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Resumo Bioética

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Bioética - História e Saúde Pública
IDENTIFICAR TEMAS COMO RESPEITO À PESSOA, VULNERABILIDADE E ÉTICA NA SAÚDE
INTRODUÇÃO
Antes de iniciarmos nossa discussão sobre a temática deste módulo, proponho a reflexão sobre algumas situações.EXEMPLO
Imagine que você está a caminho da faculdade e um morador de rua pede a você alguma ajuda financeira ou que você observa um idoso com dificuldade para atravessar a rua. Em ambas as situações, você pode optar por ajudar ou não.
Nos casos supracitados, a moral tem uma grande influência, pois está relacionada a seus valores individuais, ou seja, possibilita sua reflexão sobre a situação vivenciada, oferecendo a ajuda precisa.
Agora, vamos pensar sobre uma outra situação.
EXEMPLO
Suponha que você está no ônibus voltando para seu lar e observa uma pessoa jogando uma embalagem pela janela, em via pública.
Olhando para esta situação, pela visão ética, esta pessoa deveria jogar a embalagem em uma lixeira. A decisão tomada no caso acima é entendida como algo inapropriado eticamente, pois além de sujar a via pública, essa pessoa pode estar incentivando a outros indivíduos cometer o mesmo ato.
ÉTICA E MORAL: QUAL É A REAL DIFERENÇA?
Quando pensamos sobre ética e moral, observamos que são conceitos utilizados normalmente como sinônimos, porém não são.
Ao falar sobre a Ética, estamos falando de um ramo da Filosofia, aquela que estuda os valores morais do ser humano, sua convivência em sociedade, julgando condutas que são adequadas ou não, olhando para o que é certo, o que é errado, bom ou ruim.
Quando pensamos neste conceito, nós estamos falando de uma matéria, cujo objetivo é estudar os valores morais do ser humano e suas relações com outros seres semelhantes a ele. Podemos dizer ainda que a Ética é algo imutável, pois ela é o estudo dos valores morais.
Agora ao pensarmos no conceito de moral, imaginamos algo mais concreto. Ela representa um conjunto de regras que variam de acordo com a cultura e os costumes vigentes em um determinado grupo social. A moral pode ser definida como o campo de atuação da própria ética.
Veja a seguir a diferença entre a ética e a moral.
A palavra ética vem do grego ethos, que significa conduta ou modo de ser. A Ética estuda sobre a moral e as formas de conduta. Normalmente, é consistente, ou seja, ela não muda. Somete em casos extraordinários que há a mudança de um pensamento ético, mas, na maioria dos casos, a ética tem características universais e permanentes, não sofrendo as influências do tempo. Ela deve ser universal, pois deve abarcar e envolver a todos, explicando as formas morais de modo racional (COHEN, 1988).
Já a moral, vem da palavra latina moralis, que significa costume. A moral é a regra de conduta aplicada a um grupo ou a uma determinada cultura. Ela em si provém de um sistema social. Se origina na cultura. A moral, diferentemente da ética, não tem características permanente e universal, mas sim temporal, dependendo de cada cultura e sociedade. Portanto existem várias morais. Dessa forma, a moral tende a ser consistente dentro de um determinado contexto, aplicada da mesma forma a todos, porém varia em cada cultura (COHEN, 1988).
	ÉTICA
	MORAL
	ORIGEM GREGA ETHOS (CONDUTA)
	ORIGEM LATINA MORALIS (COSTUME)
	FAZ UMA REFLEXÃO SOBRE A MORAL
	DIZ RESPEITO ÀS REGRAS DE UMA CULTURA
	É PERENE, CONSISTENTE
	TEM ORIGEM NA CULTURA
	NÃO MUDA
	EXISTEM VÁRIAS MORAIS
	EXPLICA A MORAL DE MODO RACIONAL
	A MORAL É ALGO DE ORDEM PRÁTICA, SEM REFLEXÃO
	É UNIVERSAL
	É O OBJETO DE ESTUDO DA ÉTICA
O campo da moral se dá no campo prático, enquanto o campo da ética ocorre no campo teórico.
