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Universidade da Região de Joinville – UNIVILLE Curso: Farmácia – 5° Ano Matéria: Urinálise Professora: Vanessa Kobs Acadêmicos: Camile Machado Eduardo Estevão Testoni Atlas de Urinálise Joinville – SC 2019 P á g i n a | 2 Sumario Sistema urinário ---------------------------------------------------------3 Formação da urina ------------------------------------------------------ 4 Como coletar a urina --------------------------------------------------- 5 Tipos de amostrar de urina -------------------------------------------- 6 Exames Físico (Macroscópico) --------------------------------------- 7 Exame Químico --------------------------------------------------------- 9 Exame Microscópico (Sedimentoscopia) -------------------------- 12 Cilindros ---------------------------------------------------------------- 14 Cristais ------------------------------------------------------------------ 18 Micro-organismos na urina ------------------------------------------ 22 Referencias ------------------------------------------------------------- 25 P á g i n a | 3 Sistema urinário O sistema urinário tem como principal função eliminar os produtos finais (resíduos) do metabolismo, principalmente ureia, creatinina e ácido úrico, recolhidos da corrente sanguínea e excretados em forma de urina. É responsável também pelo controle do equilíbrio hídrico e pela remoção de resíduos tóxicos ou drogas induzidas pelo corpo. Esse sistema consiste de rins, ureteres, uretra e bexiga. Os rins são os órgãos mais importantes desse sistema. São responsáveis pela filtração do sangue, limpando as impurezas, e são essenciais para manter a homeostase, regulando os fluídos corporais, o balanço eletrolítico, o equilíbrio acidobásico, a excreção de resíduos, e são responsáveis pela produção da urina, que é enviada pelos ureteres até a bexiga urinária, onde fica armazenada até o momento de sua eliminação. Os rins participam ainda da manutenção da pressão sanguínea e da eritropoiese. Sua função é regulada por volume, pressão e composição sanguíneos, além de hormônios das glândulas adrenal (suprarrenal) e pituitária. As figuras a seguir representam a localização anatômica do sistema urinário. P á g i n a | 4 Formação da urina Um indivíduo adulto produz cerca de 1,5 litros de urina por dia, sendo a maior parte composta por água e o restante por metabolitos. Sua formação é um processo que engloba filtração, secreção e reabsorção de componentes indispensáveis pelo corpo. Resumidamente, a formação tem início nos néfrons, que são unidades funcionais dos rins. O sangue é recebido nos glomérulos, onde ocorre o processo de filtração do plasma renal. O filtrado formado possui a mesma composição do plasma sanguíneo, mas normalmente apresenta-se livre de proteínas, exceto por poucas de baixo peso molecular. Algumas das substâncias filtradas são: água, eletrólitos, glicose, ureia, creatinina, ácido úrico, aminoácidos e amônia. A taxa de filtração glomerular é proporcional ao tamanho corporal, variando conforme o sexo e a idade, e é importante indicador da função renal, podendo ser calculada através de testes como o clearance (utilizando a urina de 24 horas) ou pelo cálculo de taxa de filtração glomerular estimada (TFGe). A partir daí, corre pelos túbulos e capilares, nos quais ocorre a reabsorção de substâncias, como água, bicarbonato, cloreto de sódio, cálcio, potássio, fosfato, aminoácidos, proteínas, glicose, entre outros. Cerca de 80% do filtrado é reabsorvido. E então, a secreção de diversas substâncias primordiais ao organismo, agindo contrariamente à reabsorção, faz com que a urina seja formada. P á g i n a | 5 Como coletar a urina Homens: Fazer assepsia do pênis (lavar com água e sabão, enxaguar bem e secar) e destampar o frasco estéril. Retrair o prepúcio com uma das mãos e com a outra segurar o frasco já destampado. Desprezar o primeiro jato de urina. Colher a porção média no frasco estéril urinando em jato para