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Gestão estratéGica de Pessoas no setor Público brasília-dF. Elaboração Patrícia Duarte Róbison Gonçalves de Castro Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7 UNIDADE I MODERNA GESTÃO DE PESSOAS ........................................................................................................... 9 CAPÍTULO 1 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS ........................................................................................... 9 CAPÍTULO 2 NOVO PERFIL DA ADMINISTRAÇÃO DE PESSOAL ..................................................................... 19 CAPÍTULO 3 ESTUDO SOBRE A MOTIVAÇÃO HUMANA NO TRABALHO .......................................................... 29 UNIDADE II MUDANÇAS ORGANIZACIONAIS E AGREGAÇÃO DE PESSOAS ............................................................. 44 CAPÍTULO 1 DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL .................................................................................. 44 CAPÍTULO 2 RECRUTAMENTO E SELEÇÃO ................................................................................................... 58 UNIDADE III MANUTENÇÃO DE PESSOAS POR MEIO DE SATISFAÇÃO ....................................................................... 73 CAPÍTULO 1 CAPACITAÇÃO ....................................................................................................................... 73 CAPÍTULO 2 GESTÃO POR COMPETÊNCIAS ................................................................................................ 82 CAPÍTULO 3 RECOMPENSAS E REMUNERAÇÃO ......................................................................................... 97 PARA (NÃO) FINALIZAR ................................................................................................................... 112 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 113 4 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 5 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 6 Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 7 Introdução Nos tempos que correm, a Gestão Pública vital para as nações e para a sociedade humana, cujas organizações traçam sua estratégia definindo as competências _ conhecimentos, habilidades e atitudes _ que seus recursos humanos devem adquirir. A correta gestão das pessoas é essencial para o sucesso. Assim acontece também com o setor governamental, que, no caso brasileiro, ainda prescinde de reformas muito significativas neste campo. Este curso busca abordar o assunto de forma atual, abrindo espaço para as idiossincrasias de se gerir pessoas no setor governamental brasileiro. Objetivos » Oferecer uma oportunidade educacional de alto nível para capacitar pessoas a trabalharem na gestão de pessoas, focando na eficiência, na eficácia e na efetividade. » Identificar a importância da gestão de pessoas para a sobrevivência e o sucesso das organizações. » Identificar formas de valorização e motivação das pessoas com o objetivo de mantê-las na organização. 8 9 UNIDADE IMODERNA GESTÃO DE PESSOAS CAPÍTULO 1 Gestão de recursos humanos Iniciando os estudos, neste capítulo, você vai entender porque as pessoas são importantes para a sobrevivência das organizações, o que as empresas fazem para reter as pessoas e finalmente o que é o crescimento dentro de uma organização. Programas de produtividade O conceito de produtividade pode ser apresentado de duas formas: » Restrita: é a relação entre os recursos empregados e os resultados obtidos, ou seja, a produtividade é vista como eficiência e é conseguida por meio da otimização do uso dos recursos empregados (inputs) a fim de maximizar os resultados desejados (outputs). » Ampla: não é somente obter o máximo de eficiência fazendo corretamente as coisas, mas atingir o máximo de eficácia fazendo as coisas certas. É necessário ir além do conceito básico de resultado obtido/recurso empregado e entender os fatores determinantes que conduzem à melhoria da produtividade. Para que as organizações consigam atingir o conceito de produtividade ampla e garantir sua sobrevivência, é preciso que deem atenção especial às pessoas, já que elas representam um dos principais fatores responsáveis pela qualidade. Nesse sentido, é necessário valorizar as pessoas por meio de processos de trabalho que considerem as competências, o espírito de equipe, a eficiência, o orgulho pelo trabalho, a orientação para o cliente e a correta utilização das máquinas e sistemas. As organizações têm que ter em mente que são as pessoas que determinam a estratégia e a cultura de uma empresa. Se uma organização for eficaz em administrar pessoas, ela 10 UNIDADE I │ MODERNA GESTÃO DE PESSOAS passa a ter muito mais chances de atingir seus objetivos. No mundo de hoje,esta talvez seja uma das únicas formas de atingir uma vantagem significativa competitiva. Então, as organizações, ao elaborarem seus programas de aumento de produtividade, devem levar em consideração questões referentes à valorização do ser humano, já que, sem estas, dificilmente seu programa terá o sucesso desejado. Princípios que norteiam o capital humano na empresa Estamos vivendo a era da informação (vide Capítulo 2) e, para que as organizações sobrevivam, é necessário que se modernizem. O que ocorre, muitas vezes, é que as organizações relacionam o termo “modernização” simplesmente com a aquisição de máquinas, equipamentos e alta tecnologia, e ignoram que a base da excelência empresarial são as pessoas. Atualmente, os melhores fornecedores são companhias orientadas para as pessoas, que consideram seus provedores de serviços como embaixadores da empresa e responsáveis pelo marketing direto. Essas organizações reconhecem que a qualidade dos serviços dependem fundamentalmente da qualidade das pessoas, do capital humano. No setor de serviços, mais do que no setor manufatureiro, pessoas amigáveis e atenciosas são um recurso tão importante quanto a alta tecnologia, já que os serviços são gerados por elas e não produzidos por máquinas. Se os recursos humanos são a base da estrutura organizacional, a excelência das empresas só será possível se modificarmos o próprio conceito de “empresa”. Tendo em vista que a organização é um conjunto de indivíduos e de grupos, para modernizá-la é, necessário que se alterem atitudes, comportamentos e a forma de participação dos indivíduos. Assim, o enfoque abordado pela maioria tem sido a satisfação das necessidades prioritárias de cada ser humano, de forma a motivá-lo a um comportamento positivo. Uma das formas utilizadas pelas empresas para valorizar as pessoas, de forma a estimulá-las a ter esse comportamento positivo, por meio de teorias da motivação, uma delas é a teoria de Maslow – hierarquia de necessidades, que é base para o conceito de crescimento do ser humano segundo o modelo japonês, que será visto no próximo item. Você conhece a teoria de Maslow? Pesquise sobre este assunto e aponte os pontos que considera como positivos e negativos e se acredita que seria vantajoso utilizar esta teoria nos dias de hoje e por quê? 11 MODERNA GESTÃO DE PESSOAS │ UNIDADE I Teoria de Maslow – hierarquia de necessidades As necessidades dos seres humanos obedecem a uma hierarquia, ou seja, uma escala de valores a serem transpostos. Isso significa que no momento em que o indivíduo realiza uma necessidade, surge outra em seu lugar, exigindo sempre que as pessoas busquem meios para satisfazê-la. Ninguém ou quase ninguém procurará reconhecimento pessoal e status se suas necessidades básicas estiverem insatisfeitas. Maslow dividiu essas necessidades em 5 tipos. Como pode ser observado na Figura 1, a seguir, o ser humano só busca a necessidade seguinte quando a anterior está atendida. Figura 1. Hierarquia das necessidades Necessidades básicas do homem AUTORREALIZAÇÃO EGO OU ESTIMA SOCIAIS SEGURANÇA FISIOLÓGICAS » Necessidades fisiológicas: constituem a sobrevivência do indivíduo e a preservação da espécie: alimentação, sono, repouso, abrigo etc. Quando não temos essas necessidades satisfeitas, ficamos mal, com desconforto, irritação, medo e doentes. Esses sentimentos e emoções nos conduzem à ação na tentativa de diminuí-los ou aliviá-los rapidamente para estabelecer o nosso equilíbrio interno. Uma vez satisfeitos, passamos a nos preocupar com outras coisas. » Necessidades de segurança: no mundo conturbado em que vivemos, procuramos fugir dos perigos; buscamos, então, abrigo, segurança, proteção, estabilidade e continuidade. » Necessidades sociais: incluem a necessidade de associação, de participação, de aceitação por parte dos companheiros, de troca de amizade, de afeto e amor. O ser humano precisa amar e pertencer. O ser humano tem a necessidade de ser amado, querido, aceito por outros, de se sentir necessário a outras pessoas ou grupos de pessoas. 12 UNIDADE I │ MODERNA GESTÃO DE PESSOAS » Necessidades de status ou de estima: envolvem a autoapreciação, a autoconfiança, a necessidade de aprovação social e de respeito, de status, prestígio e consideração, além do desejo de força e de adequação, de confiança perante o mundo, independência e autonomia. O ser humano busca ser competente, alcançar objetivos, obter aprovação e ganhar reconhecimento. » Necessidade de autorrealização: são as mais elevadas de cada um. O ser humano busca a sua realização como pessoa, a demonstração prática da realização permitida e alavancada pelo seu potencial único. O ser humano pode buscar conhecimento, experiências estéticas e metafísicas, ou mesmo a busca de Deus. Esta teoria se baseia em três premissas, sendo elas, a saber: 1. O potencial mental das pessoas (sua maior ou menor velocidade de aprendizado) é aleatoriamente distribuído na face da Terra, não sendo, na sua origem, afetado por nenhum fator. O potencial mental poderá diminuir, mas nunca aumentar durante a vida do ser humano. Treinar e educar pessoas é tarefa difícil, sendo assim, só deve ser feita diante de uma real necessidade da empresa. 