços e salários. 
Justiça retributiva: Estipula sanções legais para a violação das leis que e que determina os meios de garantia que o que é devido seja pago ou restituído.
Justiça distributiva: Regula a partilha de bens e benefícios sociais, garantindo a cada um o que lhe é devido na distribuição de um todo. Todos estes aspectos estão intrínsecos na aplicação da Bioética, mas a justiça distributiva, em particular, tem se demonstrado uma área bastante sensível, na medida em que a obtenção de recursos de saúde interfere diretamente em muitas questões e problemas inerentes à Bioética.
Santidade da vida humana
Como vimos, quando John Finnis se opõe à ética industrial, o objetivo central de sua crítica se localizava na restauração do conceito de sacralidade da vida humana. Não precisamos, necessariamente, considerar esta concepção sob um ângulo religioso, mas é importante percebemos que a vida é o valor maior a ser preservado.
Desta forma, qualquer intervenção ou interferência produzida sobre ela, precisa obrigatoriamente ser avaliada em termos éticos e morais e deve ter o sentido de sacralidade como paradigma central de suas considerações. Muitos autores preferem o uso do termo dignidade da vida humana para se reportar a este sentido (em oposição ao sentido de santidade da vida).
Mais importante do que o termo utilizado ou o sentido filosófico dado, é a consciência da necessidade de respeito e preservação na aplicação de ações e direitos associados a este valor. Daniel Callahan (1972) identificou cinco elementos críticos no conceito de santidade (ou dignidade) da vida humana:
1
Sobrevivência da espécie humana.
2
Preservação das linhas familiares.
3
O direito dos seres humanos terem proteção de seus companheiros.
4
Respeito por escolhas pessoais e autodeterminação, que inclui integridade mental e emocional.
5
Inviolabilidade corporal: Meu corpo, com seus órgãos, sou eu mesmo.

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