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CONHECIMENTOS GERAIS
Didatismo e Conhecimento 1
CONHECIMENTOS GERAIS
1. O BRASIL NA ATUALIDADE: 
FONTES ENERGÉTICAS, EPIDEMIAS E 
CONFLITOS POLÍTICOS E SOCIAIS.
As fontes de energia são extremamente importantes para o 
desenvolvimento de um país. Além disso, a qualidade e nível de 
capacidade das fontes de energia de um determinado local são in-
dicativos para apontar o grau de desenvolvimento da região. Países 
com maiores rendas geralmente dispõem de maior poder de con-
sumo energético.
No Brasil não é diferente: à medida que o país foi se mo-
dernizando, o setor energético brasileiro foi se desenvolvendo. As 
principais fontes de energia do Brasil, atualmente, são: energia 
hidroelétrica, petróleo, carvão mineral e os biocombustíveis, 
além de algumas outras utilizadas em menor escala, como gás na-
tural e a energia nuclear. 
O petróleo é utilizado para a geração de energia para veículos 
motores, através da produção de gasolina, óleo diesel, querosene. 
Além disso, também é responsável pelo abastecimento de usinas 
termoelétricas. É a principal fonte de energia brasileira.
As principais bacias petrolíferas são: Bacia de Campos, a 
maior do Brasil; bacia de Santos, Bacia do Espírito Santo e Bacia 
do Recôncavo Baiano.
Há alguns anos o país importava cerca de 60% do petróleo 
consumido internamente. Entretanto, atualmente, o país é quase 
completamente abastecido pela produção interna. Além disso, re-
centemente, foram descobertas grandes reservas de petróleo na ca-
mada do pré-sal no fundo oceânico do litoral de Santos (SP) e do 
Espírito Santo.
A energia hidroelétrica é a principal fonte de energia utiliza-
da para produzir eletricidade no país. Atualmente, 90% da energia 
elétrica consumida no país advém de usinas hidrelétricas. Apesar 
disso, o país só utiliza 25% do seu potencial hidráulico. Além do 
mais, o Brasil ainda importa parte da energia hidroelétrica, uma 
porção dessas importações é referente à propriedade paraguaia da 
Usina Binacional de Itaipu, outra parte se refere à compra de eletri-
cidade produzida pelas usinas de Garabi e Yaciretá, na Argentina.
Metade da produção da Usina de Itaipu
 pertence ao Paraguai em virtude do fato de
 ela se encontrar na divisa com o Brasil
Segue abaixo a lista das principais hidrelétricas do país:
1. Usina Hidrelétrica de Itaipu, no Rio Paraná - Capacidade: 
14.000 MW;
2. Usina Hidrelétrica de Tucuruí, Rio Tocantins - Capacidade: 
8.370 MW;
3. Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira, no Rio Paraná - Capa-
cidade: 3.444 MW;
4. Usina Hidrelétrica de Xingó, no Rio São Francisco - Capa-
cidade: 3.162 MW;
5. Usina Hidrelétrica de Foz Do Areia, no Rio Iguaçu - Capa-
cidade: 2.511 MW;
6. Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso, no Rio São Francisco 
- Capacidade: 2.462 MW;
7. Usina Hidrelétrica de Itumbiara, no Rio Paranaíba - Capa-
cidade: 2.082 MW;
8. Usina Hidrelétrica de Teles Pires, no Rio Teles Pires - Ca-
pacidade: 1.820 MW;
9. Usina Hidrelétrica de São Simão, no Rio Paranaíba - Capa-
cidade: 1.710 MW;
10. Usina Hidrelétrica de Jupiá, no Rio Paraná - Capacidade: 
1.551 MW.
A produção de Carvão Mineral é destinada para a geração 
de energia termelétrica e como matéria-prima principal para as in-
dústrias siderúrgicas. Sua produção no Brasil está concentrada nos 
estados de Santa Catarina, no vale do Tubarão, e no Rio Grande do 
Sul, no vale do Rio Jacuí.
Apesar da existência dessas reservas, o carvão mineral bra-
sileiro não é de boa qualidade, o que faz com que o país importe 
cerca de 60% do que consome, uma vez que os fornos das siderúr-
gicas e hidrelétricas necessitam de carvões minerais de alta quali-
dade e que produzam poucas cinzas.
Os biocombustíveis são fontes de energia recentemente im-
plantadas no país, caracterizados por serem do tipo renovável. São 
originados de produtos vegetais (como a mamona, a cana-de-açú-
car, entre outros).
Seu uso é amplamente defendido, pois se trata de uma energia 
mais limpa e que, portanto, acarreta em menos danos para o meio 
ambiente. Por outro lado, os críticos apontam que muitas áreas na-
turais são devastadas para o cultivo das matérias-primas necessá-
rias para essa fonte de energia. Os biocombustíveis mais utilizados 
no país são: o Etanol (álcool), o Biogás e o Biodiesel.
O gás natural geralmente é produzido de forma conjunta ao 
petróleo e é responsável por quase 10% do consumo nacional de 
energia. Seu uso predominante é na produção de gás de cozinha, 
no abastecimento de indústrias e usinas termoelétricas e na produ-
ção de combustíveis automotores.
A energia nuclear também é um recurso energético utilizado 
no país. O seu uso foi idealizado no início da década de 1960 e 
implantado a partir de 1969, com a criação do Programa Nuclear 
Brasileiro, sob a argumentação de que a energia hidroelétrica, por 
si só, não seria suficiente para conduzir a matriz energética do Bra-
sil. Tal argumento se mostrou falso primeiramente pela descoberta 
da real capacidade hidráulica do país (a terceira maior do mundo) 
e, em segundo lugar, pela descoberta posterior de novas formas de 
produção de energia, como os biocombustíveis.
Em 1981, foi inaugurada a primeira Usina Nuclear brasileira, 
localizada na cidade de Angra dos Reis e, por isso, denominada 
de Angra I. Porém, por problemas técnicos, ela foi desativada e, 
atualmente, não se encontra em operação.
Didatismo e Conhecimento 2
CONHECIMENTOS GERAIS
Posteriormente, em um acordo com a Alemanha, foram inicia-
dos os projetos de Angra II e III, que deveriam entrar em funciona-
mento na década de 1980. Entretanto, a usina de Angra II começou 
a operar em 2000 e Angra III até hoje não foi concluída.
Usinas de Angra I (à esquerda) e Angra II (à direita). 
Apenas a segunda encontra-se em funcionamento.¹
Além dos altos gastos e do baixo nível produtivo (apenas 
3% da produção nacional de eletricidade), as usinas nucleares de 
Angra são duramente criticadas por grupos ambientais em razão 
dos altos riscos em casos de acidentes ou vazamentos e pelo não 
estabelecimento de um local fixo para a destinação dos resíduos 
radioativos gerados pela usina.
Fonte : http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/fon-
tes-energia-brasil.htm
Epidemias
Uma nova epidemia de altas proporções de zika, chikungun-
ya e dengue causa preocupação em médicos em Pernambuco, que 
lida com o mais alto número de casos suspeitos e confirmados de 
microcefalia no país.
As ocorrências recentes da má-formação em bebês têm sido 
associadas ao zika vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti.
Mas, desde o início de janeiro, o número de novos casos re-
gistrados em todo o país – que chegou a crescer mais de 40% por 
semana em dezembro – começou a cair.
Atualmente, o Ministério da Saúde investiga 3.670 casos sus-
peitos de microcefalia. Cerca de 400 foram confirmados e 700, 
descartados.
A queda nas notificações provocou questionamentos sobre a 
qualidade do registro de casos no país.
De acordo com o ministério, a mudança nos números se deve 
a fatores como redução do pânico em relação à má-formação e 
ajuste dos serviços de saúde ao novo protocolo para notificações – 
que estaria evitando erros no registro de casos.
Especialistas também levantaram a hipótese de subnotificação 
de casos de microcefalia no passado, o que explicaria o número 
atual maior.
No entanto, para médicos que tentam comprovar a ligação 
entre microcefalia e zika, o alto número de bebês registrados nos 
últimos meses de 2015 também se deve ao fato de que eles fo-
ram concebidos nos primeiros meses do ano, quando o mosquito 
está mais ativo.”O número de casos novos de microcefalia caiu, 
se compararmos com dezembro. Atendíamos cerca de 15 novos 
casos por semana e agora são quatro”, disse à BBC Brasil a infec-
tologista Regina Coeli, do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, 
principal referência para o atendimento da microcefalia no Estado.
“O que vimos até agora é um reflexo de nove meses atrás, 
quando havia um surto de dengue, zika e chikungunya. Precisamos 
tomar pé da situaçãopara que o mesmo não ocorra daqui a nove 
meses.”
O cenário em Pernambuco mostra que as medidas de combate 
ao mosquito podem ter chegado tarde para evitar novas ocorrên-
cias.
Em dezembro, o governo pernambucano anunciou que desti-
naria R$ 25 milhões a esforços para atender as famílias com casos 
de microcefalia e para ações de combate ao Aedes aegypti.
No entanto, o Estado já registra uma epidemia de arboviroses 
(doenças transmitidas por mosquitos) cujos números superam o do 
mesmo período no ano passado.
No caso da dengue, cuja notificação é compulsória há mais 
tempo, o crescimento em relação ao início de 2015 chega a 190%, 
de acordo com dados divulgados pela Secretaria da Saúde pernam-
bucana.
Em cidades como Vitória de Santo Antão, a cerca de 60 km 
de Recife, a emergência do Hospital João Murilo de Oliveira aten-
deu mais de 3 mil pacientes a mais do que sua capacidade – 70% 
deles com sintomas de uma das três arboviroses.”Entre novembro 
e janeiro tínhamos uma queda nos atendimentos, mas esse ano já 
estamos superlotados.
Segundo Camara, o hospital recebeu mais de 90 mães com 
sintomas que podem ser de zika vírus em janeiro – 40 a mais do 
que no mês anterior.
Desde o último mês de outubro, a cidade teve 26 casos suspei-
tos de microcefalia notificados.
Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/noti-
cias/2016/02/160210_microcefalia_pe_cc
Conflitos Politicos e Sociais 
Dentre as inúmeras variáveis que favorecem a perpetuação 
da corrupção no Brasil está a enorme distância entre a lei e rea-
lidade da população brasileira. De fato, a realidade da efetivação 
das garantias constitucionais está bem distante para aqueles que 
até possuem cidadania “política”, mas sequer estão próximos de 
atingir de fato a cidadania “civil”. Para estes que estão à margem 
da sociedade brasileira, a lei é uma realidade distante. O presente 
artigo tem como finalidade expor os fatos que levaram a inserção e 
a legitimação da corrupção no Brasil tendo como amparo o modelo 
desigual de acesso à justiça aos menos favorecidos.
