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http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ PROJETO ALQUIMIA O PODER DOS SÍMBOLOS 3ª PARTE SÃO PAULO 2016 1ª EDIÇÃO http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ PROJETO ALQUIMIA O PODER DOS SÍMBOLOS 3ª PARTE O Poder dos Símbolos A verdade sobre a natureza codificada nos símbolos Símbolo O Símbolo não é a energia! O Símbolo representa a energia! A energia está dentro de nós É uma dádiva de Deus... E cabe a cada um de nós Usarmos dela com sabedoria. O Símbolo demonstra O acesso e utilização da energia De forma velada e secreta. Somente aos que tem a devida cautela E vontade de conhecimento Será-lhes revelado o mistério Por trás dos Símbolos! Projeto Alquimia SÃO PAULO 2016 1ª EDIÇÃO http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ INDICE A NATUREZA DOS ELEMENTOS ................................................................................. 05 Teorias Ocidentais dos Elementos .......................................................................... 10 Teoria Atômica-Geometrica dos Elementos de Platão ........................................... 12 Teorias Orientais dos Elementos ............................................................................. 17 Os Elementos Hoje .................................................................................................. 26 ANJOS ................................................................................................................................ 27 As hierarquias angelicais no Cristianismo ...............................................................27 Primeira Tríade ....................................................................................................... 29 Segunda Tríade ........................................................................................................ 31 Terceira Tríade ........................................................................................................ 32 Os anjos em outras tradições ................................................................................... 33 ALQUIMIA EM MOVIMENTO ........................................................................................ 37 O Selo de Salomão .................................................................................................. 37 O Pecado Original ................................................................................................... 38 O Imaginário e o Imaginal ...................................................................................... 40 O Quaternário (O número quatro) ........................................................................... 45 DEUSES X ELEMENTOS ................................................................................................. 50 Deuses, elementos da natureza e suas correspondências ........................................ 50 Deuses primordiais .................................................................................................. 51 Deuses Primários ..................................................................................................... 53 Primeira Geração Divina ......................................................................................... 54 Segunda Geração Divina ......................................................................................... 56 Terceira Geração Divina ......................................................................................... 58 Outras Divindades ................................................................................................... 61 Os Deuses e Os Quatro Elementos .......................................................................... 63 ALIANÇA ........................................................................................................................... 66 Origem da palavra Aliança ...................................................................................... 66 História das Alianças ............................................................................................... 67 A tipologia da palavra ............................................................................................. 68 A aliança na história ................................................................................................ 69 FÊNIX ................................................................................................................................. 71 Mitologia ................................................................................................................. 71 Religião ....................................................................................................................72 Culturas Antigas ...................................................................................................... 72 Citações ................................................................................................................... 73 A Fênix na literatura ocidental moderna ................................................................. 75 CHAKRAS .......................................................................................................................... 76 Desequilíbrio Elemental - Distúrbios de Personalidade .......................................... 76 Equilibrando o elemento Éter .................................................................................. 76 Equilibrando o Elemento Ar ................................................................................... 77 Equilibrando o Elemento Fogo ............................................................................... 80 Equilibrando o elemento Água ............................................................................... 81 Equilibrando o elemento Terra ............................................................................... 82 A Terapia Flora, os Chacras e os Elementos .......................................................... 83 BIBLIOGRAFIA ONLINE ................................................................................................. 88 http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 5 A NATUREZA DOS ELEMENTOS A tradição grega nos ensina que são 4 os elementos: água, fogo, terra e ar. Mas os chineses afirmam que são 5: madeira, fogo, terra, metal e água. Afinal, quem tem razão, ocidente ou oriente? Saber quem tem razão quanto ao número de elementos que compõem a natureza é tarefa sem sentido. Quanto ao que eles representam, entretanto, parece haver uma aproximação de conceitos entre gregos e chineses. Os elementos são a essência das forças existentes na natureza, forças estas que interagem entre si, regendo por meio de suas variadas combinações todos os fenômenos da vida, em escala tanto primária quanto complexa. Os antigos gregos identificaram quatro elementos primordiais, que se contrastavam dois a dois: água e fogo, ar e terra. Cada um deles, entretanto, era dedução óbvia da combinação de duas qualidades distintas, espécie de essência por detrás da essência que, misturadas, geravam as manifestações elementares. Assim, da mesma forma que a Água era fruto da combinação do frio com a umidade, o Fogo seria resultado da interação entre o quente e o seco; já o Ar, traria em si a reunião de outras duas qualidades, quente e úmido, distinguindo-se assim da Terra que, embora sendo seca, preferiu ser fria. Indo além, os primeiros filósofos gregos, nomeados pré-socráticos, indagavam-se sobre aquilo que pudesse haverpor detrás destas qualidades “primevas” que explicasse as diferentes manifestações da natureza e pudesse solucionar o sempiterno mistério da vida. Os gregos perscrutavam a "phísis" (a natureza) no intuito de alcançarem a origem do Cosmos. Para Tales de Mileto (séc.VI a.C.), por exemplo, a vida provinha da água (e muitos cientistas assim o crêem em nossos tempos); Anaximandro, seu discípulo, imaginou o "apeiron" (o ilimitado) como fonte primordial da natureza, e Anaxímenes (séc.V a.C.), o terceiro grande nome da Escola de Mileto, dizia ser o "pneuma", isto é, o ar, a causa primeira por detrás de toda existência. Já o mestre Pitágoras (580-489 a.C.), primeiro dos pré-socráticos a intitular-se filósofo, fazendo-o entretanto na acepção literal do termo, já que não se julgava sábio mas declarava-se com afinidade pela sabedoria, acreditava ser o fogo o elemento sutil a alimentar todo o Universo (e não estava errado, já que as estrelas todas, além do sol que nos mantém, são naturalmente fogo). Por detrás de sua "mônada" ou princípio estrutural e organizador da vida, estaria o fogo interior ou invisível, substância etérea, distinta do fogo comum que nossos sentidos percebem queimar, a servir de fonte de energia do Universo. Até então os elementos eram tidos apenas isoladamente como agentes primordiais da vida. Quem primeiro os relacionou em seu conjunto a todas as manifestações da natureza foi Empédocles (504-443 a.C.). O sábio defendia http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 6 entusiasticamente sua doutrina cosmogônica considerando os elementos como "rhizomata", isto é, raízes permanentes da vida. Misturando-se entre si em diferentes proporções, produziriam todas as coisas temporais. Os quatro elementos seriam, portanto, forças perenes a sustentar todas as condições mutáveis e passageiras. Anaxágoras de Clazômena (500-428 a.C.) assimilou esta doutrina mas, aprofundando-se nela, chegou ao conceito de "homeomerias", para ele substâncias primárias infinitas em número e em qualidades, descritas como partículas infinitesimais de matéria. Homogêneas