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S U M Á R I O CAPÍTULO 1 - VETORES 1 1 - Grandezas escalares e grandezas vetrotoriais 1 2 - Vetores 1 3 - Operações com vetores – Soma vetorial 1 4 - Operações com vetores – subtração de vetores 2 5 - Método gráfico do paralelogramo 2 6 - Ângulo formado entre dois vetores 3 7 - Decomposição de vetores 3 8 - Multiplicação de um vetor por um número 5 9 - Propriedade do polígono fechado de vetores 5 10 - Representação i e j para vetores 6 11 – Expandindo para a notação i, j e k para vetores 7 12 - Breve Revisão de Geometria Plana 7 - Pensando em classe 10 - Pensando em casa 14 CAPÍTULO 2 – DE ARISTÓTELES A GALILEU 1 – Introdução 20 2 – O Pensamento Aristotélico e o senso comum 20 3 – Galileu chega ao conceito de Inércia 20 4 – O princípio da Relatividade de Galileu 22 5 – A primeira lei de Newton do movimento 23 6 – Entendendo o conceito de equilíbrio 23 7 – Entendendo o conceito de repouso 24 8 – O Papel da Força no Movimento dos Corpos 24 9 – Subindo ou descendo ? Acelerado ou retardado ? 25 – Pensando em classe 27 – Pensando em casa 29 10 – Aceleração: a rapidez com que a velocidade varia 34 11 – Movimento Uniforme (MU) 35 12 – Movimento Uniformemente Variado (MUV) 35 13 – A velocidade escalar média no MUV 36 14 – A função horária da Velocidade no MUV 36 15 – A função horária da posição no MUV 37 16 – Interpretação de gráficos 37 17 – Conversando sobre o lançamento horizontal 38 18 – Conversando sobre o lançamento obliquo 40 – Pensando em classe 43 – Pensando em casa 49 19 - Força produz aceleração 56 20 - Massa e peso 56 21 - Massa resiste a aceleração 57 22 - Segunda lei de Newton do movimento 57 23 - Quando a aceleração é g – Queda Livre 58 24 - Forças e interações 59 - Leitura Complementar: A natureza das forças 60 25 - Terceira lei de newton do movimento 62 26 - Ação e reação em massas diferentes 62 27 – Força de tração T em fios ideais 64 28 – Força de tração T em polias ideais 65 29 – Forças e deformações em molas ideais 66 30 – O Formato da Trajetória e o Par de Eixos Padrão 66 - Pensando em classe 70 - Pensando em casa 74 CAPÍTULO 3 – ESTUDO DO ATRITO 1 - Força de atrito seco de escorregamento entre sólidos 78 2 - Força de atrito estático e cinético 79 3 - A força de atrito na escala microscópica 80 4 - Resistência dos fluidos 82 - Pensando em classe 88 - Pensando em casa 94 CAPÍTULO 4 – DINÂMICA DO MOVIMENTO CURVILÍNEO 1 – Introdução 101 2 - As componentes tangencial e centrípeta da aceleração 102 3 - Forças em trajetória curvilínea 103 4 - Estudo do movimento de um Pêndulo Simples 104 5 – Dinâmica do MCU plano horizontal 105 6 - Uma questão intrigante: por que a lua não cai na Terra ? 107 7 - Comentários finais – Características do MCU 109 8 - Resumo das propriedades - Componentes da aceleração 111 - Pensando em classe 112 - Pensando em casa 117 APÊNDICE – REFERENCIAIS NÃO-INERCIAIS 1 – O Domínio de Validade das leis de Newton 125 2 – Introdução ao Referencial Inercial 125 3 – Propriedades dos Referenciais não-inerciais 127 4 - O Referencial Não Inercial 128 5 - O Princípio da Equivalência de Einstein 128 6 - O elevador acelerado para cima 129 7 - O elevador acelerado para baixo 130 8 - Vagão acelerado horizontalmente 130 9 – Forças de Interação e Forças de Inércia 132 - Pensando em classe 136 - Pensando em casa 138 CAPÍTULO 5 – TRABALHO E ENERGIA 1 - Por que estudar trabalho e energia ? 140 2 - O significado físico do trabalho realizado por uma força 140 3 - Entendendo o sinal algébrico do trabalho 141 4 - Trabalho realizado por forças internas 144 5 - Trabalho realizado por força constante inclinada 144 6 - Trabalho realizado por força de intensidade variável 146 7 - Aplicação: Cálculo do trabalho realizado pela força elástica 147 8 - Princípio da Trajetória Alternativa (P. T. A.) 148 9 - Princípio do trabalho total ou trabalho resultante 148 10 - Trabalho realizado pela força peso 150 11 - Forças conservativas e forças não-conservativas 151 12 - O Princípio da conservação da Energia Mecânica 151 13 - Condições para a conservação da Energia Mecânica 153 14 - Potência média e potência instantânea 155 15 – Máquinas 155 16 - O simples conceito de rendimento 156 - Pensando em classe 159 - Pensando em casa 163 CAPÍTULO 6 – SISTEMA DE PARTÍCULAS 1 - A quantidade de movimento (qdm) de uma partícula 172 2 - O impulso: o ganho de quantidade de movimento 172 3 - Impulso aplicado por uma força de intensidade variável 174 4 - O conceito de Sistema 175 5 - O conceito de Forças internas e Externas 176 6 - Entendo o impulso trocado entre dois corpos como uma mera transferência de quantidade de movimento entre eles. 176 7 - Coeficiente de restituição numa colisão 178 8 - Tipos de Colisão 178 9 - Caso Especial: Colisão elástica Unidimensional entre partículas de massas iguais 180 10 - Caso Especial: Colisão Unidimensional em que uma das massas é muito maior do que a outra 180 Leitura Complementar: O Efeito da Baladeira Gravitacional 181 - Pensando em classe 183 - Pensando em casa 190 CAPÍTULO 7 – HIDROSTÁTICA 1 - O Conceito de Pressão 197 2 - Pressão exercida por uma coluna líquida 198 3 - A pressão atmosférica 201 4 - A Variação da Pressão no Interior de um gás 203 5 - A experiência de Torricelli 203 6 - Bebendo água de canudinho 205 7 - O Sifão 207 8 - O Princípio de Arquimedes do Empuxo 208 9 - A lógica por trás do Princípio de Arquimedes 209 10 - Calculando o empuxo a partir das leis de Newton 211 11 – Empuxo e Densidade 211 12 – Calculando o Empuxo Duplo 213 13 – Empuxo Não-Arquimedianos 214 14 – Referenciais não-inerciais na Hidrostática 220 15 – O Princípio de Pascal 222 16 – Mecanismos Hidráulicos 222 - Pensando em classe 224 - Pensando em casa 233 CAPÍTULO 8 – ESTÁTICA 1 – Introdução 247 2 - Momento de Uma Força 247 - Pensando em Classe 249 - Pensando em Casa 251 CAPÍTULO 9 – GRAVITAÇÃO UNIVERSAL 1 - Introdução 253 2 - Geocentrismo 253 3 - Heliocentrismo 253 4 - As três Leis de Kepler 254 5 - Lei da Gravitação Universal de Newton 254 6 - Intensidade do Campo Gravitacional 255 7 – Corpos em órbita 256 8 - Imponderabilidade no Interior de Satélites 256 9 – Entendendo as marés 256 - Pensando em Classe 258 - Pensando em Casa 262 CAPÍTULO 10 – ESPELHOS PLANOS 1 - Introdução 265 2 - Imagem de um Objeto Pontual 265 3 - Imagem de um Corpo Extenso 266 4 - Deslocamento e Velocidade da Imagem 266 5 - Campo Visual de um Espelho Plano 267 6 - Dois Espelhos Associados 267 7 - Rotação de um Espelho Plano 268 8 - Velocidade no Espelho Plano 268 9 – Enantiomorfismo 269 CAPÍTULO 11 – ESPELHOS ESFÉRICOS 1 - Introdução 271 2 - Elementos dos Espelhos Esféricos 271 3 - Leis da Reflexão 272 4 - Condições de Gauss 272 5 - Focos 272 6 - Raios Principais no Espelho Esférico 274 7 - Construção Geométrica de Imagens 274 8 - Espelho Esférico Convexo 275 9 – Espelho Esférico Côncavo 275 10 - Estudo Analítico 277 CAPÍTULO 12 – REFRAÇÃO DA LUZ 1 - Introdução 279 2 - Índice de Refração 279 3 - Leis de Refração da Luz 279 4 - Ângulo Limite e Reflexão Total 280 5 - Dioptro Plano 280 6 - Lâmina de Fases Paralelas 281 7 - Prisma Óptico 282 8 - Prismas de Reflexão Total 282 9 – Decomposição da Luz Branca 283 10 - Refração atmosférica, Miragens e Arco-íris. 284 CAPÍTULO 13 – LENTES ESFÉRICAS1 - Introdução 286 2 - Tipos: Elementos e Nomenclatura 286 3 - Comportamento Óptico 287 4 - Focos 287 5 - Distância Focal e Pontos Antiprincipais 288 6 - Propriedades 288 7 - Construção Geométrica de Imagens 289 8 - Estudo Analítico 291 9 – Vergência (V) 291 10 - Fórmulas dos Fabricantes 291 11 – Associação de Lentes 292 12 – Instrumentos Ópticos 293 13 – Lupa 293 14 – Máquina Fotográfica 293 15 – Projetor 294 16 – Microscópio Composto 294 17 – Luneta Astronômica 294 18 – Óptica da Visão 294 19 – Comportamento Óptico do Globo Ocular 295 20 – Acomodação Visual 295 21 – Defeitos da Visão 295 - Pensando em classe 299 - Pensando em casa 311 CAPÍTULO 14 – Gases e Termodinâmica 1 – Entendendo o Estado Gasoso 326 2 – Leis experimentais dos gases 326 3 – A Equação de Estado do Gás ideal 328 4 – A Equação geral dos gases 329 5 – A Densidade do gás ideal 329 6 – Mistura de gases que não reagem entre si 330 6.1 – Lei de Dalton das Pressões Parciais 331 7 – Transformações gasosas particulares 332 7.1 – Transformação isovolumétrica – Estudo gráfico e analítico 332 7.2 – Transformação isobárica – Estudo gráfico e analítico 333 7.3 – Transformação isotérmica – Estudo gráfico e analítico 334 8 – A Teoria Cinética dos Gases 336 9 – Interpretação molecular da pressão de um gás ideal 337 10 - Interpretação molecular da temperatura de um gás ideal 337 11 – A Energia interna de um gás Ideal 339 12 – Trabalho em Transformações gasosas 339 13 – Maneiras para Aquecer ou Esfriar um gás 341 13.1 – Fornecendo energia ao gás 341 13.2 – Extraindo energia do gás 342 13.3 – Aumentando a energia interna U do gás 342 13.4 – Diminuindo a energia interna U do gás 342 14 – A 1ª Lei da Termodinâmica 343 15 – A Expansão Livre – Um caso