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PEÇA SEÇÃO 2

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EXCELENTISSIMO DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA XX VARA CIVEL DA COMARCA DE 
LONDRINA – PR. 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO Nº XXXXXXX 
 
JULIÃO, profissão, inscrito no CPF sob nº xxx e RG sob nº xxx, 
endereço eletrônico, residente e domiciliado em xxx, casado com RUTH, profissão, inscrita 
no CPF sob o nº xxx, e RG sob o nº xxx, endereço eletrônico, residente e domiciliada em 
xxxx vem, através de sua procuradora ao final assinada (procuração anexo), com endereço 
onde recebe citações e intimações, a presença de Vossa Excelencia, nos autos da AÇÃO DE 
USUCAPIÃO ESPECIAL RURAL em epígrafe, que lhe move JOÃO, já qualificado nos aludidos 
autos, oferecer 
 
CONTESTAÇÃO COM RECONVENÇÃO 
 
Pelos fatos e fundamentos expostos em sequência: 
 
1.DAS ALEGAÇÕES DO AUTOR 
O requerente ajuizou Ação de Usucapião Especial Rural, 
alegando que a 9 (nove) anos mantem a posse mansa, pacifica e ininterrupta de um imóvel 
rural de 35 hectares, imóvel esse de propriedade dos réus, localizado na Rua das Bromélias, 
nº100, Zona Rural de Londrina/PR, sob matricula de nº xxx. 
Também alegam que construíram uma casa e que vem 
explorando a terra para o sustento de sua família. Aduzem ainda, que tem pago 
regularmente os impostos incidentes sobre a referida propriedade nesses 9 (nove) anos. 
Pelo que foi exposto, pretendem os autores o julgamento 
procedente da ação de usucapião, concedendo o domínio útil do imóvel supracitado. 
 
2.DA REALIDADE DOS FATOS 
 
Ao contrário do que tenta fazer crer o autor, o verdadeiro 
desencadear dos fatos é completamente diverso da situação por ele apresentada. 
As partes firmaram contrato de aluguel verbal do imóvel 
descrito acima por tempo indeterminado, com valor de R$300,00 (trezentos reais) mensais, 
bem como seria dever do locatário o pagamento dos impostos e contas de água e luz. 
Ocorre que o autor nunca efetuou de fato o pagamento. 
 
O réu por sua vez, tendo conhecimento da situação financeira 
do requerente, não procurou o poder judiciário para satisfação do débito em questão, 
configurando assim mera tolerância do réu para com o autor. 
 
3.DO MÉRITO 
Como é sabido no art. 73, caput do CPC/15, elenca a 
necessidade do consentimento do cônjuge em ações que versem sobre direito real 
imobiliário, o que não ocorreu nos autos em epígrafe, pois João ingressou com a referida 
ação sem o consentimento de seu cônjuge Marcos, desta forma, a falta de consentimento 
invalida o processo como descrito pelo art.74, parágrafo único do CPC/15, conforme 
demonstrado: 
“Art. 74. 
Parágrafo único. A falta de consentimento, 
quando necessário e não suprido pelo juiz, 
invalida o processo.” 
 
Ainda, conforme preleciona o Código Civil em seu art. 1.239, 
é literal a disposição legal que, para caracterização da usucapião rural, dentre outros 
requisitos, o possuidor deve possuir como seu o terreno em imóvel rural, por cinco anos 
ininterruptos, o que, data vênia, não ocorreu no caso em comento, pois os autores apenas 
ali residiam sob a qualidade de locatários. 
A situação fática acima restará evidenciada de maneira 
incontroversa, através de prova testemunhal, a existência de contrato verbal de locação do 
imóvel supracitado, sendo apto afastar o requisito da posse com animus domini, 
prejudicando assim, o pleito principal da usucapião. 
Isso porque, conforme doutrina majoritária, aquele que 
possui sem a intenção de ter a coisa como se dono fosse, ou seja, desprovido de animus 
domini, tal como exemplo o locatário, não pode exercer sobre a res pretensão de 
usucapião. Neste sentido: 
 
