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O Poder dos Simbolos - 3ªParte - 1ªEdição

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http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 
 
PROJETO ALQUIMIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O PODER DOS SÍMBOLOS 
 
3ª PARTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2016 
1ª EDIÇÃO 
 
http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 
PROJETO ALQUIMIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O PODER DOS SÍMBOLOS 
3ª PARTE 
 
 
 
 
O Poder dos Símbolos 
A verdade sobre a natureza codificada nos 
símbolos 
 
Símbolo 
O Símbolo não é a energia! 
O Símbolo representa a energia! 
A energia está dentro de nós 
É uma dádiva de Deus... 
E cabe a cada um de nós 
Usarmos dela com sabedoria. 
O Símbolo demonstra 
O acesso e utilização da energia 
De forma velada e secreta. 
Somente aos que tem a devida cautela 
E vontade de conhecimento 
Será-lhes revelado o mistério 
Por trás dos Símbolos! 
 
Projeto Alquimia 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2016 
1ª EDIÇÃO 
 
http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 
INDICE 
 
 
A NATUREZA DOS ELEMENTOS ................................................................................. 05 
 Teorias Ocidentais dos Elementos .......................................................................... 10 
 Teoria Atômica-Geometrica dos Elementos de Platão ........................................... 12 
 Teorias Orientais dos Elementos ............................................................................. 17 
 Os Elementos Hoje .................................................................................................. 26 
ANJOS ................................................................................................................................ 27 
 As hierarquias angelicais no Cristianismo ...............................................................27 
 Primeira Tríade ....................................................................................................... 29 
 Segunda Tríade ........................................................................................................ 31 
 Terceira Tríade ........................................................................................................ 32 
 Os anjos em outras tradições ................................................................................... 33 
ALQUIMIA EM MOVIMENTO ........................................................................................ 37 
 O Selo de Salomão .................................................................................................. 37 
 O Pecado Original ................................................................................................... 38 
 O Imaginário e o Imaginal ...................................................................................... 40 
 O Quaternário (O número quatro) ........................................................................... 45 
DEUSES X ELEMENTOS ................................................................................................. 50 
 Deuses, elementos da natureza e suas correspondências ........................................ 50 
 Deuses primordiais .................................................................................................. 51 
 Deuses Primários ..................................................................................................... 53 
 Primeira Geração Divina ......................................................................................... 54 
 Segunda Geração Divina ......................................................................................... 56 
 Terceira Geração Divina ......................................................................................... 58 
 Outras Divindades ................................................................................................... 61 
 Os Deuses e Os Quatro Elementos .......................................................................... 63 
ALIANÇA ........................................................................................................................... 66 
 Origem da palavra Aliança ...................................................................................... 66 
 História das Alianças ............................................................................................... 67 
 A tipologia da palavra ............................................................................................. 68 
 A aliança na história ................................................................................................ 69 
FÊNIX ................................................................................................................................. 71 
 Mitologia ................................................................................................................. 71 
 Religião ....................................................................................................................72 
 Culturas Antigas ...................................................................................................... 72 
 Citações ................................................................................................................... 73 
 A Fênix na literatura ocidental moderna ................................................................. 75 
CHAKRAS .......................................................................................................................... 76 
 Desequilíbrio Elemental - Distúrbios de Personalidade .......................................... 76 
 Equilibrando o elemento Éter .................................................................................. 76 
 Equilibrando o Elemento Ar ................................................................................... 77 
 Equilibrando o Elemento Fogo ............................................................................... 80 
 Equilibrando o elemento Água ............................................................................... 81 
 Equilibrando o elemento Terra ............................................................................... 82 
 A Terapia Flora, os Chacras e os Elementos .......................................................... 83 
BIBLIOGRAFIA ONLINE ................................................................................................. 88 
 
 
http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://projetoalquimia.wordpress.com/ http://alchemist-projeto-alquimia.blogspot.com/ 
 
5
 
 A NATUREZA DOS ELEMENTOS 
 
 A tradição grega nos ensina que 
são 4 os elementos: água, fogo, terra e 
ar. Mas os chineses afirmam que são 
5: madeira, fogo, terra, metal e água. 
Afinal, quem tem razão, ocidente ou 
oriente? 
 
 Saber quem tem razão quanto 
ao número de elementos que compõem 
a natureza é tarefa sem sentido. 
Quanto ao que eles representam, 
entretanto, parece haver uma aproximação de conceitos entre gregos e chineses. 
Os elementos são a essência das forças existentes na natureza, forças estas que 
interagem entre si, regendo por meio de suas variadas combinações todos os 
fenômenos da vida, em escala tanto primária quanto complexa. 
 
 Os antigos gregos identificaram quatro elementos primordiais, que se 
contrastavam dois a dois: água e fogo, ar e terra. Cada um deles, entretanto, era 
dedução óbvia da combinação de duas qualidades distintas, espécie de essência 
por detrás da essência que, misturadas, geravam as manifestações elementares. 
Assim, da mesma forma que a Água era fruto da combinação do frio com a 
umidade, o Fogo seria resultado da interação entre o quente e o seco; já o Ar, 
traria em si a reunião de outras duas qualidades, quente e úmido, distinguindo-se 
assim da Terra que, embora sendo seca, preferiu ser fria. 
 
 Indo além, os primeiros filósofos gregos, nomeados pré-socráticos, 
indagavam-se sobre aquilo que pudesse haverpor detrás destas qualidades 
“primevas” que explicasse as diferentes manifestações da natureza e pudesse 
solucionar o sempiterno mistério da vida. Os gregos perscrutavam a "phísis" (a 
natureza) no intuito de alcançarem a origem do Cosmos. Para Tales de Mileto 
(séc.VI a.C.), por exemplo, a vida provinha da água (e muitos cientistas assim o 
crêem em nossos tempos); Anaximandro, seu discípulo, imaginou o "apeiron" (o 
ilimitado) como fonte primordial da natureza, e Anaxímenes (séc.V a.C.), o 
terceiro grande nome da Escola de Mileto, dizia ser o "pneuma", isto é, o ar, a 
causa primeira por detrás de toda existência. Já o mestre Pitágoras (580-489 
a.C.), primeiro dos pré-socráticos a intitular-se filósofo, fazendo-o entretanto na 
acepção literal do termo, já que não se julgava sábio mas declarava-se com 
afinidade pela sabedoria, acreditava ser o fogo o elemento sutil a alimentar todo o 
Universo (e não estava errado, já que as estrelas todas, além do sol que nos 
mantém, são naturalmente fogo). Por detrás de sua "mônada" ou princípio 
estrutural e organizador da vida, estaria o fogo interior ou invisível, substância 
etérea, distinta do fogo comum que nossos sentidos percebem queimar, a servir 
de fonte de energia do Universo. 
 
 Até então os elementos eram tidos apenas isoladamente como agentes 
primordiais da vida. Quem primeiro os relacionou em seu conjunto a todas as 
manifestações da natureza foi Empédocles (504-443 a.C.). O sábio defendia 
 
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6
 
entusiasticamente sua doutrina cosmogônica considerando os elementos como 
"rhizomata", isto é, raízes permanentes da vida. Misturando-se entre si em 
diferentes proporções, produziriam todas as coisas temporais. Os quatro 
elementos seriam, portanto, forças perenes a sustentar todas as condições 
mutáveis e passageiras. Anaxágoras de Clazômena (500-428 a.C.) assimilou esta 
doutrina mas, aprofundando-se nela, chegou ao conceito de "homeomerias", para 
ele substâncias primárias infinitas em número e em qualidades, descritas como 
partículas infinitesimais de matéria. Homogêneas e invisíveis, as homeomerias, a 
despeito de sua exigüidade seriam responsáveis por tudo aquilo que podemos 
ver, capazes que são de se aglutinarem em coacervados para formar todas as 
coisas, desde as mais simples às mais complexas. Neste raciocínio, todas as 
coisas existentes trariam potencialmente em sua essência, todas as 
possibilidades de desdobramento e combinações permitidas às homeomerias, de 
modo que uma simples lasca de madeira, intrinsecamente, teria um pouco de 
tudo aquilo que há no Universo. Apresentar-se-ia como madeira porque as 
homeomerias deste material estariam nela mais concentradas do que todas as 
demais. Talvez tenha sido Anaxágoras o primeiro homem a imaginar algo próximo 
do conceito de fractais. Sua concepção holográfica do mundo intriga até hoje os 
cientistas da mecânica quântica. 
 
 Fato concreto é que a teoria dos quatro elementos influiu sobremaneira 
sobre o pensamento médico de Hipócrates (460-370 a.C.), que associou a cada 
um deles um temperamento, classificando a partir daí os indivíduos. Afinal, as 
qualidades “primevas” não poderiam deixar de estar presentes também na alma 
humana, decretando traços de nosso comportamento, e da mesma forma 
relacionadas a toda uma série de doenças próprias de cada um dos quatro tipos 
de caráter assim determinados. Segundo o pai da medicina, o sangue era quente; 
a fleuma, fria; a bile negra, úmida; e a amarela, seca. Isto distinguia quatro tipos 
de indivíduos, sangüíneos, fleumáticos, coléricos e biliosos. Hipócrates propunha 
tratar o estado fleumático ou de deficiência (frio) excessiva pela estimulação 
(massagens) e administração de alimentos ou remédios quentes, bem como para 
os estados febris (quente) preconizava o resfriamento corporal, por meio de 
banhos ou bebidas. 
 
 Mas enxergar a dicotomia inerente a todos os fenômenos naturais não era 
privilégio da medicina hipocrática. No Oriente, possivelmente alguns milhares de 
anos antes da antigüidade clássica, encontramos exatamente o mesmo princípio 
de dualidade existente por detrás de todos os seres, animados ou inanimados. 
Estamos falando de Yin e Yang, forças de naturezas completamente opostas mas 
paradoxalmente complementares entre si, conforme o expressa o taoísmo, 
concepção religiosa e cosmogônica dos chineses que repercutiu por toda a vida 
prática desta milenar cultura, influenciando obviamente o pensamento médico 
oriental. 
 
