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Desafios-contemporâneos---Unid-3-convertido

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DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS 
CAPÍTULO 3 – EXISTE ÉTICA NO 
DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO? 
Maicon Costa Borba Macedo 
 
 
 
 
INICIAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Introdução 
O desenvolvimento tecnológico é apontado por muitos pensadores contemporâneos 
como o motor do progresso dos países. Afinal de contas, as nações com maiores índices 
de crescimento em ciência e tecnologia também são as com melhores índices de 
emprego, educação, saúde, transporte. Além disso, graças aos avanços tecnológicos 
dos últimos anos, mais pessoas têm acesso a produtos como notebooks, celulares, 
smartphones, tablets e fármacos para as mais diferentes doenças. E os prognósticos 
apontam que, no futuro, isso se intensificará ainda mais, abrangendo todos os aspectos 
da existência humana. Mas quais são, verdadeiramente, as consequências desse 
intenso desenvolvimento tecnológico? Ele traz somente benefícios às sociedades? E 
quais seus impactos no meio ambiente? É preciso se preocupar com questões éticas? 
Neste capítulo, vamos abordar o impacto do desenvolvimento tecnológico no meio 
ambiente, sobretudo, sua interface com o consumo e o consumismo. Também vamos 
estudar os principais marcos do desenvolvimento tecnológico e sua influência na 
organização social, especialmente a partir da expansão da internet. Vamos ver os 
avanços da ciência na área da saúde e as questões éticas que isso suscita. E, por fim, 
iremos refletir sobre a influência das tecnologias no mundo do trabalho, identificando 
os desafios impostos aos trabalhadores. 
Bons estudos! 
 
 
 
3.1 Meio ambiente, consumo e ética 
O consumo faz parte da história humana e está associado à sobrevivência dos grupos 
sociais, como bem sugeriu o sociólogo Zygmunt Bauman (2012) em sua obra “Vida para 
consumo: a transformação das pessoas em mercadoria.” Produzir, estocar e trocar 
produtos tem sido algumas das principais atividades humanas desde a Pré-História. 
Durante muitos anos, o consumo visou suprir as necessidades humanas: compravam-se 
ou trocavam-se produtos que eram necessários à sobrevivência ou à condução da vida 
social. Mas essa maneira de consumir se modificou ao longo do tempo, principalmente 
após a Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra no século XVIII. 
A partir da Revolução Industrial a oferta de produtos passou a ser mais abundante e 
barata. O consumo tornou-se a base da movimentação da economia. E é com o 
aumento do consumo que as empresas passam a obter lucros. O consumidor, então, 
torna-se central nesse processo, pois é preciso convencê-lo a comprar os novos 
produtos disponíveis no mercado. Gradativamente, ao longo do século XX, temos a 
passagem do consumo para o consumismo. Mas qual a diferença entre consumo e 
consumismo? Vamos para a resposta a seguir. 
 
VOCÊ SABIA? 
No âmbito da natureza, são muitos os problemas ecológicos que resultam da 
sociedade atual, dos métodos de consumo de energia, de matéria-prima e, 
principalmente, dos rejeitos dos produtos eliminados no ambiente. A título de 
exemplo, podem ser citados: desertificações, buracos na camada de ozônio, 
alteração da acidez dos mares, desgelo das calotas polares, alterações climáticas, 
alterações das correntes marítimas, improdutividade das terras, entre outros. Na 
realidade, esses exemplos citados são somente alguns dos problemas ambientais que 
ameaçam o ecossistema da Terra. (PEREIRA; HORN, p. 17, 2019). 
O que se percebe na prática são os danos causados pelo consumismo desenfreado, 
que enfraquece a consciência do sustentável e se forma cada vez mais a mentalidade 
do ter em vez de preservar, porém, existem formas de produzir sustentavelmente, 
como é o caso das novas formas de energia, a reciclagem do lixo e o tratamento da 
água. 
Podemos observar que a sociedade em geral, bem como indústrias e empresas, 
principalmente esta última, trabalham para incluir o termo sustentabilidade, a fim de 
estabelecer o equilíbrio entre o consumo e a preservação, e um detalhe importante é 
que os consumidores estão preferindo produtos de empresas que desenvolvem 
projetos sustentáveis e isso consequentemente, está agregando valor aos produtos, 
incentivando ainda mais a produção sustentável, sabemos que é quase impossível 
recuperar o que foi danificado, mas ainda existe a possibilidade de desenvolver 
formas inteligentes de consumo sustentável. 
3.1.1 As diferenças entre consumo e consumismo 
Seguindo as reflexões de Bauman (2012, p. 25), o “consumismo é um tipo de arranjo 
social” baseado nos desejos e anseios das pessoas. Mas estes desejos não obedecem a 
uma reflexão autônoma dos indivíduos. Eles são fruto de construções sociais, impostas 
pelas empresas, com a ajuda de campanhas de marketing, que têm o objetivo de 
 convencer as pessoas – agora transformadas em “consumidoras” – de que elas 
precisam de determinados produtos. Temos, então, um tipo de organização social em que 
o consumo tornou-se tão importante que passou a ser percebido como “o verdadeiro 
propósito da existência” (CAMPBELL, 2004, apud BAUMAN, 2012, p. 24). 
De acordo com Bauman (2012), se nas sociedades e períodos históricos marcados pela 
lógica do consumo, a qualidade e a durabilidade dos produtos eram requisitos 
importantes, nas sociedades marcadas pelo consumismo os valores que implicam no 
consumo são outros. A segurança de um bem durável é substituída por uma quantidade 
cada vez maior de desejos imediatos, que são sempre renovados e ampliados, com a 
substituição constante dos objetos de desejo. Um bom exemplo é a velocidade com que 
os produtos tecnológicos, como celulares e computadores, tornam-se obsoletos. Como 
desfecho dessas constatações, temos uma espécie de círculo vicioso em que novos 
desejos demandam novos produtos e novos produtos demandam novos desejos. 
 
 
 
VOCÊ QUER LER? 
 