que a urina não escorra na região genital. Desprezar o restante da micção. Tampar o frasco imediatamente. Obs: Não é necessário colher grande volume, 10 a 20 ml é ideal. Mulheres De preferência no vaso sanitário, sentar com as pernas afastadas, fazer assepsia da vagina (lavar com água e sabão, enxaguar bem e secar) e destampar o frasco estéril. Com uma das mãos afastar os grandes lábios e com a outra segurar o frasco já destampado. Desprezar o primeiro jato (primeira porção da urina que sai). Colher a porção média no frasco estéril, urinando em jato para que a urina não escorra na região genital. Desprezar o restante da micção. Tampar o frasco imediatamente. Obs: Salvo casos graves evitar coletar em período menstrual Bebês Fazer bem a limpeza com água e algodão Retirar todos os resíduos de fezes e pomadas Se contaminar com evacuação – desprezar amostra P á g i n a | 6 Tipos de amostras de urina Primeira amostra da manhã Amostra ideal para exame de rotina ou Tipo I Preferencialmente colhida no laboratório se não for possível deve ser levado ao laboratório dentro de 1 hora. Este tipo de amostra é essencial para evitar resultados falsos negativos no teste de gravidez e para avaliar a protenúria ortostática (deitado). Amostra em jejum Trata-se de uma amostra mais concentrada o que garante a detecção de substâncias que podem estar presentes nas amostras aleatórias, mais diluídas. Amostra de jejum é resultado da segunda micção após um período de jejum, por isso é diferente da primeira amostra da manhã. Essa amostra não contém nenhum metabólito dos alimentos ingeridos antes do início do período de jejum e é recomendado para a monitorização de glicosúria (glicose na urina). Amostra colhida 2hs após a refeição (pós-prandial) Urinar, pouco antes de se alimentar normalmente, colher uma amostra 2 horas após comer. Faz-se a prova de glicosúria e os resultado é utilizados principalmente para controlar a terapia com insulina em pessoas com diabetes mellitus. Pode-se fazer uma avaliação mais completa do estado do paciente se for feita uma comparação entre os resultados da amostra colhida 2 horas após a refeição e os da amostra colhida em jejum. Amostra de urina de 24 horas (ou com tempo marcado) Muitas vezes é necessário medir a quantidade exata de determinada substância química na urina, ao invés de registrar apenas sua presença ou ausência. Deve-se usar uma amostra colhida cronometrada cuidadosamente para conseguir resultados quantitativos exatos. Para conseguir uma amostra precisamente cronometrada, é necessário iniciar o período de colheita com a bexiga vazia. Pegar no laboratório recipiente devidamente limpo e seco para coleta, já que o volume será grande. Exemplo: 1º dia 7 h da manhã: Urinar e descartar a amostra. A partir daí, colher toda urina nas próximas 24 horas. As amostras colhidas devem ser mantidas refrigeradas). 2º dia 7 h da manhã: o paciente colhe a urina e junta esta urina com aquela previamente colhida. Leva até o laboratório todo volume que foi recolhido. P á g i n a | 7 Exames físicos (Macroscópico) Coloração: A coloração amarela da urina é resultado do pigmento urocromo, que possui uma eliminação relativa a taxa metabólica de cada indivíduo e pode estar aumentado nos problemas da tireóide e no estado de jejum. Outros pigmentos que estão presentes em quantidades menores são a uroeritrina e urobilina. Nesse contexto, pessoas normais com ingestão de grande quantidade de líquidos produzem, na ausência de hidratação, urina de cor amarelo-clara e escura. Diferentes tonalidades de cor da urina podem estar relacionadasa diversos fatores, como ingestão de alimentos, atividade física, estados metabólicos, consumo de drogas / medicamentos e compostos produzidos por diferentes patologias. A cor vermelha, por exemplo, pode estar presente na ingestão de alguns alimentos, como a beterraba, mas também pode ser vista em urina contaminada com sangue menstrual. A hematúria, a hemoglobinúria e a mioglobinúria podem apresentar diversas