Podemos simplificar que a moral é o conjunto de normas e princípios que se baseiam em uma cultura e nos costumes de uma determinada sociedade. A ética é o conjunto e a reflexão sobre a moral, nos dizendo como viver em sociedade.
DA ÉTICA PARA A VIDA
A ética é um valor social e guia de princípio, crenças e ações. Como abordado anteriormente, por mais que a Ética estude a moral, elas em si não se confundem, principalmente na filosofia antiga. Neste modelo, a ética era considerada e vista como o modo de melhor viver e conviver tanto da vida privada, como na vida comunitária.
A ética antiga abrangia vários campos que hoje são separados da Ética, tais como Antropologia, Psicologia, Sociologia, Economia, Pedagogia e Política, sendo que ambas são campo de convívio comunitário, pois, na antiguidade, a atitude ética não está desvinculada do fazer social e da educação. Os conceitos de dever, vontade e responsabilidade são próprios da especulação ética.
A concepção ética antiga foi vista sobre várias dimensões:
· Os pré-socráticos deram a visão ontológica.
· Pitágoras via a ética de forma matemática. A partir dele, ela sai do campo ontológico e entra em questões práticas.
· Para Sócrates, a ética é um bem viver. Viver está intimamente ligado ao conhecimento, em uma vivência virtuosa, pois, para Sócrates, virtude é conhecimento, devido ao fato de que todos buscam o bem e a virtude e a justiça é inegavelmente boa.
Posteriormente, com a Revolução Industrial, ocorreu uma mudança nos campos da Filosofia. A Ética passou a tomar parte de uma autonomia, se desvinculando dos outros campos inclusos nela. Com isso, deixou de ser um modo de vivência comunitária e tornou-se um ramo da Filosofia, que se detém agora no estudo das normas/morais das sociedades, explicando costumes. A moral se aproxima da ética, pois torna-se o seu campo de estudo. Porém, mesmo com essa aproximação, as duas não se misturam.
Atualmente, há subdivisões em campos dentro da própria Ética que são:
· Metaética, teoria da significação dos termos e proposições morais e como seus valores podem ser determinados.
· Normativa, que estuda os meios práticos de se determinar as ações morais.
· Ética Aplicada, que estuda como a moral é aplicada em situações específicas.
· Ética Descritiva ou Ética Comparativa, que estuda as visões, descrições e crenças sobre a moral.
· Ética Moral, que é a reflexão sobre o valor das ações morais, seja no âmbito coletivo, seja no âmbito individual.
No entanto, por mais que a Ética tenha obtido características científicas, ela não é ciência, mas Filosofia. Todo pensamento filosófico deixa em aberto e a ética, por mais que possua critérios de permanência, se modifica em casos extraordinários e a ciência em si tem caráter de determinação.
VULNERABILIDADE E ÉTICA DO CUIDADO
Quando falamos sobre cuidado, ética do cuidado e vulnerabilidade, a questão fundamental começa por ser uma questão antropológica. Só podemos pensar propriamente o cuidado ancorados em uma base filosófica antropológica.
Para refletir sobre a vulnerabilidade e o cuidado, é importante entender dois tipos de correntes antropológicas que estudam tais elementos. De um lado, temos:
A antropologia do corpo na linha de um pensamento dualístico, que é um exemplo paradigmático da antropologia cartesiana, que nos faz uma caracterização do corpo como objeto e que, deste conceito, passa uma apresentação do corpo como máquina. Porém, esta linha de pensamento repercute-se em uma outra em que dualismos que são extremamente importantes no contexto da relação com o corpo humano.
· Em primeiro lugar, temos um dualismo entre a razão e a afetividade/paixão (que são definidas por Descartes como ações do corpo sobre a alma).
· Em um segundo lugar, há um dualismo entre sujeito e objeto, um dualismo simultaneamente fisiológico e ético, que se centraliza em um sujeito que vê e o objeto é aquilo que é visto.
· Em terceiro lugar, temos a caracterização de uma razão técnico-instrumental como via de acesso ao corpo/objeto e, finalmente, uma centralização no ser individual (FABRIZ, 2003).