O papel da apatia política da sociedade como forma de 
legitimação da corrupção no Brasil
A corrupção decididamente não é um fato que surgiu nos últi-
mos anos, na verdade está presente no Brasil há muitos séculos e 
acompanha desde então as discussões em todos os âmbitos do país. 
Segundo Emerson Garcia, a corrupção, em seus aspectos mais ba-
silares, reflete a infração de um dever jurídico posicional e a corre-
lata obtenção de uma vantagem indevida (Garcia, 2011, p.1).
Didatismo e Conhecimento 3
CONHECIMENTOS GERAIS
Portanto, a corrupção é uma velha conhecida da sociedade 
brasileira, desde a época do império passando pela República e 
Era Getúlio até os dias atuais, conforme descrito por Carvalho no 
seguinte fragmento de texto,
No século XIX, os republicanos acusavam o sistema imperial 
de corrupto e despótico. Em 1930, a primeira república e seus 
políticos foram chamados de carcomidos. Getúlio Vargas foi der-
rubado em 1954 sob acusação de ter criado um mar de lama no 
Catete. [...] (Carvalho, 2009, p.1)
Logo, desde sempre a corrupção vagueia pelos meandros da 
nossa sociedade, atingindo todos os tipos de classes sociais, sobre-
tudo as menos favorecidas.
Infelizmente existe um abismo muito grande entre a lei, ou 
seja, aquela que está positivada na Constituição da Republica Fe-
derativa do Brasil e a realidade das classes sociais menos favore-
cidas, que sobremaneira não tem acesso a cidadania e justiça na 
prática.
Este também é um problema que permeia a história do Brasil, 
conforme citado por Carvalho:
Até a metade do século XX, para quase toda a população ru-
ral, que era majoritária, a lei do Estado era algo distante e obscu-
ro. O que essa população conhecia bem era a lei do proprietário. 
(Carvalho, 2009, p.2)
Na verdade, sempre foi assim, aqueles que têm maior poder 
de troca, a favor da maquinaria capitalista são favorecidos e tem 
acesso à justiça, já aqueles que não contribuem para a reprodução 
do capital têm pouco ou nenhum acesso à justiça e menos ainda 
direito de requerer participação política.
Faz se mister aqui ressaltar a importância de separar dois sig-
nificados de acesso à justiça: primeiramente como acesso ao poder 
judiciário e em segundo como acesso à justiça como valor. Logo, 
conforme os ensinamentos de Mauro Cappelletti, acesso à Justiça 
é (1988, p.8)
[...] o sistema pelo qual as pessoas podem reivindicar seus 
direitos e ou resolver seus litígios sob os auspícios do Estado. [...] 
deve ser igualmente acessível a todos [...].
Por conseguinte, conforme visto ao longo da história do Bra-
sil, desde os primórdios, sempre existiram aqueles que têm “ver-
dadeiro” acesso à justiça e aqueles que não sabem sequer seus di-
reitos, muito distantes de ter efetivo acesso à justiça.
Carvalho (2009, p.2) destaca a distorção da semântica de 
“agente da lei” em diferentes âmbitos da sociedade,
“Nas grandes cidades, sobretudo em suas periferias, o agente 
da lei próximo à população era, e ainda é, o policial militar ou 
civil, cujo arbítrio e violência são conhecidos”.
A luz disso pode-se concluir que nas periferias, ao contrário 
do que acontece nos bairros nobres, há uma inversão do papel de 
agente da lei, não como aquele que protege e dá segurança, e sim, 
como aquele que repreende e aplica a violência. Para este povo 
acesso ao poder judiciário é uma utopia.
No texto de Boaventura de Souza Santos, isto é bem eviden-
ciado quando perguntado aos moradores de “Pasárgada” por qual 
motivo eles não chamam a polícia quando tem problemas. Este 
relato é observado no trecho de “Notas sobre a história jurídico 
social de Pasárgada” (1980, p. 111),
[...] “a polícia continua a desempenhar um papel mínimo na 
prevenção e na resolução de conflitos. Não obstante os seus es-
forços no sentido de uma aceitação mais positiva por parte da 
comunidade, continua a ser vista por esta como uma força hostil 
investida de funções estritamente repressivas”.
Para os moradores da favela do Rio de Janeiro, a polícia não 
está lá para protegê-los, ao contrário do que pensaria, por exemplo, 
um morador do Leblon. Na verdade, a polícia cumpre o papel de 
repreendê-los e está ali para vigiá-los, além disso, eles próprios se 
sentem distanciados e se vêem como marginalizados.
Logo, fica claro que a eficácia da norma jurídica alcança so-
mente determinada classe social. Esse problema tem raízes profun-
das, ou seja, são frutos da herança colonial como cita José Murilo 
de Carvalho em Cidadania no Brasil – um longo caminho,
“A herança colonial pesou mais na área dos direitos civis. O 
novo país herdou a escravidão, que negava a condição humana 
do escravo, herdou a grande propriedade rural, fechada à ação 
da lei, e herdou um Estado comprometido com o poder privado” 
(Carvalho, p.45, 2004).
Percebe-se que a negação dos direitos fundamentais, princi-
palmente os civis, encontra seu fundamento de validade nas raízes 
podres da herança colonial e da escravidão, que se dissipou ao lon-
go dos anos até legitimar a ação dos mais “poderosos” na prática 
da corrupção, subjugando os menos poderosos a sorte da lei que 
para eles não é aplicada com o ideal de justiça, qual seja dar aquilo 
que cada um merece.
Logo, diante da crescente diferença entre as classes abarcadas 
pelo modelo capitalista infiltrado na sociedade, o grande marco foi 
a busca desenfreada por mais e mais lucros. E por que não lucrar 
em cima dos mais fracos?
A sociedade brasileira sofre os abusos das classes altas que 
geralmente são aquelas que representam a maior parte dos mem-
bros do Congresso Nacional. Ao contrário do que vislumbrava 
Rousseau, “uma democracia como ideal que protege a política 
dos usurpadores e incentiva a participação popular”, é instalada 
na sociedade brasileira, a apatia política. Neste contexto segundo 
Rousseau (1983):
“Há uma sociedade desigual cuja igualdade vai se concreti-
zar no Estado, local onde os elementos desiguais acordam entre 
si para a criação de um Estado da naturezacapaz de suprimir os 
elementos limitativos da desigualdade reinante entre os homens”.
Originariamente, o brasileiro sempre foi considerado por mui-
tos como politicamente apático, e neste sentido parecia não se im-
portar com o crescimento desenfreado da corrupção. Entretanto, 
o que se espera diante dos últimos acontecimentos no cenário da 
política brasileira, é um verdadeiro despertar social no sentido de 
cobrarmos verdadeiramente uma democracia participativa que se 
dê de forma consciente e atuante.
Os laços sociais precisam ser definitivamente reestabelecidos 
e acabar de vez com a institucionalização do individualismo, com 
o interesse privado ou individual se sobrepondo ao interesse cole-
tivo. De fato, os representantes do povo brasileiro no Congresso 
Nacional defendem os interesses de uma minoria, eles próprios. É 
claramente o oposto do que Durkheim (1893) esperaria visto que o 
coletivismo deveria sobrepor os interesses individuais.
Por conseguinte, é árduo o caminho que leva a efetivação do 
acesso à justiça e à emancipação política para a maioria da popula-
ção brasileira. Entretanto somente quando esse marco for atingido, 
será possível pensar no fim da corrupção, pois sem a participação 
efetiva de toda sociedade brasileira, especialmente daqueles que 
não tem acesso nenhum à justiça, o sistema político corrupto con-
tinuará esmagando as velhas entranhas apáticas do povo brasileiro.
Fonte: http://clarissatonini.jusbrasil.com.br/arti-
gos/173948214/a-corrupcao-no-cenario-brasileiro
Didatismo e Conhecimento 4
CONHECIMENTOS GERAIS
2 GOIÁS NA CONTEMPORANEIDADE: 
SAÚDE PÚBLICA, EDUCAÇÃO, 
SEGURANÇA E TRANSPORTE.
Situação Politíca
Goiás desenvolve programas específicos à indústria como o 
Produzir e o Funmineral, que além de incentivar a implantação, 
expansão ou revitalização de negócios, acreditam no potencial de 
desenvolvimento tecnológico sequente às cadeias por eles servi-
dos. O Estado trabalha também em parcerias com o governo fede-
ral para aplicar recursos do Fundo Constitucional de Financiamen-
to do Centro-Oeste, gerando impactos dinâmicos na diversificação 
e modernização da estrutura produtiva. Mais ainda, desenvolve 
projetos de cooperação internacional para estimular a instalação de 
novos empreendimentos no Estado, ao passo que promove os pro-
dutos goianos na pauta de exportação brasileira para outros países.
Périodo “Marconismo”
O período que chamamos de “Marconismo” é caracterizado por 
um absoluto personalismo do poder estatal, uma agressiva política 
de comunicação e um projeto político focado nos programas assis-
tências de renda direta. O “Marconismo” tem a seu favor uma estru-
tura que independe do sufrágio eleitoral, que consiste nas estrutura 
de regulação do poder, que hoje, são praticamente dominadas pelos 
idealistas do “Marconismo” ou seja, TCM e TCE, além do TJG.
Mesmo fora do poder, o “Marconismo” possui nestes órgãos 
pessoas ligadas diretamente ao atual Governador. A maior prova 
deste poder antigoverno ocorreu entre 2006 e 2010: Período em 
que o “Marconismo” não estava à frente do executivo Estadual 
mas, de certa forma, era capaz de “dar as cartas” nos bastidores.
Por outro lado, o poder, com seu caráter efêmero, também é 
meio padrasto, se quisermos lembrar bem o “Irismo” que era am-
parado por estruturas parecidas. De certa forma o “Marconismo” 
transferiu parte de seu poder de influência para dentro dos órgãos de 
regulamentação pública e justiça, e isso faz diferença porque se con-
tinuar se desgastando, não de forma administrativa, mas se colorin-
do de Governo Corrupto, pode ser que, por medo ou por bom senso, 
o “Marconismo” se enfraqueça também fora da Esfera Estatal.
Para que ocorra o sustentável desenvolvimento econômico e 
social, é preciso bastante vontade política em promover políticas 
que viabilizem o constante progresso do processo produtivo agro-
pecuário, industrial, comercial e de serviços no Estado.