e invisíveis, as homeomerias, a despeito de sua exigüidade seriam responsáveis por tudo aquilo que podemos ver, capazes que são de se aglutinarem em coacervados para formar todas as coisas, desde as mais simples às mais complexas. Neste raciocínio, todas as coisas existentes trariam potencialmente em sua essência, todas as possibilidades de desdobramento e combinações permitidas às homeomerias, de modo que uma simples lasca de madeira, intrinsecamente, teria um pouco de tudo aquilo que há no Universo. Apresentar-se-ia como madeira porque as homeomerias deste material estariam nela mais concentradas do que todas as demais. Talvez tenha sido Anaxágoras o primeiro homem a imaginar algo próximo do conceito de fractais. Sua concepção holográfica do mundo intriga até hoje os cientistas da mecânica quântica. Fato concreto é que a teoria dos quatro elementos influiu sobremaneira sobre o pensamento médico de Hipócrates (460-370 a.C.), que associou a cada um deles um temperamento, classificando a partir daí os indivíduos. Afinal, as qualidades “primevas” não poderiam deixar de estar presentes também na alma humana, decretando traços de nosso comportamento, e da mesma forma relacionadas a toda uma série de doenças próprias de cada um dos quatro tipos de caráter assim determinados. Segundo o pai da medicina, o sangue era quente; a fleuma, fria; a bile negra, úmida; e a amarela, seca. Isto distinguia quatro tipos de indivíduos, sangüíneos, fleumáticos, coléricos e biliosos. Hipócrates propunha tratar o estado fleumático ou de deficiência (frio) excessiva pela estimulação (massagens) e administração de alimentos ou remédios quentes, bem como para os estados febris (quente) preconizava o resfriamento corporal, por meio de banhos ou bebidas. Mas enxergar a dicotomia inerente a todos os fenômenos naturais não era privilégio da medicina hipocrática. No Oriente, possivelmente alguns milhares de anos antes da antigüidade clássica, encontramos exatamente o mesmo princípio de dualidade existente por detrás de todos os seres, animados ou inanimados. Estamos falando de Yin e Yang, forças de naturezas completamente opostas mas paradoxalmente complementares entre si, conforme o expressa o taoísmo, concepção religiosa e cosmogônica dos chineses que repercutiu por toda a vida prática desta milenar cultura, influenciando obviamente o pensamento médico oriental. Assim como os filósofos pré-socráticos, os chineses se perguntavam acerca da essência última do Universo, e há tempos já haviam batizado de Chi a energia vital onipresente e eterna. Os japoneses a denominam Ki, os hindus a chamam de Prana, os egípcios da antigüidade a representavam em seus hieróglifos pela cruz ansata, ou "Ankh", a significar o "sopro de vida", e o grego http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 7 Aristóteles discorreu amplamente sobre tal instância primordial em sua "Metafísica", colocando-a em seu complexo conceito de "substância". Embora atribua-se ao sábio Lao-Tse, (séc. VI a.C.) a base filosófica do taoísmo, escrita que está nos 81 aforismos de seu poema sagrado intitulado "Tao Te King" (traduzível por "Caminho de Sabedoria"), milhares de anos antes dele o pensamento chinês já admitia uma energia única a permear todas as coisas do Universo. Huang Ti, o Imperador Amarelo, personagem ao mesmo tempo real e lendária que teria vivido e governado a China por volta de 2700 a.C. já expressava este conceito em seu famoso "Tratado de Medicina Interna", conhecido por "Nei Ching Su Wen". As doenças todas seriam nada mais que conseqüência da falta de harmonia ou do desequilíbrio entre Yang, o quente, e Yin, o frio. Também seriam resultado de condições debilitantes causadas quer por excesso quer por deficiência de Chi, conforme sua instabilidade, devido ao predomínio acentuado de uma destas polaridades sobre a outra. O Cosmos inteiro, segundo a concepção taoísta, estaria exercitando uma eterna dança harmônica e cíclica, resultado da perfeita interação dinâmica destas duas forças. O lado claro das montanhas, parte sul, que recebe o sol, os chineses denominaram Yang, cuja tradução aproximada seria "estandartes tremulando sob o sol"; ao lado norte e sombrio das cordilheiras, deram o nome Yin, cujo sentido mais próximo nos dá a idéia de "sombras, repouso ou tranqüilidade". Yang é, assim, o princípio masculino que se contrasta ao feminino Yin; é atividade e movimento em oposição à passividade e ao repouso. Enquanto Yang se exterioriza, Yin se compenetra. Yang é extrovertido e consciente; Yin, além de inconsciente e a própria introversão. Curiosamente, Empédocles, do outro lado do mundo chegou a dizer praticamente a mesma coisa quando afirmou que duas forças antagônicas, Amor e Luta, eram os princípios ativos existentes por detrás dos quatro elementos, e que de sua interação dependia o equilíbrio do Cosmos. Amor unia os elementos, conquanto a Luta os separava. Deste jogo permanente de forças, tudo se cria e se transforma. A criatividade chinesa associou ainda números a estas duas naturezas; Yang, por ser ativo, símbolo do Céu, criador em sua natureza, é quem começa o jogo da vida; por isso recebe o número 1. Yin, que infalivelmente responde ao chamado de Yang com sua receptividade; representa a mãe Terra, e recebe o número dois a expressar a dualidade presente nos números pares. Daí por diante, Yang será sempre ímpar; Yin, par. Se representarmos a base estrutural da vida pelo primeiro ciclo de números naturais, teremos então Yang como a soma dos ímpares 1+ 3 + 5 + 7+ 9 = 25. Este é o número do Céu. Yin, de mesma forma, será o montante dos pares: 2 + 4 + 6 + 8 + 10 = 30, o número da Terra. Para que o Universo fique fechado em si mesmo e portanto perfeito, sem começo nem fim, adiferença entre Céu e Terra deve ser preenchida. Intuíram então os chineses que, somando seus cinco elementos à Terra teriam o Universo inteiro em suas mãos, dinamicamente equilibrado. E é por meio deles que nos reportamos ao Céu (30 - 25 = 5). E foram batizados de Madeira, Fogo, Terra, Metal e Água. http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 8 Guardadas as diferenças entre as duas concepções, a grega e a taoísta, o que de semelhante há entre elas é que tanto Ocidente quanto Oriente valem-se dos elementos quando querem representar o todo integrado em que se traduz a natureza. Se os cinco elementos dos chineses permitem a ligação entre o Céu e a Terra (o divino e o humano), os gregos, por sua vez se inspiraram nas quatro estações climáticas como forma de expressar a perfeição divina, já que o conjunto de seus quatro elementos nos confere a sensação de algo completo, cujo transcorrer é cíclico, permitindo-nos a cada ano observar o Cosmos desfilando à nossa volta. Sejam quatro ou cinco os elementos concebidos, o principal está em sua função, que é a mesma para estas diferentes tradições. Eles resgatam uma verdade que paira acima dos limites entre Ocidente e Oriente, já que não nos deixa esquecer de que o Cosmos, além de íntegro e perfeito, permite-nos a transcendência, a relação com instâncias que se situam além de nossa consciência, da mera condição humana. Ademais, nem Hipócrates nem os chineses em sua milenar medicina deixaram de frisar: Os elementos estão também dentro de nós, pois somos nós a natureza, e nosso comportamento pode ser classificado conforme suas qualidades intrínsecas. Também para os chineses era evidente a relação entre as estações e os elementos, ainda que o problema fosse fazer caber 5 elementos em 4 estações. Bem, a sabedoria oriental logo encontrou uma simples e perfeita solução para o dilema, e ainda associou a cada um dos elementos um órgão e uma víscera, um animal, uma cor, um sabor, uma nota musical, um temperamento etc., assinalando assim que tudo na natureza encontra-se de certa maneira entrelaçado. Isto é, cada uma das partes do Universo reflete o todo absoluto. Em suma, apenas outra forma de se dizer a verdade a que chegara Anaxágoras com seu conceito de homeomerias. Por analogia, maneira particularmente oriental de se observar os fenômenos da natureza, a Madeira foi associada à primavera, período em que a energia Chi é ascendente, já que as árvores e as plantas brotam e crescem facilmente nesta estação. Na prática médica, Madeira corresponde ao Fígado e à Vesícula Biliar. Ao Fogo relacionaram o calor do verão, quando a energia cósmica é predominantemente Yang. Este elemento liga-se ao Coração e ao Intestino Delgado. O outono, associaram-no ao Metal; nele Chi está em sentido descendente, por isso os frutos caem e são colhidos. Em nós, Metal encontra-se nos Pulmões e Intestino Grosso, já que a função básica do primeiro é recolher o Chi pela respiração para que o Intestino despreze seu excesso pelas excreções. Ao inverno relacionaram o elemento Água, fortemente ligado aos Rins e à Bexiga, órgãos que retêm os líquidos corporais. Água é elemento passivo, receptáculo de reservas e fonte de energia ancestral; e Tales de Mileto mais uma vez ficaria contente em saber disso, pois a Água para os chineses é o elemento mais antigo, aquele que "entrega" o Chi a todo o restante do sistema. Bem, e o elemento Terra, onde fica? Ora, os chineses perceberam que o final das estações, precisamente os últimos 18 dias de cada uma delas, está marcado por uma época de transição, de passagem de Chi para a estação seguinte. A estes períodos incaracterísticos, quando por vezes traços de todas as estações se mostram http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 9 presentes num único dia, os taoístas relacionaram o elemento Terra, de onde vem a nossa força, alicerce de toda a vida. Chi nestes