 
 
O site “Um Ano Sem Lixo”, da designer brasileira Cristal Muniz, relata a experiência da autora em tentar 
produzir o mínimo de lixo possível, evitando desperdícios e buscando alternativas viáveis para situações do 
dia a dia. O estilo de vida adotado pela blogueira prima por opções sustentáveis e que não agridam o meio 
ambiente (MUNIZ, 2018). Disponível em: <https://www.umanosemlixo.com/ 
(https://www.umanosemlixo.com/)>. 
 
 
 
Mas quais as consequências para o meio ambiente do consumo desenfreado? Os 
produtos que são vendidos nas lojas e supermercados pressupõem a utilização de 
recursos naturais, sendo que muitos não são renováveis. E se os produtos se tornam 
rapidamente obsoletos, isso significa que muitos vão parar na lata do lixo. Então, 
quanto mais consumimos, mais produzimos lixo. Quais as consequências para a 
natureza de uma produção descontrolada de lixo? 
3.1.2 Produção de bens de consumo e o meio ambiente 
Para sustentar uma sociedade baseada no consumo, a produção de bens deve ser cada 
vez mais intensa. O desenvolvimento tecnológico, sobretudo, nas últimas décadas, tem 
intensificado a produção desses bens. As empresas mais sofisticadas utilizam 
máquinas, computadores, robôs, dentre outras tecnologias para aumentar a sua 
produtividade. Com uma maior oferta e demanda de produtos, acompanhamos o 
aumento do uso dos recursos naturais, o avanço da emissão de gases poluentes e uma 
acentuada produção de lixo (LEONARD, 2011). 
O uso intensivo dos recursos naturais nem sempre é acompanhado dos cuidados que a 
atividade demanda. Um exemplo que ilustra essa questão refere-se ao que ficou 
conhecido como o “Desastre de Mariana”, no estado de Minas Gerais, em que o 
rompimento de uma barragem de rejeitos de mineração, em 2015, causou uma série de 
danos ambientais. A tragédia é fruto de umaexploração desenfreada dos recursos 
naturais, almejando o lucro sem as devidas preocupações com o meio ambiente. 
 
Deslize sobre a imagem para Zoom 
 
Figura 1 - O lixo é um grande desafio às cidades: apenas 3% de todo o lixo produzido no Brasil é reciclado. 
Fonte: Strahil Dimitrov, Shutterstock, 2018. 
 
 
Outro recurso natural bastante utilizado em nossa sociedade é o petróleo, que ainda é 
uma das bases que possibilita o movimento da economia de diversos países, tanto 
como combustível para veículos automotores, como em seus diversos usos na indústria 
de materiais plásticos. No entanto, a queima de combustíveis fósseis é responsável 
pela emissão de grandes quantidades de CO2 (dióxido de carbono) no planeta, um dos 
principais gases responsáveis pelo efeito estufa e, consequentemente, pelo 
aquecimento global (GIDDENS, 2012). 
A produção de lixo é outra consequência do consumo desenfreado dos nossos tempos. 
Em todo o ciclo de produção de bens, que começa com o processo de extração de 
matérias-primas da natureza, até sua utilização e descarte, há a geração de lixo em 
estado gasoso, líquido e sólido. Além disso, um grande desafio enfrentado pelas 
cidades é o que fazer com a quantidade de lixo produzido diariamente, uma vez que seu 
descarte inadequado causa sérios danos ao meio ambiente. Um dos danos é a poluição 
dos mares e rios, que gera degradação da vida marinha e põe em risco o abastecimento 
de água potável (PEREIRA, 2011). Além disso, há a emissão de gases produzidos pelos 
lixões, que intensificam o aquecimento global e poluem os lençóis freáticos. Apesar 
disso, muitas pessoas ainda não têm consciência dos riscos à vida do planeta que o 
descarte incorreto do lixo representa, por isso sacolas plásticas e embalagens de todo o 
tipo são comumente encontrados jogados pelas ruas. 
Mas será que a produção de lixo e a poluição do planeta é um caminho sem volta? E o 
que nós podemos fazer para amenizar ou até mesmo frear essa situação? 
3.1.3. Possibilidades para reverter a degradação do meio ambiente 
As soluções para os problemas apontados anteriormente não são simples e exigem a 
sensibilização do maior número possível de pessoas e, também, dos nossos 
governantes. Como afirma Anthony Giddens (2012), é preciso impor limites à destruição 
do planeta e para tanto o engajamento das nações é imprescindível. Mas em escala 
individual, algumas atitudes, como as descritas a seguir, também podem ser adotadas 
para transformar nossa sociedade e colaborar com o planeta. 
 
 
VOCÊ SABIA? 
Anthony Giddens descreveu um cenário limítrofe que chamou de paradoxo de Giddens: por 
mais que os prognósticos em relação ao futuro do planeta sejam desastrosos se não 
revertermos a destruição do meio ambiente, o conhecimento que temos acerca do 
fenômeno da mudança climática não é suficientemente forte para mudar os hábitos 
cotidianos que contribuem para este fenômeno. O paradoxo reside no fato de que, 
quando a mudança climática se fizer sentir ao ponto de modificar os hábitos da 
população, será demasiado tarde para freá-la (GIDDENS, 2012). 
 
 
Uma atitude passível de ser adotada é repensar nosso modelo de consumo. É 
necessário que cada vez mais pessoas passem a praticar um consumo consciente, 
refletindo se os bens adquiridos são uma necessidade ou apenas um impulso 
consumista. Junto disso, é possível contribuir com a preservação dos recursos naturais 
ao buscar informações sobre a origem da matéria-prima dos bens que consumimos – se 
foram produzidos com baixo impacto ambiental, por exemplo, e se são recicláveis. 
Outra providência que tem sido empregada em cidades que buscam reduzir a emissão 
de gases poluentes é o estímulo ao uso do transporte público. 
 
