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1 Livro Profissao Fisioterapeuta 2011 F Batalha

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Prévia do material em texto

1
Fabio Batalha Monteiro de Barros
Profissão Fisioterapeuta
História social, legislação, problemas e desafios 
1a Edição
Rio de Janeiro
Junho de 2011
2
A obra Profissão Fisioterapeuta - História social, legislação, problemas e desafios de 
Fabio Batalha Monteiro de Barros foi licenciada com uma Licença Creative Com-
mons - Atribuição - Uso Não Comercial - Obras Derivadas Proibidas 3.0 Não Adap-
tada.
Compartilhe! Você tem a liberdade de copiar, transmitir ou distribuir este livro, des-
de que citada a obra e o autor e de que não seja para fins comerciais.
A versão impressa mais atualizada deste livro pode ser adquirida no site da livraria 
em www.agbook.com.br. Adquira seu exemplar impresso diretamente da editora.
Contatos com o autor pelo e-mail fabiobmb@gmail.com
Monteiro de Barros, Fabio Batalha.
 Profissão Fisioterapeuta: História social, 
legislação, problemas e desafios / Fabio Ba­
talha Monteiro de Barros. – Rio de Janeiro: 
Editora Agbook, 2011.
 251 p. 
 ISBN 978­85­911855­1­1 
 
 1. Fisioterapeuta 2. Fisioterapia 3. Poliomie­
lite 4. História das profissões 5. Legislação 
profissional II. Título
3
http://www.agbook.com.br/
mailto:fabiobmb@gmail.com
Agradecimentos
Gostaria de agradecer aqui aos muitos colegas fisioterapeutas que conheci pessoal-
mente. Nas salas de aula, nos eventos e locais de trabalho. Pessoas admiráveis, mui-
tos apaixonados pela profissão. Foram muitas conversas, debates, leituras e pesqui-
sas, diferenças, discordâncias e pontos em comum. Grande parte deste livro devo a 
estes encontros. A todos vocês minha gratidão e meu reconhecimento.
Adriana Almeida Liu Leal
Adriana Macedo Laura Oliveira
Adriane Batiston Levi Santarosa
Alberto Galvão de Moura Filho Luciana Mamede 
Alessandra Mello Luciana Sogame
Alessandro Luz Mabel Moreira
Alini Ploszaj Marcelo Sidney Gonçalves
Allan Ponts Marcia Mayrinck
Ana Claudia Barbosa Marcos Freitas
Ana Rosa Maria Alice Junqueira Caldas
Andre Luis Santos Marinômio Carneiro (in memoriam)
Anke Bergman Mariza Gusmão
Caio Villalón e Tramont Mary Lee
Carla Centurião Mirella Veras
Carlos A.C. Azeredo (in memoriam) Monica Romitelli
Célia Cunha Nilton Petrone
Clarice Baldoto Odiléa Alves de Souza 
Claudia Guilherme Paula Chagas
Claudia Oliveira Rafaela Souza
Denise Ricieri Raquel Pimentel
Edneia Leme Regina Figueirôa
Elirez Bezerra da Silva Renata Contador
Ernani Costa Mendes Renato Teixeira
Euclides Arreguy Ricardo Pereira
Eudoberto Figueiredo Rita Vereza
Fabio Feitosa Rivaldo Novaes 
Fatima Erthal Rosa Carvalho
Felipe Reis Ruy Gallart de Menezes
Fernanda Torres Sandroval Torres
Fernando Guimarães Simone Jesus
Fernando Prati Solange Canavarro
George Sabino Sônia Gusman
Giselle Oliveira Tatiana Maia Azevedo
Henrique Alves Valéria Oliveira 
Henrique Rossi Vania Priamo
Jeferson Catunda Vera Maria da Rocha
José Rubens Rebelatto Waleska da Silveira
Kleber Orlando Pinto Themis Goretti
4
Aos colegas trabalhadores da saúde, docentes e pesquisadores, meu muito obrigado:
Alexandre Magno Teixeira de Carvalho
Ana Beatriz de Sá Almeida 
Ana Luz Frances
Angela Deise Santos
Elizabeth Benjó
Fernanda Marinho
Gilberto Hochman 
Inez Maria da Silva
Janaína Soares
Jane Dutra Sayd
José Flavio Pessoa de Barros (in memoriam)
Laurinda Rosa Maciel 
Léa Soares 
Lizete Ribeiro Vaz
Marcia Cabral
Marcos Vinicius Machado de Almeida
Maria Antonia Pedrosa Campos 
Marly Silva da Motta 
Nilton dos Santos
Pablo Zaffaroni
Renee Lutz-Delaney
Sandra Pacheco
Silvia da Silveira Mello Vargas
5
Dedicatória
Romualdo Luiz Monteiro de Barros, jornalista, caminhante da política e da 
vida, e acima de tudo meu Pai, que me ensinou a escrever e me ajudou a dar 
os primeiros passos na vida.
Eduarda Medeiros Ferraz, minha esposa e companheira, pela inspiração, in-
centivo e amor, sem o qual não poderia seguir adiante.
Ao Pai Pingo, por sua caminhada espiritual de luz, paz e caridade preser-
vando as raízes indígenas e africanas em Belém do Pará.
Aos estudantes, grandes mestres nesta jornada de eterna aprendizagem.
6
Prefácio
“Não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posi-
ção que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a 
uva e quem lucra com esse trabalho.”
Paulo Freire
Primeiramente é um prazer poder apresentar esta produção de um colega fi-
sioterapeuta, professor universitário, mestre em Saúde Coletiva e Doutor em 
História das Ciências, que em tão pouco tempo conseguiu produzir uma 
obra importantíssima.
Embora o prefácio possa ser entendido somente como uma apresentação 
deste livro, sabemos que a história do autor é também tão importante quanto 
sua obra. Quem a escreve tem vida, experiência, vivência, que contextuali-
zada, nos justifica o porquê dessas ideias, da condução de suas palavras. 
Formado na primeira turma da UFRJ (primeiro curso público em fisiotera-
pia no Estado do Rio de Janeiro e criado somente em 1993), época em que o 
Brasil tinha um pouco mais de 50 cursos e que, considerando os números 
apresentados, tem atualmente 442 cursos, Fabio viu este estrondoso cresci-
mento, não somente de cursos como também de números de profissionais.
Sua inquietude lhe levou a estudar referenciais teóricos da sociologia das 
profissões, para buscar o entendimento do que é profissão, como uma deter-
minada profissão alcança sua autonomia, sua valorização profissional, seu 
ideal de serviço, como se dão as disputas profissionais, o mercado, etc. 
Em sua prática docente pode ter contato com diversas instituições de ensino, 
alunos, dirigentes, professores, além de participar da Associação Brasileira 
de Ensino em Fisioterapia, bem como da aproximação de um conselho pro-
fissional. Isso demonstrou seu grande interesse em participar ativamente da 
construção da história da fisioterapia no Brasil. 
A preocupação com a saúde e a educação pública também sempre foram, e 
ainda é, sua veia mestra. Parte do entendimento que todo cidadão deve ter 
garantido o acesso de qualidade aos bens e serviços de saúde e educação; 
que nossos governantes, e outros que ocupam cargos de poder, têm o dever 
de promover melhoria de vida a população. 
Sendo assim, buscou em diversas áreas do saber explicações, definições, 
conceitos, para ajudarmos a pensar sobre nossa profissão. Esta obra não é 
somente importantíssima no meio acadêmico da fisioterapia, também passa 
a ser leitura obrigatória a todos os fisioterapeutas e, ousaria mais, também a 
outras profissões. O conteúdo acrescenta também reflexões a outras profis-
7
sões da saúde. Com certeza temos caminhos parecidos com outras profis-
sões e vice-versa. 
Neste contexto, Fabio nos conduz, com sua didática de um bom professor, 
caminho de reflexão em nossa profissão. Momentos raros de poder refletir 
sobre nossa verdadeira práxis. De como estamos e o que podemos mudar no 
nosso futuro. A realidade que nos apresenta não é pessimista, mas recheada 
de ações que podemos todos, unidos, fazermos para mudar nosso futuro. 
Sem ação não há futuro promissor. Sem reflexão, não saberemos como agir. 
O que não podemos é ficar parados, reclamando, deixando que outros pou-
cos façam por nós. Este é o grande convite!
Maria Alice Junqueira Caldas
Professora da Faculdade de Fisioterapia da UFJF, mestre em Educação Es-
pecial, doutora em Saúde Coletiva e Vice-coordenadora da Associação Bra-
sileira de Ensino em Fisioterapia – ABENFISIO (gestão 2009/2011)
8
Apresentação
Este livro é fruto de mais de uma década de atuação como professor das dis-
ciplinas de história e fundamentos da fisioterapia, ética e deontologia, e saú-
de coletiva em diferentes instituições públicas e privadas de ensino no país.
O texto aqui apresentado é baseado principalmente em minhas pesquisas de 
mestrado e doutorado relacionadas à profissão de fisioterapeuta no Brasil. 
Tais pesquisas não seriam possíveis sem o diálogo com diversos professores 
e pesquisadores das mais diferentes áreas, aos quais, desde já, registro mi-
nha gratidão. 
O presente trabalho foi também influenciadopelos anos de militância em 
diferentes espaços políticos da profissão. Neste ponto foram relevantes mi-
nha participação como fundador do Centro Acadêmico de Fisioterapia da 
UFRJ, fundador da Associação dos Acadêmicos de Fisioterapia do Estado 
do Rio de Janeiro (ASAFERJ), fundador e editor da revista técnico-científi-
ca Fisiobrasil, membro da Associação dos Fisioterapeutas do Estado do Rio 
de Janeiro (AFERJ) e do Sindicato dos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupa-
cionais do Rio de Janeiro (SINFITO-RJ), integrante da Associação Brasilei-
ra de Ensino em Fisioterapia (ABENFISO) e conselheiro do Conselho Regi-
onal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 2a. Região – CREFITO2. 
Mais do que participar de instituições e grupos, foi fundamental o contato 
humano, a troca de conhecimentos, experiências, reflexões, críticas, angús-
tias, decepções, alegrias e esperanças. 