períodos se recolhe e se fortalece antes de estar pronto para alimentar o próximo elemento. Terra seria, portanto, o elemento que sustenta e abriga todos os demais, razão pela qual foi associado ao Estômago e ao sistema Baço-Pâncreas, órgãos relacionados à proteção do sangue, controle do tônus corporal, bem como aos processos digestivos e de nutrição. Muito originais, os orientais ainda estabeleceram uma relação cíclica perene de geração e dominação entre os elementos. O "Ciclo de Geração", também denominado ciclo "Mãe-Filho", atesta que os elementos geram-se uns aos outros, de modo que sua interdependência é constante. Madeira, por exemplo, é mãe de Fogo, já que lhe serve de alimento. Desta queima, produz-se cinzas, isto é, Terra, filha portanto do Fogo. Terra, por sua vez, gera em seu seio o Metal, os minérios todos que, por se liquefazerem dão origem à Água, elemento filho de Metal e ao mesmo tempo mãe de Madeira, posto que Água faz crescer a vegetação. Isto garante a mutabilidade da vida e o eterno retorno da energia primordial à sua origem, quando então se reinicia todo o ciclo. Outra relação que se estabelece entre os elementos é o "Ciclo de Dominação", igualmente fechado e perfeito em si mesmo. Água domina o Fogo, pois tem o poder de apagá-lo; este domina o Metal, pois pode fundi-lo; Metal domina a Madeira, por ser mais forte e mais denso que ela; Madeira controla a Terra, já que tem o poder de retirar dela seus nutrientes todos; e esta controla a Água, já que dela absorve sua principal propriedade, a umidade. Destarte, o ciclo volta ao seu começo. Estes dois ciclos, de geração e de domínio, permitem aos chineses tecer infinitas relações entre os órgãos e as vísceras de nosso corpo, sempre dentro de uma relatividade das partes com o todo. A teoria dos cinco elementos constitui-se numa das mais interessantes formas de pensamento da medicina oriental, assunto este que também nos levaria a uma outra matéria em que possamos melhor discuti-lo. Finalizando, quatro ou cinco elementos, pouco importa... O mais importante continua sendo o inexpugnável e doce mistério da vida, ao menos em parte, pelos ocidentais e orientais, em conjunto decifrado! Paulo Urban - Publicado na Revista Planeta nº 335 / agosto 2000 http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 10 Teorias Ocidentais dos Elementos O detentor do título de primeiro filósofo do ocidente, Tales de Mileto (625- 546 AEC), ficou conhecido por sua doutrina de que a “água” era a substância primária de todas as coisas. É uma ideia em comum com muitas doutrinas mitológicas, onde a água desempenha papel central na origem do universo. Para Tales, as coisas vieram da água, que era aparentemente o elemento mais abundante na natureza, e então assumindo diversos graus de rigidez, podia se solidificar nas coisas duras, e se fluidificar no próprio ar. É bom notar que a água é um símbolo inconsciente do “caos”, a potência primordial que dá origem ao universo, ou da qual este é extraído e moldado. E isso ocorre inclusive na Gênese bíblica, onda fica claro que apesar dos "Céus", "Terra", "Mar" e "Abismo" terem sido criados, as "Águas" em si não o foram, estando perenes desde que o "espírito de Deus pairava sobre" sua face. Assim, há muita adequação na idéia de que a “´água” tenha assumido o papel de representar a substância fundamental no universo nos primórdios da filosofia. Posteriormente seria a vez de Anaxímenes de Mileto (588-524 AEC) afirmar que era na realidade o “ar” que tinha essa peculiaridade. Aparentemente ainda mais onipresente do que a água, e mais sutil, o “ar” poderia se condensar em vários níveis, assumindo a diversas formas das coisas do mundo. E bom notar que a formação de nuvens e a chuva servia como evidência da transformação de ar em água. Heráclito de Éfeso (540-480 AEC) mudou um pouco o enfoque não apenas ao colocar o “fogo”como elemento primordial, mas também por atribuir propriedades mais fundamentais ao mesmo, que seria mais do que o fogo físico que conhecemos, mas um tipo de princípio divino racional, chamado “Logos”. O elemento "terra" não parece ter tido um defensor exclusivo, pois Empédocles de Agrigento (490-435 AEC) formulou a primeira versão conhecida da famosa Teoria dos 4 Elementos: ÁGUA, AR, FOGO, e TERRA. Em paralelo filósofos como Leucipo de Mileto (500 AEC) e Demócrito de Abdera (460-370 AEC) propunham a doutrina conhecida como “Atomismo”, na qual o universo era composto de diversas minúsculas partículas elementares fundamentais e indivisíveis, os “átomos”, que existiam em formas distintas que podiam ser intercombinadas formando as diferentes coisas. Pouco antes, Pitágoras de Samos (571-496 AEC), que detém o título de primeiro grande matemático, além de criador do termo "Filosofia", entendia o universo como redutível a entes numéricos. "Todas as coisas são números.", teria dito, e sua escola deixou uma longa tradição de discípulos, os pitagóricos, entre os quais Arquitas de Tarento (428-347 AEC), aparentemente o primeiro a relacionar os números, figuras geométricas tridimensionais e 4 elementos, no http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 11 caso 1 (FOGO), 2 (AR), 3 (ÁGUA), e 4 (TERRA), que implicavam nos poliedros: Tetraedro, Octaedro, Icosaedro e Hexaedro. Platão (427-347 AEC), na obra O Timeu (360 AEC), promove uma síntese de tudo isso, com aquilo que pode ser chamada de Teoria Atômica e Geométrica dos Elementos, adicionando, porém, um Quinto Elemento, como veremos abaixo. Teoria Atômico-Geométrica dos Elementos de Platão Para uma melhor apreciação desta notável teoria platônica, é necessário uma compreensão geométrica básica. Sabemos que um polígono regular é um polígono onde todos os lados e ângulos internos são iguais, tais como o triângulo equilátero, o quadrado, óctogono regular etc. Assim, temos naturalmente infinitos polígonos regulares. Conceito similar podemos associar aos poliedros, figuras tridimensionais onde todas as faces sejam polígonos regulares, e todos os ângulos internos também sejam iguais. No entanto, diferente do caso que se dá em duas dimensões, só existem 5 poliedros regulares. Antigos pitagóricos já haviam associado os 4 elementos à 4 dos poliedros regulares, Platão viria a associar o quinto poliedro a um quinto elemento, produzindo as seguintes correlações. TETRAEDRO 4 Vértices, 4 Arestas, 4 FACES (Triangulares) . Essa "Pirâmide de 3 lados", é a mais simples estrutura sólida, tridimensional, que pode existir, por isso ela representava o elemento mais leve, o FOGO. Dada sua forma, suas pontas agudas explicariam a propriedade destrutiva e penetrante do calor. http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 12 OCTAEDRO 6 Vértices, 12 Arestas, 8 FACES (Triangulares) A "Pirâmide de 4 lados dupla" era tida como a forma das partículas do AR, sendo suficientemente leve para flutuar e penetrar em todo o espaço "vazio". ICOSAEDRO 12 Vértices, 30 Arestas, 20 FACES (Triangulares) Dada a seu peso e suas bases pequenas, passíveis de rolar com facilidade, fluidez, esse poliedro constituiria para os antigos as partículas da ÁGUA. HEXAEDRO 8 Vértices, 12 Arestas, 6 FACES (Quadrangulares) O "Cubo", dada a sua estabilidade e facilidade com que pode ser empilhado formando estruturas maiores, sugeria aos filósofos antigos ser a estrutura fundamental do elemento TERRA. http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 13 DODECAEDRO 20 Vértices, 30 Arestas, 12 FACES (Pentagonais) Para Platão, Pitágoras e muitos filósofos antigos, o Dodecaedro representava o QUINTO ELEMENTO, a QUINTAESSÊNCIA, que permeava a tudo no Universo, sendo o poliedro mais próximo da Esfera, a forma perfeita. No caso platônico, evidentemente se referia também à Alma/Idéia. Enfim, Aristóteles de Estagira (358-322 AEC) viria a acrescentar a noção das 4 Qualidades: Frio, Quente, Seco e Úmido, que explica de outra forma a noção dos 4 elementos, sendo a Água a fusão das qualidades FRIA e ÚMIDA, o Fogo QUENTE e SECO, o Ar QUENTE e ÚMIDO e a Terra FRIA e SECA. Aristóteles também considerou o Quinto Elemento, que chamou de Éter, sendo um elemento que só existia na ESFERA SUPRALUNAR, isto é, no espaço em volta da Terra, que já era considerada como esferóide, além da órbita da Lua. Podemos então esquematizar os elementos da seguinte forma. http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 14 Os poliedros então eram vistos como partículas fundamentais de cada elemento, e é especialmente notável que apenas 3 poliedros compartilhem o mesmo tipo de face, o que sugeriu a Platão o motivo pelo qual eles podiam realizar transformações entre si. http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 15 Quatro partículas de FOGO, por exemplo, possuem 4 faces cada, totalizando 16 triâgulos equiláteros, que seriam os átomos, que podem ser desmontados e remodelados em duas partículas de AR, que possuem cada qual 8 triângulos. Quatro partículas de Água, possuindo 20 faces triangulares cada (80 ao todo), poderiam ser transformadas em 10 partículas de Ar. Essa idéia podia explicar a propriedade da água em vaporizar, das nuvens se formarem no ar, e choverem. Essa teoria tinha a peculiar capacidade de ser bastante condizente com a observação, visto que era fácil perceber a transformação da ÁGUA em AR, e vice-versa, bem como do FOGO em AR, e vice-versa, no ato da combustão e apagamento da chama. Por outro lado, transformações envolvendo a TERRA não seriam observáveis, devido ao átomos desta última terem formato diferente. Embora as faces do Hexaedro, Cubo, serem quadrados, Platão considerava que os átomos também eram triangulares, subdivisões dos quadrados, porém