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S O L U Ç Ã O P A C Í F I C A D E C O N T R O V É R S I A S I N T E R N A C I O N A I S 1. INTRODUÇÃO • Os meios de solução de controvérsias internacionais são os instrumentos voltados a promover a composição dos litígios na sociedade internacional. • Tais meios caracterizam-se pelo voluntarismo que marca o Direito Internacional e, nesse sentido, só podem ser acionados, em regra, com o consentimento dos sujeitos envolvidos na controvérsia a ser examinada. • Os meios de solução de controvérsias internacionais devem ser pacíficos, em observância ao princípio de proibição do uso da força nas relações internacionais e nos termos do que prevê a Carta da ONU quanto à necessidade de composição pacífica de eventuais conflitos. • A guerra não é entendida como um meio lícito de resolução de litígios internacionais e o uso da força só é permitido nos casos de legítima defesa ou de interesse da comunidade internacional em manter ou restaurar a paz (com autorização do Conselho de Segurança da ONU). 2. MEIOS DE SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS • O rol mais notório de mecanismos de solução pacífica de conflitos internacionais consta do art. 33 da Carta da ONU, que prevê que os sujeitos de Direito Internacional procurarão, antes de tudo, chegar a uma solução de suas controvérsias “por negociação, inquérito, mediação, conciliação, arbitragem, solução judicial, recurso a entidades ou acordos regionais ou a qualquer outro meio pacífico à sua escolha”. • Essa lista não é exaustiva. • A OEA, por exemplo, inclui nesses mecanismos os “bons ofícios” e os “especialmente combinados, em qualquer momento, pelas partes (Carta da OEA, arts. 25 e 26). 3. MEIOS DIPLOMÁTICOS E POLÍTICOS • Os meios diplomáticos e políticos são também conhecidos como “meios não jurisdicionais”, principalmente porque a solução que buscam nem sempre se fundamentará no Direito. • Os meios diplomáticos caracterizam-se pela manutenção de um diálogo entre as partes divergentes, com o intuito de chegar a uma convergência de ideias para solucionar o conflito. • Os meios políticos, por sua vez, são praticamente idênticos aos diplomáticos, diferenciando-se destes apenas porque as tratativas entre as partes se desenrolam no seio das organizações internacionais e de seus órgãos, a exemplo da Assembleia-Geral e do Conselho de Segurança da ONU. • Os meios diplomáticos e políticos são fundamentalmente cinco: negociação, bons ofícios, mediação, conciliação e inquérito. 3.1 NEGOCIAÇÃO • É o processo pelo qual as partes estabelecem entendimentos diretos, por meio de contatos na forma oral ou escrita, com vistas a obter uma solução satisfatória para os envolvidos. • Podem ser bilaterais ou multilaterais e podem ocorrer dentro ou fora de organizações internacionais ou de grandes reuniões. • A solução atingida pode resultar de transação (concessões recíprocas), renúncia (abdicação de interesses) e do reconhecimento (admissão da procedência da pretensão da outra parte). 3.2 INQUÉRITO • Também conhecido como “investigação” ou “fact finding”, não é propriamente um meio de solução de conflitos internacionais, mas um mecanismo voltado a esclarecer fatos conflituosos, preparando o terreno para o eventual estabelecimento de um meio de solução pacífica de controvérsias e, em algumas hipóteses, sugerindo condutas a seguir. • Tem, portanto, caráter investigativo e é aplicável quando houver situação pendente de esclarecimento, embora seja de caráter facultativo. 3.3 BONS OFÍCIOS • Caracterizam-se pela oferta espontânea de um terceiro, normalmente chamado “moderador”, para colaborar na solução das controvérsias. • Esse terceiro pode ser um Estado, um organismo internacional ou uma autoridade, que se limita a aproximar pacificamente os litigantes e a oferecer lugar neutro para a negociação, sem poder ter qualquer interesse na questão nem se intrometer nas tratativas, sendo vedadas a apresentação de posicionamentos a respeito do litígio ou de propostas de solução. • O moderador pode atuar a partir de pedido das próprias partes em conflito ou pode oferecer- se para tal, devendo, neste caso, ser aceito pelos contendores. 