Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
www.CEAPCURSOS.com.br Em concursos úblicos 1 CADERNO DE QUESTÕES – PORTUGUÊS - FUNCERN www.CEAPCURSOS.com.br Em concursos úblicos 2 CADERNO DE QUESTÕES – PORTUGUÊS - FUNCERN AS QUESTÕES DE NÚMERO 01 A 09 REFEREM-SE AO TEXTO ABAIXO. Inclusão Social Rodolfo F. Alves Pena A inclusão social é o termo utilizado para designar toda e qualquer política de inserção de pessoas ou grupos excluídos na sociedade. Portanto, falar de inclusão social é remeter ao seu inverso, a exclusão social. Nesse sentido, para estabelecer uma ação de inclusão social, primeiramente é necessário observar e identificar quais seriam aqueles que estariam sistematicamente excluídos da sociedade, ou seja, que não gozam dos seus benefícios e direitos básicos, como saúde, educação, emprego, renda, lazer, cultura, entre outros. De certo modo, é muito difícil que alguém ou algum grupo social esteja totalmente excluído de toda a sociedade. Geralmente, isso ocorre sobre uma parte dela. Assim, falar de inclusão é falar de democratizar os diferentes espaços para aqueles que não possuem acesso direto a eles. Por exemplo: as cotas raciais seriam uma medida de inclusão dos negros na universidade, no sentido de que esse grupo de pessoas, por razões históricas, possui estatisticamente maiores limitações materiais para alcançar o nível superior. Outro caso seria a adoção de medidas de acessibilidade para idosos e deficientes físicos que não conseguem acessar ou se deslocar em espaços públicos das cidades. A Secretaria Especial dos Direitos Humanos[1] resume alguns dados que podemos considerar como exemplos de exclusão social: 125 milhões de crianças no mundo não frequentam a escola, sendo dois terços delas mulheres; somente 1% dos deficientes físicos frequentam a escola em países subdesenvolvidos e emergentes; e 12 milhões de crianças morrem por problemas relacionados com a falta de recursos por ano. Vale lembrar que, por exemplo, caso uma pessoa seja de determinada etnia, ou cor, ou possua algum tipo de deficiência física ou seja portadora de necessidades especiais, ela não é automaticamente uma pessoa socialmente excluída. No entanto, se a sociedade não oferece condições e faz com que qualquer uma dessas características se torne um impeditivo à liberdade humana, então há um caso de exclusão social. Portanto, mais do que uma expressão, a exclusão social é, de certo modo, uma forma de violência ao ser ou à dignidade humana, uma vez que impede um indivíduo de exercer a sua cidadania por razões eticamente não justificáveis. Nesse contexto, a inclusão social transformou-se em um objetivo a ser perseguido por várias pessoas, em uma forma de luta. Assim, existem atualmente inúmeros movimentos sociais que reivindicam da sociedade geral e do poder público a efetuação de uma política real de contrapeso às diferenças históricas e sociais constituídas no cerne da história da civilização moderna. No Brasil, por exemplo, existem os movimentos de feministas, de negros, de homossexuais, de praticantes de religiões africanas, de portadores de necessidades especiais etc. Mais do que um esforço do governo em suas diferentes escalas, é preciso também uma maior ação social para a promoção de políticas de inclusão social. Isso envolve diversas áreas da sociedade, como a educação e a cultura, entre outras. Por isso, esforços coletivos e individuais que visem romper preconceitos e ações coercitivas são necessários para uma melhor vivência cotidiana. [1] Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Ética e cidadania: construindo valores na escola e na sociedade. Brasília: Ministério da Educação, SEIF, SEMTEC, SEED, 2003. Disponível em: http://www.oei.es/quipu/brasil/ec_inclu.pdf. Texto adaptado de: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/educacao/inclusao-social.htm. Acesso em: 13 abri. 2018. QUESTÃO 01 (FUNDASE-RN: Agente Socioeducativo, Assistente Social, Pedagogo e Psicólogo - FUNCERN 2018) A intenção comunicativa dominante no texto é A) defender visão pessoal a respeito da inclusão social. B) fornecer dados que subsidiem a política da inclusão social. C) expor entendimento panorâmico sobre a inclusão social. D) orientar práticas que visem defender a inclusão social. QUESTÃO 02 (FUNDASE-RN: Agente Socioeducativo, Assistente Social, Pedagogo e Psicólogo - FUNCERN 2018) O quarto parágrafo do texto corresponde ao desenvolvimento de ideia explicitada A) no terceiro período do parágrafo anterior. B) no primeiro período do parágrafo anterior. C) no primeiro período do primeiro parágrafo. D) no segundo período do primeiro parágrafo. QUESTÃO 03 (FUNDASE-RN: Agente Socioeducativo, Assistente Social, Pedagogo e Psicólogo - FUNCERN 2018) Considere o parágrafo: Mais do que um esforço do governo em suas (1º) diferentes escalas, é preciso também uma maior ação social para a promoção de políticas de inclusão social. Isso (2º) envolve diversas áreas da sociedade, como a educação e a cultura, entre outras. Por isso, (3º) esforços coletivos e individuais que (4º) visem romper preconceitos e ações coercitivas são necessários para uma melhor vivência cotidiana. Em relação aos pronomes destacados, é correto afirmar: A) o segundo e o quarto retomam dados apresentados em períodos anteriores. B) o primeiro e o terceiro retomam dados apresentados em períodos anteriores. C) o segundo e o terceiro retomam dados apresentados no período em que se encontra cada uma dessas formas pronominais. D) o primeiro e o quarto retomam dados apresentados no período em que se encontra cada uma dessas formas pronominais. QUESTÃO 04 (FUNDASE-RN: Agente Socioeducativo, Assistente Social, Pedagogo e Psicólogo - FUNCERN 2018) O título do texto apresenta-se em registro FUNDASE-RN 2018: AGENTE SOCIOEDUCATIVO, ASSISTENTE SOCIAL, PEDAGOGO E PSICÓLOGO www.CEAPCURSOS.com.br Em concursos úblicos 3 CADERNO DE QUESTÕES – PORTUGUÊS - FUNCERN A) denotativo e foca, estritamente, o tema a ser tratado. B) denotativo e orienta, claramente, o leitor para a intenção comunicativa. C) conotativo e orienta, claramente, o leitor para a intenção comunicativa. D) conotativo e foca, estritamente, o tema a ser tratado. QUESTÃO 05 (FUNDASE-RN: Agente Socioeducativo, Assistente Social, Pedagogo e Psicólogo - FUNCERN 2018) Considere o período: Portanto, mais do que uma expressão, a exclusão social é, de certo modo, uma forma de violência ao ser ou à dignidade humana, uma vez que impede um indivíduo de exercer a sua cidadania por razões eticamente não justificáveis. No trecho, o autor constrói uma afirmativa A) com auxílio de delimitação e sem justificativa. B) sem auxílio de delimitação e com justificativa. C) com auxílio de delimitação e de justificativa. D) sem auxílio de delimitação e de justificativa. QUESTÃO 06 (FUNDASE-RN: Agente Socioeducativo, Assistente Social, Pedagogo e Psicólogo - FUNCERN 2018) A palavra cujo acento gráfico se justifica pelo mesmo motivo que “excluídos” é A) “benefícios”. B) “saúde”. C) “básicos”. D) “nível”. QUESTÃO 07 (FUNDASE-RN: Agente Socioeducativo, Assistente Social, Pedagogo e Psicólogo - FUNCERN 2018) Considere o trecho: Vale lembrar que, por exemplo, (1ª) caso uma pessoa seja de determinada etnia, ou cor, ou possua algum tipo de deficiência física ou seja portadora de necessidades especiais, (2ª) ela não é automaticamente uma pessoa socialmente excluída. No entanto, (3ª) se a sociedade não oferece condições e faz com que qualquer uma dessas características se torne um impeditivo à liberdade humana, (4ª) então há um caso de exclusão social. Em relação às virgulas em destaque, é correto afirmar: A) todas são obrigatórias e justificam-se por razões diferentes. B) as duas primeiras são facultativas e justificam-se pela mesma razão. C) as duas últimas são facultativas e justificam-se por razões diferentes. D) todas são obrigatórias e justificam-se pela mesma razão. QUESTÃO 08 (FUNDASE-RN:Agente Socioeducativo, Assistente Social, Pedagogo e Psicólogo - FUNCERN 2018) Considere o período: No entanto, se a sociedade não oferece condições e faz com que qualquer uma dessas características se torne um impeditivo à liberdade humana, então há um caso de exclusão social. No trecho, a crase é decorrente A) da palavra “empeditivo”, apenas. B) da palavra “torne”, apenas. C) das palavras “empeditivo” e “liberdade”, simultaneamente. D) das palavras “torne” e “liberdade”, simultaneamente. QUESTÃO 09 (FUNDASE-RN: Agente Socioeducativo, Assistente Social, Pedagogo e Psicólogo - FUNCERN 2018) Considere o trecho: Nesse contexto, a inclusão social transformou-se em um objetivo a ser perseguido por várias pessoas, em uma forma de luta. Assim, existem (1º) atualmente inúmeros movimentos sociais que reivindicam (2º) da sociedade geral e do poder público a efetuação de uma política real de contrapeso às diferenças históricas e sociais constituídas no cerne da história da civilização moderna. Em relação aos verbos destacados, é correto afirmar: A) apenas o primeiro concorda com sujeito posposto, explicitado no período em que se encontra a forma verbal. B) apenas o segundo concorda com sujeito anteposto, explicitado no período anterior. C) ambos concordam com sujeito anteposto, explicitado no período anterior. D) ambos concordam com sujeito posposto, explicitado no período em que se encontra cada forma verbal. QUESTÃO 10 (FUNDASE-RN: Agente Socioeducativo, Assistente Social, Pedagogo e Psicólogo - FUNCERN 2018) 10. Em carta formal sobre exclusões sociais destinada aos vereadores da Câmara Municipal de Natal, o pronome de tratamento adequado para dirigir-se, diretamente, a essas autoridades é A) Suas Senhorias. B) Vossas Senhorias. C) Vossas Excelências. D) Suas Excelências. GABARITO 01 – C 02 – A 03 – D 04 – A 05 – C 06 – B 07 – D 08 – C 09 – A 10 – B www.CEAPCURSOS.com.br Em concursos úblicos 4 CADERNO DE QUESTÕES – PORTUGUÊS - FUNCERN PROVA DISCURSIVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS Estas questões deverão ser respondidas nas folhas de respostas discursivas, mantendo o memorial de cálculo, quando for o caso. QUESTÃO 01 (IFRN: Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico: Língua Port. e Lit. Brasileira - FUNCERN 2017) Considere os excertos: Em sociedades tecnológicas, industrializadas, a escrita é onipresente. Ela integra cada momento de nosso cotidiano, constituindo-se numa forma tão familiar de fazer sentido de nossa realidade que seu uso passa despercebido para os grupos letrados. Para realizar uma atividade rotineira como uma compra no supermercado, por exemplo, escrevemos uma lista dos produtos que precisamos comprar; já no local de compras, lemos e comparamos rótulos, preços, datas de validade, ingredientes e cartazes promocionais [...]