Psicologia e Gênero 02 04 A

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A psicologia e a questão de Gênero e Sexualidade
Parte 1
Aula Dia 02.04
Apesar de a American Psychological Association (APA) ter sido pioneira na publicação de normas para combater o sexismo na linguagem, o politicamente correto prevaleceu sobre o teoricamente correto, no que diz respeito ao gênero.
Em consonância com a compreensão de que os estudos de gênero e sexualidades se situam em um campo interdisciplinar.
 
Locais de (re)produção de saber, as universidades operam muitas vezes como lugares que se outorgam o estatuto de verdade, prescrevendo formas morais de comportamento aos sujeitos.
 
Há uma demanda crescente para que a formação acadêmica inclua as temáticas das desigualdades e da diversidade, sobretudo para a Psicologia, 
A psicologia vem sendo convocada a pensar sobre a questão das assimetrias entre os sexos e sobre os preconceitos que atravessam as questões de diversidade e sexualidade.
Algumas perguntas se tornaram inevitáveis.
Como tais temáticas vêm sendo utilizadas na produção acadêmica nos cursos de Psicologia ?
Em se tratando de gênero e sexualidades que questões são centrais nas análises em Psicologia?
Gênero articula-se a outros marcadores sociais como classe, orientação sexual, raça/etnia, geração, etc. e como a Psicologia se posiciona na articulação destas questões?, 
Centrado na abordagem essencialista, o paradigma das diferenças sexuais que orientou a Psicologia na primeira metade do século XX e que constitui a postura empirista sugere a existência de diferenças inatas e estáveis entre os sexos.
 
No entanto foi precisamente num domínio afim da psicologia que surgiram as primeiras referências ao gênero, no final dos anos 60.
Ao mesmo tempo em que ocorreu um florescimento do interesse por questões relacionadas a sexualidade e gênero na Psicologia, também surgiam focos de resistência, medo e até mesmo obscurantismo. 
Estudos conduzidos por médicos e psiquiatras deste período haviam mostrado que era mais fácil mudar o sexo de jovens adolescentes, através de cirurgia, quando a sua identidade psicológica não correspondia à identificação biológica, do que alterar, no plano psicológico, o sentimento de ser homem ou mulher.
A busca por conforto emocional e psicológico passa a ser a meta ética da prática em Psicologia relacionada a estas temáticas emergentes.
Ao revelar a autonomia da identidade psicológica em relação ao sexo biológico, inscrito no corpo, os resultados destes estudos conduziram à emergência do conceito de género para designar precisamente os comportamentos, sentimentos, pensamentos e fantasias que, embora relacionados com os sexos, não estão necessariamente associados ao sexo biológico" (Stoller, 1968, citado por Millet, 1970/1991, p. 29), podendo mesmo divergir dele.
Sexo e gênero surgiam, assim, como conceitos distintos, uma vez que o primeiro pertencia ao domínio da biologia, enquanto que o segundo implicava a abertura de uma nova área de conhecimento, no domínio da psicologia, mas também de outras disciplinas, já que o próprio Stoller situava a sua origem na cultura.
Assim, áreas como antropologia, sociologia, medicina e hoje até mesmo o direito estão implicados nos processos e na produção científica debruçada as questões de gênero e sexualidade.
A psicologia passa a se associar a estas outras áreas de conhecimento para sustentar as suas práticas inclusive na saúde pública relacionada com gênero, sexualidade, identidade de gênero e direitos sexuais e reprodutivos.
Na psicologia, no entanto, a introdução do conceito de gênero não obteve êxito em deslocar o olhar dos investigadores para dois campos de saber distintos um da sexualidade e outro do gênero, muitas pesquisas ainda se desenvolvem acentuando ambos como únicos ou como relação de dependência.
Tendo-se mantido, por muito tempo, uma utilização mais ou menos arbitrária do sexo e do gênero, ao gosto dos autores.