 Assim como os filósofos pré-socráticos, os chineses se perguntavam 
acerca da essência última do Universo, e há tempos já haviam batizado de Chi a 
energia vital onipresente e eterna. Os japoneses a denominam Ki, os hindus a 
chamam de Prana, os egípcios da antigüidade a representavam em seus 
hieróglifos pela cruz ansata, ou "Ankh", a significar o "sopro de vida", e o grego 
 
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7
 
Aristóteles discorreu amplamente sobre tal instância primordial em sua 
"Metafísica", colocando-a em seu complexo conceito de "substância". 
 
 Embora atribua-se ao sábio Lao-Tse, (séc. VI a.C.) a base filosófica do 
taoísmo, escrita que está nos 81 aforismos de seu poema sagrado intitulado "Tao 
Te King" (traduzível por "Caminho de Sabedoria"), milhares de anos antes dele o 
pensamento chinês já admitia uma energia única a permear todas as coisas do 
Universo. Huang Ti, o Imperador Amarelo, personagem ao mesmo tempo real e 
lendária que teria vivido e governado a China por volta de 2700 a.C. já 
expressava este conceito em seu famoso "Tratado de Medicina Interna", 
conhecido por "Nei Ching Su Wen". As doenças todas seriam nada mais que 
conseqüência da falta de harmonia ou do desequilíbrio entre Yang, o quente, e 
Yin, o frio. Também seriam resultado de condições debilitantes causadas quer por 
excesso quer por deficiência de Chi, conforme sua instabilidade, devido ao 
predomínio acentuado de uma destas polaridades sobre a outra. 
 
 O Cosmos inteiro, segundo a concepção taoísta, estaria exercitando uma 
eterna dança harmônica e cíclica, resultado da perfeita interação dinâmica destas 
duas forças. O lado claro das montanhas, parte sul, que recebe o sol, os chineses 
denominaram Yang, cuja tradução aproximada seria "estandartes tremulando sob 
o sol"; ao lado norte e sombrio das cordilheiras, deram o nome Yin, cujo sentido 
mais próximo nos dá a idéia de "sombras, repouso ou tranqüilidade". Yang é, 
assim, o princípio masculino que se contrasta ao feminino Yin; é atividade e 
movimento em oposição à passividade e ao repouso. Enquanto Yang se 
exterioriza, Yin se compenetra. Yang é extrovertido e consciente; Yin, além de 
inconsciente e a própria introversão. 
 
 Curiosamente, Empédocles, do outro lado do mundo chegou a dizer 
praticamente a mesma coisa quando afirmou que duas forças antagônicas, Amor 
e Luta, eram os princípios ativos existentes por detrás dos quatro elementos, e 
que de sua interação dependia o equilíbrio do Cosmos. Amor unia os elementos, 
conquanto a Luta os separava. Deste jogo permanente de forças, tudo se cria e 
se transforma. 
 
 A criatividade chinesa associou ainda números a estas duas naturezas; 
Yang, por ser ativo, símbolo do Céu, criador em sua natureza, é quem começa o 
jogo da vida; por isso recebe o número 1. Yin, que infalivelmente responde ao 
chamado de Yang com sua receptividade; representa a mãe Terra, e recebe o 
número dois a expressar a dualidade presente nos números pares. Daí por diante, 
Yang será sempre ímpar; Yin, par. Se representarmos a base estrutural da vida 
pelo primeiro ciclo de números naturais, teremos então Yang como a soma dos 
ímpares 1+ 3 + 5 + 7+ 9 = 25. Este é o número do Céu. Yin, de mesma forma, 
será o montante dos pares: 2 + 4 + 6 + 8 + 10 = 30, o número da Terra. Para que 
o Universo fique fechado em si mesmo e portanto perfeito, sem começo nem fim, 
adiferença entre Céu e Terra deve ser preenchida. Intuíram então os chineses 
que, somando seus cinco elementos à Terra teriam o Universo inteiro em suas 
mãos, dinamicamente equilibrado. E é por meio deles que nos reportamos ao Céu 
(30 - 25 = 5). E foram batizados de Madeira, Fogo, Terra, Metal e Água. 
 
 
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8
 
 Guardadas as diferenças entre as duas concepções, a grega e a taoísta, o 
que de semelhante há entre elas é que tanto Ocidente quanto Oriente valem-se 
dos elementos quando querem representar o todo integrado em que se traduz a 
natureza. Se os cinco elementos dos chineses permitem a ligação entre o Céu e a 
Terra (o divino e o humano), os gregos, por sua vez se inspiraram nas quatro 
estações climáticas como forma de expressar a perfeição divina, já que o conjunto 
de seus quatro elementos nos confere a sensação de algo completo, cujo 
transcorrer é cíclico, permitindo-nos a cada ano observar o Cosmos desfilando à 
nossa volta. 
 
 Sejam quatro ou cinco os elementos concebidos, o principal está em sua 
função, que é a mesma para estas diferentes tradições. Eles resgatam uma 
verdade que paira acima dos limites entre Ocidente e Oriente, já que não nos 
deixa esquecer de que o Cosmos, além de íntegro e perfeito, permite-nos a 
transcendência, a relação com instâncias que se situam além de nossa 
consciência, da mera condição humana. Ademais, nem Hipócrates nem os 
chineses em sua milenar medicina deixaram de frisar: Os elementos estão 
também dentro de nós, pois somos nós a natureza, e nosso comportamento pode 
ser classificado conforme suas qualidades intrínsecas. 
 
 Também para os chineses era evidente a relação entre as estações e os 
elementos, ainda que o problema fosse fazer caber 5 elementos em 4 estações. 
Bem, a sabedoria oriental logo encontrou uma simples e perfeita solução para o 
dilema, e ainda associou a cada um dos elementos um órgão e uma víscera, um 
animal, uma cor, um sabor, uma nota musical, um temperamento etc., 
assinalando assim que tudo na natureza encontra-se de certa maneira 
entrelaçado. Isto é, cada uma das partes do Universo reflete o todo absoluto. Em 
suma, apenas outra forma de se dizer a verdade a que chegara Anaxágoras com 
seu conceito de homeomerias. 
 
 Por analogia, maneira particularmente oriental de se observar os 
fenômenos da natureza, a Madeira foi associada à primavera, período em que a 
energia Chi é ascendente, já que as árvores e as plantas brotam e crescem 
facilmente nesta estação. Na prática médica, Madeira corresponde ao Fígado e à 
Vesícula Biliar. Ao Fogo relacionaram o calor do verão, quando a energia cósmica 
é predominantemente Yang. Este elemento liga-se ao Coração e ao Intestino 
Delgado. O outono, associaram-no ao Metal; nele Chi está em sentido 
descendente, por isso os frutos caem e são colhidos. Em nós, Metal encontra-se 
nos Pulmões e Intestino Grosso, já que a função básica do primeiro é recolher o 
Chi pela respiração para que o Intestino despreze seu excesso pelas excreções. 
Ao inverno relacionaram o elemento Água, fortemente ligado aos Rins e à Bexiga, 
órgãos que retêm os líquidos corporais. Água é elemento passivo, receptáculo de 
reservas e fonte de energia ancestral; e Tales de Mileto mais uma vez ficaria 
contente em saber disso, pois a Água para os chineses é o elemento mais antigo, 
aquele que "entrega" o Chi a todo o restante do sistema. Bem, e o elemento 
Terra, onde fica? Ora, os chineses perceberam que o final das estações, 
precisamente os últimos 18 dias de cada uma delas, está marcado por uma época 
de transição, de passagem de Chi para a estação seguinte. A estes períodos 
incaracterísticos, quando por vezes traços de todas as estações se mostram 
 
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9
 
presentes num único dia, os taoístas relacionaram o elemento Terra, de onde vem 
a nossa força, alicerce de toda a vida. Chi nestes períodos se recolhe e se 
fortalece antes de estar pronto para alimentar o próximo elemento. Terra seria, 
portanto, o elemento que sustenta e abriga todos os demais, razão pela qual foi 
associado ao Estômago e ao sistema Baço-Pâncreas, órgãos relacionados à 
proteção do sangue, controle do tônus corporal, bem como aos processos 
digestivos e de nutrição. 
 
 Muito originais, os orientais ainda estabeleceram uma relação cíclica 
perene de geração e dominação entre os elementos. O "Ciclo de Geração", 
também denominado ciclo "Mãe-Filho", atesta que os elementos geram-se uns 
aos outros, de modo que sua interdependência é constante. Madeira, por 
exemplo, é mãe de Fogo, já que lhe serve de alimento. Desta queima, produz-se 
cinzas, isto é, Terra, filha portanto do Fogo. Terra, por sua vez, gera em seu seio 
o Metal, os minérios todos que, por se liquefazerem dão origem à Água, elemento 
filho de Metal e ao mesmo tempo mãe de Madeira, posto que Água faz crescer a 
vegetação. Isto garante a mutabilidade da vida e o eterno retorno da energia 
primordial à sua origem, quando então se reinicia todo o ciclo. 
 
 Outra relação que se estabelece entre os elementos é o "Ciclo de 
Dominação", igualmente fechado e perfeito em si mesmo. Água domina o Fogo, 
pois tem o poder de apagá-lo; este domina o Metal, pois pode fundi-lo; Metal 
domina a Madeira, por ser mais forte e mais denso que ela; Madeira controla a 
Terra, já que tem o poder de retirar dela seus nutrientes todos; e esta controla a 
Água, já que dela absorve sua principal propriedade, a umidade. Destarte, o ciclo 
volta ao seu começo. Estes dois ciclos, de geração e de domínio, permitem aos 
chineses tecer infinitas relações entre os órgãos e as vísceras de nosso corpo, 
sempre dentro de uma relatividade das partes com o todo. A teoria dos cinco 
elementos constitui-se numa das mais interessantes formas de pensamento da 
medicina oriental, assunto este que também nos levaria a uma outra matéria em 
que possamos melhor discuti-lo. 
 
 Finalizando, quatro ou cinco elementos, pouco importa... O mais importante 
continua sendo o inexpugnável e doce mistério da vida, ao menos em parte, pelos 
ocidentais e orientais, em conjunto decifrado! 
 
