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FACULDADE UNA DE UBERLÂNDIA ENGENHARIA MECANICA ALDINEY NUNES COSTA DEIVID GONÇALVES JUNQUEIRA RAFAELA SANTOS LANA ANÁLISE DO ACABAMENTO SUPERFICIAL E DESGASTE DAS FERRAMENTAS EM AÇO RÁPIDO E CERMET NA USINAGEM DO AÇO SAE 1045 Uberlândia 2019 ALDINEY NUNES COSTA DEIVID GONÇALVES JUNQUEIRA RAFAELA SANTOS LANA ANÁLISE DO ACABAMENTO SUPERFICIAL E DESGASTE DAS FERRAMENTAS EM AÇO RÁPIDO E CERMET NA USINAGEM DO AÇO SAE 1045 Trabalho apresentado ao Centro Universitário UNA de Uberlândia, como parte das exigências para conclusão do curso de Engenharia Mecânica. Orientador: Prof. Dr. Mário Martins de Oliveira Júnior. Uberlândia 2019 ALDINEY NUNES COSTA DEIVID GONÇALVES JUNQUEIRA RAFAELA SANTOS LANA ANÁLISE DO ACABAMENTO SUPERFICIAL E DESGASTE DAS FERRAMENTAS EM AÇO RÁPIDO E CERMET NA USINAGEM DO AÇO SAE 1045 Trabalho apresentado ao Centro Universitário UNA de Uberlândia, como parte das exigências para conclusão do curso de Engenharia Mecânica. Aprovado em: ___ / ___ / ______ ___________________________________________ Orientador (a): Prof. Dr. Mário Martins de Oliveira Júnior ___________________________________________ Prof. (a): Fábio Raffael Felice ___________________________________________ Prof. (a): Marco Vinicius Muniz Ferreira Uberlândia 2019 Agradecimentos Agradecemos, primeiramente, a Deus por nos dar forças para superar as dificuldades. Agradecemos a nossa família pela confiança, força e motivação para enfrentar os desafios os quais encontramos. Ao nosso orientador, Dr. Mário Martins de Oliveira Júnior, pela paciência e por seus conselhos, nos ajudando nas realizações dos ensaios e a compreender diversos empecilhos ao decorrer dos testes. Aos nossos amigos e familiares que sempre nos apoiaram e ajudaram. A empresa Mecânica União por ter disponibilizado todos os equipamentos utilizados durante os ensaios. RESUMO O trabalho avalia o desgaste do aço rápido (bits) e Cermet na usinagem por torneamento do aço SAE 1045. Foram analisados o acabamento e a resistência ao desgaste das ferramentas, afim de verificar qual o comportamento dos produtos na medida em que foi realizado a usinagem dos corpos de prova. Realizamos a usinagem de diferentes materiais, utilizando uma pastilha de Cermet com classe CT3000, e um bits em Aço com a classe 650. Após o torneamento das peças foi avaliado o acabamento superficial das peças usinadas com um rugosímetro de contato os quais foram realizados ensaios de usinagem com e sem lubrificação. Ao analisar a rugosidade no rugosímetro obtivemos a melhor média e desvio padrão de Rz, Rq e Ra no aço rápido lubrificado e no Cermet sem lubrificação. Os resultados experimentais apresentaram que a ferramenta de aço rápido utilizando lubrificação tem o desgaste de cratera bem acentuada na superfície de saída do bits e, ao realizar a usinagem a seco, tivemos o desgaste mais acentuado no raio da ferramenta e na superfície. Os resultados utilizando a ferramenta Cermet utilizando a lubrificação apresentam os desgastes de flanco e entalhe na superfície da aresta principal de corte e de folga, e ao realizar a usinagem a seco tivemos os desgastes de entalhe e o desgaste de flanco na superfície de principal de corte. As conclusões foram que ao utilizar a ferramenta de aço rápido devemos utilizar a lubrificação para melhor desempenho e ao utilizar a ferramenta de Cermet devemos realizar a usinagem sem a lubrificação. Para uma melhor usinagem e acabamento com menor dano possível a peça usinada, devemos utilizar a ferramenta Cermet sem a lubrificação devido à rugosidade (Ra, Rz e Rq) apresentam a melhor média. Em relação ao desempenho das ferramentas, podemos afirmar que a utilização da ferramenta cermet a seco apresentará o melhor acabamento e menor desgaste visto que a rugosidade nos parâmetros de Ra, Rz e Rz, apresentou a melhor média (Ra 31,6%, Rq 37,3% e Rz 32,2% menor que o aço rápido lubrificado). Palavras-chave: Usinagem, Torneamento, desgaste de ferramentas, Cermet, Aço rápido. Lista de Figuras Figura 1 - Direção dos movimentos de corte no torneamento ................................. 18 Figura 2 - Representação dos movimentos no processo de torneamento .............. 19 Figura 3 - Evolução da velocidade de corte ao longo dos anos para diversos materiais ferramentas ............................................................................................................. 23 Figura 4 - Composição do metal duro ..................................................................... 27 Figura 5 - Nova composição do metal duro ............................................................. 27 Figura 6 - Etapas do processo de fabricação do Metal duro ................................... 29 Figura 7 - Áreas de desgaste de uma ferramenta de corte ..................................... 31 Figura 8 - Desgaste de Flanco ................................................................................ 32 Figura 9 - Desgaste de cratera ................................................................................ 33 Figura 10 - Desgaste de entalhe ............................................................................. 34 Figura 11 - Rugosidade média aritmética – Ra ....................................................... 35 Figura 12 - Rugosidade média aritmética – Rz ....................................................... 36 Figura 13 - Rugosidade média aritmética – Rq ....................................................... 36 Figura 14 - Torno convencional ............................................................................... 39 Figura 15 - Esmeril .................................................................................................. 40 Figura 16 - Rugosímetro ......................................................................................... 41 Figura 17 - Resultado de uma avaliação de rugosidade Ra. ................................... 41 Figura 18 - Rugosímetro em medição ..................................................................... 42 Figura 19 - Microscópio monocular ......................................................................... 42 Figura 20 - Pastilha Cermet..................................................................................... 43 Figura 21 - Ângulos ferramenta ............................................................................... 44 Figura 22 - Bits ........................................................................................................ 44 Figura 23 - Geometria da ferramenta aço rápido .................................................... 45 Figura 24 - Goniômetro semicircular ....................................................................... 46 Figura 25 - Modelo do suporte ................................................................................ 46 Figura 26 - Porta-ferramenta utilizado para o bits de 3/8”. 4 ................................... 47 Figura 27 - Aço Carbono SAE 1045 ........................................................................ 48 Figura 28 - Corpo de prova após torneamento em aço rápido ................................ 48 Figura 29 - Corpo de prova fixado para o torneamento, utilizando pastilha de Cermet ................................................................................................................................ 49 Figura 30 - Corpo de prova fixado para o torneamento, utilizando bits com 10% de cobalto ..................................................................................................................... 49 Figura 31 - Óleo solúvel C .......................................................................................50 Figura 32 - Especificações Fabricante óleo utilizado .............................................. 50 Figura 33 - Comparativo das amostras de rugosidade em relação ao RA .............. 53 Figura 34 - Comparativo das amostras de rugosidade em relação ao RQ .............. 54 Figura 35 - Comparativo das amostras de rugosidade em relação ao RZ .............. 54 Figura 36 - Visão geral da ferramenta - 40x ............................................................ 56 Figura 37 - Visão detalhada da ferramenta -400x ................................................... 56 Figura 38 - Visão geral da ferramenta 40x .............................................................. 57 Figura 39 - Visão com aproximação de 400 x no quebra-cavaco da ferramenta .... 57 Figura 40 - Visão geral da ferramenta ..................................................................... 58 Figura 41 - Visão ampliada sobre o desgaste ......................................................... 58 Figura 42 - Visão geral da ferramenta ..................................................................... 59 Figura 43 - Visão ampliada do desgaste ................................................................. 59 Figura 44 - Visão do raio da ferramenta .................................................................. 60 Figura 45 - Visão mais ampliado sobre o desgaste ................................................. 60 Figura 46 - Visão geral da quina da ferramenta ...................................................... 61 Figura 47 - Visão mais ampliada sobre o desgaste ................................................. 61 Figura 48 - Cavaco formado na usinagem a seco ................................................... 62 Figura 49 - Cavaco formado na usinagem com fluido de corte. .............................. 63 Figura 50 - Cavaco formado na usinagem a seco ................................................... 