3.4 MEDIAÇÃO • É um mecanismo que conta com a participação de um terceiro que, ao contrário do que ocorre nos bons ofícios, não apenas aproxima as partes, como também propõe uma solução pacífica para o conflito, tomando, portanto, parte ativa nas tratativas e tentando influenciar as partes do esforço de resolver o problema. • O mediador pode ser pessoa natural, Estado ou organismo internacional, apontado ou aceito pelas partes em conflito, com fundamento em compromisso anterior ou a partir da vontade dos litigantes em um conflito em curso. • Pode ser facultativa ou, quando estiver prevista em tratado, obrigatória. • Pode ser oferecida ou solicitada. • A mediação termina quando suas atividades chegam a bom termo, encerrando o conflito, ou quando as partes recusam as propostas do mediador. • O mediador pode ou não ter suas conclusões aceitas pelos litigantes, sem que isso traga consequências jurídicas. 3.5 CONCILIAÇÃO • Semelhante à mediação. Entretanto, caracteriza-se especialmente pela existência de um órgão de mediação, comumente chamado “comissão de conciliação”, com número ímpar de membros e, em geral, formado por representantes das partes em conflito e por pessoas neutras. • A Comissão de Conciliação examina um litígio e, ao final, deve emitir parecer ou relatório, propondo os termos da solução do conflito, que as partes litigantes poderão aceitar ou rejeitar. • Portanto, a proposta dos conciliadores não tem força vinculante. 4. MEIOS SEMIJUDICIAIS: ARBITRAGEM • Os meios semijudiciais são aqueles cujo resultado é uma decisão fundamentada no Direito e juridicamente vinculante para as partes, mas que não é proferida por um órgão jurisdicional permanente. • Até o momento, o único meio semijudicial é a arbitragem. • Compromisso Arbitral / Cláusula Arbitral (constante do tratado cujos dispositivos são objeto da contenda ou de tratado geral sobre a matéria). • Árbitro ou tribunal arbitral. • “Corte Permanente de Arbitragem Internacional” – lista de pessoas qualificadas para atuar como árbitros – Haia / Holanda. • O laudo ou sentença arbitral é obrigatório/a. • Normalmente, não cabe recurso do laudo arbitral. • A arbitragem tem caráter ad hoc. 5. MEIOS JUDICIAIS: CORTES E TRIBUNAIS INTERNACIONAIS • 5.1 CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA (Haia, Holanda): • Regulamentação: Estatuto da CIJ • Corte Permanente de Justiça Internacional (antecessora) • 1945 • 15 juízes (mandato de 9 anos), eleitos pela AG e pelo CS – critério de representatividade dos principais sistemas jurídicos do mundo • Características: órgão jurisdicional; é o principal órgão jurisdicional da ONU. • Competência contenciosa: julgamento de processos envolvendo ESTADOS. • Competência consultiva: emissão de pareceres a pedido da Assembleia-Geral, do Conselho de Segurança e de outros órgãos e entidades do Sistema ONU. • Só Estados podem ser partes em processos, mas não podem solicitar pareceres. • Sentença: obrigatória, executável pelo Conselho de Segurança, e irrecorrível. 5. MEIOS JUDICIAIS: CORTES E TRIBUNAIS INTERNACIONAIS • 5.2 TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL (Haia, Holanda) – Estatuto de Roma (1998). Julga indivíduos, não Estados. Crimes de guerra, genocídio, agressão, crimes contra a humanidade. • 5.3 TRIBUNAL INTERNACIONAL DO DIREITO DO MAR (Hamburgo, Alemanha) – Convenção de Montego Bay. • 5.4 CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS (San José, Costa Rica) • 5.5 CORTE EUROPEIA DE DIREITOS HUMANOS (Estrasburgo, França) • 5.6TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA UNIÃO EUROPEIA (Luxemburgo) 6. MEIOS COERCITIVOS • Em tese, objetivam solucionar um conflito internacional quando fracassaram meios diplomáticos, políticos e jurisdicionais. Na prática, porém, acabam sendo empregados a qualquer momento e segundo os interesses dos Estados. • Considerando a importância dada pela sociedade internacional à composição pacífica dos litígios,são cada vez menos prestigiados. • RETORSÃO: reação equivalente ao ato ou ameaça de outro ente estatal – Admitida pelo DI. • REPRESÁLIAS: ações ilícitas de um Estado contra outro ente estatal que violou os seus direitos - Em regra, proibidas. • EMBARGO: sequestro de navios e cargas de outro Estado que se encontram em portos ou águas territoriais do executor do embargo, em tempo de paz – Não admitido pelo DI. • BLOQUEIO: emprego de forças armadas para impedir que um ente estatal mantenha relações comerciais com terceiros. Em regra, proibido. • BOICOTE: interrupção das relações com outro Estado, especialmente no campo econômico- comercial. • Rompimento de relações diplomáticas • Ações Militares – Conselho de Segurança da ONU.
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