. Essa escrita ambiental e rotineira representa, entretanto, apenas uma das funções da escrita, das mais básicas. O domínio de outros usos e outras funções da escrita significa, efetivamente, o acesso a outros mundos, públicos e institucionais, como o da mídia, da burocracia, da tecnologia e, por meio deles, a possibilidade de acesso ao poder. Fonte: KLEIMAN, A. B. Os significados do letramento: uma nova perspectiva sobre a prática social da escrita. Campinas: SP: Mercado de Letras, 1995. p. 7-8. [...] as práticas sociais de uso da língua escrita devem receber destaque na orientação do trabalho escolar, em razão do valor social e histórico que têm em nossa sociedade. Independentemente, porém, da natureza da modalidade e da prática social de linguagem em foco, parte-se da compreensão de que o conhecimento do sujeito para nela atuar é uma produção humana – histórica e contextualizada – e de que sua apropriação se dá exatamente na prática social. [...] a definição do que se vai propor como objeto de ensino, a rigor, é uma ação de natureza pedagógica e, sobretudo política, voltada para a criação de situações de ensino que propiciem a construção de conhecimentos que resulte de uma atividade de busca por parte do próprio aluno, fundada em situações de aprendizagem significativas, a partir das indicações e das orientações fornecidas pelo professor. Adaptado de: BRASIL. Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM). Linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília: Ministério da Educação/Secretaria de Educação Média e Tecnológica, 2006. v. 1, p. 34- 35. Tomando como referência tanto o papel da escrita em uma sociedade letrada e estratificada em classes sociais quanto as afirmações dos documentos oficiais sobre o trabalho com as práticas letradas no ensino médio, produza um comentário, na modalidade padrão da língua portuguesa, no qual você se posicione sobre a seguinte questão: a escola pública brasileira tem cumprido, a contento, o seu papel de formar alunos produtores de textos escritos, cidadãos letrados que concebam a escrita como prática discursiva e como instrumento de poder e de acesso ao mundo social? Na produção do comentário, problematize o ensino de escrita na última etapa da educação básica da rede pública, considerando as práticas didático-pedagógicas geralmente em uso e as práticas didático-pedagógicas delineadas nos documentos oficiais. QUESTÃO 02 (IFRN: Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico: Língua Port. e Lit. Brasileira - FUNCERN 2017) Considere o excerto: No ensino médio, a sistematização de certos conceitos específicos da teoria e da crítica literárias precisa alcançar maior profundidade, exigindo-se do aluno um repertório mais amplo de leituras e o conhecimento da organização estética da obra literária. A carência de noções teóricas e a escassez de práticas de leituras literárias são fatores que contribuem para que o aluno encare a literatura como objeto artístico de difícil compreensão. Essa situação é certamente herança das lacunas do ensino fundamental, como também decorre do próprio encaminhamento dado ao estudo de literatura no ensino médio, considerando, por exemplo, a seleção inadequada de obras literárias, sem levar em conta as leituras prévias dos alunos e as expectativas desse público-leitor. Além disso, as técnicas de abordagem ao texto literário não são diversificadas, contribuindo para que o educando desenvolva uma compreensão mitificada e homogênea do fenômeno literário. Adaptado de: SILVA, I. M. M. A literatura no ensino médio: quais os desafios do professor? In: BUNZEN, C.; MEDONÇA, M, (Org.). Português no ensino médio e formação do professor. São Paulo: Parábola, 2006. p. 83. Considerando a perspectiva esboçada acima, produza um comentário, na modalidade padrão da língua portuguesa. Nesse comentário, eleja uma concepção de literatura que possa subsidiar abordagens didático-pedagógicas apropriadas ao desenvolvimento da formação humana do educando e à construção de um leitor crítico e reflexivo do texto literário. Em seguida, justifique sua escolha. PROVA OBJETIVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS Considere o excerto para responder às questões de 1 a 10: A língua continua sendo forte elemento de discriminação social, seja no próprio contexto escolar, seja em outros contextos sociais, como no acesso ao emprego e aos serviços públicos em geral (serviços de saúde, por exemplo). Por isso, parece ser um grande equívoco a afirmação de que a variação linguística não deve ser matéria de ensino na escola básica. Assim, a questão crucial, para nós, é saber como tratá-la pedagogicamente, ou seja, como desenvolver uma pedagogia da variação linguística no sistema escolar de uma sociedade que ainda não reconheceu sua complexa cara linguística e, como resultado da profunda divisão socioeconômica que caracterizou historicamente sua formação (uma sociedade que foi, por trezentos anos, escravocrata), ainda discrimina fortemente pela língua os IFRN 2017: PROFESSOR DE ENSINO BÁSICO, TÉCNICO E TECNOLÓGICO:LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA www.CEAPCURSOS.com.br Em concursos úblicos 5 CADERNO DE QUESTÕES – PORTUGUÊS - FUNCERN grupos socioeconômicos que recebem as menores parcelas da renda nacional. A maioria dos alunos que chegam à escola pública é oriunda precisamente desses grupos socioeconômicos. E há, entre nossas crenças pedagógicas, um pressuposto de que cabe à escola pública contribuir, pela oferta de educação de qualidade, para favorecer, mesmo que indiretamente, uma melhor redistribuição da renda nacional. Obviamente, não se pode compreender a educação apenas como vetor de criação de valor econômico. É preciso vê-la principalmente como uma experiência sociocognitiva que dá acesso amplo ao universo das práticas socioculturais em toda a sua diversidade, universo este em que as linguagens (e a linguagem verbal em especial) têm papel constitutivo. Boa parte de uma educação de qualidade tem a ver precisamente com o ensino de língua – um ensino que garanta o domínio das práticas socioculturais de leitura, escrita e fala nos espaços públicos. E esse domínio inclui o das variedades linguísticas historicamente identificadas como as mais próprias a essas práticas, ou seja, o conjunto de variedades escritas e faladas constitutivas da chamada norma culta (o que pressupõe, inclusive, uma ampla discussão sobre o próprio conceito de norma culta e suas efetivas características no Brasil contemporâneo). Parece claro hoje que o domínio dessas variedades caminha junto com o domínio das respectivas práticas socioculturais. Não se trata de desenvolver uma pedagogia que se concentre nas formas léxico-gramaticais típicas dessas variedades, mas de uma pedagogia que integre o domínio das variedades ao domínio das práticas socioculturais de leitura, escrita e fala no espaço público. Sabemos fazer isso concretamente? Já conseguimos ir além das asserções de generalidades? Se não, que problemas têm de ser enfrentados e que caminhos concretos seriam viáveis para a construção de uma pedagogia da variedade linguística consequente com as crenças que acabamos de expor? Parece claro também, por outro lado, que não se trata apenas de desenvolver uma pedagogia que garanta o domínio das práticas socioculturais e das respectivas variedades linguísticas. Considerando o grau de rejeição social das variedades ditas populares, parece que o que nos desafia é a construção de toda uma cultura escolar aberta à crítica da discriminação pela língua e preparada para combatê-la, o que pressupõe uma adequada compreensão da heterogeneidade linguística do país, sua história social e suas características atuais. Essa compreensão deve alcançar, em primeiro lugar, os próprios educadores e, em seguida, os educandos. Fonte: FARACO, C. A; ZILLES, A. M. S. (Org.). Pedagogia da variação linguística: língua, diversidade e ensino. São Paulo: Parábola Editorial, 2015. p. 8-9. QUESTÃO 01 (IFRN: Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico: Língua Port. e Lit. Brasileira - FUNCERN 2017) De acordo com o excerto, A) o ensino da língua deve priorizar o combate à discriminação social, gerada pelas variedades linguísticas manifestas no contexto escolar. B) a escolarização das práticas socioculturais de escrita, leitura e fala deve garantir a implementação de uma melhor distribuição de renda nacional. C) o ensino da língua deve garantir aos educandos o domínio das práticas linguageiras exigidas nas esferas públicas de usos da linguagem. D) a escolarização das práticas socioculturais de escrita, leitura e fala deve priorizar grupos sociais menos favorecidos a fim de que acessem os serviços públicos. QUESTÃO 02 (IFRN: Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico: Língua Port. e Lit. Brasileira - FUNCERN 2017) Da