64 Figura 51 - Cavaco formado na usinagem com fluido de corte. .............................. 64 Lista de Tabelas Tabela 1 - Composição química do aço 1045 (em %) ............................................. 22 Tabela 2 - Classificação dos aços rápidos segundo a AISI ..................................... 26 Tabela 3 - Parâmetros para o ensaio de cada ferramenta ...................................... 38 Tabela 4 - Especificações da pastilha ..................................................................... 43 Tabela 5 - Ângulos correspondentes da ferramenta utilizada durante as operações ................................................................................................................................ 45 Tabela 6 - Porta ferramenta utilizada para o inserto ............................................... 47 Tabela 7 - Ra ........................................................................................................... 52 Tabela 8 - Rq ........................................................................................................... 52 Tabela 9 - Rz ........................................................................................................... 53 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13 2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 15 2.1 Objetivos Gerais ................................................................................................ 15 2.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 15 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 16 3.1 Usinagem ........................................................................................................... 16 3.2 Torneamento ...................................................................................................... 17 3.3 Aço 1045 ............................................................................................................. 21 3.4 Materiais de ferramenta .................................................................................... 22 3.5 Aço rápido .......................................................................................................... 24 3.6 Metal duro .......................................................................................................... 26 3.7 Cermet ................................................................................................................ 29 3.8 Mecanismos de Desgaste ................................................................................. 30 3.8.1 Desgaste de flanco – (VB) ................................................................................ 32 3.8.2 Desgaste de cratera – (KT) .............................................................................. 33 3.8.3 Desgaste tipo entalhe ....................................................................................... 33 3.9 Acabamento superficial .................................................................................... 34 3.9.1 Rugosidade Média aritmética - Ra ................................................................... 35 3.9.2 Rugosidade Média aritmética – Rz ................................................................... 35 3.9.3 Rugosidade Média aritmética – Rq .................................................................. 36 3.10 Método ANOVA: Análise de Variância de um fator ...................................... 37 4 METODOLOGIA .................................................................................................... 38 4.1 Procedimento experimental ............................................................................. 38 4.2 Equipamentos utilizados .................................................................................. 39 4.3 Suporte para a pastilha ..................................................................................... 46 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 52 5.1 Acabamento superficial .................................................................................... 52 5.2 Análise de desgaste das ferramentas. ............................................................ 55 5.3 Analise do tipo de cavaco ................................................................................ 62 6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 66 7 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 68 13 1 INTRODUÇÃO Apesar de toda evolução dos métodos de fabricação que permitem obter produtos em formas praticamente acabadas, os processos de usinagem de metais são extremamente relevantes no acabamento de materiais. As ferramentas necessárias à usinagem dos metais podem interferir diretamente no custo de um produto que deve ter boa produtividade, facilidade de fabricação da matriz e baixo custo (SILVA; MEI, 2010). Ferramentas em aços rápidos, que possuem propriedades importantes como a retenção da dureza em condições de trabalho em temperaturas elevadas, tem a possibilidade de empregar altas velocidades de corte e o menor custo em relação aos metais duros e carbonetos sinterizados. A composição química destes aços envolve altos teores de molibdênio, tungstênio, vanádio e cobalto. Tal fator eleva seu custo em relação aos outros tipos de aços para ferramentas, no entanto, sua vida útil e produtividade maiores compensam o seu preço. Além disto, os aços rápidos possuem elevada resistência ao desgaste (CHIAVERINI, 1996). Cermet é um composto formado por cerâmicae metal (CERâmica/Metal). Quase tão antigo quanto o metal duro à base de tungstênio/cobalto, é um metal duro à base de titânio. Os primeiros cermets (Ti/Ni) surgem na década de 1930, embora ainda muito frágeis e pouco resistentes à deformação plástica. Os anos quarenta e cinquenta, o metal duro WC/Co desenvolveu-se consideravelmente, com grandes avanços em melhoria da performance. Enquanto isso, os cermets avançaram marginalmente, através da adição de materiais, provavelmente por tentativa-e-erro, e com o aprimoramento da tecnologia de sinterização. Tem como caraterística: • Baixa tendência a formação de gume postiço; • Boa resistência a corrosão; • Boa resistência ao desgaste; • Resistência a temperatura elevada; • Alta estabilidade química. O processo de usinagem baseia-se na remoção de material utilizando como ferramenta um instrumento mais duro e mecanicamente mais resistente que a peça. Baseado no princípio da dureza relativa, o surgimento de novos materiais e ligas estruturais com excelentes propriedades de resistência mecânica e elevada dureza contribui para o aparecimento de novos materiais de ferramentas mais resistentes 14 para as operações de usinagem. Por outro lado, a usinagem de materiais frágeis ou em operações de cortes interrompidos (como no caso de fresamento, por exemplo) requer materiais de ferramentas com suficiente tenacidade para suportar os choques e os impactos inerentes. Como, em geral, dureza e tenacidade são duas propriedades distintas (normalmente alta dureza se associa a baixa tenacidade e vice-versa), o balanço destas propriedades nos materiais de ferramenta de corte se tornou um desafio para os seus fabricantes. A conciliação das propriedades foi conseguida com a produção de ferramentas com diferentes composições químicas, refinamento de grãos, controle dos processos de fabricação e do tratamento térmico, o que lhes confere um grau de pureza e qualidade compatíveis. As principais propriedades desejáveis em um material para ferramenta de corte podem ser assim listadas: • Alta dureza; • Tenacidade suficiente para evitar falha por fratura; • Alta resistência ao desgaste abrasivo; • Alta resistência a compressão; • Alta resistência ao cisalhamento; • Boas propriedades mecânicas e térmicas em temperaturas elevadas; • Alta resistência ao choque térmico; • Alta resistência ao impacto; • Ser inerte quimicamente. Estas propriedades, necessariamente, não se reúnem em um só material, mas dependendo da aplicação, priorizam-se as possíveis de serem reunidas. Desde as primeiras aplicações de processos de usinagem surgiram diversos materiais aplicados em ferramentas de corte. A seguir, apresentam-se os mais importantes com algumas de suas características, propriedades, limitações e aplicações 15 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivos Gerais O presente trabalho tem por objetivo analisar o acabamento superficial, desgaste das ferramentas e formação dos cavacos obtidos pelo processo de usinagem com mesmos parâmetros e situações, utilizando diferentes tipos de ferramentas de corte no torno, afim de definir quais serão os que dão melhor rendimento e economia no processo de torneamento. 2.2 Objetivos Específicos • Realizar ensaios no material aço rápido e cermet, por torneamento; • Avaliar a resistência ao desgaste a seco e lubrificado em ferramentas de aço rápido e cermet, no torneamento do aço SAE 1045; • Avaliar a integridade superficial nos corpos de provas usinados, utilizando as ferramentas em aço rápido e cermet; • Avaliar a formação dos cavacos. 