Essa matriz antropológica citada anteriormente contrapôs-se ainda no século XVII a uma antropologia do corpo formada no pensamento unificador que caracteriza o ser humano a partir da sua unidade, não com um dualismo substancial entre o corpo e alma, mas corpo e ideia de corpo, não sendo apenas modos de uma única substância. Tambémas emoções e as paixões são pensadas a partir desta perspectiva como variação da pulsão de vida e da potência de agir do homem, reaproximando razão e afetividade, postulando, ao mesmo tempo, a elaboração de uma razão emotiva num processo de libertação ou de salvação, que passa pela afirmação da potência de agir e da pulsão de vida do próprio ser humano, tudo isso integrado à natureza.
Portanto, não há um isolamento do homem, mas uma reintrodução do homem na natureza (FABRIZ, 2003).
A vulnerabilidade afeta o ser humano como um todo na sua dimensão física e corpórea, na sua dimensão psíquica-espiritual.
A vulnerabilidade é caracterizada como a exposição do ser humano ao que é exterior, numa relação marcada pela assimetria (FABRIZ, 2003). Ela tem diversos sentido, veja a seguir:
· NO SENTIDO DO SENSO COMUM 
Em que ser vulnerável é estar sujeito a algum tipo de vulneração, agressão ou dano. 
· NA ECOLOGIA 
Usa esse conceito relacionado a populações que estão sujeitas ao impactos de desastres ecológicos. 
· NA PSICOLOGIA 
É utilizado como a susceptibilidade a determinadas reações negativas diante dos impasses, dos problemas enfrentados pelas pessoas. 
· NO SERVIÇO SOCIAL 
O pensamento se volta à perspectiva da vulnerabilidade social, a uma densidade de cidadania. 
· NA BIOÉTICA 
Em que foca na pesquisa em seres vivos, ligada às pessoas que estão ligadas a protocolos de pesquisa terem condições ou não de perceberem qual é o risco que elas estão correndo ao participar da pesquisa, quais são os ganhos que elas podem ter e como elas podem se defender de qualquer tipo de encaminhamento que seja desfavorável a elas. 
· NO DIREITO 
Está vinculado aos direitos humanos. A partir desse ponto, há uma migração para a saúde, especialmente na época da epidemia do HIV/AIDS. A partir deste momento, a vulnerabilidade na saúde passa a discutir o quanto que determinados grupos populacionais estão mais ou menos cobertos pelas suas garantias em termos de direitos humanos.
ÉTICA NA SAÚDE
Vamos iniciar com uma breve reflexão.
Você provavelmente tem algum ente querido, avô, filho, esposa, mãe, pai. Já parou para pensar que aquele senhor inconsciente que você está cuidando poderia ser o seu avô? Parou para imaginar como você gostaria que cuidassem dele?
Pois é exatamente neste pensamento que a sua assistência ao paciente deve se basear.
“PARA A ÉTICA, A VIDA É UMA TEIA, ONDE TODOS OS FIOS SÃO IMPORTANTES, INSEPARÁVEIS E COPRODUTORES UNS DOS OUTROS. PORTANTO, AGIR COM ÉTICA É PREZAR PELA SAÚDE E PELA VIDA DO PRÓXIMO, NÃO ESQUECENDO QUE VOCÊ, ENQUANTO PROFISSIONAL, TAMBÉM É HUMANO, QUE PASSA POR ADVERSIDADES TODOS OS DIAS, MAS VOCÊ ESCOLHEU COMO PROFISSÃO O CUIDAR. É POR ISSO QUE VOCÊ PRECISA ESTAR ATENTO À MANUTENÇÃO DE UMA POSTURA CONSCIENTE, SOLIDÁRIA E RESPONSÁVEL.”
Voltemos ao caso anterior. Aquele senhor do qual falamos é um paciente que possui câncer terminal. Ele não tem mais consciência para decidir sobre sua própria vida, não possui familiares e a medicação de que ele precisa para continuar vivo lhe causa muitas dores. Ele pede para que você pare de lhe medicar, implora para que você o deixe morrer.
Como você lidaria com esta situação?
É muito difícil pensar sobre o fim da vida e lidar com este inevitável acontecimento, porém veremos como a ética na Saúde pode ajudar.
