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ECONOMIA 4

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ECONOMIA 4 
O PAPEL DO ESTADO
Caro acadêmico! Bem-vindo à quarta etapa do Curso Livre de Economia. 
Iremos conhecer mais alguns princípios básicos da Ciência Econômica e, mais 
precisamente, que fazem parte da Teoria Macroeconômica. Como você irá 
perceber, a maioria dos temas discutidos tem relação com o Estado, enquanto 
agente ativo na economia. 
No primeiro tópico, abordaremos os vazamentos do fluxo de renda. 
Poster iormente, nosso objet ivo será conhecer a evolução da Teoria 
Macroeconômica. No tópico 3 conheceremos algumas maneiras de se 
contabilizar a atividade econômica de um país, ou seja, a Contabilidade 
Nacional. Por fim, debateremos o tema do Estado, como um agente ativo na 
economia. Bom estudo!
APRESENTAÇÃO
Organização
Daniele de Lourdes 
Curto da Costa Martins
Reitor da 
UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch
Pró-Reitora do EAD
Prof.ª Francieli Stano 
Torres
Edição Gráfica 
e Revisão
UNIASSELVI
Autor
Daniel Rodrigo Strelow
 CURSO LIVRE - ECONOMIA 4: O PAPEL DO ESTADO
.01
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico! Na segunda etapa do Curso Livre em Economia 
estudamos o funcionamento de uma economia de mercado, os fluxos real 
e monetário e sua interligação, resultante no fluxo circular da renda. Foi 
apresentado a você o funcionamento de uma economia fechada, ou seja, 
com apenas famílias, empresas e governo. Neste tópico, abordaremos os 
vazamentos e as injeções no fluxo circular da renda, nos quais participam o 
Estado e o Setor Externo. 
Os vazamentos no fluxo circular da renda correspondem à parcela da 
renda das famílias que não se destinam ao consumo. Podemos apontar três: 
a poupança (S), os impostos (T) e as importações (M). Já as injeções no fluxo 
circular da renda são os mecanismos que compensam estes vazamentos. São 
mecanismos que permitem o retorno desta renda e seu reinvestimento na 
economia. Vejamos melhor como isso acontece.
2 VAZAMENTOS NO FLUXO CIRCULAR DA RENDA – A 
POUPANÇA
Na teoria keynesiana a renda adquirida pelas famílias deve ser gasta com 
o consumo, como já vimos. Todavia, se isso não for possível, as empresas 
não terão como vender todos os bens e serviços (mercadorias) produzidas, 
o que gera uma crise de superprodução. Nesta situação, há uma diminuição 
das receitas e, consequentemente, dos lucros da empresa, havendo, por 
isso, uma tendência à diminuição de seu quadro de funcionários, redução 
da renda da sociedade e, por consequência, diminuição do consumo. Neste 
caso, a economia se encontraria em um momento de retroalimentação 
negativa, ou um ciclo vicioso, sendo que as vendas estimulariam as demissões 
e essas demissões, por consequência, novas quedas nas vendas e assim 
sucessivamente. 
OS VAZAMENTOS DO 
FLUXO DA RENDA
 CURSO LIVRE - ECONOMIA 4: O PAPEL DO ESTADO
De outro lado, é importante observar que nem todas as pessoas gastam 
o total da sua renda. Algumas famílias conseguem deter uma parte da sua 
renda como poupança. É importante observar que em países de terceiro 
mundo, nos quais os salários e as rendas são baixas, o nível de poupança 
tende a ser reduzido. A poupança representa um vazamento de recursos 
do Fluxo Circular da Renda e esses recursos, para se evitar uma crise, devem 
ser reinjetados na economia. 
2.1 AS INJEÇÕES NO FLUXO CIRCULAR DA RENDA 
PROVENIENTES DA POUPANÇA
O papel de recolher os investimentos na forma de poupança é do 
mercado financeiro. Por meio dos bancos comerciais e demais entidades 
financeiras, efetua-se o recolhimento dessas rendas não gastas ou poupadas. 
O mercado financeiro coloca esses recolhimentos à disposição dos agentes 
econômicos na forma de empréstimos e cobra taxas de juros pela transação. 
As famílias (ou indivíduos) que têm recursos financeiros de sobra são 
estimuladas a aplicá-los no mercado financeiro em troca de uma remuneração. 
É justamente por meio desse mecanismo que o mercado financeiro recolhe o 
que se chama de vazamentos do fluxo circular da renda que ocorrem devido 
a “uma sobra” nos rendimentos das famílias. 
Ao recolher estes rendimentos, o mercado financeiro os oferece em 
forma de empréstimos que serão utilizados por empresários para estimular 
os investimentos. Assim, o recurso é injetado novamente no fluxo circular da 
renda. Podemos observar assim a importância da poupança, no sentido de 
financiar os empréstimos e investimentos.
3 VAZAMENTOS NO FLUXO CIRCULAR DA RENDA – OS 
TRIBUTOS
De outro lado, boa parte dos rendimentos das famílias não é gasta com 
consumo e também não é poupada. Uma parte considerável da renda das 
famílias é gasta com o pagamento de impostos ao governo. Isto representa 
mais um vazamento do fluxo circular da renda. 
Se as famílias pudessem optar ou se não existissem os impostos, os 
indivíduos poderiam fazer outra coisa com este dinheiro (como comprar 
mais mercadorias). Caso o montante de impostos cobrados pelo governo 
não retornasse para a economia, alguns problemas poderiam ocorrer. Dentre 
 CURSO LIVRE - ECONOMIA 4: O PAPEL DO ESTADO
eles, uma desaceleração econômica, fazendo diminuir a demanda por bens 
e serviços. Isso, se prevalecer por um período longo, poderia acarretar uma 
séria recessão e, é claro, em altos níveis de desemprego. 
3.1 AS INJEÇÕES NO FLUXO CIRCULAR DA RENDA 
PROVENIENTES DOS IMPOSTOS
Os impostos recolhidos pelo governo são injetados novamento no fluxo 
circular da renda. Depois de recolher o dinheiro das famílias e das empresas, 
eles são investidos na sociedade, de várias formas. Por exemplo, com a 
realização de obras de infraestrutura, construção de escolas, universidades, 
investimento em saúde, entre tantas outras despesas públicas. Além disso, o 
governo compra insumos, é responsável pelo pagamento do funcionalismo 
público, realiza as transferências às famílias por meio de programas sociais 
e políticas públicas, paga as aposentadorias etc. Estas e outras atividades 
do governo se resumem a seus gastos, mas também significam injeções na 
economia dos recursos anteriormente retirados. 
Assim, é necessário um equilíbrio tanto do volume de impostos recolhido 
como de gastos do governo. Se os gastos do governo forem maiores que a 
sua arrecadação, o governo (igual a qualquer pessoa) estará em dívida. Se o 
contrário acontecer, ou seja, se houver uma maior arrecadação do que os 
gastos (ou seja, se sobrar dinheiro na conta do governo), ele consegue reduzir 
a sua dívida (se ele tiver).
4 VAZAMENTOS NO FLUXO CIRCULAR DA RENDA – AS 
IMPORTAÇÕES
Além da poupança e dos impostos, existe outro vazamento do fluxo 
circular da renda: os gastos das famílias com as mercadorias importadas. A 
compra de mercadorias produzidas fora do país favorece a produção naquele 
determinado país e desestimula a produção no país de domicílio. Importando 
produtos, o indivíduo envia parte da sua renda para o exterior. De outro lado, 
se a demanda por mercadorias importadas for muito grande, é possível que 
a demanda por mercadorias nacionais caia e algumas empresas quebrem.