16 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 Usinagem O termo usinagem é aplicado a todos os processos de fabricação onde ocorre a retirada de material – cavaco – pela ferramenta, conferindo à peça: forma, dimensão e acabamento (SOUZA, 2011). Entende-se como propriedades de usinagem de um metal, àquelas que expressam o seu efeito sobre grandezas mensuráveis inerentes ao processo de usinagem dos metais, tais como a vida da ferramenta, a força de usinagem, o acabamento superficial da peça, a temperatura de corte, a produtividade, as características do cavaco (FERRARESI, 1970). A usinabilidade interessa não somente aos fabricantes dos metais, como também aos consumidores, aos fabricantes de ferramentas, enfim, a todos aqueles que se envolvem na produção de peças por meio de formação de cavaco. Segundo Weingaertner,Schroeter e Barba (1994), a usinabilidade de metais é, normalmente, analisada com relação a quatro critérios: qualidade superficial, formação de cavacos, vida da ferramenta e forças de corte. Neste aspecto, ela exerce forte influência sobre a produtividade e o custo final de produção e serve como parâmetro para reforçar a necessidade da preocupação não só de materiais com propriedades mecânicas, físicas e químicas superiores, mas também com o comportamento destes materiais quando submetidos a algum tipo de processo de fabricação. A ideia é que eles sejam passíveis de sofrer operações de processamento pelas técnicas existentes tanto do ponto de vista prático, quanto econômico. Com relação aos critérios de usinabilidade baseados na rugosidade da peça e na característica do cavaco, não se pode dizer que o alumínio tenha uma boa usinabilidade, pois em condições normais de usinagem, o cavaco formado é longo e o acabamento superficial obtido é insatisfatório. Porém, bons acabamentos superficiais podem ser obtidos se a velocidade de corte for suficientemente alta e a geometria da ferramenta adequada (DINIZ; MARCONDES e COPPINI, 2000). Ainda, conforme os autores citados acima, se tomadas como base as propriedades mecânicas do alumínio, a força de corte, e por essa razão, a potência requerida para usinagem é menor do que a esperada para esses materiais. Embora algumas ligas de alumínio apresentem um limite de 17 resistência equivalente ao de alguns aços de baixo carbono, em temperatura ambiente, quando em temperaturas elevadas, essa resistência é bastante reduzida. Este fato favorece a usinagem dessas ligas, já que a elevação da temperatura é inerente ao processo de usinagem e, as ligas de alumínio por possuírem alta condutividade térmica, atraem para a peça boa parte do calor gerado. Assim sendo, segundo Diniz, Marcondes e Coppini (2000) se faz necessário que haja uma refrigeração eficiente, a fim de se evitar a formação de aresta postiça de corte, porém as forças de corte necessárias para usinagem das ligas de alumínio são bem baixas quando comparadas com as forças relativas aos aços. 3.2 Torneamento O torneamento é um processo de usinagem com a combinação de dois movimentos: rotação da peça e movimento de avanço da ferramenta e, em algumas aplicações, a peça pode ser estacionária, com ferramenta girando ao seu redor para remoção de material. Atualmente, observam-se estudos com foco no controle de variáveis que influenciam o torneamento, tais como, deformação plástica, desgaste, vibração, parâmetros de corte, formação de cavacos (NASCIMENTO, 2011), entre outros, todos envolvidos no processo de usinagem. O torneamento tradicional é usado para a fabricação de peças cilíndricas de corte contínuo ou interrompido em diferentes tipos de materiais. O corte se dá por meio da rotação da peça em seu próprio eixo fixada na máquina, o qual, em contato com a ferramenta, lhe dá forma e dimensão desejadas e como se sabe os parâmetros de corte é responsável pelos movimentos ativos que promovem a remoção do material ao ocorrerem (DINIZ, MARCONDES, COPPINI, 2008). O processo mecânico de usinagem destinado à obtenção de superfícies de revolução com auxílio de uma ou mais ferramentas monocortantes. Para tanto, a peça gira em torno do eixo principal de rotação da máquina e a ferramenta se desloca simultaneamente segundo uma trajetória paralelo com o referido eixo. Quanto à forma da trajetória,o torneamento pode ser retilíneo ou curvilíneo (SOUZA, 2011). As forças de corte podem ser divididas em três componentes principais: força de avanço (Fa), força radial (Fr) e força tangencial (Ft). A força tangencial é a maior dos três componentes, apesar da força radial também se apresentar usualmente grande (CHEN, 2009). Estas forças são resultado 18 de geometria da ferramenta e parâmetros de corte e todas podem ser simulados com o apoio de um programa de Elementos Finitos (FEM) (CERVELIN, 2009). Para que se possa ter um entendimento melhor entre a relação máquina/ferramenta/peça é preciso entender os movimentos entre elas. A Figura 1 mostra a geometria básica dos movimentos de corte, de avanço e efetivo no torneamento, descrito a seguir: • Movimento de Corte (rotação da peça) 1: movimento entra a ferramenta e a peça, que, sem o movimento de avanço gera apenas uma remoção de cavaco durante um curso. • Movimento de Avanço (translação longitudinal da ferramenta) 2: é o movimento entre a peça e a ferramenta, que junto com o movimento de corte, gera uma remoção repetida ou contínua do cavaco durante várias rotações da ferramenta. • Movimento Efetivo de Corte: é o resultado dos movimentos de corte e avanço realizado de maneira simultânea. • Movimento de Profundidade (translação transversal da ferramenta) 3: movimento entre a peça e a ferramenta no qual a espessura da cama de material a ser retirada é determinada antes. Figura 1 - Direção dos movimentos de corte no torneamento Fonte: Diniz et al,2000. 19 Na Figura 2 observa-se a representação dos movimentos em uma operação de torneamento longitudinal externo, no qual vê-se os movimentos de corte (1), de avanço (2) e de profundidade (3). Figura 2 - Representação dos movimentos no processo de torneamento Fonte: Manual Técnico Sandvik Cada movimento realizado durante o processo de usinagem é realizado em um determinado intervalo de tempo. O deslocamento em um intervalo de tempo resulta em uma velocidade. As velocidades principais devem ser consideradas são a velocidade de corte e a velocidade de avanço. A velocidade de corte, no torno, é a que têm um ponto da superfície que se corta quando esta gira. Mede-se em metros por minuto e o valor correto se consegue fazendo com que o torno gire nas rotações adequadas. A velocidade depende entre outros dos seguintes fatores: material a tornear, diâmetro desse material, material da ferramenta, operação a ser executada. Para estes a Vc,mostrada na Equação 1, é calculada por: 𝑽𝒄 = 𝝅 𝒙 𝑫 𝒙 𝒏 𝟏𝟎𝟎𝟎 (𝟏) Onde 𝑽𝒄: é a velocidade de corte (m/min); 𝑫 é o diâmetro final da peça (mm); 𝒏 é a rotação da peça (rpm); 𝞹: constante da circunferência (3,1416). A velocidade de avanço é o produto do avanço pela rotação da ferramenta mostrada na Equação 2, é calculada por: 𝑽𝒇 = 𝒇𝒙 𝒏 (𝟐) 20 Onde 𝑽𝒇 é a velocidade de avanço [mm/min] e 𝒇 é o avanço [mm/volta]. O material a ser usinado, por sua vez, influencia diretamente na escolha das ferramentas, parâmetros e processo de usinagem, principalmente quando a aplicação exige acabamentos e geometrias complexas e de elevada qualidade. A dureza da peça influência diretamente no resultado do acabamento superficial da usinagem e a variação das velocidades de corte podem aumentar significativamente a qualidade do resultado de torneamento (CHAVOSHI; TAJDARI, 2010). O torneamento é um processo complexo e, como mencionado, possui diversas variáveis envolvidas que podem afetar diretamente seu resultado. O estudo das relações entre estas variáveis permite determinar as melhores condições de corte que, por sua vez, trarão os melhores resultados. Muitos trabalhos apresentam as interações entre as ferramentas e a peça usinada, bem como seus parâmetros de corte e características que afetam a qualidade do produto (DÓRIA, 2005). Quanto a rugosidade superficial, os parâmetros de corte podem ser considerados como os responsáveis pela integridade e qualidade final (LIMA, 2008). Sendo assim, além dos parâmetros, no processo de torneamento, as ferramentas de corte merecem atenção especial e sua escolha adequada pode significar o sucesso ou não da usinagem. A crescente importância dos metais não ferrosos nas indústrias acelera a necessidade de um conhecimento mais profundo das particularidades de processo destes materiais. A introdução de componentes mais leves, com maior precisão e confiabilidade operacional, menores tamanhos de peças e baixo custo, tem sido um desafio à engenharia de fabricação (DI RAIMO e PORTO, 2001). A usinagem no estado de fornecimento das ligas resistentes a altas temperaturas torna-se vantajosa até próxima as dimensões finais da peça, para então ser tratada termicamente e finalmente usinada em acabamento. Esta operação em acabamento, permite a obtenção da superfície final desejada da peça, minimizando a preocupação quanto às distorções decorrentes do tratamento térmico. Onde for possível, usar geometrias de corte positivas para operações de semiacabamento e acabamento, elas diminuem o encruamento da superfície, por remover cavacos da peça de maneira mais eficiente. Ângulos de saída mais positivos, também ajudam a minimizar o fenômeno da aresta postiça. Usar arredondamentos pequenos e arestas agudas nas ferramentas de corte promovem melhoria no acabamento superficial, porém, deve se ter em mente que as arestas agudas são mais 21 frágeis e susceptíveis a lascamentos. Portanto, recomenda-se normalmente o uso de arestas arredondadas para operação em desbaste, onde as exigências quanto a integridade da superfície é mínima e, utilizar arestas agudas em operação de acabamento, onde o compromisso com integridade da superfície é maior (DINIZ, 2008). Normalmente, o processo de seleção de uma ferramenta de corte, pode passar pela análise econômica ou técnica. Na maioria das situações, ambas as análises devem ser consideradas para a decisão