leitura do excerto, é correto inferir que A) a variação linguística é tratada didaticamente, no contexto da escola pública brasileira, como o mais importante objeto de ensino. B) a língua é um instrumento de poder, cujo domínio promove a distribuição de renda, favorecendo o acesso às práticas socioculturais de leitura, escrita e fala. C) a heterogeneidade linguística é uma realidade da sociedade brasileira e precisa ser problematizada no contexto escolar. D) a variação linguística é tratada, pedagogicamente, de forma exitosa, a partir de uma abordagem instrumental das práticas de linguagem. QUESTÃO 03 (IFRN: Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico: Língua Port. e Lit. Brasileira - FUNCERN 2017) De acordo com o excerto, o desenvolvimento de uma pedagogia da variação linguística A) prioriza a seleção dos objetos de ensino a partir de uma visão de língua baseada na homogeneidade e na desvalorização dos seus aspectos funcionais e estruturais. B) pressupõe a assunção de uma concepção de ensino produtivo de língua que contemple o trabalho com as variedades constitutivas da norma-padrão, ampliando as habilidades de uso da linguagem do aluno. C) prioriza, nas práticas pedagógicas, as formas léxico- gramaticais das variedades escritas e faladas que constituem a chamada norma-padrão. D) pressupõe a assunção de uma concepção de ensino de língua descritivo o qual leva o aluno a identificar os mecanismos estruturais da língua, privilegiando a variedade escrita culta e a correção formal da linguagem. QUESTÃO 04 (IFRN: Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico: Língua Port. e Lit. Brasileira - FUNCERN 2017) Do primeiro parágrafo do excerto, é correto inferir que A) o preconceito linguístico é uma realidade extraescolar, a partir de uma informação subentendida. B) o domínio da língua garante acesso ao mundo do trabalho, a partir de uma informação pressuposta. C) a discriminação social perpetua-se nos serviços públicos, a partir de uma informação subentendida. D) a discriminação pela língua é uma problemática antiga, a partir de uma informação pressuposta. www.CEAPCURSOS.com.br Em concursos úblicos 6 CADERNO DE QUESTÕES – PORTUGUÊS - FUNCERN QUESTÃO 05 (IFRN: Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico: Língua Port. e Lit. Brasileira - FUNCERN 2017) O excerto organiza-se a partir de uma planificação predominantemente A) injuntiva, por se valer de estratégias de transmissão de saberes teóricos para orientar o trabalho pedagógico com o fenômeno da variação linguística. B) argumentativa, por defender, a fim de combater a discriminação pela língua, a reformulação do trabalho com a variação linguística e a construção de uma cultura escolar de respeito às variedades populares. C) expositiva, por propor a resolução da problemática da diversidade linguística a partir do desenvolvimento de uma pedagogia da variação linguística. D) descritiva, por caracterizar a heterogeneidade linguística brasileira e apresentar, a fim de combater a discriminação pela língua no contexto escolar, estratégias de abordagem da variação linguística. QUESTÃO 06 (IFRN: Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico: Língua Port. e Lit. Brasileira - FUNCERN 2017) Ao longo do excerto, o uso da palavra parece caracteriza A) um paralelismo sintático, estratégia de progressão temática utilizada como recurso discursivo. B) um procedimento expressivo, estratégia de progressão temática utilizada como recurso estilístico. C) uma repetição, estratégia de progressão textual utilizada como recurso retórico. D) uma paráfrase, estratégia de progressão textual utilizada como recurso semântico. QUESTÃO 07 (IFRN: Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico: Língua Port. e Lit. Brasileira - FUNCERN 2017) Considere o trecho: Parece claro hoje que o domínio dessas variedades caminha junto com o domínio das respectivas práticas socioculturais (1). Não se trata de desenvolver uma pedagogia (2) que se concentre nas formas léxico-gramaticais típicas dessas variedades (3), mas (4) de uma pedagogia (5) que integre o domínio das variedades ao domíniodas práticas socioculturais de leitura, escrita e fala no espaço público (6). Assinale a opção que classifica, adequada e respectivamente, as orações enumeradas de 1 a 6. A) (1) subordinada substantiva objetiva direta; (2) subordinada substantiva subjetiva; (3) subordinada adjetiva restritiva; (4) subordinada adverbial concessiva; (5) subordinada substantiva objetiva indireta; (6) subordinada adjetiva restritiva. B) (1) subordinada substantiva subjetiva; (2) subordinada substantiva objetiva indireta; (3) subordinada adjetiva restritiva; (4) coordenada sindética adversativa; (5) subordinada substantiva objetiva indireta reduzida; (6) subordinada adjetiva restritiva. C) (1) subordinada substantiva subjetiva; (2) subordinada substantiva completiva nominal; (3) subordinada adjetiva restritiva reduzida; (4) coordenada sindética adversativa; (5) subordinada substantiva completiva nominal reduzida; (6) subordinada adjetiva restritiva reduzida. D) (1) subordinada substantiva objetiva direta; (2) subordinada substantiva subjetiva; (3) subordinada adjetiva restritiva reduzida; (4) subordinada adverbial concessiva; (5) subordinada substantiva completiva nominal; (6) subordinada adjetiva restritiva reduzida. Para responder às questões de 8 a 10, considere o trecho: Parece claro também, por outro lado, que não se trata apenas de desenvolver uma pedagogia que garanta o domínio das práticas socioculturais e das respectivas variedades linguísticas. Considerando o grau de rejeição social das variedades ditas populares, parece que o que nos desafia é a construção de toda uma cultura escolar aberta à crítica da discriminação pela língua e preparada para combatê-la, o que pressupõe uma adequada compreensão da heterogeneidade linguística do país, sua história social e suas características atuais. Essa compreensão deve alcançar, em primeiro lugar, os próprios educadores e, em seguida, os educandos. QUESTÃO 08 (IFRN: Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico: Língua Port. e Lit. Brasileira - FUNCERN 2017) O agrupamento nominal essa compreensão configura procedimento coesivo de A) associação e substituição, estabelecido pela retomada de referentes. B) substituição, estabelecido por seleção lexical. C) reiteração e associação, estabelecido pela repetição de termos. D) reiteração, estabelecido por substituição. QUESTÃO 09 (IFRN: Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico: Língua Port. e Lit. Brasileira - FUNCERN 2017) No excerto, os elementos linguísticos em primeiro lugar e em seguida são articuladores A) de relações lógico-semânticas os quais atuam no nível macroestrutural do texto, encadeando orações entre si. B) da organização textual os quais atuam no nível microestrutural do texto, encadeando termos de orações entre si. C) de relações metadiscursivas os quais atuam no nível macroestrutural do texto, encadeando termos de orações entre si. D) da organização textual no tempo/espaço os quais atuam no nível microestrutural do texto, encadeando orações entre si. QUESTÃO 10 (IFRN: Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico: Língua Port. e Lit. Brasileira - FUNCERN 2017) No trecho em análise, a palavra deve A) manifesta um comentário, a partir de uma modalização deôntica, com vistas a reforçar um posicionamento assumido, acerca do conteúdo temático, pela voz do enunciador. B) revela um encadeamento da voz do outro em comentário sobre o conteúdo temático, a partir da modalização apreciativa, com vistas à avaliação do discurso pelo coenunciador. www.CEAPCURSOS.com.br Em concursos úblicos 7 CADERNO DE QUESTÕES – PORTUGUÊS - FUNCERN C) manifesta um comentário sobre o conteúdo temático, a partir de uma modalização pragmática, com vistas a explicitar julgamentos sobre a ação do coenunciador. D) revela um posicionamento expresso por uma voz enunciativa, a partir da modalização lógica, com vistas a questionar o valor de verdade das palavras do enunciador. Para responder às questões 11 e 12, considere o excerto: Todos os recursos da língua – em todos os seus planos (fonológico, morfológico, sintático, semântico, pragmático) e níveis (lexical, frasal, textual-discursivo) – em termos de unidades e estrutura (sejam elas fonológicas, morfológicas, sintáticas, textuais), funcionam como pistas e instruções de sentidos que são coadjuvados nessa função por mecanismos, fatores e princípios. Dessa ação conjunta, surgem os efeitos de sentido possíveis para uma dada sequência linguística usada como texto numa dada situação de interação. O que se disse anteriormente autoriza afirmar que tudo o que é gramatical é textual e, vice-versa, que tudo o que é textual é gramatical. Assim, quando se estudam aspectos gramaticais de uma língua, estão sendo estudados os recursos de que a língua dispõe para que o falante/escritor constitua seus textos para produzir o(s) efeito(s) de sentido que pretende sejam percebidos pelo ouvinte/leitor e o que afeta essa percepção. Quando são estudados aspectos textuais da língua, estamos estudando como esses recursos funcionam na interação comunicativa [...]