 CURSO LIVRE - ECONOMIA 4: O PAPEL DO ESTADO
4.1 AS INJEÇÕES NO FLUXO CIRCULAR DA RENDA 
PROVENIENTES – CASO DAS IMPORTAÇÕES
Para este vazamento o governo dispõe de injeções de recursos. Nesse 
caso, existem as injeções de recursos no fluxo circular da renda que decorrem 
das exportações. Quando determinado país exporta mercadorias, ele atrai 
renda externa. Essa renda estimulará a demanda agregada e provocará um 
aquecimento na atividade econômica dentro do país. 
Por outro lado, se o volume de exportações for muito maior que o de 
importações, a tendência é ocorrer inflação, devido ao fato de que a produção 
nacional poderá não dar conta de suprir a elevação no consumo interno que 
se originará do excesso de renda resultante das exportações. 
5 SÍNTESE DOS VAZAMENTOS E INJEÇÕES
A seguir, podemos analisar um resumo do Fluxo circular da renda, dos 
respectivos vazamentos e injeções.
ILUSTRAÇÃO DO FLUXO CIRCULAR DA RENDA COM OS VAZAMENTOS E AS INJEÇÕES
FONTE: O autor com base em Froyen (2001)
 CURSO LIVRE - ECONOMIA 4: O PAPEL DOESTADO
Conforme ilustrado no esquema acima, os vazamentos do fluxo circular 
da renda são três: a poupança (S), os impostos (T) e as importações (M). Depois 
de estudar até aqui, você ainda pode se perguntar como isso acontece, ou 
como na prática acontecem os vazamentos no fluxo de renda. Imaginemos 
que o seu salário seja $ 3.000,00. Segundo a premissa keynesiana, para que 
a economia funcione de forma equilibrada você deveria gastar todo o seu 
salário, certo? 
Todavia, você sabe que parte do seu salário será retido em forma de 
impostos (pagamento de Imposto de Renda e contribuição previdenciária, 
por exemplo). Suponhamos que o valor gasto com isso seja de $ 200,00. 
Assim, seu salário real será de $ 2.800,00, que foi o que sobrou após ter pago 
os tributos.
 Além disso, você pode optar por guardar parte do seu salário na 
poupança. Suponhamos então que guarde mais $ 200,00 mensais, pois deseja 
comprar um automóvel no futuro. Tomando esta decisão, você estará optando 
por não consumir ou não gastar parte da sua renda. Seu salário, que era de 
$ 3.000,00, agora é de $ 400,00 ($ 3.000,00 – 200,00 – 200,00). 
Com dinheiro sobrando, você decide comprar um computador. Acontece 
que ele é importado da China. Digamos que você parcelou sua compra, cuja 
parcela é de $ 200,00 mensais. Temos então um gasto com importação no 
valor de $ 200,00 (por mês). Essa parte do seu salário não está sendo gasta 
dentro do país de origem, mas sim, no exterior. 
No final das contas, do seu salário inicial sobraram $ 2.400,00 para 
gastar com bens e serviços na economia de seu país. O restante (impostos + 
poupança + importação) corresponde a vazamentos no fluxo de renda. 
Imagine que muitas pessoas fizeram transações parecidas com a sua. 
Então, teremos um valor bem maior de vazamento no fluxo de renda. Se não 
for feito nada para corrigi-lo, a economia nacional poderá enfrentar alguns 
problemas relacionados à desaceleração: muitas empresas encontrarão 
problemas para vender seus bens e serviços e, possivelmente, terão de reduzir 
a produção. Isso poderá ocasionar desemprego.
Para que isso não aconteça, o governo cria mecanismos ou gastos 
que compensam cada um dos vazamentos. Isso se denomina injeções na 
economia. Conforme a ilustração acima, pode-se observar que as injeções 
são constituídas por Investimentos (I) que visam compensar a poupança, os 
gastos do governo (G) que compensam a arrecadação de impostos (T) e as 
exportações (X), que têm a finalidade de se igualar às importações (M). Tudo 
isto para que a economia se mantenha equilibrada.
 CURSO LIVRE - ECONOMIA 4: O PAPEL DO ESTADO
.02
1 INTRODUÇÃO
Na pr ime i ra e tapa des te curso conhecemos os p r inc íp ios da 
microeconomia e da macroeconomia. Como vimos, a microeconomia se 
preocupa em estudar o comportamento econômico das unidades individuais, 
que são os consumidores, as firmas e os proprietários dos fatores de produção. 
Simplificadamente, é uma análise individual, microscópica, da economia.
Já a macroeconomia se preocupa em estudar o comportamento da 
economia como um todo. É o ramo da teoria econômica que se ocupa da 
análise da atividade econômica a partir de agregados, levando em conta 
o somatório dos comportamentos dos agentes econômicos e dos seus 
resultados, considerados no todo. Simplificadamente, podemos dizer que é 
um olhar macroscópico sobre a economia.
Sendo assim, podemos dizer que o OBJETIVO DA MACROECONOMIA 
é estudar a determinação do nível geral de preços, do nível de produto, da 
taxa de salários, do nível de emprego, da taxa de juros, do volume de moeda, 
da taxa de câmbio, do volume de divisas, os gastos do governo, consumo 
agregado, entre outros.
Vale dizer ainda que, apesar das diferenças entre a microeconomia e a 
macroeconomia, não existe uma espécie de conflito entre elas, já que ambas 
são consideradas as duas grandes áreas da teoria econômica.
Dito isto, quando surgiu, especificamente, este ramo da teoria econômica? 
Veremos melhor no decorrer deste tópico. Bom estudo!
EVOLUÇÃO DA 
MACROECONOMIA
 CURSO LIVRE - ECONOMIA 4: O PAPEL DO ESTADO
2 UMA NOVA TEORIA EM MEIO À CRISE: O PAPEL DE KEYNES
Podemos dizer que a macroeconomia ganhou maior relevância a partir 
dos anos 1930, em meio à Grande Depressão, iniciada em 1929. Principalmente 
com a publicação da obra Teoria geral do emprego, do juro e da moeda, 
em 1936, de John Maynard Keynes. Anteriormente, outros economistas 
contribuíram com discussões acerca do desempenho da economia como 
um todo, como Adam Smith, Malthus, Karl Marx e F. List. Contudo, Keynes é 
considerado o fundador da teoria macroeconômica, em suas tentativas de 
explicar a crise econômica que atingia o mundo e a propor medidas para 
sair dela. 
A crise de 1929, conhecida como a “Grande Depressão”, foi o período de 
maior crise econômica, de nível mundial, do século XX. Ela teve início em 
1929, cujo ápice foi a quebra da bolsa de valores de Nova York. No primeiro 
momento, atingiu a economia norte-americana, a Europa, e depois, os 
países latino-americanos, asiáticos e africanos.
Embora Keynes seja considerado o “pai” da macroeconomia, o economista 
polonês Michal Kalecki chegou aos mesmos resultados, também por 
volta dos anos 1930. Enquanto Keynes baseou sua investigação nos 
pressupostos da economia neoclássica, Kalecki partiu dos pressupostos 
marxistas.
A crise econômica que seguiu nos anos 1930 causou uma série de 
problemas socioeconômicos, dentre eles, elevados índices de desemprego. 
Até este período, a preocupação dos economistas em estudar os problemas 
“macro” da economia não tinha muita notoriedade, particularmente a questão 
do nível de emprego. Isso porque a corrente hegemônica de economistas 
tinha como base os pressupostos clássicos, baseados na Lei de Say. Isto é, 
sustentavam que a oferta guiava a demanda e que o mercado se autorregulava, 
encontrando, assim, o equilíbrio de forma natural.
Desse modo, para estes pensadores, tanto a crise econômica como os 
problemas dela advindos (dentre os quais, o desemprego e a superprodução) 
seriam temporários, de modo que a economia encontraria, naturalmente, 
seu equilíbrio, com base nas forças do próprio mercado. De certa maneira, 
estes pressupostos subestimaram os efeitos da crise de 1929 e, portanto, já 
não apresentavam soluções capazes de atenuar os problemas da depressão 
econômica. 