Situação Socio-Econômica
A agropecuária goiana tem grande importância no cenário 
econômico nacional, Quase metade do território goiano é formada 
por latifúndios rurais, ou seja, propriedades com mais de mil hec-
tares, uma vez também que sua produção de carnes e grãos impul-
siona a exportação estadual. Goiás é um dos maiores produtores de 
tomate, milho e soja do Brasil. Responsável por 33% da produção 
nacional de sorgo, Goiás é o principal produtor desse grão no país. 
Outros cultivos importantes são: algodão, cana-de-açúcar, café, ar-
roz, feijão, trigo e alho.
A pecuária, por sua vez, está em constante expansão. O estado 
possui, atualmente, o terceiro maior rebanho bovino do país. O 
aspecto negativo com relação à agropecuária é que ela é a principal 
atividade responsável pela destruição do bioma Cerrado, visto que 
desencadeia constantes desmatamentos e degradação do solo.
Agropecuária e Pecuária
A indústria goiana é responsável por 27% do PIB regional, esse 
setor da economia vem se diversificando constantemente. A cidade 
de Goiânia, capital do estado, abriga boa parte dos complexos indus-
triais. Outras cidades que se destacam são: Aparecida de Goiânia, 
Anápolis, Catalão, Rio Verde e Itumbiara. O Distrito Agroindustrial 
de Anápolis (DAIA) possui o maior polo farmoquímico da América 
Latina, abrigando também, indústrias alimentícias, automobilísticas, 
têxteis, além de possuir o único porto seco brasileiro.
Goiás também possui reservas minerais. Entre essas, desta-
cam-se os municípios de Minaçu (extração de amianto), Niquelân-
dia e Barro Alto (níquel), além de Catalão (fosfato).
Indústria
O turismo é outra atividade de fundamental importância para 
a economia goiana. As cidades de Caldas Novas e Rio Quente, 
principais estâncias hidrotermais do país, atraem milhares de visi-
tantes. O turismo histórico é cultuado na Cidade de Goiás (Goiás 
Velho), Corumbá e Pirenópolis. Na região da Chapada dos Veadei-
ros e do Rio Araguaia, o turismo ecológico é proporcionado.
Energia, Saúde e Saneamento em Goiás:
O Estado de Goiás possui atualmente 93 empreendimentos 
geradores de energia elétrica, que, somados, geram 10.457 MW de 
potência. Desse total, 83,8% são gerados por usinas hidrelétricas, 
12,7% por usina termelétrica, 3,5% pelas PCHs e 0,04% pelas CGH. 
Estão em construção outros 5 novos empreendimentos de geração 
de energia com potência total de 708 kW e mais 18 com sua outorga 
assinada. As condições topo-hidrológicas do Estado de Goiás são 
extremamente favoráveis à implantação de usinas hidrelétricas.
Outro fator substancial para o desenvolvimento é a saúde que 
em pleno século XXI, na era de doenças como depressão, estresse 
e outras do gênero, pessoas ainda morrem com dengue, tuberculo-
se, doença de chagas, desinteria (crianças). Devido a problemas de 
higiene e saneamento, desde o século XIX, esses malefícios deve-
riam ter desaparecido, mas refletem o baixo índice de saneamento 
básico disponível para a população, que em diversos casos não tem 
acesso à rede de esgoto, questão básica de saneamento.
Infraestrutura- Rodoviária e Ferrovias
A malha rodoviária goiana é composta de 25 mil km de rodo-
vias dos quais, 53,2% são pavimentados. As principais rodovias 
federais do Estado são a BR-153 que atravessa toda sua extensão 
ligando o norte ao sul do País, a BR-060, que liga Goiânia a Bra-
sília e ao sudoeste goiano e a BR-050, que liga o Distrito Federal 
ao sul do Brasil.
Goiás também dispõe de 685 km da Ferrovia Centro-Atlânti-
ca que atende a região do sudeste do Estado e o Distrito Federal. 
A Ferrovia Norte-Sul, em construção, com o papel fundamental 
de mudar o perfil econômico do Brasil Central, terá em território 
goiano 1.200 km, onde atravessará as regiões norte, central e o 
pujante sudoeste do Estado de Goiás.
Educação
A educação é um dos fatores determinantes para o processo de 
desenvolvimento de qualquer região. Em Goiás isso não é diferen-
te. A presença de números expressivos nas diversas fases do ensino 
reforçam a preocupação do governo quanto ao desenvolvimentolocal, mas não garante que este processo de bem-estar e de capaci-
tação esteja acontecendo.
Didatismo e Conhecimento 5
CONHECIMENTOS GERAIS
Goiás apresenta, no aspecto quantitativo de ensino, índices 
avançados de educação o que colabora para o seu processo de de-
senvolvimento econômico e social. No entanto, quanto à qualidade 
do ensino oferecido ainda o caminho é longo a ser percorrido, não 
obstante a todos avanços conseguidos.1
Memória e história da educação em Goiás
Esse é um exercício breve de reflexão e aproximação da his-
tória da educação em Goiás, de certa forma, um exercício historio-
gráfico de apreensão da memória histórica da educação em Goiás 
a partir da leitura de textos sobre educação produzidos, em sua 
maioria, sobre a época dos anos 1930 e 1940.
Importa para esse trabalho, confrontar a historiografia e as 
fontes utilizadas, quais sejam artigos de periódicos e regulamen-
tos da instrução pública. Objetivando inicialmente uma discussão 
teórica sobre a relação entre memória e história e passando em se-
qüência a um mapeamento da historiografia da educação em Goiás 
relativa ao período indicado.
A dificuldade de tratar a questão da memória reside no fato 
de que tal discussão engendra a necessidade de deslocamento no 
tempo, por sua vez, o tempo histórico carrega uma dimensão de 
sentido, não equivalendo ao tempo da memória, que é captado na 
externalidade do vivido. Certeau (2002), Lacerda (1994), Halbwa-
chs (1990), Ricoeur (2007), Mastrogregori (2006), entre outros, 
são referências importantes para se pensar essa relação entre his-
tória e memória. 
Inicialmente é preciso partir do suposto que memória e histó-
ria são formas distintas de representação do passado. Para Certeau 
(2002) a operação histórica relaciona-se à combinação do lugar 
social, de práticas científicas e de uma escrita. Segundo o autor, 
fazer história é uma prática, e a operação de apreensão de um ob-
jeto e sua inserção no tempo é o que ele denomina de ato historio-
gráfico. Para Certeau, esse processo de inserção de um objeto no 
tempo demanda comparação com objetos anteriores e posteriores. 
Na história, o objeto histórico sobre o qual o pesquisador debruça-
se é a fonte. Importa dizer que, segundo a perspectiva de história 
engendrada pelo autor, o objeto é sempre um construto a partir do 
qual a operação historiográfica se realiza historicizando o presente.
Lacerda (1994) em suas análises sobre história, narrativa e ima-
ginação histórica realiza uma discussão da polaridade existente en-
tre história narrativa e história científica. Lacerda toma em análise 
os trabalhos de Braudel, que identifica o relato factual a uma ence-
nação, conferindo ao discurso historiográfico elementos alegóricos.
 Halbwachs (1990) por sua vez contribui para essa discussão 
apresentando a problemática da construção das memórias coleti-
vas. Para ele é importante ressaltar que a memória é prisioneira de 
um quadro histórico, e que as memórias individuais só são possí-
veis por estabelecerem relações com os acontecimentos históricos. 
Partindo desse suposto, a história não é um referencial de alteri-
dade em relação à memória; pois, a história é uma escrita que se 
apresenta roteirizada, e cujos acontecimentos são apreendidos, no 
tempo e no contexto social, pelos grupos.
Segundo Halbwachs (1990, p. 81), seguramente, “um dos ob-
jetivos da história pode ser, exatamente, lançar uma ponte entre o 
passado e o presente, e restabelecer, essa continuidade interrompi-
da”. Os quadros de referencialidade histórica são o que Halbwachs 
1 Fonte: www.prezi.com – Por Ingrid Mylena
denomina de memória histórica, a qual, segundo ele, constitui-se 
a partir de um processo de negociação entre os atores sociais. A 
memória histórica funda-se nas representações coletivas. O autor 
destaca que a história pode apresentar-se como a memória univer-
sal do gênero humano. Mas não existe memória universal. Toda a 
memória coletiva tem por suporte um grupo limitado no espaço e 
no tempo. Não se pode concentrar num único quadro a totalidade 
dos acontecimentos passados senão na condição de desligá-los da 
memória dos grupos que deles guardavam a lembrança, romper as 
amarras pelas quais participavam da vida psicológica dos meios 
sociais onde aconteceram, de não manter deles senão o esquema 
cronológico e espacial. Não se trata mais de revivê-los em sua 
realidade, porém de recolocá-los dentro dos quadros nos quais a 
história dispõe os acontecimentos, quadros que permanecem exte-
riores aos grupos, em si mesmos, e defini-los, confrontando-os uns 
aos outros. (HALBWACHS, 1990, p. 86)
A história em seu processo de constituição recorre à memória, 
e é preciso recorrer à abstração para apreender essas relações que 
se instituem entre história e memória. A memória é sempre refe-
rente a um grupo, e a história, por seu turno, estabelece-se a partir 
de um quadro histórico.
Refletindo acerca da escrita historiográfica Ricoeur (2007) 
problematiza a historiografia como um jogo de interpretações. Ao 
mesmo tempo em que o autor indica a escrita como antídoto para 
a história aponta que a mesma pode ser percebida como veneno, 
pois a escrita é uma memória artificial e se configura como uma 
tradução da memória do vivido. “Ora, é à memória verdadeira, à 
memória autêntica, que a invenção da escrita e de todas as drogas 
aparentadas é oposta como uma ameaça”. (RICOEUR, 2007, p. 
151). Nesse sentido, a transformação da memória em escrita ao 
invés de remédio pode ser veneno, pois pode provocar o esqueci-
mento do passado ou a dúvida sobre a verdade histórica.
Partindo desse princípio, a história pode atestar possibilidades 
de verdade em relação ao acontecimento histórico. O autor contra-
põe os escritos narrativistas ao discurso historiográfico. De certa 
forma, essa valorização da narrativa relaciona-se ao processo de 
valorização da memória.