tonalidades do vermelho, de acordo com a concentração dos compostos oriundos dessas alterações. A ingestão de medicamentos pode produzir coloração azul, verde ou laranja. Urina verde-acastanhada geralmente está associada com pigmentos biliares. Tonalidades de laranja são vistas na presença de urobilinogenio, e tonalidades pretas na presença de ácido homogentísico e melanina. Coloração esbranquiçado-leitosa e incolor está presente em doenças purulentas do trato urinário e diabetes, respectivamente. Aspecto: O aspecto de uma amostra urinária pode ser límpido, opalescente, ligeiramente turvo, turvo ou leitoso (purulento). Usualmente, a urina normal tem coloração clara e aspecto límpido. A presença de turvação em amostra não centrifugada requer investigação. Essa turbidez pode ser resultado da precipitação de sais em formas de cristais. A presença de leucócitos, hemácias, descamações de células epiteliais e bactérias também causam turvação na urina e são confirmadas através da análise microscópica após centrifugação. Outros fatores também causam a turvação, como: presença de muco, cilindros, contaminação por fezes, leveduras, contrastes radiológicos, linfa (quilúria) e glóbulos de gordura (lipidúria ou corpos graxos). As amostras mantidas em repouso ou refrigeradas também podem apresentar turvação não patológica. Odor: Em condições normais, a urina apresenta um odor característico devido a presença de ureia. Quanto maior for a presença dessa substância, maior será o odor. As amostras com crescimento bacteriano intenso apresentam odor fétido. Alguns medicamentos e alimentos também podem alterar o cheiro da urina. Doenças genéticas, como fenilcetonúria e leucinose (doença da urina do xarope de bordo), também possuem odores característicos. P á g i n a | 8 Antigamente, nos primeiros relatos referentes ao exame da urina humana, o odor era citado para direcionar o tratamento. O cientista cheirava a urina e até mesmo provava seu sabor para determinar várias patologias, porém, há poucos anos, na rotina laboratorial, o odor era um item frequentemente liberado como sui generis, pois outros itens de maior significado clínico, já eram testados e podiam direcionar o tratamento sem a necessidade de o profissional cheirar o material. Nos dias atuais, os elementos testados pelas tiras reagentes e a automação fazem com que não exista a necessidade que o item odor seja sequer citado no exame de urina tipo 1, já que não haverá relevância clínica e sua determinação não estará atendendo aos padrões de qualidade e segurança no trabalho. Densidade: A densidade determina a concentração ou diluição de uma amostra de urina, o que auxilia na avaliação da capacidade dos rins de efetuar esses processos, e indica o estado de hidratação do paciente. A incapacidade de realizar essas funções pode revelar uma enfermidade renal ou deficiência hormonal. Adultos com ingestão de líquidos apropriados, em um período de 24 horas, possuem densidades de 1.015 a 1.025. Em amostras aleatórias, a densidade pode variar de 1.005 a 1.035. Existem diversos métodos disponíveis para determinar a densidade em amostras urinárias, sendo os mais utilizados a tira reagente e o refratômetro. Este último utiliza apenas algumas gotas de urina para medir o índice de refração da solução, que é proporcional ao conteúdo de sólidos dissolvidos na amostra. P á g i n a | 9 Exame Químico O exame químico compreende a análise bioquímica através de tiras reagentes (urofitas) submersas em amostras de urina, que possibilitam uma análise qualitativa e semi-quantitativa, através da positividade por modificação da cor. A leitura da urofita pode ser manual (visual), através da comparação da cor obtida com a escala de leitura (escala de cores) anexa ao frasco fornecido pelo fabricante do produto, ou por equipamento automatizado, que se baseia no princípio de fotometria de reflexão, conforme a figura a seguir. pH: O pH urinário demonstra a capacidade do rim em preservar a concentração ideal dos