 
 
CASO 
A cidade de Paris, na França, tem por prática dar gratuidade no transporte 
público em dias que a poluição na cidade alcança picos muito elevados, o que faz 
com que menos carros circulem, diminuindo a emissão de gases poluentes. No 
Brasil, há cidades em que a poluição alcança níveis até duas vezes superiores aos 
estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde, como é o caso de São Paulo. 
Apesar disso, não são tomadas medidas como a adotada por Paris. Quais 
interesses estão em jogo quando medidas comprovadamente eficazes para o 
combate à poluição não são observadas no Brasil? É comum em nosso país que 
decisões importantes a respeito do meio ambiente sejam tomadas levando em 
consideração, primeiramente, interesses econômicos – como é o caso dos das 
empresas de transporte público – em detrimento de interesses de ordem social e 
ambiental. Nesse sentido, é necessário um amplo debate na sociedade civil e 
uma maior pressão sobre o poder público para que interesses econômicos não se 
sobreponham ao da maioria da população. 
 
 
 
 
Para além das ações individuais, também é preciso demandar ações voltadas para a 
preservação do meio ambiente, tais como leis que coíbam o desmatamento e a 
poluição do solo e dos rios. Adotar uma postura ética perante a natureza, tanto a nível 
individual quanto a nível institucional e governamental, é urgente para frear a 
degradação ambiental. Além da questão ambiental, o desenvolvimento tecnológico 
também tem impacto nas relações sociais, assunto de estudo do nosso próximo tópico. 
 
 
3.2 O impacto da tecnologia nas relações 
sociais 
As tecnologias são inerentes à vida do homem em sociedade. Embora o termo seja 
costumeiramente empregado para designar produtos modernos e sofisticados do 
tempo presente, tecnologia remete às técnicas, métodos, instrumentos, utensílios 
empregados na realização das atividades humanas. Se pensarmos nas ferramentas 
construídas com pedras lascadas, no período que remonta à Pré-História, as 
ferramentas com pedras polidas representam uma tecnologia melhorada e as com 
metais, uma verdadeira transformação tecnológica. Comparando com as máquinas e os 
instrumentos do nosso tempo, as ferramentas do período histórico denominado Idade 
dos Metais parecem obsoletas. 
Mas será que o domínio tecnológico do presente não seria consequência de 
cumulativas invenções e descobertas realizadas ao longo do tempo? E, por outro lado, 
existiriam peculiaridades no desenvolvimento tecnológico contemporâneo? Na 
verdade, o homem sempre desenvolveu tecnologia, a novidade é a dinâmica que elas 
assumiram nas sociedades capitalistas atuais. 
 
 
 
 
VOCÊ QUER VER? 
 
 
 
Nesta vídeo-reportagem você vai perceber a influência da tecnologia no desenvolvimento humano e social do ser 
humano, se pensarmos em gerações podemos separar basicamente em dois grupos, a geração pré internet e a 
gerações pós internet, você nasceu antes ou depois da internet? Que impacto a tecnologia tem na sua vida e na vida 
de sua família? Vamos juntos refletir com a ajuda desta belíssima reportagem. Clique no link para acessar 
<https://youtu.be/DLwmdfvC_cs>. 
 
 
 
3.2.1 Os grandes marcos tecnológicos das sociedades humanas 
A história das tecnologias é marcada por eventos importantes, que determinaram a 
sobrevivência da espécie humana no planeta e a forma de organização social. Na Pré- 
História, por exemplo, a descoberta do fogo foi fundamental para a sobrevivência do 
homem. Além de proteger do frio, possibilitou o cozimento dos alimentos e, 
posteriormente, trabalhar com os metais. Já a agricultura aumentou significativamente a 
oferta de alimentos e possibilitou fixar o homem em um território, que até então era 
nômade, colaborando para o surgimento dos primeiros povoados e cidades 
(CARVALHO, 2014). Com a fixação do homem e o desenvolvimento da agricultura, o 
tempo que antes era gasto na caça e na coleta passou aser empregado em outras 
atividades, resultando em novas invenções. 
 
Figura 2 - Imagens de arte rupestre nos mostram que há muito tempo o homem já domina ferramentas e 
domestica animais. Fonte: Jannarong, Shutterstock, 2018. 
 
Ao longo do tempo, a invenção de objetos, a maneira de produzir os bens e a forma de 
organização social foram se transformando. É a Revolução Industrial o principal 
acontecimento que marca o início da sociedade capitalista moderna. Esse evento 
desencadeou profundas transformações na forma de produzir manufaturados, com a 
intensificação do uso de maquinas a vapor, novas formas de organizar a produção nas 
fábricas e dando início a produção de massa. Temos, então, um progresso acelerado da 
indústria, com destaque para a têxtil e a dos transportes, com o desenvolvimento das 
ferrovias (CASTELLS, 1999). 
A Revolução Industrial também colaborou para o surgimento do capitalismo e para a 
destruição dos modos de produção artesanais. Os países que, na esteira da Inglaterra, 
se industrializaram, logo experimentaram um crescimento econômico sem 
precedentes. Não obstante, os trabalhadores perderam o controle sobre o processo de 
trabalho. Se antes o trabalhador era o responsável pela concepção e construção dos 
produtos, agora ele não é proprietário dos meios de produção, não cabe a ele sua 
concepção e irá executar apenas uma parte do trabalho, alienando-se do processo e do 
produto final. Além disso, as primeiras fábricas desse período proporcionaram lucros 
extraordinários para seus proprietários, mas péssimos salários e condições de trabalho 
aos trabalhadores (HOBSBAWM, 1977). 
Deslize sobre a imagem para Zoom 
A chamada Segunda Revolução Industrial, no século XIX, é um desdobramento da 
primeira, porém com a participação proeminente dos Estados Unidos. Neste período, 
temos a intensificação de inovações importantes, que se mantêm até os dias atuais, tais 
como o emprego da energia elétrica, a utilização do petróleo nos motores a combustão, 
as novas ligas metálicas mais resistentes e maleáveis. É nesse contexto que surgem os 
primeiros protótipos e os primeiros automóveis são comercializados. Novos métodos 
gerenciais também remontam a este período, buscando organizar as empresas para 
aumentar a sua produtividade. O norte-americano Frederick Taylor é uma das 
personalidades mais marcantes, ele elaborou uma obra chamada “Princípios da 
administração científica”, publicada em 1911, considerada um marco na história da 
administração. Nela, Taylor detalha como deve ser uma administração científica, 
buscando a eficiência da empresa. Até mesmo os mínimos gestos dos trabalhadores 
são estudados por Taylor, buscando fazer com que se produza mais em menos tempo 
(BRAGA, 1995). 
 