[...] a interpretação depende, antes, da reflexão segunda sobre 
o curso total dessa operação; ela reúne todas as fases, enfatizan-
do assim, simultaneamente, a impossibilidade da reflexão total do 
conhecimento histórico sobre si mesmo e a validade do projeto de 
verdade da história nos limites de seu espaço de validação. (RI-
COEUR, 2007, p. 347).
Embora a memória possa ser considerada como algo ins-
titucionalizado, um corpo estruturado de acontecimentos, ela é 
apreendida também como interpretativa. Para Mastogregori (2006, 
p. 68), por exemplo, a historiografia é “uma das expressões da tra-
dição de lembranças”. O autor sugere que as análises destinadas 
aos estudos historiográficos tomem um campo histórico mais am-
plo e englobem o que ele conceitua como uma produção funda-
mentada na “tradição das lembranças, nas “ações da memória e do 
esquecimento, de conservação e de destruição” (p. 68), ou seja, o 
modo pelo qual as lembranças são transmitidas ou perdidas. Essa 
tradição das lembranças vincula-se à relação existente entre a so-
ciedade e seu passado. Relação esta que “resolve-se com eventos 
que modificam a experiência do passado de um grupo social, que 
transmitem ou destroem seu valor, seus conteúdos ou sua simples 
expressão literal, mais ou menos deliberadamente” (p. 69).
Didatismo e Conhecimento 6
CONHECIMENTOS GERAIS
A história de Goiás foi construída a partir de representações 
pautadas na perspectiva da decadência, do atraso e do isolamento.
Até a Primeira República, o interior do Brasil, no qual Goiás 
situa-se, era representado pelo imaginário social como lugar dis-
tante, de difícil acesso, com poucas condições para o desenvolvi-
mento de uma vida civilizada. Uma constatação pertinente acerca 
da história de Goiás é que a mesma foi construída a partir de uma 
compreensão centrada na decadência, no atraso e no isolamento, 
tendência inaugurada por Silva e Souza (1978). Essa noção de 
decadência é representada pela historiografia como sinonímia da 
situação econômica e dos índices de extração aurífera.
A questão da construção da decadência é tratada por Chaul 
(2002), quetoma como objeto “as representações expressas nas 
imagens e análises tecidas em torno de Goiás” (p. 21). O histo-
riador destaca que a decadência transfigurou-se em um concei-
to que se tornou explicativo da realidade econômica e social de 
Goiás no período pós-mineratório. Chaul procura evidenciar que 
essa concepção foi fruto do olhar dos viajantes europeus que ao 
observarem Goiás, durante o período de esgotamento do ciclo do 
ouro, vislumbravam o lugar a partir de suas matrizes européias de 
compreensão da realidade. Acerca do trabalho de Chaul é interes-
sante destacar que:na sociedade goiana do pós-mineração, houve 
o esgotamento de uma forma de produção e a sua substituição por 
outras atividades econômicas sem que isto tenha implicado em de-
cadência propriamente dita; tentamos mostrar, também, que essa 
transformação provocou mudanças na sociedade, com os desloca-
mentos de grupos sociais ligados às antigas e às novas atividades 
econômicas. Nesse contexto, sedimentou-se um universo cultural 
próprio do homem do sertão, do roceiro, do camponês e do índio, 
distante dos padrões europeus e difícil de ser compreendido pelos 
viajantes do Velho Mundo. (CHAUL, 2002, p. 24).
Seu trabalho pode ser considerado inovador na medida em 
que rompe com uma compreensão negativa atribuída a Goiás pela 
historiografia, que, segundo ele reproduz a representação da deca-
dência, porém, o autor, em suas análises não confronta a produ-
ção historiográfica com fontes documentais, construindo sua tese 
muito mais a partir das interpretações historiográficas do que pela 
pesquisa documental.
Importa apreender a maneira pela qual o campo educacional 
em Goiás realizou a gestão dos acontecimentos referentes a essa 
relação presente e passado, por meio do registro escrito dos even-
tos relativos às políticas e práticas educacionais concernentes à 
primeira metade do século XX no Estado de Goiás. 
História e historiografia da educação em Goiás
O campo da historiografia da educação no Brasil conta, segun-
do Saviani (2007), com pouco mais de meio século de existência. 
Em Goiás, essa produção é constituída de poucos trabalhos de re-
ferência, dentre os quais é possível destacar Silva (1975), Bretas 
(1991), Brzezinski (1987), Canesin e Loureiro (1994) e Nepomu-
ceno (1994, 2003).
O trabalho de Silva (1975), Tradição e Renovação Educacio-
nal em Goiás, foi pioneiro na apreensão da educação goiana sob 
o olhar da história, propondo-se a investigar a forma pela qual a 
escola elementar desenvolveu-se em Goiás, e que circunstâncias 
contribuíram para isso.
O trabalho de Bretas (1991) intitulado História da Instrução 
Pública em Goiás abarca quase dois séculos de história, que vão 
de 1787 ao final da década de 1960, descrevendo a educação em 
Goiás nos períodos colonial, imperial e republicano.
O trabalho de Brzezinski (1987) abrange o mesmo período 
estudado por Bretas (1991), recortando, porém, a história da for-
mação de professores das séries iniciais no Estado de Goiás. Por 
sua vez, Canezin e Loureiro (1994) investigam a constituição his-
tórica da Escola Normal em Goiás desde suas origens, no final do 
império, até a década de 1970.
Nepomuceno (1994, 2003) contribui para a construção dessa 
historiografia com a publicação de dois trabalhos A ilusão Pedagó-
gica (1930-1945): estado, sociedade e educação em Goiás (1994) 
e O papel político-educativo de A Informação Goiana na constru-
ção da nacionalidade (1993). Ambos esforçam-se em apreender 
os entrelaçamentos existentes entre o projeto político de desen-
volvimento econômico e social do Estado de Goiás e as propostas 
educacionais implementadas nas primeiras décadas do século XX.
A priori é possível inferir que as mudanças em curso ao longo da 
primeira metade do século XX no Estado de Goiás, tais como a subs-
tituição de uma economia mineradora por uma de base agropastoril, 
implantação da estrada de ferro, a transferência da capital, a Marcha 
para Oeste, e o incentivo governamental à ocupação das terras do 
Centro-Oeste contribuíram para uma transformação no que concerne 
às políticas voltadas à instrução pública no Estado de Goiás.
Os currículos propostos e proposição de métodos de ensino 
presentes na legislação educacional vigente no período em Goiás 
demonstram uma tentativa, ao menos no plano discursivo, de su-
peração da escola tradicional. 
Nas primeiras décadas do século XX, no que tange à educa-
ção, o sistema educacional no referido estado era bastante inci-
piente, havia obrigatoriedade de escolarização para as crianças 
com idades de 7 a 14 anos, que deveriam frequentar escolas públi-
cas ou particulares, ou ainda, serem instruídas em casa por suas fa-
mílias. Segundo Silva (1975), o provimento do ensino em família, 
figura na história da educação em Goiás como uma modalidade de 
instrução elementar que prevalece nas duas primeiras décadas do 
século XX, configurando-se como uma “verdadeira instituição” (p. 
50). A autora registra que essa modalidade tornou-se uma caracte-
rística do ensino nas zonas rurais em Goiás, nas quais o professor, 
designado como mestre-escola, recebia uma mensalidade referente 
ao ensino ministrado a cada aluno.
Nos documentos pesquisados até o presente momento não foi 
possível constatar a ocorrência nas décadas iniciais do século XX 
de preocupações por parte do poder público referentes à educação 
de crianças residentes no meio rural, embora se possa supor que 
grande parte da população de Goiás residisse no campo e não fosse 
alfabetizada, visto que, segundo Paiva (2003), em Goiás, cerca de 
98% da população do Estado era analfabeta com base nos dados 
do Censo de 1920.
Sobre os anos iniciais do século XX em Goiás, Silva (1975) 
destaca que o desenvolvimento de um sistema de ensino público 
era dificultado por fatores como: baixa remuneração dos professo-
res, evasão escolar, isolamento da capital de Goiás em relação aos 
grandes centros e aos povoados do interior do Estado, desqualifi-
cação docente, desorganização didático-administrativa e mingua-
dos recursos a serem destinados à instrução pelos cofres públicos, 
fatores que levavam inúmeras vezes à supressão de escolas. De 
acordo com Silva (1975, p. 47)
Nada parecia favorecer ao desenvolvimento e aperfeiçoa-
mento do ensino vigente, nem mesmo as sucessivas reformas que 
amiúde ocorriam. Inúmeras foram as administrações que se empe-
nharam em elaborar um regulamento da instrução ou modificar o 
Didatismo e Conhecimento 7
CONHECIMENTOS GERAIS
existente. Medidas louváveis houve, como a criação do Lycêo, do 
Seminário Episcopal e a abertura de uma Escola Normal. Foram 
empreendimentos pioneiros de especial significado, lançando se-
mentes das quais germinariam muitos dos benefícios futuros. Na 
realidade, porém, o ensino somente sofreria um impulso conside-
rável após as duas primeiras décadas do século XX, quando a me-
lhoria das vias de comunicação permitiria que, paulatinamente, se 
aproximasse Goiás do resto do País (Grifado no original).
No que concerne à interferência de idéias oriundas de outros 
Estados da federação referentes a métodos e processos de ensino, 
pode-se dizer que Goiás contou fortemente com a influência dos 
Estados de São Paulo e Minas Gerais. 
O padrão das escolas paulista e mineira prevaleceu desde os 
primeiros tempos, fato que encontra explicação na própria inci-
piência educacional de Goiás (impotente ainda para tentar o seu 
modelo) e no renome que, entre nós, usufruía o ensino daqueles 
Estados (SILVA, 1975, p. 238).
Em artigo publicado na Revista Informação Goiana, no ano 
de 1917, Victor de Carvalho Ramos analisa a situação do sistema 
de ensino em Goiás à época, evidenciando o descaso do poder pú-
blico em relação aos níveis secundário e primário. A matéria dá 
destaque ao papel assumido pelas instituições de ensino mantidas 
pela iniciativa privada. Tal artigo tenta justificar que se Goiás se 
destaca como o Estado com o maior índice de analfabetismo do 
país é porque os gastos com instrução pública são insuficientes,e que as únicas instituições mantidas pelo governo eram o curso 
secundário do Liceu e o curso anexo à Escola Normal, destinado 
à educação primária, subvencionando ainda o Colégio Santana. 
Embora Ramos pinte um quadro caótico no que diz respeito à or-
ganização de um sistema público de instrução do Estado de Goiás, 
faz referências à existência de estabelecimentos de ensino priva-
dos que cumprem, segundo ele, com êxito sua função pedagógica.