 CURSO LIVRE - ECONOMIA 4: O PAPEL DO ESTADO
A crise que se seguiu nos anos 1930 mostrou as limitações desta teoria 
que presumia o equilíbrio automático da economia. Keynes, a partir de 
estudos sobre o emprego e os ciclos econômicos, superou tais conceitos 
e sugeriu formas para atenuar a crise. Ele apontou justamente o contrário 
do que preconizavam os economistas clássicos: evidenciou que a demanda 
era responsável por guiar a oferta (pois, para Keynes, as necessidades dos 
indivíduos é que influenciariam a oferta) e comprovou que o nível de emprego 
de uma economia estava ligado à sua demanda efetiva, que corresponde 
àquela proporção da renda direcionada a gastos com o consumo e com o 
investimento. 
Com isso, negou que a solução para a crise econômica se encontrava 
do “autoequilíbrio” do mercado. O “remédio” proposto para sair da depressão 
econômica foi uma política macroeconômica de estímulo à demanda efetiva/
agregada da economia. Ou seja, com políticas de intervenção do Estado na 
economia de um país, do lado da demanda agregada, através de gastos e 
investimentos em atividades produtivas (como a construção de obras públicas, 
subsídios a setores estratégicos da indústria, aumento do crédito, redução da 
taxa de juros, entre outros).
Podemos dizer que a demanda efetiva/agregada é a demanda por bens 
e por serviços, que possuem capacidade de pagamento. Refere-se às 
necessidades que a população efetivamente possa pagar.
As principais preocupações de Keynes se concentraram nos grandes 
agregados econômicos de curto prazo (os clássicos defendiam o longo prazo). 
Além disso, sustentou que a situaçãode pleno emprego era apenas uma das 
tantas situações possíveis em uma economia. Ao contrário dos clássicos, 
dizia ser possível alcançar o equilíbrio de uma economia com desemprego no 
mercado de trabalho. Inclusive, sem o pleno emprego dos recursos produtivos.
O pleno emprego de uma economia corresponde a uma situação em 
que todos os recursos disponíveis (emprego, por exemplo) estão sendo 
utilizados de forma plena na produção dos bens e dos serviços, o que 
garante o equilíbrio das atividades produtivas.
Justamente, foi a partir do trabalho de Keynes que a Teoria Macroeconômica 
ganhou evidência e se desenvolveu profundamente, principalmente no pós-2ª 
Guerra. Mais e mais, os economistas estavam preocupados em compreender 
as variáveis que influenciavam o desempenho da economia, em seus vários 
âmbitos. 
 CURSO LIVRE - ECONOMIA 4: O PAPEL DO ESTADO
2.1 BREVE EVOLUÇÃO DA MACROECONOMIA
Estes pressupostos defendidos por Keynes influenciaram muitos governos 
no direcionamento de suas políticas de planejamento econômico, bem como 
economistas, em suas análises da realidade. No primeiro caso, por exemplo, 
podemos citar o famoso New Deal, programa de recuperação econômica do 
presidente norte-americano Franklin D. Roosevelt (1933-1939). A convicção 
que se tinha era de que o capitalismo poderia ser salvo das crises, desde que o 
Estado interviesse na economia. No segundo caso, a explicação dos problemas 
macroeconômicos tornou-se cada vez mais complexa, fazendo surgir várias 
escolas de pensamento. Dentre elas, os keynesianos, os monetaristas, os 
novos clássicos, os neokeynesianos e os institucionalistas.
Como o nome sugere, os keynesianos baseavam suas análises na obra 
de Keynes e defendiam seus principais pressupostos. Tentavam demonstrar 
que as economias capitalistas se caracterizavam pela incapacidade de 
alcançar o nível de pleno emprego, devido às falhas de mercado. E assim, a 
recomendação era de intervenção do Estado via políticas de gastos públicos, 
fiscal e monetária. 
No período que se sucedeu à Segunda Guerra Mundial, as formulações 
keynesianas dominaram o debate econômico e se difundiram pelo mundo, 
sendo adotadas por inúmeros governos. De fato, a adoção destas políticas 
contribuiu para o crescimento da economia por alguns anos, sem distúrbios 
graves.
Porém, a partir dos anos 1970, tornou-se recorrente entre muitos países 
a ocorrência do fenômeno da estagflação, que nada mais é do que uma 
situação de estagnação econômica, com baixos ou mesmos índices negativos 
de crescimento, combinado com altos níveis de inflação e desemprego. Neste 
período, a corrente keynesiana de explicação dos problemas macroeconômicos 
perdeu espaço. Ganhou força então o chamado monetarismo (cujo importante 
pensador é Milton Friedmann), rotulado como uma espécie de antítese do 
pensamento keynesiano.
Os monetaristas preconizavam que a economia de mercado se 
autorregulava, não havendo, assim, necessidades de intervenção por parte 
do Estado. Para esta corrente de pensamento, o problema da inflação era 
essencialmente de ordem monetária. Da mesma maneira, entendiam que as 
flutuações econômicas resultavam, em sua maior parte, de alterações na oferta 
monetária. Logo, a moeda era a variável mais importante na determinação 
da demanda efetiva/agregada da economia. 
Dessa maneira, o controle do estoque de moeda, ou melhor, uma oferta 
monetária estável, permitiria um controle do processo inflacionário e também 
serviria para manter a economia em equilíbrio. Apenas no curto prazo, 
 CURSO LIVRE - ECONOMIA 4: O PAPEL DO ESTADO
mudanças na política monetária poderiam estimular a demanda efetiva; no 
longo prazo, geraria inflação.
Também nos anos 1970 e 1980 ganhou força a escola das expectativas 
racionais, também conhecida como os novos clássicos. Analogamente aos 
monetaristas, defendiam que a economia se autorregulava e, portanto, políticas 
de intervenção por parte do Estado acabavam sendo ineficazes. Sustentavam 
o controle da oferta de moeda, bem como a ideia das expectativas racionais, 
isto é, de que os agentes econômicos fundamentam suas expectativas futuras 
de forma racional. 
Segundo estes pensadores, o indivíduo tem acesso a muitas informações 
no campo econômico, desde o entendimento da economia até a devida 
compreensão dos impactos de políticas monetárias e fiscais. Assim, consegue 
prever as ações do governo no que diz respeito à política econômica, 
tornando-as ineficazes.
Mais recentemente, a escola dos novos keynesianos vem analisando 
a realidade com base nos principais pressupostos de Keynes, porém, com 
base em um esquema teórico mais sólido. Evidentemente, sustentam que a 
economia capitalista não se autorregula e que o pleno emprego dificilmente 
pode ocorrer, pois tanto os salários como os preços não são tão flexíveis. 
Defendem que os governos estabeleçam políticas de estabilização.
Por fim, os institucionalistas trazem novos elementos para a discussão 
dos agregados macroeconômicos. Entre eles, o papel da tecnologia e das 
instituições. Para estes pensadores, existe um grau elevado de abstração em 
determinadas correntes do pensamento econômico. Além disso, sustentam 
que existem muitas instituições sociais e de poder que influenciam na 
formação dos preços e na alocação de recursos na economia. Para eles, o 
mercado é apenas uma destas instituições e, sendo assim, é preciso levar em 
consideração, nas análises, todas as outras estruturas organizacionais que 
influenciam a formação de preços e demais setores da economia. 