Paulo Urban - Publicado na Revista Planeta nº 335 / agosto 2000 
 
 
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10
 
 Teorias Ocidentais dos Elementos 
 
 O detentor do título de primeiro filósofo do ocidente, Tales de Mileto (625-
546 AEC), ficou conhecido por sua doutrina de que a “água” era a substância 
primária de todas as coisas. É uma ideia em comum com muitas doutrinas 
mitológicas, onde a água desempenha papel central na origem do universo. Para 
Tales, as coisas vieram da água, que era aparentemente o elemento mais 
abundante na natureza, e então assumindo diversos graus de rigidez, podia se 
solidificar nas coisas duras, e se fluidificar no próprio ar. 
 
 É bom notar que a água é um símbolo inconsciente do “caos”, a potência 
primordial que dá origem ao universo, ou da qual este é extraído e moldado. E 
isso ocorre inclusive na Gênese bíblica, onda fica claro que apesar dos "Céus", 
"Terra", "Mar" e "Abismo" terem sido criados, as "Águas" em si não o foram, 
estando perenes desde que o "espírito de Deus pairava sobre" sua face. 
 
 Assim, há muita adequação na idéia de que a “´água” tenha assumido o 
papel de representar a substância fundamental no universo nos primórdios da 
filosofia. 
 
 Posteriormente seria a vez de Anaxímenes de Mileto (588-524 AEC) 
afirmar que era na realidade o “ar” que tinha essa peculiaridade. Aparentemente 
ainda mais onipresente do que a água, e mais sutil, o “ar” poderia se condensar 
em vários níveis, assumindo a diversas formas das coisas do mundo. E bom notar 
que a formação de nuvens e a chuva servia como evidência da transformação de 
ar em água. 
 
 Heráclito de Éfeso (540-480 AEC) mudou um pouco o enfoque não apenas 
ao colocar o “fogo”como elemento primordial, mas também por atribuir 
propriedades mais fundamentais ao mesmo, que seria mais do que o fogo físico 
que conhecemos, mas um tipo de princípio divino racional, chamado “Logos”. 
 
 O elemento "terra" não parece ter tido um defensor exclusivo, pois 
Empédocles de Agrigento (490-435 AEC) formulou a primeira versão conhecida 
da famosa Teoria dos 4 Elementos: ÁGUA, AR, FOGO, e TERRA. 
 
 Em paralelo filósofos como Leucipo de Mileto (500 AEC) e Demócrito de 
Abdera (460-370 AEC) propunham a doutrina conhecida como “Atomismo”, na 
qual o universo era composto de diversas minúsculas partículas elementares 
fundamentais e indivisíveis, os “átomos”, que existiam em formas distintas que 
podiam ser intercombinadas formando as diferentes coisas. 
 
 Pouco antes, Pitágoras de Samos (571-496 AEC), que detém o título de 
primeiro grande matemático, além de criador do termo "Filosofia", entendia o 
universo como redutível a entes numéricos. "Todas as coisas são números.", teria 
dito, e sua escola deixou uma longa tradição de discípulos, os pitagóricos, entre 
os quais Arquitas de Tarento (428-347 AEC), aparentemente o primeiro a 
relacionar os números, figuras geométricas tridimensionais e 4 elementos, no 
 
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11
 
caso 1 (FOGO), 2 (AR), 3 (ÁGUA), e 4 (TERRA), que implicavam nos poliedros: 
Tetraedro, Octaedro, Icosaedro e Hexaedro. 
 
 Platão (427-347 AEC), na obra O Timeu (360 AEC), promove uma síntese 
de tudo isso, com aquilo que pode ser chamada de Teoria Atômica e Geométrica 
dos Elementos, adicionando, porém, um Quinto Elemento, como veremos abaixo. 
 
 Teoria Atômico-Geométrica dos Elementos de Platão 
 Para uma melhor apreciação desta notável teoria platônica, é necessário 
uma compreensão geométrica básica. 
 
 Sabemos que um polígono regular é um polígono onde todos os lados e 
ângulos internos são iguais, tais como o triângulo equilátero, o quadrado, 
óctogono regular etc. Assim, temos naturalmente infinitos polígonos regulares. 
 
 Conceito similar podemos associar aos poliedros, figuras tridimensionais 
onde todas as faces sejam polígonos regulares, e todos os ângulos internos 
também sejam iguais. No entanto, diferente do caso que se dá em duas 
dimensões, só existem 5 poliedros regulares. 
 
 Antigos pitagóricos já haviam associado os 4 elementos à 4 dos poliedros 
regulares, Platão viria a associar o quinto poliedro a um quinto elemento, 
produzindo as seguintes correlações. 
 
 TETRAEDRO 
 4 Vértices, 4 Arestas, 4 FACES (Triangulares) 
. 
 
 
 Essa "Pirâmide de 3 lados", é a mais simples estrutura sólida, 
tridimensional, que pode existir, por isso ela representava o elemento mais leve, o 
FOGO. Dada sua forma, suas pontas agudas explicariam a propriedade destrutiva 
e penetrante do calor. 
 
 
 
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12
 
OCTAEDRO 
6 Vértices, 12 Arestas, 8 FACES (Triangulares) 
 
 
 
 A "Pirâmide de 4 lados dupla" era tida como a forma das partículas do AR, 
sendo suficientemente leve para flutuar e penetrar em todo o espaço "vazio". 
 
 ICOSAEDRO 
 12 Vértices, 30 Arestas, 20 FACES (Triangulares) 
 
 
 
 Dada a seu peso e suas bases pequenas, passíveis de rolar com 
facilidade, fluidez, esse poliedro constituiria para os antigos as partículas da 
ÁGUA. 
 
 HEXAEDRO 
 8 Vértices, 12 Arestas, 6 FACES (Quadrangulares) 
 
 
 
 O "Cubo", dada a sua estabilidade e facilidade com que pode ser 
empilhado formando estruturas maiores, sugeria aos filósofos antigos ser a 
estrutura fundamental do elemento TERRA. 
 
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13
 
 DODECAEDRO 
 20 Vértices, 30 Arestas, 12 FACES (Pentagonais) 
 
 
 
 Para Platão, Pitágoras e muitos filósofos antigos, o Dodecaedro 
representava o QUINTO ELEMENTO, a QUINTAESSÊNCIA, que permeava a 
tudo no Universo, sendo o poliedro mais próximo da Esfera, a forma perfeita. No 
caso platônico, evidentemente se referia também à Alma/Idéia. 
 
 Enfim, Aristóteles de Estagira (358-322 AEC) viria a acrescentar a noção 
das 4 Qualidades: Frio, Quente, Seco e Úmido, que explica de outra forma a 
noção dos 4 elementos, sendo a Água a fusão das qualidades FRIA e ÚMIDA, o 
Fogo QUENTE e SECO, o Ar QUENTE e ÚMIDO e a Terra FRIA e SECA. 
 
 Aristóteles também considerou o Quinto Elemento, que chamou de Éter, 
sendo um elemento que só existia na ESFERA SUPRALUNAR, isto é, no espaço 
em volta da Terra, que já era considerada como esferóide, além da órbita da Lua. 
Podemos então esquematizar os elementos da seguinte forma. 
 
 
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14
 
 
 
 Os poliedros então eram vistos como partículas fundamentais de cada 
elemento, e é especialmente notável que apenas 3 poliedros compartilhem o 
mesmo tipo de face, o que sugeriu a Platão o motivo pelo qual eles podiam 
realizar transformações entre si. 
 
 
 
 
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 Quatro partículas de FOGO, por exemplo, possuem 4 faces cada, 
totalizando 16 triâgulos equiláteros, que seriam os átomos, que podem ser 
desmontados e remodelados em duas partículas de AR, que possuem cada qual 
8 triângulos. 
 
 
 
 Quatro partículas de Água, possuindo 20 faces triangulares cada (80 ao 
todo), poderiam ser transformadas em 10 partículas de Ar. Essa idéia podia 
explicar a propriedade da água em vaporizar, das nuvens se formarem no ar, e 
choverem. Essa teoria tinha a peculiar capacidade de ser bastante condizente 
com a observação, visto que era fácil perceber a transformação da ÁGUA em AR, 
e vice-versa, bem como do FOGO em AR, e vice-versa, no ato da combustão e 
apagamento da chama. Por outro lado, transformações envolvendo a TERRA não 
seriam observáveis, devido ao átomos desta última terem formato diferente. 
 
 Embora as faces do Hexaedro, Cubo, serem quadrados, Platão 
considerava que os átomos também eram triangulares, subdivisões dos 
quadrados, porém não eram equiláteros. E enfim, o mesmo se daria então com o 
Quinto Elemento, que comporia a Alma e as Ideias Imateriais, e isso explicava a 
diferença de substância entre os 4 elementos e a essência imortal. 
 
 Essa teoria, no entanto, tem seu ponto fraco, que é a separação da TERRA 
dos demais elementos, quando é claro que eles interagem. Platão chega a tentar 
a solução de dividir os triângulos equiláteros em dois triângulos escalenos 
retângulos, fazendo o mesmo com o quadrado, que resultaria em dois isóceles 
retângulos ou 8 escalenos retângulos, porém de formato diferente dos resultantes 
da divisão dos triângulos equiláteros. 
 
 
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16
 
 
 
 Se fossemos aceitar, porém, alguma possibilidade de aproximar esses 
triângulos distintos, admitindo movimentos de ajustes nos vértices, teríamos que 
admitir também a possibilidade de transformações não só entre os 4 elementos 
físicos, mas também com o quinto, o que era inadmissível para Platão, visto que 
considerava o mundo das Idéias Imateriais como essencialmente distinto do 
mundo físico. 
 
 Assim, parece mais aceitável admitir que a TERRA permanece isolada do 
grupo das transformações dos demais elementos, embora seja claramente 
material, e estivesse presente no Caos original do qual o Demiurgo Divino moldou 
o mundo. 
Voltaremos à Tradição Ocidental dos elementos mais adiante, por hora, 
passemos para o outro hemisfério para contemplar as notáveis similaridades, e 
discrepâncias, das teorias orientais dos elementos. 
 
 
 Teorias Orientais dos Elementos 
 
 Como frequentemente ocorre no Oriente, é mais difícil precisar os autores, 
visto que os conceitos parecem tão antigos que não se tem registros confiáveis. 
Ainda assim, é possível suporalguns responsáveis por contribuições para a 
versão oriental das teorias elementais. 
 