especial 344 16 – Funções de Estado e Funções de Caminho 345 17 – Calores Molares dos gases - Cp e Cv 346 17.1 – Calor fornecido ao gás no processo isovolumétrico (Qv) 347 17.2 – Calor fornecido ao gás no processo isobárico (Qp) 347 17.3 – Analise Comparativa entre Qp e Qv 348 17.4 – Proporção entre Qp, Qv, U e isob nesse contexto 348 18 – Relação entre Cv e U 349 19 – A transformação adiabática 349 19.1 – Processos adiabáticos no dia-a-dia 350 19.2 – Estudo analítico da transformação adiabática 351 19.3 – Estudo gráfico da transformação adiabática 351 20 – Ciclos Termodinâmicos 352 20.1 – A variação da energia interna U num ciclo termodinâmico 352 20.2 – O trabalho realizado num ciclo termodinâmico 352 20.3 – O calor trocado por um gás num ciclo termodinâmico 353 20.4 – A primeira lei da termodinâmica aplicada a um ciclo 353 20.5 – Interpretando o Ciclo – Máquinas Térmicas 354 20.6 – O conceito de rendimento de uma máquina térmica 354 20.7 – Máquinas Frigoríficas 355 20.8 – Eficiência de máquinas frigoríficas 355 21 – A segunda lei da Termodinâmica 355 22 – O ciclo de Carnot 356 22.1 – A máquina de Carnot na prática – Exemplo Numérico 357 23 – Uma visão histórica das máquinas térmicas 359 23.1 – Ciclo Otto – motores de automóveis 359 24 – Leis da Termodinâmica – Considerações Finais 360 25 – AutoTestes comentados 363 - Pensando em classe 365 - Pensando em casa 375 Gabarito Comentado 403 Manual de Resoluções 415 Cronograma de aulas da Frente 2 459 VetoresAula 01 Simétrico Pré-Universitário – Há 23 anos ensinando com excelência os estudantes cearenses – www.simétrico.com.br 1. Grandezas escalares e grandezas vetoriais Na natureza, algumas grandezas físicas ficam bem definidas quando lhes é atribuído um valor numérico (módulo) e uma unidade de medida. São as chamadas grandezas escalares. Essas grandezas não têm nenhuma orientação e a sua aritmética é simples como a utilizada no caixa de uma padaria. Dentre elas, podemos citar massa, tempo, comprimento, temperatura, energia, corrente elétrica, resistência elétrica, potência. É isso aí turma ! Massa é uma grandeza escalar..... infelizmente . Entretanto, existem grandezas que, além de um valor numérico (módulo) e uma unidade de medida, também recebem uma orientação, caracterizada por uma direção e um sentido. São as chamadas grandezas vetoriais. As operações matemáticas com essas grandezas precisam levar em conta não só o valor numérico, mas também a sua orientação. Assim, lançamos mão da geometria para nos auxiliar nas operações matemáticas com essas grandezas. Deslocamento, velocidade, aceleração, força, impulso , quantidade de movimento, velocidade angular, momento de uma força são exemplos de grandezas vetoriais. A força é uma grandeza vetorial ! Estou aplicando uma força vertical para cima ! 2. Vetores Para representar as grandezas físicas orientadas (vetoriais), utilizamos um ente geométrico denominado Vetor. Trata-se de um segmento de reta orientado (orientação dada pela flecha) que apresenta uma direção, um sentido e um módulo, que está relacionado com o comprimento do vetor. Um vetor, portanto, pode representar qualquer grandeza física vetorial. A B d a b c figura 1 A figura ilustra o vetor AB que tem direção horizontal, sentido da esquerda para a direita e módulo dado pelo comprimento AB . O vetor AB também pode ser simplesmente designado por uma única letra minúscula d . Para nos referirmos apenas ao módulo do vetor d , podemos usar o símbolo | d | ou simplesmente d. Dizemos que dois vetores são iguais, se e somente se, apresentarem a mesma direção (forem paralelos), o mesmo sentido (flecha) e mesmo módulo (comprimento). Sendo assim, podemos dizer que: a = b e a d c . Os vetores b e c são iguais apenas em módulo e direção. Simbolicamente, podemos escrever | b | = | c | apesar de b c . 3. Operação com vetores – soma vetorial Conforme dito, um vetor pode representar qualquer grandeza vetorial. Assim, para ilustrar a operação da “soma vetorial”, utilizaremos vetores que representam o deslocamento de uma pessoa, que têm sua origem no ponto de partida e, sua extremidade, no ponto de chegada. Imagine que uma pessoa partiu do ponto A e fez o percurso ABCD parando no ponto D. Cada um dos seus deslocamentos parciais AB, BC e CD podem ser representados, respectivamente, pelos vetores a , b e c conforme a figura 2. O deslocamento resultante dessa pessoa é representado pelo vetor r , que parte do ponto inicial A e tem sua extremidade no ponto final D como mostra a figura 3. Dizemos que r é a soma vetorial ou a resultante dos vetores a , b e c e, simbolicamente, escrevemos: r = a + b + c A B C Da b c figura 2 A B C Da b c r figura 3 Admitindo que os módulos dos deslocamentos valem | a | = 9 km, | b | = 8 km e | c | = 3 km, a fim de obter o vetor r , você não deve efetuar o cálculo: r = a + b + c = 9 + 8 + 3 = 20 km Afinal de contas, a expressão acima não se trata de uma soma algébrica ou soma escalar. As flechinhas sobre cada letra indicam que estamos realizando uma soma vetorial ou geométrica e que não se pode substituir diretamente os valores numéricos na expressão. Devemos fazer uso das propriedades da geometria e, a partir do diagrama dos vetores ilustrado na figura 3, obter o módulo do vetor r . A partir do Teorema de Pitágoras, o triângulo hachurado na figura 3 nos permite escrever : (a–c)2 + ( b )2 = ( r )2 ( 9–3 )2 + ( 8 )2 = ( r )2 r = 10 km Física Simétrico Pré-Universitário – Há 23 anos ensinando com excelência os estudantes cearenses – www.simétrico.com.br 2 Assim, sempre que desejarmos calcular o resultado de uma operação com vetores, é preciso primeiro traçar o diagrama vetoriale, só em seguida, utilizar a geometria plana para efetuar a operação. Em linhas gerais, para se obter a resultante entre vários vetores, basta dispor os vetores um após o outro, com a extremidade de um na origem do próximo. O vetor soma é sempre obtido ligando a origem do primeiro à extremidade do último. Esse processo gráfico chama-se método do polígono. A seguir, destacamos uma série de relações vetoriais existentes no diagrama da figura 4. Observe: c a b d e f g figura 4 a + b + d + f = g mas ( a + b ) = c , portanto: ( a + b ) + d + f = g c + d + f = g mas ( c + d ) = e , portanto: ( c + d ) + f = g e + f = g As relações vetoriais acima mostram que a soma de vetores é associativa. É fácil ver que também é válida a propriedade comutativa para a adição, ou seja, a + b = b + a : Graficamente, temos: c a cba b figura 5 a b cab c figura 6 4. Operação com vetores – subtração de vetores Sejam os vetores a , b e c mostrados na figura 7. Desejamos obter o vetor r tal que r = a + b – c . Para isso, definimos o vetor oposto a c , representado por – c . Note que os vetores c e – c têm o mesmo módulo (comprimento), mesma direção (são paralelos) e sentidos opostos ( flechas contrárias) como na figura 7. Entendi, prôfi ! Esse -C é um vetor negativo, né ? Jorge, não existe vetor negativo naum ! Assim como não existe triângulo negativo ! O vetor – c não se trata de um vetor negativo, afinal de contas, um vetor é um ente geométrico e, assim como não existem quadrados negativos ou triângulos negativos, não existem vetores negativos. Apenas, da mesma forma que existe um vetor chamado c , também existe um vetor chamado – c , é o nome dele, chama-se vetor “menos cê ”. b a c c figura 7 b r a c figura 8 Assim, reescrevemos a expressão r = a + b – c como r = a + b + (– c ) e traçamos o diagrama vetorial naturalmente, dispondo os vetores a , b e (– c ) em série, um após o outro e traçando o vetor resultante r como mostra a figura 8. Mais uma vez, determinaremos o módulo de r com base na geometria da figura. 5. Método gráfico do paralelogramo Para determinar a resultante entre vários vetores através do método do polígono, vimos que devemos dispor um vetor após o outro (figura 9a), com a extremidade de um coincidindo com a origem do seguinte (em série). O vetor resultante é obtido ao final, ligando a origem do primeiro vetor à extremidade do último (figura 9b). Uma forma alternativa de se traçar a resultante entre dois vetores a e b que formam um ângulo entre si é através do método do paralelogramo. Nesse método, que se aplica a apenas dois vetores de cada vez, devemos dispor os dois vetores de forma que Física Simétrico Pré-Universitário – Há 23 anos ensinando com excelência os estudantes cearenses – www.simétrico.com.br 3 suas origens fiquem coincidentes (figura 9c). Traçando-se as retas paralelas r e s, determinamos um paralelogramo. Traçando-se a diagonal desse paralelogramo (figura 9d) a partir da origem dos vetores, determina-se o vetor resultante r tal que r = a + b . b a Figura 9 a b a b a r Figura 9 b b a r s Figura 9 c a b b a r Figura 9 d É fácil ver que os traçados gráficos mostrados na figura 9b e 9d são equivalentes e determinam o mesmo vetor r , por qualquer um dos métodos. A partir da lei dos cossenos, pode-se demonstrar que, se a e b são dois vetores que formam um ângulo entre si ( figura 9d ), a resultante r = a + b tem módulo dado pela relação: cos.b.a.2 b a r 222 Para uma importante revisão de geometria plana, veja a página 7. 