Assim é que em Goias, onde a instrução primaria ficou sob 
os auspicios dos municipios, se contam numerosos estabelecimen-
tos de ensino particular, alguns dos quais modelados pelos grupos 
escolares de Minas e S. Paulo e obedecendo aos mais rigorosos 
principios de moderna Pedagogia. (RAMOS, 1917, p. 47)
Nesse artigo, Ramos destaca as instituições privadas de ensi-
no de Porto Nacional, Rio Verde, Curralinho, Formosa, Bela Vista, 
Catalão, Ipameri e Pirenópolis. 
Merecesse o longinquo e olvidado coração do Brasil mais um 
pouco de consideração por parte do governo federal e dos nossos 
representantes no Congresso, que bem podem dota-lo de vias rapi-
das de comunicação com os centros cultos do país, e ele ofereceria 
á minha grande Patria o fruto dos braços e da inteligencia de seus 
filhos, os quais, se pouco ou nada oferecem ou produzem até aqui, 
é que não podem operar milagres.(1917, p. 48).
Ramos (1917) ponderava em seu texto que embora conside-
rado esquecido e distante do restante do país, Goiás, com a cola-
boração da iniciativa privada no âmbito da educação, avançava de 
forma bastante auspiciosa, refletindo em seus cursos a influência 
de Estados como Minas Gerais e São Paulo, e contemplando em 
seus currículos elementos de uma pedagogia de vanguarda.
É possível supor que essa influência apresente relação com a 
hegemonia econômica e cultural do Estado de São Paulo sobre os 
outros Estados. Essa é uma hipótese apontada por Saviani (2004, 
p. 23), que afirma:
Considerando-se que o estado de São Paulo detinha a hegemo-
nia econômica, dada sua condição de principal produtor e exporta-
dor de café e, com a República, alcançou também a hegemonia polí-
tica posta em prática com a ‘política dos governadores’, a ele coube 
dar a largada no processo de organização e implantação da instrução 
pública, em sentido próprio, o que se empreendeu por meio de uma 
reforma ampla da instrução herdada do período imperial.
A influência do pensamento paulista pode-se ser interpretada, 
de certa forma, como uma tentativa de reorganização do sistema de 
ensino em Goiás. Os documentos evidenciam que ao final da dé-
cada de 1920, houve um acordo entre os governos de Goiás e São 
Paulo, que culminou com a diligência de um grupo, de técnicos em 
formação de professores, que veio ao Estado de Goiás encarregado 
de assumir por um período de dez meses a administração da Escola 
Normal e reformar o ensino normal e o ensino primário estaduais. 
O episódio que marca a vinda desses professores ao Estado, no ano 
de 1929, é conhecido como Missão Pedagógica Paulista.
Importa afirmar que a Seção Pedagógica do Correio Oficial 
foi um veículo de comunicação que se destacou por ser a primei-
ra publicação educacional de Goiás, e por se constituir como um 
instrumento importante de divulgação das idéias dos educadores 
paulistas no Estado. Foi um suplemento destinado a difundir o 
ideário pedagógico escolanovista no Estado de Goiás decorrente 
das discussões e debates suscitados pela missão pedagógica.
Em artigo publicado na Seção Pedagógica, o chefe da missão 
pedagógica, Humberto de Souza Leal, expressa preocupações refe-
rentes ao que, segundo ele, constitui-se como o maior problema da 
educação no país: o analfabetismo. Leal destaca que José Gumercin-
do Marques Otéro, Secretário do Interior, designado pelo Presidente 
do Estado Alfredo Lopes de Morais para resolver assuntos referen-
tes à instrução pública, empenhou-se de maneira árdua em resolver 
a situação educacional em Goiás, realizando o governo goiano uma 
ação “carinhosa” em benefício da educação popular. Dentre as ações 
propostas por Otéro para a instrução em Goiás, Leal chama atenção 
à vinda dos professores paulistas, os quais vieram colaborar para o 
preparo dos professores do Estado. A contribuição dos professores 
integrantes da Missão Pedagógica Paulista, segundo Leal, seria ofe-
recer aos professores goianos o domínio metodológico que condu-
ziu São Paulo à liderança da instrução nacional.
No mesmo número da Seção Pedagógica do Correio Oficial, 
a professora Ophélia Sócrates do Nascimento, Diretora do Grupo 
Escolar de Goiás, apresenta artigo sobre as qualidades inerentes à 
função do professor, quais sejam: ter vocação, ser abnegado, ser 
alegre, ser justo, ser bom e ser paciente.
A professora afirma que a grandeza de um país tem relação 
com a educação de seu povo, e que essa tarefa é delegada ao pro-
fessor. É possível perceber em sua fala uma responsabilização da 
educação pelo desenvolvimento nacional. Ela compara a docên-
cia a uma importante missão. Segundo as metáforas utilizadas por 
Ophélia Sócrates do Nascimento, quando comparada a educação 
à arte da lapidação tem-se como operário o professor e como ofi-
cina a escola; quando o processo educativo é comparado a uma 
missão o professor é o sacerdote e a escola passa a ser o templo. 
Suas idéias seguiam uma lógica segundo a qual a instrução seria o 
caminho para salvar o Brasil.
De acordo com Rodrigues (2007) essa professora foi uma for-
te influência nesse período para a construção de uma nova realida-
de educacional em Goiás:
Didatismo e Conhecimento 8
CONHECIMENTOS GERAIS
Muito contribuiu para a construção dessa nova realidade edu-
cacional, a professora Ofélia Sócrates do Nascimento Monteiro, 
formada na Escola Normal de São Paulo e que ocupou o cargo de 
diretora do Grupo Escolar da Capital. Ao assumir a direção dessa 
instituição, disseminou entre as professoras primárias da capital 
algumas concepções acerca de uma pedagogia moderna. Além dis-
so, promovia reuniões com o intuito de divulgar os novos métodos 
pedagógicos entre os docentes do Grupo Escolar, e foi responsável 
pela realização da primeira experiência de treinamento em serviço 
dos professores em Goiás. (RODRIGUES, 2007, p. 139).
Ainda em relação à interferência paulista na reorganização do 
sistema de ensino dos estados brasileiros na década de 1920, Sou-
za (2004) informa que:
A disseminação do modelo escolar paulista para outros esta-
dos brasileiros foi marcada por ambiguidades envolvendo atração, 
repúdio e apropriações diversas, e deve-se não somente à hegemo-
nia política e econômica de São Paulo em relação aos demais esta-
dos da federação, mas também, e sobretudo, à visibilidade e força 
exemplar dos novos métodos de ensino e instituições de educação 
pública, sintonizados com as inovações educacionais empreen-
didas nos países europeus e nos Estados unidos e estreitamente 
associadas aos ideais de modernização da sociedade brasileira. 
Educadores paulistas foram contratados por governos de vários es-
tados para participarem do processo de reorganização da instrução 
pública. Outro expediente utilizado foi o financiamento de visitas 
comissionadas ao estado paulista. (SOUZA, 2004, p. 118-119).
A leitura da documentação referente à Missão Pedagógica 
Paulista leva à compreensão de que em Goiás, os profissionais 
paulistas reorganizaram a Escola Normal, contribuíram para a 
reestruturação do sistema de ensino, propuseram a elaboração de 
novos regulamentos de ensino, ministraram cursos de formação 
docente e cooperaram para a produção e difusão de conhecimentos 
pedagógicos e práticas de ensino assentados em uma matriz psico-
lógica de caráter escolanovista.
É necessário ressaltar, que esses documentos foram testemu-
nhos de um dado período histórico, produzidos sob determinadas 
condições e que devem ser lidos como parte de um processo de 
memorização constituído no próprio tempo dos acontecimentos, 
não podendo ser apreendidos como expressão absoluta da verdade,mas como rastros que ajudam a reconstruir o tempo histórico, ou, 
dito de outra forma, colaboram para a reescrita da memória e da 
história da educação em Goiás.
De certa forma, é possível dizer que a história da educação em 
Goiás ainda carece do aprofundamento de estudos que tenham por 
objetivo deslindar o processo constitutivo do campo da educação 
neste estado, delimitar o papel desempenhado por cada ator social, 
desvelar o papel do Estado e dos grupos sociais na construção de 
uma memória histórica da educação em Goiás.2
Saúde
A questão da saúde pública no Brasil sempre foi considerada 
um dos grandes entraves para o seu desenvolvimento econômico. 
Uma séria faceta da economia da saúde para o estado é represen-
tada pelos gastos que ainda não têm surtido um resultado notório 
e que desconsidera que “A doença resulta não apenas de uma con-
tradição entre o homem e o meio natural, mas também e necessa-
riamente de uma contradição entre o indivíduo e o meio social” 
(Singer, 1988;69). 
2 Fonte: www.histedbr.fe.unicamp.br/acer_histedbr/seminario/seminario8/_fi-
les/tmFbg39c.doc. – Por Jaqueline Veloso Portela de Araújo
A visão geral da saúde para o homem brasileiro pode nos dar 
uma prévia de que ainda é necessário reavaliar os caminhos para as 
verbas destinadas aos programas de saúde pública. Popularmente 
e historicamente o Brasil foi caracterizado como o espaço de gen-
te doente (Silva, 2003). Uma rápida análise pode nos mostrar o 
quanto se mantém a discrepância entre a produção de riqueza e sua 
distribuição, colaborando com o desenvolvimento de índices ina-
ceitáveis de desenvolvimento humano especialmente em regiões 
específicas do Brasil, a desigualdade permanece uma constante 
independentemente da região.
Não há dúvidas de que a condição sanitária está distante do 
ideal. No entanto é importante observar que tem se proposto uma 
mentalidade diferente do estado para com a saúde da população. 
Um dos elementos definidores dessa nova visão do estado para 
com a saúde pública, sem dúvida, são os gastos públicos direcio-
nados para essa pasta e toda uma legislação reguladora da ação dos 
órgãos gestores em saúde. 
As verbas destinadas à saúde têm como fonte o faturamen-
to das empresas (COFINS), valores provenientes de fontes fiscais 
como a CPMF e o lucro líquido. Na esfera municipal os recursos 
são oriundos do tesouro e recursos transferidos da União que de-
vem ser previstos nos fundos de saúde estatal e municipal como 
receita operacional proveniente da esfera estatal ou federal e utili-
zada em ações prevista nos respectivos planos de saúde.
A legislação específica com relação à saúde busca implemen-
tar a proposta da Constituição Federal de 1988 que define que:
Saúde é um direito de todos, e dever do Estado, garantido me-
diante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco 
de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário 
às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação 
(artigo 196).