não eram equiláteros. E enfim, o mesmo se daria então com o Quinto Elemento, que comporia a Alma e as Ideias Imateriais, e isso explicava a diferença de substância entre os 4 elementos e a essência imortal. Essa teoria, no entanto, tem seu ponto fraco, que é a separação da TERRA dos demais elementos, quando é claro que eles interagem. Platão chega a tentar a solução de dividir os triângulos equiláteros em dois triângulos escalenos retângulos, fazendo o mesmo com o quadrado, que resultaria em dois isóceles retângulos ou 8 escalenos retângulos, porém de formato diferente dos resultantes da divisão dos triângulos equiláteros. http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 16 Se fossemos aceitar, porém, alguma possibilidade de aproximar esses triângulos distintos, admitindo movimentos de ajustes nos vértices, teríamos que admitir também a possibilidade de transformações não só entre os 4 elementos físicos, mas também com o quinto, o que era inadmissível para Platão, visto que considerava o mundo das Idéias Imateriais como essencialmente distinto do mundo físico. Assim, parece mais aceitável admitir que a TERRA permanece isolada do grupo das transformações dos demais elementos, embora seja claramente material, e estivesse presente no Caos original do qual o Demiurgo Divino moldou o mundo. Voltaremos à Tradição Ocidental dos elementos mais adiante, por hora, passemos para o outro hemisfério para contemplar as notáveis similaridades, e discrepâncias, das teorias orientais dos elementos. Teorias Orientais dos Elementos Como frequentemente ocorre no Oriente, é mais difícil precisar os autores, visto que os conceitos parecem tão antigos que não se tem registros confiáveis. Ainda assim, é possível suporalguns responsáveis por contribuições para a versão oriental das teorias elementais. Lao-Tsé (570 AEC), o mais conhecido sábio do Taoísmo, é o registro mais antigo a comentar o conceito de TAO, um conceito de difícil tradução, mas que pode ser entendido como "Caminho / Modo de Ser / Agir", melhor entendido talvez pelo conceito inglês mais amplo encontrado na palavra WAY. http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 17 No famoso símbolo Tei-Gi, a dualidade primária do universo, os aspectos Yin e Yang, tem como principais características ser relacionados com Masculino e Feminino, Seco e Húmido, Quente e Frio, Dia e Noite, não tendo, SOB HIPÓTESE ALGUMA, qualquer relação com a idéia de bem e mal. No taoísmo, o que poderíamos considerar como o Mal, seria a desarmonia entre o Yin e Yang, e o Bem, evidentemente, a relação equivalente e dinâmica dos aspectos. Interessante observar que na visão aristotélica dos elementos, as 4 qualidades que dão origem aos 4 elementos correspondem à metade das propriedades do Yin e o Yang, no caso o par SECO e HÚMIDO e o par QUENTE e FRIO. Chuang-Tsé (399-295 AEC), outro sábio taoísta, chegou a sugerir que o Yin e o Yang produzem as 4 formas, que dão origem aos 8 Elementos, mas a doutrina de Huai-nan-Tsé (+122 AEC) ficou mais conhecida, afirmando que o "Céu" tem as 4 Estações e os 5 Elementos/Agentes, ou mais originalmente os Wu Xing, literalmente "5 Movimentos". Este mesmo conceito também está presente no Neoconfucionismo, pela Escola da Razão (960-1279 DEC), que diz serem "Os 5 Agentes" (Forças Vitais), a ÁGUA, FOGO, MADEIRA, METAL e TERRA. O mesmo diz Chou Lien-hsi (1017-1073 DEC), ao afirmar que o "Tai Chi" ("Grande Energia") produz o Yin e o Yang, que produzem os 5 Agentes/Elementos. http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 18 Portanto, diferente da tradição grega, não aparece o "Ar" como um elemento, mas sim a "Madeira" e o "Metal" como elementos adicionais. É preciso notar porém a importância do termo "Agentes", pois os 5 elementos orientais não são tão relacionados à idéia de constituição da matéria quanto os 4 elementos gregos, podendo ser interpretados como "aspectos" presentes em todas as coisas. Não há, no entanto, qualquer indício de uma teoria atômica, não havendo tendências a se imaginar esses elementos como compostos de partículas. Há, todavia, uma noção mais completa e harmônica de transformações, pois as setas em Azul Ciano representam os Ciclos Construtivos, onde um elemento gera, ou alimenta o próximo, num ciclo fechado e perpétuo. Já as setas em Vermelho representam os Ciclos Destrutivos, ou de http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 19 Contenção e Controle, onde cada elemento neutraliza ou destrói o próximo, de modo que a Água apaga o Fogo, que derrete o Metal, que corta a Madeira, que (em excesso) enfraquece a Terra, que por sua vez absorve e contém a Água. No ciclo Construtivo temos que a Água alimenta a Madeira, que abastece o Fogo, que produz a Terra (lembremos nas cinzas resultante das combustões e na lava expelida pelos vulcões), a Terra por sua vez produz o Metal que, finalmente, produz a Água! Este último caso exige um explicação maior. Trata-se da percepção de que o Metal, por ser frio e provocar a condensação da água, parece produzi-la, ao "suar", em especial pela manhã. Tal fato serviu como evidência de sua capacidade de produzir água, completando o ciclo geracional. Portanto, diferente do sistema platônico, todos os elementos se transformam uns nos outros, e a percepção da relação da combustão com a produção de cinzas contrasta com a noção grega de que não haveria transformações entre a Terra e os demais elementos. É muito provável que essa parte do sistema de Platão seja na verdade uma consequência estrutural de sua teoria geométrica atômica, que pela questão da incompatibilidade dos átomos triangulares equiláteros com a estrutura hexaédrica do Cubo, do elemento Terra, tenha desautorizado pensar numa transformação desta em outros elementos, passando a considerar a evidência como a observada pelos chineses de alguma outra forma. Há, curiosamente, uma outra notável relação. Para Platão, os metais são Líquidos! Que apenas permanecem duros devido a temperatura ambiente não ser suficiente para fundi-los. De certo, é diferente da Terra, pois é da experiência comum que o barro não se liquefaz da mesma forma que o metal, mesmo a altíssimas temperaturas. Voltando ao Oriente, no BUDISMO, os 5 Elementos já são, mais uma vez TERRA, ÁGUA, AR, FOGO e ESPAÇO, o que não só remete ao sistema grego, como ainda aparenta similaridade com a idéia aristotélica do quinto elemento como sendo o Éter. No HINDUÍSMO, por sua vez, além de uma versão primeva de 3 elementos (os 4 elementos gregos menos o Ar), temos uma noção de 7 Elementos, que correspondem aos 7 Chakras do corpo humano, na seguinte forma: http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 20 Pensamento LUZ ÉTER AR FOGO ÁGUA TERRA Enfim, a tradição Chinesa, bem como a Japonesa, terminou por possuir dois sistemas de 5 elementos, um com os 5 Grandes Elementos: Terra, Água, Vento, Fogo e Vazio / Éter, e outro com os 5 Elementos da Tradição Taoísta: Água, Fogo, Madeira, Metal e Terra, o que, evidentemente, inspirou sínteses de 7 elementos como sendo TERRA, MADEIRA, METAL, ÁGUA, AR, FOGO e ÉTER (Vazio / Espaço). Tais sínteses são, no entanto, menos populares do que os sistemas tradicionais. No Japão, por exemplo, os 5 elementos taoístas estão representados nos Dias da Semana. Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Nichi-yobi Getsu-yobi Ka-yobi Sui-yobi Moku-yobi Kin-yobi Do-yobi Sol Lua Fogo Água Árvore Ouro/Metal Terra http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 21 Finalmente, vejamos a tradição chinesa do I CHING, onde Yin e Yang são recombinados em trios, que permitem 8 combinações, Trigramas, que correspondem a 8 ELEMENTOS, que são CÉU, VENTO, TERRA, FOGO, LAGO, TROVÃO, MONTANHA e ÁGUA, que por sua vez se relacionam estreitamente com os 5 Agentes, na forma a seguir. Céu Metal Yang, Yang, Yang Vento Madeira Yin, Yang, Yang Montanha Terra Yang, Yin, Yin Fogo Fogo Yang, Yin, Yang Lago Metal Yang, Yang, Yin Água Água Yin, Yang, Yin Trovão Madeira Yin, Yin, Yang Terra Terra Yin, Yin, Yin O que resulta no esquema: http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 22 Como podemos notar, o modo como os 5 elementos foram recombinados em 8 jamais teria agradado os gregos, em especial os pitagóricos, que provavelmente veriam algum tipo de desarmonia numérica. Permaneceu forte na nossa tradição ocidental a idéia de 4 elementos físicos, que ocasionalmente recebem um Quinto, em geral associado ao Espírito / Alma / Mente. Já no Oriente, embora tenha havido noções de 4 e por vezes, até 3 elementos em algumas tradições Hindus mais antigas, permaneceu forte a idéia de 5, quer seja levando em conta um elemento imaterial, como no sistema ocidental, quer seja ignorando o Ar e acrescentando Metal e Madeira. É fácil notar, também, uma fixação oriental, em especial Chinesa e Japonesa, pelos números 5 e 8, ao passo que no ocidente temos uma fixação maior no 4 e no 7. Enquanto nós falamos em 7 cores e 7 notas musicais, os chineses e japoneses costumavam falar em 5 notas e 5 cores. Diversas outras correlações podem ser notadas, em especial levando em conta superstições desses orientais contra o número quatro, cuja pronúncia é idêntica à da palavra 'morte'. O número 4, então, traria mau agouro, e é tão incômodoquanto o é o 13 para os ocidentais. No Japão, por exemplo, é comum não haver apartamentos, andares e casas com o número 4, da mesma foram como nos E.U.A. e alguns países da Europa costuma ocorrer com o 13. Inclusive, é interessante observar que os chineses fizeram questão de iniciar as Olimpíadas de 2008 às 8 horas, 8 minutos e 8 segundos do dia 08/08/08, visto que este número é