 Lao-Tsé (570 AEC), o mais conhecido sábio do Taoísmo, é o registro mais 
antigo a comentar o conceito de TAO, um conceito de difícil tradução, mas que 
pode ser entendido como "Caminho / Modo de Ser / Agir", melhor entendido 
talvez pelo conceito inglês mais amplo encontrado na palavra WAY. 
 
 
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17
 
 
 
 No famoso símbolo Tei-Gi, a dualidade primária do universo, os aspectos 
Yin e Yang, tem como principais características ser relacionados com Masculino e 
Feminino, Seco e Húmido, Quente e Frio, Dia e Noite, não tendo, SOB 
HIPÓTESE ALGUMA, qualquer relação com a idéia de bem e mal. 
 
 No taoísmo, o que poderíamos considerar como o Mal, seria a desarmonia 
entre o Yin e Yang, e o Bem, evidentemente, a relação equivalente e dinâmica 
dos aspectos. 
 
 Interessante observar que na visão aristotélica dos elementos, as 4 
qualidades que dão origem aos 4 elementos correspondem à metade das 
propriedades do Yin e o Yang, no caso o par SECO e HÚMIDO e o par QUENTE 
e FRIO. 
 
 Chuang-Tsé (399-295 AEC), outro sábio taoísta, chegou a sugerir que o 
Yin e o Yang produzem as 4 formas, que dão origem aos 8 Elementos, mas a 
doutrina de Huai-nan-Tsé (+122 AEC) ficou mais conhecida, afirmando que o 
"Céu" tem as 4 Estações e os 5 Elementos/Agentes, ou mais originalmente os Wu 
Xing, literalmente "5 Movimentos". 
 
 Este mesmo conceito também está presente no Neoconfucionismo, pela 
Escola da Razão (960-1279 DEC), que diz serem "Os 5 Agentes" (Forças Vitais), 
a ÁGUA, FOGO, MADEIRA, METAL e TERRA. 
 
 O mesmo diz Chou Lien-hsi (1017-1073 DEC), ao afirmar que o "Tai Chi" 
("Grande Energia") produz o Yin e o Yang, que produzem os 5 
Agentes/Elementos. 
 
 
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18
 
 
 
 Portanto, diferente da tradição grega, não aparece o "Ar" como um 
elemento, mas sim a "Madeira" e o "Metal" como elementos adicionais. É preciso 
notar porém a importância do termo "Agentes", pois os 5 elementos orientais não 
são tão relacionados à idéia de constituição da matéria quanto os 4 elementos 
gregos, podendo ser interpretados como "aspectos" presentes em todas as 
coisas. 
 
 Não há, no entanto, qualquer indício de uma teoria atômica, não havendo 
tendências a se imaginar esses elementos como compostos de partículas. Há, 
todavia, uma noção mais completa e harmônica de transformações, pois as setas 
em Azul Ciano representam os Ciclos Construtivos, onde um elemento gera, ou 
alimenta o próximo, num ciclo fechado e perpétuo. 
 
 Já as setas em Vermelho representam os Ciclos Destrutivos, ou de 
 
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19
 
Contenção e Controle, onde cada elemento neutraliza ou destrói o próximo, de 
modo que a Água apaga o Fogo, que derrete o Metal, que corta a Madeira, que 
(em excesso) enfraquece a Terra, que por sua vez absorve e contém a Água. 
 
 No ciclo Construtivo temos que a Água alimenta a Madeira, que abastece o 
Fogo, que produz a Terra (lembremos nas cinzas resultante das combustões e na 
lava expelida pelos vulcões), a Terra por sua vez produz o Metal que, finalmente, 
produz a Água! 
 
 Este último caso exige um explicação maior. Trata-se da percepção de que 
o Metal, por ser frio e provocar a condensação da água, parece produzi-la, ao 
"suar", em especial pela manhã. Tal fato serviu como evidência de sua 
capacidade de produzir água, completando o ciclo geracional. 
 
 Portanto, diferente do sistema platônico, todos os elementos se 
transformam uns nos outros, e a percepção da relação da combustão com a 
produção de cinzas contrasta com a noção grega de que não haveria 
transformações entre a Terra e os demais elementos. É muito provável que essa 
parte do sistema de Platão seja na verdade uma consequência estrutural de sua 
teoria geométrica atômica, que pela questão da incompatibilidade dos átomos 
triangulares equiláteros com a estrutura hexaédrica do Cubo, do elemento Terra, 
tenha desautorizado pensar numa transformação desta em outros elementos, 
passando a considerar a evidência como a observada pelos chineses de alguma 
outra forma. 
 
 Há, curiosamente, uma outra notável relação. Para Platão, os metais são 
Líquidos! Que apenas permanecem duros devido a temperatura ambiente não ser 
suficiente para fundi-los. De certo, é diferente da Terra, pois é da experiência 
comum que o barro não se liquefaz da mesma forma que o metal, mesmo a 
altíssimas temperaturas. 
 
 Voltando ao Oriente, no BUDISMO, os 5 Elementos já são, mais uma vez 
TERRA, ÁGUA, AR, FOGO e ESPAÇO, o que não só remete ao sistema grego, 
como ainda aparenta similaridade com a idéia aristotélica do quinto elemento 
como sendo o Éter. 
 
 No HINDUÍSMO, por sua vez, além de uma versão primeva de 3 elementos 
(os 4 elementos gregos menos o Ar), temos uma noção de 7 Elementos, que 
correspondem aos 7 Chakras do corpo humano, na seguinte forma: 
 
 
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Pensamento 
LUZ 
ÉTER 
AR 
FOGO 
ÁGUA 
TERRA 
 
 
 
 Enfim, a tradição Chinesa, bem como a Japonesa, terminou por possuir 
dois sistemas de 5 elementos, um com os 5 Grandes Elementos: Terra, Água, 
Vento, Fogo e Vazio / Éter, e outro com os 5 Elementos da Tradição Taoísta: 
Água, Fogo, Madeira, Metal e Terra, o que, evidentemente, inspirou sínteses de 7 
elementos como sendo TERRA, MADEIRA, METAL, ÁGUA, AR, FOGO e ÉTER 
(Vazio / Espaço). 
 
 Tais sínteses são, no entanto, menos populares do que os sistemas 
tradicionais. No Japão, por exemplo, os 5 elementos taoístas estão representados 
nos Dias da Semana. 
 
Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado 
Nichi-yobi Getsu-yobi Ka-yobi Sui-yobi Moku-yobi Kin-yobi Do-yobi 
Sol Lua Fogo Água Árvore Ouro/Metal Terra 
 
 
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 Finalmente, vejamos a tradição chinesa do I CHING, onde Yin e Yang são 
recombinados em trios, que permitem 8 combinações, Trigramas, que 
correspondem a 8 ELEMENTOS, que são CÉU, VENTO, TERRA, FOGO, LAGO, 
TROVÃO, MONTANHA e ÁGUA, que por sua vez se relacionam estreitamente 
com os 5 Agentes, na forma a seguir. 
 
Céu Metal Yang, Yang, Yang 
Vento Madeira Yin, Yang, Yang 
Montanha Terra Yang, Yin, Yin 
Fogo Fogo Yang, Yin, Yang 
Lago Metal Yang, Yang, Yin 
Água Água Yin, Yang, Yin 
Trovão Madeira Yin, Yin, Yang 
Terra Terra Yin, Yin, Yin 
 
 O que resulta no esquema: 
 
 
 
 
 
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 Como podemos notar, o modo como os 5 elementos foram recombinados 
em 8 jamais teria agradado os gregos, em especial os pitagóricos, que 
provavelmente veriam algum tipo de desarmonia numérica. Permaneceu forte na 
nossa tradição ocidental a idéia de 4 elementos físicos, que ocasionalmente 
recebem um Quinto, em geral associado ao Espírito / Alma / Mente. 
 
 Já no Oriente, embora tenha havido noções de 4 e por vezes, até 3 
elementos em algumas tradições Hindus mais antigas, permaneceu forte a idéia 
de 5, quer seja levando em conta um elemento imaterial, como no sistema 
ocidental, quer seja ignorando o Ar e acrescentando Metal e Madeira. 
 
 É fácil notar, também, uma fixação oriental, em especial Chinesa e 
Japonesa, pelos números 5 e 8, ao passo que no ocidente temos uma fixação 
maior no 4 e no 7. Enquanto nós falamos em 7 cores e 7 notas musicais, os 
chineses e japoneses costumavam falar em 5 notas e 5 cores. Diversas outras 
correlações podem ser notadas, em especial levando em conta superstições 
desses orientais contra o número quatro, cuja pronúncia é idêntica à da palavra 
'morte'. 
 
 O número 4, então, traria mau agouro, e é tão incômodoquanto o é o 13 
para os ocidentais. No Japão, por exemplo, é comum não haver apartamentos, 
andares e casas com o número 4, da mesma foram como nos E.U.A. e alguns 
países da Europa costuma ocorrer com o 13. 
 
 Inclusive, é interessante observar que os chineses fizeram questão de 
iniciar as Olimpíadas de 2008 às 8 horas, 8 minutos e 8 segundos do dia 
08/08/08, visto que este número é tido como portandor de boa fortuna. 
 
 Voltando a falar em cores e sons, podemos perceber que nossa divisão em 
7 notas, no caso 5 tons e 2 semitons, é arbitrária, e seu principal responsável é 
ninguém menos que Pitágoras, que estabeleceu relações harmônicas preferíveis 
ao tocar cordas simultâneas em comprimentos diferentes. Posterioremente, no 
século XI, Frei Guido Darezzo viria a atribuir-lhes os nomes pelos quais as 
conhecemos, Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá e Si, que são a primeira sílaba de cada frase 
de um hino religioso à São João Batista. 
 
 
 
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23
 
 Na realidade, existem 12 semitons, como pode ser observado nos 
instrumentos de corda com trastes, tais como o violão, em relação a um teclado. 
 