6. Ângulo formado entre dois vetores O ângulo formado entre dois vetores, por definição, é o menor ângulo determinado entre eles quando suas origens estão coincidentes. b a 60o 60o 60o 120o c b a 60o 60o 60o 120o c Figura 10 Figura 11 Para esclarecer melhor, considere os vetores a , b e c apoiados sobre um triângulo eqüilátero na figura 10. Observando apenas os vetores a e b , alguém, à primeira vista, poderia julgar que o ângulo formado entre eles é de 60, o que estaria errado visto que suas origens não estão coincidentes. Assim, ainda é preciso mover um dos vetores paralelamente a si a fim de tornar a sua origem coincidente com a do outro, como sugere a figura 11. Portanto, o ângulo formado entre os vetores a e b não será 60, mas sim, o seu suplemento 180 – 60 = 120. Já os vetores a e c , na figura 10, têm origens coicindentes e, portanto, o ângulo formado entre eles realmente vale 60, assim como o ângulo formando entre b e c . 7. Decomposição de vetores A decomposição de vetores é uma ferramenta muito útil na análise de problemas de Física. Seja um vetor genérico F . Estamos interessados em determinar as componentes horizontal e vertical xF e yF do vetor F . xF yF F xF yF F Figura 12 a Figura 12 b Para isso, posicionamos o vetor F na origem de um sistema de eixos cartesianos e determinamos as projeções desse vetor sobre os eixos x e y (figura 12 a). Os vetores projeções xF e yF mostrados na figura 12 claramente satisfazem a relação vetorial F = xF + yF . E aí...brother.... como se determinam os módulos das componentes Fx e Fy conhecendo o módulo de F ? Ora Raul.....basta usar os conceitos de seno e cosseno no triângulo retângulo. Veja a seguir ! Observando o triângulo retângulo da figura 12b, é fácil ver que: sen = F Fy Fy = F . sen cos = F Fx Fx = F . cos Adicionalmente, pelo teorema de Pitágoras, os módulos dos vetores projeções xF e yF satisfazem a relação algébrica: (F)2 = (Fx)2 + (Fy)2 A seguir, ilustramos uma aplicação clássica da decomposição de forças em Mecânica. Exemplo resolvido 1: Uma caixa de peso P = 120 N encontra-se apoiada sobre um plano inclinado liso que forma um ângulo = 36 com a horizontal e escorrega ladeira abaixo. Determine o valor da componente do peso responsável pelo movimento da caixa. Dado = 36 , sen36 = 0,6 cos36 = 0,8 Física Simétrico Pré-Universitário – Há 23 anos ensinando com excelência os estudantes cearenses – www.simétrico.com.br 4 Solução: A figura 13a mostra as duas forças aplicadas sobre a caixa: o peso P exercido pela Terra e a reação normal N exercida pelo plano inclinado. P 90- N figura 13a N PP P.sen.c os figura 13b Se o plano inclinado forma um ângulo com a horizontal, é fácil perceber que a força peso P também forma um ângulo com a direção da normal N. Assim, decompondo a força peso em suas componentes (figura 13b), temos que: P.sen = P. sen36 = 120 x 0,6 = 72 N P.cos = P. cos36 = 120 x 0,8 = 96 N Estando a caixa em equilíbrio na direção normal, temos N = P.cos = 96 N. A componente P.sen = 72 N é a responsável pelo movimento da caixa ladeira abaixo. Exemplo resolvido 2 : Uma bola de tênis, movendo-se com velocidade 1V de módulo 40 m/s, colide elasticamente com o solo horizontal de acordo com a figura 14 e retorna com velocidade 2V de mesmo módulo 40 m/s. Dado sen54 = 0,8 cos54= 0,6 , pergunta-se: a) É correto afirmar que 1V = 2V e, portanto, que 0 V V V 12 ? b) Caso contrário, determine o valor da variação da velocidade vetorial 12 V V V da bola na colisão. 54o 54o 1V 2V figura 14 Solução: a) Os vetores 1V e 2V certamente NÃO são idênticos, pois têm orientações diferentes. Apenas apresentam o mesmo módulo, portanto 1V 2V e 0 V V V 12 . b) )V ( V V V V 1212 , ou seja, devemos achar a resultante (+) entre os vetores 2V e – 1V 54o 54o 1V 2 V figura 15 VV Vy Vy Vx Vx = 54 o figura 16 O vetor – 1V é obtido invertendo-se a flecha do vetor 1V . A figura 15 ilustra o diagrama vetorial preparado para que se determine a resultante )V ( V V 12 . Na figura 16 , tomamos | 2V | = | – 1V | = V = 40 m/s e decompomos os vetores para achar a resultante: Na horizontal, as componentes Vx se cancelam e a resultante será puramente vertical, de módulo: | V | = Vy + Vy = 2.V.cos = 2 x 40 x 0,6 = 48 m/s | V | = 48 m/s 54o 54o 2V 1V V figura 17 Assim o vetor diferença )V ( V V 12 é vertical, apontando para cima (figura 17) e tem módulo dado por | V | = 48 m/s Física Simétrico Pré-Universitário – Há 23 anos ensinando com excelência os estudantes cearenses – www.simétrico.com.br 5 8. Multiplicação de um vetor por um número Seja um vetor a . O resultado da multiplicação desse vetor por um número real n é um outro vetor de mesma direção de a (paralelo a a ) e cujo sentido depende do sinal de n. Observe a figura 18: a a a a2 a a a a3 figura 18 Nota-se que o vetor 2 a é paralelo ao vetor a , tem a mesma direção e sentido de a e módulo (comprimento) duas vezes maior que a . Já o vetor –3 a tem a mesma direção de a (são paralelos) e sentido contrário de a (flecha invertida) e módulo 3 vezes maior que a . Assim, generalizando: Se b = n. a com n R , então o vetor b é paralelo ao vetor a Se n > 0, os vetores b e a apontarão no mesmo sentido Se n < 0, os vetores b e a apontarão em sentidos opostos Se b = n. a | b | = | n. a | | b | = | n | . | a | b = n. a Grandeza Relação vetorial Conseqüência matemática da relação vetorial Força F a . m F Como a massa m de um corpo é sempre positiva (m > 0), concluímos que a aceleração a causada por uma força F está sempre na mesma direção e sentido da referida força. Força elétrica eF E q. eF A força elétrica eF é sempre paralela ao campo elétrico E que a transmite. Se q > 0 , eF e E terão o mesmo sentido Se q < 0 , eF e E terão sentidos opostos Quantidade de Movimento Q Vm. Q Como a massa m de um corpo é sempre positiva (m > 0), concluímos que a quantidade de movimento Q de um móvel está sempre na mesma direção e sentido da sua velocidade V Impulso de uma força I t . F I Como t é sempre positivo (t > 0), concluímos que o Impulso I aplicado por uma força está sempre na mesma direção e sentido da referida força F . Muitas grandezas vetoriais na Física são definidas pelo produto entre um número real n e um outro vetor. A tabela nessa página mostra alguma dessas grandezas, bem como a interpretação física. Se o estudante conhece bem as propriedades matemáticas dos vetores, ele percebe que as conclusões mostradas na tabela anterior são meras conseqüências matemáticas da relação vetorial que define essas grandezas. Isso significa que essas conclusões não merecem ser memorizadas. O aluno deve ser capaz de reproduzi-las por si só posteriormente, sempre que se deparar com aquelas relações vetoriais. 9. Propriedade do polígono fechado de vetores Se n vetores, dispostos em série, um após o outro, formam um polígono fechado, então a resultante desses vetores é nula. A B figura 19 A B figura 20 Para compreender melhor o significado dessa propriedade, considere os 8 vetores da figura 19 dispostos num polígono fechado. Se uma pessoa parte do ponto A, segue no sentido anti- horário o caminho formado pela série de vetores e retorna ao ponto A, qual o deslocamento efetivo dessa pessoa ? Certamente é nulo. Essa é uma forma simples de entender a propriedade do polígono fechado de vetores. A resultante de todos os vetores é nula. Uma outra forma de visualizar que a resultante dos vetores é nula consiste em, inicialmente, determinar a resultante de todos os vetores exceto um deles, por exemplo, o vetor AB , como indica a figura 20. Em seguida, somamos a resultante de todos os vetores exceto AB com o vetor AB faltante e, assim, obtemos a resultante final de todos os vetores. A resultante dos 7 vetores na figura 20, partindo de B e percorrendo no sentido anti-horário o caminho de vetores, até o ponto A é dada, graficamente, pelo vetor BA . Agora somando a resultante dos 7 vetores BA com o 8o vetor AB que foi temporariamente deixado de fora, temos: Física Simétrico Pré-Universitário – Há 23 anos ensinando com excelência os estudantes cearenses – www.simétrico.com.br 6 AB + BA = 0 Essa é uma forma mais elaborada de entender a propriedade do polígono fechado de vetores. A recíproca dessa propriedade também é verdadeira, ou seja: , Se n vetores tem resultante nula, então eles formam um polígono fechado quando dispostos em série, um após o outro. Essa recíproca é muito útil na solução de problemas de Estática. Note que o símbolo 0 deve ser lido como “vetor nulo” e não, “zero”. Da mesma forma, uma matriz 2x2 toda preenchida com zeros é chamada de “matriz 2x2 nula” e não, “matriz zero”. Um número real qualquer como o zero ( 0 ) pertence a um espaço de uma única dimensão R. Um vetor no plano pertence a um espaço de duas dimensões R2 e um vetor no espaço pertence a um espaço de três dimensões R3. Elementos que pertencem a espaços diferentes não são comparáveis. Muitos estudantes fazem mal uso da simbologia de vetores por não atentarem para esses fatos. 