tido como portandor de boa fortuna. Voltando a falar em cores e sons, podemos perceber que nossa divisão em 7 notas, no caso 5 tons e 2 semitons, é arbitrária, e seu principal responsável é ninguém menos que Pitágoras, que estabeleceu relações harmônicas preferíveis ao tocar cordas simultâneas em comprimentos diferentes. Posterioremente, no século XI, Frei Guido Darezzo viria a atribuir-lhes os nomes pelos quais as conhecemos, Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá e Si, que são a primeira sílaba de cada frase de um hino religioso à São João Batista. http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 23 Na realidade, existem 12 semitons, como pode ser observado nos instrumentos de corda com trastes, tais como o violão, em relação a um teclado. Isso ocorre por que a medida que vamos encurtando e tocando uma corda, a tonalidade vai subindo, e só conseguimos distinguir 12 variações que se repetem em ciclos, de modo que no tom equivalente 12 níveis acima, a corda estará com a exata metade do tamanho. Num instrumento como o violão, as notas citadas acima valem para as corda Mi, que são a mais grave e a mais fina, nas partes mais alta e mais baixa.) Por uma questão de sensibilidade estética, os antigos gregos formalizaram a divisão de 7 notas que, sacramentada na Idade Média, resultou em nossos instrumentos de teclado. Os orientais, por outro lado, ao invés de escolherem essa escala que mistura 5 tons com 2 semitons, não raro ignoraram estes últimos, e por isso identificamos como um estilo melódico tipicamente oriental quando tocamos somente as teclas pretas de um teclado, que são 5, o que produz um efeito similar ao das típicas músicas orientais. No modo chinês, as 5 notas são tipicamente associadas aos elementos: Fazendo uma transposição de 6 semi- tons, temos o equivalente: http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 24 Tudo isso nos mostra como nossa divisão da realidade em números preferenciais, 7 ou 5, é arbitrária, e o mesmo acontece com as cores. ------- Embora consideremos 7 cores no espectro, e os orientais com frequência considerem 5, é fato que possuímos apenas 3 cores primárias, que podem se combinar num sistema que, se dividido de forma perfeitamente proporcional, pode também ser dividido em 12, como no exemplo abaixo. Diferente dos tons musicais, onde não distinguimos mais de 12, é possível dividir a escala de cores em milhares de níveis perceptíveis, porém, a simples existência de 3 cores primárias e 3 secundárias imporá múltiplos de 6, como 24, 360, 18.000. ------- Mas o que chama a atenção é o modo como dividimos nossa clássica escala de 7 cores. Pegamos as cores 1, 2, 3, para os típicos Vermelho, Laranja e Amarelo, e agrupamos os outros 3 tons seguintes no mesmo denominador de Verde. Adicionamos a cor 7, Ciano, que normalmente chamamos apenas de Azul Claro ou mesmo Azul, por vezes usando Anil para a cor 9, e finalmente pescando um misto escurecido de 10 e 11 como Violeta. ------- Os orientais, por outro lado, costumam pegar 4 das cores da amostra acima, 1,3, uma mistura das cores 4 a 9 num único tom de Verde e Azul (em http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 25 Japonês há uma única palavra, aoi, que pode ser tanto Azul quanto Verde), e então adicionam Preto e Branco, que sequer são cores da escala mas sim, sua soma total e sua subtração completa. ------- Há também uma alternativa que ignora o Preto, ou o Branco, e seleciona Verde e Azul em separado, mas merece maior atenção é a preocupação em manter o número 5! ------- É inegável, porém, como vemos na escala de cores acima, que as tonalidades esverdeadas nos parecem muito mais similares entre si do que as demais, e que é mais fácil confundir 4 e 6, do que 12 e 2, por exemplo. Isso ocorre porque nossos olhos são mais sensíveis ao verde do que às demais cores primárias, o verde é a cor que possui maior "Luminância" para nossos sentidos. Por isso os visores noturnos aparentam tons verdes, um Laser verde é muito mais brilhante do que o Vermelho, mesmo quando gerados na mesma potência e o Ciano e o Amarelo são mais difíceis de distinguir do branco por compartilharem a cor mais luminosa, o que não ocorre com o Magenta ------- Por outro lado, das primárias, o Azul é a menos intensa, a mais escura, e por isso mesmo de destaca mais no fundo branco, e os modos diferentes de interações de cores acabam gerando percepções desequilibradas em nossos sentidos. O Daltonismo que confunde azul e verde, por exemplo, é mais comum do que o confunde verde e vermelho. ------- Toda essa digressão tem apenas o objetivo de mostrar que existem predisposições culturais a encaixar a realidade em modelos ideais pré- estabelecidos, com a rara excessão dos Poliedros Regulares, que realmente só existem em número de 5. Curiosamente, o chineses parecem não ter desenvolvidos geometrias mais sofisticadas, caso contrário, associar seus 5 elementos aos 5 poliedros seguramente seria irresistível. ------- Para observarmos mais exemplos de como "encaixar" o mundo em nossa categorias pré-estabelecidas, vejamos mais algumas relações notáveis, que denunciam sutilezas psico culturais entre os dois hemisférios. ------- Na antiguidade desenvolveu-se a noção das 4 Virtudes Cardinais: Prudência, Fortaleza, Justiça e Temperança. Na Idade Média, seriam somadas a essas as 3 Virtudes Teologais: Fé, Amor e Caridade, somando um total de 7 Virtudes que evidentemente se opunham aos 7 Pecados Capitais. ------- Por sua vez, no oriente, os chineses falavam em 5 Virtudes: Polidez, Bondade, Respeito, Parcimônia e Altruísmo. Já no Japão, ficou famoso o Bushido, o Código de Honra Samurai, que era constituído de 8 virtudes: Justiça, Coragem, Bondade, Polidez, Verdade, Honra, Fidelidade e Auto-Controle. ------- Os orientais parecem sempre encontrar um meio de adicionar um quinto elemento em classificações que no ocidente mantemos apenas em quatro. Por isso, se consideramos as 4 estações, os orientais adicionam um período de transição, associando todos aos 5 elementos: Primavera (Madeira), Verão (Fogo), Outono (Metal), Inverno (Água) e Intervalos (Terra). ------- Se consideramos 4 Pontos Cardeais, os Orientais consideram Norte (Água), Leste (Madeira), Sul (Fogo), Oeste (Metal) e CENTRO (Terra). Há muitos outros exemplos de como os números 4 e 7, no ocidente, e 5 e 8, no oriente, apesar de ocasionais exceções, dominam o imaginário cultural. Mas, enfim, voltemos agora ao tema dos elementos. http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 26 Os Elementos Hoje Na atualidade, a noção antiga dos elementos da natureza pode parecer ingênua, no entanto, originalmente, é algo mais justificado, uma vez que possuia notável capacidade explicativa. É interessante lembrar que os fundamentos que sustentam tais conceitos não são diferentes na Ciência contemporânea, continuamos pressupondo uma ordenação essencial no universo que pode ser conhecida racionalmente, e representada por modelos teóricos fundamentados em matemática e noções redutivas. ------- A idéia básica dos 4 elementos está preservada em nossa compreensão dos estados físicos da matéria, havendo nítida correlação entre os estados Sólido, Líquido e Gasoso com os elementos Terra, Água e Ar, e evidentemente da Energia como o Fogo. ------- Na realidade, jamais se acreditou que os elementosfossem apenas as substâncias notáveis em si. O que se chamava de elemento Terra era a propriedade de rigidez dos materiais, bem como de elemento Ar, sua propriedade volátil. Não significava dizer que, por exemplo, um tecido era feito literalmente de Terra e Água, mas sim que possuia em sua estrutura as propriedades da solidez e da flexibilidade. ------- O Fogo, por sua vez, estava associado também à Luz e qualquer forma de energia e calor. Assim, o calor de um corpo vivo era a ação da propriedade quente, resultante da transformação do Ar em Fogo por meio da respiração. Idéia essa que não ficou restrita à Grécia antiga, mas que na realidade foi defendida até por Descartes em 1640 dEC. ------- Na realidade, a teoria dos 4 Elementos perdurou no ocidente praticamente até o século XVIII, quando foi sendo gradativamente substituída pela Física Moderna, por meio dos modelos atômicos de Dalton (1766-1844), Thomson (1856-1940), Rutheford (1871-1937) e Niels Bohr (1885-1962). ------- E voltando ao tema dos átomos, vale lembrar que ainda utilizamos um conceito muito similar ao dos antigos atomistas gregos, pois muitos ainda acreditam em partículas, ou estruturas, fundamentais. O que chamamos de átomo atualmente, porém, não faz jus ao nome, devido ao fato de que o conceito original previa que a partícula que recebe esse nome deveria ser indivisível, e indestrutível, e isso, sabemos hoje, o que precipitadamente chamamos de átomo não é. Mas ainda é possível que haja partículas mais fundamentais com tais característas, os Quarks talvez. ------- Já no oriente, o imaginário dos 5 elementos continua vivo e muito atuante, principalmente na medicina chinesa, onde o conceito de equilíbrio entre os elementos é central para as terapias, que utilizam os ciclos destrutivos e construtivos para corrigir os desequilíbrios dos aspectos no organismo humano. Também o médico grego Hipócrates (460-377aEC), considerado o pai da medicina, associava aos 4 elementos os 4 humores: Sanguíneo / Emotivo (Fogo), Colérico (Ar), Fleumático / "Não-Emotivo" (Água) e Melancólico (Terra), e ministrava tratamentos similares. http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 27 ANJOS Uma auréola ou halo1 (do Latim aurea, "dourado") é um círculo dourado ou peça de metal circular com que pintores e