Além da Carta Magna a Lei Orgânica de Saúde (LOS) e as 
Normas Operacionais Básicas (NOB) buscam viabilizar e definir 
estratégias e movimentos táticos que auxiliem na implementação 
e operacionalização do Sistema Único de Saúde (SUS) possibili-
tando uma real atenção ao direito à saúde fundamentada na Cons-
tituição.
É preciso nos deter na definição de nosso objeto, para tanto 
nos apoiaremos na definição de Rosen (1979;77) de que a doença é 
um processo biológico, mas que depende da relação entre o corpo 
e o ambiente em que este está incluso, sendo que a atividade social 
e o ambiente natural são elementos mediadores e modificadores 
das condições de saúde do indivíduo. O conceito da Organização 
Mundial de Saúde reconhece, por exemplo, o paradoxo represen-
tado pelo fato de um indivíduo ser considerado portador de boa 
saúde quando é afetado por pobreza, discriminação ou qualquer 
forma de repressão. 
Desta forma a discussão sobre as condições econômicas e so-
ciais em que o organismo está inserido são elementos básicos para 
a compreensão da melhoria dos níveis e condições de vida deste 
mesmo organismo (como define a LOS - Lei 8080).3
3 Fonte: www.imb.go.gov.br/pub/conj/conj4/03.htm
Didatismo e Conhecimento 9
CONHECIMENTOS GERAIS
Segurança Pública
A Segurança Pública é tema de discussão e preocupação em 
todo o Brasil, onde as mortes de civis e, sobretudo, policiais mili-
tares e policiais civis têm aumentado cada vez mais as estatísticas 
de violência nos Estados. Não é necessário ir tão distante para ve-
rificar esta ocorrência, já que no Estado de Goiás esses números 
crescem cada dia mais.
Os policiais, assim como os médicos e outros profissionais que 
lidam diariamente com a vida, não deixam de exercer a sua profis-
são, mesmo estando de folga, como mostra um estudo do 7º Anuário 
Brasileiro de Segurança Pública, que mostra que a morte de policiais 
fora de serviço é três vezes maior do que exercendo a atividade.
De acordo com esta edição do Anuário, a taxa de PMs mortos 
fora de serviço no Brasil, desde o ano de 2012, foi de 58,7 homi-
cídios a cada grupo de 100 mil habitantes, contra o índice de 17,8 
registrado a PMs em diligências. Já os policiais civis mortos nes-
ta mesma situação ficou em 42,9 a cada 100 mil habitantes, mais 
que o triplo do índice de 13,7 verificado com aqueles que estavam 
em trabalho. Segundo o Fórum Nacional de Segurança Pública de 
2013, em cinco anos (2009-2013) 1.770 policiais foram mortos.
Estes dados se tornam ainda mais palpáveis quando vistos na 
realidade do Estado de Goiás. Ainda neste ano de 2015 fomos sur-
preendidos com diversos amigos e heróis que tiveram a suas vidas 
e seus sonhos corrompidos pela violência, famílias que ficaram 
sem um pai, mulheres agora viúvas, mães que perderam os seus 
filhos para a criminalidade.
Esses nossos guerreiros, em busca de cumprir o seu dever e ju-
ramento, cumprem longas escalas de trabalho e se deparam muitas 
vezes com bandidos muito bem armados.
É a partir disto que devemos pensar, qual é a solução para que 
possamos nos sentir seguros? Muitos estão pedindo a substituição 
do nosso Secretário de Segurança Pública, Joaquim Mesquita, mas 
não vejo essa atitude como uma saída.
A resposta para combater toda essa violência, tanto contra a 
sociedade quanto aos nossos policiais, é aumentar o efetivo. Em 
1998, Goiás possuía uma população de 5.003.228 para 13 mil po-
liciais militares e 6 mil policiais civis, em 2015 a população pas-
sou para 6.610.681 para 12.800 policiais militares e 3.100 policiais 
civis. Com esses dados é notória a mudança que precisa ser feita, 
novos concursos devem ser abertos para que se aumente o número 
de policiais, não há como cobrar uma atitude do secretário Joa-
quim Mesquita, sem antes resolver a situação do efetivo policial, 
esta sim é uma das demandas que o nosso Governador e o nosso 
Estado precisam observar.4
4 Fonte: www.dm.com.br/opiniao/2016/02/seguranca-publica-em-goias.
html - Por Venúzia Alencar Chaves - 18/02/2016 às 21:30 PM
ASPECTOS ÉTNICOS, GEOGRÁFICOS, 
HISTÓRICOS, SOCIAIS, CULTURAIS, 
ECONÔMICOS, POLÍTICOS 
E ADMINISTRATIVOS 
DO ESTADO DE GOIÁS E DO 
MUNICÍPIO DE GOIÂNIA.
A maior parte do território goiano se caracteriza pelo relevo 
suave das chapadas e chapadões, entre 300 e 900m de altitude. 
Consiste de grandes superfícies aplainadas, talhadas em rochas 
cristalinas e sedimentares. Cinco unidades compõem o quadro 
morfológico goiano: (1) o alto planalto cristalino; (2) o planalto 
cristalino do rio Araguaia-Tocantins; (3) o planalto sedimentar do 
São Francisco; (4) o planalto sedimentar do Paraná; e (5) a planície 
aluvial do médio Araguaia.
Aspectos étnicos
A cultura brasileira resulta de uma síntese de influências ét-
nico-raciais, sendo não perfeitamente homogênea, mas sim um 
mosaico de diferentes vertentes culturais. Sendo assim, podemos 
considerar os alcances de raízes lusitana, indígena e negra, as quais 
deixaram suas marcas no âmbito da música, da culinária, do fol-
clore,do artesanato e das festas populares. As regiões brasileiras 
receberam maior ou menor “grau” dessa variedade cultural: por 
exemplo, os estados da região Norte receberam fortes influências 
indígenas, enquanto diversas localidades da região Nordeste ti-
veram suas formações culturais baseadas na dinâmica africana e, 
outras, como o que ocorre no Sertão nordestino, tiveram suas cons-
tituições culturais resultantes de uma histórica mescla de caracte-
rísticas lusitanas e indígenas, com menor participação africana. No 
Sul do Brasil, as influências de imigrantes italianos e alemães são 
evidentes, seja na língua, culinária, música e outros aspectos. Gru-
pos étnicos como árabes, espanhóis, poloneses e japoneses contri-
buíram também para as formações culturais brasileiras, embora de 
forma mais limitada.
Em Goiás não foi diferente, ou seja, as vertentes culturais 
goianas resultam da história do homem no Planalto Central, desde 
a chegada de seus primeiros habitantes, os indígenas, perpassando 
pela colonização por portugueses e seus descendentes paulistas, 
pela atuação de indígenas e africanos escravizados e pela consoli-
dação da chamada cultura caipira.
A historiografia goiana nos conta que, após a febre pelo ouro, 
a sociedade goiana passa a ser constituída por negros escraviza-
dos e forros, por decadentes exploradores de ouro, por portugueses 
e seus descendentes, muitos desses enviados para exercer cargos 
políticos e religiosos e, pela presença indígena, os poucos que re-
sistiram ao extermínio do colonizador. A construção de Goiânia foi 
efetivada pelas mãos de migrantes que saíram de suas cidades tra-
zendo consigo traços culturais e identitários. Dentro do território 
goiano têm-se expressões dessas culturas, grupos que se espacia-
lizam, migrantes que recriam seus costumes formando a heteroge-
neidade de práticas culturais.
Didatismo e Conhecimento 10
CONHECIMENTOS GERAIS
Roda de Capoeira – Aparecida de Goiânia: considerada bem 
cultural pelo Iphan, manifestação recebeu o título de Patrimônio 
Cultural Imaterial da Humanidade, em 2014
A marcante presença da população negra desde o início da 
colonização do interior brasileiro possibilitou que a cultura goiana 
herdasse grande parte de seus saberes, de suas memórias e de suas 
práticas. Dessa forma, as expressões culturais negras tais como o 
samba, as congadas, a capoeira, além das práticas religiosas de ma-
triz africana, assumiram posições de destaque na composição cul-
tural goiana. A respeito dessas manifestações culturais em Goiás é 
que falaremos a seguir.
O samba se consolida no Rio de Janeiro nas primeiras décadas 
do século XX. Sua origem é fortemente relacionada com o espaço, 
com o corpo e com a dança acompanhada de pequenas frases me-
lódicas. Essa manifestação cultural dos negros era, originalmente, 
reconhecida como suburbana, marginalizada e até perseguida pela 
elite ocupante do núcleo central carioca. Em 1935, as escolas de 
samba foram legalizadas e oficializadas para os desfiles de rua. Em 
Goiânia, o processo migratório foi fundamental para a existência 
do samba/carnaval, pois trouxe o carnaval de rua que é recriado 
principalmente por migrantes do Rio de Janeiro e Minas Gerais 
e por goianienses que com eles tiveram contato. Apesar de haver 
certa negação do carnaval como cultura e tradição de Goiânia por 
parte de segmentos da cidade, ele é real e forte dentre os goianien-
ses que se identificam com as práticas carnavalescas.
Já a congada é um ato de manifestação cultural surgida no 
Brasil a partir da recriação de elementos portugueses e africanos 
do catolicismo negro aos moldes de cada região brasileira. As fes-
tas de devoção a Nossa Senhora do Rosário, incluindo a reverência 
a São Benedito e Santa Efigênia, realizadas por Reinados e Irman-
dades Negras e acompanhadas por Congadas (também denomina-
das de Congados, Reis Congos ou somente Congos) constituem 
uma expressão cultural conhecida no Centro Oeste, no Sudeste e 
estados do Nordeste brasileiro.
Os congadeiros rememoram e recriam os significados desta 
expressão cultural que é composta por pessoas negras, brancas e 
de outros pertencimentos étnico-raciais. Em Goiás, as congadas 
ocorrem na cidade de Catalão, Goiandira, Pires do Rio, Goiânia, 
dentre outras. Segundo o mapeamento elaborado pela Universida-
de Federal de Goiás (UFG), em Goiânia, as congadas acontecem 
nas Vilas João Vaz, Santa Helena e Abajá, no Residencial Itamara-
cá e no Setor Campinas.
A Roda de Capoeira, por sua vez, foi registrada como bem 
cultural pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional 
(IPHAN) no ano de 2008 e recebeu o título de Patrimônio Cultural 
Imaterial da Humanidade pela UNESCO em novembro de 2014. 