íons através do trabalho dos rins e pulmões. Em indivíduos com uma dieta saudável, o valor varia entre 4,5 e 8,0, porém a média é cerca de 6,0, apresentando-se ligeiramente ácido. Alguns fatores conhecidos podem alterar esses valores, como o tipo de alimentação, medicamentos e circunstâncias patológicas, fazendo com que a urina se torne ácida ou alcalina. É através do pH da urina que existe a possibilidade de verificação das tentativas de compensação dos rins nas alterações de acidose/alcalose metabólica ou respiratória. Sangue: A detecção da presença de sangue com a urofita é fundamentada através do princípio de ação nas atividades pseudo-oxidativas da hemoglobina e mioglobina, produzindo uma cor verde. O valor obtido pela fita reagente é preditivo e não deve ser considerado, uma vez que o resultado final será obtido pela contagem da sedimentoscopia. A presença de sangue na urina pode ocorrer devido a eritrócitos íntegros em número elevado, denominado de hematúria. O aparecimento de uma pequena quantidade de hemácias integradas na urina é considerado comum até 10.000/ml. O sangue também pode estar presente como produto de destruição dos eritrócitos (hemoglobina livre), conhecido como hemoglobinúria, e sua aparição é pouco comum. A hematúria pode ocorrer em diversas patologias, de acordo com a origem de sua etiologia. Origem glomerular: nefropatias, nefrite hereditária e glomerulonefrite; P á g i n a | 10 Origem não glomerular no trato urinário superior: como pielonefrite, nefrolitiase, doença renal policística, trauma renal (cálculos), anemia falciforme e neoplasias renais; Origem não glomerular no trato urinário inferior: como cistite, prostatite, uretrite, câncer de bexiga e estenose de uretra; Origem desconhecida: prática de exercícios físicos intensos e hiperanticoagulação. Por outro lado, qualquer causa de hemólise possui potencial para causar hemoglobinúria, mas sua presença indica hemólise intravascular. Dentre as principais causas, é possível destacar: anemias hemolíticas, queimaduras, malária, dengue e púrpura trombocitopenia trombótica. Bilirrubina: O produto de degradação da hemoglobina recebe o nome de bilirrubina. Quando há excesso de bilirrubina na corrente sanguínea, ela é excretada pelos rins e detectada na urina, que apresenta cor amarelo-acastanhada, marrom-esverdeada ou ictérica. O aparecimento da bilirrubina na urina indica precocemente doença hepática, sendo detectada muito antes da icterícia. A ocorrência de seu aparecimento é a obstrução do fluxo biliar do fígado ou uma doença hepatocelular. O resultado é expresso em +. Não existe valor considerado mínimo normal para a presença de bilirrubinúria. Urobilinogênio: O urobilinogênio é formado pela ação das bactérias intestinais após hidrolisarem a bilirrubina conjugada que não foi absorvida pelo intestino. Em situações normais, grande parte desse produto é eliminado nas fezes, como estercobilinogênio. Uma pequena quantidade é eliminada na urina. Na incapacidade do fígado remover este composto, quantidades anormais são desviadas para os rins e excretadas na urina. Isso pode ocorrer quando há um dano hepatocelular, que pode ser decorrente de uma hepatite viral, drogas, substâncias tóxicas ou cirrose. O excesso de urobilinogênio com ausência de bilirrubinaestá associado à hemólise. O valor de referência para o urobilinogênio é até 1mg/dl Glicose: A urina não apresenta glicose detectável em estados normais e seu aparecimento exige investigações. A glicosúria ocorre quando os níveis de glicose no sangue ultrapassam a eficácia de reabsorção dos túbulos renais. Pode ocorrer em diversas condições, como diabetes mellitus, distúrbios endócrinos, distúrbios do metabolismo e disfunção tubular renal. O exame de glicose é a análise química mais frequentemente realizada na urina. O diagnóstico precoce do diabetes mellitus fornece um prognóstico bem melhor e podem detectar problemas de controle antes do desenvolvimento de complicações mais graves. P á g i n a | 11 