escultores circundam muitas vezes a cabeça de personagens sagrados.1 Nos períodos mais antigos da arte cristã, a auréola era usada exclusivamente em figuras pertencentes à Santíssima Trindade, como Jesus Cristo, mas esse costume foi posteriormente alargado à Virgem Maria e aos santos. Uma das primeiras representações de Sidarta Gautama, século I-II, Gandara: repare no círculo cinza atrás da cabeça do Buda. Quando envolve todo o corpo da figura, a auréola geralmente aparece em forma oval ou elíptica, mas ocasionalmente é circular ou quadrifólia. Quando ronda apenas a cabeça, é chamada especificamente de auréola ou nimbo, enquanto a combinação de nimbo com auréola é chamada do fenômeno óptico glória. A distinção entre nimbos e auréolas não são muito respeitados, de modo que esse último termo é mais frequentemente utilizado para designar o esplendor que ronda as cabeças dos santos, dos anjos ou de pessoas da Santíssima Trindade. As auréolas aparecem na arte cristã por volta do século V, mas este elemento já era conhecido e desenvolvido séculos antes, na arte pré-cristã helenista. É encontrada em algumas representações persas de reis e deuses, e aparece nas moedas dos reis do Império Kushana: Kanishka, Huvishka e Vasudeva, como também na maioria das imagens representando Sidarta Gautama, o Buda, no século I, pertencentes à arte Greco-budista. O uso da auréola também é encontrado na arte egípcia, na arte grega, na arte romana, nas representações de Trajano, e Antônio Pio. Certos imperadores do Império Romano eram retratados radiando uma coroa no alto da cabeça, com raios de sol iluminando suas figuras. Anjo (do latim angelus e do grego ággelos (ἄγγελος), mensageiro), segundo a tradição judaico-cristã, a mais divulgada no ocidente, conforme relatos bíblicos, são criaturas espirituais, conservos de Deus como os homens (Apocalipse 19:10), que servem como ajudantes ou mensageiros de Deus. Os Anjos também podem ser considerados escravos de Deus no que tange ao sentido lato da palavra escravo, isto é, o que vive em absoluta sujeição a outrem. Também podem igualmente ser considerados escravos porque não recebem nenhuma remuneração por seu trabalho e estão a mercê da vontade Divina, podendo Deus dispor, a Seu critério, do Anjo - sem que ele possa exercer qualquer direito e objeção pessoal ou legal. Na iconografia comum, os anjos geralmente têm asas de pássaro e uma auréola. São donos de uma beleza delicada e de um forte brilho, e por vezes são representados como uma criança, por terem inocência e virtude. Os relatos bíblicos e a hagiografia cristã contam que os anjos muitas vezes foram autores de fenômenos miraculosos, e a crença corrente nesta tradição é que uma de suas missões é ajudar a humanidade em seu processo de aproximação a Deus. http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 28 Os anjos são ainda figuras importantes em muitas outras tradições religiosas do passado e do presente e o nome de "anjo" é dado amiúde indistintamente a todas as classes de seres celestes. Os muçulmanos, zoroastrianos, espíritas, hindus e budistas, todos aceitam como fato sua existência, dando-lhes variados nomes, mas às vezes são descritos como tendo características e funções bem diferentes daquelas apontadas pela tradição judaico-cristã, esta mesma apresentando contradições e inconsistências de acordo com os vários autores que se ocuparam deste tema. O Espiritismo faz uma descrição em muito semelhante à judaico-cristã, considerando-os seres perfeitos que atuam como mensageiros dos planos superiores, sem, no entanto, tentar atribuir forma ou aparência a tais seres: seria apenas uma visão de suas formas morais. A diferença da visão espírita se faz apenas pelo raciocínio de que Deus, sendo soberanamente justo e bom (atributos que seguem-lhe a perfeição, ou seja, Deus não precisa evoluir, já é e sempre foi perfeito e imutável), não os teria criado perfeitos, pois isso seria creditar a Deus a capacidade de ser injusto, face à necessidade que os homens enfrentam de experimentação sucessiva para aperfeiçoarem-se. O Espiritismo apresenta a visão de que tais seres angélicos, independente de suas hierarquias celestiais, estão nesse ponto evolutivo por mérito próprio, são espíritos santificados e livres da interferência da matéria pelas próprias escolhas que fizeram no sentido evolutivo e de renúncia de si mesmos ao longo do tempo, sendo facultado também aos homens atuais - ainda muito materializados - atingirem, através de seus esforços morais e intelectuais nas múltiplas reencarnações, tais pontos de perfeição. (O Céu e o Inferno, Allan Kardec, 1865). Dentro do Cristianismo Esotérico e da Cabala, são chamados de anjos aos espíritos num grau de evolução imediatamente superior ao do homem e imediatamente inferior ao dos arcanjos. Para os muçulmanos alguns anjos são bons, outros maus, e outras classes possuem traços ambíguos. No Hinduísmo e no Budismo são descritos como seres autoluminosos, donos de vários poderes, sendo que alguns são dotados de corpos densos e capazes de comer e beber. Já os teosofistas afirmam que existem inumeráveis classes de anjos, com variadas funções, aspectos e atributos, desde diminutas criaturas microscópicas até colossos de dimensões planetárias, responsáveis pela manutenção de uma infinidade de processos naturais. Além disso a cultura popular em vários países do mundo deu origem a um copioso folclore sobre os anjos, que muitas vezes se afasta bastante da descrição mantida pelos credos institucionalizados dessasregiões. As hierarquias angélicas no Cristianismo Teto do Batistério de São João, em Florença, mostrando as hierarquias angélicas No Cristianismo os anjos foram estudados de acordo com diversos sistemas de classificação em coros ou hierarquias angélicas. A mais influente de tais classificações foi estabelecida pelo Pseudo-Dionísio, o Areopagita entre os séculos IV e V, em seu livro De Coelesti Hierarchia No Cristianismo a fonte primária ao estudo dos anjos são as citações bíblicas, como quando três anjos apareceram a Abraão, embora existam apenas sugestões ambíguas para a construção de um sistema como se ele se tivesse desenvolvido em tempos posteriores.4 Isaías fala de serafins; outro anjo acompanhou Tobias; a Virgem Maria recebeu uma visita angélica na anunciação do futuro nascimento de Cristo,6 e o próprio Jesus fala deles em vários momentos, como quando sofreu a tentação no deserto e na cena do horto das oliveiras, quando um anjo lhe fortalecia antes da Paixão. http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 29 São Paulo faz alusão a cinco ordens de anjos. Depois foi São Dionísio um dos primeiros a propor um sistema organizado do estudo dos anjos e seus escritos tiveram muita influência, mas foi precedido por outros escritores, como São Clemente, Santo Ambrósio e São Jerônimo. Na Idade Média surgiram muitos outros esquemas, alguns baseados no do Areopagita, outros independentes, sugerindo uma hierarquia bastante diferente. Alguns autores acreditavam que apenas os anjos de classes inferiores interferiam nos assuntos humanos. Tradições esotéricas cristãs também foram invocadas para se organizar um quadro mais exato. As classificações propostas na Idade Média são as seguintes: São Clemente, em Constituições Apostólicas, século I: 1. Serafins, 2. Querubins, 3. Éons, 4. Hostes, 5. Potestades, 6. Autoridades, 7. Principados, 8. Tronos, 9. Arcanjos, 10. Anjos, 11. Dominações. Santo Ambrósio, em Apologia do Profeta David, século IV: 1. Serafins, 2. Querubins, 3. Dominações, 4. Tronos, 5. Principados, 6. Potestades, 7. Virtudes, 8. Anjos, 9. Arcanjos. São Jerônimo, século IV: 1. Serafins, 2. Querubins, 3. Potestades, 4. Dominações, 5. Tronos, 6. Arcanjos, 7. Anjos. Pseudo-Dionísio, o Areopagita, em De Coelesti Hierarchia, c. século V: 1. Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Virtudes, 6. Potestades, 7. Principados, 8. Arcanjos, 9. Anjos. São Gregório Magno, em Homilia, século VI: 1. Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Principados, 6. Potestades, 7. Virtudes, 8. Arcanjos, 9. Anjos. Santo Isidoro de Sevilha, em Etymologiae, século VII: 1. Serafins, 2. Querubins, 3. Potestades, 4. Principados, 5. Virtudes, 6. Dominações, 7. Tronos, 8. Arcanjos, 9. Anjos. João de Damasco, em De Fide Orthodoxa, século VIII: 1. Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Potestades, 6. Autoridades (Virtudes), 7. Governantes (Principados), 8. Arcanjos, 9. Anjos. São Tomás de Aquino, em Summa Theologica, (1225-1274): 1. Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Virtudes, 6. Potestades, 7. Principados, 8. Arcanjos, 9. Anjos. Dante Alighieri, na Divina Comédia (1308-1321): 1. Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Virtudes, 6. Potestades, 7. Arcanjos, 8. Principados, 9. Anjos. De todas estas ordenações a mais corrente, derivada do Pseudo-Dionísio e de Tomás de Aquino, divide os anjos em nove coros, agrupados em três trìades: Primeira Tríade A 1ª Ordem é composta pelos anjos mais próximos de Deus, que desempenham suas funções diante do Pai. Serafins Criatura fantástica do tipo dos kerabu, proveniente de Khorsabad O nome serafim vem do hebreu saraf (שרף), e do grego, séraph, que significam "abrasar, queimar, consumir". Também foram chamados de ardentes ou de serpentes de fogo. É a http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 30 ordem mais elevada da esfera mais alta. São os anjos mais próximos de Deus e emanam a essência divina em mais alto grau. Assistem ante o Trono de Deus e é seu privilégio estar unido a Deus de maneira mais íntima, e são descritos em Isaías como cantando perpetuamente o louvor de Deus e tendo seis asas. O Pseudo-Dionísio diz que sua natureza ígnea espelha a exuberância de sua atividade perpétua e infatigável, e sua capacidade de inflamar os anjos inferiores no cumprimento dos desígnios divinos, purificando-os com seu fogo e iluminando suas inteligências, destruindo toda sombra. Pico della Mirandola fala deles em sua Oração sobre a Dignidade do Homem (1487) como incandescentes do fogo da caridade, e modelos da mais alta aspiração humana Querubins Do hebreu כרוב - keruv, ou do plural כרובים - keruvim, os querubins são seres misteriosos, descritos tanto no Cristianismo como em tradições mais antigas às vezes mostrando formas híbridas de homem e animal. Os povos da Mesopotâmia tinham o nome karabu e suas variantes para denominar seres fantásticos com forma de touro alado de face humana, e a palavra significa em algumas daquelas línguas "poderoso", noutras "abençoado". No Gênesis aparece um querubim como guardião do Jardim do Éden, expulsando Adão e Eva após o pecado original. Ezequiel os descreve como guardiães do trono de Deus e diz que o ruflar de suas asas enchia todo o templo da divindade e se parecia com som de vozes humanas; a cada um estava ligada uma roda, e se moviam em todas as direções sem se voltar, pois possuíam quatro faces: leão, (O leão sempre foi reconhecido como forte, feroz, majestoso, ele é o rei dos animais e essa face simboliza então sua força). touro, (o touro é reconhecido como um animal que trabalha pacientemente para seu dono. Ele é forte, podendo carregar um urso, e conhece o seu dono). águia, (como um anjo, este pássaro voa acima das tempestades, enquanto abaixo delas existem tristezas, perigos, e angústias. Um pássaro ligeiro e poderoso, elegante, incansável) e homem, Esta face fala da mente, razão, afeições,e todas as coisas que envolvem a natureza humana, isso, para alguns estudiosos, significa que eles assim como os homens possuem o livre arbítrio. E eram inteiramente cobertos de olhos, significando a sua onisciência. Mas as imagens querubins que Moisés colocou sobre a Arca da Aliança tinham forma humana, embora com asas.14 Os Querubins, para alguns teólogos, ocupam o topo da hierarquia, pois alguns não consideram os serafins como anjos , uma vez que a palavra hebraica para anjo é "malak" (mensageiro) e da mesma forma no grego, anjo é "angelus" (mensageiro) e estas figuras aladas que aparecem, na Bíblia, apenas em Isaías capítulo 6, onde exaltam a Deus mas não comunicam mensagens ao profeta. São Jerônimo e Santo Agostinho interpretam seu nome como "plenitude de sabedoria e ciência". São representados muitas vezes como crianças pequenas dotadas de asas, chamados putti (meninos) em italiano. Têm o poder de conhecer e contemplar a Deus, e serem receptivos ao mais alto dom da luz e da verdade, à beleza e à sabedoria divinas em sua primeira manifestação. Estão cheio do amor divino e o derramam sobre os níveis abaixo deles. Satanás é descrito como o querubim ungido, sendo chamado antes pelo nome de Lúcifer ou Belial. http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 31 Tronos ou Ofanins Os Tronos têm seu nome derivado do grego thronos, que significa "anciãos". São chamados também de erelins ou ofanins, ou algumas vezes de Sedes Dei (Trono de Deus), e são identificados com os 24 anciãos que perpetuamente se prostram diante de Deus e a Seus pés lançam suas coroas. São os símbolos da autoridade divina e da humildade, e da perfeita pureza, livre de toda contaminação. Segunda Tríade A 2ª Ordem é composta pelos Príncipes da Corte celestial. Dominações As Dominações ou Domínios (do latim dominationes)têm a função de regular as atividades dos anjos inferiores, distribuem aos outros anjos as funções e seus mistérios, e presidem os destinos das nações. Crê-se que as Dominações possuam uma forma humana alada de beleza inefável, e são descritos portando orbes de luz e cetros indicativos de seu poder de governo. Sua liderança também é afirmada na tradução do termo grego kyriotes [küriotés], que significa "senhor", aplicado a esta classe de seres. São anjos que auxiliam nas emergências ou conflitos que devem ser resolvidos logo. Também atuam como elementos de integração entre os mundos materiais e espirituais, embora raramente entrem em contato com as pessoas. Virtudes As Virtudes são os responsáveis pela manutenção do curso dos astros para que a ordem do universo seja preservada. Seu nome está associado ao grego dunamis, significando "poder" ou "força", e traduzido como "virtudes" em Efésios 1:21, e seus atributos são a pureza e a fortaleza. O Pseudo-Dionísio diz que eles possuem uma virilidade e poder inabaláveis, buscando sempre espelhar-se na fonte de todas as virtudes e as transmitindo aos seus inferiores. Orientam as pessoas sobre sua missão. São encarregados de eliminar os obstáculos que se opõe ao cumprimento das ordens de Deus, afastando os anjos maus que assediam as nações para desviá-las de seu fim, e mantendo assim as criaturas e a ordem da Divina providência. Eles são particularmente importantes porque têm a capacidade de transmitir grande quantidade de energia divina. Imersas na força de Deus, as Virtudes derramam bênçãos do alto, frequentemente na forma de milagres. São sempre associados com os heróis e aqueles que lutam em nome de Deus e da verdade. São chamados quando se necessita de coragem. Potestades As Potestades ou Potências são também chamadas de "condutores da ordem sagrada". Executam as grandes ações que tocam no governo universal. Eles são os portadores da consciência de toda a humanidade, os encarregados da sua história e de sua memória coletiva, estando relacionados com o pensamento superior - ideais, ética, religião e filosofia, além da política em seu sentido abstrato. http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 32 Também são descritos como anjos guerreiros completamente fiéis a Deus. Seus atributos de organizadores e agentes do intelecto iluminado são enfatizados pelo Pseudo- Dionísio, e acrescenta que sua autoridade é baseada no espelhamento da ordem divina e não na tirania. Eles têm a capacidade de absorver e armazenar e transmitir o poder do plano divino, donde seus nomes. Os anjos do nascimento e da morte pertencem a essa categoria. São também os guardiões dos animais. Terceira Tríade A 3ª Ordem é composta pelos anjos ministrantes, que são encarregados dos caminhos das nações e dos homens e estão mais intimamente ligados ao mundo material. Principados Os Principados, do latim principatus, são os anjos encarregados de receber as ordens das Dominações e Potestades e transmití-las aos reinos inferiores, e sua posição é representada simbolicamente pela coroa e cetro que usam. Guardam as cidades e os países. Protegem também a fauna e a flora. Como seu nome indica, estão revestidos de uma autoridade especial: são os que presidem os reinos, as províncias, e as dioceses, e velam pelo cultivo de sementes boas no campo das ideologias, da arte e da ciência. Arcanjos O nome de arcanjo vem do grego αρχάγγελος, arkangélos, que significa "anjo principal" ou "chefe", pela combinação de archō, o primeiro ou principal governante, e άγγελος, aggělǒs, que quer dizer "mensageiro". Este título é mencionado no Novo Testamento por duas vezes e a esta ordem pertencem os únicos anjos cujos nomes são conhecidos através da Bíblia: Miguel, Rafael e Gabriel. Miguel é especificamente citado como "O" arcanjo,17 ao passo que, embora se presuma pela tradição que Gabriel também seja um arcanjo, não há referências sólidas a respeito. Rafael descreve a si mesmo como um dos sete que estão diante do Senhor classe de seres mencionada também no Apocalipse. Considerado canônico somente pela Igreja Ortodoxa da Etiópia, o Livro de Enoque fala de mais quatro arcanjos, Uriel, Ituriel, Amitiel e Samuel, responsáveis pela vigilância universal durante o perído dos Nefilim, os "anjos caídos". Contudo em outras fontes apócrifas estes são por vezes ditos como querubins. A igreja Ortodoxa faz de Uriel um arcanjo e o festeja com Rafael, Gabriel e Miguel na Synaxis de Miguel e os outros Poderes Incorpóreos, em 21 de novembro Seu caráter de mensageiros, ou intermediários, é assinalada pelo seu papel de elo entre os Principados e os Anjos, interpretando e iluminando as ordens superiores para seus subordinados, além de inspirar misticamente as mentes e corações humanos para execução de atos de acordo com a vontade divina. Atuam assim como arautos dos desígnios divinos, tanto para os Anjos como para os homens, como foi no caso de Gabriel na Anunciação a Maria. A cultura popular faz deles protetores dos bons relacionamentos, da sabedoria e dos estudos, e guerreiros contra as ações do Diabo. http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 33 Anjos Os anjos são os seres angélicos mais próximos do reino humano, o último degrau da hierarquia angélica acima descrita e pertencentes à sua terceira tríade. A tradição hebraica, de onde nasceu a Bíblia, está cheia de alusões a seres celestiais identificados como anjos, e que ocasionalmente aparecem aos seres humanos trazendo ordens divinas. São citados em vários textos místicos judeus, especialmente nos ligados à tradição Merkabah. Na Bíblia são chamados de אלהים מלאך (mensageiros de Deus), יהוה מלאך (mensageiros do Senhor), אלוהים בני (filhos de Deus) e הקדושים (santos).22 São dotados de vários poderes supernaturais, como o de se tornarem visíveis e invisíveis à vontade, voar, operar milagres diversos e consumir sacrifícios com seu toque de fogo. Feitos de luz e fogo sua aparição é imediatamente reconhecida como de origem divina também por sua