 
 
VOCÊ QUER VER? 
 
 
 
O filme Tempos Modernos (CHAPLIN, 1936) mostra o impacto da Revolução Industrial do final do século XIX 
sobre o trabalho e a vida dos operários das fábricas. Com a implementação do modelo de produção taylorista-
fordista, o tempo de trabalho, os corpos e os gestos dos trabalhadores passam a ser controlados e 
cronometrados de forma a minimizar o tempo utilizado na produção. 
 
 
 
 
 
Na primeira metade do século XX, ocorre a consolidação e expansão do uso das 
tecnologias desenvolvidas ao longo do século anterior. Os países mais industrializados 
dominam a utilização do petróleo, da energia elétrica e possuem indústrias altamente 
mecanizadas. Já na segunda metade do século XX, a grande novidade advém das 
chamadas tecnologias de informação e comunicação (TIC). Também chamada de 
Terceira Revolução Industrial, Revolução Informacional, Era Digital, Era da Informação, 
dentre outras denominações, o que caracteriza este momento histórico é o 
desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação, personificadas na 
figura dos computadores. A rede mundial de computadores, a internet, permitiu 
conectar o mundo com qualidade e instantaneidade. Rapidamente os computadores 
foram adotados pelas empresas, pelos governos e pelas pessoas. A capacidade que os 
Deslize sobre a imagem para Zoom 
computadores possuem de processar uma grande quantidade de dados é sem 
precedentes, além de permitir inúmeras outras atividades, pois se trata de uma 
tecnologia em constante aprimoramento (CASTELLS, 1999). 
 
 
Figura 3 - A rede mundial de computadores conectou pessoas em todo o mundo, com velocidade e 
qualidade. Fonte: nmedia, Shutterstock, 2018. 
 
As Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) vêm tendo, a partir de então, uma 
influência crescente em nossa sociedade: nas empresas, nos governos, nas 
universidades, na ciência e na vida pessoal de cada um. Mas para além dos produtos 
tecnológicos entregues pela Era da Informação, existiriam singularidades na forma de 
organização da nossa sociedade causadas pelas tecnologias informacionais? E quais 
seriam as características principais desta nova Era? Precisamos refletir sobre isso, afinal 
de contas, estamos vivendo sob seus efeitos. 
3.2.2 A singularidade da Era da Informação 
As transformações trazidas pela Era da Informação estão sendo impactantes, em graus 
diferentes, para todos os países. As novidades e possibilidades ensejadas pelos 
computadores e pela internet afetaram a organização das empresas, a forma de 
produzir e de trabalhar. Pela primeira vez na história, temos o conhecimento como a 
matéria-prima principal, como fonte da produtividade. 
O sociólogo Manuel Castells (1999), um dos principais teóricos da Era da Informação, 
apresenta as principais características deste período histórico, fornecendo pistas para 
entender as mudanças que ainda estão em curso. Segundo o autor, a penetrabilidade 
das novas tecnologias seria um dos fatores principais de sua abrangência. Dessa forma, 
todos os processos da vida, tanto individual quanto coletiva, seriam atingidos pelas 
novas tecnologias. Outro ponto importante seria o que o autor chamou de lógica das 
redes. Isso significa que as tecnologias permitem um estreitamento das relações, tanto 
dos sistemas produtivos quanto das relações sociais. 
Conectado à lógica das redes, Castells (1999) destaca outra característica de nossa 
época, trazida pelas TIC, que é a flexibilidade. A flexibilidade das redes faz com que os 
processos, as organizações ou instituições possam ser alterados a qualquer momento, 
pelo rearranjo de seus componentes. A flexibilidade é também responsável pelas 
rápidas mudanças que ocorrem nos padrões produtivos a nível mundial. Por fim, o 
autor aponta outro aspecto emblemático da Era da Informação, a intensa convergência 
de tecnologias em um sistema cada vez mais integrado. Ou seja, as novas tecnologias 
de comunicação e de informação estão integradas com todo o sistema produtivo, com 
as engenharias, com a química e com as demais ciências, influenciando-se 
mutuamente, estando em constante evolução. 
Afora essas características apresentadas, temos ainda outros desdobramentos 
oriundos do desenvolvimento das TIC. A internet, por exemplo, além de conectar as 
pessoas que se encontram em diferentes locais no globo, deu um novo impulso à 
acumulação capitalista, com o protagonismo do mercado financeiro que, a partir de 
então, controla o movimento da economia em tempo real e transfere seu capital de um 
país a outro em um clique. Temos aqui o que foi denominado de globalização, marcada 
por intensas trocas comerciais e culturais entre os países. 
Outro aspecto marcante é a automação de muitas atividades que antes eram realizadas 
pelo ser humano.Há uma crescente substituição da mão de obra humana por 
máquinas, computadores e robôs. Nesse ponto, a interpretações sobre as novas 
tecnologias é bastante polarizada: há quem argumente que as máquinas estão 
destruindo o emprego das pessoas; e há quem pense que, se empregos estão sendo 
destruídos, também novos empregos estão sendo criados. 
Em que pesem as especulações, ainda não se tem com exatidão a resposta para a 
questão se a balança entre extinção e criação de empregos se equilibrará. O certo é que 
as indústrias e empresas que mais se desenvolvem na atualidade são aquelas que se 
utilizam das novas tecnologias. O mercado de trabalho cresce em áreas que produzem 
computadores e seus componentes, como softwares, circuitos eletrônicos e serviços 
voltados à informática e a tendência é que isso se intensifique, abrangendo todos os 
setores da economia de forma cada vez mais intensa. 
 