“(...) A intenção de possuir o imóvel como um 
proprietário (animus domini) é (...) requisito 
indispensável à configuração da posse ad 
usucapionem. Por ele objetiva a lei (...) descartar 
a hipótese de usucapião pelo detentor 
(empregado ou preposto do possuidor) ou por 
quem tem o uso ou a fruição do imóvel em razão 
de negócio jurídico celebrado com o proprietário 
(locatário, usufrutuário, comodatário etc.) (...) O 
possuidor desprovido de animus domini, que não 
age como dono da coisa, está disposto a entregá-
la ao proprietário tão logo instado a fazê-lo. A 
situação de fato em que se encontra não se 
incompatibiliza com o exercício, pelo titular do 
domínio, do direito de propriedade. (...)” 
(COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil, 
volume 3: direito das coisas, direito autoral – 4. 
Ed. – São Paulo: Saraiva, 2012, versão digital, pp. 
194/195).” 
 
Além do mais, é o entendimento da jurisprudência conforme 
demonstrado: 
”APELAÇÃO CIVEL – AÇÃO DE USUCAPIÃO 
EXTRAORDINÁRIA- OCUPAÇÃO EM 
DECORRENCIA DE CONTRATO VERBAL DE 
LOCAÇÃO- AUSENCIA DE ANIMUS DOMINI – 
MULTA POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ – 
CONFIGURADA- RECURSO NÃO PROVIDO. A 
utilização do imóvel em decorrência de contrato 
verbal de locação impede que se opere a 
usucapião, porquanto retira o requisito essencial 
para a sua caracterização, qual seja, o animus 
domini do usucapiendo. Nos termos do at.17, 
inciso II, do CPC, aquele que alterar a verdade 
dos fatos incorre em litigância de má-fé.” 
 
4.DA RECONVENÇÃO 
Conforme art. 343 do CPC/15, na contestação, é licito ao réu 
propor reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou 
com o fundamento da defesa. 
No caso em comento, o Reconvido exigiu a procedência da 
ação principal, concedendo a ele o domínio útil do imóvel, tendo em vista ter a posse mansa 
e pacífica do imóvel em questão; situação essa inverídica fundada conforme já 
demonstrado nesta resposta. 
Como amplamente demonstrado, o caso em questão trata-se 
de contrato verbal de locação do imóvel, onde houve a mera tolerância do Reconvente em 
face ao inadimplemento do reconvido. 
Assim sendo, tendo em vista que a peça defensiva expõe a 
veracidade dos fatos, é cabível a presente contestação com reconvenção para que se 
determine: a) a rescisão do contrato de locação verbal entabulado entre as parte; b) o 
pagamento dos aluguéis atrasados pelo período de 9 (nove) anos a qual faz juz o 
reconvente; c) o despejo do reconvido, tendo em vista que o mesmo agiu de má-fé ao 
ingressar com ação de usucapião; d) que seja condenado o reconvido a litigância de má-fé 
por alterar a verdade dos fatos. 
 
5.DOS PEDIDOS 
Ante o exposto, requer: 
a) Sejam julgados improcedentes todos os pedidos 
formulados pelo requerente na exordial, pelos motivos e fundamentos colecionados; 
b) Seja acolhida a presente reconvenção com total 
procedência, determinando o despejo do reconvido, bem como o pagamento dos aluguéis 
atrasados ao equivalente de 9 (nove) anos e a configuração de sua litigância de má-fé. 
c) seja o reconvido condenado em custas processuais e 
honorários advocatícios no percentual de 20 % (vinte por cento) do valor da causa. 
 
Requer desde já a utilização de qualquer meio de prova em 
direito admitido. 
Atribui-se a causa o valor de R$xxxx. 
 
Nestes termos, 
Pede Deferimento. 
Paraná, xx de xxxx de xxxx. 
 
Nome do advogado- OAB

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