 
 
 
 
 Isso ocorre por que a medida que vamos encurtando e tocando uma corda, 
a tonalidade vai subindo, e só conseguimos distinguir 12 variações que se 
repetem em ciclos, de modo que no tom equivalente 12 níveis acima, a corda 
estará com a exata metade do tamanho. Num instrumento como o violão, as 
notas citadas acima valem para as corda Mi, que são a mais grave e a mais fina, 
nas partes mais alta e mais baixa.) 
 
Por uma questão de sensibilidade estética, os antigos gregos formalizaram a 
divisão de 7 notas que, sacramentada na Idade Média, resultou em nossos 
instrumentos de teclado. Os orientais, por outro lado, ao invés de escolherem 
essa escala que mistura 5 tons com 2 semitons, não raro ignoraram estes últimos, 
e por isso identificamos como um estilo melódico tipicamente oriental quando 
tocamos somente as teclas pretas de um teclado, que são 5, o que produz um 
efeito similar ao das típicas músicas orientais. 
 
No modo 
chinês, as 5 
notas são 
tipicamente 
associadas 
aos 
elementos: 
Fazendo uma 
transposição 
de 6 semi-
tons, temos o 
equivalente: 
 
 
 
 
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24
 
Tudo isso nos mostra como nossa divisão da realidade em números preferenciais, 
7 ou 5, é arbitrária, e o mesmo acontece com as cores. 
------- Embora consideremos 7 cores no espectro, e os orientais com frequência 
considerem 5, é fato que possuímos apenas 3 cores primárias, que podem se 
combinar num sistema que, se dividido de forma perfeitamente proporcional, pode 
também ser dividido em 12, como no exemplo abaixo. 
 
 
 
Diferente dos tons musicais, onde não distinguimos mais de 12, é possível dividir 
a escala de cores em milhares de níveis perceptíveis, porém, a simples existência 
de 3 cores primárias e 3 secundárias imporá múltiplos de 6, como 24, 360, 
18.000. 
------- Mas o que chama a atenção é o modo como dividimos nossa clássica 
escala de 7 cores. Pegamos as cores 1, 2, 3, para os típicos Vermelho, Laranja e 
Amarelo, e agrupamos os outros 3 tons seguintes no mesmo denominador de 
Verde. Adicionamos a cor 7, Ciano, que normalmente chamamos apenas de Azul 
Claro ou mesmo Azul, por vezes usando Anil para a cor 9, e finalmente pescando 
um misto escurecido de 10 e 11 como Violeta. 
------- Os orientais, por outro lado, costumam pegar 4 das cores da amostra 
acima, 1,3, uma mistura das cores 4 a 9 num único tom de Verde e Azul (em 
 
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25
 
Japonês há uma única palavra, aoi, que pode ser tanto Azul quanto Verde), e 
então adicionam Preto e Branco, que sequer são cores da escala mas sim, sua 
soma total e sua subtração completa. 
------- Há também uma alternativa que ignora o Preto, ou o Branco, e seleciona 
Verde e Azul em separado, mas merece maior atenção é a preocupação em 
manter o número 5! 
------- É inegável, porém, como vemos na escala de cores acima, que as 
tonalidades esverdeadas nos parecem muito mais similares entre si do que as 
demais, e que é mais fácil confundir 4 e 6, do que 12 e 2, por exemplo. Isso 
ocorre porque nossos olhos são mais sensíveis ao verde do que às demais cores 
primárias, o verde é a cor que possui maior "Luminância" para nossos sentidos. 
Por isso os visores noturnos aparentam tons verdes, um Laser verde é muito mais 
brilhante do que o Vermelho, mesmo quando gerados na mesma potência e o 
Ciano e o Amarelo são mais difíceis de distinguir do branco por compartilharem a 
cor mais luminosa, o que não ocorre com o Magenta 
------- Por outro lado, das primárias, o Azul é a menos intensa, a mais escura, e 
por isso mesmo de destaca mais no fundo branco, e os modos diferentes de 
interações de cores acabam gerando percepções desequilibradas em nossos 
sentidos. O Daltonismo que confunde azul e verde, por exemplo, é mais comum 
do que o confunde verde e vermelho. 
------- Toda essa digressão tem apenas o objetivo de mostrar que existem 
predisposições culturais a encaixar a realidade em modelos ideais pré-
estabelecidos, com a rara excessão dos Poliedros Regulares, que realmente só 
existem em número de 5. Curiosamente, o chineses parecem não ter 
desenvolvidos geometrias mais sofisticadas, caso contrário, associar seus 5 
elementos aos 5 poliedros seguramente seria irresistível. 
------- Para observarmos mais exemplos de como "encaixar" o mundo em nossa 
categorias pré-estabelecidas, vejamos mais algumas relações notáveis, que 
denunciam sutilezas psico culturais entre os dois hemisférios. 
------- Na antiguidade desenvolveu-se a noção das 4 Virtudes Cardinais: 
Prudência, Fortaleza, Justiça e Temperança. Na Idade Média, seriam somadas 
a essas as 3 Virtudes Teologais: Fé, Amor e Caridade, somando um total de 7 
Virtudes que evidentemente se opunham aos 7 Pecados Capitais. 
------- Por sua vez, no oriente, os chineses falavam em 5 Virtudes: Polidez, 
Bondade, Respeito, Parcimônia e Altruísmo. Já no Japão, ficou famoso o 
Bushido, o Código de Honra Samurai, que era constituído de 8 virtudes: Justiça, 
Coragem, Bondade, Polidez, Verdade, Honra, Fidelidade e Auto-Controle. 
------- Os orientais parecem sempre encontrar um meio de adicionar um quinto 
elemento em classificações que no ocidente mantemos apenas em quatro. Por 
isso, se consideramos as 4 estações, os orientais adicionam um período de 
transição, associando todos aos 5 elementos: Primavera (Madeira), Verão (Fogo), 
Outono (Metal), Inverno (Água) e Intervalos (Terra). 
------- Se consideramos 4 Pontos Cardeais, os Orientais consideram Norte (Água), 
Leste (Madeira), Sul (Fogo), Oeste (Metal) e CENTRO (Terra). 
Há muitos outros exemplos de como os números 4 e 7, no ocidente, e 5 e 8, no 
oriente, apesar de ocasionais exceções, dominam o imaginário cultural. Mas, 
enfim, voltemos agora ao tema dos elementos. 
 
 
 
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26
 
 Os Elementos Hoje 
 
 Na atualidade, a noção antiga dos elementos da natureza pode parecer 
ingênua, no entanto, originalmente, é algo mais justificado, uma vez que possuia 
notável capacidade explicativa. É interessante lembrar que os fundamentos que 
sustentam tais conceitos não são diferentes na Ciência contemporânea, 
continuamos pressupondo uma ordenação essencial no universo que pode ser 
conhecida racionalmente, e representada por modelos teóricos fundamentados 
em matemática e noções redutivas. 
------- A idéia básica dos 4 elementos está preservada em nossa compreensão 
dos estados físicos da matéria, havendo nítida correlação entre os estados Sólido, 
Líquido e Gasoso com os elementos Terra, Água e Ar, e evidentemente da 
Energia como o Fogo. 
------- Na realidade, jamais se acreditou que os elementosfossem apenas as 
substâncias notáveis em si. O que se chamava de elemento Terra era a 
propriedade de rigidez dos materiais, bem como de elemento Ar, sua propriedade 
volátil. Não significava dizer que, por exemplo, um tecido era feito literalmente de 
Terra e Água, mas sim que possuia em sua estrutura as propriedades da solidez 
e da flexibilidade. 
------- O Fogo, por sua vez, estava associado também à Luz e qualquer forma de 
energia e calor. Assim, o calor de um corpo vivo era a ação da propriedade 
quente, resultante da transformação do Ar em Fogo por meio da respiração. Idéia 
essa que não ficou restrita à Grécia antiga, mas que na realidade foi defendida 
até por Descartes em 1640 dEC. 
------- Na realidade, a teoria dos 4 Elementos perdurou no ocidente praticamente 
até o século XVIII, quando foi sendo gradativamente substituída pela Física 
Moderna, por meio dos modelos atômicos de Dalton (1766-1844), Thomson 
(1856-1940), Rutheford (1871-1937) e Niels Bohr (1885-1962). 
------- E voltando ao tema dos átomos, vale lembrar que ainda utilizamos um 
conceito muito similar ao dos antigos atomistas gregos, pois muitos ainda 
acreditam em partículas, ou estruturas, fundamentais. O que chamamos de átomo 
atualmente, porém, não faz jus ao nome, devido ao fato de que o conceito original 
previa que a partícula que recebe esse nome deveria ser indivisível, e 
indestrutível, e isso, sabemos hoje, o que precipitadamente chamamos de átomo 
não é. Mas ainda é possível que haja partículas mais fundamentais com tais 
característas, os Quarks talvez. 
------- Já no oriente, o imaginário dos 5 elementos continua vivo e muito atuante, 
principalmente na medicina chinesa, onde o conceito de equilíbrio entre os 
elementos é central para as terapias, que utilizam os ciclos destrutivos e 
construtivos para corrigir os desequilíbrios dos aspectos no organismo humano. 
 
Também o médico grego Hipócrates (460-377aEC), considerado o pai da 
medicina, associava aos 4 elementos os 4 humores: Sanguíneo / Emotivo (Fogo), 
Colérico (Ar), Fleumático / "Não-Emotivo" (Água) e Melancólico (Terra), e 
ministrava tratamentos similares. 
 
 
 
 
 
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27
 
 ANJOS 
 
 Uma auréola ou halo1 (do Latim aurea, "dourado") é 
um círculo dourado ou peça de metal circular com que 
pintores e escultores circundam muitas vezes a cabeça de 
personagens sagrados.1 Nos períodos mais antigos da arte 
cristã, a auréola era usada exclusivamente em figuras 
pertencentes à Santíssima Trindade, como Jesus Cristo, mas 
esse costume foi posteriormente alargado à Virgem Maria e 
aos santos. 
 
 Uma das primeiras representações de Sidarta Gautama, século I-II, Gandara: repare 
no círculo cinza atrás da cabeça do Buda. 
 