10. Representação i, j para vetores Chamamos de “versores unitários” um conjunto de vetores que apresentam módulo unitário e que são utilizados apenas para indicar uma direção. Os versores mais utilizados universalmente são o i e o j. x y i j - i - j figura 21 O versor i trata-se de um vetor unitário | i | = 1 que aponta na direção positiva do eixo x ao passo que o versor j é um vetor unitário | j | = 1 que aponta no sentido positivo do eixo y ( figura 21) . A notação vetorial utilizando os versores unitários i e j é bastante prática. Por exemplo, considere o vetor a mostrado na figura 22, cujas componentes são ax = 3 e ay = 4. Na notação i j, esse vetor pode ser representado como: a = ax.i + ay.j ou a = 3.i + 4.j . O módulo de a é dado pelo teorema de Pitágoras: | a | = 2222 )4()3( )ay()ax( = 5 a 3 x y 4 2 5 b figura 22 s 3 y 4 2 5 x figura 23 O vetor b pode ser representado por b = 5.i + 2.j . A grande vantagem da notação i j é que as operações com vetores passam a ser algébricas. Veja: O vetor b a s é dado por: b a s = 3.i + 4.j + 5.i + 2.j s = 8.i + 6.j O módulo de s é dado por | s | = 2222 )6()8( )sy()sx( | s | = 10 O vetor diferença b a d também pode ser facilmente determinado: b a d = ( 3.i + 4.j ) – ( 5.i + 2.j ) = –2.i + 2.j 2 2 d figura 24 A representação gráfica do vetor diferença d é mostrada na figura 24. O exemplo resolvido 2 mostra como é prático se trabalhar com a notação i j para vetores. As figuras 22 e 23 permitem ao estudante perceber o que realmente está ocorrendo quando somamos dois vetores: na verdade, suas projeções é que são somadas, no sentido real da palavra, para em seguida, determinarmos graficamente o vetor resultante s . Física Simétrico Pré-Universitário – Há 23 anos ensinando com excelência os estudantes cearenses – www.simétrico.com.br 7 Exemplo resolvido 3 : Determine o módulo da resultante entre os vetores a , b , c e d ilustrados na figura. Considere que cada célula é quadrada de lado unitário. a b c d Solução: Inicialmente escrevemos cada vetor na notação i j : a = 0.i + 5.j b = 6.i + 2.j c = –4.i + 0.j d = –2.i – 2.j Em seguida, efetuamos a soma operando as componentes i e j individualmente: s = a + b + c + d = s = 0.i + 5.j + 6.i + 2.j – 4.i + 0.j – 2.i – 2.j s = 0.i + 5.j s = +5.j O vetor s = +5.j está mostrado na figura ao lado e seu módulo é dado por : | s | = 2222 )5()0( )sy()sx( | s | = 5 s 11. Expandindo para a notação i, j e k para vetores Da mesma forma que i representa um vetor de módulo unitário apontando no sentido positivo do eixo x e j representa um vetor de módulo unitário apontando no sentido positivo do eixo y, também se define k como sendo um vetor de módulo unitário apontando no sentido positivo do eixo z num sistema tridimensional xyz. Dessa forma, poderíamos definir um vetor a tal que: a = 3i + 4j + 12k cuja representação gráfica é mostrada na figura. O módulo do vetor a é calculado, determinando-se o comprimento da diagonal do paralelepípedo mostrado na figura, dado por: | a | = 2 2 2(3) (4) (12) = 9 16 144 | a | = 13 Para revisar como se calcula a diagonal de um paralelepípedo, veja a propriedade 3 na página 8 – Cálculo da Diagonal maior de um Paralelepípedo. x y z a 3 4 12 12. Breve Revisão de Geometria É importante que o aluno esteja bem familiarizado com as propriedades usuais da geometria plana, tais como Lei dos senos, Lei dos cossenos, Teorema de Pitágoras, Propriedades dos triângulos retângulos, a fim de operar com os vetores sem maiores dificuldades. Vamos a uma pequena revisão: Propriedade 1: Lei dos Cossenos Aplicação: Calcula o 3º lado de um triângulo, do qual se conhecem dois lados e um ângulo. a2 = b2 + c2 2.b.c. cos esse é o lado oposto a esse ângulo Note que, na lei dos cossenos, o lado a que aparece no 1º membro da fórmula é sempre o lado oposto ao ângulo . Para exemplificar o uso da Lei dos cossenos, determinaremos, a seguir, o comprimento do 3º lado de um triângulo do qual conhecemos dois lados e um ângulo. 5 cm 8 cm 60o ? a2 = b2 + c2 2.b.c. cos esse é o lado oposto a esse ângulo Chamaremos de o ângulo de 60o do triângulo . O lado oposto ao ângulo é sempre o lado a na lei dos cossenos e, nesse exercício, será nessa incógnita. Os lados b e c podem ser escolhidos em qualquer ordem. Assim, temos: a = ? b = 8 cm c = 5 cm = 600 a2 = b2 + c2 2.b.c. cos a2 = (8)2 + (5)2 2 x 8 x 5. cos(60o) a2 = 64 + 25 40 a2 = 49 a = 7 Assim, o lado a desconhecido tem um comprimento de 7 cm. Física Simétrico Pré-Universitário – Há 23 anos ensinando com excelência os estudantes cearenses – www.simétrico.com.br 8 Propriedade 2: Cálculo da Diagonal de um Paralelogramo Aplicação: Calcula o comprimento da diagonal S de um paralelogramo, do qual se conhecem os dois lados a e b e o ângulo formado entre eles. A diagonal a ser calculada parte do mesmo vértice que contém o ângulo . a b a b S s2 = a2 + b2 + 2.a.b. cos essa diagonal parte desse ângulo O aluno atento deve perceber que, apesar da semelhança, a fórmula acima não é a lei dos cossenos, não recebendo denominação alguma. Tais fórmulas são diferentes (diferem pelo sinal algébrico) pelo simples fato de que calculam coisas diferentes. Exemplo resolvido 4 : Dois vetores a e b , de módulos respectivamente iguais a 8 e 7, formam um ângulo = 60o entre si. Determine o módulo do vetor s = a + b Solução: Pelo método do paralelogramo, determinaremos a diagonal S que parte do ângulo = 60o , com o uso da fórmula da diagonal: 8 cm 60o 8 cm 7 cm S a b 7 cm Substuindo a = 8 cm, b = 7 cm, = 60o na fórmula, vem : s2 = a2 + b2 + 2.a.b. cos s2 = (8)2 + (7)2 + 2 x 8 x 7 x (1/2) s2 = 64 + 49 + 56 S2 = 169 S = 13. Profinho, e como eu faria para calcular a outra diagonal do paralelogramo ? Ora, Claudete. A outra diagonal parte do ângulo de 120o, suplementar ao ângulo de 60o . Assim, Substuindo a = 8 cm, b = 7 cm, = 120o na fórmula que calcula diagonais de paralelo- gramos, lembrando que cos120o = 1/2, vem : s2 = a2 + b2 + 2.a.b. cos s2 = (8)2 + (7)2 + 2 x 8 x 7 x (1/2) s2 = 64 + 49 56 S2 = 57 S = 57 cm 8 cm 7 cm S8 cm 7 cm 120o A lei dos cossenos, aplicada ao triângulo em destaque na figura abaixo, também permite calcular a diagonal a, agora interpretada como sendo o 3º lado de um triângulo do qual se conhecem dois lados e um ângulo. Encontraremos a mesma resposta obtida acima. Veja: 8 cm 7 cm a8 cm 7 cm 60o a2 = b2 + c2 2.b.c. cos esse é o lado oposto a esse ângulo Substituindo os valores na lei dos cossenos, vem: a = ? b = 7 cm c = 8 cm = 600 a2 = b2 + c2 2.b.c. cos a2 = (7)2 + (8)2 2 x 7 x 8. cos(60o) a2 = 49 + 64 56 a2 = 57 a2 = 57 a = 57 cm Obtivemos o mesmo resultado de antes ! O aluno atento deve perceber que a lei dos cossenos NÃO é igual à fórmula que calcula a diagonal do paralelogramo. Conforme vimos, tais fórmulas são diferentes pelo simples fato de que calculam coisas diferentes. Propriedade 3: Cálculo da Diagonal (D) maior de um Paralelepípedo Seja um paralelepído (uma caixa de sapato) de dimensões A, B e C. O Teorema de Pitágoras, no triângulo retângulo em destaque na figura abaixo, permite escrever: X2 = A2 + B2 ( I ) A B C X A B Física Simétrico Pré-Universitário – Há 23 anos ensinando com excelência os estudantes cearenses – www.simétrico.com.br 9 Aplicando, mais uma vez, o Teorema de pitágoras no outro triângulo retângulo destacado a seguir, podemos escrever: D2 = C2 + X2 ( II ) DC X X Substituindo I em II, vem: D2 = C2 + X2 D2 = C2 + ( A2 + B2 ) A2 + B2 + C2 = D2 A famosa relação acima calcula o comprimento da diagonal maior D de um paralelepípedo, conhecendo-se as dimensões A, B e C do mesmo. PENSAMENTO DO DIA Física Simétrico Pré-Universitário – Há 23 anos ensinando com excelência os estudantes cearenses – www.simétrico.com.br 10 Pensando em Classe Pensando em Classe Questão 1 Determine o módulo do vetor resultante em cada um dos sistemas abaixo. Todos os vetores têm o mesmo módulo igual a 1: a) b) c) d) Questão 2 A figura mostra um hexágono regular de lado a sobre o qual se apoiam5 vetores. A resultante desses vetores tem módulo dado por : a) 3.a. 3 b) 4.a c) 6.a d) 6.a. 3 e) 12 a Questão 3 O esquema a seguir mostra cinco vetores a , b , c , d e e apoiados sobre um pentágono regular. A relação vetorial que existe entre eles é: a) a + b + c = d + e b) a + e + b + c = d c) a + b + c + d + e = 0 d) a + c + d = b + e e) a + e = b + c + d e a b c d Questão 4 Através do Método da Decomposição, determine a resultante dos vetores do sistema abaixo: 20 U 4 U 7 U cos = 0,6 sen = 0,8 Física Simétrico Pré-Universitário – Há 23 anos ensinando com excelência os estudantes cearenses – www.simétrico.com.br 11 Questão 5 Sejam a e b os dois vetores mostrados na figura a seguir. O prof Renato Brito pede para você : a) determinar o módulo dos vetores s e d tais que s = a + b e d = a – b . b) determinar a orientação dos vetores s e d de acordo com o seguinte código (1), (2) , (3) e (4) 4 cm 4 cm 5 cm 5 cm 5 cm 5 cm a b Questão 6 Sejam a e b os dois vetores mostrados a seguir. Dado que | a | = | b | = 15 cm , sen = 0,8 cos = 0,6 , usando o método da decomposição, o prof Renato Brito pede que você determine o módulo dos vetores s e d tais que s = a + b e do vetor d = a – b . b a Questão 7 Dois vetores de mesma intensidade U formam entre um ângulo de 120. Determine a intensidade da resultante deles. 