ATENÇÃO
Vale lembrar que a Bioética trabalha com a valorização da vida e é regida por quatro princípios básicos: a beneficência, a não maleficência, a autonomia e a justiça.
Entenda o significado de cada um desses princípios:
· PRINCÍPIO DA BENEFICÊNCIA
Está relacionada ao dever de ajudar, fazer o bem ou promover o bem, mas também está relacionada ao dever de avaliar os riscos de uma situação e seus benefícios potenciais. SAIBA MAIS
É o dever de buscar o máximo de benefícios, mas preocupando-se por diminuir ao mínimo os danos e riscos.
Voltando ao caso clínico, será que os benefícios da medicação são maiores que os efeitos colaterais que ela causa? Será que o seu atendimento está promovendo o bem de fato?
· PRINCÍPIO DA NÃO MALEFICÊNCIA
Trata sobre não se abster de causar danos ou colocar pacientes em risco. Neste item, é muito importante a realização de uma boa avaliação e, para isso, é preciso competência profissional.
SAIBA MAIS
Sendo assim, também é um preceito da Bioética a constante capacitação, já que o campo da saúde compreende os conhecimentos científicos e técnicos somados às práticas sociais, éticas e políticas. Para o senhor do caso em questão, mesmo sem consciência para decidir sobre sua vida, é o respeito que você tem pela sua dor, é o tempo que você despende tentando encontrar medicações e técnicas que diminuam o seu sofrimento
· PRINCÍPIO DA AUTONOMIA
Está relacionado ao decidir por si mesmo. Ainda que tenha perdido esse poder, o senhor no leito espera de você respeito à dignidade, à privacidade e à liberdade.SAIBA MAIS
Nesse princípio, é mais fácil imaginar o dilema no atendimento a um paciente que se recusa a continuar um tratamento. Tirando as peculiaridades de cada situação, o mais importante é que você não esqueça que seu dever é fornecer informações técnicas para orientar a decisão, mas sem manipular o paciente. Se após você explicar com dedicação a importância do tratamento e os danos que a não medicação pode causar e, ainda assim, o paciente optar por não continuar com a terapia, seu desejo precisa ser respeitado. A única exceção aqui é no caso em que o bem-estar público está acima do bem-estar de um único individual. Por exemplo, quando um paciente contaminado com agente biológico de alta infectividade decide não se tratar. Como a sua decisão coloca em risco a saúde pública, você não poderá permitir que ele deixe a unidade de saúde sem o encaminhamento correto por mais que esta decisão vá contra a sua vontade.
Esse é o momento em que você irá se esbarrar no princípio da justiça, que trata sobre a distribuição adequada de direitos e deveres. Ser justo com o senhor do caso é enxergar sua necessidade. O que você deveria fazer nesse caso? A decisão é sua e deve ser tomada junto ao corpo técnico da instituição. Se os cuidados a este senhor se igualam como você cuidaria de si mesmo, isto é sinal de que provavelmente você está agindo da maneira correta.
Assim, a ética na Saúde não se restringe apenas ao código de ética. Ela se estende ao direito a pessoa como cidadã ou ser social. Sua essência é a liberdade, mas com compromisso e responsabilidade. É o princípio universal da responsabilidade que rege todas as questões éticas, seja ela individual, pública ou planetária.
O QUE É A BIOÉTICA?
A Bioética foi criada em 1971 pelo professor Van Rensselaer Potter como uma disciplina acadêmica, que faria uma conexão entre as ciências e as humanidades. Para esse professor, a sobrevivência da humanidade dependia de uma ética baseada em conceitos biológicos. Então, por isso, o termo bioética.
Os desenvolvimentos científicos, tecnológicos e sociais que passaram a ocorrer no século XX relacionados às ciências biológicas e ao cuidado com a saúde, acabaram entrando em diversos momentos em conflito com concepções já existentes em relação ao tratamento e às obrigações morais dos profissionais da saúde e da sociedade com relação aos indivíduos doentes (MOTTA, 2012).