Neste texto, procuro compartilhar o que aprendi ao longo destes anos com o 
leitor, trata-se de um convite/desafio à reflexão, ao pensar e agir sobre a rea-
lidade da qual fazemos parte coletivamente.
O ponto de partida é a história como ferramenta de análise da construção da 
identidade social da profissão de fisioterapeuta no país. De onde viemos e 
quem somos como profissão organizada é entendimento fundamental para 
compreendermos nossas tendências e superarmos desafios na construção 
coletiva do presente e futuro. Esta construção tem relação com a história, 
com doenças, desenvolvimento de técnicas, com disputas entre categorias 
profissionais, com a política, sociedade e diferentes outros setores e interes-
ses. 
Ao produzir este livro, parti do pressuposto de que a realidade é produzida 
histórica e socialmente por nós. Temos, portanto, a capacidade de interferir 
positiva ou negativamente em nossas vidas e também na realidade, no pre-
sente e no futuro de nossa profissão.
9
Em função deste pressuposto, optei por organizar didaticamente o livro em 
três partes, seguindo orientações gerais da metodologia da problematiza-
ção1. 
A partir da observação da realidade da profissão de fisioterapeuta, analisei 
diferentes pontos de vista, incômodos, contradições e/ou problemas a serem 
superados, para então buscar embasamento teórico necessário para intervir 
na realidade. Seguindo esta orientação, a primeira parte do livro intitula-se 
“Observação da realidade”, onde o leitor será convidado a refletir sobre a 
realidade do fisioterapeuta de hoje, buscando identificar possíveis contradi-
ções.
Na segunda parte do livro os diversos textos apresentam as “bases teóricas” 
(história e legislação profissional) que permitem o aprofundamento na dis-
cussão sobre a profissão de fisioterapeuta e suas múltiplas relações.
Na terceira parte são discutidas algumas das alternativas de enfrentamento e 
superação dos problemas, a “aplicação à realidade”, com base nos achados 
teóricos discutidos anteriormente. 
Este livro destina-se a todos que queiram refletir e aprofundar questões rela-
cionadas à profissão de fisioterapeuta no Brasil. Professores e estudantes 
podem utilizar este livro também como guia para as disciplinas dos cursos 
de graduação e pós-graduação em fisioterapia, especialmente as relaciona-
das à história e fundamentos de fisioterapia, ética e deontologia profissional 
e legislação em fisioterapia2.
Espera-se com este livro oferecer informações relevantes sobre a profissão 
de fisioterapeuta no Brasil, e, também, criar oportunidades de profunda re-
flexão e ação sobre a realidade profissional.
Boa leitura!
Fabio Batalha Monteiro de Barros
fabiobmb@gmail.com
1 Berbel, N.AN. (Org.) Metodologia da Problematização: Fundamentos e Aplicações. Eduel, 
Londrina, 1999.
2Para utilização didática durante as disciplinas da graduação e pós-graduação sugiro a leitura 
do anexo ao final do livro intitulado “Guia didático para professores e estudantes”.
10
Índice
Prefácio..............................................................................7
Apresentação......................................................................9
Observação da realidade...............................................17
Introdução........................................................................18
O senso comum................................................................19
A opinião dos fisioterapeutas...........................................21
A visão oficial..................................................................25
Definições oficiais sobre a profissão de fisioterapeuta....27
Formação dos fisioterapeutas no país..............................35
Entidades da fisioterapia e a importância do coletivo......38
Qual o problema?.............................................................40
Bases teóricas.................................................................45
Produção bibliográfica sobre a profissionalização da fisioterapia.46
Mas o que é afinal uma profissão?...................................51
A fisioterapia antes do fisioterapeuta ..............................56
Profissões e Modernidade................................................61
Apropriação dos saberes populares..................................63
Reabilitação: campo de disputas profissionais.................67
A Formação de fisioterapeutas no cenário internacional. 69
A expansão da fisioterapia e da reabilitação no Brasil....73
Reabilitação e a cura social..............................................75
Organismos internacionais e a multiplicação de centros de 
reabilitação.......................................................................78
Poliomielite......................................................................82
Poliomielite e o desenvolvimento da fisioterapia............87
As epidemias de poliomielite no Brasil...........................95
Filantropia e a fundação da ABBR..................................99
Os primeiros fisioterapeutas brasileiros.........................104
Identidade e disputas profissionais................................112
O Reconhecimento da profissão....................................117
Os projetos de lei no Congresso Nacional anos antes da 
regulamentação da profissão..........................................125
11
O processo de reconhecimento da ERRJ no Conselho Na-
cional de Educação.........................................................127
Uma história de luta ......................................................133
A regulamentação..........................................................136
Criação do sistema COFFITO/CREFITOS....................138
Disputas no Supremo Tribunal Federal.........................141
O currículo mínimo de 1983..........................................147
A Fisioterapia na virada do século XXI.........................149
Desafios e tendências.....................................................152
Legislação referente a profissão de Fisioterapeuta .....................154
Leis Federais........................................................................154
Decreto-Lei 938/69 – Reconhece a profissão de Fisiotera-
peuta e de Terapeuta Ocupacional no país.....................154
Lei 6.316/75 – Cria o Sistema COFFITO-CREFITOS .156
Inclui o Fisioterapeuta na categoria funcional de nível su-
perior..............................................................................163
Jornada de trabalho máxima de 30 horais semanais......165
Principais resoluções do COFFITO.....................................166
Código de Ética Profissional..........................................166
Diagnóstico Fisioterapêutico, exames complementares e 
registro de empresas.......................................................174
Relação com empresas de Planos de Saúde...................176
Proibição de atender por convênio de plano de saúde 
quando este desrespeitar normas legais. Responsabiliza os 
CREFITOs pela fiscalização sob pena de omissão........179
Responsabilidade Técnica..............................................182
Relação professor/aluno nos estágios............................185Emissão de laudos, atestados e pareceres......................186
Práticas integrativas e complementares.........................188
Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapaci-
dade e Saúde - CIF.........................................................190
Referencial Nacional de Honorários Fisioterapêuticos - 
RNHF.............................................................................192
Resoluções e leis do Ministério da Saúde............................200
CNS define as 14 profissões de saúde no Brasil............200
Estratégia de Saúde da Família - NASF.........................201
Resoluções e leis do Ministério da Educação......................205
Diretrizes Curriculares Nacionais da Fisioterapia.........205
Carga Horária Mínima dos cursos de graduação...........211
Tempo mínimo de integralização dos cursos ................215
12
Aplicação à realidade..................................................219
Bibliografia e fontes....................................................227
Anexos..........................................................................237
Guia didático para professores e estudantes..................238
Bases de dados sobre fisioterapia e saúde na internet....241
Lista de debates via e-mail.............................................242
SITES.............................................................................243
Parecer 602 de 1961, do Conselho Nacional de Educação
........................................................................................244
Texto do Parecer 388/63 antes de sofrer alterações no ple-
nário do CFE..................................................................247
Texto final do Parecer 388/63 aprovado com correções no 
plenário do CFE e Portaria Ministerial 511/64..............249
Reconhecimento da Escola de Reabilitação...................250
Atualização e contatos...................................................251
13
“É preciso que saibamos que, sem certas qualidades ou virtudes como amo-
rosidade, respeito aos outros, tolerância, humildade, gosto pela alegria, gos-
to pela vida, abertura ao novo, disponibilidade à mudança, persistência na 
luta, recusa aos fatalismos, identificação com a esperança, abertura à justiça, 
não é possível a prática pedagógico-progressista, que não se faz apenas com 
ciência e técnica. ”
Pedagogia da Autonomia, Paulo Freire.
14
Observação da realidade
15
Introdução
Há diversas formas de perceber a realidade. Por mais objetiva que seja a vi-
são da realidade, sempre será parcial e relativa. Por isso cada um de nós, ao 
observarmos a realidade que nos cerca pode (e deve) perceber a realidade de 
maneira diferente, e esta percepção poderá ser modificada cada vez que se 
volta a observar. Nossa observação, portanto, depende de nossa história pes-
soal ou profisisonal, nível de escolaridade, experiências pregressas, estado 
de humor entre tantas outras variáveis.
Já dizia o filósofo Heráclito (aprox. 500 a.C.) que um homem nunca toma 
banho duas vezes no mesmo rio, pois no tempo entre duas ações o homem e 
o rio já não são mais os mesmos. Tudo se modifica, a todo o tempo.
Isso não significa, no entanto, que não se possa observar criticamente a rea-
lidade, mas que devemos, ao observa-la, escutar ou ler a opinião de outros 
observadores, nos questionar sobre qual o ponto de vista de determinada ob-
servação, seja ela resultado de uma conversa, entrevista, matéria de jornal, 
artigo ou documento oficial. Quais interesses estão em jogo? Qual a conjun-
tura social e histórica? De onde fala este observador? A quais interesses 
procura atender?
Obviamente, tal postura crítica vale também para a observação da realidade 
descrita aqui neste livro. Por mais ampla que seja, bem realizada e atualiza-
da, sempre será relativa, provisória e parcial. De forma didática apresentare-
mos três análises diferentes sobre a profissão de fisioterapeuta, “o senso co-
mum”, “a visão dos fisioterapeutas” e a “visão oficial”. 
16
O senso comum
Quando nos referimos ao senso comum temos as mais variadas opiniões so-
bre a profissão de fisioterapeuta. É possível perceber isso ao entrevistar pes-
soas que não tenham formação na área da saúde, donas de casa, trabalhado-
res em geral. Inclusive estudantes de primeiro período, em sua maioria, tra-
zem ainda muito do senso comum sobre a profissão de fisioterapeuta. Cada 
um dos leitores está convidado a pesquisar e refletir sobre qual é o senso co-
mum sobre a profissão de fisioterapeuta, em sua casa, seu bairro, local de 
trabalho/estudo e em sua cidade.
Em minhas observações, o senso comum vem tratando o fisioterapeuta prin-
cipalmente como profissional da reabilitação. Isso não é estranho, tendo em 
vista que ainda muitos fisioterapeutas tem forte identificação com este con-
ceito. “Profissional que trata de pessoas em reabilitação após acidente”, “es-
pécie de médico”, “reabilita pacientes com massagem”. Muitas pessoas con-
fundem o fisioterapeuta com médico, massagista ou mesmo com educador 
físico. 