Figura 4 - A tecnologia abrange, hoje, todas as esferas da sociedade e das relações humanas trazendo 
impactos positivos e negativos. Fonte: Shutterstock, 2018. 
 
É importante destacar que as novas tecnologias de informação e comunicação 
transformaram, significativamente, o sistema produtivo mundial. Mas também é 
importante compreender que estas mudanças atingiram a forma de organização da 
sociedade, que passou a estar conectada com o mundo por meio da internet 
(CASTELLS, 1999). É a natureza das relações humanas que está se transformando. A 
proximidade virtual entre as pessoas, a velocidade dos acontecimentos e a 
penetrabilidade das tecnologias transforma a maneira como nos relacionamos uns com 
os outros e com a sociedade. Realmente, vivemos em um mundo surpreendente e a 
questão do desenvolvimento tecnológico também requer uma abordagem do ponto de 
vista ético, como vamos acompanhar no próximo tópico. 
Deslize sobre a imagem para Zoom 
3.3. Ciência, tecnologia e ética 
Você acredita que sempre se fez ciência da mesma forma, ao longo da história da 
humanidade? Ao contrário do que se possa imaginar - de que a ciência é uma atividade 
sempre cumulativa e que progride linearmente ao longo do tempo - ela possui rupturas 
e reorientações, que a conduziram até seu estado atual (KUHN, 1997). Os primeiros 
passos da ciência, tal como a conhecemos hoje, foram dados a partir do século XV, com 
a Revolução Científica. 
Se até o final da Idade Média a forma como a humanidade conhecia o mundo estava 
vinculada a concepções teológicas e filosóficas, a partir do século XV e, especialmente, 
com os estudos de Galileu Galilei, a produção de conhecimento científico tomou um 
rumo mais prático. O empirismo e o método indutivo, que define a produção de 
conhecimento científico através da observação e a da experiência, firmaram-se como 
paradigmas metodológicos da nova forma de fazer ciência. 
 
 
 
VOCÊ O CONHECE? 
 
 
 
Considerado o pai da ciência moderna, Galileu Galilei foi um cientista italiano que viveu entre os séculos XVI e 
XVII. Por defender a teoria heliocentrista de Nicolau Copérnico (1473-1543), de que a Terra girava em torno do 
Sol, e não o contrário, entrou em conflito com a Igreja, instituição que definia então o que era a “verdade”, 
segundo a interpretação das Sagradas Escrituras. Foi condenado pelo Tribunal do Santo Ofício e obrigado a 
desmentir suas teses para escapar da morte. 
 
 
 
Observamos uma maior profissionalização e institucionalização da prática científica 
durante o século XIX. Descobertas, invenções e novas tecnologias se conjugaram e se 
retroalimentaram para promover grandes saltos de conhecimento que transformaram 
o modo como nos relacionamos com a natureza e com o mundo. Quais seriam os 
principais avanços trazidos pela ciência? 
3.3.1 Passos cada vez mais largos e mais rápidos: os avanços da ciência 
 
Ao longo do século XX, o desenvolvimento tecnológico e a expansão econômica e 
industrial causaram impactos profundos na vida social e cultural, na organização das 
cidades, nas formas de comunicação e transporte, bem como na relação entre homem 
e natureza. Se no início do século XX a ideia de que algum dia o homem pudesse “voar 
Deslize sobre a imagem para Zoom 
como um pássaro” parecia algo fantasioso e altamente improvável, na segunda metade 
o homem já dava seus primeiros passos na lua. Esse exemplo ilustra a rapidez crescente 
com que as transformações, inovações, tecnologias e descobertas científicas se 
descortinam diante dos olhos das sociedades nos séculos XX e XXI (HOBSBAWM, 1977). 
 
 
Figura 5 - A tecnologia nuclear pode ser usada para gerar energia limpa, mas também para construir armas 
de destruição em massa. Fonte: Sergey Nivens, Shutterstock, 2018. 
 
A primeira metade do século XX foi profundamente marcada pela eclosão de duas 
Grandes Guerras de implicação mundial, e os desafios impostos por este contexto 
acelerou o desenvolvimento de tecnologias e inovações, dentre elas a que marcou o 
século XX: a energia atômica, cuja aplicação trágica pôs fim à Segunda Guerra Mundial, 
mas sob pena de devastar duas cidades japonesas – Hiroshima e Nagasaki, a fim de 
mostrar a força bélica dos Aliados. Foi a primeira vez na História que uma criação 
humana mostrou força com potencial de colocar em suspenso a garantia da própria 
sobrevivência da espécie humana no planeta, e os aspectos éticos que decorrem daí se 
tornaram incontornáveis. 
 
 
 
VOCÊ QUER VER? 
 
 
 
O premiado documentário Nós que aqui Estamos por Vós Esperamos (MASAGÃO, 1999) retrata em forma de 
flashes, imagens e sons do século XX, em suas características históricas, econômicas, culturais e científicas. Os 
contrastes do período são enfatizados no documentário: se por um lado, temos desenvolvimento tecnológico 
e esperança no avanço da ciência, por outro temos a banalização da violência, dois grandes conflitos 
internacionais e as brutais consequências sobre a vida das pessoas. 
 