60o 60o U U Questão 8 Usando o resultado da questão anterior, determine mentalmente a resultante dos vetores abaixo: a) 120o 120o 120o a aa b) 120o 120o 6 4 120o 4 Física Simétrico Pré-Universitário – Há 23 anos ensinando com excelência os estudantes cearenses – www.simétrico.com.br 12 c) 30 o 30 o 10 10 33 d) 8 8 26 45 o 45 o Questão 9 Considere que um satélite esteja girando em torno da Terra em movimento circular uniforme com velocidade escalar V constante. Pergunta-se: a) a velocidade do satélite permanece constante durante o movimento, ou seja, DCBA V V V V ? b) determine o módulo da variação da velocidade AB V V V em função de V c) determine o módulo da variação da velocidade AC V V V em função de V V A V B V C V D Questão 10 Resolva as seguintes equações vetoriais e determine o módulo do vetor x em cada caso: a) 6 5 3 X5 0 b) 60o 60o 6 6 X2 6 2 Questão 11 Em cada ítem abaixo, determine os vetores a e b fazendo uso dos versores unitários i e j, bem como o módulo do vetor diferença d = a – b . Admita que as células são quadrados de lado 1. a) a b b) a b Dica: Atenção, só contamos quadradinhos na horizontal e na vertical. Na diagonal, quem conta para a gente é o Pitágoras, ok ? Física Simétrico Pré-Universitário – Há 23 anos ensinando com excelência os estudantes cearenses – www.simétrico.com.br 13 Questão 12 Duas forças F1 e F2 tem módulos respectivamente iguais a 6 N e 10 N. Assim, o módulo da força resultante R entre elas só pode assumir valores no intervalo: a) 4 R 12 b) 6 R 12 c) 6 R 16 d) 4 R 16 Questão 13 Duas forças F1 e F2 tem módulos respectivamente iguais a 6 N e 8 N. Assim, a força resultante entre elas pode assumir qualquer um dos valores abaixo, exceto: a) 4 N b) 3 N c) 2 N d) 1 N Questão 14 Dois vetores a e b , de intensidades respectivamente iguais a 5 cm e 3 cm , formam entre si um ângulo = 60o. O vetor s tal que s = a + b , tem módulo: a) 8 cm b) 7 cm c) 6 cm d) 9 cm e) 4 cm Física Simétrico Pré-Universitário – Há 23 anos ensinando com excelência os estudantes cearenses – www.simétrico.com.br 14 Pensando em Casa Pensando em Casa Para um bom aprendizado da física, o estudante deve inicialmente ler a teoria completa do capítulo, escrita pessoalmente pelo prof Renato Brito. Em seguida, deve rever todas as questões resolvidas em classe e que estão copiadas no seu caderno (o caderno é imprescindível !) . Só então, o aluno deve partir para a fixação dos conceitos na lista de exercícios de casa. Questão 1 - Determine o módulo do vetor resultante em cada um dos sistemas abaixo. Todas as figuras são polígonos regulares de lado 1 a) b) c) d) O símbolo , no começo de algumas questões, indica que aquelas questões encontram-se resolvidas no Manual de Resoluções que encontra-se anexado a essa apostila, a partir da página 415 Questão 2 - O vetor resultante da soma AB + BE + CA é: a) AE b) AD c) CD d) CE e) BC A C B D E Questão 3 - Seis vetores de mesmo módulo F estão dispostos em série, um após o outro, formando um hexágono regular, de modo que a resultante deles é nula. Se o prof. Renato Brito inverter o sentido de apenas um dos vetores, a força resultante nesse sistema passa a valer: a) F b) 2F c) 3F d) 5F e) 4F Matheus Riscado Matheus Riscado Matheus Riscado Física Simétrico Pré-Universitário – Há 23 anos ensinando com excelência os estudantes cearenses – www.simétrico.com.br 15 Questão 4 - A figura mostra um hexágono regular de lado a sobre o qual se apoiam 5 vetores. A resultante desses vetores tem módulo dado por : a) 3.a. 3 b) 4.a c) 6.a d) 6.a. 3 e) 12 a Dica: Veja a questão 2 de classe Questão 5 - Nos sistemas abaixo, os vetores têm mesma intensidade a e estão dispostos ao longo de um hexágono regular. Determine a resultante dos vetores em cada caso, sem efetuar cálculos, usando apenas as propriedades aprendidas nas questões de aprendizagem. a) b) c) Questão 6 Suponha agora que uma bola de frescobol que se movia horizontalmente com velocidade 1V de módulo 30 m/s, colide elasticamente com o solo horizontal de acordo com a figura e retorna com velocidade 2V de módulo 20 m/s. Qual dos vetores abaixo melhor representa a variação da velocidade vetorial 12 V V V da bola durante a ocasião ? a) 60 m/s b) 50 m/s c) 10 m/s 1V 2V Colisão da bola d) 10 m/s e) NULA Questão 7 - A figura mostra dois vetores a e b de mesma intensidade. Os vetores s = a + b e d = a – b têm módulo respectivamente iguais a: a) 13 cm, 24 cm b) 10 cm, 24 cm c) 16 cm, 26 cm d) 26 cm, 0 cm e) 24 cm, 10 cm 5 cm 5 cm 12 cm 12 cm 12 cm 12 cm a b Matheus Riscado Matheus Riscado Física Simétrico Pré-Universitário – Há 23 anos ensinando com excelência os estudantes cearenses – www.simétrico.com.br 16 Questão 8 Sejam a e b os dois vetores a seguir. Usando o método da decomposição, determine o módulo do vetor s = a + b e do vetor d = a – b . Dado: | a | = | b | = 10 cm , sen = 0,6 cos = 0,8 b a Questão 9 Uma bola de tênis, movendo-se com velocidade 1V de módulo 50 m/s, colide elasticamente com o solo horizontal de acordo com a figura e retorna com velocidade 2V de mesmo módulo 50 m/s. 60o 60o 1V 2V Determine qual dos vetores a seguir melhor representa a variação da velocidade vetorial 12 V V V da bola durante a ocasião. a) 50 m/s b) 50 m/sc) 50 m/s 60o d) 25 m/s 60o e) 50 m/s 60o Dica: veja exemplo resolvido 2 – página 4 Questão 10 Determine m e n t a l m e n t e a resultante dos vetores abaixo em cada caso: a) 60 o 60 o 10 10 8 b) 30 o 30 o 8 8 36 c) 8 8 60 o 60 o 8 d) 8 8 26 45 o 45 o Matheus Riscado Matheus Riscado Matheus Riscado Matheus Riscado Matheus Riscado Física Simétrico Pré-Universitário – Há 23 anos ensinando com excelência os estudantes cearenses – www.simétrico.com.br 17 Questão 11 - Através do Método da Decomposição, determine a resultante dos vetores para cada sistema abaixo. Dado sen = 0,6 e cos = 0,8 a) 10 U 3 U 4 U b) a 10 U20 U 1 U 10 U b c d Dica: o vetor b faz um ângulo com a vertical. Por que ? O símbolo , no começo de algumas questões, indica que aquelas questões encontram-se resolvidas no Manual de Resoluções que encontra-se anexado a essa apostila, a partir da página 415 Questão 12 Na figura abaixo, uma caixa de 20 kg encontra-se em equilíbrio estático sobre um plano inclinado que forma um ângulo = 36 com a horizontal, graças à força de atrito. Se a gravidade local vale g = 10 m/s2, decomponha a força peso e, em seguida, determine (sen = 0,6 cos = 0,8): a) o valor da força normal N b) o valor da força de atrito. Dica: veja exemplo resolvido 1 – página 3 P N 90- Fat Questão 13 - Dois vetores a e b tem intensidades respectivamente iguais a 8 cm e 7 cm. Determine o ângulo formado entre esses vetores, para que a resultante deles tenha módulo igual a 13 cm. Questão 14 - Determine o módulo do vetor diferença d = a – b em cada um dos sistemas abaixo. Admita que as células são quadrados de lado 1 e use o Método do Polígono ou do Paralelogramo. a) a b b) a b Física Simétrico Pré-Universitário – Há 23 anos ensinando com excelência os estudantes cearenses – www.simétrico.com.br 18 Questão 15 - Em cada ítem abaixo, determine os vetores a e b fazendo uso dos versores unitários i e j, bem como o módulo do vetor diferença d = a – b . Admita que as células são quadrados de lado 1. a) a b b) a b Dica: veja explicação e exemplo resolvido nas páginas 6 e 7. Questão 16 - Duas bolas de sinuca A e B, de massas mA = 4 kg e mB = 2 kg, se movem sobre um plano horizontal liso em movimento uniforme, com velocidades AV (3.i + 5.J) e BV ( 6.i – 1.J) em m/s. Determine o módulo da velocidade cmV do centro de massa desse sistema, dada pela fórmula abaixo: cmV = A A B B A B m .V m .V m m Questão 17 Determine o módulo e a orientação aproximada do vetor que resulta em cada sentença vetorial a seguir: a) 3. ( 2 ) – 4. ( 3) + 2.( 2 ) = (exemplo resolvido) = ( 6 ) + ( 12 ) + ( 4 ) = = ( 6 ) + ( 8) = = 10 b) (–3).( 2 ) + 4. ( 3 ) – 2.( 5 ) + 3.( 6 ) c) (–2).( 7 ) + 4.( 4 ) + 2. ( 2 ) – 3.