 Quando envolve todo o corpo da figura, a auréola geralmente aparece em forma 
oval ou elíptica, mas ocasionalmente é circular ou quadrifólia. Quando ronda apenas a 
cabeça, é chamada especificamente de auréola ou nimbo, enquanto a combinação de nimbo 
com auréola é chamada do fenômeno óptico glória. A distinção entre nimbos e auréolas 
não são muito respeitados, de modo que esse último termo é mais frequentemente utilizado 
para designar o esplendor que ronda as cabeças dos santos, dos anjos ou de pessoas da 
Santíssima Trindade. 
 
 As auréolas aparecem na arte cristã por volta do século V, mas este elemento já era 
conhecido e desenvolvido séculos antes, na arte pré-cristã helenista. É encontrada em 
algumas representações persas de reis e deuses, e aparece nas moedas dos reis do Império 
Kushana: Kanishka, Huvishka e Vasudeva, como também na maioria das imagens 
representando Sidarta Gautama, o Buda, no século I, pertencentes à arte Greco-budista. O 
uso da auréola também é encontrado na arte egípcia, na arte grega, na arte romana, nas 
representações de Trajano, e Antônio Pio. Certos imperadores do Império Romano eram 
retratados radiando uma coroa no alto da cabeça, com raios de sol iluminando suas figuras. 
 
 Anjo (do latim angelus e do grego ággelos (ἄγγελος), mensageiro), segundo a 
tradição judaico-cristã, a mais divulgada no ocidente, conforme relatos bíblicos, são 
criaturas espirituais, conservos de Deus como os homens (Apocalipse 19:10), que servem 
como ajudantes ou mensageiros de Deus. Os Anjos também podem ser considerados 
escravos de Deus no que tange ao sentido lato da palavra escravo, isto é, o que vive em 
absoluta sujeição a outrem. Também podem igualmente ser considerados escravos porque 
não recebem nenhuma remuneração por seu trabalho e estão a mercê da vontade Divina, 
podendo Deus dispor, a Seu critério, do Anjo - sem que ele possa exercer qualquer direito e 
objeção pessoal ou legal. 
 
 Na iconografia comum, os anjos geralmente têm asas de pássaro e uma auréola. São 
donos de uma beleza delicada e de um forte brilho, e por vezes são representados como 
uma criança, por terem inocência e virtude. 
 
 Os relatos bíblicos e a hagiografia cristã contam que os anjos muitas vezes foram 
autores de fenômenos miraculosos, e a crença corrente nesta tradição é que uma de suas 
missões é ajudar a humanidade em seu processo de aproximação a Deus. 
 
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28
 
Os anjos são ainda figuras importantes em muitas outras tradições religiosas do passado e 
do presente e o nome de "anjo" é dado amiúde indistintamente a todas as classes de seres 
celestes. Os muçulmanos, zoroastrianos, espíritas, hindus e budistas, todos aceitam como 
fato sua existência, dando-lhes variados nomes, mas às vezes são descritos como tendo 
características e funções bem diferentes daquelas apontadas pela tradição judaico-cristã, 
esta mesma apresentando contradições e inconsistências de acordo com os vários autores 
que se ocuparam deste tema. O Espiritismo faz uma descrição em muito semelhante à 
judaico-cristã, considerando-os seres perfeitos que atuam como mensageiros dos planos 
superiores, sem, no entanto, tentar atribuir forma ou aparência a tais seres: seria apenas 
uma visão de suas formas morais. A diferença da visão espírita se faz apenas pelo 
raciocínio de que Deus, sendo soberanamente justo e bom (atributos que seguem-lhe a 
perfeição, ou seja, Deus não precisa evoluir, já é e sempre foi perfeito e imutável), não os 
teria criado perfeitos, pois isso seria creditar a Deus a capacidade de ser injusto, face à 
necessidade que os homens enfrentam de experimentação sucessiva para aperfeiçoarem-se. 
 
 O Espiritismo apresenta a visão de que tais seres angélicos, independente de suas 
hierarquias celestiais, estão nesse ponto evolutivo por mérito próprio, são espíritos 
santificados e livres da interferência da matéria pelas próprias escolhas que fizeram no 
sentido evolutivo e de renúncia de si mesmos ao longo do tempo, sendo facultado também 
aos homens atuais - ainda muito materializados - atingirem, através de seus esforços 
morais e intelectuais nas múltiplas reencarnações, tais pontos de perfeição. (O Céu e o 
Inferno, Allan Kardec, 1865). Dentro do Cristianismo Esotérico e da Cabala, são chamados 
de anjos aos espíritos num grau de evolução imediatamente superior ao do homem e 
imediatamente inferior ao dos arcanjos. Para os muçulmanos alguns anjos são bons, outros 
maus, e outras classes possuem traços ambíguos. No Hinduísmo e no Budismo são 
descritos como seres autoluminosos, donos de vários poderes, sendo que alguns são 
dotados de corpos densos e capazes de comer e beber. Já os teosofistas afirmam que 
existem inumeráveis classes de anjos, com variadas funções, aspectos e atributos, desde 
diminutas criaturas microscópicas até colossos de dimensões planetárias, responsáveis pela 
manutenção de uma infinidade de processos naturais. Além disso a cultura popular em 
vários países do mundo deu origem a um copioso folclore sobre os anjos, que muitas vezes 
se afasta bastante da descrição mantida pelos credos institucionalizados dessasregiões. 
 
 
 As hierarquias angélicas no Cristianismo 
 
 Teto do Batistério de São João, em Florença, mostrando as hierarquias angélicas 
No Cristianismo os anjos foram estudados de acordo com diversos sistemas de 
classificação em coros ou hierarquias angélicas. A mais influente de tais classificações foi 
estabelecida pelo Pseudo-Dionísio, o Areopagita entre os séculos IV e V, em seu livro De 
Coelesti Hierarchia 
 
 No Cristianismo a fonte primária ao estudo dos anjos são as citações bíblicas, como 
quando três anjos apareceram a Abraão, embora existam apenas sugestões ambíguas para a 
construção de um sistema como se ele se tivesse desenvolvido em tempos posteriores.4 
Isaías fala de serafins; outro anjo acompanhou Tobias; a Virgem Maria recebeu uma visita 
angélica na anunciação do futuro nascimento de Cristo,6 e o próprio Jesus fala deles em 
vários momentos, como quando sofreu a tentação no deserto e na cena do horto das 
oliveiras, quando um anjo lhe fortalecia antes da Paixão. 
 
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29
 
São Paulo faz alusão a cinco ordens de anjos. Depois foi São Dionísio um dos primeiros a 
propor um sistema organizado do estudo dos anjos e seus escritos tiveram muita influência, 
mas foi precedido por outros escritores, como São Clemente, Santo Ambrósio e São 
Jerônimo. Na Idade Média surgiram muitos outros esquemas, alguns baseados no do 
Areopagita, outros independentes, sugerindo uma hierarquia bastante diferente. Alguns 
autores acreditavam que apenas os anjos de classes inferiores interferiam nos assuntos 
humanos. 
 
 Tradições esotéricas cristãs também foram invocadas para se organizar um quadro 
mais exato. As classificações propostas na Idade Média são as seguintes: 
 
 São Clemente, em Constituições Apostólicas, século I: 
1. Serafins, 2. Querubins, 3. Éons, 4. Hostes, 5. Potestades, 6. Autoridades, 7. Principados, 
8. Tronos, 9. Arcanjos, 10. Anjos, 11. Dominações. 
Santo Ambrósio, em Apologia do Profeta David, século IV: 
1. Serafins, 2. Querubins, 3. Dominações, 4. Tronos, 5. Principados, 6. Potestades, 7. 
Virtudes, 8. Anjos, 9. Arcanjos. 
São Jerônimo, século IV: 
1. Serafins, 2. Querubins, 3. Potestades, 4. Dominações, 5. Tronos, 6. Arcanjos, 7. Anjos. 
Pseudo-Dionísio, o Areopagita, em De Coelesti Hierarchia, c. século V: 
1. Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Virtudes, 6. Potestades, 7. 
Principados, 8. Arcanjos, 9. Anjos. 
São Gregório Magno, em Homilia, século VI: 
1. Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Principados, 6. Potestades, 7. 
Virtudes, 8. Arcanjos, 9. Anjos. 
Santo Isidoro de Sevilha, em Etymologiae, século VII: 
1. Serafins, 2. Querubins, 3. Potestades, 4. Principados, 5. Virtudes, 6. Dominações, 7. 
Tronos, 8. Arcanjos, 9. Anjos. 
João de Damasco, em De Fide Orthodoxa, século VIII: 
1. Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Potestades, 6. Autoridades 
(Virtudes), 7. Governantes (Principados), 8. Arcanjos, 9. Anjos. 
São Tomás de Aquino, em Summa Theologica, (1225-1274): 
1. Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Virtudes, 6. Potestades, 7. 
Principados, 8. Arcanjos, 9. Anjos. 
Dante Alighieri, na Divina Comédia (1308-1321): 
1. Serafins, 2. Querubins, 3. Tronos, 4. Dominações, 5. Virtudes, 6. Potestades, 7. 
Arcanjos, 8. Principados, 9. Anjos. 
De todas estas ordenações a mais corrente, derivada do Pseudo-Dionísio e de Tomás de 
Aquino, divide os anjos em nove coros, agrupados em três trìades: 
 
 Primeira Tríade 
 
 A 1ª Ordem é composta pelos anjos mais próximos de Deus, que desempenham 
suas funções diante do Pai. 
 
 Serafins 
 Criatura fantástica do tipo dos kerabu, proveniente de Khorsabad 
O nome serafim vem do hebreu saraf (שרף), e do grego, séraph, que significam "abrasar, 
queimar, consumir". Também foram chamados de ardentes ou de serpentes de fogo. É a 
 
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ordem mais elevada da esfera mais alta. São os anjos mais próximos de Deus e emanam a 
essência divina em mais alto grau. Assistem ante o Trono de Deus e é seu privilégio estar 
unido a Deus de maneira mais íntima, e são descritos em Isaías como cantando 
perpetuamente o louvor de Deus e tendo seis asas. 
 