final. Neste contexto, é importante que se tenha conhecimento dos critérios de desgaste e vida útil destas ferramentas, visto que o canto vivo destes componentes é comumente vulnerável a desgastes e lascas que reduzem significativamente a sua eficiência e influenciam na rugosidade superficial do produto final (DENKENA, 2012). Vogl (2007), realizou uma análise no torneamento de alumínio e relata que com o aumento da velocidade de corte, em alguns casos houve um aumento nos valores de rugosidade, talvez em função da dificuldade em se cortar o material por causa de um possível aumento na temperatura. Para 600 m de comprimento de corte, comparativamente os valores apresentados quando da utilização de fluido de corte são melhores em relação à rugosidade medida e também em relação à preservação da aresta de corte. Na condição sem fluido pode-se notar um aumento no valor da rugosidade, possivelmente, em função de uma maior facilidade na deformação do material do cavaco e do retardo no seu cisalhamento, de uma forma análoga como ocorreu uma variação do tamanho do cavaco formado para esta situação (VOGL, 2007). Na presença de fluido de corte, para todas as ferramentas houve uma tendência de estabilização da rugosidade após a acomodação da aresta de corte, os valores de rugosidade só viriam a aumentar com o aumento dos desgastes. Para a condição sem utilização de fluido esta tendência de estabilização da rugosidade não pode ser observada em função do menor comprimento de corte utilizado no ensaio, porém, nota-se uma grande instabilidade inicial nos valores de rugosidade para a condição sem utilização de fluido e bem acima dos apresentados na condição com fluido de corte (VOGL, 2007).3.3 Aço 1045 O aço SAE 1045 é um aço carbono com médio teor de carbono em sua 22 composição. Possui resistência mecânica entre 570 e 700 Mpa e dureza Brinell entre 170 e 210 HB. Este aço possui razoável usinabilidade e boas propriedades mecânicas na condição normalizada ou laminada. Ele é um aço comum de media resistência, pouca temperabilidade, usado em componentes estruturais e de máquinas, eixos, engrenagens comuns, peças forjadas. Conforme a Tabela 1 observa-se a composição química do aço 1045, onde vê-se os seus elementos e suas respectivas concentrações. Tabela 1 - Composição química do aço 1045 (em %) Elemento Concentração (%) Manganês, Mn 0,60 a 0,90 Carbono, C 0,42 a 0,50 Enxofre, S 0,05 (máx) Fósforo, P 0,04 (máx) Ferro, Fe O que sobra Fonte: American Iron Steel Institute (AISI) 3.4 Materiais de ferramenta Ao longo do desenvolvimento dos processos de usinagem tem havido uma constante competição entre máquinas e ferramentas, hora o desenvolvimento de materiais novos de ferramentas levando a evolução nas máquinas, e, hora, as máquinas levando a evolução de novas ferramentas. Contudo o avanço na engenharia de matérias tem levado a uma evolução mais rápida dos materiais para ferramentas, tanto no desenvolvimento de materiais novos, quanto no aperfeiçoamento nos materiais já existentes. A esta evolução nos materiais soma-se a possibilidade de revestimentos com filmes finos metálicos e/ ou cerâmicos, os quais permitem melhora substancial no desempenho das ferramentas. O desenvolvimento das ferramentas de corte no último século se deve em grande parte a introdução de novos materiais, tanto para ferramentas quanto para peças, assim como a novas tecnologias empregadas para fabricação e transformação dos mesmos. Existe um amplo espectro de materiais de ferramenta, os quais possuem diversas propriedades, porém as três mais importantes são: estabilidade química e física e alta temperaturas, resistência ao desgaste abrasivo, e resistência frágil (SHAW; 1986). Contudo nos materiais de ferramenta conhecidos, até o presente, não se observou essas três propriedades reunidas num mesmo material. 23 Os principais materiais empregados em ferramentas de corte, em ordem cronológica do aparecimento desde o início do século, foram: o aço carbono, o aço rápido, o metal duro (ou carbeto), o cermet, a cerâmica, o PCBN ( Polycrystalline cubic Boron Nitride) e o PCD ( Polycrystalline Diamond). Os dois últimos apareceram praticamente juntos por volta de 1975 (Machado,1988). As propriedades de dureza e resistência ao desgaste estão, também, diretamente relacionadas com a capacidade de imprimir altas velocidades aos processos, já que esse parâmetro é o principal responsável pelo aumento de temperatura. Esta relação é ilustrada na Figura 3, onde observa-se que a evolução ao longo dos séculos levou a sofisticação dos métodos de fabricação e combinações de elementos, resultando nos materiais de alto desempenho hoje disponíveis com a evolução das velocidades de corte ao longo dos anos, relacionada com o aparecimento dos diversos grupos de ferramentas de corte. Figura 3 - Evolução da velocidade de corte ao longo dos anos para diversos materiais ferramentas Fonte: Aumento das velocidades de corte conseguido no último século (PASTOR, 1987) A variedade de ferramentas de corte disponível no mercado cresceu muito durante anos 80, principalmente devido à exigência de avanços tecnológicos ou para suprir as necessidades dos mais diversos grupos de materiais a usinar, visando 24 sempre o aumento da produtividade e a economia no corte. Com a disponibilidade de uma maior variedade de materiais de ferramentas no mercado a escolha correta torna- se uma tarefa cada vez mais engenhosa. Conhecer o processo e entender os mecanismos de desgaste das ferramentas é fundamental para que se chegue a uma ótima escolha, melhorado a economia e a produtividade da usinagem. A atual qualidade das ferramentas de corte permite a aplicação de altíssimas velocidades de corte e de avanço, em diferentes processos de usinagem. 3.5 Aço rápido Taylor e White (1901) produziram ferramentas que proporcionaram uma maior estabilidade das propriedades mecanicas em temperaturas mais altas, o que permitiu velocidades de corte em torno de 19,2 m min e, em consequencia desta melhora de desempenho, este material ficou conhecido como aço rapido. Ao contrario da crença comum este não foi o desenvolvimento de um novo aço, mas um novo tratamento termico para materiais já existente. Em 1906, por meio de ensaios minuciosos, Taylor e White chegaram a uma composição química e tratamento térmico considerados ótimos para as ferramentas de aço rápido, sendo 0,67% de carbono, 18,91% de tungstênio, 5,47% de cromo, 0,11% de manganês, 0,29% de vanádio e o restante de ferro. Descobriram, ainda, que se esse aço fosse aquecido rapidamente, aproximadamente entre 1.250°C e 1.290oC, resfriado em banho de chumbo até 620oC, depois resfriado até a temperatura ambiente, seguido por um tratamento de revenimento logo abaixo de 600oC, ele resultava em um material de ferramenta de corte capaz de usinar aços a velocidades quatro vezes acima das praticadas com o aço de Mushet e seis vezes a mais que as apresentadas com as ferramentas de aço- carbono diferia do aço original de Mushet principalmente na quantidade de tungstenio e a substituição de manganês por cromo. Em um curto espaço de tempo (1900 à 1910) a velocidade de corte aumentou de 7,8 m/min para mais de 31.2 m /min.È bem conhecido que a dureza, a resistência ao desgaste, a capacidade de corte, alta resistência ao amolecimento devida ao calor e a tenacide do aço rápido dependem da composiçao quimica, tamanho e distribuiçao dos carbetos no aço. O carbono e os elementos de ligas (cromo, vonadio,molibdenio, 25 tungstenio) são balanceados para proporcionar as caracteristicas citadas acima (BAYER et al, 1989). Tabela 2 - Classificação dos aços rápidos segundo a AISI. Fonte: American Iron Steel Institute (AISI) Durante os anos de 1970 o aço rapido sofreu dois significativos desenvolvimentos: o primeiro envolveu o dominio da sinterização do aço rapido. O segundo constituiu em um refinamento mais eficiente dos pós. Isto resultou em particulas individuais tendo muitas pontas afiadas ao inves de superficies 26 arredondadas produzidas no triturador de bolas.A vantagem da metalurgia do pó para o aço rapido é o desenvolvimento do inserto de aço rapido para uso em porta ferramento de metal duro. Também foi possivel produzir ferramentas e a fundição de precisão do aço rápido. Na Tabela 2 vê-se que a American Iron Steel Institute (AISI) introduziu símbolos para as duas principais classes de aço rápido: o simbolo T designado para o aço rápido a base de tungstenio e o simbolo M para o aço rápido a base de molibdenio as classes respectivas e os elementos químicos dividos por suas propriedades. Assim, os principais elementos de ligas dos aços-rápidos são o Carbono (0.7 e 1.6 %), o Tungstênio (até 20%), o Molibdênio, o Vanádio (1 a 5 %), o Cromo, (até 4%), o Cobalto, além de outro como enxofre (0.05% a 0.2%) e o Titânio pode substituir parte ou completamente o vanádio. Outros elementos como o boro e o nióbio podem também, eventualmente ser encontrados nos aços-rápidos (CHIAVERINI, 1979). 