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Radiação X Física das radiações Prof.s Priscila Santana e Lucas PaixãoProf.s Priscila Santana e Lucas Paixão Departamento de Anatomia e Imagem Introdução ● Todos os livros de física moderna informam que os raios X foram descobertos por um cientista chamado Röntgen, em 1895. ● Costumase dizer que essa descoberta foi feita por acaso, e a contribuição de Röntgen é comumente minimizada como se ele nada mais tivesse feito além de perceber a existência de um novo tipo de radiação. Fonte: Martins, R.A. A Descoberta dos Raios X: O Primeiro Comunicado de Röntgen. Revista Brasileira de Ensino de Física vol. 20, no. 4, Dezembro, 1998. Introdução ● Descrições desse tipo passam uma visão errônea sobre o próprio processo de pesquisa científica. ● A pesquisa experimental pode ter alguma contribuição do acaso, mas em sua maior parte é um trabalho sistemático, racional, dirigido por pressupostos teóricos e exigindo uma grande engenhosidade técnica para superar dificuldades observacionais e para se testar hipóteses. Introdução ● Röntgen foi essencialmente um físico experimental, dedicado ao estudo quantitativo de fenômenos delicados. ● Röntgen descobriu os raios X no final de 1895, aos 50 anos de idade. ● Em 1901, ele recebeu o primeiro Prêmio Nobel em Física, por essa descoberta. Introdução ● Dos quase 60 trabalhos que publicou durante sua vida, apenas três curtos artigos foram dedicados aos raios X. ● Um deles no final de dezembro de 1895 (Rontgen, 1895); um segundo em março do ano seguinte (Rontgen, 1896); e o terceiro em março de 1897 (Rontgen, 1897). ● O primeiro é o trabalho mais famoso. Introdução ● Dos quase 60 trabalhos que publicou durante sua vida, apenas três curtos artigos foram dedicados aos raios X. ● Um deles no final de dezembro de 1895 (Rontgen, 1895); um segundo em março do ano seguinte (Rontgen, 1896); e o terceiro em março de 1897 (Rontgen, 1897). ● O primeiro é o trabalho mais famoso. Introdução ● Dos quase 60 trabalhos que publicou durante sua vida, apenas três curtos artigos foram dedicados aos raios X. ● Um deles no final de dezembro de 1895 (Rontgen, 1895); um segundo em março do ano seguinte (Rontgen, 1896); e o terceiro em março de 1897 (Rontgen, 1897). ● O primeiro é o trabalho mais famoso. Introdução ● Röntgen: “Eu estava interessado há muito tempo no problema dos raios catódicos em tubos de vácuo, estudados por Hertz e Lenard”. ● “Eu havia seguido suas pesquisas e a de outros com grande interesse e decidira que logo que tivesse tempo faria algumas pesquisas próprias. Encontrei esse tempo no final do último mês de outubro. Eu já estava trabalhando há alguns dias quando descobri algo de novo.” Introdução ● Röntgen: “Eu estava trabalhando com um tubo de Crookes coberto por uma blindagem de papelão preto. Um pedaço de papel com platino cianeto de bário estava lá na mesa. Eu tinha passado uma corrente pelo tubo, e notei uma linha preta peculiar no papel”. Introdução ● Röntgen: ““Estavam saindo raios do tubo que tinham um efeito luminescente sobre o papel. Testeio com sucesso a distâncias cada vez maiores, até mesmo a dois metros. Ele parecia inicialmente um novo tipo de luz invisível. Era claramente algo novo, algo não registrado”. ● “Tendo descoberto a existência de um novo tipo de raios, é claro que comecei a investigar o que eles fariam”. Introdução ● Röntgen trabalhou intensamente durante algumas semanas, procurando determinar as propriedades da nova radiação. ● Eles se propagavam em linha reta, produzindo por isso sombras regulares. Eram capazes de penetrar grandes espessuras de diversos materiais especialmente no caso de materiais menos densos. Os metais especialmente o chumbo o absorviam mais fortemente. ● Eram capazes de produzir fluorescência em várias substâncias diferentes. Introdução ● Por analogia com a luz, radiação ultravioleta e raios catódicos, ele estudou várias outras propriedades: os raios X eram capazes de sensibilizar chapas fotográficas, como essas radiações. ● Não podiam ser refletidos, nem refratados o que os diferenciava da luz e da radiação ultravioleta, mas os aproximava dos raios catódicos. No entanto, eram muito mais penetrantes do que os raios catódicos, e, ao contrário desses, não podiam ser desviados por ímãs. ● Fez alguns testes, e não detectou fenômenos de interferência e polarização com os novos raios. Introdução ● Na época de Natal de 1895, quando se sentiu suficientemente seguro com relação às principais propriedades dos novos raios, Röntgen redigiu