Proteínas: A proteína possui taxa máxima de reabsorção tubular, e sua detecção na urina, em níveis alterados, sugere alguma lesão renal. A desidratação é um fator que contribui para a ocorrência da proteinúria, e sua incidência é três a quatro vezes maiores nos idosos, devido à glomerulonefrite. Diversas patologias podem ocasionar algum tipo de proteinúria, como, por exemplo, diabetes melitus, lúpus eritematosos, nefropatias, nefrosclerose, mieloma múltiplo, condições inflamatórias/malignas do trato urinário e pielonefrite crônica. Como as causas de proteinúria são variadas, podemos agrupá-las em três grandes categorias, com base em sua origem: pré-renal, renal e pós-renal. Para detectar o tipo de proteína presente na urina, é necessária a separação por eletroforese de proteínas. Corpos cetônicos: Os corpos cetônicos são produtos do metabolismo de lipídios, ocasionados por um erro na absorção ou na quantidade inadequada da dieta. O aumento de cetonas na corrente sanguínea e na urina são encontrados na diabetes melitus e demonstram a descompensação metabólica do equilíbrio ácido/básico que pode levar ao coma. Nitrito: A urina é rica em nitrato. Diversas bactérias patogênicas do trato urinário transformam o nitrato em nitrito, e quando presentes em número significante geram um teste positivo na urofita. É importante ressaltar que um resultado de nitrito negativo não exclui a possibilidade de infecção urinária. A confirmação deve ser feita através da cultura de urina (urocultura). P á g i n a | 12 Exame Microscópico (Sedimentoscopia) Células epiteliais: As células epiteliais são as células do trato urinário. O fato delas estarem presentes na urina significa apenas que essas células descamaram e foram levadas pela urina ao passar pelo canal urinário. Quando estas aparecem em grande número, sugerem sempre processo de irritação e descamação das células epiteliais das vias de eliminação. Muco: Muco na urina, geralmente, é sinal de células epiteliais com cristais e leucócitos acumulados. Trata-se apenas de uma observação no resultado do exame de urina, sem relevância clínica, ou seja, não é sinal de alguma doença. As células epiteliais são as próprias células do trato urinário que descamam.A detecção de filamentos de muco na urina não é um problema, mas a presença de excesso de muco indica um problema no intestino ou no sistema urinário assim a presença de muco na urina pode deixar este líquido turvo. Aparentes causas do excesso de muco na urina: infecção bacteriana ; DST's ; Gravidez; Período fértil da mulher ; Carcinoma uracale ; Colite ulcerativa; Pedras nos rins ; Candidíase ; P á g i n a | 13 Leucócitos: presença de leucócitos na urina em número significativo está relacionada comumente a infecção urinária. Outros processos do trato genitourinário podem levar ao aumento de leucócitos sem a presença de bacteriúria. O exame torna-se positivo na presença de 5 a 25 leucócitos/campo, dependendo da fita reagente utilizada. Hemácias: A presença de grande quantidade de hemácias na urina é chamada de hematúria. A presença de raras hemácias é considerada normal. Presença de hemácias em grande quantidade na urina pode acontecer em infecções do trato urinário, traumatismos, hemorragias de diversas origens, alguns tipos de câncer, estados inflamatórios e doenças renais. P á g i n a | 14 Cilindros Cilindro é um elemento que pode estar presente na urina. É o único que possui o rim como seu local de origem, o que o torna exclusivamente renal. Seu aspecto, tamanho e morfologia são bem variáveis, e tudo depende do local de sua formação e dos materiais presentes no filtrado. A largura de um cilindro resulta do tamanho do túbulo em que ocorreu sua constituição, e sua forma habitual deve conter lados paralelos e extremidades arredondadas. A presença de determinados cilindros, como os hialinos em quantidade reduzida, pode ser encontrada em indivíduos saudáveis. Seu aparecimento, em grande número e formas distintas, poderá apontar para um grave