 CURSO LIVRE - ECONOMIA 4: O PAPEL DO ESTADO
.03
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! Neste terceiro tópico iremos debater o Estado como 
um agente ativo na economia. Podemos dizer que a presença crescente 
do Estado nas economias capitalistas, tanto desenvolvidas quanto em 
desenvolvimento, é um fato incontestável. E isso, de certa maneira, desafia 
o dogma da economia neoclássica, os pressupostos da microeconomia (que 
explica a realidade a partir dos agentes privados que se movimentam no 
mercado) e, mais recentemente, o fundamentalismo neoliberal. Mundo afora, 
seja em maior ou em menor grau, o Estado se faz presente. Mas, e o que 
explica essa “intervenção” do Estado?
Logo de início, poderíamos argumentar que, para responder a esta 
indagação, seria necessário identificar as numerosas funções exercidas pelos 
governos, assim como a origem e o destino dos recursos que os governos 
manipulam, pelo mundo afora. Ou então, caberia fazer comparações 
internacionais para se verificar o “grau de intervenção do Estado” em cada 
economia nacional. O fato é que encontrar respostas plausíveis exigiria um 
amplo debate, como um estudo bem aprofundado. Ocupemos-nos, aqui, de 
uma análise mais geral. Bom estudo!
O ESTADO COMO 
AGENTE ATIVO NA 
ECONOMIA
Vimos que a presença do Estado nas economias capitalistas é um fato 
incontestável. Talvez não haja maiores incompatibilidades entre Estado 
e mercado. Qual é a sua opinião sobre isso?
 CURSO LIVRE - ECONOMIA 4: O PAPEL DO ESTADO
2 INICIANDO O DEBATE
A rigor, em qualquer sociedade do passado se dispunha de alguma 
forma de regulação pública. Contudo, é apenas nas modernas e complexas 
sociedades capitalistas que o Estado assume a feição de uma estrutura 
burocrática e intervencionista.
Nos economicamente liberais séculos XVIII e XIX, cabia ao Estado prover 
serviços, principalmente, de justiça e segurança. É com a solução keynesiana, 
a partir dos anos 1930, que o Estado passa a assumir funções econômicas 
mais relevantes e mais diversificadas. Na URSS, já a partir de 1917, o Estado 
passará a substituir o mercado no comando da economia.
Se olharmos para as correntes de pensamento econômico, iremos notar 
posturas diferentes quanto à presença do Estado na economia. Os economistas 
clássicos e, mais radicalmente, os neoclássicos se expressaram contrários à 
presença do Estado na economia. Já os keynesianos, e mesmo aqueles com 
tradição marxista, não viam maiores problemas na intervenção pública.De maneira geral, considerando a história mais recente, podemos 
destacar algumas razões que levaram o Estado a participar mais ativamente 
da economia. Entre esses fatores, estão:
• Problemas de desemprego: principalmente nos momentos de crise 
econômica, houve crescimento exacerbado dos níveis de desemprego. Isso 
levou os governos a utilizarem medidas para mitigar tal problema, como a 
realização de obras públicas com a finalidade de absorver mão de obra.
• O crescimento da renda per capita: o desenvolvimento da economia de 
mercado e o crescimento do volume de riquezas têm aumentado o poder 
de compra das pessoas. Com isso, também cresceu a demanda por bens e 
serviços públicos (lazer, educação, saúde, entre outros).
• As mudanças tecnológicas: novas tecnologias, muitas vezes, demandam 
investimentos em infraestrutura. Esta, por vezes, fica a cargo dos governos. 
Por exemplo, o surgimento e intensificação do transporte rodoviário.
• O aumento da população: taxas elevadas de crescimento populacional 
levam a aumento dos gastos do Estado com as despesas básicas como 
segurança, educação, lazer, entre outras.
• Efeitos das guerras: nas guerras, o Estado sempre é protagonista através 
de seus gastos. Por exemplo, as duas grandes guerras do século passado 
ou, mesmo, a guerra do Iraque. Todas elas foram patrocinadas via recursos 
públicos.
 CURSO LIVRE - ECONOMIA 4: O PAPEL DO ESTADO
• Os fatores políticos e sociais: em uma sociedade complexa, diversos são 
os grupos sociais que demandam bens e serviços. As reivindicações por 
políticas públicas crescem quando temos inúmeros setores da sociedade 
conquistando poder político.
• A própria evolução e complexidade da economia: principalmente a partir do 
século XX, as relações econômicas tornaram-se muito complexas, motivando 
o alargamento das funções do Estado. Por exemplo, desenvolvimento em 
larga escala do comércio internacional e o predomínio dos mercados 
financeiros.
Se atentarmos para o que dizem os economistas, veremos que não existe 
um consenso quanto ao que deve ser o papel do Estado na economia. Se 
fizermos uma generalização, podemos distinguir três posições em relação a 
esta questão:
Uma primeira posição seria aquela dogmática liberal do Estado Mínimo. 
Os defensores destas ideias argumentam que o Estado não deve intervir na 
economia, ou melhor, que ele tenha apenas poucas atribuições, cuidando de 
setores que não interessam à iniciativa privada (podemos citar a manutenção da 
justiça, da segurança, entre outros). Defendem, assim, a abertura de mercado, 
corte nas despesas dos governos, privatização de estatais, a autorregulação 
dos mercados, entre outras ações.
Uma segunda posição seria aquela da intervenção integral do Estado na 
economia, nos moldes do “socialismo real”. Portanto, contrária à primeira, vista 
acima. Argumentam que cabe ao Estado planejar a economia (o que, quanto 
e como será produzido), que as classes sociais devem ser extintas, que os 
meios de produção sejam socializados, que não haja distorção de salários e 
de riqueza, que o Estado providencie o atendimento de necessidades básicas 
(saúde de qualidade, educação etc.), entre outros argumentos.
Uma terceira posição seria a de intervenção parcial do Estado na 
economia, aos moldes da socialdemocracia, em que se inserem muitos países 
europeus. Essa corrente defende a economia baseada na livre empresa, mas 
com a participação estatal na promoção do bem-estar social. Isso através de 
benefícios sociais a todas as pessoas, como acesso à moradia, educação de 
qualidade (todos os níveis), previdência social, saúde pública e de qualidade, 
entre outros.
3 FUNÇÕES DO SETOR PÚBLICO
Desde uma perspectiva da regulação macroeconômica, podemos resumir 
as funções do Estado da seguinte maneira:
 CURSO LIVRE - ECONOMIA 4: O PAPEL DO ESTADO
1 Promover a estabilidade econômica. A estabilidade econômica se refere 
à busca permanente de elevados níveis de emprego, de baixas taxas de 
inflação, de controle apropriado da taxa de câmbio, de combate à queda 
no nível de atividade econômica, entre outros. Sendo assim, cabe ao 
governo fazer uso de políticas econômicas, a fim de manter o equilíbrio 
da economia. E, para isso, pode usar a política fiscal, a política monetária, 
a política cambial, a política comercial e de rendas.
2 Estimular o crescimento econômico . O est ímulo ao crescimento 
econômico implica indicar prioridades ao setor produtivo, conceder crédito 
e realizar investimentos públicos. Isso tudo objetivando o crescimento 
do produto da economia. Por exemplo, a melhoria das rodovias de um 
país, os investimentos realizados em portos, a concessão de subsídios a 
determinados ramos industriais estratégicos.
3 Assegurar a distribuição de renda. Infelizmente, é comum, nas economias 
de mercado, a existência de considerável desigualdade na distribuição de 
renda. Sendo assim, cabe ao Estado agir como um agente redistribuidor 
de renda. Além de uma intervenção que persiga tais propósitos ser, 
intr insecamente, posit iva, ela parece contribuir para um “equil íbrio 
macroeconômico”, que não seria alcançado a partir da plena liberdade de 
mercado. A preocupação com a distribuição de renda (dada a tendência à 
concentração de riquezas) pode ser encaminhada por meio de adequada 
política tributária (por exemplo, cobrando uma alíquota maior de imposto 
da camada mais rica da população). Outras maneiras podem envolver as 
transferências governamentais (programas de bolsa de estudos, erradicação 
da fome, entre outras).