seu primeiro artigo. ● O trabalho foi enviado para publicação, e antes que a revista fosse preparada, Röntgen convenceu a gráfica a imprimir um certo número de separatas ● No dia 1o. de janeiro ele já estava enviando pelo correio algumas dezenas de separatas, acompanhadas por radiografias de diversos objetos incluindo da mão de sua esposa. Introdução Introdução ● “ O [jornal] Wiener Presse foi o primeiro a soprar a trombeta de aviso, e os outros se seguiram. Em poucos dias, eu estava enojado com a coisa toda. Eu já não conseguia reconhecer meu próprio trabalho nos relatos. Para mim, a fotografia era um meio para um fim, mas foi transformada na coisa mais importante”. ● “Gradualmente, habitueime ao ruído, mas a tempestade durou bastante. Durante exatas quatro semanas fui incapaz de fazer um único experimento!”. Introdução https://www.myesr.org/html/img/pool/IDOR_2015_Poster_A4_b r_web.jpg https://smediacacheak0.pinimg.com/236x/0 7/73/66/077366d0bc542989938513a0299a6a4 b.jpg http://38.media.tumblr.com/c08b65f790b678c417672c161f75e80d/tumblr_nfyvrkdZ c11qer0y6o1_1280.gif Raios X contínuos e característicos ● Roentgen descobriu que os raios X são produzidos quando um feixe de elétrons atinge um alvo. ● Os elétrons perdem grande parte da sua energia em colisões com elétrons atômicos no alvo, causando a excitação e ionização dos átomos. Raios X contínuos e característicos ● Além do mais, eles podem ser acentuadamente desviados de sua trajetória na vizinhança do núcleo do átomo. ● Assim, perdendo energia pela irradiação de fótons de raios X. Raios X contínuos e característicos ● Para entender os processos envolvidos na produção de raios X, vamos ver as propriedades típicas de um feixe de raios X. Raios X contínuos e característicos Johns, H.E.; Cunningham, J.R. The physics of radiology. 4th ed. Springfield: Charles C. Thomas, 1983. Raios X contínuos e característicos ● Os gráficos dão o número relativo de fótons em cada intervalo de energia em função da energia do fóton. ● A área sob a curva é proporcional ao número total de fótons emitidos. ● Estes espectros medidos nos mostram que o espectro consiste de um espectro contínuo e alguns picos discretos. Raios X contínuos e característicos ● A parte contínua é chamada de radiação de frenamento, ou bremsstrahlung. ● Os picos são chamados radiação característica uma vez que sua posição depende do número atômico do material alvo. Interações dos elétrons com o alvo ● Quando um elétron em alta velocidade penetra as camadas da superfície do alvo, ele pode sofrer um número diferente de tipos de colisões ou encontros. ● A maioria das colisões envolve pequenas transferências de energia, levando à ionização dos átomos do alvo. Interações dos elétrons com o alvo ● A figura mostra um número de colisões nas quais a direçãode movimento do elétron é alterada e ionizações são produzidas. Johns, H.E.; Cunningham, J.R. The physics of radiology. 4th ed. Springfield: Charles C. Thomas, 1983. Interações dos elétrons com o alvo ● Todas estas colisões transferem alguma energia aos elétrons que são arrancados dos átomos. ● Por exemplo, um elétron com energia de 100 keV pode sofrer 1000 de tais interações antes de chegar ao repouso e a grande parte da sua energia aparecerá na forma de calor. Interações dos elétrons com o alvo ● Em algumas destas colisões, o elétron que é arrancado do átomo pode ter energia suficiente para produzir sua própria trajetória. ● Estes elétrons são chamados raios delta () (figura anterior). Interações dos elétrons com o alvo ● De mais interesse para nós estão os eventos muito mais raros, ilustrados nas trajetórias b, c e d da figura. Johns, H.E.; Cunningham, J.R. The physics of radiology. 4th ed. Springfield: Charles C. Thomas, 1983. Interações dos elétrons com o alvo ● De mais interesse para nós estão os eventos muito mais raros, ilustrados nas trajetórias b, c e d da figura. Johns, H.E.; Cunningham, J.R. The physics of radiology. 4th ed. Springfield: Charles C. Thomas, 1983. Interações dos elétrons com o alvo ● Na trajetória b, o elétron incidente atinge diretamente um elétron da camada K dos átomos de W do alvo. ● Quando o buraco criado é preenchido por um elétron de uma camada mais externa, será emitida radiação característica K. Interações dos elétrons com o alvo ● Se o elétron incidente da trajetória b não possui energia suficiente para ejetar o elétron da camada K do alvo, então não haverá radiação característica K. ● Como no caso do espectro de 60 kVp. Johns, H.E.; Cunningham, J.R. The physics of radiology. 