3.6 Metal duro O metal duro constitui um dos mais importantes grupos de materiais para ferramentas de corte existente. As primeiras ferramentas foram criadas na Alemanha a partir da metalurgia do pó de Wc e do Co e trazidas para os Estados Unidos em 1938. Posteriormente foi adicionado de TiC, TaC, NbC para ameninar o problema de craterização das ferramentas. Aceitam revestimentos o que aumenta ainda mais os desempenho destes materiais. Possuem indicações para utilização na usinagem de quase todosos materiais conhecidos (MACHADO et al., 2009) .Ele representou um grande salto de desempenho, permitindo velocidades de corte superiores àquelas conseguidas com o aço rápido e consequentemente uma produtividade mais alta. Primeiramente elas foram compostas unicamente de carbonetos de tungstênio α(WC) e β composta por Co/Ni servindo como material ligante, devido à afinidade do carbono com estes constituintes, durante a usinagem dos aços, havia acelerada craterização das ferramentas, diminuindo drasticamente a vida destas( GRZESIK,2008). Na Figura 4 observa-se a sua composição, elas eram adequadas para a usinagem de ferro fundido e metais não ferrosos, porém, durante a usinagem de aço, havia formação de cratera na face da ferramenta devido a fenômenos de difusão e dissolução ocorridos entre esta e a superfície do cavaco. 27 Figura 4 - Composição do metal duro Fonte :(GRZESIK,2008) Com a introdução da fase γ conforme observa-se na Figura 5 composta por TiC: pouca tendência à difusão, resultando na alta resistência dos metais duro, redução da resistência interna e dos cantos TaC e NbC : em pequenas quantidades, atuam na diminuição do tamanho dos grãos, melhorando a tenacidade e resistência dos cantos o problema de craterização foi reduzido. Figura 5 - Nova composição do metal duro Fonte :(GRZESIK,2008) Durante a Segunda Guerra Mundial o uso de ferramentas de carbeto expandiu- se rapidamente, embora alguns países sofreram com a escassez do cobalto, devido aos bloqueios de guerra. No início, o inserto de carbeto era soldado sobre uma haste de aço, ou sobre a fresa, formando a ferramenta. Na década de 50, no entanto, o 28 metal duro aparece já na forma de insertos indexáveis, os quais eram fixados mecanicamente em porta-ferramentas. O desenvolvimento de insertos de metal duro teve significativa contribuição, não somente em relação à evolução da geometria da aresta de corte, incluindo o quebra cavaco, mas, também, no desenvolvimento e diversificação de materiais para ferramentas. A escolha do material de uma ferramenta de corte é de grande importância, seu sucesso depende de fatores como: material da peça de trabalho, operação de usinagem, condição da máquina operatriz, forma e dimensões da ferramenta, custo, uso ou não do fluido de corte. Antes de ser comercializado, normalmente o produto é submetido à operação de retificação para confecção do raio de ponta e melhoria da exatidão dimensional. A Figura 6 demonstra o processo de fabricação de metal duro primeiro devemos misturar carboneto de tungstênio com cobalto para chegar ao pó que é classificado como matéria-prima, a combinação granulada após é alocada num molde côncavo e é prensada, isso aprovisiona uma consistência moderada pertinente com a do giz, depois é adicionado o compacto prensado num forno de sinterização e é aquecido a uma temperatura alta, diminuindo bastante o volume levando ao resultado do metal duro. Descritos basicamente no diagrama como vê-se na Figura 5 que sua composição compreende em partículas de carboneto de tungstênio (WC), extremamente duro e de alta resistência mecânica, associado a um ligante extremante rico em cobalto metálico (Co), além, de poder conter outros elementos adicionais como carbonitretos, onde uma proporção elevada é composta por uma mistura binária de WC mais um ligante (comumente WC-Co).Outras classes contêm considerável quantidade de TiC (carboneto de titânio), TaC (carboneto de tântalo), NbC (carboneto de nióbio), e em menor parte outros carbetos. Estes compostos dissolvem níveis significativos do WC em uma solução contínua CFC (Cúbica de Face Centrada). O Metal Duro é largamente aplicado na fabricação de ferramentas de corte, graças a sua alta propriedade mecânica. Caracterizado pela combinação de dureza à temperatura ambiente, dureza a quente, resistência ao desgaste abrasivo e tenacidade. A vantagem do uso do metal duro em relação ao aço, por exemplo, reside no aumento considerável do tempo de vida destas ferramentas. Outro fator a contribuir no desempenho das ferramentas de corte de metal duro é o revestimento. A maioria dos insertos de metal duro são revestidos e representam a maioria de todas 29 ferramentas utilizadas para o corte de metais. Figura 6 - Etapas do processo de fabricação do Metal duro Fonte: Mitsubishi (2005) Ele contribui muito para o aparecimento das ferramentas de cermet, fatores como a constatação de que a adição de TiC aumentava muito a resistência ao desgaste, principalmente na superfície de saída, dos metais duros, quando usinando aços. O segundo, foi a escassez de tungstênio durante a segunda guerra mundial, que levou várias equipes de pesquisas a concentrarem esforços no desenvolvimento de um material similar com as características do metal duro. Assim, apesar de se ter registro de patente de cermet datada em 1931 (Kolaska e Dreyer, 1990), foi a partir da década de 70 que veio o cermet e ele realmente entrou no mercado, para hoje ser uma ferramenta competitiva. 3.7 Cermet O Cermet é um material intermediário entre o metal duro e a cerâmica. Surgiu na metade da década de 50, mas só foi amplamente usado na década de 80 (Takatsu,1990). É constituído, essencialmente, de um componente cerâmico com um outro metálico. O componente cerâmico proporciona alta dureza a quente e resistência a oxidação, enquanto o componente metálico acentua a resistência ao choque térmico e a ductilidade (Gruss,1989). As cerâmicas mais comuns são TiC e o TiN tendo o níquel (Ni) (um metal) como elemento de liga. Tem sua maior aplicação em superacabamento de aços, com altas velocidades de corte e baixos avanços, embora também possa ser usado nas operações de desbaste. Possui alta dureza a 30 elevadas temperaturas e grande estabilidade química, com pouca tendência à difusão. As classes de cermet mais recentes junto com projetos inovadores de insertos têm expandido grandemente o campo de aplicação destas ferramentas de corte. De um modo geral, possui algumas vantagens em relação aos outros materiais de ferramentas dentro de condições de corte mais suaves; algumas vantagens são: superior resistência ao desgaste abrasivo e de adesão e possibilidade de trabalho em altas velocidades de corte (MCGRAW et al. 1997). Cermet à base de TiC, em comparação com o metal duro, de WC, permite velocidades de corte mais altas devido ao TiC ser termicamente mais estável que o WC. Outras comparações adicionais podem ser feitas entre o cermet e o metal duro: • A dureza do cermet Ti(CN) é comparável á do metal duro. • A resistência mecânica do metal duro é de 15 a 25% maior que a resistência do cermet Ti(CN). Como resultado a taxa de avanço e a profundidade de usinagem para o cermet tem que ser selecionada mais preventivamente especialmente na operação de desbaste. • A variação de tenacidade do cermet Ti(CN) é menor que o metal duro, limitando o uso deste cermet em operações de desbaste pesado. Entretanto, a resistência a fratura do cermet a base de TiC pode ser a mesa do carbeto de tungstênio- cobalto (WC-Co), quando forem equivalente o volume de ligante e o tamanho de grão de carbeto. • A resistência ao choque térmico do cermet Ti(CN) é menor que a do metal duro e restringe o uso de refrigerante em aplicações de desbaste. 3.8 Mecanismos de Desgaste Por maior que seja a dureza e a resistência ao desgaste das ferramentas de corte, e por menor que seja a resistência mecânica da peça em trabalho, a ferramenta de corte sofrerá um processo de desgaste ou avaria que mais cedo ou mais tarde exigirá a sua substituição (MACHADO, SILVA, 2004). Estudar e entender como ocorre os processos de destruição das ferramentas de corte é muito importante, uma vez que, permite tomar ações que minimizem a taxa de desgaste e ou avaria, preservando a vida da aresta de corte e evitandodanos a integridade superficial da peça trabalhada (MACHADO e SILVA ,2004). 31 Diversos são os tipos de desgastes e avarias que acontecem em uma ferramenta de corte, sendo que: desgaste é a perda contínua e microscópica de partículas da ferramenta devido a ação de corte. Já as outras formas de ocorrência são denominadas avarias (DINIZ, MARCONDES; COPPINI, 2008). A norma ISO 3685 (1977) define o desgaste em ferramentas de corte como sendo: “mudança de sua forma original durante o corte, resultante da perda gradual de material”. A avaria é um processo de destruição da ferramenta que ocorre de maneira repentina e inesperada, motivado pela quebra, lasca ou trinca da ferramenta de corte (MACHADO e SILVA ,2004). Pode-se distinguir pelo menos três formas de desgaste que ocorrem nas ferramentas de corte, que são: desgaste de flanco, desgaste de cratera e desgaste de entalhe. As outras formas abordadas são tratadas como avarias. A Figura 7 ilustra as principais áreas de desgaste de uma ferramenta de corte, observa-se através da Figura 7 pelo menos três formas de desgaste: De cratera (área A), Flanco (área B); De entalhe (áreas C e D). Figura 7 - Áreas de desgaste de uma ferramenta de corte Fonte: SANTOS; S.C. e SALES,2007 Cada área de desgaste de uma ferramenta é condicionada um desgaste específico como na superfície de saída, onde se origina o desgaste de cratera. 32 Ao passo que o desgaste está associado às elevadas temperaturas geradas na interface cavaco ferramenta, ocorrendo devido à combinação de mecanismos de desgaste denominados difusão e adesão. Portanto a profundidade e a largura da cratera formada estão relacionadas à velocidade e ao avanço empregados durante o processo de corte (FERRARESI, 1970). Assim, ocorrendo o crescimento do desgaste de cratera, gera-se a quebra da ferramenta quando tal desgaste se encontra com o desgaste frontal (DINIZ et al, 2014). 