2. A insatisfação é um estado natural do ser humano. O ser humano fica satisfeito em situações momentâneas, retornando sempre ao seu estado natural. Se um ser humano convive com um grupo de pessoas que têm suas necessidades básicas atendidas, ele desfrutará do estado de satisfação mais frequentemente e o grupo de pessoas estará num “estado de saúde mental” ou “elevado moral”. É impossível avaliar o grau de satisfação de um grupo de pessoas por um só indivíduo. A satisfação média é a mais indicada. Segundo Maslow, o estado de satisfação contínua é inexistente, já que as pessoas ficam satisfeitas momentaneamente. Todas as chefias devem medir e controlar a moral de suas equipes, podendo assim atuar sobre as causas dos descontentamentos e construir um ambiente de trabalho que todos tenham prazer de frequentar. 3. O ser humano tem necessidades básicas que devem ser satisfeitas simultaneamente. No entanto, quando o homem está ainda num estado muito primitivo de ter suas necessidades básicas atendidas, ele dará mais 13 MODERNA GESTÃO DE PESSOAS │ UNIDADE I importância às necessidades fisiológicas. Em cada estágio haverá ênfase em uma das necessidades, mas todas estarão presentes sempre. O que Maslow propôs e tem sido aplicado nas empresas é a satisfação das necessidades de seus empregados no estágio em que elas aparecerem. Partindo do princípio que a insatisfação é um estado natural do ser humano e que a satisfação é uma situação momentânea, tenta-se manter uma média de satisfação elevada que resulta em um nível de motivação elevado, o qual Maslow denomina de “Moral elevado”. Com relação à teoria de Maslow que você acabou de ler, você acredita que somente o pagamento em dia e aumento do salário faz com que o ser humano se sinta satisfeito? Justifique sua resposta e, em caso negativo, apresente o que considera que traz a satisfação do ser humano. O salário é um meio para satisfazer somente as necessidades fisiológicas, portanto, somente o salário não torna o ser humano satisfeito porque, para manter o moral elevado, é necessário satisfazer a todas as necessidades simultaneamente. Com o aumento de salário, as pessoas ficarão satisfeitas por um pequeno tempo, retornando à insatisfação logo em seguida. Esse problema do salário foi resolvido pelos japoneses da seguinte forma: levando-se em conta que empregado e empresário têm os mesmos desejos, ou seja, ambos desejam a sobrevivência da empresa e ambos desejam ganhar cada vez mais, as empresas japonesas encontraram no “bônus” a solução ideal, em que: » o empregado tem um salário pequeno, mas suficiente para garantir a sobrevivência de sua família; » o empregado ganha semestralmente um bônus que é função dos resultadosfinanceiros da empresa. Se a empresa vai bem, o bônus pode exceder 100% do salário. Se a empresa vai mal, pode chegar a zero; » o bônus equivale a aproximadamente um terço do lucro. Para ajudar na resposta da questão seguinte, pesquise sobre o assunto, no site <http://www.enap.gov.br/>. E na administração pública, o que leva à satisfação dos funcionários? Enumere os itens por ordem de importância, montando uma hierarquia de necessidades. Você acredita que a estabilidade é um fator determinante? Justifique sua resposta. 14 UNIDADE I │ MODERNA GESTÃO DE PESSOAS Obs: existem algumas outras teorias motivacionais que serão apresentadas no Capítulo 3 desta apostila. Conceito de crescimento do ser humano O conceito de crescimento do ser humano está baseado na intenção de que as pessoas devem fazer sempre serviços de valor agregado cada vez mais alto. Maior valor agregado para pessoas significa trabalho no qual se escreve, fala, ordena, mostra, instrui etc., ao invés de mover, copiar, seguir e obedecer, ou seja, significa utilizar cada vez mais a mente do indivíduo e não somente a força braçal. Este é um artigo da revista Exame de 21/12/2006, disponível no endereço <http//portalexame.abril.com.br> O poder da atração As pequenas e médias empresas vencedoras têm algo em comum – atraem (e mantêm) os melhores talentos do mercado. Quais os segredos delas para fazer algo que muitas companhias grandes não conseguem? Por Robson Viturino Entre os muitos fatores importantes para pequenas e médias empresas encontrarem a trilha do crescimento, pelo menos um é determinante – a capacidade de atrair, manter e desenvolver profissionais talentosos. É o que se pode deduzir do estudo que revelou as 100 pequenas e médias empresas que mais crescem no Brasil, fruto de uma parceria de Exame PME com a consultoria Deloitte e que foi tema da reportagem de capa da última edição. Entre os empreendedores à frente dos negócios com as maiores taxas de evolução na receita entre 2003 e 2005, 49% apontaram o investimento em recursos humanos como decisivo para sustentar esse ritmo intenso. Contar com pessoas talentosas por perto foi a quarta entre 12 razões que impulsionaram esse crescimento recente, só atrás de novos produtos e serviços, gestão moderna e relacionamento com clientes. Quando se olha para a frente, o fator humano ganha mais importância – 73% das empresas acreditam que continuar crescendo nos próximos anos depende de conseguir atrair profissionais muito bons. É um desafio de proporções imensas, como mostram as histórias de empreendedores de diversos setores e regiões do país contadas aqui. Para eles, atrair e manter talentos não significa apenas oferecer salários compatíveis com o mercado e um ou outro benefício, como vale-refeição, plano de saúde e seguro 15 MODERNA GESTÃO DE PESSOAS │ UNIDADE I de vida. Eles estão empenhados em descobrir, fora da caixinha de políticas prontas de RH, o que pode ser oferecido para seduzir os melhores profissionais. Como você definiria o conceito de crescimento do ser humano? Qual é a sua relação com as organizações e com o que foi visto nos itens anteriores? Justifique suas respostas. O crescimento do ser humano tem os seguintes objetivos: » desenvolver o raciocínio das pessoas; » desenvolver a sensibilidade e a tenacidade para mudanças; » desenvolver a consciência de que a empresa é sua. Este item está diretamente ligado ao aumento da produtividade apresentado anteriormente que menciona que, para a sobrevivência e competitividade das organizações, é necessário atenção especial às pessoas. Caso julgue necessário, volte ao item “Programas de produtividade”. A Figura 2 mostra um exemplo prático das etapas de crescimento de um funcionário na área operacional Figura 2. Exemplo de crescimento do ser humano nas organizações Somente opera Inspeciona seu próprio trabalho quando ajudado pelo seu supervisor Inspeciona seu próprio trabalho, mas é necessário que o supervisor reavalie mais tarde Inspeciona seu próprio trabalho Inspeciona seu próprio trabalho e ensina outros funcionários CRESCIMENTO DO SER HUMANO Ao iniciar suas atividades, o funcionário somente opera, ou seja, executa o trabalho que mandaram fazer, não questionando se está correto ou não, não tem noção da sua atividade, apenas utiliza a força braçal. Ao ir desenvolvendo seu crescimento, o funcionário começa a entender melhor o seu trabalho, conseguindo inspecioná-lo em conjunto com seu supervisor, identificando assim possíveis falhas. Nesta etapa, inspeciona em conjunto, porque, tendo o supervisor 16 UNIDADE I │ MODERNA GESTÃO DE PESSOAS maior conhecimento, transmite-o para o funcionário; é uma forma de treinamento prático. Em seguida, o funcionário já possui algum conhecimento, adquirido com o supervisor, e já realiza suas inspeções sozinho, mas ainda é necessário que o supervisor reavalie para verificar se não existem falhas, já que o funcionário ainda é inexperiente. Na próxima etapa, o funcionário já adquiriu conhecimento e prática suficiente para não necessitar do supervisor para inspecionar seu trabalho, ele mesmo faz esta tarefa. Finalmente, o funcionário chega ao nível de crescimento em que, além de inspecionar seu próprio trabalho, ele ensina os outros funcionários, torna-se o supervisor e todo o processo de crescimento se inicia novamente com um outro funcionário. Uma das formas utilizadas pelas organizações para desenvolver o crescimento do ser humano é a adoção do controle de Qualidade Total (TQC), baseado num programa de educação e treinamento, pelo qual todas as pessoas da empresa devem mudar sua maneira de pensar. A abordagem tem como meta desenvolver um clima que conduza à emoção pelo trabalho. O resultado do trabalho de cada ser humano deve significar muito para sua vida. Esse tipo de abordagem surgiu inicialmente no Japão e conduz ao atendimento de necessidades sociais, de estima e autorrealização. As empresas que adotam o TQC partem do princípio de que o homem tem uma natureza boa e sente satisfação por um bom trabalho realizado; quando ocorre um problema, não existe um culpado, e sim causas que devem ser bloqueadas. Pesquise na Internet sobre o tema Qualidade Total para entender mais sobre o assunto. Tal abordagem tem por princípios: » aprimorar o recrutamento e seleção, no sentido de se ter um quadro mínimo, ótimo; » educar e treinar as pessoas de forma a transformá-las nos “melhores do mundo” naquilo que fazem; » reter essas pessoas nos quadros da organização de tal forma que a organização faça parte do projeto de vida de cada um; » criar condições para que cada empregado tenha orgulho de sua empresa e um forte desejo de lutar pelo seu futuro diante de quaisquer dificuldades. 