Não é raro também a população associar o trabalho do fisioterapeuta com o 
atendimento de pessoas com algum tipo de lesão, ou pessoas com deficiên-
cia física.
O que reina, de maneira geral, é um enorme desconhecimento por parte da 
população sobre quem é o fisioterapeuta e o que ele realmente faz. Não é de 
se estranhar tamanho desconhecimento quando entendemos uma outra quei-
xa recorrente da população: a dificuldade de acesso ao profissional. Mesmo 
aqueles que têm lesões importantes como sequelas de acidente vascular en-
cefálico, encontram dificuldades para ter acesso ao fisioterapeuta na rede 
pública de saúde. Com tamanha falta de contato com o fisioterapeuta, é 
compreensível que a população não o reconheça.
As referências à palavra reabilitação, reabilitar, readaptar, restaurar, recon-
dicionar são muito utilizadas na fala da população e indicam normalmente a 
crença de que caberia ao fisioterapeuta devolver ao paciente algo que lhe foi 
tirado (função/movimento), seja por um acidente, lesão ou outro processo 
de adoecimento.
Normalmente as pessoas também se referem a ida a um fisioterapeuta com a 
expressão “fazer fisioterapia”. E as consultas como “sessões”. Tais expres-
sões são muitíssimo comuns.
É interessante, pois trata-se de uma forma diferenciada de referir-se ao trata-
mento com o fisioterapeuta, uma vez que com outras profissões da saúde 
normalmente não se encontra tal forma de expressão (irei ao médico, ao in-
vés de “vou fazer medicina”; irei ao dentista, ao invés de “vou fazer odonto-
logia”). Tal referência parece indicar que a população sabe da importância 
17
da fisioterapia como tratamento, no entanto tem dificuldade em reconhecer 
o fisioterapeuta como responsável desta área. Obviamente pessoas que já 
foram atendidas por um bom fisioterapeuta guardam boas opiniões sobre o 
trabalho deste profissional e normalmente o reconhecem como membro im-
portante da área da saúde. 
Mais pesquisas com relação à satisfação da população e relevância social do 
fisioterapeuta deveriam ser realizadas para identificar com maior precisão a 
visão da população sobre esta categoria profissional, tanto por usuários do 
SUS (Sistema Único de Saúde), quanto por clientes de planos privados de 
saúde e consultas particulares.
18
A opinião dos fisioterapeutas
Nas listas e grupos de discussão da internet3, em congressos e eventos, ou 
mesmo nos locais de trabalho é fácil perceber diversas reclamações dos fisi-
oterapeutas quanto ao exercício de sua profissão. Sugiro que você leitor, 
procure conversar com alguns fisioterapeutas com atuação em áreas e locais 
de trabalho diferentes da profissão. Certamente ouvirá queixas, opiniões 
mais otimistas ou pessimistas.
Baixa remuneração nos planos de saúde privados, mercado de trabalho satu-
rado, falta de autonomia nos serviços de saúde, baixos salários, jornadas du-
plas ou triplas de trabalho, poucos pacientes particulares, excesso de facul-
dades, poucas vagasem concursos públicos etc. Muitas destas queixas, ob-
viamente, também são comuns a todas as categorias profissionais da saúde, 
em maior ou menor grau.
As reclamações com relação aos Conselhos de fiscalização do exercício 
profissional (CREFITOs) também são frequentes e estão relacionadas nor-
malmente a falta de reconhecimento da profissão por parte da população, a 
falta de empregos/concursos públicos e a existência de quantidade exagera-
da de novos profissionais sendo colocados no mercado de trabalho.
Obviamente tais opiniões divergem muito em função da colocação do pro-
fissional no mercado de trabalho. Em geral, quanto melhor a remuneração, 
mais otimista sua opinião com relação a realidade observada (e vice-versa). 
Muitos profissionais recebem boa remuneração tanto no SUS quanto no 
atendimento particular. Nas grandes cidades, mas também em municípios 
menores é possível identificar profissionais realmente satisfeitos com seu 
nível de remuneração.
A seguir, veremos um trecho da mensagem de uma fisioterapeuta recém for-
mada em uma lista de discussão na internet, relatando diferentes problemas 
da profissão que a levaram a cancelar seu registro profissional. A mensagem 
é forte e costuma provocar um bom debate.
“Se arrependimento matasse...
Pois é... Infelizmente, as notícias que venho dar não são as melhores... Con-
clui o curso de Fisioterapia super motivada... Queria mesmo ser Fisiotera-
peuta, e até cheguei a sentir desdém por aquelas pessoas que entram num 
curso, mas depois querem mudar... Bem! O curso afinal não é o que parece 
ser. Infelizmente! Se houvesse escala para desilusão, eu estaria bem no 
topo. De qualquer forma, os motivos que me levam a querer desistir da Fisi-
3 Nos anexos finais do livro são divulgadas algumas das listas de discussão sobre fisioterapia e 
sites existentes na internet.
19
oterapia e não querer sequer considerar, ou reconsiderar como atividade 
profissional para o resto da minha vida são:
1- O desemprego! Pois é, desiludam-se aqueles que pensam que entrar para 
Fisioterapia é sinônimo de emprego garantido e bons ordenados! O 
desemprego é uma realidade dessa profissão e os baixos salários também. 
Após a faculdade esse mercado é cruel! Há casos de alunos que acabaram 
há três anos passados o curso com boa média e estão desempregados, por-
que não há trabalho! E quando há são muito fracamente remunerados. Mas 
como se isso não bastasse, o Crefito diz que esse não é problema dele e não 
faz nada! A abertura de mais cursos em faculdades privadas não ajuda nada, 
além desses cursos só possuírem 1/3 de professores mestres e doutores, o 
mínimo exigido, a qualidade com base científica passa longe da maioria. E 
depois não adianta se especializar, como eu fiz em Saúde Coletiva, não é di-
ferencial nenhum na carreira, é só dinheiro jogado fora! A realidade é que, 
para se levar uma vida digna como Fisioterapeuta, o profissional precisa tra-
balhar pelo menos em 3 lugares, se já é difícil uma única oportunidade ima-
gine 3!!!
2- Outro problema é a desunião dos profissionais que também não facilita o 
emprego e não têm posição política... Os Fisioterapeutas não se mobilizam 
para melhorar a categoria, não lutam por interesses comuns, a começar pelo 
Crefito que não está nem aí para os problemas do mercado profissional, a 
instituição que deveríamos contar e que era para nos representar é omissa! 
Parece que o Crefito só quer ir a eventos e sair bonito na foto da revista que 
nós pagamos! 
3- Poucos Fisioterapeutas conseguem entrar no SUS. Não há concurso para 
Fisioterapeuta, e quando tem colocam 1 vaga para 10 mil candidatos, um 
absurdo! O mesmo que nada! E não basta passar na prova escrita, tem a pro-
va de títulos, geralmente quem passa possui mestrado ou doutorado e anos 
de experiência profissional. E o PSF? Somos sempre os últimos a entrar nos 
programas do governo a custo de muito blá blá blá e sacrifício, por quê? 
Cadê o reconhecimento profissional?
4- Os planos de saúde pagam uma miséria para os tratamentos de Fisiotera-
pia! No hospital ou na clínica lá estão os planos de saúde e somos meros 
prestadores de serviços, praticamente trabalhando de graça. Nesse caso as 
saídas são viver de filantropia ou abrir seu próprio consultório e seguir no 
barco sozinho, viver dos pacientes/clientes que acreditam no seu trabalho, 
pagando um preço justo, pode até ser compensador e parece muito bonito, 
mas não funciona e não ajuda a mudar a realidade da profissão, ainda é um 
investimento tão caro que você trabalha para pelo menos conseguir o retor-
no investido e nem sempre consegue. Ainda tem que depender dos médicos 
20
encaminharem pacientes, que autonomia profissional é essa? Por isso a mai-
oria vai a falência!
5- Terminar o curso onde aprendemos milhares de técnicas de diagnóstico e 
tal e tal e tal, para depois, mais tarde, se limitar a ler na receita o que o mé-
dico mandou fazer. Para que então perder tempo com Fisiologia, 
Patologia... Estatística!!!???
Quem sofre com tudo isso é o próprio paciente, é a sociedade que necessita 
dos nossos conhecimentos e trabalho!!!”
A ideia aqui não é julgar se a colega que escreveu o texto tem razão ou não, 
mas refletir sobre o que foi dito. O pior que podemos fazer é ignorar um de-
poimento de um colega, mesmo que seja uma opinião isolada pode sim pro-
vocar questionamentos importantes para o coletivo da profissão. Confrontar 
essa opinião com o senso comum e a versão oficial é importante para com-
preendermos mais profundamente a realidade da profissão no país, entender 
suas contradições.
Certamente que cada um de nós, individualmente, tem responsabilidades so-
bre a qualidade de sua formação, sua trajetória de estudos e capacitação per-
manente após a graduação e também sobre sua colocação no mercado de 
trabalho. Não se trata de retirar do indivíduo suas responsabilidades, mas, 
por outro lado, não se pode ficar alienado ignorando as influências da reali-
dade social e profissional na qual estamos inseridos. Tomar consciência dis-
so é passo fundamental para superar os problemas da realidade apresenta-
dos. 
Faço esse alerta em razão de um discurso muito presente que procura culpa-
bilizar o indivíduo por todos os males, como se fosse possível nos isolarmos 
do contexto mais geral, coletivo. 
A grande mídia e muitos colegas reforçam esta ideologia individualista do-
minante e afirmam que se você está desempregado é por incompetência sua, 
você é que não fez cinco pós-graduações e diversos cursos caríssimos, não 
fala três idiomas, não fez estágios na Europa e Estados Unidos, não traba-
lhou de graça por alguns anos junto a profissionais de renome, enfim, a cul-
pa é única e exclusivamente sua. Trata-se, portanto, de questão puramente 
individual. Ora, tal culpabilização só interessa as classes dominantes que 
ganham com a exploração e alienação dos trabalhadores. 