 O Pseudo-Dionísio diz que sua natureza ígnea espelha a exuberância de sua 
atividade perpétua e infatigável, e sua capacidade de inflamar os anjos inferiores no 
cumprimento dos desígnios divinos, purificando-os com seu fogo e iluminando suas 
inteligências, destruindo toda sombra. Pico della Mirandola fala deles em sua Oração sobre 
a Dignidade do Homem (1487) como incandescentes do fogo da caridade, e modelos da 
mais alta aspiração humana 
 
 Querubins 
 Do hebreu כרוב - keruv, ou do plural כרובים - keruvim, os querubins são seres 
misteriosos, descritos tanto no Cristianismo como em tradições mais antigas às vezes 
mostrando formas híbridas de homem e animal. Os povos da Mesopotâmia tinham o nome 
karabu e suas variantes para denominar seres fantásticos com forma de touro alado de face 
humana, e a palavra significa em algumas daquelas línguas "poderoso", noutras 
"abençoado". 
 
 No Gênesis aparece um querubim como guardião do Jardim do Éden, expulsando 
Adão e Eva após o pecado original. Ezequiel os descreve como guardiães do trono de Deus 
e diz que o ruflar de suas asas enchia todo o templo da divindade e se parecia com som de 
vozes humanas; a cada um estava ligada uma roda, e se moviam em todas as direções sem 
se voltar, pois possuíam quatro faces: leão, (O leão sempre foi reconhecido como forte, 
feroz, majestoso, ele é o rei dos animais e essa face simboliza então sua força). touro, (o 
touro é reconhecido como um animal que trabalha pacientemente para seu dono. Ele é 
forte, podendo carregar um urso, e conhece o seu dono). águia, (como um anjo, este 
pássaro voa acima das tempestades, enquanto abaixo delas existem tristezas, perigos, e 
angústias. Um pássaro ligeiro e poderoso, elegante, incansável) e homem, Esta face fala da 
mente, razão, afeições,e todas as coisas que envolvem a natureza humana, isso, para alguns 
estudiosos, significa que eles assim como os homens possuem o livre arbítrio. E eram 
inteiramente cobertos de olhos, significando a sua onisciência. Mas as imagens querubins 
que Moisés colocou sobre a Arca da Aliança tinham forma humana, embora com asas.14 
Os Querubins, para alguns teólogos, ocupam o topo da hierarquia, pois alguns não 
consideram os serafins como anjos , uma vez que a palavra hebraica para anjo é "malak" 
(mensageiro) e da mesma forma no grego, anjo é "angelus" (mensageiro) e estas figuras 
aladas que aparecem, na Bíblia, apenas em Isaías capítulo 6, onde exaltam a Deus mas não 
comunicam mensagens ao profeta. 
 
 São Jerônimo e Santo Agostinho interpretam seu nome como "plenitude de 
sabedoria e ciência". São representados muitas vezes como crianças pequenas dotadas de 
asas, chamados putti (meninos) em italiano. Têm o poder de conhecer e contemplar a 
Deus, e serem receptivos ao mais alto dom da luz e da verdade, à beleza e à sabedoria 
divinas em sua primeira manifestação. Estão cheio do amor divino e o derramam sobre os 
níveis abaixo deles. 
 
 Satanás é descrito como o querubim ungido, sendo chamado antes pelo nome de 
Lúcifer ou Belial. 
 
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 Tronos ou Ofanins 
 Os Tronos têm seu nome derivado do grego thronos, que significa "anciãos". São 
chamados também de erelins ou ofanins, ou algumas vezes de Sedes Dei (Trono de Deus), 
e são identificados com os 24 anciãos que perpetuamente se prostram diante de Deus e a 
Seus pés lançam suas coroas. São os símbolos da autoridade divina e da humildade, e da 
perfeita pureza, livre de toda contaminação. 
 
 
 Segunda Tríade 
 
 A 2ª Ordem é composta pelos Príncipes da Corte celestial. 
 
 Dominações 
 As Dominações ou Domínios (do latim dominationes)têm a função de regular as 
atividades dos anjos inferiores, distribuem aos outros anjos as funções e seus mistérios, e 
presidem os destinos das nações. Crê-se que as Dominações possuam uma forma humana 
alada de beleza inefável, e são descritos portando orbes de luz e cetros indicativos de seu 
poder de governo. Sua liderança também é afirmada na tradução do termo grego kyriotes 
[küriotés], que significa "senhor", aplicado a esta classe de seres. 
 
 São anjos que auxiliam nas emergências ou conflitos que devem ser resolvidos 
logo. Também atuam como elementos de integração entre os mundos materiais e 
espirituais, embora raramente entrem em contato com as pessoas. 
 
 Virtudes 
 As Virtudes são os responsáveis pela manutenção do curso dos astros para que a 
ordem do universo seja preservada. Seu nome está associado ao grego dunamis, 
significando "poder" ou "força", e traduzido como "virtudes" em Efésios 1:21, e seus 
atributos são a pureza e a fortaleza. O Pseudo-Dionísio diz que eles possuem uma 
virilidade e poder inabaláveis, buscando sempre espelhar-se na fonte de todas as virtudes e 
as transmitindo aos seus inferiores. 
 
 Orientam as pessoas sobre sua missão. São encarregados de eliminar os obstáculos 
que se opõe ao cumprimento das ordens de Deus, afastando os anjos maus que assediam as 
nações para desviá-las de seu fim, e mantendo assim as criaturas e a ordem da Divina 
providência. Eles são particularmente importantes porque têm a capacidade de transmitir 
grande quantidade de energia divina. Imersas na força de Deus, as Virtudes derramam 
bênçãos do alto, frequentemente na forma de milagres. São sempre associados com os 
heróis e aqueles que lutam em nome de Deus e da verdade. São chamados quando se 
necessita de coragem. 
 
 Potestades 
 As Potestades ou Potências são também chamadas de "condutores da ordem 
sagrada". Executam as grandes ações que tocam no governo universal. Eles são os 
portadores da consciência de toda a humanidade, os encarregados da sua história e de sua 
memória coletiva, estando relacionados com o pensamento superior - ideais, ética, religião 
e filosofia, além da política em seu sentido abstrato. 
 
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 Também são descritos como anjos guerreiros completamente fiéis a Deus. Seus 
atributos de organizadores e agentes do intelecto iluminado são enfatizados pelo Pseudo-
Dionísio, e acrescenta que sua autoridade é baseada no espelhamento da ordem divina e 
não na tirania. Eles têm a capacidade de absorver e armazenar e transmitir o poder do 
plano divino, donde seus nomes. 
 
 Os anjos do nascimento e da morte pertencem a essa categoria. São também os 
guardiões dos animais. 
 
 
 Terceira Tríade 
 
 A 3ª Ordem é composta pelos anjos ministrantes, que são encarregados dos 
caminhos das nações e dos homens e estão mais intimamente ligados ao mundo material. 
 
 Principados 
 Os Principados, do latim principatus, são os anjos encarregados de receber as 
ordens das Dominações e Potestades e transmití-las aos reinos inferiores, e sua posição é 
representada simbolicamente pela coroa e cetro que usam. Guardam as cidades e os países. 
Protegem também a fauna e a flora. Como seu nome indica, estão revestidos de uma 
autoridade especial: são os que presidem os reinos, as províncias, e as dioceses, e velam 
pelo cultivo de sementes boas no campo das ideologias, da arte e da ciência. 
 
 Arcanjos 
 O nome de arcanjo vem do grego αρχάγγελος, arkangélos, que significa "anjo 
principal" ou "chefe", pela combinação de archō, o primeiro ou principal governante, e 
άγγελος, aggělǒs, que quer dizer "mensageiro". Este título é mencionado no Novo 
Testamento por duas vezes e a esta ordem pertencem os únicos anjos cujos nomes são 
conhecidos através da Bíblia: Miguel, Rafael e Gabriel. Miguel é especificamente citado 
como "O" arcanjo,17 ao passo que, embora se presuma pela tradição que Gabriel também 
seja um arcanjo, não há referências sólidas a respeito. Rafael descreve a si mesmo como 
um dos sete que estão diante do Senhor classe de seres mencionada também no 
Apocalipse. 
 
 Considerado canônico somente pela Igreja Ortodoxa da Etiópia, o Livro de Enoque 
fala de mais quatro arcanjos, Uriel, Ituriel, Amitiel e Samuel, responsáveis pela vigilância 
universal durante o perído dos Nefilim, os "anjos caídos". Contudo em outras fontes 
apócrifas estes são por vezes ditos como querubins. A igreja Ortodoxa faz de Uriel um 
arcanjo e o festeja com Rafael, Gabriel e Miguel na Synaxis de Miguel e os outros Poderes 
Incorpóreos, em 21 de novembro 
 
 Seu caráter de mensageiros, ou intermediários, é assinalada pelo seu papel de elo 
entre os Principados e os Anjos, interpretando e iluminando as ordens superiores para seus 
subordinados, além de inspirar misticamente as mentes e corações humanos para execução 
de atos de acordo com a vontade divina. Atuam assim como arautos dos desígnios divinos, 
tanto para os Anjos como para os homens, como foi no caso de Gabriel na Anunciação a 
Maria. A cultura popular faz deles protetores dos bons relacionamentos, da sabedoria e dos 
estudos, e guerreiros contra as ações do Diabo. 
 
 
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 Anjos 
 Os anjos são os seres angélicos mais próximos do reino humano, o último degrau 
da hierarquia angélica acima descrita e pertencentes à sua terceira tríade. A tradição 
hebraica, de onde nasceu a Bíblia, está cheia de alusões a seres celestiais identificados 
como anjos, e que ocasionalmente aparecem aos seres humanos trazendo ordens divinas. 
São citados em vários textos místicos judeus, especialmente nos ligados à tradição 
Merkabah. Na Bíblia são chamados de אלהים מלאך (mensageiros de Deus), יהוה מלאך 
(mensageiros do Senhor), אלוהים בני (filhos de Deus) e הקדושים (santos).22 São dotados 
de vários poderes supernaturais, como o de se tornarem visíveis e invisíveis à vontade, 
voar, operar milagres diversos e consumir sacrifícios com seu toque de fogo. Feitos de luz 
e fogo sua aparição é imediatamente reconhecida como de origem divina também por sua 
extraordinária beleza. Segundo a tradição católica os anjos(mensageiros) são designações 
de cargos, não de natureza. Para Deus, apesar dos vários cargos angelicais, todos são anjos 
e todos são iguais perante Ele. 
 