O conceito de bioética idealizado por Potter, apesar de inicialmente não se referir a isso, passou a remeter então ao crescente interesse na ética das relações da saúde. Após isso, a
Bioética foi abordada em diversas perspectivas e a maioria delas voltadas para as ciências biomédicas.
A Bioética é composta por algumas teorias. Veja a seguir: 
· O UTILITARISMO 
Foca no ato correto que deve ser tomado em cada circunstância e esse ato correto vai ser o que for mais positivo para um maior número de pessoa. No utilitarismo, é importante, em algumas situações, olhar para as necessidades de todos os indivíduos envolvidos e tomar uma decisão (MOTTA, 2012). 
· BASEADA NA OBRIGAÇÃO OU KANTISMO 
Aquela que determina a adequação de uma ação, não baseadaem suas consequências, mas por certas características que vão estar presentes nessa ação. 
· BASEADA NA VIRTUDE ÉTICA DO CARÁTER 
Foca nos agentes que realizam as ações e as escolhas em uma determinada situação. Ela dá maior destaque às virtudes e ao caráter virtuoso desses agentes. 
· BASEADA NOS DIREITOS, INDIVIDUALISMO LIBERAL 
Dá ênfase aos direitos presentes em uma situação e no peso e na força que eles vão ter naquele momento como determinante para a tomada de decisões. 
· BASEADA NA COMUNIDADE, COMUNITARISMO 
Considera que o que é fundamental na ética provém de valores comunitários, como o bem comum ou práticas tradicionais de uma certa comunidade. A 
· ÉTICA DO CUIDADO 
É baseada nos relacionamentos. Coloca o afeto e o compromisso emocional como determinantes para a tomada de decisões. 
· A CASUÍSTICA 
É uma abordagem a partir de casos concretos. Foca em decisões práticas a partir de situações específicas. Considera que a moralidade apropriada surge desta análise específica de cada caso concreto. 
· A ABORDAGEM PRINCIPIALISTA
Considerada como a teoria mais difundida na Bioética, se baseia em um conjunto de quatro princípios que norteiam as decisões e discussões das grandes questões da área: justiça, autonomia, não maleficência e beneficência.
A Bioética se trata de uma matéria transdisciplinar, que permite a cooperação, interação de diversas outras matérias. Ela é dividida em duas esferas:
Situações emergentes são aquelas em que a sociedade tem que lidar agora, como a aplicação da tecnologia em saúde e os conflitos resultantes. Nesse contexto, encontramos situações como a fertilização in vitro, a eugenia, a clonagem.
As situações persistentes, por outro lado, estão com a sociedade desde os seus primórdios. Podemos pensar nas situações que envolvem o aborto, o direito de morrer etc.
É possível perceber que a Bioética vem para tentar trazer alguma solução para tais conflitos éticos. Podemos dizer que ela é uma aplicação prática da ética em saúde.
É POR ISSO QUE FOI TÃO IMPORTANTE ESTRUTURAR UMA DISCIPLINA NA ACADEMIA QUE PUDESSE COMPORTAR OS DIÁLOGOS PROVENIENTES DESSES DILEMAS.
O filósofo Albert Jonsen defende que há acontecimentos cruciais para o nascimento da Bioética. A seguir, conheça um pouco mais da história da Bioética. 
· UM POUCO DA SUA HISTÓRIA 
O primeiro ocorreu em 1962, quando a jornalista Shana Alexander publicou um artigo intitulado Eles decidem quem vive e quem morre, que tratava dos desdobramentos da criação do comitê de ética hospitalar em Washington. O comitê de Seattle, como ficou conhecido, tinha missão de disponibilizar decisões acerca da alocação de recursos em saúde. O primeiro desafio do comitê foi discutir a disposição das máquinas de hemodiálise para pacientes renais crônicos. O grande problema que esse comitê estava enfrentando foi o de existir um número muito maior de paciente do que de máquinas. Os médicos então delegam esta decisão para outra pessoa. A partir daí surgiu uma grande ruptura na ética da medicina, pois os médicos pela primeira vez, passaram a delegar essas decisões a pessoas que não necessariamente eram da área da saúde (RAMOS, 2009).