. Fonte: TRAVAGLIA, L. C. Gramática ensino plural. São Paulo: Cortez, 2003. p. 45. QUESTÃO 11 (IFRN: Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico: Língua Port. e Lit. Brasileira - FUNCERN 2017) Do excerto, infere-se: A) o ensino de gramática concebida como um conjunto sistemático de normas para bem falar e escrever deve ser assumido no contexto escolar a fim de garantir o desenvolvimento da competência comunicativa do aluno e a sua agência na vida social. B) uma concepção de gramática fundada na descrição e no funcionamento de regras estruturais da língua proporciona a autonomia do sujeito leitor/produtor de textos e viabiliza a construção de sentidos dos textos escritos na sala de aula. C) o ensino de gramática, quando enfatiza as variedades cultas da língua, representantes do padrão monitorado escrito, desenvolve-se em uma abordagem emancipatória, proporcionando a autonomia do sujeito leitor/produtor de textos na escola. D) uma concepção textual-interativa de trabalho com a gramática, imbricando texto e gramática, favorece a constituição identitária e o desenvolvimento da competência comunicativa do sujeito leitor/produtor de textos na escola. QUESTÃO 12 (IFRN: Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico: Língua Port. e Lit. Brasileira - FUNCERN 2017) Do excerto, depreende-se uma concepção de texto como A) um jogo interativo, um mosaico discursivo e dialógico, espaço de interação entre texto, leitor e autor. B) uma mensagem codificada, um produto discursivo e dialógico de um agente criador solitário, o autor. C) um artefato cultural que prescinde tanto de sentidos múltiplos como do pensamento interativo do leitor. D) uma sequência de palavras interativas que revela um sentido único estabelecido para texto, leitor e autor. Para responder às questões de 13 a 20, considere o excerto: Em muitas concepções tradicionais de leitura e de escrita que são veiculadas na escola, essas práticas são relacionadas a uma concepção de linguagem ingênua, segundo a qual haveria uma relação transparente e unívoca entre pensamento e linguagem. Como decorrência, vemos que a instituição escolar se torna o espaço para que sejam reproduzidos os usos linguísticos autorizados com a palavra escrita e, por isso mesmo, autoritários. Nesse sentido, resta ao aluno leitor/produtor de textos ocupar o lugar que lhe é destinado institucionalmente, sem que lhe seja permitido reconhecer a historicidade constitutiva da linguagem e (re)construir a sua própria história de leitura e escrita. Pensando nessas questões, acredito ser fundamental a inclusão da historicidade em qualquer análise sobre a linguagem. Considero que esse cruzamento entre instituições que se encarregam de atribuir significados à escrita e à leitura permite que se visualizem algumasdas contradições entre diferentes concepções que orientam as abordagens de ensino em sala de aula. Fonte: MATENCIO, M. L. M. Leitura, produção de textos e a escola: reflexões sobre o processo de letramento. Campinas, SP: Mercado de Letras, 1994. p. 66. QUESTÃO 13 (IFRN: Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico: Língua Port. e Lit. Brasileira - FUNCERN 2017) Para a compreensão global do excerto, o leitor não pode, prioritariamente, prescindir do domínio de conhecimentos relativos a A) participantes de um dado contexto de comunicação. B) marcas de vozes sociais de uma dada esfera discursiva. C) saberes de uma dada esfera discursiva. D) características de estilo individual de um dado autor. QUESTÃO 14 (IFRN: Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico: Língua Port. e Lit. Brasileira - FUNCERN 2017) Do excerto, emerge uma proposta de concepção de ensino de língua em que o sujeito deve ser A) visto a partir de uma realidade linguística univocal. Nas práticas discursivas, o sujeito atualiza o sistema gramatical subjacente à língua, pois há um modo neutro, objetivo e sobre-humano de se falar no mundo. B) compreendido como um ente uno verbalmente autônomo na heteroglossia constitutiva das línguas sociais. Nesse sentido, o sujeito lida com um sistema gramatical abstrato a ser explicitado, descrito e explicado. C) visto como um ser mediado pela linguagem, capaz de agir no e sobre o mundo. Nesse sentido, o sujeito situa-se historicamente e constitui-se a partir da internalização dinâmica e ininterrupta da heteroglossia constitutiva das línguas sociais. www.CEAPCURSOS.com.br Em concursos úblicos 8 CADERNO DE QUESTÕES – PORTUGUÊS - FUNCERN D) compreendido a partir de uma visão reificada da linguagem. Nas práticas discursivas, o sujeito constitui-se como um conglomerado de vozes sociais, caracterizando-se como uma arena de diferentes dizeres, já que se aliena de sua realidade social. QUESTÃO 15 (IFRN: Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico: Língua Port. e Lit. Brasileira - FUNCERN 2017) Romper com concepções tradicionais de ensino de língua portuguesa problematizadas no excerto significa conceber a linguagem como um A) meio objetivo para se comunicar segundo um conjunto de signos que se combinam de acordo com determinadas regras gramaticais. B) instrumento comunicativo, uma realidade heteroglótica por meio da qual o emissor transmite informações codificadas ao receptor. C) sistema abstrato de formas linguísticas sociointeracionais no qual a enunciação, refletindo e refratando o mundo, é um ato dialógico e social. D) conjunto de atividades sociointeracionais, uma realidade heteroglótica em que os signos verbais refletem e refratam o mundo. QUESTÃO 16 (IFRN: Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico: Língua Port. e Lit. Brasileira - FUNCERN 2017) Considerando o excerto, em uma proposta de ensino que rompe com a tradição escolar, A) a leitura e a escrita são tratadas como práticas sociais situadas e desenvolvidas, dialogicamente, no processo de interação verbal. B) a escrita é trabalhada em uma abordagem dialógica, centrando as atividades na prática sistematizada e contínua da redação escolar. C) a leitura é considerada como um processo de decodificação de informações implícitas e explícitas para depreender os sentidos construídos, dialogicamente, no texto. D) a leitura e a escrita são focadas como práticas dialógicas que valorizam os usos linguísticos socialmente aceitos e ancorados na norma-padrão. QUESTÃO 17 (IFRN: Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico: Língua Port. e Lit. Brasileira - FUNCERN 2017) Considere o trecho: Em muitas concepções tradicionais de leitura e de escrita que são veiculadas na escola, (1ª) essas práticas são relacionadas a uma concepção de linguagem ingênua, (2ª) segundo a qual haveria uma relação transparente e unívoca entre pensamento e linguagem. Em relação às vírgulas em destaque, é correto afirmar: A) a segunda (2ª) sinaliza pausa expressiva de valor estilístico, constituindo-se, portanto, como um uso não previsto pelas convenções. B) a primeira (1ª) sinaliza sintagma deslocado da ordem direta, sendo, portanto, uma exigência da cadeia sintagmática. C) ambas sinalizam sintagmas deslocados da ordem direta, sendo, portanto, uma exigência da cadeia sintagmática. D) ambas sinalizam pausas expressiva de valor estilístico, constituindo-se, portanto, como um uso não previsto pelas convenções. QUESTÃO 18 (IFRN: Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico: Língua Port. e Lit. Brasileira - FUNCERN 2017) Considere o trecho: Nesse sentido, resta ao aluno leitor/produtor de textos ocupar o lugar que lhe é destinado institucionalmente, sem que lhe seja permitido reconhecer a historicidade constitutiva da linguagem e (re)construir a sua própria história de leitura e escrita. Assinale a opção que, pluralizando-se o elemento linguístico destacado no trecho, atende às convenções da norma- padrão. A) Nesse sentido, resta aos alunos leitores/produtor de textos ocuparem o lugar que lhe é destinado institucionalmente, sem que lhe seja permitido reconhecerem a historicidade constitutiva da linguagem e (re)construírem a sua própria história de leitura e escrita. B) Nesse sentido, resta aos alunos leitores/produtores de textos ocuparem o lugar que lhes é destinado institucionalmente, sem que lhes seja permitido reconhecerem a historicidade constitutiva da linguagem e (re)construírem as suas próprias histórias de leitura e escrita. C) Nesse sentido, resta aos alunos leitor/produtores de textos ocupar o lugar que lhes é destinado institucionalmente, sem que lhes seja permitido reconhecer a historicidade constitutiva da linguagem e (re)construir as suas próprias histórias de leitura e escrita. D) Nesse sentido, resta aos alunos leitores/produtores de textos ocupar o lugar que lhe é destinado institucionalmente, sem que lhe seja permitido reconhecer a historicidade constitutiva da linguagem e (re)construírem a sua própria história de leitura e escrita. Para responder às questões 19 e 20, considere o trecho: Pensando nessas questões, acredito ser fundamental a inclusão da historicidade em qualquer análise sobre a linguagem. Considero que (1) esse cruzamento entre instituições que (2) se encarregam de atribuir significados à escrita e à leitura permite que (3) se visualizem algumas das contradições entre diferentes concepções que (4) orientam as abordagens de ensino em sala de aula. QUESTÃO 19 (IFRN: Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico: Língua Port. e Lit. Brasileira - FUNCERN 2017) O elemento linguístico em destaque foi usado, em A) (1), como conjunção subordinativa integrante, introduzindo uma oração que exerce função sintática de adjunto adnominal; e, em (2), como pronome relativo, introduzindo uma oração que exerce função sintática de objeto direto. B) (2), como conjunção coordenativa explicativa, introduzindo uma oração que exerce função sintática de adjunto adnominal; e, em (3), como conjunção subordinativa integrante, introduzindo uma oração que exerce função sintática de sujeito da forma verbal permite. www.CEAPCURSOS.com.br Em concursos úblicos 9 CADERNO DE QUESTÕES – PORTUGUÊS - FUNCERN C) (3), como conjunção subordinativa consecutiva, introduzindo uma oração que exerce função sintática de adjunto adverbial; e, em (4), como pronome relativo, introduzindo uma oração que exerce função sintática de sujeito da forma verbal orientam. D) (1), como conjunção subordinativa integrante, introduzindo uma oração que exerce função sintática