prognóstico de doença renal, com o comprometimento de vários néfrons. Devem ser pesquisados ao microscópio com pouca luminosidade, por meio do abaixamento do condensador em objetivas de baixa resolução. Cilindros Hialinos: Cilindros Hialinos são os tipos de cilindros mais comuns, constituídos principalmente por uma mucoproteína denominada de Tamm-Horsfall, secretada somente pelas células tubulares renais. Possuem refringência e são incolores. Até dois cilindros por campo de baixa resolução podem ser considerados um caso normal. Em número elevado, estão presentes em doenças renais crônicas, como glomerulonefrite, pielonefrite, insuficiência cardíaca congestiva, terapia diurética, e transitoriamente em atividades físicas prolongadas, desidratação, estresse e febre. Cilindros Céreos: Os cilindros céreos têm aparência rígida, aspecto liso, bordas afiadas e podem se dispor em placas largas, conhecidas como cilindros de insuficiência renal. Possui significado clínico importante nas doenças renais crônicas, associado com inflamação e degeneração tubular. Esses cilindros também são encontrados na rejeição de transplantes renais e estase do fluxo urinário. P á g i n a | 15 A presença desses cilindros representa um estágio avançado da evolução natural dos cilindros hialinos patológicos, sendo indicativo de lesão lubular crônica. Possui como característica uma "dobradinha" na cauda. Cilindros Hemáticos: São cilindros hialinos que contém aglomerados de hemácias ou hemoglobina ao seu redor e em seu interior o relato da presença desse tipo de cilindro é de suma importância, pois revela sangramento no néfron, indicando uma doença renal de anormalidade intrínseca. Estão aliados com glomerulonefrites, infarto renal, endocardite bacteriana subaguda e nefrite lúpica. P á g i n a | 16 Cilindros Leucocitários: Os cilindros leucocitários mostram grânulos, podem conter núcleos multilobulados, são refringentes, indicam doença tubulointersticial e inflamação renal. A patologia mais comum em que esse tipo de cilindro pode ser encontrado é a pielonefrite. Também podem aparecer na glomerulonefrite, na nefrite intersticial e na síndrome nefrótica Cilindros de Células Epiteliais: Os cilindros epiteliais são encontrados na urina após a descamação das células que revestem os túbulos renais. Devido a isso, sua aparição sugere lesão de túbulo renal. Pode ser difícil diferenciar esse tipo de cilindro do cilindro leucocitário, e essa distinção pode ser realizada a partir da visualização de núcleos redondos no interior das células. São observados na necrose tubular aguda e nas infecções virais, como o citomegalovírus. Cilindros Granulosos: A aparição dos cilindros granulosos é comum e pode estar relacionada com doenças patológicas ou não. São constituídos por grânulos, pequenos ou grandes, originados de grumos de proteínas plasmáticas. Surgem nas doençasglomerulares, tubulares, intersticiais, e após estresse e intenso esforço físico. P á g i n a | 17 Cilindros Bacterianos: Cilindros bacterianos que contêm bacilos, tanto dentro como aderidos à matriz proteica, são observados em pielonefrite. Podem ser cilindros bacterianos puros ou mistos. Cilindros lipídicos ou graxos: São analisados em conjunto com corpúsculos ovais de gordura e gotículas de gordura livre. Estão frequentemente associados à síndrome nefrótica, mas também podem ser encontrados em necrose tubular tóxica, diabetes mellitus e em lesões por esmagamento. P á g i n a | 18 Cristais Os sais solubilizados na urina podem sofrer precipitação devido às alterações de pH, temperatura e concentração. Podem aparecer na sedimentoscopia em forma de cristais, o que normalmente ocorre em amostras refrigeradas, ou que foram deixadas em temperatura ambiente por tempo prolongado. A maioria dos cristais não possui importância clínica. Identificá-los de maneira correta é de grande importância, pois uma pequena parte, embora rara e escassa, pode estar relacionada com determinadas patologias, como, por exemplo, lesão