Na verdade este discurso esconde causas importantes do problema, mais co-
letivas: formação universitária deficiente, limitante e inadequada que não 
atende nem à profissão nem tampouco às necessidades de saúde da popula-
ção dificultando a inserção no mercado de trabalho; desemprego provocado 
para criar um contingente de reserva, criando disputas internas entre os tra-
21
balhadores, baixando salários e precarizando vínculos empregatícios; lide-
ranças da profissão e gestores do SUS mais preocupados com seus interes-
ses próprios do que com a coletividade; alienação política e social que au-
menta a competitividade predatória entre os membros de uma mesma pro-
fissão conduzindo à desunião e perda de força da coletividade; incapacidade 
de mobilizar a categoria e exercer pressão sobre as entidades profissionais e 
mercado público e privado de trabalho empobrecendo as condições de em-
pregabilidade etc.
Na definição de problemas, algumas páginas adiante, voltaremos à análise 
destas questões. 
22
A visão oficial
Nesta seção reproduziremos um pouco da visão dos órgãos oficiais e repre-sentantes do Estado brasileiro na área da fisioterapia. O ponto de vista ofici-
al pode ser obtido na legislação da profissão, resoluções dos conselhos regi-
onais e federal, em conversas com fisioterapeutas membros de associações, 
conselhos, sindicatos e demais entidades. Uma pesquisa de jurisprudência 
sobre ações na justiça relacionadas ao exercício profissional do fisioterapeu-
ta pode oferecer também uma visão oficial/judicial sobre a área.
A profissão de fisioterapeuta foi regulamentada no Brasil através do Decre-
to-Lei 938/69, em 13 de outubro de 1969. 
O fisioterapeuta pode ser definido como um profissional de nível superior 
da área de saúde, pleno, autônomo que atua isoladamente ou em equipe em 
todos os níveis de assistência à saúde, incluindo a prevenção, promoção, de-
senvolvimento, tratamento e recuperação da saúde em indivíduos, grupos de 
pessoas ou comunidades. É o profissional de saúde que se ocupa do movi-
mento humano em toda sua plenitude, com o objetivo de preservar, manter, 
desenvolver e restaurar a integridade de órgãos, sistemas e funções corpo-
rais.
No exercício de sua profissão, o fisioterapeuta poderá atuar em diferentes 
áreas e segmentos. Na atuação clínica, de tratamento e recuperação em saú-
de, este profissional pode trabalhar em clínicas privadas, consultórios e hos-
pitais, seja integrando uma equipe com outros fisioterapeutas e/ou outros 
profissionais de saúde, seja atuando isoladamente. 
Especialidades e áreas de atuação
Na área clínica o fisioterapeuta utiliza métodos diagnósticos específicos, 
prescreve e administra tratamento através de diferentes técnicas manuais, 
biomecânicas, neurofisiológicas utilizando as próprias mãos, induzindo mo-
vimentos e posturas terapêuticas, agregando equipamentos elétricos e ele-
trônicos tais como gerador de ultra-som, microondas terapêutico, ondas cur-
tas, laser, infravermelho, indutores de correntes galvânicas, farádicas, russa, 
interferencial, entre outros diversos aparelhos com funções estabelecidas de 
analgesia, eletroestimulação, cicatrização de tecidos etc. Os recursos utiliza-
dos pelo fisioterapeuta vão desde a hidroterapia, eletroterapia, até a mecano-
terapia, fototerapia, cinesioterapia dentre outros. Os recursos terapêuticos 
estabelecidos na fisioterapia têm utilidade em diferentes quadros patológi-
cos e disfunções, desdobrando-se em diversas áreas de atuação profissional, 
como, apenas exemplificando, a atuação na prevenção e tratamento das dis-
funções uro-ginecológicas, em alterações cutâneas tais como úlceras de de-
23
cúbito e no campo da estética, na saúde da criança, do idoso, nas disfunções 
dos sistemas neurolocomotor e cardio-respiratório, nas disfunções têmporo-
mandibulares, dentre muitas outras.
Além da fisioterapia clínica, este profissional pode atuar na área da saúde 
coletiva, como por exemplo, em programas e projetos de saúde pública, nas 
ações básicas em saúde, na área de vigilância sanitária e no campo de fisio-
terapia do trabalho ou saúde do trabalhador. 
Na área de educação e pesquisa sua atuação poderá ser como professor es-
pecialmente em universidades lecionando disciplinas básicas nos cursos de 
graduação da área de saúde e todas as disciplinas e conteúdos básicos e es-
pecíficos na graduação em fisioterapia, além de coordenar ou dirigir cursos 
e realizar projetos de pesquisa científica. Outras possibilidades de atuação 
encontram-se na área esportiva, no desenvolvimento, tratamento e recupera-
ção do atleta e na prevenção de lesões e na indústria de equipamentos e ma-
teriais fisioterapêuticos.
Em conseqüência das habilidades e competências adquiridas na graduação e 
em cursos de pós-graduação, o fisioterapeuta, atualmente, exerce a profissão 
atuando nos mais diferentes locais, tais como: hospitais (ambulatórios, en-
fermarias, UTIs, serviços especializados), clínicas, consultórios, indústrias, 
postos de saúde, creches, escolas, universidades, centros de pesquisa, clu-
bes, órgãos governamentais, dentre outros.
Até início de 2011 o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacio-
nal – COFFITO havia reconhecido as seguintes especialidades do fisiotera-
peuta:
Especialidades reconhecidas pelo COFFITO
• Acupuntura
• Fisioterapia Dermato-Funcional
• Fisioterapia Esportiva
• Fisioterapia do Trabalho
• Fisioterapia Neuro-Funcional
• Fisioterapia Onco-Funcional
• Fisioterapia Respiratória
• Fisioterapia Traumato-Ortopédica
• Fisioterapia Urogineco-Funcional
• Osteopatia e Quiropraxia
• Fisioterapia em Saúde coletiva
• Fisioterapia em Saúde da Mulher
24
O fisioterapeuta é responsável por todo o processo fisioterapêutico: diag­
nóstico fisioterapêutico (incluindo avaliação físico­funcional, diagnóstico 
cinesiológico­funcional e diagnóstico diferencial em fisioterapia) solicita­
ção de exames complementares (se necessário), prognóstico, prescrição 
do tratamento, realização do tratamento propriamente dito, reavaliações 
suscessivas e alta do tratamento.
Definições oficiais sobre a profissão de fisioterapeuta
Trazemos aos leitores três visões sobre a profissão de fisioterapeuta. A pri-
meira definição é a do site institucional do COFFITO, a segunda do Minis-
tério do Trabalho - Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) e a tercei-
ra é a do site institucional da Associação Brasileira de Ensino em Fisiotera-
pia (ABENFISIO).
COFFITO:
Fisioterapia é uma ciência da Saúde que estuda, previne e trata os distúrbios 
cinéticos funcionais intercorrentes em órgãos e sistemas do corpo humano, 
gerados por alterações genéticas, por traumas e por doenças adquiridas. 
Fundamenta suas ações em mecanismos terapêuticos próprios, sistematiza-
dos pelos estudos da Biologia, das ciências morfológicas, das ciências fisio-
lógicas, das patologias, da bioquímica, da biofísica, da biomecânica, da ci-
nesia, da sinergia funcional, e da cinesia patologia de órgãos e sistemas do 
corpo humano e as disciplinas comportamentais e sociais. 
Fisioterapeuta é o Profissional de Saúde, com formação acadêmica Superi-
or, habilitado à construção do diagnóstico dos distúrbios cinéticos funcio-
nais (Diagnóstico Cinesiológico Funcional), a prescrição das condutas fisio-
terapêuticas, a sua ordenação e indução no paciente bem como, o acompa-
nhamento da evolução do quadro clínico funcional e as condições para alta 
do serviço. 
Atividade de saúde, regulamentada pelo Decreto-Lei 938/69, Lei 6.316/75, 
Resoluções do COFFITO, Decreto 9.640/84, Lei 8.856/94. 
25
Áreas de atuação
FISIOTERAPIA CLÍNICA 
1.1 - Atribuições Gerais 
1.1.1 - Prestar assistência fisioterapêutica (Hospitalar, Ambulatorial e em 
Consultórios) 
1.1.2 – Elaborar o Diagnóstico Cinesiológico Funcional, prescrever, plane-
jar, ordenar, analisar, supervisionar e avaliar os projetos fisioterapêuticos, a 
sua eficácia, a sua resolutividade e as condições de alta do cliente submeti-
do a estas práticas de saúde. 
1.2 - Atribuições Específicas 
1.2.1 - Hospitais, Clínicas e Ambulatórios 
a) Avaliar o estado funcional do cliente, a partir da identidade da patologia 
clínica intercorrente, de exames laboratoriais e de imagens, da anamnese 
funcional e exame da cinesia, funcionalidade e sinergismo das estruturas 
anatômicas envolvidas. 
b) Elaborar o Diagnóstico Cinesiológico Funcional, planejar, organizar, su-
pervisionar, prescrever e avaliar os projetos terapêuticos desenvolvidos nos 
clientes. 
c) Estabelecer rotinas para a assistência fisioterapêutica, fazendo sempre as 
adequações necessárias. 
d) Solicitar exames complementares para acompanhamento da evolução do 
quadro funcional do cliente, sempre que necessário e justificado. 
e) Recorrer a outros profissionais de saúde e/ou solicitar pareceres técnicos 
especializados, quando necessário. 
f) Reformular o programa terapêutico sempre que necessário. 
g) Registrar no prontuário do cliente, as prescrições fisioterapêuticas, sua 
evolução, as intercorrências e as condições de alta da assistência fisiotera-
pêutica. 
h) Integrar a equipe multiprofissionalde saúde, sempre que necessário, com 
participação plena na atenção prestada ao cliente. 
i) Desenvolver estudos e pesquisas relacionados a sua área de atuação. 
j) Colaborar na formação e no aprimoramento de outros profissionais de 
saúde, orientando estágios e participando de programas de treinamento em 
serviço. 
k) Efetuar controle periódico da qualidade e da resolutividade do seu traba-
lho. 
l) Elaborar pareceres técnicos especializados sempre que solicitados. 