de objeto direto; e, em (4), como pronome relativo, introduzindo uma oração que exerce função sintática de adjunto adnominal. QUESTÃO 20 (IFRN: Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico: Língua Port. e Lit. Brasileira - FUNCERN 2017) Considerando a tradiçãogramatical e a organização sintática do trecho, identificam-se dois períodos: A) o primeiro composto por coordenação e o segundo composto por subordinação. Ambos encontram-se na ordem direta. B) ambos compostos por subordinação. O primeiro encontra-se na ordem indireta; o segundo, na ordem direta. C) ambos compostos por coordenação. O primeiro encontra- se na ordem direta; o segundo, na ordem indireta. D) o segundo composto por subordinação e o primeiro composto por coordenação. Ambos encontram-se na ordem indireta. QUESTÃO 21 (IFRN: Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico: Língua Port. e Lit. Brasileira - FUNCERN 2017) Considere o excerto: Podem-se destacar alguns pontos positivos e simultaneamente negativos da adoção da história da Literatura no ensino tal qual se tem cristalizado: 1. Resolve o problema da seleção de obras, pois constitui um corpus definido e nacionalmente instituído, mas elimina as peculiaridades regionais; 2. Resolve o problema da falta de preparação e de conhecimento literário que possa existir entre os professores, já que esses lidam com a reprodução de uma crítica institucionalizada, porém esse procedimento impede o professor de ser ele próprio um leitor crítico e estabelecer suas próprias hipóteses de leitura para abraçar as investidas mais livres de seus alunos na leitura; 3. Permite cobrir um tempo extenso, numa linha que vai do século XII ao século XXI, destacando momentos reconhecidos da tradição literária, porém tal extensão torna-se matéria para simplesmente decorar as características barrocas, românticas, naturalistas etc. confundem-se freneticamente, sem nada ensinar; 4. Permite tomar conhecimento de um grande número de títulos e autores, mas, em virtude da quantidade e variedade, a leitura do livro é inviabilizada e entendida como secundária; e 5. Permite ao aluno o reconhecimento de características comuns a um grande número de obras, porém obriga a obra a se ajustar às peculiaridades da crítica e não o contrário Fonte: BRASIL. Orientações Curriculares para o Ensino Médio. (OCEM). Linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília: MEC/SEB, 2006. p. 76. Uma proposta de ensino capaz de romper com os aspectos negativos apontados no excerto deve assumir, primordialmente, uma concepção de literatura como fenômeno A) cultural, histórico e social, instrumento político revelador de contradições e conflitos da realidade humana. B) artístico misterioso e imprevisto, condicionado por elementos sociais e individuais, reveladores de talentos. C) cultural, histórico e social, instrumento pedagógico revelador, por excelência, de traço poético, ficcional ou dramático. D) artístico surpreendente e criativo, condicionado, por excelência, à linguagem verbal e objeto de fruição estética. QUESTÃO 22 (IFRN: Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico: Língua Port. e Lit. Brasileira - FUNCERN 2017) Considere os excertos: (I) [...] no Brasil, contribuiu de maneira importante pelo fato de ter dado posição privilegiada ao meio e à raça como forças determinantes. Ora, meio e raça eram conceitos que correspondiam a problemas reais e a obsessões profundas, pesando nas concepções dos intelectuais e constituindo uma força impositiva em virtude das teorias científicas do momento [...]. Fonte: CANDIDO, A. O discurso e a cidade. São Paulo: Duas Cidades, 1993. p. 152. (II) [...] o homem ocidental não mais se conformava em abrir mão das virtualidades da vida terrena que o humanismo [...] e o alargamento espacial da Terra lhe revelaram. Por isso, o conflito entre o ideal de fuga e renúncia do mundo e as atrações e solicitações terrenas. Diante do dilema, em vez da impossível destruição, tentou a conciliação, a incorporação, a absorção. Fonte: COUTINHO, A. Introdução à literatura no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 1990. p. 99. (III) [...] A interação familiar, a educação da infância, as relações homem-mulher e homem-paisagem, a vida em sociedade, as instituições políticas e religiosas, tudo vai mudando de imagem e de significado no nível da consciência. Estilhaça-se o espelho em que esta reflete e prolonga a cultura recebida. E os cacos, ainda não rejuntados por uma nova ideologia explícita, vão-se dispondo em mosaico quando os apanha o andamento de uma prosa solta, rápida, impressionista. Fonte: BOSI, A. Céu, inferno. São Paulo: Duas Cidades, 2010. p. 212-213. (IV) A fluência ardorosa do tempo, o gosto pelo nebuloso e antigo, a busca de consolidação da identidade nacional, o rosto pátrio, a afirmação de seus primeiros habitantes, [...], o uso da canção de verso breve, o folhetim, a comédia, certa tendência declamatória e a exploração fremente do sentimento sobre a razão. Fonte: NEJAR, C. História da literatura brasileira: da carta de Caminha aos contemporâneos. São Paulo: Leya, 2011. p. 93. Tendo em vista os estilos de época da literatura brasileira, os excertos destacados abordam, respectivamente, A) (I) o Realismo-Naturalismo, (II) o Barroco, (III) o Modernismo e (IV) o Romantismo. www.CEAPCURSOS.com.br Em concursos úblicos 10 CADERNO DE QUESTÕES – PORTUGUÊS - FUNCERN B) (I) o Realismo-Naturalismo, (II) o Neoclassicismo, (III) o Romantismo e (IV) o Modernismo. C) (I) o Pré-Modernismo, (II) o Barroco, (III) o Romantismo e (IV) o Modernismo. D) (I) o Pré-Modernismo, (II) o Neoclassicismo, (III) o Modernismo e (IV) o Romantismo. QUESTÃO 23 (IFRN: Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico: Língua Port. e Lit. Brasileira - FUNCERN 2017) Transpuseram a prosa formal, inovaram a ficção, dominaram a força dos gêneros, reformularam a sintaxe e poetizaram o romance brasileiro. Trata-se dos escritores A) Jorge Amado e Mário de Andrade. B) Machado de Assis e Raquel de Queiroz. C) Clarice Lispector e Guimarães Rosa. D) Oswald de Andrade e José Lins do Rego. QUESTÃO 24 (IFRN: Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico: Língua Port. e Lit. Brasileira - FUNCERN 2017) Considere os excertos de poemas da literatura brasileira: (I) Lembro-me bem. A ponte era comprida, E a minha sombra enorme enchia a ponte, Como uma pele de rinoceronte Estendida por toda a minha vida! (II) Se se pudesse o espírito que chora Ver através da máscara da face, Quanta gente, talvez, que inveja agora Nos causa, então piedade nos causasse! (III) O Eden alli vai n’aquella errante Ilhinha verde – portos venturosos Cantando à tona d’água, os tão mimosos Simplices corações, o amado, o amante. (IV) Existe um povo que a bandeira empresta Para cobrir tanta infâmia e cobardia!... E deixa-a transformar-se nesta festa Em manto impuro de bacante fria!... Em relação aos excertos, é correto afirmar: A) os versos do excerto (I) são pré-modernistas, pois revelam uma força poética que inova a linguagem. B) os versos do excerto (II) são parnasianos, pois revelam controle de aspectos formais e extravasamento de emoções. C) os versos do excerto (III) são neoclássicos, pois revelam uma atmosfera bucólica de inspiração clássica. D) os versos do excerto (IV) são românticos da segunda geração, pois revelam um conteúdo de preocupação social. QUESTÃO 25 (IFRN: Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico: Língua Port. e Lit. Brasileira - FUNCERN 2017) Considere o excerto: Romantismo, indianismo, nativismo e paixão pela cultura popular vingaram no mesmo clima de emancipação do Antigo Regime. O processo atravessou duas ou três gerações e, embora tenha sido mais agudo no período das independências, persistiu até o século seguinte, resistindo bravamente às ondas cosmopolitas do pensamento evolucionista, aqui ajustadas e filtradas de tal modo que se misturaram generosamente com o folclorismo romântico. No Brasil, trabalhos de levantamento e transcrição dos materiais de base foram empreendidos por José de Alencar, Juvenal Galeno, Celso de Magalhães, Coutode Magalhães, Sílvio Romero, João Ribeiro e, no século XX, por Amadeu Amaral, Mário de Andrade, Renato Almeida, Lindolfo Gomes, Augusto Meyer, Câmara Cascudo, Gustavo Barroso, Cavalcanti Proença, Oswaldo Elias Xidieh, Theo Brandão, Ariano Suassuna e tantos outros. Colheram todos a relação entre os agentes da cultura não letrada, quase sempre anônimos, e a palavra oral, pois o imaginário popular se exprimiu, durante séculos, abaixo do limiar da escrita. No conjunto, o que aconteceu foi uma verdadeira operação de passagem, pela qual o letrado brasileiro foi incorporando ao repertório do leitor culto os signos e as imagens de um estilo de vida interiorano, rústico e pobre. Valorizando estética e moralmente as tradições populares, carreava-se a água para o moinho das identidades regionais e, no limite, da identidade nacional. Fonte: BOSI, A. Literatura e resistência. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. p. 259-260. O personagem da literatura brasileira que melhor ilustra essa operação de passagem, contribuindo, significativamente, para a construção da identidade regional e nacional configura-se em A) Rodrigo Cambará, homem de ideais de justiça em relação às causas populares. B) Policarpo Quaresma, homem marginal, intelectual mulato, humilhado e ofendido. C) Fabiano, sertanejo rude, que se submete a um sertão hostil repleto de ausências. D) Jerônimo, síntese do imigrante português, que se submete à cultura dos trópicos. QUESTÃO 26 (IFRN: Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico: Língua Port. e Lit. Brasileira - FUNCERN 2017) Considere os comentários: (I) Obra inovadora, uma narrativa poética, na qual plantas, pássaros e insetos são apresentados de forma afetiva. Constitui um romance de costumes que traz a vida e a morte de pequenos animais. Esses vivem em uma chácara urbana, onde a batalha pela vida pode significar a luta pela sobrevivência humana. (II) Currais Novos e o Seridó são o ambiente dessa narrativa em primeira pessoa. O narrador é um menino do sertão que vem morar na cidade para estudar. A linguagem apresenta-se duramente poética, sem rodeios, confrontando o rural e o urbano. III) A narrativa desenvolve-se na Natal do início do século XX, período em que a cidade sofreu grandes transformações impulsionadas pelos ecos de uma modernidade que acontecia nas grandes metrópoles. A personagem principal, www.CEAPCURSOS.com.br Em concursos úblicos 11 CADERNO DE QUESTÕES – PORTUGUÊS - FUNCERN de comportamento, supostamente, transgressor, acaba se rendendo às imposições sociais e abdicando de seus desejos. (IV) A transformação da personagem principal, um sertanejo submisso e libidinoso da região do Seridó, é motivo para tornar visíveis elementos tradicionais dessa região norte-rio- grandense. A narrativa, construída à semelhança das narrativas de cordel, evidencia mitos, lendas e diversas figuras que compõem a cultura popular. Para responder às questões de 27 a 29, considere os poemas: BANHO (RURAL) De cabaça na mão, céu nos cabelos à tarde era que a moça desertava dos arenzés da alcova. Caminhando um passo brando pelas roças ia nas vingas nem tocando; reesmagava na areia os próprios passos, tinha o rio com margens engolidas por tabocas, feito mais de abandono que de estrada e muito mais de estrada que de rio onde em cacimba e lodo se assentava água salobre rasa. Salitroso era o também caminho da cacimba e mais: o salitroso era deserto. A moça ali perdia-se, afundava-se enchendo o vasilhame, aventurava por longo capinzal, cantarolando: desfibrava os cabelos, a rodilha e seus vestidos, presos nos tapumes velando vales, curvas e ravinas (a rosa de seu ventre, sóis no busto) libertas nesse banho vesperal. Moldava-se em sabão, estremecida, cada vez que dos ombros escorrendo o frio d'água era carícia antiga. Secava-se no vento, recolhia só noite e essências, mansa carregando-as na morna geografia de seu corpo. Depois, voltava lentamente os rastos em deriva à cacimba, se encontrava nas águas: infinita, liquefeita. Então era que a moça regressava tendo nos olhos cânticos e aromas apreendidos no entardecer rural. Fonte: MAMEDE, Z. O arado. Rio de Janeiro: São José, 1954. p.17-18. O BANHO DA CABLOCA Teima dos sapos... Chiado dos ramos nos balcedos... Chóóóóó... da levada... — Noitinha — Acocorada num cepo põe sobre os cabelos compridos As primeiras cuias d’água: — Choá! Choá! Choá” — A lua treme n’água remexida... Ruque! ruque! das mãos esfregando as carnes rijas... Um pedaço de canção alegra o banho... E a teima dos sapos: — foi! Não foi! E a camisa é posta sobre a carne molhada e nova E a sombra passa entre as árvores — ligeira — úmida e morna — Num pedaço de canção que alegrou o banho... Fonte: FERNANDES, J. Livro de poemas. Introdução, organização e notas de Maria Lúcia de Amorim Garcia. 5. ed. Natal: EDUFRN, 2008. p. 49. QUESTÃO 27 (IFRN: Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico: Língua Port. e Lit. Brasileira - FUNCERN 2017) Os dois poemas manifestam A) algumas similitudes. A principal delas consiste no tratamento sensual dado à figura feminina, o qual se justifica pelo fato de os poetas pertencerem a um mesmo contexto histórico-social. B) alguns questionamentos aos modelos da lírica tradicional. Nesse sentido, incorporam elementos da cultura regional (banho de rio, cuias d’água, cabaça na mão etc.) ao espaço poético. C) o prazer das banhistas ao sentirem o contato com a água. Em ambos os poemas, essa relação promove, nas duas moças, o poder da transformação por meio do autoconhecimento. D) a sensualidade feminina, que se concretiza por meio de descrições. No primeiro, as descrições são objetivas; no segundo, suavizam-se marcando o encontro da banhista com a identidade feminina e o prazer do banho. QUESTÃO 28 (IFRN: Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico: Língua Port. e Lit. Brasileira - FUNCERN 2017) Em relação aos poemas, é correto afirmar: A) ambos apresentam marcas explícitas de intergenerecidade constituídas a partir de uma mesma temática. B) ambos evidenciam procedimentos cinematográficos no registro sutil de flagrantes do cotidiano. C) o segundo configura-se como moderno, com marcas de paródia no tratamento dado ao tema. D) o primeiro configura-se como moderno, com marcas pontuais de elementos da tradição manifestos na forma. QUESTÃO 29 (IFRN: Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico: Língua Port. e Lit. Brasileira - FUNCERN 2017) Considere o trecho: velando vales, curvas e ravinas (a rosa de seu ventre, sóis no busto) libertas nesse banho vesperal. www.CEAPCURSOS.com.br Em concursos úblicos 12 CADERNO DE QUESTÕES – PORTUGUÊS - FUNCERN Na tessitura poética do trecho, o uso dos parênteses evidencia A) juízos inverossímeis. B) relações intertextuais. C) informações implícitas. D) dados textuais anteriores. QUESTÃO 30 (IFRN: Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico: Língua Port. e Lit. Brasileira - FUNCERN 2017) Considere os dois poemas: Olho: Anchieta Fernandes, 1968. Fonte: CIRNE, Moacy. A poesia e o poema do Rio Grande do Norte. Natal: Fundação José Augusto, 1979. p. 88. Terra: Décio Pignatari, 1956. Fonte: PIGNATARI, Décio. Poesia pois é poesia. São Paulo: Duas Cidades, 1986. p. 23. Em relação aos poemas, é correto afirmar: A) ambos são exemplares do poema processo, que enfatiza a exclusividade da imagem visual. B) ambos são exemplares da poesia concreta, que utiliza a linguagem verbal aliada à não verbal. C) o segundo é um poema concreto, pois utiliza a linguagem verbal, sobrepondo-se à linguagem não verbal. D) o primeiro é um poema processo, pois evidencia a linguagem não verbal, rompendo com o discurso literário da poesia. GABARITO 01 – C 02 – C 03 – B 04 – D 05 – B 06 – C 07 – B08 – D 09 – B 10 – A 11 – D 12 – A 13 – C 14 – C 15 – D 16 – A 17 – B 18 – B 19 – D 20 – B 21 – A 22 – A 23 – C 24 – A 25 – C 26 – C 27 – N 28 – D 29 – D 30 – D www.CEAPCURSOS.com.br Em concursos úblicos 13 CADERNO DE QUESTÕES – PORTUGUÊS - FUNCERN As questões de número 01 a 10 referem-se ao texto reproduzido abaixo. MAIORIDADE PENAL: UMA ANÁLISE SOBRE O CÉREBRO DOS JOVENS Carlos Orsi Um dado curioso do debate brasileiro sobre maioridade penal é a insistência com que emerge a afirmação, peremptória, de que os jovens de hoje “não são ingênuos como os de antigamente” e “sabem muito bem o que estão 5fazendo”. A primeira questão que um observador cético poderia levantar é: “de antigamente”, quando? Em 1874, os Estados Unidos condenavam Jesse Pomeroy, de 14 anos, à prisão perpétua por duplo homicídio. William Henry “Bonney” 10McCarthy, o “Billy the Kid” do Velho Oeste, matou pela primeira vez aos 17 e, aos 20, já tinha a cabeça a prêmio. Foi morto pouco depois, em 1881. Nathan Leopold e Richard Loeb, a dupla de assassinos que inspirou o filme “Festim Diabólico”, de Alfred Hitchcock, cometeram o assassinato 15pelo qual foram condenados, em 1924, quando já eram maiores de idade – tinham 19 e 18 anos, respectivamente – mas haviam participado de crimes menores, antes. Delinquência juvenil – incluindo crimes escabrosos, cometidos com arrogância, violência e crueldade – não é 20invenção dos tempos modernos. A percepção do problema talvez seja maior hoje do que foi no passado, mas, como apontou uma reportagem da Folha de S. Paulo, faltam dados para que possamos ter sua real dimensão. Agora, se adolescentes que cometem crimes bárbaros não 25são exatamente uma invenção moderna, o que dizer da alegação de que eles “sabem muito bem o que estão fazendo”? Há alguns anos, nos Estados Unidos, foi produzida uma boa consolidação da ciência a respeito da capacidade do cérebro adolescente de, exatamente, saber o que está 30fazendo. E isso por causa de Christopher Simmons. Esse jovem havia sido condenado à morte, aos 17 anos, por um crime arrepiante: a vítima, uma mulher, foi amarrada com fita adesiva, cabos elétricos e jogada do alto de uma ponte. Em 2005, quando Simmons já estava com 28 anos, a 35Suprema Corte dos EUA determinou que a condenação à morte de menores de 18 anos era inconstitucional. Em 2004, quando a questão ainda se encontrava em aberto, a revista Science publicou uma reportagem sobre o papel da neurociência no julgamento. Resumindo, a melhor evidência 40científica diz que o cérebro de um jovem de 16 ou 17 anos ainda não atingiu o desenvolvimento pleno de áreas fundamentais para a responsabilidade criminal, como as envolvidas no controle das ações impulsivas, das emoções e da capacidade de resistir à tentação de prazer imediato. 45Ruben Gur, da Universidade da Pensilvânia, resumiu a questão assim: “A própria parte do cérebro que o sistema legal julga só entra em ação mais tarde”. Desde que a neurociência ajudou a convencer a Suprema Corte a salvar a vida de Simmons (que hoje cumpre prisão 50perpétua), a questão do “teenage brain” – “cérebro adolescente” – assumiu um papel importante no sistema judiciário dos Estados Unidos. Alguns advogados logo tentaram usar a cartada da imaturidade juvenil para neutralizar, de vez, a culpabilidade de seus clientes, como se 55o cérebro imperfeito fosse a “verdadeira causa” dos crimes. Poucos cientistas endossam essa interpretação radical: ser adolescente não basta para transformar ninguém em criminoso. Há outros fatores envolvidos, inclusive sociais. 