17 MODERNA GESTÃO DE PESSOAS │ UNIDADE I A compreensão desses princípios é o requisito mínimo para atender o sistema de crescimento humano, que é uma teoria japonesa que foi totalmente influenciada por Maslow e se baseia em dois pontos principais: » O homem tem uma natureza superior que é instintiva. » Essa natureza humana tem uma característica profundamente holística. Pesquise sobre a teoria motivacional estabelecida por Maslow, ou volte à p. 13. Portanto, a forma de condução do crescimento do ser humano deve ser pelo desenvolvimento de suas habilidades conduzindo à motivação, que é o objetivo do crescimento do ser humano. A questão referente ao desenvolvimento de habilidades e a motivação será apresentada em capítulos seguintes. A partir de tudo que você viu neste capítulo, conseguiu perceber a importância das pessoas para a sobrevivência e o crescimento das organizações? Nos próximos capítulos, será firmada esta ideia e serão apresentadas as formas de gerenciamento de pessoas. Com relação às empresas da área de administração pública, como é conduzido o processo de crescimento do ser humano e de motivação? O texto a seguir é um exemplo adotado pela prefeiturade Goianésia para motivar seus funcionários públicos. Motivar o funcionário para elevar a produtividade e reduzir custos é um dos principais desafios de qualquer administrador. Se ele for do setor público, o problema é ainda maior, já que a estabilidade no emprego limita o risco de demissão, um argumento sempre poderoso para estimular os funcionários. A solução encontrada em Goianésia, cidade de 50.000 habitantes distante 180 quilômetros de Goiânia, foi achar outro argumento de motivação, tão eficaz quanto à punição – o bolso do empregado. Desde 2003, para receber gratificações e ganhar promoções, os 1.300 funcionários da prefeitura local são submetidos a avaliações anuais de desempenho. Nesses balanços, são observados quesitos como faltas sem justificativa, apresentação de atestados médicos para obter licenças, pontualidade na entrega dos serviços e zelo com o equipamento público. 18 UNIDADE I │ MODERNA GESTÃO DE PESSOAS As alterações do estatuto do funcionalismo incluíram outra novidade, que está sendo implantada aos poucos: o salário flexível. No ano passado, a Secretaria de Infraestrutura, responsável pela área de obras, começou a fazer avaliações mensais de desempenho dos funcionários. De acordo com o resultado, o funcionário pode receber no mês um bônus de até 80% do salário – um chefe de seção que tenha uma remuneração de 1.500 reais pode levar mais 1.200, caso seja bem avaliado. “A experiência deu certo e será estendida neste ano para outras três secretarias”, diz Otávio Lage de Siqueira Filho, empresário e prefeito da cidade reeleito em 2004, que trouxe da iniciativa privada a inspiração para mudar o perfil do funcionalismo. Ao atrelar ganhos salariais à produtividade, o prefeito mudou hábitos típicos de servidores públicos, em geral associados à falta de compromisso com sua clientela – a população. “Antigamente, se um servidor faltasse três vezes no mês ou se o caminhão da prefeitura ficasse parado uma semana, o salário seria depositado da mesma forma e quem perdia era o município”, diz Cristiano Carvalho, secretário de Infraestrutura de Goianésia. Era comum equipamentos públicos ficarem dias parados para manutenção, por problemas reais ou não. Agora, como máquina parada ou malconservada tira pontos na avaliação do funcionário responsável, esses problemas foram quase extintos. “O que o governo economiza em manutenção e com mais horas trabalhadas compensa o aumento de gastos com a folha”, afirma Carvalho. O mesmo se deu com a apresentação de atestados médicos para justificar faltas: uma licença de mais de três dias por mês elimina o ganho extra e prejudica as notas anuais do servidor. Com as mudanças, a média mensal de dias de trabalho perdidos no funcionalismo caiu quase 40%, em 2006. 19 CAPÍTULO 2 Novo perfil da administração de pessoal Neste capítulo você vai entender a importância das pessoas e das organizações e da relação que existe entre elas; em seguida conhecerá a história da gestão de pessoas e verá a importância do talento humano e do capital intelectual no novo conceito de gestão de pessoas e, finalmente, conhecerá os novos papéis da administração de pessoal. Não sei se você sabe, mas a área de RH é um das mais afetadas pelas recentes mudanças que estão acontecendo no mundo. As empresas perceberam que as pessoas constituem o principal elemento dos seus sistemas nervosos que introduzem a inteligência nos negócios e a racionalidade nas decisões. As mudanças são tantas e tamanhas que até o nome dá área está mudando. Em muitas organizações, a denominação administração de recursos humanos ou administração de pessoal está sendo substituída por termos como gestão de talentos humanos, gestão de parceiros ou de colaboradores, gestão de capital humano, gestão de pessoas ou gestão com pessoas. Você tem ideia do por quê da mudança no nome da área de RH? Se você respondeu que é para proporcionar a nova visão das pessoas – não mais como meros funcionários remunerados em função do tempo disponibilizado para a organização, mas como parceiros e colaboradores do negócio – você está certo. Neste capítulo utilizaremos tanto o termo gestão de pessoas quanto administração de pessoal para tratar do assunto. O objetivo principal deste capítulo é introduzi-lo no campo da moderna administração relacionada com pessoas. A importância das pessoas e das organizações A gestão de pessoas é formada pela relação entre pessoas e organizações; sem uma das duas, a gestão não existe. Quem obtém benefícios dessa relação? Quais seriam esses benefícios? Como funciona este processo? Justifique sua resposta. 20 UNIDADE I │ MODERNA GESTÃO DE PESSOAS A relação entre pessoas e organizações é de mútua dependência e na qual há benefícios recíprocos, como pode ser observado na Figura 3. Figura 3. Relação de mútua dependência entre pessoas e organizações Subsistência, sucesso pessoal e profissional: objetivos pessoais e individuais atingidos Funcionamento; manutenção do sucesso; competividade; objetivos estratégicos atingidos Pessoas Organizações Fundamental para Meio para De um lado, o trabalho toma considerável tempo das vidas e do esforço das pessoas que dele dependem para sua subsistência e sucesso pessoal. Separar o trabalho da existência das pessoas é muito difícil, quase impossível, diante da importância e do impacto que o trabalho nelas provocam. Assim, as pessoas dependem das organizações nas quais trabalham para atingir seus objetivos pessoais e individuais. De outro lado, as organizações dependem direta e irremediavelmente das pessoas para operar, produzir seus bens e serviços, atender seus clientes, competir nos mercados e atingir seus objetivos globais e estratégicos. As organizações jamais existiriam sem as pessoas que lhes dão vida, dinâmica, energia, inteligência, criatividade e racionalidade. Assim, você pode concluir que dependendo da forma como são tratadas, as pessoas podem aumentar ou reduzir as forças e fraquezas de uma organização. Elas podem ser fonte de sucesso ou de problemas. Aponte ações tomadas pelas organizações que tornam as pessoas fonte de sucesso ou de fracasso. Caso as pessoas da organização sejam fonte de fracasso, que atitudes você considera que devem ser tomadas para que este quadro consiga ser revertido? Justifique suas respostas. A seguir, alguns aspectos que as organizações precisam atender para as pessoas serem fonte de sucesso Elas precisam: » ver as pessoas como seres humanos – dotados de personalidade própria e profundamente diferentes entre si, com uma história pessoal particular e diferenciada, possuidores de conhecimentos, habilidades e competências indispensáveis à adequada gestão de recursos organizacionais. Pessoas como pessoas e não como meros recursos da organização; » ver as pessoas como fonte de impulso próprio que dinamiza a organização e não como agentes passivos, inertes e estáticos; 21 MODERNA GESTÃO DE PESSOAS │ UNIDADE I » ver as pessoas como parceiros da organização. Capazes de conduzi-la à excelência e ao sucesso. Como parceiros, as pessoas fazem investimentos na organização – como esforço, dedicação, responsabilidade, comprometimento riscos etc. – na expectativa de colherem retornos desses investimentos – como salários, incentivos financeiros, crescimento profissional, carreira etc. Sempre se soube que as organizações precisavam de pessoas para trabalhar, mas eram consideradas apenas um utensílio, uma máquina, sem direito de pensar, de usar sua criatividade. Essa ideia foi evoluindo até chegar no conceito que temos hoje sobre a importância das pessoas nas organizações; esta evolução pode ser acompanhada no item seguinte. A evolução histórica da administração de pessoal Você tem ideia de quando o trabalho passou a fazer parte da vida do ser humano? Se você respondeu algo diferente do que desde a época de Adão, sua resposta está