renal (cálculos), doença hepática e erros inatos do metabolismo. O pH urinário determina o tipo de cristal a ser precipitado Cristais de oxalato: É um composto químico que forma cristais monoclínicos aciculares (isto é em forma de agulha) com importante significado biológico, ocorrendo em diferentes quantidades na generalidade dos seres vivos.As pedras do rim (os cálculos renais) são, muitas vezes, formadas por depósitos de oxalato de cálcio Cristal de Sulfonamidas: causam danos renais, resultantes da precipitação do fármaco. Precipitada sob a forma de feixes de agulhas, em geral com ligação excêntrica e podem mostrar-se transparentes ou de cor castanha Se possível, consultar o setor de enfermagem (caso a urina seja de paciente internado) para verificar se o paciente está recebendo medicação à base de sulfa, cristais de sulfonamidas são solúveis em acetona. P á g i n a | 19 Urato e Fosfato amorfo: A principal diferença entre os cristais de uratos e fosfatos amorfos está no pH urinário. Nas urinas ácidas, encontram-se os uratos, e nas alcalinas, os fosfatos. Em grandes concentrações, os uratos são macroscopicamente conhecidos como “poeira de tijolo”, por apresentar cor alaranjada. Os fosfatos possuem coloração branca e podem ser incolores, porém, microscopicamente aparecem como pequenos grânulos de coloração marrom acastanhado, e podem se dispor em agregados ou massas. Quando ocorrer a formação de um cristal amorfo em urina neutra (pH=7,0), devemos acidificar o meio pingando uma ou duas gotas de ácido acético diluído na urina para determinar qual o tipo de cristal se trata. Se o cristal for dissolvido e desaparecer, tratava-se de um fosfato amorfo, pois este cristal se forma em ambientes alcalinos. Porém, se o cristal mantiver sua forma é considerado urato. Em pacientes obesos, devido à hiperinsulinemia e resistência à insulina - relacionadas à obesidade visceral, disfunção na excreção de amônio e acidificação da urina no túbulo proximal causam pH urinário baixo. De fato, nos últimos anos, os pacientes formadores de cálculos renais apresentaram índice de massa corporal elevado (excesso de peso ou obesidade), aumento da circunferência da cintura e porcentagem elevada de gordura corporal. Esses achados podem estar associados ao aumento na excreção de cálcio, oxalato e ácido úrico, aumentando assim o risco de formação de cálculos renais. P á g i n a | 20 Ácido Úrico: Os cristais de ácido úrico se formam em baixo pH (≤ 5,0) e são vistos microscopicamente em uma diversidade de formas (placas com quatro lados ou irregulares, prismas, formas ovais com extremidades pontiagudas e cunhas). Estão associados com a nefropatia da gota, níveis altos de acido úrico no sangue, e podem apresentar evidências de pequenos cálculos renais acomodados nos ureteres. Durante as fases de crescimento corporal acelerado, quando o metabolismo de nucleoproteínas é intenso, aparecem numerosos cristais de ácido úrico na urina de crianças. Fosfato Triplo: Os cristais de fosfato triplo são encontrados em urinas alcalinas. Habitualmente possuem a forma de prisma com três a seis lados, denominados de “tampa de caixão”. Não possuem significado clínico importante, porém, os cristais de fosfato de cálcio podem ser encontrados na urina neutra ou ácida, possuem formas longas com extremidades pontiagudas e podem formar grupos. Ocorrem na acidose tubular renal e nas infecções por bactérias metabolizadoras de ureia. P á g i n a | 21 Cristal de cistina e tirosina: Cistina e tirosina são cristais raros e são encontrados em urinas patológicas. Os cristais de cistina têm formato hexagonal, incolor e refringente, e ocorrem em indivíduos com cistinúria. Os cristais de tirosina estão relacionados com hepatopatia grave, e possuem formato de agulhas finas e alongadas, arranjadas em grumos e feixes. Cristal de Colesterol: Raramente são vistos, salvo se as amostras forem refrigeradas e associadas a distúrbios produtores de lipidúria, como na síndrome nefrótica. São vistos