4th ed. Springfield: Charles C. Thomas, 1983. Interações dos elétrons com o alvo ● Ocasionalmente, o elétron incidente se aproximará muito perto do núcleo do átomo e sofrerá uma perda radiativa. ● trajetória c. Johns, H.E.; Cunningham, J.R. The physics of radiology. 4th ed. Springfield: Charles C. Thomas, 1983. Interações dos elétrons com o alvo ● Neste caso, o elétron orbita parcialmente ao redor do núcleo pela forte atração entre o núcleo positivo e o elétron negativo. ● O elétron vai sair da interação com energia reduzida. A perda em energia aparecerá na forma de um fóton com energia hf e o elétron incidente sairá com energia E – hf. Interações dos elétrons com o alvo ● Neste caso, o elétron orbita parcialmente ao redor do núcleo pela forte atração entre o núcleo positivo e o elétron negativo. ● O elétron vai sair da interação com energia reduzida. A perda em energia aparecerá na forma de um fóton com energia hf e o elétron incidente sairá com energia E – hf. Interações dos elétrons com o alvo ● A desaceleração do elétron dá origem à radiação chamada de radiação de frenamento ou bremsstrahlung. ● Para elétrons de alta energia, este processo é mais provável que o processo de ionização. ● Esta radiação é responsável pelo espectro contínuo. Interações dos elétrons com o alvo ● A trajetória d representa o improvável tipo de interação em que o elétron incidente vai em direção ao núcleo e é parado completamente em uma colisão. Johns, H.E.; Cunningham, J.R. The physics of radiology. 4th ed. Springfield: Charles C. Thomas, 1983. Interações dos elétrons com o alvo ● Toda a energia do elétron incidente aparecerá como radiação de frenamento. ● O número de tais colisões é pequeno mas finito e dá o limite de alta energia mostrado nos espectros. Interações dos elétrons com o alvo ● Toda a energia do elétron incidente aparecerá como radiação de frenamento. ● O número de tais colisões é pequeno mas finito e dá o limite de alta energia mostrado nos espectros. Johns, H.E.; Cunningham, J.R. The physics of radiology. 4th ed. Springfield: Charles C. Thomas, 1983. Interações dos elétrons com o alvo ● Assim, quando um elétron de 100 keV (que foi acelerado por um potencial de 100 kVp) atinge um alvo, é de se esperar alguns fótons de 100 keV de energia mas nenhum com energia superior. ● Os eventos ilustrados nas trajetórias b, c e d são muito raros comparados com o da trajetória a para as energias usadas nas máquinas de raios X. Interações dos elétrons com o alvo ● A 100 kVp, por exemplo, os elétrons que atingem o alvo perdem mais de 99% da sua energia em processos de ionização que levam ao calor. ● O tubo de raios X é um conversor de energia em raios X muito ineficiente. ● Em energias mais altas (betatrons ou aceleradores lineares), acorre o inverso, com 95% da energia convertida em radiação de frenamento. Radiação Característica ● Para entender a produção de radiação característica, é necessário um diagrama de níveis de energia mais detalhado. ● Investigações cuidadosas demonstraram que a camada L é feita de três subníveis (LI, LII e LIII), a camada M de cinco subníveis (I a V), a camada N de 7 subníveis. Radiação Característica ● A energia desses níveis foram medidas com grande precisão. Johns, H.E.; Cunningham, J.R. The physics of radiology. 4th ed. Springfield: Charles C. Thomas, 1983. Radiação Característica ● As entradas na tabela estão em keV e então dão o potencial do tubo (em kVp) necessário para excitar um nível particular. ● Por exemplo, para um alvo de tungstênio é necessário um potencial no tubo de 69,525 kV para ejetar o elétron da camada K do átomo. Se esta tensão for aplicada, todas as linhas K aparecerão. Radiação Característica Johns, H.E.; Cunningham, J.R. The physics of radiology. 4th ed. Springfield: Charles C. Thomas, 1983. Radiação Característica ● Quando o elétron K é ejetado, o espaço pode ser preenchido por elétrons das camadas L, M ou N. ● Por exemplo, um elétron faz a transição de LIII para K. A energia irradiada é a diferença entre os níveis correspondentes (Tabela anterior). 69,525 – 10,204 = 59,321 keV Radiação Característica ● Esta transição é chamada KLIII. O fóton emitido é chamado de linha Kα1. ● Algumas importantes linhas de emissão são dadas: Johns, H.E.; Cunningham, J.R. The physics of radiology. 