incorreta, porque desde que o nosso ancestral resolveuatropelar as recomendações do Criador, o trabalho tem sido uma constante na existência do ser humano. Ao longo de toda a história da humanidade sucedem-se os desdobramentos da atividade laboral do ser humano. Quem trabalha para quem, quem é escravo de quem, quem faz guerra para quem, quem é dominador, quem é o chefe e coisas do gênero mostram que o trabalho vem sendo desempenhado sob múltiplas formas e diferentes tipos e usos. Todavia, é a partir da Revolução Industrial que surge o conceito atual de trabalho. E é no decorrer do século XX que o trabalho recebeu a configuração que hoje está assumindo. O Gráfico 1 apresenta um resumo da evolução da administração de pessoal a partir da Revolução Industrial. Gráfico1. Evolução histórica da administração de pessoal Era industrial clássica Era industrial clássica Era industrial clássica Pessoas = Recursos organizacionais Pessoas “coisificadas” Capital financeiro = recurso mais importante Surge o departamento de RH Surgem os sindicatos Lidar com pessoas é um problema Capital humano, habilidades e capital intelectual = recurso mais importante Lidar com pessoas é a solução Gestão de pessoas Revolução Industrial 1950 1990 Períodos 22 UNIDADE I │ MODERNA GESTÃO DE PESSOAS O século XX trouxe grandes mudanças e transformações que influenciaram poderosamente as organizações, sua administração e seu comportamento. Sem dúvida alguma, as mudanças e transformações que nele aconteceram marcaram indelevelmente a maneira de administrar as pessoas. Nesse sentido, você pode visualizar ao longo do século XX três eras organizacionais distintas: » Era industrial clássica: surgiu no período logo após a Revolução Industrial e se estendeu até meados de 1950. Surgiram os antigos departamentos de pessoal, que eram órgãos destinados a fazer cumprir as exigências legais a respeito do emprego: admissão por contrato individual, anotação em carteira do trabalho, contagem de horas trabalhadas etc. As pessoas eram consideradas recursos de produção, juntamente com outros recursos organizacionais, como máquinas, equipamentos e capital, sendo o capital financeiro o recurso mais importante. Como recursos, eles precisam ser administrados, o que envolvia planejamento, organização, direção e controle de suas atividades, já que são considerados sujeitos passivos da ação organizacional. Nesse sentido, as pessoas constituíam parte do patrimônio físico na contabilidade organizacional, ou seja, as pessoas eram coisificadas. » Era industrial neoclássica: período que se estendeu entre as décadas de 1950 a 1990. Surgiram os sindicatos e os departamentos de Recursos Humanos, sendo que estes últimos cuidam do recrutamento, seleção, treinamento, avaliação, remuneração, higiene e segurança do trabalho e de relações trabalhistas e sindicais, com variadas doses de centralização e monopólio dessas atividades. Nesta era surgem os sindicatos. As pessoas ainda eram agentes passivos e eram um problema para as organizações. » Era da informação: período que começou no início da década de 1990. É a época que estamos vivendo atualmente. Surgem as equipes de gestão com pessoas, que substituem os departamentos de recursos humanos. O conhecimento torna-se básico, e o maior desafio passa a ser a produtividade do conhecimento. As pessoas deixam de ser agentes passivos e passam a ser consideradas como parceiros da organização que tomam decisões a respeito de suas atividades, cumprem metas e alcançam resultados previamente negociados. Nessa era, lidar com pessoas deixou de ser um problema e passou a ser a solução para as organizações. 23 MODERNA GESTÃO DE PESSOAS │ UNIDADE I Nesta era da informação, as pessoas passam a significar o diferencial competitivo que mantém e promove o sucesso organizacional: elas passam a constituir a competência básica da organização, a sua principal vantagem competitiva, ou seja, elas passam a constituir o elemento básico do sucesso empresarial. Uma história rica de mudanças” – artigo da revista HSM Management, disponível em: <www.hsm.com.br>, que trata sobre a história da gestão de pessoas. E na administração pública, quais foram as principais evoluções/mudanças na gestão de pessoas? Foram as mesmas que ocorreram na área privada? Compare as principais mudanças. Para ajudar na sua resposta consulte os textos disponíveis no site <http://www.enap.gov.br/>. As principais mudanças que ocorreram na administração pública foram a partir dos anos 1980 quando ocorreram reformas de gestão pública ambiciosas que tiveram como objeto principal a gestão de pessoas. Uma das razões fundamentais dessas reformas foi a recessão econômica, que repercutiu profundamente no mundo inteiro nos anos 1980 e no começo dos anos 1990, que exigiu uma importante reestruturação, tanto do setor público quanto do setor privado. Muitos países começaram a repensar o papel do Estado e o modo de prestação de serviços pelo setor público, que deu lugar a numerosas críticas com relação à sua falta de eficiência e de confiança nas instituições do Estado. Os poderes públicos começaram a introduzir grande leque de novos mecanismos do tipo comercial, que se baseavam na hipótese de que as administrações públicas podiam atingir a eficiência máxima funcionando como uma empresa. Outra ação realizada foi modificar os sistemas existentes, dando grande prioridade à melhoria da produtividade da função pública e à sua melhor receptividade para com as necessidades dos clientes. Os governos estabeleceram como prioridade transformarem-se em empregadores modelos. Voltar ao Capítulo 1 no item “Programas de Produtividade”, que trata do assunto produtividade. Em vários setores, os serviços foram privatizados, comercializados ou repassados a prestadores de serviços de fora do setor público. Nesse sentido, numerosas regulamentações que governavam as administrações públicas sofreram modificações, 24 UNIDADE I │ MODERNA GESTÃO DE PESSOAS o que reduziu ou ocultou as diferenças entre o emprego no setor público e o emprego no setor privado. Essa tendência fez com que uma parte importante dos cargos das administrações públicas fosse eliminada, visando uma maior eficiência econômica. Este é um artigo da Revista do Servidor Público no 052, disponível em <http:// www.enap.gov.br/>, que trata da história das mudanças na gestão de pessoas na administração pública nos anos 1980 e 1990. Desenvolvimentos recentes RSP na gestão dos recursos humanos nos países- -membros da OCDE. Talentos humanos e capital intelectual Qual é a importância do gerenciamento do capital financeiro nas organizações e que peso você daria para pessoas e para capital financeiro? Se as organizações se voltarem somente para as pessoas, deixando de lado o capital financeiro, conseguiriam sobreviver? Justifique suas respostas. Com essas mudanças a respeito da importância das pessoas, o sucesso das organizações deixa de ser voltado totalmente para gerir o capital financeiro. O gerenciamento de talentos humanos e capital intelectual passa a ser de fundamental importância para a sobrevivência das organizações. Então, é extremamente importante que se tenham claros os conceitos de talento e capital intelectual. Ter pessoas não significa necessariamente ter talentos. Um talento é sempre um tipo especial de pessoa, mas nem sempre toda pessoa é um talento. Para ter um talento, a pessoa precisa possuir algum diferencial que a valorize. Hoje, o talento envolve três aspectos: » Conhecimento: resultado de aprender a aprender, aprender continuamente e aumentar o conhecimento. » Habilidade: utilizar e aplicar o conhecimento, seja para resolver problemas ou situações ou criar e inovar. » Competência: permite alcançar e superar suas metas e resultados, agregar valor, obter excelência e abastecer o espírito empreendedor. A Figura 4 apresenta a constituição de um talento: 25 MODERNA GESTÃO DE PESSOAS │ UNIDADE I Figura 4. Constituição de um talentoConhecimento SABER Habilidade SABER FAZER Competência SABER FAZER ACONTECER Nos dias de hoje, quem é responsável pela gestão de pessoas dentro da organização? Seria só o setor de Administração de Pessoal? Na sua opinião, quem deveria ser responsável por essa área? Responda esta pergunta tanto para a área pública quanto para a privada. E justifique sua resposta. Hoje, para uma organização sobreviver, é preciso saber atrair, aplicar, desenvolver, recompensar, reter e monitorar o talento, só que este é um desafio de toda a organização e não só da área de Administração de Pessoal. Essas questões referentes a como atrair aplicar e manter o talento serão apresentadas no Capítulo 4. O conceito de talento leva ao conceito de capital humano, que é o patrimônio inestimável que uma organização pode reunir para alcançar competitividade e sucesso. O capital humano é formado por dois aspectos principais: contexto e talento. Esses dois aspectos estão diretamente ligados. Sozinho o talento não vai longe, pois precisa existir e coexistir dentro de um contexto que lhe permita liberdade, autonomia e retaguarda para poder se expandir, portanto, contexto é o ambiente interno adequado para que os talentos floresçam e cresçam. Assim, não basta ter talentos para possuir capital humano, é preciso ter talentos colocados em um contexto. Se o contexto for favorável, o talento se desenvolve e cresce, e, se o contexto não for adequado, o talento foge ou fica amarrado, como pode ser observado na Figura 5. Figura 5. Aspectos do capital