 
 Os anjos em outras tradições 
 
 No Budismo e Hinduísmo 
 O Budismo e o Hinduísmo descrevem os anjos, ou devas, como os chamam, de 
maneira semelhante às outras religiões ocidentais. Seu nome deriva da raiz sânscrita div, 
que significa "brilhar", e seu nome significa, então, os "seres brilhantes" ou 
"autoluminosos". Dizem que alguns deles comem e bebem, e podem construir formas 
ilusórias para poderem se manifestar em planos de existência diferentes dos seus próprios. 
O Budismo estabelece uma categorização bastante completa para os seus devas, em grande 
parte herdada da tradição Hinduísta. 
 
 Islamismo 
 Sultão Muhammad: A Mi'raj, ou Ascensão de Maomé, rodeado de anjos. Iluminura, 
c. 1650 
 
 A angelologia islâmica é largamente devedora às tradições dos Zoroastrianismo, do 
Judaísmo e do Cristianismo primitivo, e divide os anjos em dois partidos principais, os 
bons, fiéis a Deus, e os maus, cujo chefe é Iblis ou Ash-Shaytan, privados da graça divina 
por terem se recusado a prestar homenagens a Adão. 
 
 Por outro lado, existe também no Islamismo uma categorização hierárquica. Em 
primeiro lugar estão os quatro Tronos de Deus, com formas de leão, touro, águia e homem. 
Em seqüência, vêm o querubim, e logo os quatro arcanjos: Jibril ou Jabra'il, o revelador, 
intermediário entre Deus e os profetas e constante auxiliador de Maomé; Mikal ou Mika'il, 
o provedor, citado apenas uma vez no Corão (2:98) e quem, segundo a tradição, ficou tão 
horrorizado com a visão do inferno quando este foi criado que jamais pôde falar de novo; 
Izrail, o anjo da morte, uma criatura espantosa de dimensõescósmicas, quatro mil asas e 
um corpo formado de tantos olhos e línguas quantas são as pessoas da Terra, que se posta 
com um pé no sétimo céu e outro no limite entre o paraíso e o inferno; e Israfil, o anjo do 
julgamento, aquele que tocará a trombeta no Juízo Final; tem um corpo cheio de pelos e 
feitos de inumeráveis línguas e bocas, quatro asas e uma estatura que vai desde o trono de 
Deus até o sétimo céu. Por fim, os demais anjos. Como uma classe à parte estão os gênios, 
 
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ou djins, que possuem muitas características humanas, como a capacidade de se alimentar, 
propagar a espécie, e morrer, e cujo caráter é ambíguo. 
 
 Espiritismo 
 Para o Espiritismo, doutrina que tem o Cristianismo por base e foi iniciada no 
século XIX por intermédio de Allan Kardec, os anjos seriam os espíritos elevados de 
benignidade superior que são protetores dos necessitados e mensageiros do amor.28 
Seriam, portanto, aqueles que trazem mensagens do mundo incorpóreo. Por este motivo 
seriam chamados de anjos, palavra que significa mensageiros, os quais aparecem inúmeras 
vezes nos textos sagrados de religiões judaico-cristãs, indicando a comunicabilidade entre 
vivos e mortos. Ainda segundo o Espiritismo, os anjos, em sua concepção mais comumente 
conhecida e aceita - criaturas perfeitas, a serviço direto de Deus - seriam os espíritos que já 
alcançaram a perfeição passível de ser alcançada pelas criaturas. Estes, ao fazê-lo, 
passariam a dedicar a sua existência a fazer cumprir a vontade de Deus na Criação, por 
serem capazes de compreendê-la completamente. Que haja seres dotados de todas as 
qualidades atribuídas aos anjos, não restam dúvidas. A revelação espírita neste ponto 
confirma a crença de todos os povos, fazendo-nos conhecer ao mesmo tempo a origem e 
natureza de tais seres. 
 
 As almas ou Espíritos são criados simples e ignorantes, isto é, sem conhecimentos 
nem consciência do bem e do mal, porém, aptos para adquirir o que lhes falta. O trabalho é 
o meio de aquisição, e o fim - que é a perfeição - é para todos o mesmo. Conseguem-no 
mais ou menos prontamente em virtude do livre-arbítrio e na razão direta dos seus 
esforços; todos têm os mesmos degraus a franquear, o mesmo trabalho a concluir. Deus 
não aquinhoa melhor a uns do que a outros, porquanto é justo, e, visto serem todos seus 
filhos, não tem predileções. Ele lhes diz: Eis a lei que deve constituir a vossa norma de 
conduta; ela só pode levar-vos ao fim; tudo que lhe for conforme é o bem; tudo que lhe for 
contrário é o mal. Tendes inteira liberdade de observar ou infringir esta lei, e assim sereis 
os árbitros da vossa própria sorte. Conseguintemente, Deus não criou o mal; todas as suas 
leis são para o bem, e foi o homem que criou esse mal, divorciando-se dessas leis; se ele as 
observasse escrupulosamente, jamais se desviaria do bom caminho. Entretanto, a alma, 
qual criança, é inexperiente nas primeiras fases da existência, e daí o ser falível. Não lhe dá 
Deus essa experiência, mas dá-lhe meios de adquiri-la. Assim, um passo em falso na senda 
do mal é um atraso para a alma, que, sofrendo-lhe as conseqüências, aprende à sua custa o 
que importa evitar. Deste modo, pouco a pouco, se desenvolve, aperfeiçoa e adianta na 
hierarquia espiritual até ao estado de puro Espírito ou anjo. Os anjos são, pois, as almas 
dos homens chegados ao grau de perfeição que a criatura comporta, fruindo em sua 
plenitude a prometida felicidade. Antes, porém, de atingir o grau supremo, gozam de 
felicidade relativa ao seu adiantamento, felicidade que consiste, não na ociosidade, mas nas 
funções que a Deus apraz confiar-lhes, e por cujo desempenho se sentem ditosas, tendo 
ainda nele um meio de progresso. A Humanidade não se limita à Terra; habita inúmeros 
mundos que no Espaço circulam; já habitou os desaparecidos, e habitará os que se 
formarem. Tendo-a criado de toda a eternidade, Deus jamais cessa de criá-la. Muito antes 
que a Terra existisse e por mais remota que a suponhamos, outros mundos havia, nos quais 
Espíritos encarnados percorreram as mesmas fases que ora percorrem os de mais recente 
formação, atingindo seu fim antes mesmo que houvéramos saído das mãos do Criador. De 
toda a eternidade tem havido, pois, puros Espíritos ou anjos; mas, como a sua existência 
humana se passou num infinito passado, eis que os supomos como se tivessem sido sempre 
anjos de todos os tempos. Realiza-se assim a grande lei de unidade da Criação; Deus nunca 
 
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esteve inativo e sempre teve puros Espíritos, experimentados e esclarecidos, para 
transmissão de suas ordens e direção do Universo, desde o governo dos mundos até os 
mais ínfimos detalhes. Tampouco teve Deus necessidade de criar seres privilegiados, 
isentos de obrigações; todos, antigos e novos, adquiriram suas posições na luta e por mérito 
próprio; todos, enfim, são filhos de suas obras. 
 
 E, desse modo, completa-se com igualdade a soberana justiça do Criador 
 
 Teosofia 
 Anatomia esquemática do anjo patrono do santuário de Borobudur, Java, segundo 
indicações do teosofista Geoffrey Hodson em seu livro O Reino dos Deuses. Sua forma é 
na verdade esférica, com feixes de luz irradiante, e aqui se mostra em corte. Os círculos 
regulares concêntricos de sua aura indicam sua avançada evolução. Muitos detalhes foram 
omitidos 
 
 A Teosofia admite a existência dos seres angélicos, e várias classes dentre eles, 
embora existam relativamente poucos estudos neste campo que as sistematizem 
profundamente, dos quais os de Charles Leadbeater e sobretudo Geoffrey Hodson são as 
fontes mais ricas e interessantes. 
 
 Charles Leadbeater diz que, sendo um dos muitos reinos da criação divina, o reino 
angélico também está, como os outros, sujeito à evolução, e que existem grandes 
diferenças em poder, sabedoria, amor e inteligência entre seus integrantes. Pelo mesmo 
motivo, o de constituírem um reino independente, com interesses e metas próprias, diz que 
os anjos não existem mormente em função dos homens e seus problemas, como reza a 
cultura popular, apesar de assistí-los de uma variedade imensa de formas, como por 
exemplo na ministração dos sacramentos das igrejas, na cura espiritual e corporal dos seres 
humanos, e na sua inspiração, encorajamento, proteção e instrução. Mesmo que o reino 
angélico como um todo esteja envolvido em muitas tarefas que não dizem respeito ao 
homem, Leadbeater afirma em A Ciência dos Sacramentos que existe uma classe deles 
especialmente associada aos seres humanos, a dos anjos da guarda, na verdade uma espécie 
de silfos, à qual se confia uma pessoa por ocasião de seu batismo, e que por seu serviço 
conquistam a individualização, tornando-se serafins. 
 
 Os anjos são descritos por Hodson como tendo uma atitude em relação a Deus 
completamente diversa da humana, não concebendo uma existência personalizada 
individual, mas sim uma consciência única central e ao mesmo tempo difusa e onipresente, 
de onde suas próprias consciências derivam e à qual estão inextrincavelmente ligadas. 
Sentem-se unidos a esta consciência e para eles não é possível, exatamente por esta 
unidade, experimentarem egoísmo, separatividade, desejo, possessividade, ódio, medo, 
revolta ou amargura. Apesar de serem essencialmente seres amorosos, seu amor é 
impessoal, sendo extremamente raras associações estreitas com quaisquer indivíduos. Em 
seus estudos Hodson os divide em quatro tipos principais, associados aos quatro elementos 
da filosofia antiga: terra, água, fogo e ar. 
 
 Hodson faz também uma associação dos anjos com a Árvore Sefirotal, derivada da 
tradição Cabalística, definindo dez ordens. Afirma que um dos aspectos do Logos é de 
natureza angélica e acrescenta que ao reino angélico pertencem os chamados espíritos da 
natureza. Muitos destas classes estão envolvidos em processos naturais básicos como

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