( 2 ) Questão 18 - Resolva as seguintes equações vetoriais e determine o módulo do vetor x em cada caso: a) 6 2 6 X2 0 b) 60o 60o 4 4 X2 6 4 c) 30o 6 30o 6 8 X2 Física Simétrico Pré-Universitário – Há 23 anos ensinando com excelência os estudantes cearenses – www.simétrico.com.br 19 Questão 19 Duas forças F1 e F2 tem módulos respectivamente iguais a 6 N e 10 N. Assim, o módulo da força resultante R entre elas só pode assumir valores no intervalo: a) 4 R 12 b) 6 R 12 c) 6 R 16 d) 4 R 16 Dica: veja questão 12 de classe Questão 20 Duas forças F1 e F2 tem módulos respectivamente iguais a 6 N e 8 N. Assim, a força resultante entre elas pode assumir qualquer um dos valores abaixo, exceto: a) 4 N b) 3 N c) 2 N d) 1 N Questão 21 - (Medicna Christus 2013) Suponha que dois músculos com uma inserção comum, mas diferentes ângulos de tração se contraiam simultaneamente como mostra a figura ao lado. O ponto “O” representa a inserção comum dos músculos vastos lateral e medial, do quadríceps da coxa, na patela. OA é o vetor que descreve a tração do vasto lateral. OB é o vetor que descreve a tração do vasto medial. Sendo os dois vetores de módulos iguais a 10u e 15u, o intervalo que representa a variação possível para o módulo do vetor soma V é: a) 1 u v 1,5 u. b) 5 u v 25 u. c) 10 u v 15 u. d) 15 u v 25 u. e) 25 u v 150 u. Dica: veja questão 19 de casa Matheus Riscado Matheus Riscado De Aristóteles a GalileuAula 2 Simétrico Pré-Universitário – Há 23 anos ensinando com excelência os estudantes cearenses – www.simétrico.com.br 1 – Introdução Há mais de 2000 anos atrás, os cientistas da Grécia antiga estavam familiarizados com algumas das idéias que estudamos hoje. Tinham um bom entendimento de algumas propriedades da luz, mas eram confusos sobre o movimento. Um dos primeiros a estudar seriamente o movimento foi Aristóteles, o mais proeminente filósofo-cientista da Grécia antiga. 2 - O Pensamento Aristotélico e o Senso Comum. Denominamos “senso comum” o conjunto de princípios e conclusões que consideramos corretas com base em nossas experiências cotidianas. Entretanto, muitas vezes a simples observação dos fenômenos do dia-a-dia, mascaradas por efeitos que fogem à nossa capacidade de observação, nos leva a conclusões equivocadas mas que são admitidas corretas até que uma nova observação mais cautelosa, regada por um raciocínio lógico dedutivo, nos faz perceber a necessidade de rever nossos conceitos e ser mais cautelosos com tudo aquilo que denominamos senso comum. Ao contrário do que se possa imaginar, nossos sentidos nem sempre são tão confiáveis. F F F F Figura 1 - O estado natural dos corpos é o de repouso. Um corpo só se manterá em movimento enquanto uma força atuar sobre ele. Quando esta for suprimida o corpo deve retornar ao repouso. Esse é o ponto de vista de Aristóteles (384-322 a.c.). Se você ainda pensa assim, seu ponto de vista está atrasado 2000 anos . Por exemplo, sabemos que se uma força suficientemente grande for aplicada sobre uma mesa, esta acabará se movendo ao longo do piso. Entretanto, percebemos que esse movimento cessa tão logo a força seja suprimida. Conclusão do senso comum: para manter um corpo em movimento, é necessária a atuação de uma força a favor do deslocamento. Tão logo todas as forças sejam suprimidas, o corpo voltará ao estado de repouso, o estado natural dos corpos livres da ação de forças. Quando uma pedra e uma folha de papel são abandonadas do alto de um prédio, facilmente percebe-se que a pedra chega ao solo antes que o papel, o que leva à seguinte conclusão do senso comum: Os corpos mais pesados caem mais rapidamente que os corpos mais leves. figura 2 - Aristóteles (384 – 322 a.c.) foi um dos mais famosos filósofos gregos e um dos primeiros a se preocupar com o movimento dos corpos. Esses dois exemplos de senso comum citados acima constituem a base do pensamento Aristotélico sobre o movimento dos corpos. Aristóteles acreditava que a resistência natural ao movimento (atrito, resistência do ar) era algo inerente ao movimento, sendo impossível suprimi-la. Ele fez deste o fato central da sua teoria do movimento segundo a qual era fundamental que houvesse uma força empurrando ou puxando os corpos para mantê-los em movimento. Curiosamente, até hoje, as idéias aristotélicas sobre o movimento ainda coincidem com o pensamento do senso comum das pessoas leigas em ciências. Uma pessoanão devidamente instruída, quando questionada sobre “quem cairá primeiro, uma pedra ou uma folha de papel”, certamente responde que “a pedra cairá antes, por ser mais pesada”. Figura 3 – Galileu Galilei As idéias aristotélicas sobre o movimento dominaram o mundo científico por mais de dois mil anos e começaram a ser questionadas no século dezesseis por Copérnico e Galileu. Apesar de não ter sido o primeiro a apontar algumas dificuldades nas concepções de Aristóteles, Galileu foi o primeiro a fornecer refutações definitivas apoiadas no método experimental por ele introduzido no estudo das ciências naturais. 3 – Galileu chega ao conceito de Inércia Figura 4 – A lendária demonstração de Galileu sobre a queda dos corpos. Para demonstrar o erro na hipótese de Aristóteles sobre a queda dos corpos, conta-se que Galileu deixou cair, do alto da torre inclinada de Pisa, vários objetos com pesos diferentes e comparou Física Simétrico Pré-Universitário – Há 23 anos ensinando com excelência os estudantes cearenses – www.simétrico.com.br 21 as quedas. Ao contrário do que afirmava Aristóteles, Galileu comprovou que uma pedra duas vezes mais pesada que outra não caía realmente duas vezes mais rápido. Desprezando o efeito do ar, Galileu percebeu que objetos de pesos diferentes, soltos ao mesmo tempo, caíam juntos e atingiam o chão ao mesmo tempo. Modernamente, sabemos que, na ausência da resistência do ar (no vácuo), todos os corpos são igualmente acelerados e caem juntos. Esse comportamento ainda é aproximadamente observado mesmo em situações em que a resistência do ar esteja presente, desde que ela ainda seja desprezível, como no caso das pedras abandonadas por Galileu do alto da torre. Em geral, quando a força de resistência do ar está presente, ela afeta diferentemente o movimento de queda dos corpos, sendo que aqueles mais pesados e com formato mais “aerodinâmico” tendem a cair mais rapidamente que os demais. Estudaremos a força de resistência do ar em detalhes no capítulo de Atrito. A metodologia investigativa de Galileu, aliando suas habilidades experimentais ao seu raciocínio lógico, constitui a base do método experimental. Pelo seu pioneirismo, Galileu é considerado o precursor da grande revolução ocorrida na Física a partir do século XVII. Para chegar ao conceito de Inércia, Galileu realizou uma série de experimentos com planos inclinados. Numa de suas mais famosas experiências, ele colocou dois de seus planos inclinados (Figura 5) um de frente para o outro. Ele observou que uma bola liberada do topo de um plano inclinado, a partir do repouso, rolava para baixo e então subia o outro plano inclinado até alcançar uma altura quase igual à sua altura inicial. Raciocinou que apenas o atrito a impedia de chegar até exatamente a mesma altura inicial, pois quanto mais liso era o plano inclinado, mais próximo daquela altura a bola chegava. Posição inicial Posição final Posição inicial Posição final Posição inicial Onde é a posição final ? Figura 5 – Planos inclinados de Galileu Ele então reduziu a inclinação do plano de subida. Novamente a bola alcançava a mesma altura, embora tivesse que percorrer uma distância maior. Reduzindo o valor do ângulo gradativamente, a bola vai cada vez mais longe para atingir a mesma altura inicial. Galileu, então, pôs a seguinte questão: “se eu disponho esse plano na horizontal, quão longe a bola deve ir para alcançar a mesma altura inicial ?” A resposta óbvia é “ela jamais alcançará essa altura inicial, se moverá para sempre, perpetuamente, na ausência de atrito”. A propriedade de um objeto tender a se manter em movimento numa linha reta (movimento retilíneo e uniforme) foi chamada de inércia. O conceito de inércia não era o senso comum e os antigos tinham muita dificuldade em compreendê-lo. Por exemplo, considere que uma pessoa esteja no topo do mastro de um navio que se move para frente com velocidade constante em alto mar. Admita que essa pessoa segure, em suas mãos, uma bola de canhão. Até o século XVI, acreditava-se que, se a bola de canhão fosse abandonada do repouso pela pessoa, a bola iria descendo e ficando para trás (figura 6), em relação ao navio e, portanto, não cairia no pé do mastro. v v v v Figura 6 – Segundo o pensamento aristotélico, o barco permaneceria se movendo para a frente. A bola abandonada iria ficando para trás, em relação ao navio, e não cairia no pé do mastro. O conceito de inércia ainda não era conhecido. Se eles conhecessem o conceito de inércia, entenderiam que os movimentos horizontais e verticais ocorrem de forma independente (é o chamado Princípio da Independência dos Movimentos de Galileu) e que, portanto, a bola de canhão acompanha o movimento horizontal do barco durante a sua queda, conforme a figura 7. Os antigos acreditavam no modelo geocêntrico para o sistema solar, defendendo que a Terra encontrava-se em repouso no centro do universo. Para eles, era senso comum o fato de que seria impossível existir uma força suficientemente grande capaz de manter a Terra se movendo para frente. Se eles conhecessem o conceito de inércia, entenderiam que a Terra poderia se manter em movimento sem que nenhuma força fosse necessária para a manutenção da sua rapidez. Um corpo em MCU, por exemplo, não requer uma força tangencial para mantê-lo em movimento, mas