humano Contexto Talento Não adequado Favorável e incentivador Se desenvolve e cresce Foge ou fica amarrado 26 UNIDADE I │ MODERNA GESTÃO DE PESSOAS O conceito de capital humano leva ao conceito de capital intelectual, que é invisível e intangível, diferentemente do capital financeiro, que é basicamente quantitativo, numérico e baseado em ativos tangíveis e contábeis. Devido a essas características, existe dificuldade para gerir o capital intelectual que é composto pelo capital interno, externo e humano, sendo: » Capital interno: criado pelas pessoas e utilizados pela organização. » Capital externo: depende de como a organização resolve e oferece soluções para os problemas dos clientes. » Capital humano: como já mencionado, é a habilidade das pessoas em agir em determinadas situações. Figura 6. Constituição do capital humano Capital intelectual Capital humano Capital interno Capital externo Estrutura interna (conceitos, modelos, processos, sistemas administrativos e informacionais) Estrutura externa (relações com clientes e fornecedores, marcas, imagem e reputação) Estrutura externa (educação, experiências, valores e competências) Os novos papéis da Administração de Pessoal As inúmeras mudanças nas organizações apresentadas nos itens anteriores foram principalmente culturais e comportamentais, já que elas transformaram o papel das pessoas que delas participam. A Administração de Pessoal teve que se reorientar completamente para adequar- se às novas exigências tanto nos aspectos organizacionais e estruturais como nos aspectos culturais e comportamentais. Assim, a gestão de pessoas teve que assumir novos papéis. Os papéis hoje assumidos pela área de gestão de pessoas são múltiplos: devem desempenhar papéis operacionais e ao mesmo tempo estratégicos; só dessa maneira podem adicionar valor à organização. 27 MODERNA GESTÃO DE PESSOAS │ UNIDADE I Hoje, existem quatro papéis principais da gestão de pessoas na construção de uma organização competitiva, a saber: » Administração de estratégias de recursos humanos: como a gestão de pessoas pode ajudar a impulsionar a estratégia da organização. » Administração de infraestrutura da empresa: como a gestão de pessoas pode oferecer uma base de serviços à organização para ajudá-la a ser eficiente e eficaz. » Administração da contribuição dos funcionários: como a gestão de pessoas pode ajudar no envolvimento e comprometimento dos funcionários, transformando-os em agentes empreendedores, parceiros e fornecedores para a organização. » Administração da transformação e da mudança: como a gestão de pessoas pode ajudar na criação de uma organização criativa, renovadora e inovadora. Os quatro papéis podem ser observados na Figura 7: Figura 7. Os novos papéis da gestão de pessoas Foco no futuro estratégico Foco no cotidiano operacional Administração de estratégia de RH Administração da infra-estrutura da empresa Administração da transformação e mudança Administração da contribuição dos funcionários Foco nos processos Foco nas pessoas Esses novos papéis trouxeram várias mudanças para a administração de pessoal, como pode ser observado na Figura 8. Figura 8. Mudanças na administração de pessoal De Para Operacional e burocrático Estratégico Posicionamento e controle Parceria e compromisso Curto prazo e imediatismo Longo prazo 28 UNIDADE I │ MODERNA GESTÃO DE PESSOAS De Para Administrativo Consultório Foco na função Foco no negócio Foco interno e introvertido Foco externo e no cliente Reativo e solucionador de problemas Proativo e preventivo Foco na atividade e nos meios Foco nos resultados e nos fins Essas mudanças na área de Administração de Pessoal tiveram como consequência mudanças nas atribuições dos gerentes de linha que passaram a se envolver no processo de Administração de Pessoal. Para cumprir essas novas responsabilidades, os gerentes de linha devem aprender novas habilidades conceituais e técnicas, além de desenvolver habilidades humanas para lidar com suas equipes de trabalho. Portanto, não se trata apenas de mudanças na área de RH, mas também no papel de gerentes de linha para que o processo seja bem-sucedido. Consulte o site <http://www.fae.edu/publicacoes>, e veja a entrevista com dois especialistas da área de RH que foi publicada na Revista FAE Business, no 03: Desafio do Gerenciamento de Recursos Humanos. No setor de administração pública, quais foram as mudanças nas atribuições da área de gestão de pessoas? Você considera que essas mudanças foram suficientes e adequadas? Em caso negativo, quais mudanças você sugeriria? Justifique sua resposta. No setor privado, houve uma descentralização das responsabilidades da área de gestão de pessoas, que eram atribuídas à administração central e passaram para os ministérios e as agências administrativas. Essa descentralização foi igualmente acompanhada da delegação de responsabilidades aos quadros operacionais dessas agências e ministérios. Parabéns, você chegou ao final do Capítulo 2, espero que tenha gostado. Não esqueça de dar uma lida nos textos sugeridos. 29 CAPÍTULO 3 Estudo sobre a motivação humana no trabalho Neste capítulo você vai aprender o conceito de motivação e sua importância para o crescimento das organizações, conhecer o ciclo motivacional e algumas das teorias motivacionais, além da teoria de Maslow apresentada no Capítulo 1. Antes de iniciar nosso estudo, segue texto que é exemplo de uma das formas pelas quais as organizações podem utilizar-se para descobrir se os funcionários estão realmente motivados: a aplicação de pesquisas. O texto a seguir é o modelo de uma pesquisa intitulada “Você está motivado no seu trabalho?”, que trata de uma íntegra do teste publicado de forma resumida na revista Veja, nº 111, de 7 de fevereiro de 2001. Hoje este material é utilizado por Marco Aurélio Ferreira Vianna nas palestras motivacionais do Instituto do MVC. 1. Que sentimento e/ou atitude você tem sobre a aposentadoria? a. Desde que começou a trabalhar, você conta os dias que faltam para a GRANDE DATA. b. Está louco para que chegue este DIA DE LIBERTAÇÃO. c. Tem projetos alternativos para sua vida pessoal e profissional. d. Você acha que no dia que sair da empresa morre antes de dormir. 2. Você está jantando com sua família e começa a falar sobre seu chefe: a. Imediatamente pede um remédio para o estômago. b. Esta cenajamais ocorreria, pois assuntos profissionais não entram em casa. c. Combinam convidá-lo para um próximo jantar. d. Você guarda um pedaço da torta de chocolate para levar para ele no dia seguinte. 30 UNIDADE I │ MODERNA GESTÃO DE PESSOAS 3. Você ganha 5 milhões na mega-sena: a. Imediatamente redige uma carta para sua empresa “dizendo o que nunca teve coragem para dizer”. b. Fica feliz com sua independência. c. Começa a pensar em uma nova relação de trabalho com sua própria empresa (parceria). d. Compra os 5 milhões de reais em ações da sua organização. 4. Ao dormir domingo à noite e lembrar que o dia seguinte é segunda-feira: a. Você começa a tremer e toma um Lexotan. b. Passa por você uma certa sensação esquisita. c. Você mentaliza que se inicia mais uma semana de criação e desenvolvimento. d. Você dá graças a Deus e sonha com os anjos. 5. Quando seu chefe o chama para trabalhar no final de semana para terminar um projeto: a. Você toma um litro de uísque para “esquecer a desgraça”. b. Você vai com uma pesada sensação de que está caminhando para a forca. c. Você pensa que é um sacrifício eventual que vale para o desenvolvimento da empresa. d. Você propõe que a equipe se mude para um hotel para trabalhar 24 horas por dia. 6. Quando você está trabalhando com sua equipe: a. Você percebe que ficam todos encostados na parede com medo da “ação do próximo”. b. Você percebe que seus companheiros de trabalho se sentem com a obrigação de se entenderem bem. 31 MODERNA GESTÃO DE PESSOAS │ UNIDADE I c. Você se sente em um time cujos membros são unidos pelo respeito e até pela admiração mútua. d. Você considera esta turma muito mais importante que sua família. 7. Semana que vem, o feriado cai na quinta-feira e a empresa vai “emendar”: a. Você acha que o Presidente da República deveria assinar uma lei que tornasse feriado toda quinta ou terça. b. Desde o início do ano você já tem planos de viagem para esta data. c. Você gosta, mas se preocupa com os impactos negativos nos resultados do seu trabalho e no desempenho da empresa. d. Você se rebela contra a “emenda”, vai trabalhar na quinta, na sexta e, para dar o exemplo, também no sábado até as 9 horas da noite. 8. Fora da empresa e do horário de trabalho: a. Você deleta a empresa da sua mente e não admite confundir as coisas. b. Esporadicamente você faz algum comentário sobre “o local do sacrifício”. c. Sem exageros você busca conexões entre o mundo, o ambiente externo e o lugar onde você se desenvolve como ser humano e profissional. d. Quem está fora da empresa é seu corpo, pois seu cérebro pertence 24 horas à organização. 