O segundo acontecimento crucial para a história da Bioética aconteceu em 1966, quando Henry Beecher, um médico anestesista, publicou um livro com 22 relatos de pesquisas financiadas por instituições governamentais, farmacêuticas, laboratórios, usando pessoas que ele considerava cidadãos de segunda classe (prisioneiros, idosos, pessoas que não tinham capacidade moral de se defender contra os abusadores) (RAMOS,2009).
Esses pesquisadores estavam injetando em idosos senis hospitalizados células vivas cancerígenas, sem informá-los que estavam fazendo isso, com a finalidade de perceber como que o sistema imunológicos do corpo humano respondiam às células de câncer. É possível perceber que nem mesmo o direito à informação era levado em consideração.
Outro caso que desperta o interesse é o de Tuskegee. Foi um estudo que aconteceu entre as décadas de 1930 e 1970, conduzido pelo serviço de saúde pública americano. Utilizaram 400 pessoas negras que já possuíam a sífilis. Ou seja, se aproveitaram da vulnerabilidade socioeconômica dessa população para ver como era o desenvolvimento da sífilis. Eles conduziram o caso esse grupo que acreditava estar sendo tratado, porém estava recebendo um placebo, para observar qual era o desenvolvimento da sífilis (RAMOS,2009).
Importante ressaltar que, em 1928, Alexander Fleming já tinha descoberto a penicilina, que estava disponível como fármaco desde 1941. Então, foi uma escolha do serviço americano dar placebo, usando a desculpa que, depois que o antibiótico tinha sido inventado, não seria mais possível acompanhar o desenvolvimento da doença, sendo considerado um grande absurdo.
Precisamos lembrar que, na época, o grande desenvolvimento tecnológico não estava sendo acompanhado devido à falta de responsabilidade moral destes pesquisadores.
Diante de todos esses casos que vieram a público, a opinião pública cobrou um posicionamento moral e ético, com a delimitação de normativas e parâmetros de pesquisas clínicas com estes sujeitos de pesquisa.
Kant (1987) diz que o ser humano nunca pode ser tomado com um instrumento, a humanidade sempre tem que ser o fim dela mesma. Ou seja, os fins não justificam os meios.
O terceiro acontecimento que efetivou a história da Bioética ocorreu em 1967, quando o médico Christiaan Barnard realizou o primeiro transplante de coração na África do Sul com sucesso. O que motivou o escândalo na mídia internacional foi o coração utilizado porque, até aquele momento, o critério utilizado para permitir a utilização seria o paciente ter falecido por parada cardiorrespiratória.
Como o médico iria comprovar a causa do falecimento? Ele tinha matado um paciente para salvar outro?
A partir daí, houve a buscar por novos critérios. A escola médica de Harvard se encarregou de buscar por novos critérios em 1968, porém estes parâmetros de morte só foram divulgados em 1975, quando começaram a estudar a possibilidade de um transplante pela morte cerebral e não mais cardiorrespiratória. No Brasil, esse tema é tratado pela lei 9.434/1997, que trata sobre os transplantes de órgão e que adota abertamente este critério de morte cerebral.
Todos esses acontecimentos foram cruciais para a história da Bioética, pois cada um trouxe uma transformação de ética aplicada para o mundo. Essa é a importância da Bioética e foi por isso que ela se disseminou de uma forma muito rápida, pois ela trazia respostas a angústias de problemas éticos-morais devido aos desenvolvimentos tecnológicos. Ela trouxe respostas de quais eram os critérios da morte, novos parâmetros morais de pesquisa médica e trouxe os comitês de ética que existem no hospital e que permitem determinar a alocação de recursos.
É importante ressaltar que a Bioética traz essas respostas sem deixar de pensar nos grupos socialmente mais vulneráveis. Ela é considerada uma ciência da ética aplicada que tem como preocupação cuidar dos grupos mais vulneráveis.
PRINCIPIALISMO E A BIOÉTICA
Em 1974, o governo americano, em resposta a alguns escândalos relacionados a experimentações com direitos humanos que ocorreram na época, constituiu uma comissão nacional (Comissão Nacional sobre Proteção dos Sujeitos da Pesquisa Biomédica e Comportamental) para a pesquisa biomédica e comportamental. Essa comissão seria responsável por conduzir um estudo que identificaria princípios éticos básicos que deveriam ser aplicados em experimentos com seres humanos.
