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Resenha Crítica - Brasil, Cidades

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UNIVERSIDADE POTIGUAR/MOSSORÓ
ARQUITETURA E URBANISMO
PROJETO DE URBANISMO E PAISAGISMO: CIDADE
DOCENTE: CÍCERO WILDEMBERG MATIAS GOMES
Resenha Crítica Aluno: Gefferson Valente Maia 19/02/2020
MARICATO, Ermínia. Na periferia do mundo globalizado: metrópoles brasileiras. In:
MARICATO, Ermínia. Brasil, cidades: alternativas para a crise urbana. 3. ed. Petrópolis:
Editora Vozes, 2008. Cap. 1. p. 15-45.
A abordagem de Ermínia nesse primeiro capítulo mais introdutório do livro, que é o
presente objeto de estudo, tem como tema principal a urbanização no Brasil e suas
consequências em meio a população. A problematização tem como objetivo enriquecer o
conhecimento dos leitores a fim de lhes dar a oportunidade de criar soluções e possibilitar o
acontecimento de melhorias na malha urbana e na vida de quem a usufrui.
Como ferramentas de estudo, a autora analisa as grandes metrópoles do Brasil no
período em que a industrialização teve grande impacto e houve um acelerado processo de
urbanização, em meados do século XX até a sua última década. Os diagnósticos são feitos
através de pesquisas e gráficos obtidos pelas universidades das cidades estudadas, aspectos
socioeconômicos, políticos, urbanísticos, ambientais além de mostrar algumas abordagens de
outros autores sobre o tema, tais como Caio Prado JR., Ribeiro, Milton Santos, entre muitos
outros.
Após a intensa instalação de indústrias no Brasil e a automação do campo, nota-se que
a população urbana cresce exponencialmente e em contrapartida as áreas rurais vão se
esvaziando cada vez mais. Tal fato ocasiona a superlotação dos centros o tornando em um
ambiente insalubre, pois percebe-se a falta de infraestrutura, o aparecimento de doenças e o
aumento da insegurança e da violência. Como única opção, as pessoas começaram a se alojar
em áreas mais periféricas, acarretando no nascimento das favelas.
Concomitantemente nesse mesmo período, o país se encontra em sua fase de maior
crescimento econômico, onde se situava entre os 10 maiores PIBs do mundo, com índices
superiores a 7% de crescimento ao ano. Tendo em vista o crescente número de habitantes, em
1964, junto com o regime militar, o Brasil começa a voltar o seu recurso financeiro para o
mercado habitacional com a criação do Banco Nacional da Habitação (BNH) integrado ao
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Sistema Financeiro da Habitação (SFH), mudando o perfil das grandes cidades com o
surgimento da verticalização dos edifícios de apartamentos.
Chegando na década de 80, as taxas de crescimento demográfico superaram as do
crescimento do PIB, que se mostraram negativas nesse período, tal acontecimento
impulsionou a desigualdade social causando grande impacto na nação. As duas últimas
décadas do século XX, foram nomeadas “Décadas Perdidas”, pois além do declínio
econômico, a situação do desemprego continuava em um crescimento desenfreado. Maricato
afirma que essa tragédia urbana não é produto das décadas perdidas, mas que tem suas raízes
em cinco séculos de formação da sociedade brasileira, mais ainda após a privatização da terra
e da emergência do trabalho livre.
A partir daí, é notória uma mudança no crescimento do Brasil, as principais
metrópoles, que já se mostravam com mais de 1 milhão de habitantes, começam a apresentar
diminuição no crescimento, dando espaço para a expansão das cidades de porte médio, que
tinham em torno de 500 mil munícipes, que as ultrapassaram com uma média de 3% superior.
Um outro dado importante é que nas periferias das grandes metrópoles o desenvolvimento foi
maior do que nas áreas centrais, com um total de 14,7% a 3,1%, respectivamente, acarretando
ainda mais o aumento das regiões mais pobres.