A origem e história da capoeira é ainda assunto de debate sendo 
comumente defendida a ideia de que se trata de uma expressão 
cultural afro-brasileira que ritualiza movimentos de artes marciais, 
jogos, dança e música. A capoeira começou a ser difundida em 
Goiás por duas academias pioneiras fundadas em Goiânia: o terrei-
ro de Capoeira Angola e a Academia de Capoeira Regional. Hoje, 
a capoeira é considerada uma das manifestações culturais negras 
mais populares praticadas por diferentes grupos em Goiás: os par-
ticipantes formam uma roda e revezam tocando instrumentos mu-
sicais como o berimbau, cantando e fazendo a luta ritual em pares 
no centro do círculo, movimentando diferentes espaços urbanos de 
Goiânia e do interior.
Congada de Catalão: manifestação cultural surgiu no Brasil a 
partir da recriação de elementos portugueses e africanos do catoli-
cismo negro aos moldes de cada região brasileira
As práticas religiosas de matriz africana também estão pre-
sentes em diferentes localidades de Goiás. Segundo a indicação de 
alguns pesquisadores, no Brasil ocorreu um movimento de reinter-
pretação das práticas africanas, ou seja, como as práticas religiosas 
de matriz africana foram sendo marginalizadas, para que se manti-
vessem, passaram por um processo de ressignificação. Nesse sen-
tido, na cidade de Goiânia, o candomblé, por exemplo, foi formado 
em meio a um clima de “medo da macumba”, o qual pode ser ob-
servado na imprensa religiosa goianiense das primeiras décadas do 
século XX. Assim, elementos do candomblé já se faziam presentes 
desde o final da década de 1940 quando a umbanda chegou à capi-
tal. Conforme apontam as pesquisas, o conhecido João de Abuque, 
negro, migrante nordestino e de poucos recursos financeiros, foi o 
responsável por fundar o primeiro terreiro de candomblé goianien-
se. Os terreiros de candomblé que existem atualmente em Goiânia 
são chefiados, em sua grande maioria, por filhos e filhas ou netos e 
netas e santo do pai João de Abuque.
Diante de tais manifestações culturais existentes pelo Brasil e, 
especificamente, em Goiás, podemos considerar que a identidade 
negra está arraigada à história de seus antepassados [pela memória 
coletiva], a exemplo das contínuas referências à Zumbi do qui-
lombo dos Palmares, especialmente ao longo do mês de novembro 
(considerado o mês pela consciência negra). A identidade negra 
brasileira se forma pela ciência da posição de subalternidade de 
grande parte dos negros brasileiros, mas admite a valorização de 
sua raça, em seus mais diversos aspectos, evidencia a sua atuação 
social e política junto ao (re)direcionamento de políticas públicas 
e considera o legado dos povos negros para a cultura brasileira e, 
especificamente, a goiana.5
5 Fonte: www.jornalopcao.com.br – Por Fernando Bueno Oliveira
Didatismo e Conhecimento 11
CONHECIMENTOS GERAIS
O alto planalto cristalino situa-se na porção leste de Goiás
Com mais de mil metros de altitude em alguns pontos, forma 
o divisor de águas entre as bacias do Paranaíba e do Tocantins. É a 
mais elevada unidade de relevo de toda a região Centro-Oeste. O 
planalto cristalino do Araguaia-Tocantins ocupa o norte do estado. 
Tem altitudes mais reduzidas, em geral de 300 a 600m. O planal-
to sedimentar do São Francisco, representadapela serra Geral de 
Goiás (no passado dito “Espigão Mestre”), vasto chapadão areníti-
co, caracteriza a região nordeste do estado, na região limítrofe com 
a Bahia. O planalto sedimentar do Paraná, extremo sudoeste do 
estado, é constituído por camadas sedimentares e basálticas ligei-
ramente inclinadas, de que resulta um relevo de grandes planuras 
escalonadas. A planície aluvial do médio Araguaia, na região limí-
trofe de Goiás e Mato Grosso, tem o caráter de ampla planície de 
inundação, sujeita a deposição periódica de aluviões.
Clima
Dois tipos climáticos caracterizam o estado de Goiás: o tropi-
cal, com verões chuvosos e invernos secos; e o tropical de altitu-
de. O primeiro domina a maior parte do estado. As temperaturas 
médias anuais variam entre 23o C, ao norte, e 20o C, ao sul. Os 
totais pluviométricos oscilam entre 1.800mm, a oeste, e 1.500mm, 
a leste, com forte contraste entre os meses de inverno, secos, e os 
de verão, chuvosos.
O clima tropical de altitude aparece apenas na região do alto 
planalto cristalino (área de Anápolis, Goiânia e Distrito Federal), 
onde, por efeito da maior altitude, se registram temperaturas em 
geral mais baixas, embora o regime pluvial conserve a mesma 
oposição entre as estações chuvosa de verão e seca de inverno.
Hidrografia
A rede hidrográfica divide-se em duas bacias: uma delas é 
formada pelos rios que drenam para o rio Paraná; a outra, pelos 
que escoam para o Tocantins ou para seu afluente, o Araguaia. O 
divisor de águas entre as duas bacias passa pelo centro do estado 
e o atravessa de leste a oeste. O limite oriental de Goiás segue o 
divisor de águas entre as bacias dos rios Tocantins e São Francisco 
e o divisor de águas entre as bacias do Tocantins e do Paranaíba. 
Todos os rios apresentam regime tropical, com cheias no semestre 
de verão, estação chuvosa.
Flora e fauna
A maior parte do território de Goiás é recoberta por vegetação 
característica do cerrado. As matas, embora pouco desenvolvidas 
espacialmente, têm grande importância econômica para o estado, 
de vez que constituem as áreas preferidas para a agricultura, em 
virtude da maior fertilidade do solo, em comparação com os solos 
do cerrado. A principal mancha florestal do estado se encontra no 
centro-norte, na região chamada do Mato Grosso de Goiás, situada a 
oeste de Anápolis e Goiânia. Essa área florestal é de grande relevân-
cia econômica porque apresenta solos férteis, derivados de rochas 
efusivas. Entre as espécies vegetais predominantes estão o jatobá, a 
palmeira guariroba, que fornece um palmito amargo muito aprecia-
do no estado, o óleo vermelho, ou copaíba, o jacarandá e a canela.
Outras manchas florestais ocorrem nos vales dos rios Paranaí-
ba, ao sul; Tocantins, a leste; e Araguaia, a oeste. Boa parte dessas 
matas, especialmente no vale do rio Araguaia, assume uma for-
ma de transição entre o cerrado e a floresta denominada cerradão. 
Ocorrem aí espécies arbóreas freqüentes na área do Mato Grosso 
de Goiás e outras, como o angico, a aroeira e a sucupira-verme-
lha. Nas áreas dominadas pelo cerrado ocorrem as espécies típicas: 
lixeira, lobeira, pau-terra, pequi, pau-de-colher-de-vaqueiro, pau-
de-santo, barbatimão, quineira-branca e mangabeira.
A fauna de Goiás tem diversas espécies ameaçadas de extin-
ção, quer pela ação predatória dos caçadores, quer pelas queimadas 
e pelo envenenamento do solo com agrotóxicos. Estão entre elas 
o lobo-guará, o cachorro-do-mato-vinagre, o tamanduá-bandeira, 
o veado-campeiro, o tatu-canastra, a ariranha e o cervo. Outras 
espécies são a paca, a anta, o tatu-peludo, o tatu-galinha, o taman-
duá-mirim, a lontra, o cachorro-do-mato, a raposa-do-campo, a ca-
pivara, a onça, a suçuarana, a onça-pintada, o bugio, a jaguatirica e 
diversos tipos de serpentes, como a sucuri e a jibóia. Também entre 
as aves há espécies em extinção, como o tucano-rei, o urubu-rei e 
a arara-canindé. Há ainda várias espécies de tucanos e araras, além 
de perdizes, emas, codornas, patos-selvagens, pombas-de-bando, 
pombas-trocazes, jaós, mutuns e siriemas.
População
A região Centro-Oeste caracteriza-se pela baixa concentração 
demográfica. No entanto, a partir da implantação de Brasília e da 
descoberta dos cerrados como nova fronteira econômica, em eta-
pas diferentes, dirigiram-se para Goiás grandes fluxos de migran-
tes, sobretudo das cidades muito populosas ou das regiões mais 
pobres do país, em busca de ocupação ou de novas opções de vida. 
A ocupação de mão-de-obra na montagem da infraestrutura do es-
tado — rodovias e hidrelétricas — e na instalação de novas indús-
trias permitiu que essa ocupação se desse de maneira mais organi-
zada, sem formar os bolsões de miséria e de populações marginais 
típicos das grandes capitais brasileiras. Com o desmembramento 
que deu origem ao estado de Tocantins, em 1988, a população de 
Goiás reduziu-se, mas manteve suas taxas de crescimento e de 
densidade demográfica. Verifica-se maior concentração populacio-
nal na região central do estado, a oeste do Distrito Federal.
A palavra Goiás, originada do tupi, que designa a noção de 
“pessoas iguais, da mesma raça, parentes”, bem se aplica à soli-
dariedade e ao espírito comunitário do povo goiano, comprovados 
pelas obras sociais abundantes em praticamente todas as cidades 
do estado, destinadas a socorrer a população carente.
Economia
Agricultura e pecuária
O setor agropecuário tem sido tradicionalmente a base da eco-
nomia goiana. Nas três últimas décadas do século XX, Goiás foi 
uma das regiões de fronteira agrícola mais expressivas do país. Em 
muitas culturas, como soja, milho, arroz, feijão, tornou-se, naquele 
período, um dos maiores produtores do país. A principal área agrí-
cola e pastoril do estado é a região do Mato Grosso de Goiás, onde 
se pratica uma agricultura diversificada, com arroz, milho, soja, 
feijão, algodão e mandioca.
Apesar de possuir o segundo rebanho do país, Goiás observa 
uma tradição de baixa produtividade, tanto em nível de fertilidade 
quanto de idade de abate dos animais, idade de primeira parição e 
produção leiteira. A bovinocultura de corte representa um segmen-
to de importância fundamental para a economia do estado, tanto 
como fonte de divisas, pelos excedentes exportáveis, quanto pelo 
expressivo contingente de mão-de-obra ocupado nessa atividade. 