 
 
A medicina científica foi uma das áreas que mais cresceu no último século. Em 1920, 
Alexander Fleming descobriu, por acaso, o mais poderoso antibiótico utilizado na 
medicina: a penicilina. Junto com os antibióticos, as vacinas, cirurgias assépticas, 
anestesia, transplantes de órgãos, cirurgias menos invasivas, dentre outros, fizeram 
saltar a expectativa de vida dos seres humanos no período (UJVARI; ADONI, 2014). No 
Brasil, por exemplo, em 1910, a esperança de vida ao nascer era de 34,6 anos. Em 2010, 
de 72,6 anos, ou seja, aumentou 38 anos no período (IBGE, 2018). Já o desenvolvimento 
da engenharia genética, a partir da década de 1950, viria revolucionar o entendimento e 
as possibilidades das terapias médicas. 
Por outro lado, a história da tecnologia e da ciência médica é também um terreno 
tortuoso no qual se conjugam avanços significativos com debates e entraves éticos 
ferozes. Muitos dos tratamentos terapêuticos disponíveis atualmente são resultados de 
testes, experiências e estudos questionáveis do ponto de vista ético. 
3.3.2 Os avanços da ciência médica e a ética científica 
Os campos de batalha das duas grandes Guerras Mundiais tornaram-se verdadeiros 
laboratórios a céu aberto para a atuação médica. Com pouco tempo para agir, poucos 
recursos e a alta probabilidade de que soldados feridos nestas condições viessem a 
óbito, era justificável que tratamentos mais arriscados e inovadores fossem utilizados, 
de modo que a medicina pôde testar métodos, refutar alguns e validar outros, bem 
como descobrir tratamentos inteiramente novos. Foi nesse contexto que surgiram 
novas técnicas cirúrgicas, anestesia, o tratamento com soro fisiológico, transfusão de 
sangue, dentre outras (UJVARI;ADONI, 2014). Mas no que diz respeito à Segunda Guerra 
Mundial, não apenas o campo de batalha foi utilizado como laboratório médico. Os 
experimentos médicos levados a cabo pelo regime nazista junto aos prisioneiros dos 
campos de concentração chocam pela crueldade: as cobaias humanas eram coagidas a 
participar e as experiências resultavam, em grande parte das vezes, em morte, 
incapacidade permanente, mutilação ou desfiguração. 
É impossível negar que a ciência médica tenha evoluído graças a episódios tão 
grotescos e chocantes, e hoje parte dos conhecimentos médicos de que dispomos são 
resultados de tais experiências. Existe, inclusive, o debate sobre se os dados produzidos 
em situações tão desumanas poderiam ser utilizados pela medicina atual. 
Os avanços da ciência médica nas últimas décadas têm suscitado debates éticos de 
outra ordem. Quando os norte-americanos Watson e Crick desvendaram a estrutura 
molecular do DNA em 1953, abriram-se as portas para que se começasse a adentrar um 
dos maiores mistérios da humanidade: como a vida funciona. Cerca de 50 anos mais 
tarde, a descoberta da estrutura da dupla hélice levou ao sequenciamento do genoma 
humano, uma verdadeira revolução na medicina. Considerando que a genética é 
responsável, pelo menos em parte, por todas as doenças que acometem os humanos, o 
seu sequenciamento torna viável a chamada “medicina individual”. Ou seja, já é 
possível conhecer as características genéticas individuais de uma pessoa de modo a 
garantir tratamentos mais eficazes e personalizados, ou mesmo prevenir doenças com 
base em suas predisposições genéticas (UJVARI; ADONI, 2014). 
O cenário, nesse sentido, é de grande otimismo. Doenças que hoje afetam grande parte 
da população e se constituem em fonte de preocupação, como é o caso do câncer em 
suas diversas manifestações, poderão ser tratadas mais eficazmente, e até mesmo 
prevenidas antes de se manifestar. Mas o debate ético sobre o uso e a aplicação deste 
poderoso conhecimento tem se acirrado cada vez mais. Imagine se uma empresa, antes 
de contratar seus funcionários, pedir exames de sequenciamento genético. Ao 
identificar riscos de doenças futuras, se eliminaria o candidato da disputa pela vaga? 
Pesquisadores já têm alertado para o fato de que cada vez mais o conhecimento sobre 
o genoma pode se transformar num elemento de poder das instituições sobre os 
indivíduos. 
 
 
 
VOCÊ QUER LER? 
Deslize sobre a imagem para Zoom 
O livro de ficção “Admirável Mundo Novo” (HUXLEY, 1932) desenha um cenário em que o conhecimento 
tecnológico é utilizado para condicionar e pré-programar pessoas de modo a se comportarem de acordo com 
as regras impostas pela sociedade. Na distopia de Huxley, a ciência e a tecnologia são as bases de uma 
sociedade que aboliu a possibilidade de livre-arbítrio, mostrando que a ciência não é neutra e que é preciso 
ter cuidado com seus usos. 
 
 
 
Dominar o conhecimento sobre o sequenciamento genético significa também conhecer 
as bases da manipulação genética. Poderíamos fazer a analogia com o poder dos 
cientistas em “brincar de Deus”. O ser humano hoje é capaz de interferir na natureza de 
outro ser humano – escolher sexo, cor dos olhos, cor da pele, e outras características. 
Os passos dados em direção ao maior domínio genético do ser humano são também os 
passos que nos aproximam de uma manipulação e interferência cada vez maior. Assim 
como os usos negativos de tecnologias, como a energia atômica, corremos os riscos de 
utilizar indevidamente a engenharia genética. Quais medidas devemos tomar para 
conseguir aproveitar os benefícios desses avanços e evitar as tragédias que podem 
decorrer? 
 
 
Figura 6 - Da descoberta da estrutura do DNA a clonagem de animais, os avanços da ciência na área da 
genética causaram uma verdadeira revolução na medicina. Fonte: emin kuliyev, Shutterstock, 2018. 
Outros exemplos podem ser citados para debater a questão da ética da ciência médica 
e do fazer científico em geral: já somos capazes de clonar animais – o caso da Ovelha 
Dolly foi um marco na história da ciência. Quanto falta para clonarmos seres humanos? 
A tecnologia permite realizar modificações genéticas para aumentar a produtividade de 
inúmeras culturas que servem de base para a alimentação humana. A indústria aplica 
esse conhecimento em larga escala e hoje boa parte do que consumimos provêm de 
organismos geneticamente modificados. Mas temos a garantia de que esses alimentos 
são realmente seguros, especialmente em médio e longo prazo? 
 