60Uma análise publicada recentemente, envolvendo mais de 50 mil homicídios cometidos na Califórnia ao longo de duas décadas, mostra que a correlação entre idade adolescente e comportamento criminoso é mais forte nas parcelas mais pobres da população e praticamente desaparece entre os 65ricos. O que se sabe, de fato, é que o cérebro jovem é mais vulnerável a estresse, a emoções fortes e tem baixa capacidade de analisar as consequências de longo prazo de suas ações. Jovens são naturalmente mais irresponsáveis, e 70não é muito difícil imaginar que as pressões trazidas pela pobreza aumentem a tentação de agir irresponsavelmente. E o que tudo isso tem a ver com o caso concreto da maioridade penal? Não vou defender aqui a ideia de que ser irresponsável é ser inimputável. Como escreveu um poeta, 75“toda perversidade é fraqueza”; logo, ser fraco não deveria bastar para desculpar ninguém. Mas, se o jovem está disposto a cometer um crime e ainda não está mentalmente equipado para avaliar 46 consequências de modo eficaz, será que o medo de “ser 80preso como adulto” vai impedi-lo? Talvez, dado o modo como o cérebro adolescente funciona, o efeito dissuasório de uma redução da 48 maioridade penal seja muito menor do que se imagina. Claro, dissuasão não é a única função da pena. Há a questão 85da correção do comportamento e de se tirar elementos perigosos de circulação, poupando possíveis futuras vítimas. Mas lembremo-nos de que o Brasil não tem prisão perpétua e de que um jovem, julgado e preso como adulto aos 16, muito provavelmente voltará às ruas antes dos 30, tendo 90passado os anos que, na população em geral, são usados para aprender uma profissão e começar uma carreira, trancafiado na companhia de bandidos experientes. Do jeito que a coisa está, os adolescentes presos sairão da cadeia, já adultos, graduados em colégios técnicos da crueldade e em 95universidades do crime. Fonte: adaptado de <http://revistagalileu.globo.com>. Acesso em: 02 jul. 2015. QUESTÃO 01 (IFRN: Tradutor e Intérprete de Linguagem e Sinais - FUNCERN 2015) É propósito comunicativo dominante do texto A) informar sobre crimes bárbaros praticados por menores de idade. B) defender um ponto de vista acerca da questão da maioridade penal. C) apresentar uma visão científica sobre o cérebro dos menores de idade. D) enumerar acontecimentos relacionados à questão da maioridade penal. IFRN 2015: TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LINGUAGEM E SINAIS www.CEAPCURSOS.com.br Em concursos úblicos 14 CADERNO DE QUESTÕES – PORTUGUÊS - FUNCERN QUESTÃO 02 (IFRN: Tradutor e Intérprete de Linguagem e Sinais - FUNCERN 2015) A ideia principal do texto encontra-se A) diluída e é reconstituída a partir de trechos presentes no segundo parágrafo. B) implícita e é depreendida com base nas informações presentes no título. C) implícita e é depreendida com base nas informações presentes nos parágrafos. D) diluída e é reconstituída a partir de informações presentes no título. QUESTÃO 03 (IFRN: Tradutor e Intérprete de Linguagem e Sinais - FUNCERN 2015) A variedade linguística presente no texto A) imprime um tom de formalidade à discussão, uma vez que predominam estruturas linguísticas representativas da escrita padrão da língua portuguesa. B) imprime um tom de informalidade à discussão, uma vez que predominam estruturas linguísticas representativas da escrita informal da língua portuguesa. C) contribui para a construção de uma imagem adolescente da figura do autor, uma vez que predominam marcas linguísticas identificadoras do perfil dessa imagem. D) contribui para a construção de uma imagem autoritária da figura do autor, uma vez que surgem marcas identificadoras da linguagem de uma época distante da atual. QUESTÃO 04 (IFRN: Tradutor e Intérprete de Linguagem e Sinais - FUNCERN 2015) São elementos linguísticos que, coerentemente, sinalizam a inter-relação e a localização dos parágrafos na progressão do tema: A) “Desde que” (l. 48) e “Mas” (l. 87). B) “Esse jovem” (l. 31) e “a questão” (l. 37). C) “o problema” (l. 20) e “essa interpretação radical” (l. 57). D) “isso” (l. 30) e “tudo isso” (l. 72). QUESTÃO 05 (IFRN: Tradutor e Intérprete de Linguageme Sinais - FUNCERN 2015) É correto afirmar que o texto A) caracteriza uma situação por meio de uma simultaneidade de acontecimentos e é dominantemente descritivo. B) constrói um relato de acontecimentos por meio de uma sucessão de fatos e é dominantemente narrativo. C) estrutura uma justificativa para uma afirmação consensual e é dominantemente explicativo. D) estabelece um diálogo entre ideias divergentes e é dominantemente argumentativo. QUESTÃO 06 (IFRN: Tradutor e Intérprete de Linguagem e Sinais - FUNCERN 2015) Assinale a opção em que as palavras pertencem à mesma classe gramatical e são acentuadas graficamente pela mesma regra. A) Um dado curioso do debate brasileiro sobre maioridade penal é a insistência com que emerge a afirmação, peremptória, de que os jovens de hoje “não são ingênuos como os de antigamente” [...]”. B) Resumindo, a melhor evidência científica diz que o cérebro de um jovem de 16 ou 17 anos ainda não atingiu o desenvolvimento pleno [...]. C) Claro, dissuasão não é a única função da pena. Há a questão da correção do comportamento e de tirar elementos perigosos de circulação [...]. D) Poucos cientistas endossam essa interpretação radical: ser adolescente não basta para transformar ninguém em criminoso. Há outros fatores também envolvidos, inclusive sociais [...] QUESTÃO 07 (IFRN: Tradutor e Intérprete de Linguagem e Sinais - FUNCERN 2015) Considere o trecho: Alguns advogados logo tentaram usar a cartada (1ª) da imaturidade juvenil para neutralizar (2ª), de vez, a culpabilidade de seus clientes, como se o cérebro imperfeito fosse a “verdadeira” causa dos crimes. Em relação ao sentido das palavras destacadas, é correto afirmar: A) a primeira, em uso conotativo, designa uma ação serena e inconsistente; e a segunda, em uso denotativo, designa uma ação responsável pela promoção ou pela valorização de algo. B) a primeira, em uso denotativo, designa uma ação incisiva e inconsistente; e a segunda, em uso conotativo, designa uma ação responsável pela promoção ou perda de força de algo. C) a primeira, em uso denotativo, designa uma ação serena e ousada; e a segunda, em uso conotativo, designa uma ação responsável pela exclusão ou pela valorização de algo. D) a primeira, em uso conotativo, designa uma ação incisiva e ousada; e a segunda, em uso denotativo, designa uma ação responsável pela exclusão ou pela perda de força de algo. QUESTÃO 08 (IFRN: Tradutor e Intérprete de Linguagem e Sinais - FUNCERN 2015) Considere o trecho: Mas, se o jovem está disposto a cometer um crime e ainda não está mentalmente equipado para avaliar consequências de modo eficaz, será que o medo de “ser preso como adulto” vai impedi-lo? Assinale a opção em que, pluralizando-se a expressão destacada e obedecendo-se às convenções no âmbito da concordância e da regência, o período se apresenta de acordo com a norma padrão. A) Mas, se os jovens estão dispostos a cometer um crime e ainda não estão mentalmente equipados para avaliar consequências de modo eficaz, será que o medo de “ser presos como adultos” vai lhes impedir? B) Mas, se os jovens estão dispostos a cometerem um crime e ainda não estão mentalmente equipado para avaliarem consequências de modo eficaz, será que o medo de “serem presos como adultos” vai impedir-lhes? C) Mas, se os jovens estão dispostos a cometer um crime e ainda não estão mentalmente equipados para avaliar www.CEAPCURSOS.com.br Em concursos úblicos 15 CADERNO DE QUESTÕES – PORTUGUÊS - FUNCERN consequências de modo eficaz, será que o medo de “serem preso como adultos” vai os impedir? D) Mas, se os jovens estão dispostos a cometerem um crime e ainda não estão mentalmente equipados para avaliarem consequências de modo eficaz, será que o medo de “serem presos como adultos” vai impedi-los? QUESTÃO 09 (IFRN: Tradutor e Intérprete de Linguagem e Sinais - FUNCERN 2015) Considere o trecho: Agora, se adolescentes que cometem crimes bárbaros não são exatamente uma invenção moderna (1ª), o que dizer da alegação de que eles “sabem muito bem o que estão fazendo” (2ª)? Em relação aos segmentos destacados, é correto afirmar: A) o primeiro exerce função de advérbio; e o segundo, de adjetivo. B) o primeiro e o segundo subordinam-se à mesma oração principal. C) o primeiro posiciona-se na ordem direta do período; e o segundo subverte essa ordem. D) o primeiro e o segundo constituem orações principais em relação a orações substantivas. QUESTÃO 10 (IFRN: Tradutor e Intérprete de Linguagem e Sinais - FUNCERN 2015) Considere o trecho: Desde que a neurociência ajudou a convencer a Suprema Corte a salvar a vida de Simmons (que hoje cumpre prisão perpetua), a questão do “teenage brain” – cérebro adolescente – assumiu um papel importante no sistema judiciário dos Estados Unidos. No que se refere à pontuação, é correto afirmar: A) os parênteses podem ser excluídos sem implicações para a construção de sentido; e os travessões somente podem ser substituídos por parênteses. B) os parênteses e os travessões demarcam trechos que podem permanecer entre vírgulas facultativas. C) os parênteses podem ser excluídos com implicações na construção do sentido; e os travessões somente podem ser substituídos por vírgulas. D) os parênteses e os travessões demarcam trechos que podem permanecer entre vírgulas obrigatórias. GABARITO 01 – B 02 – C 03 – A 04 – B 05 – D 06 – C 07 – D 08 – D 09 – B 10 – D Protestos contra a redução da maioridade penal marcam os 25 anos do ECA Movimentos sociais e entidades ligadas à defesa dos direitos da criança e do adolescente fizeram hoje (13), em todo o país, uma série de atos contra a redução da maioridade penal. O protestos foram organizados pela Frente Nacional Contra a Redução da Maioridade Penal. A defesa do Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), que