Após quatro anos, essa comissão publicou o relatório Belmont, que identificava três princípios como norteadores da experimentação com seres humanos:
· AUTONOMIA
· JUSTIÇA
· BENEFICÊNCIA
“O PRINCIPIALISMO SURGIU EM 1979 COM O LIVRO PRINCÍPIOS DA ÉTICA BIOMÉDICA, DO FILÓSOFO TOM BEAUCHAMP E DO TEÓLOGO JAMES CHILDRESS. COM A PUBLICAÇÃO, ELES CONSEGUIRAM INSTRUMENTALIZAR A BIOÉTICA. ELES AMPLIARAM OS PRINCÍPIOS QUE FORAM IDENTIFICADOS NO RELATÓRIO E DESENVOLVERAM A TEORIA DO PRINCIPIALISMO, APLICANDO ESSESPRINCÍPIOS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE E A TODAS AS QUESTÕES DA BIOÉTICA. ELES AINDA ACRESCENTAM UM PRINCÍPIO QUE É O DA NÃO MALEFICÊNCIA.”
(BEAUCHAMP,2002).
“ELA É A MAIS DIFUNDIDA NO CAMPO DA BIOÉTICA, PRINCIPALMENTE PORQUE SURGIU FOCADA NA RESOLUÇÃO DE QUESTÕES ESPECÍFICAS. OS QUATRO PRINCÍPIOS TRABALHADOS PELA TEORIA SÃO ABSTRATOS. ASSIM, PRECISARIAM SER TRABALHADOS COM FATOS ESPECÍFICOS. OS AUTORES RECONHECEM QUE É NECESSÁRIA A ADAPTAÇÃO AO CASO CONCRETO. REGRAS E IDEAIS MORAIS TAMBÉM SER LEVADAS EM CONSIDERAÇÃO QUANDO FOR FEITO ALGUM JULGAMENTO A RESPEITO DE UM CASO CONCRETO.”ATENÇÃO
Outro ponto importante desta teoria é que se valoriza muito a emoção. Nas teorias éticas tradicionais, como a do utilitarismo, teoria da obrigação, a emoção é vista como um obstáculo a uma atitude moral/ correta (ANTONY, 2012).
(JONAS, 2006).
Quando você se depara com um caso concreto, como deve proceder, tendo a teoria principialista como base?
Primeiramente, é importante você tomar os quatro princípios como uma base abstrata e, a partir daí, especificar tais princípios no caso concreto, acrescentando conteúdo a esses princípios de acordo com o caso específico. Por último, devemos realizar a ponderação entre os princípios, identificando o peso de cada um dentro da situação em questão.
A ÉTICA DO CUIDADO
A ética do cuidado se originou a partir de estudos feministas, com as obras de Nel Nodding, Virginia Held, Carol Gilligan e Annette Baier, surgindo como um contraponto às éticas tradicionais, que teriam uma tendência de raciocínio moral mais masculino, levando em conta questões de justiça, imparcialidade, direitos, mas não estaria considerando o ponto de vista moral feminino, construído a partir das relações íntimas entre as pessoas e os valores destas relações íntimas, por exemplo, a compaixão e a fidelidade (ANTONY, 2012).
O desenvolvimento moral desta ética feminina se daria a partir de associações e relações empáticas com os outros, de uma ética mais reflexiva e filosófica.
Na ética do cuidado, a emoção seria um produto da moral. Em outras palavras, as ações não teriam base no emocional, as ações seriam impulsionadas por outros motivos, que não a emoção. Na verdade, seria uma deficiência moral.
Ao mesmo tempo, a ética do cuidado não necessariamente nega essas éticas tradicionais, mas sim seria um complemento a elas. Estaria trazendo um outro ponto de vista das teorias éticas que seria o ponto de vista feminino.
Para a ética do cuidado, a assistência aos pacientes deve ser realizada com atenção às necessidades de saúde, estabelecendo uma relação próxima emocional próxima, e não distante, apenas baseada em direitos. Ela tem como grande preocupação o olhar sensibilizado ao outro, a preocupação com o sofrimento alheio e as angústias daquele que é cuidado.