3.1 ORÇAMENTO PÚBLICO, RECEITAS E DESPESAS DO 
GOVERNO 
O orçamento público é o documento que prevê receitas e despesas 
governamentais num certo período. Mostra quanto o governo recolhe em 
forma de impostos e quanto gasta em cada área específica.
Entendemos por receitas todos os ingressos do governo, provenientes da 
sociedade em forma dos tributos (impostos, taxas etc.). Já as despesas correspondem 
aos gastos governamentais em atividades-fim (como educação, saúde, segurança 
etc.) e atividades-meio (como pessoal, material de consumo etc.). 
Para saber mais sobre o orçamento público, consulte este link: <https://
www.youtube.com/watch?v=u37F1fBwvEU&t=66s>.
 CURSO LIVRE - ECONOMIA 4: O PAPEL DO ESTADO
Entendidos estes dois conceitos, o que acontece quando o governo gasta 
mais do que arrecada? E o que acontece quando gasta menos que arrecada? 
Vejamos melhor: 
Esta última situação é conhecida como superávit público e ocorre 
justamente quando a arrecadação do governo é superior aos seus gastos. Com 
dinheiro sobrando, as contas públicas ficam em dia e é possível continuar 
investindo na economia.
Já a primeira situação, onde os gastos do governo superam a sua 
arrecadação, é denominada de déficit público. Pode ser de três tipos: 
I. Déficit Primário, que leva em consideração a diferença entre arrecadação e 
despesas no período (do ano em exercício). Não se leva em consideração 
a correção monetária e cambial e os juros da dívida contraída em outros 
anos.
II. Déficit Operacional, que corresponde à diferença entre arrecadação e 
despesas no período, acrescido dos juros da dívida passada.
III. Déficit Nominal/total, que leva em consideração o déficit total, ou seja, 
inclui a dívida atual, mais os juros, correção monetária e cambial das dívidas 
passadas.
Voltando à pergunta anterior. Em uma situação de déficit público, o que 
fazer? 
Nesta situação, o governo pode utilizar algumas medidas de política 
fiscal ou de política monetária. No primeiro caso, pode lançar mão de medidas 
que envolvam o aumento de impostos ou redução dos gastos do governo. 
Ou ainda, utilizar estas duas medidas em conjunto. 
Com relação às medidas de política monetária, ele pode emitir moeda ou 
vender títulos da dívida pública. No primeiro caso, o Tesouro Nacional toma 
dinheiro emprestado do Banco Central, o que é equivalente a uma política 
monetária expansionista. Apesar de mitigar os efeitos do déficit público, a 
expansão da moeda na economiapode gerar pressões inflacionárias. 
Já ao vender títulos da dívida pública ao setor privado, o governo troca-os 
por moeda que está em circulação. Logo, retira moeda da economia. Apesar 
de possibilitar um aumento das receitas do governo, ao longo do tempo isso 
contribui para o aumento da dívida pública. Além disso, pode ser necessário 
elevar os juros para atrair investidores. 
 CURSO LIVRE - ECONOMIA 4: O PAPEL DO ESTADO
Entende-se por política fiscal as ações de controle e administração das 
contas públicas através da política tributária e de gastos. É um importante 
instrumento de política do governo, operando de forma a manter um nível 
tolerável de estabilidade econômica. Atuando através dos mecanismos 
da política fiscal, ou seja, através da política de gastos e de tributação, 
o governo pode aumentar ou diminuir o nível de renda da economia, 
influenciando a demanda agregada. É uma ferramenta de combate à 
depressão e à inflação. De acordo com o cenário macroeconômico, o Estado 
pode lançar mão de uma política fiscal de cunho expansivo ou restritivo. 
A política fiscal é expansiva quando vai estimular a demanda agregada. 
A renda é expandida. São medidas como: aumento nos gastos públicos; 
diminuição da carga tributária (estimulando consumo e investimento); 
estímulos à exportação; barreiras à importação (beneficiando a produção 
nacional). A política fiscal é restritiva quando se quer “desacelerar” a 
demanda. O objetivo é contrair a renda. São medidas como: diminuição 
dos gastos públicos; elevação da carga tributária (desestimulando o 
consumo); elevação das importações.
3.2 A ARRECADAÇÃO POR PARTE DO ESTADO: OS TRIBUTOS
Vimos anteriormente que o governo arrecada dinheiro, essencialmente, 
através dos tributos. É assim que o Estado compõe sua receita fiscal. 
Basicamente, os tributos são constituídos por: 1) Impostos; 2) Taxas; 3) 
Contribuições de melhoria; 4) Empréstimos compulsórios; 4) Contribuições 
especiais. Vejamos cada um deles:
1 Os IMPOSTOS são os tributos por excelência, servem para compor a receita 
do Estado e permitir que cumpra suas funções com a sociedade. São 
arrecadados e não têm uma finalidade previamente estabelecida. Podemos 
classificá-los entre impostos diretos e impostos indiretos. 
Os impostos diretos são aqueles que afetam a riqueza dos contribuintes, 
incidindo de forma direta sobre a riqueza e a renda. Quem arca com seu ônus 
é a pessoa que recolhe o imposto. Exemplos: Imposto de Renda (IR), Imposto 
sobre a Propriedade Territorial Urbana (IPTU), Imposto sobre a Propriedade 
de Veículos Automotores (IPVA).
Já os impostos indiretos estão relacionados com a produção e 
comercialização, incidindo, portanto, mercadorias e serviços. Geralmente, a 
firma que recolhe o imposto pode transferir o ônus para terceiros. Exemplos: 
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Circulação de 
Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto sobre Serviços (ISS).
 CURSO LIVRE - ECONOMIA 4: O PAPEL DO ESTADO
Podemos classificar os impostos ainda entre:
• Impostos Regressivos: são aqueles em que o aumento da contribuição é 
proporcionalmente menor à medida que a renda aumenta. Logo, o ônus 
do pagamente deste imposto recai sobre as classes menos privilegiadas. 
Exemplo: ICMS e IPI.
• Impostos Proporcionais: a proporção arrecadada do imposto permanece 
constante, para qualquer nível de renda. Os diversos segmentos sociais são 
onerados igualmente em termos de percentual de imposto.
• Impostos Progressivos: ocorre quando o porcentual de contribuição se 
eleva à medida que a renda aumenta. O ônus desse tipo de imposto recai 
de forma mais acentuada sobre as classes mais ricas. Exemplo: Imposto de 
Renda. 
2 As TAXAS são cobradas em razões do exercício de polícia ou pela utilização 
de serviços públicos específicos e divisíveis. Ou seja, utilizados por quem 
paga, como exemplo, taxa de coleta de lixo ou taxa de fiscalização de 
vigilância sanitária. O que é cobrado tem destinação prévia. 
3 As CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA são cobradas quando uma determinada 
obra pública aumenta o valor patrimonial de bens e imóveis. 
4 Os EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS também têm destinação prévia e são 
cobranças direcionadas a atender problemas emergenciais, como guerras, 
calamidade pública e investimento urgente. Ex.: o confisco da poupança 
efetuado pelo governo Collor.
5 As CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS são parecidas com os impostos, mas 
diferenciam-se pelo fato de que o tributo em questão é previamente 
destinado a uma finalidade específica. Exemplo, as contribuições sociais, 
previdenciárias (FGTS, PIS, COFINS, entre outros), contribuições sindicais, 
contribuições de categorias profissionais.