completa 25 anos hoje (13), também esteve na pauta das manifestações. Em São Paulo, o protesto ocorreu em frente à Catedral da Sé, no centro da cidade. O ato foi marcado por discursos e apresentações culturais. “Temos que cobrar a implementação de vários artigos, que são só na teoria, para garantir os direitos totais das crianças e dos adolescentes, e ter menos violência”, disse Katerina Volcov, uma das coordenadoras do protesto em São Paulo. No Rio de Janeiro, a manifestação ocorreu na Candelária, no centro da capital fluminense. Além de lembrar os 25 anos do ECA, a presidenta do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente do Rio de Janeiro, Mônica Alkmim, disse que os protestos são para mostrar que muita gente é contra a redução da maioridade penal. “A gente quer mostrar para a população que temos argumentos para ser contra, que é preciso, primeiro, efetivar o ECA, com todos tendo acesso a direitos”, afirmou. Em Brasília, o protesto ocorreu na Rodoviária do Plano Piloto, onde manifestantes distribuíram panfletos com mensagens contra a redução da maioridade penal às pessoas que passavam pelo local. A Câmara dos Deputados aprovou, no dia 1º deste mês, proposta de emenda à Constituição (PEC) reduzindo a maioridade penal, de 18 para 16 anos, nos casos de crimes hediondos. Ela ainda precisa passar por um segundo turno de votações na Câmara para então ser analisada pelo Senado, também em dois turnos. Fonte:http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/brasil/2015 /07/13/interna_brasil,586419/protestos-contra-a-reducao-da- maioridade-penal-marcam-os-25-anos-do-eca.shtm (adaptado para esta prova). QUESTÃO 01 (FUNDAC-RN: Processo Seletivo Simplificado - Agente Educacional - FUNCERN 2015) Em relação ao texto lido, é correto afirmar que é: A) uma crônica e tem como tema a defesa do Estatuto da Criança e do Adolescente. B) um resumo e tem como tema os direitos humanos no Brasil. C) uma notícia e tem como tema os protestos contra a redução da maioridade penal.D) um artigo de opinião e tem como tema a importância do Estatuto da Criança e do Adolescente. FUNDAC-RN 2015: AGENTE EDUCACIONAL www.CEAPCURSOS.com.br Em concursos úblicos 16 CADERNO DE QUESTÕES – PORTUGUÊS - FUNCERN QUESTÃO 02 (FUNDAC-RN: Processo Seletivo Simplificado - Agente Educacional - FUNCERN 2015) No trecho: “A gente quer mostrar para a população que temos argumentos para ser contra, que é preciso, primeiro, efetivar o ECA, com todos tendo acesso a direitos”, considerando-se a Norma Culta, identifica-se um problema de concordância referente ao uso da expressão: A) a gente. B) população. C) com todos. D) a direitos. QUESTÃO 03 (FUNDAC-RN: Processo Seletivo Simplificado - Agente Educacional - FUNCERN 2015) No período: “A Câmara dos Deputados aprovou, no dia 1º deste mês, proposta de emenda à Constituição (PEC) reduzindo a maioridade penal, de 18 para 16 anos, nos casos de crimes hediondos.”, mantendo o sentido original, as palavras destacadas poderiam ser substituídas, respectivamente, por: A) comparando, social, horríveis. B) dividindo, infantil, odiosos. C) simplificando, juvenil, aceitáveis. D) diminuindo, criminal, bárbaros. QUESTÃO 04 (FUNDAC-RN: Processo Seletivo Simplificado - Agente Educacional - FUNCERN 2015) A sequência de palavras acentuadas conforme a mesma regra é: A) país, Brasília, distribuíram. B) série, agência, Candelária. C) também, além, mês. D) violência, câmera, rodoviária. QUESTÃO 05 (FUNDAC-RN: Processo Seletivo Simplificado - Agente Educacional - FUNCERN 2015) Considerando o primeiro parágrafo do texto, a expressão que funciona como complemento nominal é: A) movimentos sociais e entidades. B) em todo o país. C) da maioridade penal. D) 25 anos. QUESTÃO 06 (FUNDAC-RN: Processo Seletivo Simplificado - Agente Educacional - FUNCERN 2015) Em relação ao período: “Em São Paulo, o protesto ocorreu no centro da cidade.”, é correto afirmar que: A) o verbo ocorrer é impessoal. B) “Em São Paulo” e “no centro da cidade” são complementos verbais. C) o verbo ocorrer é intransitivo. D) “O protesto” é complemento nominal. QUESTÃO 07 (FUNDAC-RN: Processo Seletivo Simplificado - Agente Educacional - FUNCERN 2015) O verbo distribuir, no quarto parágrafo, pode ser classificado como: A) intransitivo. B) apenas transitivo direto. C) apenas transitivo indireto. D) transitivo direto e indireto. QUESTÃO 08 (FUNDAC-RN: Processo Seletivo Simplificado - Agente Educacional - FUNCERN 2015) No último parágrafo do texto, foram sublinhados quatro verbos. É correto afirmar que: A) o verbo reduzir está flexionado no gerúndio. B) o verbo passar está flexionado no particípio passado. C) o verbo analisar está flexionado no infinitivo. D) o verbo ser está flexionado no modo imperativo. QUESTÃO 09 (FUNDAC-RN: Processo Seletivo Simplificado - Agente Educacional - FUNCERN 2015) Marque a opção que apresenta o período em que o uso do acento grave para indicar a crase está correto. A) Após à sanção do ECA, há 25 anos, o Brasil conseguiu reduzir o índice de mortalidade infantil. B) O Brasil, após várias tentativas, conseguiu reduzir em 24% às mortes de crianças antes de 1 ano de idade. C) Levantamento feito pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), com base em dados do Ministério da Saúde, mostra que à taxa diminuiu consideravelmente. D) A redução da mortalidade infantil deve-se às previsões do estatuto que privilegiam a saúde da criança desde a gestação da mãe. QUESTÃO 10 (FUNDAC-RN: Processo Seletivo Simplificado - Agente Educacional - FUNCERN 2015) O texto faz menção a Katerina Volcov e Mônica Alkmim, citando seus respectivos cargos. Os pronomes de tratamento adequados para se dirigir a essas mulheres, considerando a função exercida por cada uma, respectivamente, são: A) Vossa Senhoria e Vossa Alteza. B) Vossa Excelência e Vossa Senhoria. C) Vossa Alteza e Vossa Senhoria. D) Vossa Senhoria e Vossa Excelência. GABARITO 01 – C 02 – A 03 – D 04 – B 05 – C 06 – C 07 – D 08 – A 09 – D 10 – D www.CEAPCURSOS.com.br Em concursos úblicos 17 CADERNO DE QUESTÕES – PORTUGUÊS - FUNCERN As questões de 01 a 15 referem-se ao texto reproduzido abaixo. IDIOTA À BRASILEIRA Adriano Silva Ele não faz trabalhos domésticos. Não tem gosto nem respeito por trabalhos manuais. Se puder, atrapalha quem pega no pesado. Trata-se de uma tradição lusitana, ibérica, reproduzida aqui na colônia desde os tempos em que os negros carregavam em barris, nos ombros, a toalete dos seus proprietários e eram chamados de "tigres" – porque os excrementos lhes caíam sobre as costas, formando listras. O Perfeito Idiota Brasileiro, ou PIB, também não ajuda em casa. Influência da mamãe, que nunca deixou que ele participasse das tarefas – nem mesmo pôr ou tirar uma mesa, nem mesmo arrumar a própria cama. Ele atira suas coisas pela casa, no chão, em qualquer lugar, e as deixa lá, pelo caminho. Não é com ele. Ele foi criado irresponsável e inconsequente. É o tipo de cara que pede um copo d'água deitado no sofá. E não faz nenhuma questão de mudar. O PIB é especialista em não fazer, em fazer de conta, em empurrar com a barriga, em se fazer de morto. Ele sabe que alguém fará por ele. Então ele se desenvolveu um sujeito 10 preguiçoso. Folgado. Que se escora nos outros, não reconhece obrigações e adora levar vantagem. Esse é o seu esporte predileto – transformar quem o cerca em seus otários particulares. O tempo do Perfeito Idiota Brasileiro vale mais que o das demais pessoas. É a mãe quem fura a fila de carros no colégio dos filhos. É a moça quem estaciona em vaga para deficientes no shopping. É o casal quem atrasa uma hora para um jantar com amigos. As regras só valem para os outros. O PIB não aceita restrições. Para ele, só privilégios e prerrogativas. Um direito divino – porque ele é melhor que os outros. É um adepto do vale-tudo social, do cada um por si e do seja o que Deus quiser. Só tem olhos para o próprio umbigo e os únicos interesses válidos são os seus. O PIB é o parâmetro de tudo. Quanto mais alguém for diferente dele, mais errado esse alguém estará. Ele tem preconceito contra pretos, pardos, pobres, nordestinos, baixos, gordos, gente do interior, gente que mora longe. E ele é sexista para caramba. Mesma lógica: quem não é da sua tribo, do seu quintal, é torto. E às vezes até quem é da tribo entra na moenda dos seus pré-julgamentos e da sua maledicência. A discriminação também é um jeito de você se tornar externo, e oposto, a um padrão que reconhece em si, mas de que não gosta. É quando o narigudo se insurge contra narizes grandes. O PIB adora isso. O PIB anda de metrô. Em Paris. Ou em Manhattan. Até em Buenos Aires ele encara. Aqui, nem a pau. Melhor uma hora de trânsito e R$ 25 de estacionamento do que 15 minutos com a galera do vagão. É que o Perfeito Idiota tem um medo bizarro de parecer pobre. E o modo mais direto de não parecer pobre é evitar ambientes em que ele possa ser confundido com um despossuído qualquer. Daí a fobia do PIB por qualquer forma de transporte coletivo. Outro modo de nunca parecer pobre é pagar caro. O PIB adora pagar caro. Faz questão. Não apenas porque, para ele, caro é sinônimo de bom. Mas, principalmente, porque caro é sinônimo de "cheguei lá" e "eu posso". O sujeito acha que reclamar dos preços, ou discuti-los, ou pechinchar, ou buscar ofertas, é coisa de pobre. E exibe marcas como penduricalhos numa árvore de natal. É assim que se mostra para os outros. Se pudesse, deixaria as etiquetas presas ao que veste e carrega. O PIB compra para se afirmar. Essa é a sua religião. E ele não se importa em ficar no vermelho – preocupação com ter as contas em dia, afinal, é coisa de pobre. O PIB também é cleptomaníaco. Sua obsessão por ter, e sua mania de locupletação material, lhe fazem roubar roupão de hotel e garrafinha
Compartilhar