tão somente uma força radial (ctp) para garantir a sua gradual mudança de direção, ao descrever a órbita curvilínea. Física Simétrico Pré-Universitário – Há 23 anos ensinando com excelência os estudantes cearenses – www.simétrico.com.br 22 v v Figura 7 – A inércia em ação – Na natureza, o barco se move para frente e a bola cai ao pé do mastro. Isso ocorre pelo fato do movimento de queda vertical descrito pela bola ser independente do seu MRU original para a direita, acompanhando o movimento do navio. Outro argumento curioso (cômico, na verdade ) dos aristotélicos a favor da imobilidade da Terra era o seguinte: Se a Terra estivesse se movendo ao redor do sol, seria necessária uma velocidade orbital da ordem de 30 km/s para que ela completasse uma volta a cada ano. Assim, imagine um pássaro pousado num galho de uma árvore observando uma suculenta minhoca no chão. Se o pássaro decidir apanhar a minhoca, gastando um segundo para descer até o chão e pegá-la, segundo os antigos, ele jamais conseguirá, caso a Terra esteja em movimento. Isso porque, durante um segundo de descida do pássaro, a Terra, juntamente com o chão e a minhoca, se deslocará 30 km para frente e, portanto, o pássaro jamais alcançará a minhoca a tempo ! Como os pássaros comem minhocas diariamente, parecia claro para os antigos que a Terra só pode estar em repouso. Figura 8 – A inércia em ação – O movimento horizontal do pássaro, da minhoca e da árvore acompanha o movimento da Terra. O movimento vertical do pássaro é independente do seu movimento horizontal. Atualmente, entendemos que o movimento de descida do pássaro ocorre independente do seu movimento horizontal a 30 km/s, acompanhando o movimento da Terra, árvore, chão e minhoca. Assim, por inércia, ele prossegue horizontalmente junto com a Terra, enquanto desce, apanha a minhoca e sobe, o que permite matar a sua fome diariamente, ainda que a Terra esteja se movendo ao redor do sol ! Se os antigos estivessem corretos, você é capaz de imaginar o que ocorreria caso você chegasse bem próximo a uma parede vertical em sua casa e desse um pulo para cima ? Estaria literalmente cometendo suicídio ! As pessoas de 400 anos atrás tinham dificuldades com idéias como essa não só por falharem em reconhecer o conceito de inércia, mas porque estavam acostumadas a locomoverem-se em veículos que trepidavam bastante. Carruagens puxadas por cavalos, em estradas sacolejantes, não os conduziam aos experimentos capazes de revelar os efeitos da inércia.Hoje nós atiramos uma moeda para cima dentro de um carro ou avião e apanhamos a moeda de volta, da mesma forma que o faríamos caso estivéssemos parados. Nós vemos a evidência da lei da inércia quando a moeda nos acompanha. A força vertical da gravidade afeta apenas o movimento vertical da moeda. Em suma, a inércia é parte na nossa rotina diária nos tempos modernos, embora nem todos tenham essa percepção da física presente no cotidiano. Figura 9 – Pessoa no interior de um avião em MRU - A inércia em ação – A moeda lançada para cima retorna novamente à mão da pessoa, acompanhando o seu movimento horizontal. No referencial do avião, a moeda executa um mero movimento vertical de sobe e desce. Nossas noções do movimento atualmente são muito diferentes daquelas dos nossos ancestrais. Aristóteles não reconheceu a idéia de inércia porque não percebeu que todas as coisas que se movem seguem as mesmas leis. Ele imaginava que as leis que regiam os movimentos celestes eram muito diferentes daquelas que regiam os movimentos na Terra. Galileu e Newton, por outro lado, perceberam que todos os objetos em movimentos seguem as mesmas leis. Para eles, corpos que se movem em MRU, na ausência de atrito, não requerem a ação de forças para permanecer em movimento. Podemos apenas especular como a ciência teria progredido se Aristóteles tivesse reconhecido a unidades de todos os tipos de movimento a 2000 anos atrás. 4 - O Princípio da Relatividade de Galileu O princípio da inércia traz consigo o Princípio da Relatividade de Galileu segundo o qual é impossível um observador distinguir se encontra-se num referencial parado ou num referencial em movimento retilíneo uniforme, visto que experimentará exatamente as mesmas sensações em ambos os referenciais. Figura 10 – A inércia em ação – Uma partida de tênis jogada em qualquer referencial Inercial transcorre da mesma forma, quer você esteja jogando em terra firme, quer você esteja jogando no interior de um Boeing voando em MRU. Por exemplo, todas as leis da Física válidas durante uma partida de tênis em Winbledon também são igualmente válidas caso os Física Simétrico Pré-Universitário – Há 23 anos ensinando com excelência os estudantes cearenses – www.simétrico.com.br 23 jogadores estejam jogando tênis numa ampla quadra instalada no interior de um Wide Boeing Large voando em movimento retilíneo e uniforme em relação à Terra. A verdade é que, sem olhar pela janela, os jogadores no interior do avião não têm como distinguir em qual das situações se encontram, visto que a trajetória seguida pela bola, as sensações fisiológicas, a gravidade, tudo funciona exatamente como se estivessem jogando numa quadra em terra firme. A lei da inércia é sempre válida em referenciais que encontram-se parados ou que se deslocam em movimento retilíneo e uniforme, os chamados Referenciais Inerciais ou Galileanos. Um metrô que esteja se movendo aceleradamente para frente, por exemplo, não é um referencial inercial visto que, em seu interior não será válida a lei da inércia. O que isso significa ? Caso um passageiro desse metrô jogue uma moeda verticalmente para cima, perceberá que a moeda subirá e descerá sendo arrastada para trás, caindo no piso numa posição atrás do passageiro. Referenciais acelerados como estes são denominados Referenciais Não-Inerciais. No momento estamos interessados em tratar somente com Referenciais Inerciais. As Leis de Newton só são válidas em referenciais inerciais. A importância do Princípio da Relatividade de Galileu é tão grande para a compreensão da Física como um todo, que enfatizaremos o seu enunciado: As leis da física são sempre as mesmas, esteja você parado ou se movendo uniformemente em linha reta. Ora, mas se as leis da natureza não são afetadas pelo movimento retilíneo e uniforme, tampouco o serão experimentos, máquinas, medidas ou observações. Em outras palavras, não há como você dizer se está parado ou se movendo em MRU com base em medidas ou experimentos. Assim, o Princípio da Relatividade pode ser enunciado da seguinte forma: Nenhum experimento ou medida física é capaz de distinguir se um observador encontra-se parado ou em movimento retilíneo e uniforme. 5 –A primeira lei de Newton do movimento Em 1642, no ano da morte de Galileu, nasce Isaac Newton. Aos 23 anos de idade, Newton formulou as suas famosas leis do movimento, que suplantaram em definitivo as idéias aristotélicas que haviam dominado o pensamento das melhores mentes por quase dois milênios. A primeira lei de Newton é uma reafirmação do conceito de inércia, proposto por Galileu. Newton refinou esse conceito estabelecendo que: Todo objeto permanece em seu estado de repouso ou de movimento retilíneo e uniforme (em suma, permanece em equilíbrio) , a menos que seja obrigado a mudar aquele estado, devido à ação de forças sobre ele. A palavra chave nesta lei é permanece: Um corpo permanece fazendo seja o que for, a menos que uma força seja exercida sobre ele. Se ele estiver em repouso, permanecerá em repouso. Isto é ilustrado quando uma toalha de mesa é habilmente puxada por baixo dos pratos sobre uma mesa, deixando esses pratos em seus estados iniciais de repouso. Se um objeto estiver se movendo, ele permanecerá se movendo, sem fazer curvas ou alterar sua rapidez, enquanto não sofrer a ação de uma força que altere o seu estado de movimento. Ao contrário do que dizia Aristóteles, o estado natural dos corpos não é o repouso, mas sim, o equilíbrio. Figura 11 – Isaac Newton 6 – Entendendo o conceito de Equilíbrio A palavra “equilíbrio” é um termo bastante amplo. Genericamente, dizemos que um corpo ou um sistema encontra-se em equilíbrio quando suas características permanecem estáveis no tempo, imutáveis, constantes, ou seja, quando elas não variam. O Equilíbrio é um estado em que não ocorrem mudanças. Por exemplo, dizemos que a economia de um país encontra-se equilibrada quando a taxa de juros permanece estável, quando a cotação do dólar não varia, assim como o PIB, a renda per capita etc. Da mesma forma, um sistema físico-químico encontra-se em equilíbrio quando as concentrações das substâncias em seu interior permanecem constantes no tempo. O mesmo ocorre na mecânica: um corpo encontra-se em equilíbrio quando sua velocidade permanece constante no decorrer do tempo (podendo ser nula ou não). Tanto um quadro pendurado na parede em “repouso permanente” como uma bola de boliche que se move em MRU num solo liso encontram-se em equilíbrio. Mas o que há em comum em duas situações