 
VOCÊ SABIA? 
Há uma grande polêmica envolvendo a pesquisa de células-tronco embrionárias para o 
avanço da ciência médica. Células-tronco têm a capacidade de se recompor em qualquer 
tecido do corpo humano e, teoricamente, seu uso poderia tratar um infindável número de 
doenças, inclusive alguns tipos de câncer. Cientistas alegam que seriam usados embriões 
descartados em clínicas de fertilização, mas setores religiosos e grupos antiaborto, que 
consideram que a vida começa no momento da concepção, travam o avanço da pesquisa 
neste setor da ciência (TAKEUCHI; TANNURI, 2006). 
 
 
Os debates mencionados acima são questões para as quais não temos respostas exatas. 
O que precisamos manter presente é a necessidade de estar atentos ao 
desenvolvimento de novas tecnologias e descobertas, pesando as consequências de 
seus usos e aplicações sob a égide da ética científica e do respeito à dignidade humana. 
Inovações tecnológicas e científicas não são boas ou más em si mesmas, mas 
dependem dos usos que a sociedade faz delas. E estes usos, muitas vezes, são pautados 
por interesses econômicos, especialmente, de grandes corporações. Como 
consequência desses interesses, temos o impacto do desenvolvimento tecnológico 
também no mundo do trabalho, nosso assunto de estudo a seguir. 
 
 
 
 
VOCÊ QUER LER? 
 
 
 
O texto “A Produção Científica e a Ética em Pesquisa” de Luiz Carlos Duarte de Miranda nos traz um 
apanhado geral sobre ética na pesquisa científica. Podemos perceber que a pesquisa tem avançando 
significativamente ao longo da história, podemos recordar que a primeira reunião de diretrizes para pesquisas 
em seres humanos ocorreu no ano de 1833, exigindo do sujeito pesquisado o inteiro e livre consentimento, 
com isso vieram as atrocidades, quando por falta de ética se realiza pesquisa sem o consentimento do 
indivíduo. 
Em 1964 com a Declaração de Helsinque, que trouxe um roteiro de exigências, entre elas, submeter o 
protocolo de pesquisa ao comitê de ética. As conquistas continuam provocando um avanço e uma maior 
formalização do sistema de pesquisa, falando de Brasil entre a década de 60 e 70 já representava 0,019 da 
produção mundial da produção de artigos científicos, já em 2001 a média de produção passava de 10.555 
artigos produzidos no ano, um grande avanço na área médica e biomédica. 
Após essa pequena prévia, você é convidado a ler o texto na íntegra, clique no link e aproveite 
<http://www.scielo.br/pdf/rcbc/v33n6/v33n6a13.pdf>. 
 
 
 
3.4 Trabalho e desenvolvimento 
tecnológico 
O atual desenvolvimento tecnológico ensejou importantes transformações e desafios 
ao mundo do trabalho. Sua natureza e sua centralidade são objeto de indagações, 
tanto por parte dos especialistas, quanto por parte dos empresários e trabalhadores. 
Muitas coisas mudaram ou estão mudando na realidade do trabalho, tais como 
qualificações necessárias para desempenhar determinadas tarefas, o local em que o 
trabalho é realizado, o tempo dedicado ao trabalho e a flexibilidade do trabalho e da 
legislação. Tudo isso só é possível graças ao desenvolvimento acelerado e abrangente 
das tecnologias de informaçãoe comunicação, que possibilitaram a reestruturação 
produtiva dos últimos anos. 
Mas afinal, o que mudou no mundo do trabalho? Quais os requisitos que são 
demandados aos trabalhadores na atualidade? E como o desenvolvimento tecnológico 
se encaixa nesta complexa engrenagem que é o mundo do trabalho? 
 
 
VOCÊ QUER VER? 
 
Tecnologia e mercado de trabalho, neste documentário você é convidado a interagir com essa revolução 
tecnologia que cada vez mais ganha espaço e vem substituindo o trabalho braçal, mas também a 
tecnologia ajuda o homem a desenvolver seu trabalho de forma mais rápida e fácil, os aplicativos, as 
automações e as tradicionais ações como a de pedir um táxi, vem a cada dia ficando na tela de um 
Smartfone. Vamos refletir sobre isso? Clique no link e aproveite <https://youtu.be/oDcgWE_3VII>. 
 