extraordinária beleza. Segundo a tradição católica os anjos(mensageiros) são designações de cargos, não de natureza. Para Deus, apesar dos vários cargos angelicais, todos são anjos e todos são iguais perante Ele. Os anjos em outras tradições No Budismo e Hinduísmo O Budismo e o Hinduísmo descrevem os anjos, ou devas, como os chamam, de maneira semelhante às outras religiões ocidentais. Seu nome deriva da raiz sânscrita div, que significa "brilhar", e seu nome significa, então, os "seres brilhantes" ou "autoluminosos". Dizem que alguns deles comem e bebem, e podem construir formas ilusórias para poderem se manifestar em planos de existência diferentes dos seus próprios. O Budismo estabelece uma categorização bastante completa para os seus devas, em grande parte herdada da tradição Hinduísta. Islamismo Sultão Muhammad: A Mi'raj, ou Ascensão de Maomé, rodeado de anjos. Iluminura, c. 1650 A angelologia islâmica é largamente devedora às tradições dos Zoroastrianismo, do Judaísmo e do Cristianismo primitivo, e divide os anjos em dois partidos principais, os bons, fiéis a Deus, e os maus, cujo chefe é Iblis ou Ash-Shaytan, privados da graça divina por terem se recusado a prestar homenagens a Adão. Por outro lado, existe também no Islamismo uma categorização hierárquica. Em primeiro lugar estão os quatro Tronos de Deus, com formas de leão, touro, águia e homem. Em seqüência, vêm o querubim, e logo os quatro arcanjos: Jibril ou Jabra'il, o revelador, intermediário entre Deus e os profetas e constante auxiliador de Maomé; Mikal ou Mika'il, o provedor, citado apenas uma vez no Corão (2:98) e quem, segundo a tradição, ficou tão horrorizado com a visão do inferno quando este foi criado que jamais pôde falar de novo; Izrail, o anjo da morte, uma criatura espantosa de dimensõescósmicas, quatro mil asas e um corpo formado de tantos olhos e línguas quantas são as pessoas da Terra, que se posta com um pé no sétimo céu e outro no limite entre o paraíso e o inferno; e Israfil, o anjo do julgamento, aquele que tocará a trombeta no Juízo Final; tem um corpo cheio de pelos e feitos de inumeráveis línguas e bocas, quatro asas e uma estatura que vai desde o trono de Deus até o sétimo céu. Por fim, os demais anjos. Como uma classe à parte estão os gênios, http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 34 ou djins, que possuem muitas características humanas, como a capacidade de se alimentar, propagar a espécie, e morrer, e cujo caráter é ambíguo. Espiritismo Para o Espiritismo, doutrina que tem o Cristianismo por base e foi iniciada no século XIX por intermédio de Allan Kardec, os anjos seriam os espíritos elevados de benignidade superior que são protetores dos necessitados e mensageiros do amor.28 Seriam, portanto, aqueles que trazem mensagens do mundo incorpóreo. Por este motivo seriam chamados de anjos, palavra que significa mensageiros, os quais aparecem inúmeras vezes nos textos sagrados de religiões judaico-cristãs, indicando a comunicabilidade entre vivos e mortos. Ainda segundo o Espiritismo, os anjos, em sua concepção mais comumente conhecida e aceita - criaturas perfeitas, a serviço direto de Deus - seriam os espíritos que já alcançaram a perfeição passível de ser alcançada pelas criaturas. Estes, ao fazê-lo, passariam a dedicar a sua existência a fazer cumprir a vontade de Deus na Criação, por serem capazes de compreendê-la completamente. Que haja seres dotados de todas as qualidades atribuídas aos anjos, não restam dúvidas. A revelação espírita neste ponto confirma a crença de todos os povos, fazendo-nos conhecer ao mesmo tempo a origem e natureza de tais seres. As almas ou Espíritos são criados simples e ignorantes, isto é, sem conhecimentos nem consciência do bem e do mal, porém, aptos para adquirir o que lhes falta. O trabalho é o meio de aquisição, e o fim - que é a perfeição - é para todos o mesmo. Conseguem-no mais ou menos prontamente em virtude do livre-arbítrio e na razão direta dos seus esforços; todos têm os mesmos degraus a franquear, o mesmo trabalho a concluir. Deus não aquinhoa melhor a uns do que a outros, porquanto é justo, e, visto serem todos seus filhos, não tem predileções. Ele lhes diz: Eis a lei que deve constituir a vossa norma de conduta; ela só pode levar-vos ao fim; tudo que lhe for conforme é o bem; tudo que lhe for contrário é o mal. Tendes inteira liberdade de observar ou infringir esta lei, e assim sereis os árbitros da vossa própria sorte. Conseguintemente, Deus não criou o mal; todas as suas leis são para o bem, e foi o homem que criou esse mal, divorciando-se dessas leis; se ele as observasse escrupulosamente, jamais se desviaria do bom caminho. Entretanto, a alma, qual criança, é inexperiente nas primeiras fases da existência, e daí o ser falível. Não lhe dá Deus essa experiência, mas dá-lhe meios de adquiri-la. Assim, um passo em falso na senda do mal é um atraso para a alma, que, sofrendo-lhe as conseqüências, aprende à sua custa o que importa evitar. Deste modo, pouco a pouco, se desenvolve, aperfeiçoa e adianta na hierarquia espiritual até ao estado de puro Espírito ou anjo. Os anjos são, pois, as almas dos homens chegados ao grau de perfeição que a criatura comporta, fruindo em sua plenitude a prometida felicidade. Antes, porém, de atingir o grau supremo, gozam de felicidade relativa ao seu adiantamento, felicidade que consiste, não na ociosidade, mas nas funções que a Deus apraz confiar-lhes, e por cujo desempenho se sentem ditosas, tendo ainda nele um meio de progresso. A Humanidade não se limita à Terra; habita inúmeros mundos que no Espaço circulam; já habitou os desaparecidos, e habitará os que se formarem. Tendo-a criado de toda a eternidade, Deus jamais cessa de criá-la. Muito antes que a Terra existisse e por mais remota que a suponhamos, outros mundos havia, nos quais Espíritos encarnados percorreram as mesmas fases que ora percorrem os de mais recente formação, atingindo seu fim antes mesmo que houvéramos saído das mãos do Criador. De toda a eternidade tem havido, pois, puros Espíritos ou anjos; mas, como a sua existência humana se passou num infinito passado, eis que os supomos como se tivessem sido sempre anjos de todos os tempos. Realiza-se assim a grande lei de unidade da Criação; Deus nunca http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 35 esteve inativo e sempre teve puros Espíritos, experimentados e esclarecidos, para transmissão de suas ordens e direção do Universo, desde o governo dos mundos até os mais ínfimos detalhes. Tampouco teve Deus necessidade de criar seres privilegiados, isentos de obrigações; todos, antigos e novos, adquiriram suas posições na luta e por mérito próprio; todos, enfim, são filhos de suas obras. E, desse modo, completa-se com igualdade a soberana justiça do Criador Teosofia Anatomia esquemática do anjo patrono do santuário de Borobudur, Java, segundo indicações do teosofista Geoffrey Hodson em seu livro O Reino dos Deuses. Sua forma é na verdade esférica, com feixes de luz irradiante, e aqui se mostra em corte. Os círculos regulares concêntricos de sua aura indicam sua avançada evolução. Muitos detalhes foram omitidos A Teosofia admite a existência dos seres angélicos, e várias classes dentre eles, embora existam relativamente poucos estudos neste campo que as sistematizem profundamente, dos quais os de Charles Leadbeater e sobretudo Geoffrey Hodson são as fontes mais ricas e interessantes. Charles Leadbeater diz que, sendo um dos muitos reinos da criação divina, o reino angélico também está, como os outros, sujeito à evolução, e que existem grandes diferenças em poder, sabedoria, amor e inteligência entre seus integrantes. Pelo mesmo motivo, o de constituírem um reino independente, com interesses e metas próprias, diz que os anjos não existem mormente em função dos homens e seus problemas, como reza a cultura popular, apesar de assistí-los de uma variedade imensa de formas, como por exemplo na ministração dos sacramentos das igrejas, na cura espiritual e corporal dos seres humanos, e na sua inspiração, encorajamento, proteção e instrução. Mesmo que o reino angélico como um todo esteja envolvido em muitas tarefas que não dizem respeito ao homem, Leadbeater afirma em A Ciência dos Sacramentos que existe uma classe deles especialmente associada aos seres humanos, a dos anjos da guarda, na verdade uma espécie de silfos, à qual se confia uma pessoa por ocasião de seu batismo, e que por seu serviço conquistam a individualização, tornando-se serafins. Os anjos são descritos por Hodson como tendo uma atitude em relação a Deus completamente diversa da humana, não concebendo uma existência personalizada individual, mas sim uma consciência única central e ao mesmo tempo difusa e onipresente, de onde suas próprias consciências derivam e à qual estão inextrincavelmente ligadas. Sentem-se unidos a esta consciência e para eles não é possível, exatamente por esta unidade, experimentarem egoísmo, separatividade, desejo, possessividade, ódio, medo, revolta ou amargura. Apesar de serem essencialmente seres amorosos, seu amor é impessoal, sendo extremamente raras associações estreitas com quaisquer indivíduos. Em seus estudos Hodson os divide em quatro tipos principais, associados aos quatro elementos da filosofia antiga: terra, água, fogo e ar. Hodson faz também uma associação dos anjos com a Árvore Sefirotal, derivada da tradição Cabalística, definindo dez ordens. Afirma que um dos aspectos do Logos é de natureza angélica e acrescenta que ao reino angélico pertencem os chamados espíritos da natureza. Muitos destas classes estão envolvidos em processos naturais básicos como