Nos pastos plantados em antigos terrenos florestais (invernadas) 
engordam-se bovinos, criados nas áreas de cerrado, e mantém-se 
Didatismo e Conhecimento 12
CONHECIMENTOS GERAIS
um rebanho de gado leiteiro. O vale do Paranaíba é a segunda re-
gião econômica de Goiás e maior produtora de arroz e abacaxi. 
Cultivam-se também milho, soja, feijão e mandioca. É grande o 
rebanho de leite e corte.
A soja é o principal produto agrícola do estado
Introduzida em 1980, a cultura foi aperfeiçoada pela obtenção 
de sementes adaptadas ao cerrado e aplicação de calcário e outros 
elementos para combater a acidez do solo. Com o lançamento de 
novas variedades de grãos mais resistentes à armazenagem e às 
pragas, registrou-se forte aumento de produtividade. A cultura do 
milho é geralmente associada à criação de suínos e ao plantio de 
feijão. A cana-de-açúcar e a mandioca têm caráter de lavouras de 
subsistência e servem ao fabrico de farinha, aguardente e rapadu-
ra. O extrativismo vegetal inclui babaçu, casca de angico, pequi e 
exploração de madeira, principalmente mogno.
Energia e mineração
A produção e distribuição de energia elétrica no estado está a 
cargo das Centrais Elétricas de Goiás (Celg). As principais usinas 
hidrelétricas do estado são Cachoeira Dourada, São Domingos, 
ambas da Celg, Serra da Mesa e Corumbá I, ambas de Furnas. 
Parte da energia produzida por Furnas supere o Distrito Federal e 
a região Sudeste.
No subsolo de todo o estado existem importantes jazidas de 
calcário, já medidas e em condições de abastecer todos os muni-
cípios goianos, seja qual for o ritmo de crescimento do mercado 
de corretivos do solo. Há ainda jazidas consideráveisde ardósia, 
amianto, níquel, cobre, pirocloro, rutilo e argila, além de quanti-
dades menores de manganês, dolomita, estanho, talco e cromita. 
Encontram-se ainda ouro, cristal-de-rocha, pedras preciosas (es-
meraldas) e pedras semipreciosas. O estado possui excelente in-
fraestrutura para extração de minerais não ferrosos, principalmen-
te ouro, gemas, fosfato e calcário, além de minérios estratégicos, 
como titânio e terras raras.
Indústria
Para tirar partido de sua vocação agrícola e de seus recursos 
minerais, a indústria goiana concentrou suas atividades inicial-
mente em bens de consumo não duráveis e, a partir da década de 
1970, nos bens intermediários e na indústria extrativa. Em meados 
da década de 1990, o desenvolvimento industrial goiano era ainda 
incipiente, vulnerável aos constantes impactos negativos da con-
juntura econômica nacional. Tal fragilidade reduzia significativa-
mente o dinamismo do setor secundário, incapaz de beneficiar-se 
devidamente das vantagens proporcionadas pela agropecuária e 
pelas imensas reservas minerais. Observava-se, porém, uma ten-
dência à diversificação, principalmente em setores da siderurgia.
Aumentaram consideravelmente os setores da indústria extra-
tiva e da produção de minerais não-metálicos, bens de capital e 
bens de consumo duráveis. Um dos principais ramos industriais do 
estado, que, no entanto, não acompanhou a tendência ascendente 
dos outros setores nas três últimas décadas do século XX, foi o da 
produção de alimentos — fabricação de laticínios, beneficiamento 
de produtos agrícolas e abate de animais — concentrado nas cida-
des de Goiânia, Anápolis e Itumbiara. Setores novos dinamizaram-
se nesse mesmo período, como as indústrias metalúrgica, quími-
ca, têxtil, de bebidas, de vestuário, de madeira, editorial e gráfica. 
Um elemento coadjuvante de grande importância ao crescimento 
econômico foi a implantação dos distritos industriais, nos muni-
cípios de Anápolis, Itumbiara, Catalão, São Simão, Aparecida de 
Goiânia, Mineiros, Luziânia, Ipameri, Goianira, Posse, Porangatu, 
Iporá e Santo Antônio do Descoberto.
Transporte e comunicações
Na década de 1970, em consonância com as diretrizes fede-
rais, o estado de Goiás iniciou a implantação dos primeiros corre-
dores de exportação, conceito que definiu rotas de transporte des-
tinadas a ligar as áreas produtivas a algum porto, com prioridade 
para os excedentes agrícolas. Posteriormente, essas diretrizes fo-
ram aplicadas ao abastecimento, visando a articular os sistemas de 
armazenagem e escoamento de uma determinada área geográfica, 
de forma a adequar os fluxos das fontes de produção até os centros 
de consumo ou terminais de embarque, com destino ao mercado 
externo ou a outras regiões do país. No estado de Goiás estabele-
ceu-se uma rede rodoviária capaz de dar sustentação ao transporte 
das regiões produtoras de grãos e minerais para os pontos de cap-
tação de cargas ferroviárias de Goiânia, Anápolis, Brasília, Pires 
do Rio e Catalão.
Tal como ocorreu no restante do país, o transporte ferroviário 
e fluvial em Goiás foi relegado a segundo plano, devido à opção 
pelo transporte rodoviário. Na área de influência do corredor de 
exportação goiano, os principais troncos utilizados para atingir os 
pontos de transbordo ferroviário, sobretudo para a soja e o farelo, 
são: a BR-153, principal eixo de escoamento do norte de Goiás e 
de Tocantins, interligado ao ponto de transbordo rodo-ferroviário 
de Anápolis; a GO-060, que liga Aragarças a Goiânia, numa dis-
tância de 388km; a BR-020, que liga o nordeste de Goiás à região 
oeste da Bahia e a Brasília, onde está instalado outro ponto de 
transbordo; a BR-060, que liga Santa Rita do Araguaia/Rio Verde 
a Goiânia; a BR-452, que liga Rio Verde a Itumbiara, importante 
centro produtor e beneficiador de grãos, e segue até Uberlândia 
MG, onde está instalada uma rede de armazenagem de grande ca-
pacidade; e a BR-364-365, que liga Jataí a Uberlândia e atravessa a 
cidade de São Simão, outra opção para o escoamento da produção 
do sudoeste goiano.
Os jornais de maior circulação são O Popular, a Tribuna de 
Goiás, o Diário Oficial do Estado e o Diário do Município, em 
Goiânia. Em Anápolis, circulam A Imprensa e Tribuna de Anápo-
lis; na antiga capital, Goiás, circula o Cidade de Goiás. Há várias 
emissoras de rádio em AM e FM. A principal emissora de televisão 
é a TV Anhangüera, pertencente à Organização Jaime Câmara.
História
Quase um século após o descobrimento do Brasil, os coloni-
zadores portugueses trilharam pela primeira vez as terras de Goiás. 
Ficaram famosas, entre outras, as expedições de Domingos Rodri-
gues (1596), Belchior Dias Carneiro (1607), Antônio Pedroso de 
Alvarenga (1615) e Manuel Campos Bicudo (1673), além da mais 
famosa, a de Bartolomeu Bueno da Silva, com seu filho de igual 
nome, então com apenas 12 anos de idade. Bueno encontrou em 
pleno sertão a bandeira de Manuel Campos Bicudo, que conduzia 
presos índios da nação dos araés, cuja área parecera ao bandei-
rante extraordinariamente rica em minas de ouro. De acordo com 
as indicações de Bicudo, para ali seguiu Bartolomeu Bueno, que 
aprisionou os silvícolas restantes e colheu muitas pepitas de ouro.
Parece datar dessa época o episódio segundo o qual Bueno 
pedira aos índios que lhe mostrassem o lugar de onde retiravam o 
ouro empregado em seus adornos. Diante da negativa, o bandei-
Didatismo e Conhecimento 13
CONHECIMENTOS GERAIS
rante despejou aguardente num recipiente e queimou-a, dizendo 
aos selvagens que o mesmo faria com a água de todos os rios e 
nascentes, matando-os de sede, se não lhe fosse mostrada a mina. 
Apavorados, os índios levaram-no à jazida e passaram a chamá-lo 
de Anhangüera, que significa “diabo velho”, nome com que Bueno 
e seu filho passaram à história. Depois disso, graças ao sucesso da 
expedição do Anhangüera e de novas iniciativas dos reis portu-
gueses para a descoberta das riquezas do subsolo brasileiro, foram 
muitas as bandeiras que cortaram, em todas as direções, as para-
gens goianas, algumas delas provenientes do Maranhão.
O objetivo das bandeiras era unicamente o descobrimento e a 
cata do ouro e outros metais preciosos, pois na época um breve papal 
condenara a escravização do índio, talvez por influência das inúme-
ras expedições religiosas que penetraram o solo goiano, a começar 
pela do frei Cristóvão de Lisboa, que fundou uma missão religiosa 
na área do Tocantins (1625). As entradas e bandeiras culminaram 
com a expedição de Bartolomeu Bueno da Silva, o segundo Anhan-
güera, que em 1720, juntamente com seus cunhados João Leite Ortiz 
e Domingos Rodrigues do Prado, requereu a João V licença para 
penetrar os altos sertões e avançar pelos centros da América, em 
busca de minas de ouro, prata e pedras preciosas. Pedia em troca a 
munificência real das passagens dos rios que encontrassem.
No ano seguinte, o capitão-general de São Paulo, D. Rodrigo 
César de Meneses, mandou chamar Bueno e estabeleceu com ele 
o ajuste de uma bandeira para localização e exploração da mina 
de ouro descoberta por seu pai. Em pouco tempo, Bueno arregi-
mentou uma poderosa bandeira, que partiu de São Paulo em 3 de 
setembro de 1722, tomou o rumo do rio Grande e caminhou, sem 
encontrar tropeços, até o rio Paranaíba. Feita a travessia, desviou-
se para o nordeste, pelo espigão do rio São Marcos, e foi atingir 
a lagoa Mestre d’Armas, poucos quilômetros acima do local onde 
hoje se ergue Brasília. Em seguida, rompeu o divisor das águas, foi 
ter às margens do rio Maranhão, ponto onde se cindiu a bandeira: 
parte dos seus integrantes desceu pelo grande rio, enquanto Bar-
tolomeu Bueno e seus seguidores caminharam para o sudoeste, à 
procura da região dos goiases.
Em 21 de outubro de 1723, após mais de três anos nos cha-
padões, serras e matas, quando o governo paulista já cogitava de 
mandar uma expedição em seu socorro, Bueno regressou e foi exi-
bir a D. Rodrigo amostras de ouro de várias minas descobertas.
Febre do ouro
A notícia

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