Algumas críticas a este modelo são a falta de uma estruturação de conceitos específicos, mas bem trabalhados, que dariam corpo a esta teoria e o fato de que ela poderia fortalecer os papeis tradicionais dados à mulher na sociedade.
ABORDAGEM DEONTOLÓGICA DA BIOÉTICA
A teoria deontológica recebe este nome porque se refere ao dever ser, às obrigações que existem em uma determinada situação, em contraponto a teoria ontológica, que se refere ao ser.SAIBA MAIS
Existem diversas vertentes da teoria deontológica, algumas delas decorrentes de conceitos religiosos, como o catolicismo. Outras são relacionadas a conceitos éticos, filosóficos, como a lei natural, o imperativo categórico de Kant, que é um das mais expressivas como a teoria da obrigação. Essa teoria sugere regras morais que não possuem exceção, ou seja, em qualquer situação a norma moral pode ser executada, tendo como norma moral uma ação correta. Não são as consequências de um ato que vão torná-lo correto ou errado, mas sim as características deste ato (FORTES, 2003).
Essa norma moral gera preceitos. Então, as teorias deontológicas sempre vão se desenvolver a partir de alguns conceitos sobre ações específicas que gerariam os preceitos. Em suma, esses preceitos vão se concentrar em regras sobre ações específicas. Não são princípios morais, pois vão se referir especificamente a uma determinada ação.
EXEMPLO
Não se deve matar seres humanos inocentes. Isso seria um preceito, porque ele prescreve uma ação específica e, teoricamente, em qualquer situação que uma ação se encaixar nessas características, ela vai ser moralmente errada, não importando as circunstâncias.
O valor moral de uma ação não se concentra nas consequências de um ato, mas nas características desta ação.
Umas das teorias mais expressivas dentro da teoria da obrigação é a teoria de Kant (1987). Para ele, sempre que um indivíduo se deparar com uma situação, a minha ação vai ser moral se eu agir de acordo com o preceito, mas compreendendo que eu estou agindo daquela forma por causa deste preceito, pois eu compreendo a relevância daquele preceito. Nenhuma outra concepção moral pode se sobrepor um preceito para que ele seja considerado um preceito.
“UMA OUTRA CARACTERÍSTICA IMPORTANTE É O IMPERATIVO CATEGÓRICO, DE QUE: [CITAÇÃO] “AGE SOMENTE DE ACORDO COM A MÁXIMA QUE POSSA AO MESMO TEMPO QUERER QUE SE TRANSFORME EM LEI UNIVERSAL”.
Esse imperativo categórico seria uma espécie de teste que nós deveríamos submeter nossas ações hipoteticamente, de maneira autônoma, para compreender se ela seria uma ação moral naquele momento. Se aquela ação que eu estou prestes a tomar pode ser transformada em uma lei universal, então, segundo essa teoria, eu posso realizar tal ação.
Vamos pensar no seguinte exemplo:EXEMPLO
Imagine que um pai decide doar um órgão para uma filha que está muito doente e depende desta doação para sobreviver, por afeto a esta filha. De acordo com esta teoria, este pai não estaria agindo moralmente, pois, mesmo que as consequências dessa sua ação sejam as mesmas consequências, caso ele estivesse seguindo um preceito moral, ele não estaria motivado da maneira correta. A motivação deste pai é o afeto pela filha e, para Kant, as emoções não devem ser motivações das ações. O que deveria motivar a ação do pai é a compreensão dele de que aquele preceito moral é obrigatório em determinada situação e não a sua afeição pela filha.
As teorias da obrigação são pouco utilizadas concretamente porque elas possuem um certo grau de abstração muito alto, sendo complexo perceber esses diversos preceitos morais nos casos concretos.
Alguns teóricos vinculados a esta teoria consideram que outras teorias seriam necessárias à teoria da obrigação. Como exemplo, temos a teoria casuística, em que você observa um caso concreto e, a partir dele, identifica um princípio que poderia identificar um princípio que pudesse gerar certos preceitos morais.

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