3.8.1 Desgaste de flanco – (VB) É o tipo mais comum de desgaste e o menos danoso, pois, oferece uma vida útil da ferramenta previsível e estável. O desgaste de flanco ocorre devido à abrasão, causada por constituintes duros no material da peça (SANDVIK, 2010). Desenvolve- se uma zona de desgaste da ferramenta devido à ação abrasiva existente entre a ferramenta e a superfície nascente gerada na peça pela usinagem. A redução do ângulo de folga da ferramenta acarreta um aumento da área de contato entre a superfície de folga e o material da peça, tornando maior o atrito nesta região. Este tipo de desgaste é motivado pelo aumento da velocidade de corte (SANTOS; SALES, 2007). A Figura 8 ilustra este tipo de desgaste. Figura 8 - Desgaste de Flanco Fonte: Sandvik (2011). 33 3.8.2 Desgaste de cratera – (KT) A craterização (desgaste de cratera) ocorre na saída da pastilha. Ela ocorre devido à reação química entre o material da peça e a ferramenta de corte e é aumentada pela velocidade de corte. A caracterização excessiva enfraquece a aresta de corte e pode levar a quebra (SANDVIK, 2010). A principal causa do desgaste de cratera é a difusão, uma vez que ocorrem elevadas temperaturas na interface cavaco/sup. De saída, assim sendo o desgaste aumenta com o aumento das condições de corte (Vc). A Figura 9 ilustra este tipo de desgaste. Figura 9 - Desgaste de cratera Fonte:Sandvik (2011). 3.8.3 Desgaste tipo entalhe Caracterizado por dano excessivo localizado na face de saída e no flanco da pastilha na linha da profundidade de corte. Causado pela adesão (solda por pressão de cavacos) e uma deformação na superfície endurecida (SANDVIK, 2010). Ocorre, principalmente, na usinagem de materiais resistentes a altas temperaturas e com elevado grau de encruamento, tais como: ligas de níquel, titânio e aços inoxidáveis (SANTOS; SALES, 2007). A Figura 10 ilustra este tipo de desgaste. 34 Figura 10 - Desgaste de entalhe Fonte :(SANDVIK, 2011). 3.9 Acabamento superficial Segundo (Novaski, 2011) e (Machado, et al., 2011) rugosidade superficial ou textura primária é formada por sulcos ou irregularidades finas resultantes do processo de usinagem (marcas de avanço). A altura ou profundidade médias das irregularidades é medida em um pequeno comprimento chamado de “cut-off” (comprimento de medição de rugosidade da amostra). A rugosidade de uma superfície é definida pelas finas irregularidades ou por erros microgeométricos da ação inerente do processo de corte, tais como: marcas de avanço, aresta postiça de corte, desgaste da ferramenta e outros (ESPANHOL, 2008). As superfícies, ainda que rigorosamente trabalhadas, apresentam, quando examinadas no microscópio, descontinuidades, imperfeições geométricas, ondulações e asperezas. Estas são denominadas de rugosidade superficial e é função do tipo de acabamento superficial especificado, que por sua vez é função do processo de fabricação e máquina-operatriz utilizada (MARCO; STOCKLER, 2013). A qualidade do acabamento superficial das peças fabricadas é avaliada através da medida de sua rugosidade superficial. Para sua aferição são utilizados equipamentos de medidas específicos conhecidos como rugosímetros e os procedimentos são normalizados. Seus valores são expressos em micrômetros [μm]. 35 3.9.1 Rugosidade Média aritmética - Ra A rugosidade média ou desvio médio aritmético (Ra, AA ou CLA) corresponde a média aritmética dos valores absolutos das ordenadas de afastamento (yi), em relação à linha média (Lm), dentro do percurso de medição (cut-off). Ele é o parâmetro de medição mais utilizado , sendo aplicável à maioria dos processos de fabricação, apesar de que o valor de Ra em um comprimento de amostragem representa a média da rugosidade, por isso, se um pico ou vale não aparecer na superfície o valor da media não sofrera grande alteração,ocultando tal defeito.Ele não define a forma das irregularidades do perfil. O cálculo de Ra é baseado em algumas hipóteses: considera que a topografia da superfície é regular e que a superfície tem um padrão repetitivo. Típico de superfícies metálicas obtidas por processo de usinagem tais como (torneamento, fresamento etc). A Figura 11 ilustra as cotas de medição da rugosidade média para um determinado percurso de medição. Figura 11 - Rugosidade média aritmética – Ra Fonte: (GONZALES,1991). 3.9.2 Rugosidade Média aritmética – Rz Corresponde à média aritmética dos cinco valores de rugosidade parcial (Zi) Rugosidade parcial (Zi) é a soma dos valores absolutos das ordenadas dos pontos de maior afastamento, acima e abaixo da linha média, existentes no comprimento de amostragem (cut off). Na Figura 12 observa-se a representação gráfica do perfil, informa a distribuição média das rugosidades, definindo muito bem superfícies 36 periódicas, esse valor corresponde à altura entre os pontos máximos e mínimo do perfil, no comprimento de amostragem. Figura 12 - Rugosidade média aritmética – Rz Fonte: (GONZALES,1991). 3.9.3 Rugosidade Média aritmética – Rq Representa o desvio padrão do perfil de rugosidade. A rugosidade média quadrática ou Roughness Root Mean Squared “é o valor médio quadrático de todos os desvios do perfil de rugosidade R” da reta media dentro do comprimento de medição lm. Ele acentua o efeito dos valores do perfil que se afastam da média e não consegue detectar diferenças de espaçamento ou a presença não frequente de picos altos e vales profundos. Como vê-se na Figura 13. (DIN 4762, 1989). Figura 13 - Rugosidade média aritmética – Rq Fonte: (GONZALES,1991). 37 3.10 Método ANOVA: Análise de Variância de um fator A ANOVA, análise de variância, tem como objetivo comparar a média de população amostral, e assim identificar se essas médias diferem significativamente entre elas. A função Análise de Variância de um fator realiza uma análise de variânciasimples, que somente investiga a hipótese de que as médias de várias mostras são iguais. Geralmente a análise é um processo estatístico de que se utiliza para determinar se as médias de duas mostras ou mais vêm da mesma população. O resultado de uma ANOVA lhe dá o valor estatístico de “F”. Se F é maior que o F crítico são iguais. Se o F é menor que o F crítico são iguais 38 4 METODOLOGIA 4.1 Procedimento experimental Os procedimentos experimentais foram realizados por meio de uma usinagem inicial de torneamento cilíndrico externo com o aço SAE 1045, de médio teor carbono em sua composição química. As ferramentas utilizadas foram as seguintes: pastilha de Cermet sem cobertura e ferramenta de aço rápido com 10 % de Co. O inserto de Cermet ainda era dotado de quebra-cavacos longos e foram utilizados 5 corpos de prova para o ensaio com e sem fluido de corte. A ferramenta de aço rápido com 10% de Co, foi afiado de acordo para apresentar uma melhor usinabilidade, e com raio de quina semelhante ao do inserto. Os parâmetros para os ensaios de cada ferramenta foram velocidade de corte (vc), avanço (f) e profundidade (ap), onde em ambas as ferramentas foram iguais, conforme observa-se na Tabela 3. Tabela 3 - Parâmetros para o ensaio de cada ferramenta Cermet Aço rápido n (RPM) 800 800 Diâmetro (mm) 50 50 Ap (mm) 1,5 1,5 f (mm/volta) 0,125 0,125 Vc (m/min) 125,66 125,66 Sendo assim, obtemos os valores para serem realizados nas máquinas- ferramenta em que o movimento de corte é produzido pela rotação da ferramenta ou da peça, determina-se o número de rotações por minuto (n) através de cálculo depende da velocidade de corte (Vc) determinada pelas condições de usinagem e pelo diâmetro (d) da peça ou ferramenta. Quando o trabalho de usinagem é iniciado, é preciso ajustar a rotação da máquina-ferramenta: rpm, isso é feito tendo como dado básico a velocidade de corte. A escolha da velocidade é importante tanto para a obtenção de bons resultados de usinagem quanto para a manutenção da vida útil da ferramenta e para o grau de acabamento. 39 Durante a usinagem dos corpos de provas, com os parâmetros de corte estabelecidos na tabela descrito acima, foram coletados os cavacos, afim de analisar o tipo de cavaco formado. Após o torneamento foram analisadas suas superfícies, com o auxílio de um rugosímetro, onde foram coletados Ra, Rq e Rz dos corpos de provas. Analisando o acabamento em diferentes condições, com as quais, foram usinagem a seco e com auxílio de fluido de corte, óleo solúvel. O procedimento de torneamento dos corpos de prova incluiu a fixação do corpo de prova na placa para fazer furo de centro, e após o furo, colocar o mesmo entre pontos para facilitar a usinagem e a montagem do inserto na porta ferramenta. 