4th ed. Springfield: Charles C. Thomas, 1983. Radiação Característica ● As intensidades relativas das linhas K permanecem as mesmas, independentemente da energia de excitação. ● Porém, a quantidade comparada com a radiação de frenamento aumenta rapidamente com o aumento da energia de excitação acima da energia mínima para ejetar o elétron K e depois diminui lentamente. Radiação Característica ● Nenhum pico aparece para o espectro de 60 kV embora esta energia é maior que as linhas K .α ● 60 kV não pode excitar esta linha porque não há energia suficiente para ejetar o elétron K do átomo. Johns, H.E.; Cunningham, J.R. The physics of radiology. 4th ed. Springfield: Charles C. Thomas, 1983. Radiação Característica ● Na região de baixa energia dos gráficos, as linhas L da tabela são produzidas mas não são observadas porque elas são completamente absorvidas no encapsulamento do tubo. Johns, H.E.; Cunningham, J.R. The physics of radiology. 4th ed. Springfield: Charles C. Thomas, 1983. Radiação Característica ● As linhas discretas do espectro característico geralmente não são de grande importância, tanto em diagnóstico como em terapia, porque a sua contribuição é apenas uma pequena fração da energia no espectro total. ● Mamografia talvez seja a exceção uma vez que tubos com alvos de molibdênio para produzir radiação K entre 17 e 19 keV sãofrequentemente utilizados. Filtros de Mo são adicionados para reduzir o espectro de bremsstrahlung e melhorar o contraste em mamografia. Radiação bremsstrahlung ● Os tipos de interação de elétrons com o alvo que dão origem a fótons de radiação de frenamento já foram mencionados. ● Uma teoria para predizer o interação dos raios X em um alvo deveria levar em conta: as trajetórias dos elétrons dentro do alvo, a mudança de direção em cada interação, as probabilidades de perda de energia por cada interação, a direção de emissão dos fótons bremsstrahlung e sua atenuação e espalhamento ao deixar o alvo. Radiação bremsstrahlung ● Isto é muito complexo. ● Solução proposta: ● Radiação de alvo fino: considerase um alvo de fina espessura e modo que nenhum elétron sofre mais que uma colisão na média ao atravessar o alvo. Radiação bremsstrahlung ● Quando um feixe de elétrons de energia E1 atinge um alvo fino, a intensidade da radiação emitida em cada intervalo de energia do fóton de 0 a E1 é constante. Radiação bremsstrahlung ● Como a intensidade é proporcional ao produto do número de fótons e sua energia, um fóton com energia ½ E1 será produzido com duas vezes a probabilidade de um fóton com energia E1. ● Um fóton com energia 1/10 E1 com dez vezes esta probabilidade. Radiação bremsstrahlung ● Se plotarmos o número de fótons por intervalo de energia em função da energia, obteremos uma curva aumentando para valores maiores em menores energias, como ilustrado na figura. Radiação bremsstrahlung ● A área sob a curva dá o total de energia radiada, que é igual a kE1, proporcional à máxima energia E1. Radiação bremsstrahlung ● Esta teoria simplificada concorda bem com os experimentos para elétrons de baixa energia (até 100 keV). ● Radiação de alvo grosso: um alvo grosso pode ser considerado como um número de alvos finos superpostos. Radiação bremsstrahlung ● Assim, elétrons com energia inicial E1 irão, após passar por uma camada fina do alvo, ter energia E2 e irão produzir um espectro correspondente a E2, e assim por diante. Johns, H.E.; Cunningham, J.R. The physics of radiology. 4th ed. Springfield: Charles C. Thomas, 1983. Radiação bremsstrahlung ● O espectro total será então a superposição de todos os espectros de alvos finos para as energias E1, E2, E3, E4, E5 etc. (linhas pontilhadas). Johns, H.E.; Cunningham, J.R. The physics of radiology. 4th ed. Springfield: Charles C. Thomas, 1983. Radiação bremsstrahlung ● As linhas pontilhadas A e B são os espectros produzidos pelo bombardeamento de elétrons de um alvo grosso com elétrons de 60 keV e 100 keV. ● Antes de comparálos aos espectros medidos, devemos levar em conta os efeitos de filtração do feixe pela janela do tubo e qualquer filtração adicional. Feito isso, obtemos as curvas sólidas. Radiação bremsstrahlung ● Elas possuem picos em torno de 40 e 30 keV e possuem praticamente a mesma forma dos espectros contínuos medidos. ● Finalmente, devemos adicionar a quantidade apropriada de radiação característica às curvas teóricas para obter concordância entre os resultados teóricos e experimentais. Radiação bremsstrahlung ● Vários aspectos não foram levados em consideração (aproximação). ● Felizmente, espectros medidos estão disponíveis para várias configurações possíveis e não precisamos depender de espectros calculados. Radiação bremsstrahlung Radiação bremsstrahlung
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