1.2.2 - Em Consultórios 
26
a) Elaborar o Diagnóstico Cinesiológico Funcional, a partir da identidade da 
patologia clínica intercorrente, de exames laboratoriais e de imagens, da 
anamnese funcional e exame da cinesia, da funcionalidade e do sinergismo 
das estruturas anatômicas envolvidas. 
b) Estabelecer o programa terapêutico do cliente, fazendo as adequações ne-
cessárias. 
c) Solicitar exames complementares e/ou requerer pareceres técnicos espe-
cializados de outros profissionais de saúde, quando necessários. 
d) Registrar em prontuário ou ficha de evolução do cliente, a prescrição fisi-
oterapêutica, a sua evolução, as intercorrências e as condições de alta em Fi-
sioterapia. 
e) Colaborar com as autoridades de fiscalização profissional e/ou sanitária. 
f) Efetuar controle periódico da qualidade e funcionalidade dos seus equipa-
mentos, das condições sanitárias e da resolutividade dos trabalhos desenvol-
vidos. 
1.2.3 - Centros de Recuperação Bio-Psico-Social (Reabilitação) 
a) Avaliar o estado funcional do cliente, através da elaboração do Diagnósti-
co Cinesiológico Funcional a partir da identidade da patologia clínica inter-
corrente, de exames laboratoriais e de imagens, da amnese funcional e do 
exame da cinesia, da funcionalidade e do sinergismo das estruturas anatômi-
cas envolvidas. 
b) Desenvolver atividades, de forma harmônica na equipe multiprofissional 
de saúde. 
c) Zelar pela autonomia científica de cada um dos membros da equipe, não 
abdicando da independência científico-profissional e da isonomia nas suas 
relações profissionais. 
d) Participação plena na atenção de saúde prestada a cada cliente, na inte-
gração das ações multiprofissionalizadas, na sua resolutividade e na delibe-
ração da alta do cliente. 
e) Participar das reuniões de estudos e discussões de casos, de forma ativa e 
contributiva aos objetivos pretendidos. 
f) Registrar no prontuário do cliente, todas as prescrições e ações nele de-
senvolvidas. 
SAÚDE COLETIVA 
2.21 - Atribuição Principal 
Educação, prevenção e assistência fisioterapêutica coletiva, na atenção pri-
mária em saúde. 
2.2 - Atribuições Específicas 
2.2.1 - Programas Institucionais 
27
a) Participar de equipes multiprofissionais destinadas a planejar, implemen-
tar, controlar e executar políticas, programas, cursos, pesquisas ou eventos 
em Saúde Pública. 
b) Contribuir no planejamento, investigação e estudos epidemiológicos. 
c) Promover e participar de estudos e pesquisas relacionados a sua área de 
atuação. 
d) Integrar os órgãos colegiados de controle social. 
e) Participar de câmaras técnicas de padronização de procedimentos em saú-
de coletiva. 
f) Avaliar a qualidade, a eficácia e os riscos a saúde decorrentes de equipa-
mentos eletro-eletrônicos de uso em Fisioterapia. 
2.2.2 - Ações Básicas de Saúde 
a) Participar de equipes multiprofissionais destinadas ao planejamento, a 
implementação, ao controle e a execução de projetos e programas de ações 
básicas de saúde. 
b) Promover e participar de estudos e pesquisas voltados a inserção de pro-
tocolos da sua área de atuação, nas ações básicas de saúde. 
c) Participar do planejamento e execução de treinamentos e reciclagens de 
recursos humanos em saúde. 
d) Participar de órgãos colegiados de controle social. 
2.2.3 - Fisioterapia do Trabalho 
a) Promover ações terapêuticas preventivas a instalações de processos que 
levam a incapacidade funcional laborativa. 
b) Analisar os fatores ambientais, contributivos ao conhecimento de distúr-
bios funcionais laborativos. 
c) Desenvolver programas coletivos, contributivos à diminuição dos riscos 
de acidente de trabalho. 
2.2.4 - Vigilância Sanitária 
a) Integrar a equipe de Vigilância Sanitária. 
b) Cumprir e fazer cumprir a legislação de Vigilância Sanitária. 
c) Encaminhar às autoridades de fiscalização profissional, relatórios sobre 
condições e práticas inadequadas à saúde coletiva e/ou impeditivas da boa 
prática profissional. 
d) Integrar Comissões Técnicas de regulamentação e procedimentos relati-
vos a qualidade, a eficiência e aos riscos sanitários dos equipamentos de uso 
em Fisioterapia. 
e) Verificar as condições técnico-sanitárias das empresas que ofereçam as-
sistência fisioterapêutica à coletividade. 
EDUCAÇÃO 
3.1 - Atribuição Principal 
28
a) Dirigir, coordenar e supervisionar cursos de graduação em 
Fisioterapia/Saúde. 
b) Lecionar disciplinas básicas e profissionalizantes dos Cursos de Gradua-
ção em Fisioterapia e outros cursos na área da saúde. 
c) Elaborar planejamento de ensino, ministrar e administrar aulas, indicar 
bibliografia especializada e atualizada, equipamento e material auxiliar ne-
cessários para o melhor cumprimento do programa. 
d) Coordenar e/ou participar de trabalhos inter e transdisciplinares. 
e) Realizar e/ou participar de atividades complementares à formação profis-
sional. 
f) Participar de estudos e pesquisas em Fisioterapia e Saúde. 
g) Supervisionar programas de treinamento e estágios. 
h) Executar atividades administrativas inerentes à docência. 
i) Planejar, implementar e controlar as atividades técnicas e administrativas 
do ano letivo, quando do exercício de Direção e/ou Coordenação de cursos 
de graduação e pós-graduação. 
j) Orientar o corpo docente e discente quanto à formação do Fisioterapeuta, 
abordando visão crítica da realidade política, social e econômica do país. 
k) Promover a atualização didática pedagógica em relação à formação pro-
fissional do Fisioterapeuta. 
OUTRAS 
4.1 - Equipamentos e produtos para Fisioterapia (industrialização e comer-
cialização) 
a) Desenvolver/Projetar protótipos de produtos de interesse do Fisioterapeu-
ta e/ou da Fisioterapia. 
b) Desenvolver e avaliar a utilização destes produtos no meio social. 
c) Elaborar manual de especificações. 
d) Promover a qualidade e o desempenho dos produtos. 
e) Coordenar e supervisionar as demonstrações técnicas do produto junto 
aos profissionais Fisioterapeutas. 
f) Assessorar tecnicamente a produção. 
g) Supervisionar e coordenar a apresentação do produto em feiras e eventos. 
h) Desenvolver material de apoio para treinamento. 
i) Participar de equipes multiprofissionais responsáveis pelo desenvolvi-
mento dos produtos, pelo seu controle de qualidade e análise de seu desen-
volvimento e risco sanitário. 
4.2 - Esporte 
a) Planejar, implantar, coordenar e supervisionar programas destinados à re-
cuperação funcional de atletas. 
29
b) Realizar avaliações e acompanhamento da recuperação funcional do cli-
ente. 
c) Elaborar programas de assistência fisioterapêutica ao atleta de competi-
ção. 
d) Integrar a equipe multiprofissional de saúde do esporte com participação 
plena na atenção prestada ao atleta. 
EXIGÊNCIAS LEGAIS 
5.1 - Responsabilidade Técnica de empresas 
a) Toda empresa ligada a produção de equipamentos de utilização em Fisio-
terapia e as que prestam assistência fisioterapêutica, são obrigadas ao regis-
tro nos Órgãos de controle e fiscalização do exercício da atividade profissi-
onal da Fisioterapia (Lei n.º 6.316/75). 
b) No momento da solicitação de seu registro, deverão apresentar profissio-
nal Fisioterapeuta, para assumir a responsabilidade técnica da Empresa pe-
rante o órgão de fiscalização, a quem serão imputadas as responsabilidades 
pelas quebras da ética social que não sanear ou denunciar. 
5.2 - Registro Profissional 
a) Para o exercício da atividade profissional de Fisioterapeuta no país, é exi-
gível além da formação em curso universitário superior, o registro do seu tí-
tulo no ConselhoProfissional da categoria. 
b) A atividade profissional só é permitida após o trâmite processual e a con-
cessão de Carteira de Identidade Profissional de Fisioterapeuta (Lei nº 
6.316/75). 
Fonte: www.coffito.org.br
30
Ministério do Trabalho:
Classificação Basileira de Ocupações – CBO:
A Classificação Brasileira de Ocupações – CBO identifica ocupações no 
mercado de trabalho para fins classificatórios junto aos registros administra-
tivos e domiciliares. Os efeitos de uniformização pretendida pela CBO são 
de ordem administrativa e não se estendem a relações de trabalho.
Nomenclatura adotada: Família é a unidade do sistema de classificação. 
Ocupação é o conjunto articulado de funções, tarefas e operações destinadas 
à obtenção de produtos ou serviços. É representada pelo código de 4 
números.
Família: Fisioterapeutas
Código: 2236
Código - ocupação
2236-05 - Fisioterapeuta geral
2236-25 - Fisioterapeuta respiratória
2236-30 - Fisioterapeuta neurofuncional
2236-35 - Fisioterapeuta traumato-ortopédica funcional
2236-40 - Fisioterapeuta osteopata
2236-45 - Fisioterapeuta quiropraxista 
2236-50 - Fisioterapeuta acupunturista 
2236-55 - Fisioterapeuta esportivo
2236-60 - Fisioterapeuta do trabalho
Descrição Sumária da CBO
Aplicam técnicas fisioterapêuticas para prevenção, readaptação e recupera-
ção de pacientes e clientes. Atendem e avaliam as condições funcionais de 
pacientes e clientes utilizando protocolos e procedimentos específicos da fi-
sioterapia e suas especialidades. Atuam na área de educação em saúde atra-
vés de palestras, distribuição de materiais educativos e orientações para me-
lhor qualidade de vida. Desenvolvem e implementam programas de preven-
ção em saúde geral e do trabalho. Gerenciam serviços de saúde orientando e 
supervisionando recursos humanos. Exercem atividades técnico-científicas 
através da realização de pesquisas, trabalhos específicos, organização e par-
ticipação em eventos científicos.