9. Ao se imaginar daqui a dez anos na mesma empresa: a. Você chega a pensar em suicídio. b. Você começa a chorar. c. Você planeja como será o seu desenvolvimento pessoal dentro da organização neste período. d. Você não tem dúvida de que esta é a única opção que você admite para sua vida. 32 UNIDADE I │ MODERNA GESTÃO DE PESSOAS 10. Qual a sua relação com o trabalho: a. Um castigo de Deus. b. Uma relação burocrático-jurídica, em que você troca dez horas do seu dia por um cheque no final do mês. c. Uma oportunidade para você cumprir sua missão terrena, agregando valor ao universo e recebendo uma justa remuneração material em troca. d. A única coisa importante na sua vida. 11. No almoço de trabalho ou no elevador da empresa você se junta a mais quatro ou cinco colegas: a. Tem sempre um advogado junto, ajudando a “tchurma” a entrar na Justiça para receber direitos trabalhistas do passado. b. O papo se concentra no próximo aumento salarial. c. Ideias são trocadas para melhorar a integração pessoal, o ambiente humano e o desempenho da empresa. d. Discutem-se o corte de custos e a próxima demissão de pessoal. 12. Você recebe um convite para sair da empresa. Em que situação você recusa ou aceita a nova oportunidade? a. Sai agora até por menos vinte por cento do salário que ganha hoje. b. Pelo mesmo salário você aceita. c. Depende de vários fatores, incluindo o ambiente humano da nova organização, a perspectiva de desenvolvimento oferecida e, claro, uma justa remuneração. d. Você quer dinheiro, dinheiro, dinheiro. Some: 1 ponto para cada resposta (a) 3 pontos para cada resposta (c) 2 pontos para cada resposta (b) 4 pontos para cada resposta (d) Resultados: 33 MODERNA GESTÃO DE PESSOAS │ UNIDADE I Entre 12 e 17 pontos: deve estar difícil viver. Uma boa solução é realmente jogar na mega-sena e em todas as loterias ou, então, torcer para aquela velha tia rica morrer e deixá-lo como único herdeiro. Apesar de tudo, tente rever sua relação com o trabalho e as crenças que construíram esta raiva tão grande que você tem do trabalho. Entre 18 e 27 pontos: você caminha todo o dia para o sacrifício, mas em alguns momentos há uma luz no fim do túnel onde a motivação começa a aparecer. Uma boa solução talvez seja a troca da empresa. Não deixe, também, de rever suas crenças em relação ao trabalho. Entre 28 e 39 pontos: parabéns! Você é um exemplo de motivação e apresenta um excelente equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional. Você entende que o trabalho (especificamente na sua empresa) é um importante instrumento de desenvolvimento e evolução. Tente mostrar aos outros suas crenças em relação a ele. Entre 40 e 45 pontos: mais do que motivado, você é dependente do trabalho. Workaholic é seu estado de espírito. Você deve estar com sua família e se comunicando por e-mail com seus filhos. Tente voltar à faixa dos 36 pontos. Mais de 45 pontos: você não é um ser humano. Você é um robô. A vida para você é um fluxo de caixa e as palavras humanas escrevem da seguinte forma: amor; sentimento, felicidade. Agora, vamos iniciar os conceitos referentes a este capítulo. Conceito de motivação A motivação é fator crítico na definição moderna de gestão de pessoas e influencia direta e indiretamente as práticas de excelência em qualidade e alta produtividade e, por conseguinte, a capacidade sustentada da competitividade corporativa. Assim sendo, compreender como agem os processos motivacionais é fundamental para a sobrevivência das organizações nos dias de hoje. Algumas organizações propiciam ambiente de sofrimento, de tédio, de desespero e desconforto existencial, levando as pessoas a perderem seu interesse pelo trabalho e seguirem por caminhos que levam, às vezes, à mediocridade. Para que tal situação não ocorra, é necessário que o gestor de pessoas exerça o papel de motivador, fazendo com que as tarefas sejam desempenhadas com eficiência, eficácia 34 UNIDADE I │ MODERNA GESTÃO DE PESSOAS e prazer. Assim, é necessário que as organizações e, principalmente, os gestores de pessoas conheçam bem o conceito de motivação para poder implantá-lo. Existem vários conceitos para motivação e todos têm um ponto em comum: referem-se ao impulso da pessoa para agir de determinada forma. Seguem alguns desses conceitos. De modo geral, motivação é tudo aquilo que impulsiona a pessoa a agir de determinada forma ou, pelo menos, que dá origem a uma propensão a um comportamento específico, podendo este impulso à ação ser provocado por um estímulo externo (provindo do ambiente) ou também ser gerado internamente nos processos mentais do indivíduo (CHIAVENATO, 1999). A motivação é um impulso de uma pessoa para agir, porque ela assim o deseja. Se as pessoas forem empurradas, estão meramente reagindo à pressão. [...] Entretanto, se estão motivadas, fazem a escolha positiva para realizar alguma coisa, porque veem esse ato como significante para elas. (autor desconhecido). Motivação é uma energia, uma tensão, uma força, ou ainda, um impulso interno aos indivíduos. Sobretudo, o que é relevante considerar é que a motivação é interior a cada indivíduo, e leva-o a agir espontaneamente para alcançar determinado objetivo (QUEIROZ). Motivação é a força ou o impulso que levaos indivíduos a agir de uma forma específica (MAITLAND, 2002). Com base nos conceitos apresentados e em pesquisas que você deve realizar, crie uma definição própria para motivação, justificando cada parte dela. Para explicar como a motivação influencia o ser humano, foi desenvolvido o ciclo motivacional, que explica com mais detalhes como funciona este impulso. Ciclo motivacional O organismo humano permanece em estado de equilíbrio interno até que um estímulo o rompa e crie uma necessidade, que é uma força dinâmica e persistente que provoca comportamento. Essa necessidade provoca um estado de tensão em substituição ao estado anterior de equilíbrio. A tensão conduz a um comportamento ou ação capaz de atingir alguma forma de satisfação dessa necessidade. Se o comportamento for eficaz, 35 MODERNA GESTÃO DE PESSOAS │ UNIDADE I o indivíduo encontrará a satisfação da necessidade e o organismo volta ao estado de equilíbrio anterior, à sua forma de ajustamento ao ambiente. No ciclo motivacional, a necessidade é satisfeita. À medida que o ciclo se repete com a aprendizagem e a repetição (reforço), os comportamentos tornam-se gradativamente mais eficazes na satisfação de certas necessidades. Uma vez satisfeita, a necessidade deixa de ser motivadora do comportamento, já que não causa tensão ou desconforto. No ciclo motivacional, contudo, a necessidade nem sempre pode ser satisfeita. Ela pode ser frustrada ou, ainda, pode ser recompensada, ou seja, transferida para outro objeto, pessoa ou situação. No caso de frustração da necessidade, a tensão provocada pelo surgimento da necessidade encontra uma barreira ou um obstáculo para a sua liberação. Não encontrando saída normal, a tensão represada no organismo procura um meio indireto de saída, por via psicológica (agressividade, descontentamento, tensão emocional, depressão, autoagressão etc.) ou por via fisiológica (tensão nervosa, insônia, perda do apetite etc.). A Figura 9 apresenta um ciclo motivacional. Figura 9. Ciclo Motivacional Satisfação Comportamento ou Ação Barreira Frustração Alienação S E Equilíbrio Estímulo Necessidade Tensão Assim, as organizações têm duas possibilidades de transformar o trabalho: em algo que pode alienar o ser humano ou em algo que pode ser fonte de realização de necessidades, impulsionando-o em direção aos seus objetivos pessoais e, por consequência, aos objetivos da organização. Se o indivíduo estiver constantemente frustrado, ele repassa para a sociedade toda essa arrogância, afetando com isso a imagem da organização. Se o funcionário não estiver passando pelo ciclo motivacional tranquilamente, sem estresse, ele poderá repassar para os clientes internos, externos e até mesmo para a sociedade toda espécie de ansiedade e frustração. 36 UNIDADE I │ MODERNA GESTÃO DE PESSOAS No caso das organizações da área de administração pública, até bem pouco tempo atrás, não havia muita preocupação com a questão da motivação de seus empregados. Para um funcionário público ser considerado “motivado” levava-se em conta apenas o salário e a estabilidade. Mas essa visão vem mudando, conforme você observou no Capítulo 1, “Ganho de produtividade”, e, verá no seguinte texto, sobre o sistema de avaliação e premiação de resultados desenvolvido pela Embrapa para motivar seus funcionários. É um trecho adaptado do artigo “Sistema de Avaliação e Premiação de Resultados da Embrapa” de Alberto Duque Portugal, Antônio Flávio Dias Ávila, Elísio Contini e Geraldo da Silva e Souza, da Revista do Serviço Público, ano 49, no 3, jul.