em conjunto com cilindros graxos e corpúsculos ovais gordurosos. São altamente birrefringentes, são semelhantes a uma placa retangular com entalhe em um ou mais cantos. P á g i n a | 22 Cristais de Contraste Radiográficos: Possuem aparência muito semelhante aos cristais de colesterol e também são altamente birrefringentes. Para melhor diferenciação deve-se levar em conta a história do paciente e os outros resultados de exames de urina. Micro-organismos Bacilos: A composição da flora vaginal não é constante, sofrendo variações em resposta a fatores exógenos e endógenos. Tais fatores incluem as diferentes fases do ciclo menstrual, gestação, uso de contraceptivos, frequência de intercurso sexual, uso de duchas ou produtos desodorantes, utilização de antibióticos ou outras medicações com propriedades imunossupressivas. As alterações que ocorrem no meio vaginal podem aumentar ou diminuir as vantagens seletivas para micro-organismos específicos. Por exemplo, estudos têm relacionado a perda de Lactobacilos ao intercurso sexual ou ao uso de antibióticos. Entretanto outro estudo demonstrou que o coito sem o uso de condon não teve efeito sobre os Lactobacilos, mas elevou os níveis de Escherichia coli e bacilos gram- negativos facultativos. Durante o ciclo menstrual ocorrem variações hormonais que interferem no substrato de diferentes microrganismos; tais variações, assim como o sangue menstrual, levam a mudanças no pH vaginal. Mas mesmo assim os níveis de Lactobacilos permanecem constantes através do ciclo, as espécies não-Lactobacilos aumentam durante a fase proliferativa e as concentrações de Candida albicans se tornam mais elevadas no período pré-menstrual. Induzir uma perturbação na microflora endógena com base apenas nos achados microscópicos pode desencadear a proliferação seletiva de micro-organismos que estavam sendo inibidos e que possam ser prejudiciais à saúde da vagina. P á g i n a | 23 Fungo em brotamento: A Candida albicans é tolerante ao meio ácido, sendo encontrada em aproximadamente 10% a 20% das mulheres em idade reprodutiva. A concentração do micro-organismo é baixa, portanto a mulher portadora é assintomática. Entretanto, eventos que levam a um estado de imunossupressão local, como o intercurso sexual ou a indução local de resposta alérgica, criam condições adequadas para a proliferação do micro-organismo e também facilitam a transformação para a forma de hifas, mais invasivas. Tais situações resultam no aparecimento de vaginitesintomática. A produção de ácido lático parece ser essencial para a manutenção de um ecossistema saudável, independentemente das espécies bacterianas que possam estar presentes na vagina. O pH ácido resultante previne a proliferação. P á g i n a | 24 Trichomonas Vaginalis: Já no caso de parasitose, podemos citar a Trichomonas vaginalis como a parasitose mais frequente no trato genito-urinário. Espermatozoides: A urina pode conter espermatozoides, que devem ser observados somente em pacientes do sexo masculino acima de 60 anos, pois estão relacionados com ejaculação retrograda ou patologias prostáticas. Não deve ser mencionado se encontrado em mulheres. Nesse caso, apenas seria sugestivo para a solicitação de uma nova amostra, se houver uma grande quantidade de muco prejudicando o exame. Deve-se evitar uma relação sexual previamente à coleta do exame. P á g i n a | 25 Referencias: UNIP (São Paulo) (Ed.). Uroanalise e Fluidos Biológicos. 2015. Disponível em: <file:///C:/Users/Cliente/Downloads/325280164-Uroanalise-e-Fluidos- Biologicos-LIVRO-ANALISES-CLINICAS-pdf.pdf>. Acesso em: 06 jul. 2019. BIASOLI, Dr Wander Mendes. ATLAS DO SEDIMENTO URINÁRIO. 1980. Disponível em: <https://controllab.com/pdf/atlas_de_sedimento_urinario_com_fotos.pdf>. Acesso em: 06 jul. 2019. CINTRA, Caio Cesar. Infecções Fungicas. 2013. Disponível em: <http://www.saudedireta.com.br/docsupload/1389958651capitulo8_infeccao_fungica.p df>. Acesso em: 06 jul. 2019.
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