Fonte: CBO-MTE (10/2010)
Site CBO: www.mtecbo.gov.br
31
Associação Brasileira de Ensino em Fisioterapia:
REFERENCIAL DE FISIOTERAPIA 
Carga horária mínima dos cursos de graduaçaõ em fisioterapia: 4000 h 
Tempo de integralização mínimo do curso: 5 anos 
PERFIL DO EGRESSO 
O fisioterapeuta é um profissional de saúde que atua em todos os níveis da 
atenção à saúde e em todos os ciclos de vida, objetivando a prevenção, a 
promoção e a recuperação, participando direta e indiretamente do processo 
de reabilitação de seres humanos, o que faz por meio do estudo e aplicação 
de um referencial teórico-prático, baseado em evidências científicas, dos 
distúrbios cinético-funcionais intercorrentes em órgãos e sistemas do corpo 
humano gerados por alterações genéticas, por traumas, por doenças adquiri-
das ou de origem psicossomática, mediante ações preventivas ou de promo-
ção da saúde, de tratamento humanizado, globalizado e holístico, que bus-
cam a recuperação da saúde funcional dos indivíduos. 
Intervém, sobretudo, no movimento do corpo humano em todas as suas for-
mas de expressão e de potencialidades, quer nas alterações patológicas, ci-
nético-funcionais, quer nas repercussões psíquicas e orgânicas, preservando, 
desenvolvendo, restaurando a integridade de órgãos, sistemas e funções, 
desde a elaboração dos diagnósticos cinesiológicos funcionais, por meio da 
consulta fisioterapêutica, com base na Classificação Internacional de Funci-
onalidade, Incapacidade e Saúde (CIF/OMS), a eleição e a prescrição de 
condutas fisioterapêuticas convencionais e/ou integrativas e complementa-
res, sua ordenação e indução no paciente, execução, bem como, o acompa-
nhamento da evolução do quadro clínicofuncional e as condições de alta do 
serviço de Fisioterapia. 
Faz uso de recursos físicos e naturais, isolados ou combinados, de caráter 
prioritariamente terapêuticos, mas podendo ter caráter estético, que envol-
vam: o movimento, a postura e a manipulação osteopática e quiropráxica 
dos segmentos do corpo humano (cinesioterapia); luz (fototerapia); sol (he-
lioterapia); frio (crioterapia); calor (termoterapia); água (hidroterapia); ele-
tricidade (eletroterapia); massagem terapêutica (massoterapia); som (soni-
doterapia); com aparatos mecânicos por meio de equipamentos que auxili-
am na movimentação dos segmentos corporais ou do corpo como um todo 
(mecanoterapia); cavalos (equoterapia); bioenergéticos (acupuntura, do-in, 
shiatsu), entre outros. 
 
32
Formação dos fisioterapeutas no país
A evolução da profissão de fisioterapeuta ao longo das últimas décadas tem 
sido marcada pela constante luta da categoria em busca de mais espaço e 
destaque na área de saúde, através de uma melhor qualidade e resolutivida-
de assistencial e da implementação de cursos de graduação e também de 
pós-graduação lato e strictu sensu nas principais universidades brasileiras.
Ao longo dos anos a fisioterapia desenvolveu-se gradualmente em todo país 
e especialmente nos últimos 15 anos ocorreu um grande crescimento na 
oferta de vagas nos cursos de graduação, não somente acompanhando o mo-
vimento de expansão dos cursos em toda área de saúde, mas indo além, fato 
verificado principalmente pela procura dos vestibulandos por esta gradua-
ção. De acordo com o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacio-
nal (Revista O COFFITO - OUTUBRO 2000) até outubro do ano de 2000 
eram cerca de 200 Instituições de Ensino Superior (IES) que ofertavam gra-
duação em fisioterapia no Brasil. No início de 2011, de acordo com o siste-
ma E-MEC esse número mais que dobrou, chegando a 442 IES. Outro dado 
que chama a atenção é que o curso de graduação em fisioterapia tem um dos 
menores percentuais de vagas públicas dentre os cursos da área da saúde.-
Veja no quadro a seguir um comparativo de vagas públicas e privadas entre 
os principais cursos da área de saúde.
 
Adaptado de MEC/INEP/DEED /2011
Neste quadro percebe-se que a graduação em fisioterapia é a que tem o me-
nor percentual de concluintes em instituições públicas e ao mesmo tempo o 
segundo maior número total de concluintes dentre todas as profissões da 
33
Número e percentual de concluintes em diferentes cursos de graduação ano 2009 
Comparação concluintes instituições de ensino públicas e privadas
cursos concl.publicas perc.públicas concl.privadas perc.privadas total concl.
 Fis io terapia 1.421 8,03% 16.278 91,97% 17.699 
 Terapia ocupaciona l 227 23,38% 744 76,62% 971 
 Nutrição 1.639 16,06% 8.565 83,94% 10.204 
 Fonoaudiologia 398 21,87% 1.422 78,13% 1.820 
 Farm ácia 3.517 19,96% 14.100 80,04% 17.617 
 Medicina 5.861 49,33% 6.020 50,67% 11.881 
 Enferm agem 4.977 12,23% 35.715 87,77% 40.692 
 O dontologia 3.071 36,09% 5.439 63,91% 8.510 
 Educação fís ica 2.167 14,63% 12.650 85,37% 14.817 
 Serv iço social 2.395 22,76% 8.129 77,24% 10.524 
 Veter inária 2.545 40,30% 3.770 59,70% 6.315 
 Psico logia 3.433 19,87% 13.847 80,13% 17.280 
área da saúde. Considerando que a meta do Plano Nacional de Educação 
(PNE) é que o setor público ofereça 40% das vagas de ensino superior, a 
graduação em fisioterapia é a que mais necessita de investimento com aber-
tura de novos cursos nas universidades públicas. 
O segundo lugar ocupado no total de concluintes (privado e geral) parece 
indicar realmente um excesso de profissionais colocados no mercado, quan-
do comparado a outras profissões da saúde. Medicina e odontologia, por ex-
emplo, encontram-se no outro extremo, com bom percentual de vagas públi-
cas e provável escassez de profissionais. Obviamente a escassez não deve 
ser desejada, pois embora valorize a profissão no mercado (lei da oferta e da 
procura) penaliza a população pela falta de profissionais. Mas também o ex-
cesso de profissionais pode criar tensões indesejáveis.
A falta de vagas públicas para formação dos fisioterapeutas é um problema 
que pode provocar baixa produção científica, baixa qualidade e pouca ade-
rência ao SUS. Emboraexistam cursos privados de excelência na formação 
(melhores que instituições públicas), o setor privado, na média, não tem um 
bom histórico de investimentos em pesquisa e formação para o SUS.
No quadro a seguir, quando verificado o número de cursos de graduação, a 
situação permanece semelhante, com excessivo número de cursos de fisiote-
rapia.
Número de cursos de graduação no país (2009)
Cursos
Psicologia 495
Farmácia 444
Medicina 185
Educação Física 381
Fisioterapia 491
Fonoaudiologia 96
Nutrição 324
Terapia Ocupacional 53
Enfermagem 752
Odontologia 196
Adaptado de MEC/INEP/DEED /2011
34
Com relação à distribuição dos fisioterapeutas no país, segundo informa-
ções do COFFITO existiam até o início de 2011, cerca de 141.747 profissio-
nais, com alta concentração na região sudeste (São Paulo com 30,11%, Rio 
de Janeiro com 16.78% e Minas Gerais com 12,82%). Mais da metade dos 
fisioterapeutas estão localizados em apenas três estados brasileiros, restando 
as demais regiões do país quantidade insuficiente de profissionais.
35
Entidades da fisioterapia e a importância do coletivo
Em termos de representação, a profissão de fisioterapeuta no país está orga-
nizada por meio de associações científicas, culturais, profissionais e de ensi-
no, sindicatos e conselhos de fiscalização profissional4.
São centenas de associações que reúnem profissionais das mais diversas 
áreas de atuação. Tais associações representam os interesses de seus afilia-
dos e buscam, em geral, aproximar os profissionais desenvolvendo a catego-
ria e oferecendo benefícios aos seus associados. Diversas associações pro-
movem eventos científicos (cursos, congressos, oficinas, seminários), incen-
tivando a publicação de trabalhos, divulgação e produção científica nas 
mais diversas áreas de atuação. Quanto mais sócios ativos tiverem as associ-
ações, maior será sua representatividade, sua força política e maiores os be-
nefícios para seus afiliados.
Os sindicatos, por sua vez, são menos numerosos e tem por objetivo reunir e 
representar fisioterapeutas na área trabalhista, nas negociações salarias, de-
finições do piso salarial e assistência jurídica aos seus sindicalizados. A par-
ticipação ativa junto aos sindicatos está diretamente ligada as condições dig-
nas de trabalho e remuneração da categoria profissional.
Já o sistema COFFITO/CREFITOS, tem legalmente atribuições bem dife-
rentes das demais entidades. Não se trata de um órgão de representação de 
classe, nem tampouco tem por objetivo defender interesses de seus afilia-
dos. Trata-se de uma autarquia pública federal que tem por objetivo garantir 
a qualidade assistencial na área da fisioterapia no país. É um órgão público 
da administração indireta, que por força de lei deve fiscalizar a prestação de 
serviços na área, criar normas que definam critérios de atuação e julgar des-
vios e problemas encontrados. O Conselho funciona também como órgão 
cartorial de registro obrigatório do profissional e tribunal de ética. 
A inscrição no Conselho e o pagamento das anuidades é condição obrigató-
ria para o exercício da profissão de fisioterapeuta no país. Dentre todas as 
entidades da fisioterapia, os Conselhos de Fiscalização são os que possuem 
os maiores recursos financeiros, da ordem de dezenas de milhões de reais 
por ano em virtude da arrecadação das anuidades e taxas obrigatórias pagas 
pelos fisioterapeutas e empresas da área. Os membros dos Conselhos Regi-
onais (CREFITOs) são eleitos a cada quatro anos pelos profissionais inscri-
tos na jurisdição do conselho. Para o Conselho Federal, as eleições são indi-
retas, um delegado de cada Conselho Regional vota para a conformação da 
chapa. O voto indireto, neste caso, herança de uma legislação criada durante 
a ditadura militar brasileira (Lei 6.316/75), tem recebido críticas de boa par-
4 No site www.coffito.org.br o leitor poderá verificar as listagens com diversos sindicatos, as-
sociaçôes e conselhos regionais da fisioterapia.
36
te dos fisioterapeutas. Uma das alternativas possíveis independentemente de 
alterações na legislação seria que cada CREFITO realizasse uma votação 
prévia para o Conselho Federal com os profissionais inscritos em sua juris-
dição e o resultado deste pleito fosse levado diretamente como voto na elei-
ção do COFFITO. 