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.04
1 INTRODUÇÃO 
Prezado acadêmico! Você já se perguntou como se faz para medir o 
desempenho da economia de um país? A metodologia utilizada para isso é 
denominada de Contabilidade Nacional. Ela permite, por um lado, medir 
o desempenho da economia e, por outro, evidenciar as relações entre os 
agregados macroeconômicos. A partir de todas as informações resultantes 
deste diagnóstico, que, no caso dos países, é de um ano, se pode formular 
as políticas econômicas. Justamente, conhecer suas principais características 
será nosso objetivo neste Tópico 4.
2 NOÇÕES BÁSICAS DE CONTABILIDADE NACIONAL
Podemos definir a Contabilidade Nacional como uma metodologia 
capaz de registrar e quantificar os agregados macroeconômicos. Através dela 
pode-se quantificar a economia de um país, de uma maneira sistemática e 
coerente. De um modo geral, podemos dizer que ela é composta por cinco 
contas básicas:
CONTABILIDADE 
NACIONAL
 CURSO LIVRE - ECONOMIA 4: O PAPEL DO ESTADO
informações
Nestas contas estão contidos os principais agregados macroeconômicos 
e, juntos, representam a medida oficial do fluxo do produto e da renda de um 
país. No Brasil, a responsabilidade por organizá-las é do Instituto Brasileiro 
de Geografia e Estatística (IBGE). 
Para conhecer mais sobre as contas nacionais do Brasil, acesse este link, 
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): <http://www.ibge.
gov.br/home/estatistica/economia/contasnacionais/2013/default.shtm>.
Para se elaborar as contas nacionais, alguns princípios básicos são levados 
em consideração, dentre eles:
I. São computadas apenas as transações com bens e serviços finais, portanto, 
são excluídos da contabilidade os bens e serviços intermediários.
II. Procura-se medir a produção do próprio período. Com isso, não são 
computados os valores de transações de anos anteriores.
III. As transações medidas sempre se referem a um fluxo por unidade de 
tempo, geralmente, um ano. 
IV. As transações financeiras não são consideradas, por se tratarem de 
transferências entre aplicadores e tomadores. E isso não configura um 
acréscimo à produção real da economia.
 CURSO LIVRE - ECONOMIA 4: O PAPEL DO ESTADO
Os bens finais são aqueles que são vendidos para consumo ou para utilização 
final. Ou seja, já passaram por todo o processo de transformação, estão 
inteiramente acabados. Por exemplo, um automóvel 0 km. Já os bens 
intermediários correspondem àqueles que sofrem alguma transformação 
no processo de produção de outros bens. Eles são consumidos no 
processo produtivo para poder gerar o produto final. Por exemplo, o 
trigo, no processo de produção do pão.
3 MEDIDAS DE ATIVIDADE ECONÔMICA: PRODUTO 
NACIONAL, RENDA NACIONAL E DESPESA NACIONAL
Para mensurar a atividade econômica, que é contínua, tomam-se em 
conta os valores das transações realizadas com os bens e meios produtivos 
durante um ano. Existem algumas formas de fazer isso, entre elas, através do 
conceito de Produto Nacional, de Renda Nacional e de Despesa Nacional.
Entendemos por PRODUTO NACIONAL o valor monetário de todos os 
bens e serviços finais gerados pela economia durante determinado período 
de tempo (geralmente, um ano). Representa o valor do produto pela ótica de 
quem vendeu. Não entram nesta conta os bensintermediários.
Já a RENDA NACIONAL corresponde aos pagamentos feitos aos recursos 
de produção utilizados para gerar esse produto nesse mesmo ano. São as 
remunerações do trabalho (mão de obra), capital, terra, capacidade empresarial 
e tecnologia.
O resultado obtido por meio destas duas contas será sempre igual. Por 
exemplo, imaginemos uma economia que produza apenas feijão e milho. Os 
pagamentos aos recursos de produção utilizados foram: salários, aluguel da 
terra, juros e lucros. Vejamos melhor as contas com a ajuda da tabela a seguir:
Produção Renda
Valor total da 
produção de feijão
$ 1.200.000,00
Total dos pagamentos 
de salário
$ 1.600.000,00
Valor total da 
produção de milho
$ 800.000,00 Aluguel da terra $ 160.000,00
- - Juros pagos $ 40.000,00
- - Lucros $ 200.000,00
Produto Nacional $ 2.000.000,00 Renda Nacional $ 2.000.000,00
CALCULANDO O PRODUTO NACIONAL E A RENDA NACIONAL
FONTE: O autor com base em Passos; Nogami (2012)
 CURSO LIVRE - ECONOMIA 4: O PAPEL DO ESTADO
Se calcularmos pela ótica do produto nacional, ou seja, o valor final dos 
produtos produzidos por esta economia, teremos um Produto Nacional de $ 
2.000.000,00 (soma da produção de feijão + a de milho). Da mesma forma, 
somando os pagamentos feitos aos fatores de produção, teremos uma Renda 
Nacional de $ 2.000.000,00 (remuneração do trabalho + remuneração da terra 
+ remuneração do capital + remuneração da capacidade empresarial).
Por fim, a DESPESA NACIONAL é o gasto realizado pelos agentes 
econômicos com o produto nacional. Ela apresenta o mesmo valor do produto 
nacional, porém medido pela ótica de quem comprou e não de quem vendeu. 
Considerando as despesas realizadas pelos agentes econômicos, temos 
que a Despesa Nacional é igual: despesas de consumo + despesas de bens 
de capital + despesas de governo + despesas do setor externo.
Como vimos anteriormente, quando se mede o resultado das atividades 
econômicas não são computados os bens e serviços intermediários, apenas 
os finais. Disso se tem uma identidade muito importante nas contas nacionais: 
Produto Nacional = Renda Nacional = Despesa Nacional
3.1 POUPANÇA E INVESTIMENTO
Não é novidade para ninguém que as pessoas não gastam, necessariamente, 
tudo o que ganham. Muitas poupam para o futuro. Analogamente, as empresas 
não produzem apenas bens de consumo final, para o consumo. Elas produzem 
também bens de capital, que aumentam a capacidade produtiva da economia. 
Essas considerações requerem que consideremos dois importantes conceitos: 
o de Poupança Agregada e o de Investimento Agregado.
A poupança é o ato de não consumir no período, deixando para um 
consumo futuro. Disso se tem que a Poupança Agregada (S) é a parcela 
da renda nacional (RN) que não é consumida no período. De toda a renda 
recebida pelas famílias, a parcela que não for gasta com consumo (C) será 
denominada Poupança Agregada (S).
S = RN - C
O Investimento Agregado é gasto com todos os bens produzidos (bens 
de capital, bens de consumo, intermediários) e não consumidos no período, 
que irão, portanto, aumentar a capacidade produtiva da economia. Ele também 
é chamado de taxa de acumulação do capital e compõe-se do investimento 
em bens de capital acrescido da variação de estoques de todos os bens que 
não foram consumidos.
 CURSO LIVRE - ECONOMIA 4: O PAPEL DO ESTADO
Investimento total = investimento em bens de capital + variação de estoques
Os bens de capital (bens de produção) são aqueles bens utilizados para a 
produção de outros bens e que não se desgastam totalmente no processo 
produtivo. Por exemplo, as máquinas, os equipamentos, as instalações.
Sempre que falamos de Investimento Agregado (I), estamos nos referindo 
a produtos físicos. Dessa maneira, o investimento em ações, por exemplo, 
não se configura um investimento no sentido econômico. Ele é apenas uma 
transferência financeira, isto é, apenas a transação ocorrida na bolsa de valores 
que não aumenta, por si mesma, a capacidade produtiva da economia. Caso 
este recurso seja utilizado no processo produtivo (compra de equipamentos, 
máquinas, aumento das instalações, entre outros), aí teremos uma situação 
de investimento.