-set. 1998. Por que a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) cria um Sistema de Avaliação e Premiação por Resultados (Sapre)? A avaliação de centros de pesquisa e de indivíduos é um processo difícil de administrar, porque envolve reações nem sempre previsíveis e motivadoras. Avaliar significa julgar o comportamento alheio. Mesmo indicadores considerados objetivos não eliminam a subjetividade contida no processo. A premiação pressupõe também julgamentos e a concessão de benefícios diferenciados entre pessoas, nem sempre compreendidos e aceitos por todos os empregados de organizações governamentais. A Embrapa, desde sua criação, tem adotado diferentes enfoques metodológicos para avaliar seus empregados, mas pouco tem feito para premiá-los. Além da tradicional promoção anual com ganhos financeiros, a Empresa limitou-se ao reconhecimento individual, baseado na entrega de medalhas e menções honrosas. O sistema Sapre, implantado em 1996, inova ao integrar os vários níveis institucionais, englobando equipes e indivíduos. Estabelece como objetos de avaliação os resultados obtidos pelos centros de pesquisa, pelas equipes de projetos e empregados, no período de um ano. Outra inovação importante é a clara distinção entre a premiação via promoções (acréscimos permanentes aos salários dos empregados) e a premiação por resultados, concedida a cada ano, em função do cumprimento de metas e outros indicadores de eficiência, previamente negociados (remuneração variável). Do ponto de vista institucional, este modelo constitui-se em uma resposta gerencial à demanda da sociedade no sentido de elevar a eficiência e eficácia de um órgão governamental. Não que a Embrapa produza pouco, haja vista a boa 37 MODERNA GESTÃO DE PESSOAS │ UNIDADE I imagem que desfruta na sociedade. Mas pode fazer muito mais. Principalmente, em face do alto nível de especialização de seu quadro técnico, da boa infraestrutura física implantada, incluindo equipamentos, e dos salários competitivos que paga no presente. É neste ambiente que se insere o Sapre. A avaliação abrange todas as unidades, equipes e empregados. A premiação depende dos níveis de desempenho, recebendo mais benefícios quem apresentar melhores resultados. Com a implantação do Sistema, deseja-se alcançar um patamar de desenvolvimento organizacional mais elevado, motivando unidades, equipes e empregados a produzir mais resultados e de melhor qualidade. O sistema de avaliação e premiação de unidades, equipes de trabalho e empregados integra ações gerenciais novas com sistemas em pleno funcionamento, como o Sistema Embrapa de Planejamento (SEP) e o Sistema de Planejamento, Acompanhamento e Avaliação de Resultados do Trabalho Individual (SAAD/RH). A proposta é recompensar — por meio de um adicional na remuneração, de vantagens na alocação e liberação de recursos e por prêmios não monetários — unidades, equipes e empregados que mais contribuíram para o desempenho da missão e objetivos da Embrapa. O processo de premiação é seletivo, para que não corra o risco de tornar-se banal. De outro lado, não é por demais restritivo, para não obstar a motivação das pessoas a concorrer. Espera-se que a avaliação e a premiação aumentem a competição saudável e que haja colaboração entre unidades, equipes e indivíduos, de modo a torná-los mais eficientes. Enfatiza-se também o ritual de concessão de prêmios, para que sirvam de bons exemplos, valorizando os agraciados. Nesta estratégia, o indivíduo premiado, como membro de uma equipe ou individualmente, tem pontos adicionais para concorrer a promoção e progressão salarial por mérito no futuro. A estratégia da Empresa contempla o melhoramento periódico do sistema, agregando experiências adquiridas em sua prática, bem como sucessos obtidos em outras organizações públicas e privadas, nacionais e internacionais. Para tanto, incentiva a participação das chefias das unidades e de seus empregados e equipes de trabalho no processo de melhoria do Sistema. Como consequência da implantação do Sapre em início de 1996, já foi possível identificar aumentos substanciais nos resultados obtidos no período 1996/1997, comparando metas mais consistentes. 38 UNIDADE I │ MODERNA GESTÃO DE PESSOAS Teorias motivacionais A partir dos conceitos de motivação e do ciclo motivacional, apresentados nos itens anteriores,pode-se dizer que, para que haja motivação, é preciso que o ser humano sinta-se capaz de atingir seus objetivos, suas necessidades. Portanto, é preciso pensar na valorização das pessoas, ou melhor, na valorização do capital humano, no ambiente de trabalho. Assim, elas conseguirão atingir os seus objetivos e, consequentemente, os objetivos da organização. Para isso, pensa-se automaticamente em motivação. Pesquise sobre capital humano, ou volte ao capítulo 2. Nesse momento, surgem algumas perguntas que as organizações devem tentar responder: » O que motiva este indivíduo a dedicar-se com afinco às suas tarefas? » O que o leva, além da necessidade financeira, a dedicar a maioria do seu dia ao ambiente de trabalho? Que resposta você daria para essas perguntas? Justifique suas respostas. Durante muitos anos pensou-se em salários e benefícios como fontes de motivação. Hoje, porém, sabe-se que a motivação é muito mais complexa e depende de um conjunto de situações. Para enfrentar desafios, o empregado tem que usar da sua criatividade e imaginação, já que o ser humano é multidimensional e, para sentir-se motivado, precisa expandir suas dimensões operacional, social e política. É isso que as empresas vêm tentando fazer: estimular a criatividade e a imaginação de seus funcionários. Criatividade é a geração de ideias novas e inovação é a aplicabilidade dessas novas ideias para criar algo novo, podendo ser uma nova empresa, um novo produto, um novo serviço, um novo processo, um novo método de trabalho e outros. A Figura 10 apresenta os produtos obtidos da criatividade e da inovação. Mais detalhes sobre criatividade e inovação serão apresentados no Capítulo 4: Desenvolvimento Organizacional. 39 MODERNA GESTÃO DE PESSOAS │ UNIDADE I Figura 10. Produtos obtidos da criatividade e da inovação Criatividade Inovação Uma nova empresa Um novo produto Um novo serviço Um novo processo Um novo método de trabalho Geração de ideias novas e criativas Aplicação de novas ideias para criar Para auxiliar as organizações na busca da motivação dos seus funcionários, ao longo da história, várias correntes surgiram sobre motivação de pessoas nas organizações, conforme ilustra o Quadro 1. A tradicional concepção do homem como um recurso da empresa cedeu lugar aos poucos à percepção do homem como uma pessoa com diversas necessidades e que busca a autorrealização no trabalho. Quadro 1. Principais teorias sobre a motivação dos trabalhadores ÉPOCA CORRENTE/ AUTOR CARACTERÍSTICAS FATOR DE MOTIVAÇÃO 1900 Taylorismo Divisão entre planejamento e execução. Especialização. Racionalização. Punições e recompensas pecuniárias. 1924 Relações humanas Homem comporta-se de acordo com as normas do grupo informal. Relações interpessoais. 1954 Maslow Hierarquia das necessidades humanas: a cada momento há uma necessidade insatisfeita predominante. Perspectiva de satisfação da necessidade dominante. 1959 Herzberg Divisão entre fatores higiênicos e motivacionais. Enriquecimento do trabalho. 1960 McGregor Duas formas de encarar o trabalhador: teoria X e teoria Y. Autonomia, desafios. 1964 Vroom Duas formas de encarar o trabalhador: teoria X e teoria Y. Espectação, intrumentalidade e valência. 1960- 1970 Democracia industrial na Noruega Organização como sistema aberto reflete os novos valores que surgem na sociedade. Sede de novos valores. 1950 Logoterapia Busca do sentido na vida como principal força motivadora do ser humano. Busca da realização de um sentido. 1975 Programação reurolinguística Melhoria da relação interpessoal e da eficácia no alcance de objetivos através de técnicas de comunicação e de programação pessoal. Comunicação sem vícios, atitude positiva. 1990 Coaching Técnica behaviorista para gerenciamento do desempenho. Reforços positivos. 1990 Energização Qualidade e produtividade decorrem de uma energia positiva – Zapp! Participação, comunicação eficaz, autonomia e reconhecimento. As teorias apresentadas são válidas, embora tenham características próprias dando mais destaque a alguns aspectos do que a outros. Contudo, a organização tem a responsabilidade de aplicar a que melhor se adapta àquilo que se deseja, bem como a responsabilidade de motivar pessoas próximas no ambiente de trabalho. 40 UNIDADE I │ MODERNA GESTÃO DE PESSOAS Pesquise sobre as teorias apresentadas no Quadro 1 e apresente os pontos positivos e negativos de cada uma (não esqueça que você já pesquisou sobre a teoria de Maslow no Capítulo 1). Crie uma teoria motivacional baseada nos pontos positivos que você considera essenciais para motivação nos dias de hoje. Neste item serão apresentadas três teorias que, apesar de antigas, são utilizadas até os dias de hoje, juntamente com a teoria de Maslow. Além disso, será dado destaque ao coaching, que é a teoria motivacional dos dias atuais, que mais vem sendo utilizada pelas organizações. Volte ao Capítulo 1 e leia sobre a teoria de Maslow para conseguir entender melhor este item. Teoria da motivação-higiene de Herzberg Foi elaborada com base em pesquisas feitas para estudar a relação entre a produtividade e a moral, em que questionavam os aspectos agradáveis e desagradáveis do trabalho. Esta teoria complementa a teoria de Maslow, procurando demonstrar que a satisfação de necessidades básicas não é fonte de motivação, mas de movimento. Concebe a motivação apenas como fruto da satisfação dos fatores motivadores, ou seja, fatores que satisfazem as necessidades de estima e autorrealização, como reconhecimento, desafios, perspectiva de ascensão profissional, percepção do sentido do trabalho. Herzberg chamou os fatores que satisfazem as necessidades fisiológicas, de segurança e sociais de fatores higiênicos, os quais serviriam apenas para prevenir a insatisfação no trabalho, tais como salário, estabilidade no emprego, condições de trabalho, relacionamento entre pessoas. Entretanto, para buscar a satisfação, é preciso antes de tudo prevenir a insatisfação. Afinal, não se pode esperar que os indivíduos sintam-se comprometidos e responsáveis pelo trabalho se não lhes são fornecidas condições necessárias para a satisfação das necessidades básicas. Associando a teoria de Maslow e Herzberg à nossa questão de salário, apresentada anteriormente como fator de motivação, observamos que, indiretamente, o salário contribui, sendo o pano de fundo. Podemos compreender assim porque o salário está tão intimamente ligado à satisfação das necessidades humanas. 