Outras possibilidades devem ser pensadas com vistas a modernizar e demo-
cratizar o processo eleitoral e ampliar a gestão participativa, controle e 
transparência dos gastos públicos principalmente no âmbito dos Conselhos 
de Fiscalização Profissional, em função do montante de recursos públicos 
administrados, mas também em associações e sindicatos.
Além das entidades específicas da fisioterapia, constituem-se em importan-
tes espaços de participação e construção social para o fisioterapeuta (ou es-
tudante de fisioterapia) as associações de moradores, conselhos de saúde, 
centros acadêmicos, diretórios de estudantes, associações de pesquisa e pós-
graduação, sindicatos de trabalhadores da saúde, grupos de discussão na in-
ternet entre tantos outros.
Há uma frase atribuída a Frei Betto que diz que “governo é como feijoada, 
só funciona na pressão”. Em outras palavras, para que as coisas funcionem, 
para que haja conquistas e avanços, é preciso que haja diálogo entre as pes-
soas, organização coletiva, participação ativa nas reuniões, grupos e entida-
des e cobrança, pressão sobre nossos representantes. Isso vale para o Centro 
Acadêmico da faculdade, Coordenação de Curso, Sindicato, Associação, 
Conselhos, Prefeituras e tantos outros locais e sistemas de poder.
Neste sentido o velho ditado de que a “união faz a força” é totalmente ver-
dadeiro, o individualismo somente nos enfraquece, somos seres sociais, co-
letivos e a história mostra que é na construção coletiva (reflexão crítica e 
responsável, diálogo e ação) que reside nossa força de transformação da rea-
lidade e superação dos problemas.
37
Qual o problema?
“Como presença consciente no mundo não posso escapar à responsabilidade 
ética no meu mover-me no mundo. Se sou puro produto da determinação 
genética ou cultural ou de classe, sou irresponsável pelo que faço no mover-
me no mundo e se careço de responsabilidade não posso falar em ética. Isto 
não significa negar os condicionamentos genéticos, culturais, sociais a que 
estamos submetidos. Significa reconhecer que somos seres condicionados 
mas não determinados. Reconhecer que a História é tempo de possibilidade 
e não de determinismo, que o futuro, permita-se-me reiterar, é problemático 
e não inexorável”. (Freire, 1996)
Ao refletir sobre a realidade da profissão de fisioterapeuta no país, o faze-
mos com o objetivo de pensar e agir sobre esta realidade, transformando-a. 
Esta deve ser nossa responsabilidade ética, de estarmos conscientes como 
fisioterapeutas, trabalhadores da saúde e cidadãos. Este movimento de refle-
xão-ação-reflexão deve ser feito em profundidade, se reconhecemos, como 
disse Paulo Freire, que o futuro não é algo imutável ou pré-determinado, 
mas problemático. 
Se não quisermos ficar apenas na superfície, no senso comum, reclamando 
dos problemas, é necessário analisar a fundo a realidade que nos cerca, para 
depois identificar os condicionamentos que operam em nós: a história soci-
al, cultural, “genética” da profissão.
 
Quais são então os problemas que identificamos na realidade da profissão 
de fisioterapeuta? Quais incômodos, contradições? Quais as diferenças entre 
o senso comum, o profissional e a versão oficial?
Recorremos a outro educador, Saviani, para nos ajudar a pensar sobre o que 
é um problema:
"Qual é, então, a essência do problema? No processo de produção de sua 
própria existência o homem se defronta com situações ineludíveis, isto é: 
enfrenta necessidades de cuja satisfação depende a continuidade mesma da 
existência. Ora, este conceito de necessidade é fundamental para se entender 
o significado essencial da palavra problema. Trata-se, pois, de algo muito 
simples, emborafreqüentemente ignorado. A essência do problema é a ne-
38
cessidade. (...) Assim, uma questão, em si, não caracteriza o problema, nem 
mesmo cuja resposta é desconhecida; mas uma questão cuja resposta se des-
conhece e se necessita conhecer, eis aí um problema. Algo que eu não sei 
não é problema; mas quando eu ignoro alguma coisa que eu preciso saber , 
eis-me diante de um problema. Da mesma forma, um obstáculo que é neces-
sário transpor, uma dificuldade que precisa ser superada, uma dúvida que 
não pode deixar de ser dissipada são situações que se nos configuram como 
verdadeiramente problemáticas." (Saviani, 1996) 
Pois bem, cada um de nós pode, a partir do que foi até agora apresentado e 
baseado em suas experiências próprias, definir uma série de questões que 
necessita saber, dúvidas importantes para superar os obstáculos, incômodos 
ou contradições da realidade da profissão.
A seguir, retomaremos alguns dos principais problemas vistos anteriormen-
te. Caberá a nós julgar se são problemas verdadeiros (ou falsos problemas), 
se há interesse de nossa parte em aprofundar/pesquisar/ler as múltiplas rela-
ções destes problemas (causas, consequências e eventos relacionados) e se 
temos possibilidades de enfrentar/superar/intervir em algum nível com rela-
ção aos problemas selecionados.
Alguns dos possíveis problemas até aqui discutidos:
Desconhecimento da população sobre a atuação do fisioterapeuta;
Senso comum associando o fisioterapeuta como profissional somente de re-
abilitação;
Diferença da visão oficial para o que ocorre na prática profissional e no 
atendimento à população;
Poucos pacientes particulares;
Pequena participação em programas de governo (Saúde da família e outros);
Poucas vagas em concursos públicos;
Alienação, desinteresse e baixa participação política dos profissionais nos 
interesses coletivos;
Dependência do médico para receber pacientes encaminhados;
Fisioterapeutas que não fazem diagnóstico e prescrição própria e seguem 
apenas orientações médicas; 
Desemprego alto;
Dupla ou tripla jornada de trabalho;
Baixos salários;
Limitação dos planos de saúde para acesso direto ao fisioterapeuta;
39
Dificuldades de autonomia com relação a solicitação de exames comple-
mentares;
Conselhos profissionais pouco atuantes;
Desunião da categoria e baixa participação nas entidades de classe;
Excesso de faculdades formando profissionais de baixa qualidade;
Alta concentração de profissionais na região sudeste, saturando o mercado;
Especialidades com poucos profissionais atuando;
Dificuldades de acesso da população aos serviços profissionais no SUS;
Baixa produção científica na área;
De todas as questões aqui apresentadas – dentre outras que o leitor pode 
acrescentar, devemos definir, para fins didáticos, sobre qual (ou quais) pro-
blema(as) vamos nos concentrar. A ideia é que nos concentrando em algu-
mas questões principais (pontos-chaves) possamos de fato contribuir para o 
enfrentamento de um problema.
A escolha e redação do problema deverá obedecer ao seu interesse (ou de 
seu grupo) em aprofundar determinados temas, ao tempo disponível para 
pesquisa e leitura, e à posição que você ocupa com relação à profissão (se 
estudante, profissional, professor, pesquisador, dirigente de entidade etc). 
No meu caso, como exemplo, redigi o seguinte problema para aprofundar 
aqui:
“A fraca inserção do fisioterapeuta no atendimento à população. Por um 
lado, a constante reclamação dos fisioterapeutas sobre a falta de vagas no 
serviço público, por outro o desconhecimento e dificuldade de acesso da po-
pulação aos serviços deste profissional.” 
Uma vez redigido o problema, é importante definir quais assuntos ou pon-
tos-chaves ajudam a explicar/entender o problema. Tais chaves do problema 
serão transformados em tópicos à pesquisar/estudar e estarão presentes mais 
adiante nas bases teóricas deste livro.
As chaves do problema
História da profissão de fisioterapeuta – será a fraca inserção no serviço pú-
blico uma característica histórica, um condicionamento ou herança profissi-
onal? Como surgiu a profissão e como tem sido seu desenvolvimento?
40
Fisioterapeuta e a reabilitação – qual a relação histórica e atual do fisiotera-
peuta com a reabilitação? Seria essa uma identificação que limitaria a atua-
ção profissional?
Autonomia e disputas profissionais – poderia existir relação entre disputas 
por mercado profissional e baixa inserção do fisioterapeuta no atendimento 
à população?
Legislação profissional – quais são as leis que definem o exercício da pro-
fissão no país?
A partir de agora, estas e outras questões servirão de base para a discussão 
teórica neste livro. Outras questões formuladas pelos leitores poderão en-
contrar aqui e em outras fontes explicações que permitam aprofundar a re-
flexão com vistas ao enfrentamento e superação dos problemas da realidade 
profissional.
41
42
Bases teóricas
43
Produção bibliográfica sobre a 
profissionalização da fisioterapia
Ao iniciar a abordagem sobre a história da profissão de fisioterapeuta, apre-
sento uma breve revisão de alguns autores que tem contribuído para apro-
fundar este tema.
A história da profissão de fisioterapeuta no país tem sido objeto de estudo 
de professores e pesquisadores, principalmente fisioterapeutas vinculados a 
programas de pós-graduação em áreas como saúde coletiva, educação e na 
própria fisioterapia. Diversos trabalhos têm abordado períodos recentes da 
profissionalização da fisioterapia, tendo principalmente o Decreto-Lei 938, 
que regulamenta as profissões de fisioterapeuta e de terapeuta ocupacional 
no Brasil, como ponto de partida de suas análises, passando pela criação dos 
Conselhos de Fisioterapia e de Terapia Ocupacional nos anos 1970 e utili-
zando, por vezes, a história como pano de fundo para suas produções acadê-
micas (Rebelatto, 1986; Rebelatto e Botomé, 1999; Moura Filho, 1999; Bar-
ros, 2002b; Nicida, 2002). 
Dentre os trabalhos pesquisados, cujo objeto de estudo está mais diretamen-
te relacionado com a história e profissionalização da fisioterapia merecem 
destaque a monografia de Figueirôa (1996), os artigos de Define e Feltrin 
(1986), Oliveira (2005), Marques (1994), Nascimento (2006), Barros (2003) 
e Sanchez (1971, 1984), as dissertações de Oliveira (2002), Nascimento 
(2004), Reis (2004) e Soares (1987).