aparentemente tão distintas ? O fato de a velocidade permanecer constante (vetorialmente constante) em ambas as situações, quer essa velocidade seja ou nula ou não. Para ser mais claro e explícito, podemos dizer que: Um corpo só encontra-se em equilíbrio se sua VELOCIDADE permanecer CONSTANTE em direção, sentido e valor; Todo corpo que tenha VELOCIDADE CONSTANTE em direção, sentido e valor (quer ela seja nula ou não) encontra-se em EQUILÍBRIO; Só existem dois possíveis estados de equilíbrio mecânico: o “repouso permanente” e o “movimento retilíneo e uniforme”. Assim, todo corpo em equilíbrio só pode estar em um desses dois estados, respectivamente denominados “equilíbrio estático” e “equilíbrio dinâmico”. Todo corpo que estiver se movendo em trajetória NÃO- RETILÍNEA, ou seja, CURVILÍNEA, não estará em equilíbrio, por apresentar velocidade variável. Afinal, por estar fazendo curvas, a velocidade do móvel estará mudando de direção em cada ponto da trajetória, mantendo-se tangente à ela, o que já é Física Simétrico Pré-Universitário – Há 23 anos ensinando com excelência os estudantes cearenses – www.simétrico.com.br 24 suficiente para dizermos que a sua velocidade não é constante, por se tratar de uma grandeza vetorial. Conforme aprenderemos, o agente que causaa VARIAÇÃO DA VELOCIDADE (direção, sentido e valor) de um corpo é a FORÇA. Na ausência dela, o corpo certamente apresentará VELOCIDADE CONSTANTE, isto é, estará em EQUILÍBRIO. O equilíbrio não tem nada a ver com “se a velocidade do corpo é grande, pequena ou nula”. Ele não diz respeito ao valor da velocidade, mas sim, à constância do vetor velocidade. Se o vetor velocidade permanece constante, o corpo está em equilíbrio. Caso contrário, não está em equilíbrio, simples assim. 7 – Entendendo o conceito de repouso O conceito de “repouso” é bastante simples. Dizemos que um corpo está em repouso num certo referencial quando sua velocidade é nula ( V = 0) naquele referencial. Profinho, um corpo pode estar momentaneamente em repouso sem estar em equilíbrio ? Certamente, Claudete ! Basta imaginar qualquer situação em que um corpo pare de se mover (v = 0) apenas para inverter o sentido do seu movimento. Por exemplo, quando lançamos um corpo verticalmente para cima, sujeito à gravidade terreste, num certo momento ele atingirá o ponto de altura máxima. Naquele instante, ele estará momentaneamente em repouso (v=0), mas não estará em equilíbrio. Por que não? Porque a força resultante agindo no corpo não é nula naquele momento, visto que continua sendo atraído pela massa da Terra (massas se atraem, isso chama-se força gravitacional). No instante em que ele pára a fim de inverter o sentido do movimento, temos força resultante FR = P e aceleração a = g para esse corpo. T T T T P P P P P P y P x T Figura 12 – durante a oscilação do pêndulo, ele nunca estará em equilíbrio (FR = 0), visto que a tração T jamais cancelará a força peso P em nenhum instante da oscilação. Nos extremos da oscilação, dizemos que o pêndulo apenas encontra-se em repouso momentâneo (velocidade nula), pois inverterá o sentido do seu movimento naquele ponto. O mesmo ocorre a um pêndulo simples que está oscilando (figura 12). Nos extremos da sua oscilação ele se encontra momentaneamente em repouso (ele pára a fim de inverter o sentido do movimento), mas não se encontra em equilíbrio. Mesmo na posição mais baixa da oscilação teremos T > P, visto que a trajetória circular descrita pelo pêndulo requer que a força resultante tenha uma componente centrípeta radial apontando para dentro da curva (centrípeta) naquele ponto. ( calminha, tudo isso será explicado com detalhes no capítulo 4). Profinho, um corpo pode estar em equilíbrio sem estar em repouso ? Certamente, Claudete ! Todo corpo que se move em MRU encontra-se em equilíbrio, esqueceu, Claudete ? Mas ainda assim, não está em repouso por apresentar velocidade, ou seja, por estar em movimento. Sempre que o corpo pára apenas para inverter o sentido do seu movimento, ele encontra-se apenas em repouso momentâneo (v = 0), mas não encontra-se em equilíbrio (FR 0, a 0). O estudante precisa estar bastante atento, visto que muitos textos de física usam a palavra repouso referindo-se ao caso particular de “repouso permanente”. Cabe ao leitor analisar o contexto e, com bom senso, dar a devida interpretação ao enunciado proposto pelo autor. Ao pé da letra, “repouso” significa “parado” apenas. Repouso (V = 0) Permanente Momentâneo Parou prá inverter o sentido do movimento V = 0, mas a 0, FR 0 Não é Equilíbrio V = 0, FR = 0, a = 0 Estado de Equilíbrio 8 – O papel da Força no movimento dos corpos Ao descobrir a propriedade da inércia, Galileu percebeu que, definitivamente, a presença de uma força resultante não é necessária para manter um corpo em movimento. V Para melhor esclarecer, considere a caixa da figura acima que se move ao longo de uma superfície horizontal lisa sendo empurrada por um operador. Se, de repente, a mão do operador perder o contato com a caixa, o que ocorrerá ao seu movimento posterior ? A caixa prosseguirá em movimento retilíneo horizontal, freiando gradativamente até parar ? Não, pois essa redução no valor da velocidade requer a presença de uma força agindo contra a velocidade (Figura 13). F V F V Figura 13 Figura 14 Física Simétrico Pré-Universitário – Há 23 anos ensinando com excelência os estudantes cearenses – www.simétrico.com.br 25 A caixa prosseguirá em movimento retilíneo horizontal, acelerando gradativamente ? Não, pois esse aumento no valor da velocidade requer a presença de uma força agindo a favor da velocidade (Figura 14). A caixa prosseguirá em movimento não-retilíneo, descrevendo uma trajetória curvilinea ? Não, pois essa mudança de direção e, consequentemente, essa mudança da velocidade vetorial da caixa requer a presença de uma força . A caixa não prosseguirá em movimento mas, sim, parará instantaneamente logo após a caixa ser abandonada ? Falso, pois essa redução brusca de velocidade requer a ação de uma grande força se opondo ao seu movimento para freiar a a caixa. Como vemos, qualquer MUDANÇA DE VELOCIDADE, tanto na sua direção (movimentos curvilíneos), quanto no seu sentido (inversão de movimento), ou mesmo no seu valor (movimentos não-uniformes), implica a presença de uma força resultante agindo sobre o corpo. O papel da força, no movimento, é causar VARIAÇÃO DE VELOCIDADE. Se a força resultante agindo sobre o corpo for NULA, sua velocidade PERMANECERÁ INVARIÁVEL (em direção, sentido e valor). Mas, afinal de contas, o que ocorrerá ao movimento da caixa que se movia horizontalmente com velocidade v quando, de repente, todas as forças que agiam nela desapareceram ? Ora, na ausência total de forças, a velocidade que a caixa já possuía PERMANECERÁ CONSTANTE enquanto perdurar a ausência de forças. Isso significa que: a velocidade não poderá aumentar de valor ( a caixa não poderá se mover cada vez mais rapidamente); a velocidade não poderá diminuir de valor ( a caixa não poderá se mover cada vez mais lentamente, isto é, a caixa não pode parar); a velocidade não poderá mudar de direção (a caixa não poderá fazer a curva). Assim, só resta a essa pobre caixa descrever qual tipo de movimento ? Sim !! O movimento retilineo uniforme MRU, o único tipo de movimento que se mantém, mesmo na ausência total de forças, evidenciando que a presença de forças não é necessária para que haja movimento, sendo necessária apenas para mudanças de movimento (mudanças de velocidade). 9 – Subindo ou descendo ? Acelerado ou retardado ? Quando dizemos que um corpo está subindo verticalmente, estamos dizendo que, necessariamente, a sua velocidade está apontando para cima V. Ao contrário, quando dizemos que um corpo está descendo verticalmente, isso implica que a sua velocidade, necessariamente, está apontando para baixo V. O vetor velocidade V de um corpo sempre aponta para onde o corpo e s t á i n d o naquele momento. E quanto à sua aceleração? Se o corpo está subindo, a sua aceleração aponta para cima ou para baixo ? Apenas com essa informação, nada se pode afirmar. O que sabemos é que toda aceleração é causada por uma força. Uma força vertical F para cima causa uma aceleração a vertical para cima, assim como uma força F vertical para baixo causa uma aceleração a vertical para baixo, e assim por diante. Generalizando, podemos dizer que: A aceleração a causada por uma força F sempre aponta na mesma direção e sentido da força que a originou. Isso está implícito no caráter vetorial da 2ª Lei de Newton: F m . a Sendo m um número positivo, os vetores F e a têm a mesma direção e sentido. Caso haja várias forças agindo no corpo simultaneamente, a aceleração a é determinada pela força total (resultante) RF , a partir da 2ª lei de Newton: RF m a A aceleração a causada pela força total (resultante) RF agindo num corpo sempre aponta na mesma direção e sentido dessa força resultante. Assim, saber “para onde”
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