Fugindo de todos os dados negativos, Maricato começa a citar os indicadores sociais
que evoluíram positivamente com o passar do tempo, dados obtidos pelo IBGE, tais como a
mortalidade infantil, que em 1940 apresentava cerca de 149 mortes a cada 1000 nascidos
enquanto que em 1999 esse número decresceu para 34,6, sendo os principais responsáveis a
extensão da rede pública de água, as campanhas de vacinação, atendimento às gestantes e
melhoria do nível de escolaridade da mãe. Além disso, a taxa de esperança de vida ao nascer
também cresceu, na qual em 1940 era de apenas 42,7 anos e em 1999 subiu para 68,4 anos.
Ou seja, apesar de todos os problemas que são bastantes visíveis, há uma notável e clara
melhora de vida de toda a população brasileira nesse período. Associando tais fatores ao
avanço da urbanização, considera-se responsável pelo fato de que há uma maior socialização
de informações, extensão do serviço de água potável, extensão dos serviços de vacinação,
acesso à antibióticos , atendimento médico ao parto e à gestante, aumento da escolaridade,
entre outras condições que são muito mais acessíveis em meios urbanos.
Em relação aos dados socioeconômicos, apesar de o Brasil ter crescido muito
financeiramente entre as décadas de 40 a 80, não mudou significativamente a grande
desigualdade social, que é muito presente até os dias de hoje, e nesse mesmo período,
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houveram ainda, quatro vezes, decréscimos no valor do salário mínimo. Apesar de estar em
décima colocação entre os PIBs mundiais, não resultou em um desenvolvimento humano
igualitário, causando um aprofundamento da desigualdade numa sociedade histórica e
tradicionalmente desigual provocando consequências para o desenvolvimento futuro do país.
Além disso, nas décadas de 80 e 90, aumentaram as taxas de desemprego, as relações
informais de trabalho e a pobreza, que continuavam crescendo nas áreas urbanas. O grande
problema para solucionar esse caso é o fato de a reestruturação ser quase impossível, visto
que os direitos são privilégios apenas de algumas pessoas, quando na verdade eram pra se
estender por toda a população. Um dos maiores fatores que agravam essa ocorrência é o
aumento da violência nos ambientes urbanos, de tal forma nunca vivenciada antes,
principalmente nas grandes metrópoles e é a partir daí que a autora começa a analisar a cidade
de São Paulo, pela facilidade de dados, para decorrer sobre o assunto.
Maricato inicia mostrando dados de desemprego e violência, aumento na taxa dos
homicídios e relaciona com o impressionante número de favelas existentes o que, de certa
forma, favorece o aumento desses percentuais, visto que grande parte da população que habita
nessas áreas são desprovidos de parâmetros, como escolaridade, segurança, infraestrutura,
saneamento, além da enorme facilidade do acesso ao tráfico e uso de drogas. Por não
existirem medidas efetivas que mudem esse quadro a tendência é cada vez mais piorar, estas
que deveriam ser tomadas pelo governo.
O último ponto tratado, traz uma abordagem mais geral e retrospectiva do que já havia
sido falado antes. Ela finaliza o capítulo fazendo a seguinte pergunta: “No contexto desse
cenário, o planejamento urbano é possível?” (MARICATO, 2008, p. 45).
Ao final da leitura, conclui-se que o capítulo contempla vários pontos cruciais para se
ter um conhecimento aprofundado de como se deu o processo de urbanização no Brasil,
descrevendo suas etapas históricas principais, as problemáticas e alguns de seus pontos
positivos. Contudo, a leitura se torna um pouco cansativa pois, ao longo dos parágrafos,
existem dados que se repetem inúmeras vezes trazendo uma sensação de redundância, mas no
geral, repousam sobre o corpo dos textos ótimas informações, as quais possuem o condão de
enriquecer o conhecimento da população, sejam arquitetos e urbanistas, sejam apenas curiosos
em busca da noção, para conscientizar e tentar tornar o país um lugar melhor.
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