Vale dizer ainda que investimentos em ativos de segunda mão (usados) 
não entram na contabilidade do Investimento Agregado. Esta ação se configura 
apenas como uma transferência de ativos. Como foi produzida em anos 
anteriores, foi computado lá atrás.
4 OUTRAS MEDIDAS AGREGADAS: O PNB E O PIB
Derivados destes conceitos que vimos anteriormente, temos outras 
medidas para quantificar as atividades econômicas. Umas delas é o Produto 
Nacional Bruto (PNB). Podemos defini-lo como o valor de mercado de todos os 
bens e serviços FINAIS (pertencentes aos nacionais) produzidos na economia 
em um dado período de tempo (geralmente um ano), independentemente 
do território econômico em que esses recursos foram produzidos. Inclui os 
milhares de bens e serviços produzidos por uma economia: roupas, carros, 
celulares, ovos, bebidas, serviços médicos, de educação, entre tantos outros. 
E como medir o PRODUTO NACIONAL BRUTO (PNB)? Basicamente, 
calculamos o valor monetário de cada bem (ou seja, a quantidade de cada 
bem ou serviço, multiplicado pelo seu preço) para depois somar o total destes 
valores. Por exemplo, imaginemos uma economia hipotética, que produza 
apenas cinco bens. A tabela a seguir nos mostra o tipo de bem, os preços e 
as quantidades produzidas por esta economia no período de um ano.
 CURSO LIVRE - ECONOMIA 4: O PAPEL DO ESTADO
MEDINDO O PNB DE UMA ECONOMIA HIPOTÉTICA
FONTE: O autor com base em Passos; Nogami (2012)
Bem Preço ($) Quantidade
A - Cerveja 5,00 (por unidade) 400
B - Ovos 6,00 (por dúzia) 100
C - Gasolina 4,00 (por litro) 500
D - Carne 20,00 (por quilo) 350
E - Madeira 40,00 (metros cúbicos) 250
Para descobrimos o PNB desta economia, primeiramente multiplicamos 
a quantidade total de cada bem pelo seu respectivo preço. Depois, somamos 
os resultados e chegamos ao seu PNB. Na fórmula (Pa = preço de A; Qa = 
quantidade de A; e assim, respectivamente):
PNB = (Pa x Qa) + (Pb x Qb) + (Pc x Qc) + (Pd x Qd) + (Pe x Qe)
PNB = (5,00 x 400) + (6,00 x 10) + (4,00 x 500) + (20,00 x 350) + (40,00 x 250)
PNB = $ 2.000,00 + $ 600,00 + $ 2.000,00 + $ 7.000,00 + $ 10.000,00
PNB = $ 21.600,00 
Além desta maneira de medir o PNB, podemos utilizar a abordagem da 
renda, que leva em consideração a soma das remunerações dos fatores de 
produção (soma dos salários, juros, aluguéis, lucros). No caso, teríamos que 
somar o total das remunerações pagas ao longo do processo produtivo.
Ao medirmos a produção de um país (como no exemplo anterior) podem 
surgir problemas, como o da dupla (ou múltipla) contagem. Ou seja, como a 
economia produz bens econômicos de uso final, é preciso que a contabilidade 
leve em consideração os bens intermediários no processo de produção. 
Assim, é necessário excluir da contabil idade do produto os bens 
intermediários, considerando apenas os bens finais. Para isso se utiliza o 
conceito de VALOR ADICIONADO. Por exemplo, para computar o valor final 
de um livro, teríamos que descontar o preço do papel, da tinta, da madeira, 
dos corantes e tantos outros produtos utilizados no processo produtivo.
O conceito de valor adicionado corresponde ao cálculo do que cada ramo 
de atividade adicionou ao valor do produto final, levando em conta cada 
etapa do processo produtivo. É o valor bruto da produção menos o valor 
de bens intermediários adquiridos no processo produtivo.
 CURSO LIVRE - ECONOMIA 4: O PAPEL DO ESTADO
Para exemplificar, utilizemos os dados da tabela a seguir e imaginemos 
que o Produto Nacional Bruto (PNB) do país X seja composto apenas pela 
produção de pães. Podemos evitar o problema da dupla contagem de duas 
maneiras. A primeira, contabilizando o valor dos produtos finais. Como o 
produto final são os pães, temos um PNB de $ 2.800,00. A segunda maneira é 
computando o valor do valor adicionado, ou seja, levando em consideraçãoapenas os valores que foram adicionados ao produto à medida que ele passa 
pelos estágios de produção.
Estágios da produção
Receita de 
Vendas ($)
Compra de Outras 
empresas ($)
Valor 
Adicionado ($)
1. Produção de Trigo 1.400,00 0,00 1.400,00
2. Produção de 
Farinha
2.000,00 1.400,00 600,00
3. Produção de Pão 
(produto final)
2.800,00 2.000,00 800,00
4. Valor adicionado 2800,00
CALCULANDO O VALOR ADICIONADO
FONTE: O autor com base em Passos; Nogami (2012)
No nosso exemplo, temos três estágios. Supomos que os produtores de 
trigo não adquiram bens de outras firmas. Estes vendem sua produção a uma 
empresa que irá processar o trigo por $ 1.400,00. Neste primeiro estágio, o 
valor adicionado é de $ 1.400,00 ($1.400,00 - $ 0,00). Esta empresa o processa 
e vende a uma padaria por $ 2.000,00. Portanto, o valor adicionado nesta 
segunda etapa foi de $ 600,00 ($ 2.000,00 - $ 1.400,00). Por fim, a padaria 
vende aos consumidores toda a produção de pães por $ 2.800,00. Nesta 
terceira etapa o valor adicionado foi de $ 800,00 ($ 2.800,00 - $ 2.000,00). A 
soma dos valores adicionados em cada etapa totaliza então $ 2.800,00, igual 
ao produto final e que nos dá o PNB desta economia.
Além do Produto Nacional Bruto (PNB), temos o Produto Nacional Líquido 
(PNL). Este nada mais é do que o PNB descontado da depreciação. Isto é = 
PNL = PNB – depreciação.
A depreciação corresponde ao consumo de estoque de capital físico em 
determinado período.
 CURSO LIVRE - ECONOMIA 4: O PAPEL DO ESTADO
4.1 PNB NOMINAL E PNB REAL
Outra importante questão relacionada ao PNB é distinguir se ele variou 
de um ano para o outro devido ao aumento/diminuição nos preços ou por 
um aumento/diminuição nas quantidades do produto. Ou ainda, se devido 
aos dois. Quando consideramos o aumento do PNB de um ano para o outro, 
muito dessa elevação se deve ao aumento dos preços que ocorreu no período 
e não tanto ao aumento físico da produção. Existem, portanto, duas situações: 
uma que considera o valor nominal, isto é, acrescida da inflação do período; 
e outra, real, que desconta a elevação nos preços. Assim, podemos definir o 
PNB entre PNB nominal e PNB real.
O PNB nominal mede o valor da produção aos preços prevalecentes no 
período durante o qual o bem é produzido.
O PNB real mede o valor da produção em qualquer período aos preços de 
um ano-base e nos dá uma estimativa da variação real ou física na produção 
entre anos específicos. É o PNB descontado da inflação ocorrida no período.
Por isso, é preciso separar as partes variação no produto que correspondem 
a um aumento definitivo da produção daqueles que se referem apenas ao 
aumento de preços. E como os economistas fazem para separar crescimento 
de preços de crescimento real do produto? O fazem tomando os preços de 
determinado ano como base (ano-base) e os utilizam para medir o PNB de 
diferentes anos. Isso significa, na prática, ter como parâmetro um índice de 
preço, que serve como uma estimativa da variação do nível geral de preços. 
No ano-base, o índice sempre terá o valor de 100. Nos anos seguintes, 
mostrará as variações a partir desta base.