41 MODERNA GESTÃO DE PESSOAS │ UNIDADE I As pessoas desejam dinheiro porque este permite-lhes não só a satisfação de necessidades fisiológicas e de segurança, mas também dá plenas condições para a satisfação das necessidades sociais, de estima e de autorrealização. Portanto, o dinheiro é um meio e não um fim. O salário não é fator de motivação quando analisado isoladamente. A troca fria de produção por salário não gera satisfação ao empregado. É apenas recompensa justa pelo seu trabalho e o empregado busca a garantia de sua sobrevivência. Diante disso, as organizações devem ver o salário como função agregada de motivação e procurar utilizá-lo como um instrumento a mais na compatibilização dos objetivos organizacionais e pessoais. Teoria de Vroom Vroom desenvolveu um modelo contingencial de motivação, baseando-se na observação de que o processo motivacional não depende apenas dos objetivos individuais, mas também do contexto de trabalho em que o indivíduo está inserido. Reconhece a evidência de que diferentes pessoas reagem de diferentes maneiras, conforme a situação em que estejam colocadas, enfatizando assim as diferenças individuais. Há três forças básicas que atuam dentro do indivíduo e que influenciam seu nível de desempenho: » Expectação: soma entre as expectativas do indivíduo, ou seja, seus objetivos individuais e a percepção que o indivíduo tem de si mesmo, de sua capacidade para atingir esses objetivos. » Instrumentalidade: soma dasrecompensas que o indivíduo pode conseguir em troca de seu desempenho. É um fator subjetivo que varia de acordo com a pessoa. Para muitos, pode significar a autonomia, a possibilidade de iniciativa e de expansão da criatividade. » Valência: significa o valor real que o indivíduo dá à instrumentalidade percebida. Não basta que o indivíduo perceba as recompensas que pode alcançar através de seu desempenho. É preciso que essas recompensas tenham um valor real para ele, que satisfaçam suas expectativas. O sistema de recompensas vigente pode não ter nenhuma importância para uma pessoa, que não se sentirá motivada, e, ao contrário, ter muita importância para outra pessoa, que terá uma motivação forte. 42 UNIDADE I │ MODERNA GESTÃO DE PESSOAS Esses três aspectos influenciam a motivação das pessoas no trabalho. Se um dos elementos está ausente, a motivação torna-se fraca. Se todos eles estão presentes, a motivação é alta. Esta teoria leva-nos a concluir que as organizações obtêm de seus empregados o desempenho desejado não apenas quando satisfazem os seus objetivos individuais, mas quando mostram a eles que o caminho para a satisfação dos objetivos individuais está no alcance do desempenho desejado. Teorias X e Y de McGregor Teoria X: os gerentes acreditam que os seus subordinados são incompetentes, que devem ser controlados a todo momento, não gostam de assumir responsabilidades e, sempre que possível, evitam o trabalho. A tendência desse tipo de gerente é dirigir a equipe com “mão-de-ferro”, deixando muito pouco espaço para participação no processo decisório. Teoria Y: os gerentes acreditam que as pessoas tendem a fazer um bom trabalho apenas pelo prazer de “fazer bem feito”. Eles confiam na eficácia da “gestão participativa” e no compartilhamento de informações entre os membros da equipe. Gerentes X são indicados em situações extremas, seja para o lado favorável ou extremamente desfavorável como, por exemplo, uma tropa em um campo de batalha. Nesse tipo de situação, não há espaço para debates e as ordens devem ser simplesmente aceitas, sem questionamentos. Os gerentes do tipo Y são indicados em projetos ou situações em que não existem grandes pressões relacionadas ao tempo, custo etc., proporcionando a existência de um clima favorável para o diálogo e o debate. Na maioria dos casos, os gerentes atuam em uma posição intermediária entre esses dois estilos, dependendo da situação e das características de seus subordinados em relação à predominância de comportamento. A partir do que foi apresentado neste capítulo, podemos concluir que: » a motivação é um fator intrínseco e acontece apenas nos níveis mais elevados da hierarquia de Maslow – estima e autorrealização; » salário, condições de trabalho, recreações e lazer não geram motivação, apenas servem para prevenir a insatisfação. É preciso, entretanto, primeiro prevenir a insatisfação para depois gerar a motivação; 43 MODERNA GESTÃO DE PESSOAS │ UNIDADE I » o ser humano sente-se realizado quando encontra sentido naquilo que faz e sente-se motivado quando enxerga no trabalho um caminho para a realização de seu sentido; » as organizações precisam proporcionar ao trabalhador espaço para a criatividade e inovação. Esse espaço pode ser construído por meio do enriquecimento do trabalho; » técnicas comportamentalistas, ao enfocar o homem como um recurso organizacional dotado apenas da dimensão operacional, não servem para motivar, mas apenas para corrigir o mau desempenho; » as organizações precisam ajudar as pessoas a identificarem seus sonhos e buscar a realização destes, não só no campo profissional. Parabéns, você chegou ao final do Capítulo 3, espero que tenha gostado. Não esqueça de dar uma lida nos textos apresentados neste capítulo. 44 UNIDADE II MUDANÇAS ORGANIZACIONAIS E AGREGAÇÃO DE PESSOAS CAPÍTULO 1 Desenvolvimento organizacional Este capítulo propõe a apresentação de temas como sistema orgânico, criatividade, mudança e desenvolvimento organizacional. Sistema orgânico e criatividade A busca do desenvolvimento mútuo e continuado entre organizações e pessoas é, sem dúvida, um dos aspectos mais importantes da moderna gestão de pessoas. A única forma de ultrapassar os obstáculos que se colocam para o futuro das organizações é torná-las permanentemente viáveis. O treinamento é um esforço de melhoria individual. Como tal, ele é indispensável, mas insuficiente para as necessidades organizacionais de um mundo em constante mudança (vide Capítulo 6 “Capacitação”). Torna-se necessário um esforço mais amplo e compreensivo de mudança e melhoria organizacional. Por que o treinamento é um esforço insuficiente? Que tipos de ações as organizações devem realizar para tornar o esforço mais amplo? Justifique suas respostas. No passado, as organizações eram feitas para durar para sempre, como se fossem prontas, perfeitas e acabadas e não necessitassem de melhoria ou ajustes com o passar do tempo. Parecia que o mundo não sofria mudanças. As organizações exigiam um comportamento burocrático, repetitivo e reprodutivo das pessoas. O foco se concentrava na eficiência: fazer as coisas exatamente de acordo com as regras, métodos e procedimentos da organização. As pessoas não podiam pensar, mas apenas executar e seguir as ordens dadas, ou seja, as organizações utilizavam um sistema mecânico. Mas os tempos mudaram. Estamos em uma era de instabilidade e de mudança, que 45 MUDANÇAS ORGANIZACIONAIS E AGREGAÇÃO DE PESSOAS │ UNIDADE II requer pessoas e organizações dinâmicas, flexíveis e inovadoras. Na atual conjuntura, as empresas se encontram em plena era da informação e de globalização; a crescente mudança e instabilidade ambiental colocou em cheque o antigo modelo rígido e definitivo de organização. O ambiente que circunda as organizações tornou-se instável e imprevisível e o modelo organizacional tradicional simplesmente não funciona nessas condições. É preciso mudar as organizações para que elas possam ser competitivas neste cenário. Aponte as principais mudanças que você identifica no cenário antigo e no atual das organizações. Apresente as vantagens e desvantagens de cada um dos cenários e a partir dessa análise diga qual dos cenários você considera mais vantajoso para as organizações. Justifique suas respostas. Nesse novo contexto, o sistema orgânico de organização passou a ser necessário para enfrentar o ambiente fluido e mutável. E o que seria este sistema orgânico? É um modelo dinâmico e inovador na busca de flexibilidade e adaptação ao mundo exterior. As suas principais características são: redução dos níveis hierárquicos, autocontrole, autodireção do desempenho pelas próprias pessoas, cargos mutáveis em constante redefinição, tarefas cada vez mais complexas e diferenciadas, desempenhadas em equipes multifuncionais, autogestão e integração constante para a busca da eficácia. O Quadro 2 apresenta as principais diferenças entre os sistemas mecânicos e os orgânicos: Quadro 2. Sistemas mecânicos e orgânicos DIFERENÇAS ENTRE SISTEMAS MECÂNICOS E SISTEMAS ORGÂNICOS Sistemas Mecânicos Sistemas Orgânicos Ênfase exclusivamente individual e nos cargos da organização. Relacionamento do tipo autoridade – obediência. Rígida adesão à delegação e à responsabilidade dividida. Rígidas divisão do trabalho e supervisão hierárquica. Tomada de decisões centralizada. Controle rigidamente centralizado. Solução de conflitos por meio de repressão, arbitragem e/ou hostilidade. Ênfase nos relacionamentos entre e dentro dos grupos Confiança e crença recíprocas. Interdependência e responsabilidade compartilhada. Participação e responsabilidade multigrupal. Tomada de decisões descentralizada. Amplo compartilhamento de responsabilidade e de controle. Solução de conflitos através de negociação ou de solução de problemas. Muitas organizações, para se adaptar, comprimiram a hierarquia e cortaram níveis intermediários e tomaram a decisão oposta, fazendo
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