4.2 Equipamentos utilizados Para a execução dos experimentos de torneamento foi utilizado um centro de torneamento de fabricação ROMI, modelo TORMAX 20 como vê-se na Figura 14 o modelo do centro de torneamento utilizado, o qual se encontra disponível na oficina Mecânica União, situado na cidade de Prata- MG. Neste torno foram fixados os corpos de prova, feito o ajuste da rotação, avanço e profundidade de corte, de acordo com a ferramenta para o torneamento, descrito na Tabela 3. Esse procedimento foi executado cinco vezes a seco e com fluido de corte, bem como utilizando pastilha de cermet e o bits. Figura 14 - Torno convencional 40 Para afiação dos bits foi utilizado o moto esmeril de bancada de 6” com 3450rpm, da marca Makita, conforme observa-se na Figura 15. Com rebolo reto de 6” x ¾”, grão 60, de óxido de alumínio, que é indicado para operações industriais de desbaste, rebarbação e afiação de ferramentas. Onde que para chegar nas angulações desejadas durante a afiação do bits, tive o auxílio de um goniômetro circular, sendo ajustado de acordo com o ângulo na superfície desejada. Figura 15 – Esmeril Para medição da rugosidade superficial nos corpos de provas usinados foi utilizado o rugosímetro portátil da Mitutoyo, SJ-210, conforme ve-sê na Figura 16. Ele foi calibrado para um cut-off de 0,8mm e percurso de medição de 5mm. Foram realizadas 3 medições em cada. Na Figura 18 observa-se o rugosímetro em ação o qual consiste em percorrer a superfície que será analisada com o apalpador com ponta de diamante acompanhado por uma guia que auxilia ele a se mover na mesma direção, fornecendo o perfil de rugosidade Ra, Rq, Rz. Na Figura 17 observa-se um resultado de uma avaliação de rugosidade Ra. 41 Figura 16 – Rugosímetro Figura 17 - Resultado de uma avaliação de rugosidade Ra O rugosímetro e as amostras foram posicionadas em um suporte o qual fabricamos para que fique na mesma altura que a peça analisada conforme observa- se na Figura 18, colocado sobre uma mesa linear de granito a fim de minimizar o efeito da vibração mecânica transmitida pelo solo. Foram feitas medições nas peças em um local sem variação de movimentos. 42 Figura 18 - Rugosímetro em medição Para visualização de possíveis desgastes nas ferramentas após o processo de torneamento, utilizou-se o microscópio monocular B100 - I da Topcom, conforme ve- sê na Figura 19, sendo colocado as ferramentas na parte de aumento de lente do microscópio fazendo a análise das peças com várias ampliações. Figura 19 - Microscópio monocular A ferramenta utilizada nos ensaios foi a pastilha de Cermet sem cobertura (Figura 20), TNMG 160404R-VF CT3000, para classe ISO P - M -K. Própria para usinagem de aços carbonos, ligas e ferro fundido. O fabricante da ferramenta é a 43 empresa Taegutec. Figura 20 - Pastilha Cermet Na Tabela 4 vê-se a especificação da pastilha mostrando todas suas dimensões. Na Figura 21 observa-se os ângulos correspondentes da ferramenta utilizada durante as operações. Tabela 4 - Especificações da pastilha Formato da pastilha Ângulo de Folga Tipo da pastilha Tamanho da aresta de corte Espessura da pastilha Raio da ponta da ferramenta Aresta de corte Sentido da ferramenta Triangular 60 º 0 º Corte em ambos os lados, fixado com parafuso 16mm 4,76mm 0,4mm Arredondada Direita Fonte: Fabricante Taegutec 44 Figura 21 - Ângulos ferramenta Fonte: Fabricante, Taeguetec A ferramenta utilizada durante o torneamento, foi de aço-rápido conforme vê- se na Figura 22 fabricado em aço HSS com 10 % de Cobalto, temperado e revenido com dureza de 64 a 66 RC. Secção quadrada de 3/8” e comprimento de 100mm da marca NVO. Figura 22 - Bits Apresentando na Tabela 5 os ângulos correspondentes da ferramenta utilizada 45 durante as operações. Tabela 5 - Ângulos correspondentes da ferramenta utilizada durante as operações A Geometria da ferramenta de corte é composta por várias superfícies, arestas de corte, chanfros e quinas.Então, diz-se como sendo cunha de corte,o corpo limitado pela superficie indicada na Figura 23 com as quais são compostos por vários tipos de ângulos podendo ser representado por um sistema de referência da ferramenta, podendo ser medidos nos planos de referência. Figura 23 - Geometria da ferramenta aço rápido Fonte: Dino Ferraresi, 1972 Ferramenta Ângulo de saída (γ) Ângulo de folga (α) Ângulo de cunha (β) Ângulo de posição principal (Xr) Ângulo de posição Secundário (X’r) Ângulo de quina (€) Raio da quina (r) Ângulo de inclinação (λ) Aço rápido 10° 8° 72° 45° 10° 125° 0,4mm Neutro 46 A Figura 23 mostra os ângulos ( ângulo de posição principal – Xr, ângulo de ponta – Ɛ, ângulo de posição secundário – X’r), de corte (ângulo de inclinação – λ) e de medida (ângulo de folga – α, ângulo de cunha – β e ângulo de saída – γ). Quanto meno γ, maiores os esforços decorte, maior a temperatura gerada e menor a vida da ferramenta. Assim, a resistencia e a dureza do material a usinar são pontos primordiais na escolha de γ. As intersecções das superficies de saída e de folga formas arestas, a aresta que se mostra no sentido da direçao de avanço. Instrumento de medida em forma semicircular em 180º, conforme vê-se na Figura 24, utilizado para medir ou construir ângulos. Com seu auxílio foi possível o ajuste e afiação das superfícies do Bits. Figura 24 - Goniômetro semicircular 4.3 Suporte para a pastilha O porta-ferramenta utilizado para o inserto foi o MTJNR-2020-K16 da Sandvik, apresentando uma ampla gama de operações de torneamento. Na qual o mesmo segue uma padronização internacional das dimensões de ferramentas para o torneamento, sendo compatível com quaisquer pastilhas intercambiáveis de distintas marcas, seguindo as especificações corretas do formato e dimensão para o porta- ferramenta desejado. O modelo do suporte está na Figura 25 com as seguintes características na Tabela 6 47 Figura 25 - Modelo do suporte Tabela 6 - Porta ferramenta utilizada para o inserto Fixação Formato da pastilha Tipo de suporte Ângulo de folga Versão da ferramenta B H LF WF HF Pino e grampo Triangular Ângulo de posição: 93º 0º Direita 20 20 125 25 20 Fonte: Dados fornecidos pelo catálogo Sandvik O suporte do bits reto é uma ferramenta utilizada para a fixação de bits com secção quadrado, sendo utilizados em trabalhos centrais e faceadores de usinagem envolvendo operações de torneamento e aplainamento de peças metálicas. No presente trabalho durante os ensaios será utilizado um porta-ferramentas da marca Ades para o bits de 3/8”, na Figura 26 observa-se o porta-ferramenta mencionado. Figura 26 - Porta-ferramenta utilizado para o bits de 3/8”. 4 48 Para a realização do experimento foram utilizados 20 corpos de prova de aço carbono SAE 1045, com 50 mm de diâmetro e 120 mm de comprimento, conforme a Figura 27. Figura 27 - Aço Carbono SAE 1045 Os corpos de prova foram preparados antes para serem fixados na placa do centro de torneamento. A Figura 29 ilustra a disposição do corpo de prova fixado para torneamento utilizando pastilha Cermet. E, na Figura 30, vê-se o corpo de prova fixado para torneamento utilizando bits com 10% de cobalto. Após o torneamento em aço rápido podemos ver o acabamento final do corpo de prova na Figura 28. Figura 28 - Corpo de prova após torneamento em aço rápido 49 Figura 29 - Corpo de prova fixado para o torneamento, utilizando pastilha de Cermet. Figura 30 - Corpo de prova fixado para o torneamento, utilizando bits com 10% de cobalto. Durante os ensaios com fluido de corte, foi utilizado o óleo emulsionáveis, ou óleos solúveis que é um produto formulado com básicos minerais altamente refinados, aditivos especiais e biocidas utilizado para a refrigeração e lubrificação da peça e ferramenta. 50 Figura 31 - Óleo solúvel C Figura 32 - Especificações Fabricante óleo utilizado 51 Observe o óleo utilizado na Figura 31. Sendo que o fluido do Óleo Solúvel C, da Texaco foi aplicado durante as operações de usinagem, diluído com água, seguindo as especificações do fabricante 50:1, ou seja, um litro de óleo para 49 litros de água, de acordo com as condições de usinagem conforme vê-se Figura 32. Por se tratar de uma condição não tão severa de operação, apresentando uma profundidade de corte e avanço de usinagem média, e um material da peça de médio teor de carbono foi escolhido este tipo de diluição. 52 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES De acordo com o objetivo proposto, foi possível verificar os resultados da aplicação de duas ferramentas de corte na usinagem do aço-carbono 1045. Conforme já mencionado, foram adotados os mesmos parâmetros de corte (rotação, avanço e profundidade de corte) para a comparação do desempenho de ambas as ferramentas a seco e com auxílio de fluido de corte. Durante os ensaios foram retiradas amostras dos cavacos formados em ambas as ferramentas de corte para posteriormente identificar sua classificação. 5.1 Acabamento superficial Após os torneamentos dos corpos de provas foram realizadas três medidas de rugosidade Ra, Rq e Rz nas regiões dos corpos de provas usinados. Tais medidas foram obtidas com o auxílio do rugosímetro da Mitutoyo. Torneamento usando a pastilha de Cermet, classe P, sem cobertura da Taegutec. Ensaios sem auxílio de fluido de corte, utilizando os seguintes parâmetros: Vc= 115,61 m/min, f= 0,125 mm/volta e ap= 1,50 mm. Tabela 7 - Ra MÉDIA DESVIOS Cermet Lubrificado 2,26 0,19 Cermet a seco 2,06 0,13 Aço Rápido Lubrificado 2,71 0,23 Aço Rápido Seco 3,01 0,46 Tabela 8 - Rq MÉDIA DESVIOS Cermet Lubrificado 2,66 0,22 Cermet a seco 2,46 0,2 Aço Rápido Lubrificado 3,38 0,33 Aço Rápido a seco 3,62 0,36 53 Tabela 9 - Rz MÉDIA DESVIOS Cermet Lubrificado 10,80 0,81 Cermet a seco 10,70 0,65 Aço Rápido Lubrificado 14,14 1,24 Aço Rápido a Seco 16,05 1,39 Conforme observa-se na Figura 33 não há uma grande diferença entre eles através dos resultados de um modo geral, mas com a análise comparativa percebe- se que o Aço Rápido Lubrificado é diferente de Cermet Lubrificado no caso maior. Vê- se uma tendência com relação a média que o gráfico mostra que o ensaio do Aço Rápido Seco tem uma rugosidade mais acentuada. Fazendo a análise estatística via ANOVA para fator único ficou comprovado de que são diferentes com 95% de confiabilidade. Figura 33 - Comparativo das amostras de rugosidade em relação ao Ra Seria o melhor parâmetro para avaliação, mas no nosso resultado não foi, pois foi escolhido a configuração errada para as ferramentas durante a usinagem. Observa-se que os resultados ficaram praticamente todos iguais pois não foram utilizados as condições corretas de usinagem nas condições do limite máxima. Considerando os resultados observa-se