A dissertação de Reis (2004) traz importantes contribuições a este campo de 
pesquisa, ao realizar uma análise da formação dos fisioterapeutas na Escola 
de Reabilitação do Rio de Janeiro. A partir de produções de educadores 
como Anísio Teixeira e Durmeval Trigueiro Mendes, a autora descreve as 
mudanças ocorridas na legislação educacional sobre a formação dos fisiote-
rapeutas brasileiros, a partir do parecer número 388 de 1963 até a instituição 
das Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Fisioterapia, em 2002. 
Ao analisar os cursos de nível superior existentes no Brasil no ano de 1966, 
Reis (2004) descreve a existência de seis instituições de ensino superior que 
ofereciam os cursos de fisioterapia e de terapia ocupacional, sendo uma ins-
tituição federal, duas instituições estaduais e três instituições privadas. Em 
comparação com outras profissões, em 1966 existiam 40 cursos de medici-
na, 35 de serviço social, 42 de odontologia, 5 de nutrição, 29 de farmácia e 
39 de enfermagem (Teixeira, 1989, p. 178 apud Reis, p.50).
O trabalho de Figueirôa (1996) oferece também contribuições importantes 
para a história da fisioterapia ao analisar a formação dos fisioterapeutas no 
país, a criação e as resoluções dos Conselhos de Fiscalização da profissão a 
44
partir de 1975 e o estabelecimento do currículo mínimo em 1983. A autora 
traça um panorama geral das principais instituições criadas no país com atu-
ação na área de reabilitação, iniciando com a fundação da Sociedade Pesta-
lozzi do Brasil, em 1932, na cidade de Belo Horizonte.
Ao referir-se sobre a experiência paulista de formação em fisioterapia, Fi-
gueirôa ressalta a importânciado Instituto Nacional de Reabilitação (INAR) 
que, a partir de 1958, passou a chamar-se Instituto de Reabilitação da Uni-
versidade de São Paulo (USP). De acordo com a autora, e baseando-se em 
palestra de José Rodrigues de Souza, médico do INAR, nessa instituição foi 
organizado um curso regular de formação de fisioterapeutas, com duração 
de dois anos, iniciado em 1958 e que formou a primeira turma ao final de 
1959. O INAR, que contou com a apoio e assessoria de organismos interna-
cionais, foi extinto em 1968, tendo sido o curso de fisioterapia assumido 
pela Faculdade de Medicina da USP.
Para Figueirôa (1996), a criação da ABBR é atribuída a Fernando Lemos, 
cujo filho teve poliomielite aos 15 anos. Após projetar diversos aparelhos 
para recuperação do filho, em sua casa em Petrópolis, Fernando Lemos ali-
ou-se a um grupo de médicos liderados por Oswaldo Pinheiro Campos e a 
um grupo de empresários, tendo a frente Percy Charles Murray. A ERRJ, 
de acordo com a autora, teria sido criada para atender à demanda de trata-
mento do Centro de Reabilitação da ABBR. 
O trabalho de Nascimento (2004) traz importantes contribuições históricas 
sobre a profissionalização da fisioterapia em Minas Gerais. Partindo de con-
ceitos do campo da sociologia das profissões, e utilizando da análise de do-
cumentos e principalmente de entrevistas, a autora reconstituiu, a partir da 
década de 1940, práticas anteriores à fisioterapia, tais como massagistas e 
duchistas que atuavam nas fazendas de fontes termais mineiras, hotéis e 
mesmo no Palácio do Governo. Um dos casos narrados neste trabalho foi o 
de Nicola Lettieri, massagista e duchista, que iniciou sua carreira em 1945 
no Grande Hotel de Araxá, sendo responsável pelo serviço de hidroterapia. 
O livro de José Rubens Rebelatto e Silvio Paulo Botomé (1999), intitulado 
“Fisioterapia no Brasil”, é um clássico sobre a constituição e formação dos 
fisioterapeutas brasileiros. Sua análise é feita principalmente a partir do 
campo da educação, embora aspectos históricos sejam utilizados de forma 
relevante, a partir de algumas fontes documentais, com o objetivo de discu-
tir os primeiros passos da regulamentação e formação dos fisioterapeutas, 
ainda na década de 1960. Na apresentação da primeira edição desse livro, o 
professor Carlos Eduardo dos Santos Castro revela seu entendimento sobre 
o início da formação dos fisioterapeutas no país:
45
“Os profissionais fisioterapeutas surgiram no Brasil, assim como em muitos 
outros países, para executar fórmulas já prontas de terapia física, comple-
mentares aos serviços médicos”. (Rebelatto e Botomé, 1999).
Após análise do primeiro parecer do Conselho Federal de Educação, sobre a 
formação dos fisioterapeutas, Castro acrescenta:
“O que se pretendia, claramente, era manter uma estrutura de poder na área 
de Saúde, onde quem estudou mais, (não importa o quê), sabe, tem poder, e 
quem estudou menos, (ainda que temas específicos), não sabe, não tem po-
der e, portanto, é mero executor de ordens, ainda que de nível superior (Re-
belatto e Botomé, 1999).
Em seu capítulo sobre o objeto de trabalho da fisioterapia no Brasil, os auto-
res fazem uma análise de alguns documentos oficiais definidores da profis-
são. Concordando com Sanchez (1984), que afirmava que o objetivo dos 
primeiros cursos era formar fisioterapeutas para atuar exclusivamente em 
reabilitação, os autores se referem a índices alarmantes de poliomielite e al-
tas taxas de acidentes de trabalho como elementos importantes para ressaltar 
a necessidade de reabilitação de grande quantidade de pessoas, sejam crian-
ças com sequelas motoras, sejam trabalhadores que necessitavam ser reabi-
litados para reintegrar-se ao “sistema produtivo” (Rebelatto e Botomé, 
1999).
Nicida (2002) faz referência em seu trabalho à criação do curso de fisiotera-
pia da Universidade de São Paulo (USP), em 1958. De acordo com a autora, 
o curso “buscava atender aos programas de reabilitação que a Organização 
Panamericana da Saúde (OPAS) estava interessada em desenvolver na 
América Latina” (Nicida, 2002). Sobre a criação da ABF em 1959, a autora 
ressalta que em 1962, a associação foi “reconhecida oficialmente” pela As-
sociação Médica Brasileira (AMB) e, um ano mais tarde, reconhecida tam-
bém como membro da World Confederation for Physical Therapy (WCPT).
Para realização de sua pesquisa, Nicida realizou entrevistas com duas fisio-
terapeutas formadas pela USP: Ely Kögler Telg, formada em 1959 e Normi-
an de Oliveira Loureiro, formada em 1972. Sobre a formação dos fisiotera-
peutas nas primeiras turmas da USP, Ely ressalta que o curso era oferecido 
em horário integral, com teoria pela manhã e estágio à tarde. As aulas teóri -
cas eram feitas na USP e a parte prática no Hospital das Clínicas. 
De acordo com a entrevistada, Ely Kögler Telg, naquele período inicial a fi-
sioterapia era “muito confundida com massagem” tendo acrescentado: “lu-
tamos muito para não entrar na categoria de massagistas”. Em seu depoi-
mento ressalta que a formação dos fisioterapeutas era voltada, principal-
mente, para a atuação nas sequelas da poliomielite.
Marques e Sanches (1994), em artigo sobre os aspectos históricos e legais 
da origem e evolução da fisioterapia, descrevem o esforço do médico e pro-
46
fessor da Faculdade de Medicina da USP, Godoy Moreira, na criação do 
Instituto de Reabilitação. De acordo com os autores, a criação deste Institu-
to fazia parte de um projeto internacional de criação de diversos institutos 
na América Latina e surgiu da parceria entre a Organização Panamericana 
da Saúde (OPAS), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Confedera-
ção Mundial de Fisioterapia (WCPT). O curso de fisioterapia, iniciado no 
Instituto de Reabilitação, era o primeiro com “padrão internacional mínimo, 
com dois anos de duração”. Somente em 1967, a USP definiu o regulamento 
do curso de fisioterapia e, em 1970, reconheceu que os certificados dos cur-
sos expedidos entre 1958 e 1966 pelo Instituto de Reabilitação seriam equi-
valentes aos diplomas da USP. No período de 1957 a 1969, existiam seis 
instituições de ensino superior, formando fisioterapeutas: duas, no nordeste 
(Pernambuco e Bahia) e quatro, na região sudeste (São Paulo, Rio de Janei-
ro e Minas Gerais). Dos 600 fisioterapeutas formados nesse período, aproxi-
madamente 80% dedicaram-se à reabilitação, 10% abandonaram a profissão 
e 10% dedicaram-se a outras áreas da fisioterapia (Marques e Sanches, 
1994).
O primeiro curso para professores latino-americanos de fisioterapia foi rea-
lizado em 1969, na capital do México. Organizado pela OPAS/OMS em 
conjunto com a Confederação Mundial de Fisioterapia (WCPT), foram es-
colhidos dois participantes de cada país. Representando o Brasil, participa-
ram do curso dois fisioterapeutas e professores da USP, Danilo Vicente De-
fine e Eugenio Lopes Sanches (Sanchez, 1984). 
O trabalho de Soares (1987) sobre a história da profissão de terapeuta ocu-
pacional traz contribuições também para a história da fisioterapia. No de-
senvolvimento de sua pesquisa, a autora entrevistou Maria Antônia Pedrosa 
Campos, ex-secretária da ERRJ, e Fernando Lemos, um dos fundadores da 
ABBR. Foi entrevistada, também, a terapeuta ocupacional Neyde Hauck, 
que participou ativamente da implementação do Instituto de Reabilitação da 
USP. 
Para Soares, os serviços de reabilitação foram desenvolvidos no Brasil a 
partir da década de 1940 e 1950 e, para isso, o país contou com o apoio de 
organismos internacionais como a Organização Internacional do Trabalho – 
OIT, a Organização das Nações Unidas – ONU e a Organização Mundial da 
Saúde – OMS. Os serviços de reabilitação foram criados principalmente em 
hospitais gerais e especializados, reabilitação profissional ligados aos anti-
gos Institutos de Aposentadorias e Pensões- IAP´s e em entidades da socie-
dade civil, ligados à reabilitação física e mental (Soares, 1987).
Sobre a criação da ABBR, a autora ressalta que essa

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