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5 passos fundamentais para o diagnóstico diferencial de uma alteração radiográfica. Dra. Livia Pasini e Prof. Dr. Thiago Muller Diagnóstico por Imagem • Antes de falarmos desses passos, precisamos ter esclarecimento de algumas definições prévias! à O diagnóstico por imagem é uma área relativamente nova e ainda existem muitas perguntas sem respostas, por isso, as pesquisas científicas são crescentes. Com isso, cada vez mais devemos interpretar as imagens baseados em evidências científicas e não opiniões ou experiências infundadas. Precisamos ter em mente que nem sempre a imagem nos traz o diagnóstico definitivo. Em muitos casos ela irá nos trazer, em probabilidade, um diagnóstico mais provável frente à determinada alteração encontrada na imagem e interpretada em associação aos sinais clínicos de cada paciente individualmente. à Existe uma frase que diz “Aquilo que os homens de fato querem não é o conhecimento, mas a certeza” (Bertrand Russel), e, no diagnóstico por imagem, nem sempre a certeza estará do nosso lado, então passamos a trabalhar com incertezas. Por isso... • Tem-se trabalhado muito com o termo DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL! à O diagnóstico diferencial nada mais é do que um método sistemático utilizado para identificar doenças, essencialmente, por um processo de eliminação. Falando agora especificamente da radiologia, é o processo de eliminação de uma lista de doenças frente aos sinais radiográficos encontrados no exame e associados às informações clínicas de determinado paciente. à Mas, veja bem, nem todo diagnóstico é diferencial, existem algumas situações em que temos o diagnóstico conclusivo (Ex.: casos de fratura ou urolitíase radiopaca). Então... à O diagnóstico diferencial é uma hipótese formulada pelo médico veterinário frente aos sinais clínicos, histórico e resultados de exames. A partir do diagnóstico diferencial, o médico veterinário pode selecionar testes terapêuticos, ou ainda, exames complementares específicos a fim de se obter um diagnóstico final. à Sabendo disso, podemos falar dos 5 passos que nós da UniRadio utilizamos para elaborar o diagnóstico diferencial no exame radiográfico. 5 passos para o diagnóstico diferencial Recolha dados Use todas as fontes. Identifique pontos chaves Achados positivos e negativos. Podem ser do histórico, exames, outros testes Crie um cenário completo Use uma sistemática Sintetize os achados com doenças Verifique as causas O que poderia levar a essas alterações radiográficas? Aplique os pontos chaves às causas Isso vai gerar o diagnóstico diferencial PASSO 1 – Recolha os dados à Utilize todas as fontes de dados disponíveis do paciente como espécie, sexo, idade, sinais clínicos relevantes e tempo de aparecimento dos sinais, etc. Sabemos que nem sempre teremos todos os dados, mas quanto mais informação melhor, afinal, precisamos analisar a IMAGEM DO PACIENTE e não somente a imagem, sem associar ao indivíduo em estudo. PASSO 2 – Identifique os pontos chaves à A partir dessas informações que você tem do primeiro passo, tente identificar minuciosamente os mais importantes. Identifique os achados positivos e negativos desse histórico para associar à imagem. Essas informações podem ser do histórico, exames e outros testes. PASSO 3 – Crie um cenário completo à Agora avalie sistematicamente e com calma a imagem do paciente. Sintetize os achados radiográficos com as informações identificadas no passo 2. PASSO 4 – Verifique as causas à Ao sintetizar os achados da imagem com as informações relevantes do paciente, você começa a verificar as possíveis causas, ou seja, o que poderia levar ao aparecimento dessas alterações. Aqui você inicia a elaboração da lista de diagnósticos diferenciais. PASSO 5 – Aplique os pontos chaves às causas à Aqui é a hora de juntar os passos 3 e 4 para chegar ao diagnóstico diferencial mais provável, ou a uma lista de diagnósticos diferenciais mais enxuta pra determinado sinal radiográfico. Vamos praticar juntos esses 5 passos com um exemplo? EXEMPLO 1 • Paciente da espécie canina, 12 anos de idade; • Apresentou aumento abdominal progressivo há 20 dias; • Apatia e anorexia; • Abdômen tenso e abaulado; • Histórico de neoplasia abdominal prévia, porém sem especificação do tipo de tumor! PASSO 1 - recolha os dados àJá temos bastante dados para começar a trabalhar neste caso! PASSO 2 – identifique os pontos chaves à 12 anos; à aumento abdominal progressivo há 20 dias; à abdômen tenso e abaulado; à Histórico de neoplasia abdominal prévia. ü Podemos partir para a avaliação radiográfica! VD LLD PASSO 3 – crie um cenário completo à Junto o passo dois com a avaliação radiográfica. Comece a associar os achados radiográficos importantes ao dados clínicos do passo 2! Passo 2 à aumento abdominal progressivo há 20 dias; à abdômen tenso e abaulado; à histórico de neoplasia abdominal prévia! Avaliação da imagem à Perda do detalhamento peritoneal é o achado radiográfico mais importante neste caso. + LLD VD PASSO 4 – verifique as causas à Se pergunte quais as possíveis causas que poderiam apresentar esse sinal? O sinal em questão: à Perda do detalhamento peritoneal LLD VD Possíveis causas / diagnósticos diferenciais: - Falta de gordura intra-abdominal; - Paciente jovem; - Efusão peritoneal; - Peritonite ; - Carcinomatose peritoneal; - Efeito de massa ; - Subexposição radiográfica (erro técnico) PASSO 5 – Aplique os pontos chaves às causas à Junte os passos 3 e 4! Passo 4 - Possíveis causas / diagnósticos diferenciais: - Falta de gordura intra-abdominal - Paciente jovem - Efusão peritoneal - Peritonite - Carcinomatose peritoneal - Efeito de massa - Subexposição radiográfica (erro técnico) Passo 3 à Paciente de 12 anos, com aumento abdominal progressivo há 20 dias, abdômen tenso e abaulado e histórico de neoplasia abdominal prévia com sinal radiográfico de perda do detalhamento peritoneal! Com isso, podemos excluir... X X X X Sendo assim, com o histórico de neoplasia abdominal prévia, a carcinomatose pode ser considerada como o principal diagnóstico diferencial neste caso, mas não é possível descartar peritonite ou efusão peritoneal. Uma última dica é para aquele momento onde nos encontramos desconfortáveis em não obter o diagnóstico com determinado exame. É muito importante lembrar que... àTodos os exames possuem limitações e nem sempre é possível se obter total clareza de uma doença com somente um exame de imagem. Saber a limitação de cada exame, bem como a sensibilidade e especificidade do mesmo para determinadas doenças, pode te ajudar a indicar um outro exame de imagem mais específico para auxiliar na busca do diagnóstico definitivo das doenças. Dra. Livia Pasini e Prof. Dr. Thiago Muller
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