que Cermet lubrificado e a seco são iguais, 2,26 2,06 2,71 3,01 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 Cermet Lubrificado Cermet a seco Aço Rápido Lubrificado Aço Rápido Seco R a [µ m ] 54 ou seja não temos variação entre os dois, aço rápido lubrificado e a seco também seguem a mesma análise de não terem variação, não conseguimos diferenciar o ensaio a seco com o lubrificado provavelmente pelas condições de usinagem que utilizamos nos ensaios de não pegar configurações mais próximas do fim de vida da ferramenta, concluindo que não se teve resultados diferentes de acordo com a nossa configuração escolhida, conforme observa-se na Figura 34. Fazendo a análise estatística via ANOVA para fator único ficou comprovado de que são diferentes com 95% confiabilidade. Figura 34 - Comparativo das amostras de rugosidade em relação ao Rq Devido a amplitude é o parâmetro topográfico que melhor representa nossos ensaios conforme vê-se na Figura 35. Com Rz, conforme observa- se na Figura 35, conseguimos diferenciar bem o aço rápido do Cermet, pois a análise de rugosidade de Rz é mais ampla ela pega a distância dos cinco picos mais altos e dos cinco picos vales profundos, então a amplitude é maior e ela aí se diferencia, comprovando estatisticamente que a qualidade do acabamento do aço rápido a seco é pior pelo lubrificado porque temos condições de lubrificação, refrigeração, a ordem de contato da ferramenta peça só entra na periferia ai ela consegue entrar lubrificando saída do cavaco e refrigerar a peça que também melhora a rugosidade. 2,66 2,46 3,38 3,62 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 Cermet Lubrificado Cermet a seco Aço Rápido Lubrificado Aço Rápido Seco R q [ µ m ] 55 Figura 35 - Comparativo das amostras de rugosidade em relação ao Rz A partir dos gráficos de rugosidade obtidos,na usinagem com inserto de cermet, a rugosidade Ra,Rq,Rz em relação com e sem lubrificação, é possível a analisar a influência que esta condição exerce no acabamento superficial da peça torneada identificando-se que Cermet é diferente de Aço Rápido verifica-se isso fazendo a análise estatística via ANOVA para fator único o qual ficou comprovado de que são diferentes com 95% de confiabilidade. Observa-se que os parâmetros Ra Figura 32 e Rq Figura 33 não foram tão representativos porque as condições não foram tão severas, provavelmente pelas condições de usinagem que utilizamos nos ensaios de não utilizar configurações mais próximas do fim de vida da ferramenta, concluindo que não se teve resultados muito diferentes de acordo com a nossa configuração escolhida, seriam mais severas se tivesse sido utilizado para condições no limite da ferramenta, utilizamos condições de usinagem moderadas e geralmente se usa três tipos de condições, quando se quer dar acabamento na peça desbasta-se no limite ou também se usa uma condição moderada quando se quer acelerar o processo ou aumentar o tempo de vida da ferramenta com relação ao processo que no caso foi o que ocorreu. 5.2 Análise de desgaste das ferramentas. O desgaste de uma ferramenta na usinagem é considerado um problema grave, 10,8 10,7 14,14 16,05 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 Cermet Lubrificado Cermet a seco Aço Rápido Lubrificado Aço Rápido Seco R z [µ m ] 56 pois afeta diretamente na produção e qualidade da peça, principalmente em sua integridade superficial. A análise dos tipos de desgaste das ferramentas foi obtida através do uso de um microscópio eletrônico, as quais pode-se notar que o desgaste sofreu forte influência nas condições a seco, comparado aos ensaios realizados com fluído de corte. A apresentação dos desgastes é feita de acordo com os parâmetros de cortes realizados usando duas ferramentas distintas, e condições semelhantes, onde envolveu o uso do fluido de corte e a ausência do mesmo. Nas figuras abaixo os desgastes foram identificados e classificados de acordo, onde foram indicados por uma seta para melhor identificação. Figura 36 - Visão geral da ferramenta - 40x Figura 37 - Visão detalhada da ferramenta -400x 57 Desgaste do inserto de cermet a seco, usinado com a mesma ferramenta nos cinco corpos de provas, é notável a ocorrência de desgaste ferramental em diferentes superfícies da pastilha de cermet. A Figura 36, com ampliação de 40x observa-se detalhadamente o desgaste de entalhe, e na Figura 37, com ampliação de 400x pode- se notar também o desgaste de flanco na superfície de principal de corte. Agora, com uma visão diferente das imagens analisadas acima, pode-se analisar a vista superior da ferramenta, analisando a superfície principal de corte e saída, com as quais a Figura 38 (40x) e Figura 39 (400x), mostram detalhadamente o desgaste de flanco e entalhe na aresta principal de corte. Figura 38 - Visão geral da ferramenta 40x Figura 39 - Visão com aproximação de 400 x no quebra-cavaco da ferramenta 58 Analisando o desgaste da pastilha de cermet com auxílio de fluido de corte, torneando com a mesma ferramenta nos cinco corpos de provas, foi possível a verificação de desgaste, a qual em outras superfícies não ocorreu desgaste ferramental. Na Figura 40 com a visão geral da ferramenta, mostrando um pequeno entalhe e na Figura 41, com uma imagem mais detalhada, em 400 x de ampliação, consta um desgaste de flanco na superfície principal da ferramenta. Figura 40 - Visão geral da ferramenta Figura 41 - Visão ampliada sobre o desgaste Analisando a mesma ferramenta no microscópio em outra perspectiva de vista da pastilha, verificando a superfície de saída, raio da ponta e aresta principal de corte. 59 Foi possível analisar a ocorrência de desgaste mínimo de flanco na superfície de saída, como mostrado na Figura 42 com ampliação de 40 x e Figura 43 com 400 x de ampliação. Figura 42 - Visão geral da ferramenta Figura 43 - Visão ampliada do desgaste Desgaste da ferramenta de aço rápido lubrificado, usinado com os mesmos parâmetros de corte, nos cinco corpos de provas com ferramenta nova, pode-se notar 60 a ocorrência do desgaste de cratera na superfície de saída do bits. As Figura 44, com ampliação de 40x e, Figura 45, com ampliação de 400x, mostram detalhadamente o desgaste de cratera, no raio da ponta da ferramenta e superfície de saída. Figura 44 - Visão do raio da ferramenta Figura 45 - Visão mais ampliado sobre o desgaste Na ferramenta de aço rápido a seco, foi constado um desgaste no raio e 61 superfície de saída da ferramenta, como observa-se nas Figuras 46 (40x) e 47 (400x). Sendo identificado como desgaste de flanco, onde ocorreu uma pequena fratura na quina da ferramenta e desgaste de cratera na superfície de saída. Figura 46 - Visão geral da quina da ferramenta Figura 47 - Visão mais ampliada sobre o desgaste . Analisando os desgastes ocorridos nas ferramentas de corte (cermet e aço rápido com 10% de Co) com os mesmos parâmetros de corte e condições, ou seja, com e sem fluido de corte. Pode-se notar que as ferramentas na condição a seco sofreram mais desgaste, por causa das altas temperaturas, e, já com auxílio de fluido 62 de corte, o desgaste no Cermet foi mínimo comparado na condição a seco. Onde os desgastes predominantes, independente da condição usada foram a de entalhe e flanco. Um fato que chamou a atenção no desgaste analisado nas ferramentas de aços rápido, foi o grande indício de desgaste de cratera na superfície de saída e desgaste de flanco na quina da ferramenta em ambas as ferramentas. Entretanto, na condição, com fluido de corte foi de fato menor, comparado na condição a seco, onde chegou a sofrer uma pequena fratura no raio da ponta. Segundo Machado (2009), o uso do fluido de corte reduz o desgaste da ferramenta e o atrito entre a ferramenta e a peça ou cavaco, contribuindo para uma melhoria no acabamento. Como a taxa de remoção de material é alta para as ferramentas de cermet, a aplicação de um fluido refrigerante se torna necessária para prolongar a vida da ferramenta. 5.3 Analise do tipo de cavaco Em um produto obtido pelos processos de usinagem, o material é retirado em forma de cavacos. A configuração destes pode oferecer riscos de danos à peça, à máquina-ferramenta e a integridade física do operador. (Santos e Sales, 2007) O tipo de cavaco formado em ambos os corpos de prova utilizando a pastilha de cermet durante o torneamento a seco e com fluido de corte, com os mesmos parâmetros de corte (Vc=125,66 m/min, ap=1,5 mm e f=0,125mm/volta) foram de forma bem semelhantes. Figura 48 - Cavaco formado na usinagem a seco 63 Figura 49 - Cavaco formado na usinagem com fluido de corte. Observa-se nas Figuras 48 e 49, a formação do cavaco que foi do tipo parcialmente contínuo - helicoidal longo, devido a superfície de saída da pastilha, material usinado (atrelado a sua ductilidade), velocidade de corte e avanço. Onde sua geometria oferece um quebra-cavacos largos, proporcionando uma saída de cavaco mais conveniente, causando uma quebra de cavacos em intervalos regulares e como há uma variação muito pequena na força de corte, apresenta uma qualidade superficial muito boa. Esta geometria da ferramenta, traz alguns benefícios, como: menor risco de acidente ao torneiro, maior facilidade na remoção de cavacos, melhor acabamento superficial e menor obstrução do fluido de corte pelo cavaco. Segundo Ferraresi (1970), o cavaco mais conveniente é o tipo helicoidal, pois não dificulta a operação de usinagem, não prejudica o acabamento superficial da peça e desgastam menos a ferramenta. Os corpos de prova usinados com fluido de corte com a ferramenta
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