 
3.4.1 A reorganização do mundo do trabalho e os impactos sobre os 
trabalhadores 
A reestruturação produtiva que as empresas realizaram após a chamada crise do petróleo, 
nos anos 70, teve forte impacto no mundo do trabalho e sérias consequências para os 
trabalhadores. Neste período se dá a substituição paulatina do paradigma fordista de 
produção pelo modelo denominado Toyotismo. O novo modelo caracteriza- se pela 
produção enxuta, também denominada acumulação flexível (HARVEY, 1992). A produção 
passou as ser Just-in-time, ou seja, o tempo entre comprar insumos, produzir os produtos 
e vendê-los no mercado foi reduzido a fim de evitar desperdícios e melhorar a eficiência 
dos negócios. Temos aqui a chamada produção por demanda, em que o produto é vendido 
primeiro e fabricado depois. 
A grande maioria destas transformações no modo de produção só foi possível de se 
concretizar devido ao desenvolvimento das novas tecnologias de informação e 
comunicação e das inovações delas decorridas. O controle exigido durante todo o 
processo somente é realizado de forma virtuosa com a ajuda de máquinas e 
computadores. Além disso, as máquinas são responsáveis por desempenhar, com 
maior perfeição e velocidade, as atividades que antes eram realizadas por vários 
trabalhadores. Como consequência, e devido à crescente automatização, temos uma 
redução do número de trabalhadores no chão de fábrica e uma modificação no tipo de 
trabalho demandado (ANTUNES, 2003). 
As mudanças no padrão produtivo, para além das tecnológicas e gerenciais, também 
estão acompanhadas de mudanças políticas e econômicas. Observou-se nas últimas 
décadas, juntamente com a reestruturação produtiva, a flexibilização do trabalho e das 
leis trabalhistas, tendo como consequência a perda de direitos por parte dos 
trabalhadores (HARVEY, 1992; ANTUNES, 2003). 
Todas estas mudanças relatadas até aqui chegaram ao Brasil no final dos anos 1980 e se 
intensificaram nos anos 1990, com o processo de liberalização da economia brasileira. 
Em que pese a reestruturação produtiva ter eliminado empregos que pertenciam ao 
modelo Fordista e Taylorista de organização, bem como ter imposto uma nova forma 
de inserção profissional tendo como suporte as novas tecnologias, estas mesmas 
tecnologias podem representar uma janela de oportunidades para os países se 
desenvolverem. É por isso que o Brasil vem realizando esforços para se integrar aos 
mercados mundiais de forma diferenciada. Mas para que o país aproveite as 
oportunidades que as TIC abriram às economias emergentes, é preciso elevar os 
investimentos em ciência e tecnologia e também em educação e superar, assim, os 
efeitos negativos do novo paradigma produtivo. E, afinal, quais as características do 
trabalho na Era da Informação? O que se espera dos trabalhados inseridos nesse 
contexto? 
3.4.2 As singularidades do trabalho na Era da Informação 
As mudanças no mercado de trabalho desenharam também um novo perfil de 
trabalhador desejável. Em períodos anteriores, as empresas demandavam em grande 
escala trabalhadores pouco qualificados, que desempenhavam tarefas repetitivas ao 
longo da linha de montagem, produzindo bens de forma massiva e padronizada. Com 
os rearranjos proporcionados pela Era da Informação, hoje o trabalhador que quiser se 
manter empregável precisa ser qualificado, pois o tipo de atividade que ele deve 
Deslize sobre a imagem para Zoom 
desempenhar é cada vez mais complexo. Além disso, o perfil ideal é de quem sabe 
trabalhar em equipe, pois a estrutura rígida e hierarquizada da fábrica Fordista dá lugar 
a ilhas de produção em que a cooperação e a criatividade são indispensáveis. 
 
 
Figura 7 - Saber trabalhar em equipe é hoje uma exigência do mercado de trabalho configurado em um 
ambiente marcado pelas TIC. Fonte: kurhan, Shutterstock, 2018. 
Além disso, observa-se que as trajetórias profissionais se multiplicaram. Se no passado 
o trabalhador aposentava-se na mesma empresa em que começou a trabalhar, ou no 
máximo trocava de empresa, mas seguia na mesma profissão, no presente as trajetórias 
são múltiplas. O tempo de permanência do trabalhador em uma mesma corporação 
diminuiu significativamente e a mobilidade entre empresas é uma constante. 
A estabilidade do trabalho pode não vir do fato do indivíduo permanecer no mesmo 
emprego durante muito tempo, mas por ele se manter empregável. O fato é 
frequentemente verificado no mercado de tecnologia da informação, sobretudo, no 
setor de software, em que os trabalhadores atuam em equipes e por projetos. Assim que 
os projetos acabam, a equipe é desfeita e o trabalhador fica sem trabalho até que um 
novo projeto inicie. O intervalo entre um e outro não se configura em desemprego, uma 
vez que faz parte deste mercado de trabalho em específico, embora, devido à demanda 
da área, o intervalo muitas vezes seja inexistente. 
 
 
VOCÊ SABIA? 
A crescente informatização das relações de trabalho tem feito despontar novas relações e 
formas de trabalho. Uma dessas novas formas é o home office, ou seja, o trabalho em 
espaço alternativo ao escritório, ou trabalho remoto. Estudos apontam que tal 
modalidade pode aumentar a satisfação pessoal do trabalhador com sua atividade, ao 
mesmo tempo em que diminui o impacto ambiental, uma vez que haveria menos 
deslocamentos nas cidades. Segundo dados do IBGE, em 2010 23% dos brasileiros 
trabalhavam em home office durante parte da semana (FEIJÓ, 2017). 
 
 
Por outro lado, se há um novo perfil de empresas com demandas específicas aos 
trabalhadores, há também, como demonstra Mocelin (2009), uma nova geração de 
trabalhadores que aspiram empregos com este perfil que surgiu na Era da Informação. 
São pessoas dinâmicas, bem escolarizadas, que preferem um trabalho desafiador, 
mesmo com risco de cair no desemprego, a um trabalho com estabilidade, mas 
monótono. Preferem também a liberdade de escolher o tempo e o local de trabalho. 
Enfim, os computadores e a internet mudaram o mundo do trabalho, e as sociedades 
devem compreender estas mudanças para melhor reagir a elas. 
 
 
 
Síntese 
Chegamos ao final deste capítulo que nos proporcionou uma reflexão sobre o impacto 
do desenvolvimento tecnológico na sociedade e sua influência em aspectos como o 
meio ambiente, as relações sociais, a produção científica e o mundo do trabalho. Vimos 
que a tecnologia contribui para suprir as necessidades humanas, mas, em decorrência 
do desenvolvimento tecnológico, a oferta de bens tornou-se barata e abundante, 
colaborando para o surgimento de uma mentalidade consumista na sociedade. Essa 
pressão gera impacto ao ambiente e é responsabilidade da sociedade como um todo 
adotar medidas, como as práticas de consumo responsável, para buscar o equilíbrio 
ambiental. Isso nos permite repensar como a tecnologiadeve ser utilizada para 
trabalhar em favor da humanidade, não para degradá-la. 
Neste capítulo, você teve a oportunidade de: 
• entender a relação da tecnologia com a sociedade e suas consequências; 
• refletir sobre os impactos do desenvolvimento tecnológico e industrial no meio 
ambiente, e a responsabilidade humana diante disso; 
• compreender que o desenvolvimento científico pode melhorar nossa qualidade 
de vida, mas que também comporta questões éticas que devem ser observadas; 
• aprender que o trabalho e a forma de trabalhar foram completamente 
modificadas pelo uso dos computadores e da internet, bem como pelas 
inovações decorrentes destas tecnologias. 
 
 
 
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ANTUNES, R. Os caminhos da liofilização organizacional: as formas diferenciadas da 
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