Por exemplo, pensemos no ano de 2010 como ano-base. Neste ano, 
o PNB do país Y foi de $ 412.817,60. Como nosso ano-base é 2010, o índice 
deste ano seria 100. Se no ano de 2011 a variação no nível geral de preços 
foi de 17,3%, nosso índice será de 117,3 (100 + 17,3). No ano seguinte, o PNB 
do país Y chegou a $ 548.696,00. 
Porém, ainda não descontamos a inflação. Então, para descobrirmos o 
PNB real de 2011, fazemos o seguinte cálculo: dividimos o PNB nominal de 
2011 (548.696,00) pelo índice de preços (117,3) e multiplicamos seu resultado 
por 100. Com isso, encontraremos o PNB de 2011, medido a preços do ano-
base, 2010. Assim:
=
548.696,00
 100 467.771,53
117,3
x
 CURSO LIVRE - ECONOMIA 4: O PAPEL DO ESTADO
4.2 O PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB)
Outra medida comumente utilizada para mensurar a atividade econômica 
é o Produto Interno Bruto (PIB). O PIB considera o valor agregado de todos 
os bens e serviços finais produzidos dentro do território econômico de um 
país, independentemente da nacionalidade dos proprietários das unidades 
produtoras desses bens e serviços. Assim, não leva em conta o resultado entre 
as rendas enviadas ao exterior e as contas recebidas do exterior.
Prezado acadêmico, a Renda Recebida do Exterior (RR) refere-se à renda 
que recebemos devido à produção das empresas nacionais no exterior. 
A Renda Enviada ao Exterior (RE) é o resultado das transferências de 
rendas de estrangeiros obtidas no Brasil, por exemplo, e enviadas a seu 
país de origem (remessa de lucros, royalties etc). Portanto: RR – RE = 
RLFE (Renda Líquida dos Fatores Externos).
Mas, você deve se perguntar: qual é a diferença entre PNB e PIB?
Basicamente, o PNB leva em consideração o valor agregado de todos os 
bens e serviços finais produzidos por uma economia, independentemente 
do território econômico em que estes recursos foram gerados. Por exemplo, 
no cálculo do PNB brasileiro, se leva em conta o que foi produzido apenas 
pelas empresas brasileiras, tanto aquelas que estão instaladas no Brasil, como 
aquelas que estão instaladas em outras partes do mundo (mas pertencem a 
brasileiros).
Já o PIB considera apenas o valor agregado de todos os bens e 
serviços produzidos dentro do território de um país, independentemente 
da nacionalidade dos donos das empresas. Por exemplo, no cálculo do PIB 
brasileiro se leva em consideração a produção realizada dentro das fronteiras 
nacionais, tanto das empresas brasileiras, como das multinacionais (que estão 
instaladas em nossas fronteiras).
Ou seja, na conta do PNB entram as contas da Renda Líquida dos Fatores 
Externos (rendas recebidas do exterior subtraídas das rendas enviadas ao 
exterior). O PIB não considera estas contas. Simplesmente: PNB = PIB + RLFE.
Dessa maneira, caso as rendas recebidas do exterior forem maiores que 
as enviadas, o PNB será maior que o PIB. Do contrário, se as rendas recebidas 
forem menores que as rendas enviadas, o PNB será menor que o PIB. 
 CURSO LIVRE - ECONOMIA 4: O PAPEL DO ESTADO
Caro acadêmico! É possível acessar os valores do Produto Interno Bruto 
brasileiro no site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O 
link para acesso é: <http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/listabl.
asp?z=p&o=32&i=P&c=5938>. É possível visualizar os dados para diversos 
níveis: Brasil, grandes regiões, Estados e, mesmo, municípios.
 CURSO LIVRE - ECONOMIA 4: O PAPEL DO ESTADO
AUTOATIVIDADE
Prezado acadêmico! Estamos chegando ao final de mais uma etapa do 
Curso Livre em Economia. Chegando até aqui, é importante fixar alguns 
conceitos e teorias que você estudou até agora. Por isso, elaboramos algumas 
autoatividades para você testar seus conhecimentos. 
1 Logo no primeiro tópico da quarta etapa, conhecemos os principais 
vazamentos do fluxo circular da renda. Quais são eles? Por quais medidas 
eles podem ser corrigidos? 
2 A presença do Estado, tanto em economias mais desenvolvidas como 
naquelas em desenvolvimento, é um fato difícil de se contestar. O fato é que, 
seja em menor ou em maior grau, ele é um agente ativo na economia. Nas 
economias capitalistas modernas podemos distiguir três grandes funções do 
Estado, no que se refere à intervenção econômica. Quais são estas funções? 
Discorra sobre cada uma delas.
3 No último tópico da quarta etapa, vimos que a Contabilidade Nacional é 
um mecanismo pelo qual se mede o nível de atividade econômica de um 
país. Entre as várias medidas da atividade econômica, podemos ressaltar 
o Produto Nacional Bruto (PNB) e o Produto Interno Bruto (PIB). Como 
podemos diferenciá-los?
4 A macroeconomia tem por objetivo estudar a determinação dos grandes 
agregados da economia, entre eles: o nível geral de preços, o nível de 
produto, a taxa de salários, o nível de emprego, a taxa de juros, o volume 
de moeda, a taxa de câmbio, o volume de divisas, os gastos do governo, o 
consumo agregado,entre outros. Vimos que a divisão da teoria econômica, 
entre macroeconomia e microeconomia, é relativamente recente, mais 
precisamente, ocorreu a partir da Grande Depressão, de 1929. Disserte sobre 
a evolução da macroeconomia e a importância de Keynes neste campo 
teórico. 
5 A Contabilidade Nacional corresponde a uma metodologia que auxilia no 
registro e na quantificação dos principais agregados econômicos. Com 
ela, podemos “medir” a economia de uma nação, de maneira coerente e 
sistemática. Com base nisso, ligue a primeira coluna à segunda: 
a) Renda Nacional.
b) Investimento. 
c) Despesa Nacional. 
d) Poupança. 
e) Produto nacional. 
 CURSO LIVRE - ECONOMIA 4: O PAPEL DO ESTADO
( ) O gasto realizado pelos agentes econômicos com o produto nacional.
( ) O valor monetário de todos os bens e serviços finais gerados pela economia 
durante determinado período de tempo.
( ) Ato de não consumir no período, deixando para um consumo futuro.
( ) Corresponde aos pagamentos feitos aos recursos de produção utilizados 
para gerar o produto, em um ano. São as remunerações do trabalho (mão 
de obra), capital, terra, capacidade empresarial e tecnologia.
( ) Gasto com todos os bens produzidos e não consumidos no período, que 
irão, portanto, aumentar a capacidade produtiva da economia.
 CURSO LIVRE - ECONOMIA 4: O PAPEL DO ESTADO
REFERÊNCIAS
FROYEN, Richard T. Macroeconomia. 5 ª edição, São Paulo: Saraiva, 2001.
PINHO, Diva Benevides; VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de; 
GREMAUD, Amaury Patrick. Manual de economia. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 
2003. xviii, 606p, il.
PASSOS, Carlos Roberto M.; NOGAMI, Otto. Princípios de economia. 6. ed. 
rev. São Paulo: Cengage Learning, c2012. xxiv, 670 p, il.
ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à economia. José Paschoal Rossetti. 
20. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de economia. 3. ed. São Paulo: 
Best Seller, 1999. 649 p.
VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de; GARCIA, Manuel Enriquez. 
Fundamentos de economia. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. xix, 292 p, il.
VICECONTI, Paulo Eduardo V. (Paulo Eduardo Vilchez); NEVES, Silvério das. 
Introdução à economia. 7. ed. rev. e atual. São Paulo: Frase, 2005. xix, 594 p, il.

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