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Relações Liquidas.docx

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Relações Liquidas.
Quando usamos a palavra “liquida” associada as relações, modernidade ou amor; automaticamente nos é remetido um nome: Bauman. Zygmunt Bauman foi um sociólogo nascido na Polônia e é considerado um dos pensadores mais importantes e populares do fim do século XX, o motivo? Sua obra intitulada de Modernidade Liquida (2001). A classificação “líquida” é atrelada em função de algumas marcas dessa modernidade: volatilidades, incertezas, fragilidade, inseguranças, liberdade, felicidade e consumismo. Toda a fixidez e todos os referenciais morais da época anterior, denominada por Bauman como modernidades sólidas, são retiradas do foco para dar espaço à lógica do agora, do consumo, do prazer e da artificialidade muito bem representadas pela liquidez pois são passageiras, frágeis e sem profundidade. Mas como essa modernidade liquida afeta as relações?
Quando reunimos essas informações sobre a modernidade líquida, conseguimos ampliar nosso campo de visão e observar como a sociedade está agindo de maneira impulsiva e perigosa em suas relações sociais.
 A sociedade não está mais conseguindo consolidar as próprias relações, porque a pressa tornou-se realmente inimiga da perfeição. Como bem pontua Bauman (2001), tudo escorre, vaza e esvazia. As relações são instantâneas. Não há mais disposição para manter ou consolida-las porque é muito mais fácil descarta-las e substituí-las. Não se tem mais paciência para investir em nada, não há mais tempo para planos e projetos. O “agora” tornou-se um grande aliado para essa atual época, onde tudo deve ser imediato e preciso. Vivemos atualmente em mundo totalmente “conectado”. A principal ferramenta para comunicação, é, sem dúvida alguma o celular e as suas redes. Redes que permitem conexões e interações com várias pessoas, simultaneamente. Onde para podermos “aceitar” e “excluir” alguém, é necessário não mais do que um “clique”. Não há entrega de sentimentos e nem de confiança, pois sabemos que essa relação vai ter seu final cedo ou tarde. A teoria de que quantidade é melhor do que a qualidade se aplica muito bem nessas redes, onde as pessoas chegam a ter 5.000 “amigos” como exemplo do facebook, número que trazendo a vida real seria sistematicamente impossível de administrar (mal saberíamos seus nomes). Tudo isso reforça a teoria da liquidez nas relações agora intituladas, nessas mesmas redes, de conexões.
As conexões tomaram o lugar da relação de laços humanos, laços esses construídos com solidez, olho no olho, no “tête-à-tête”. É muito comum, criar-se um laço e por qualquer “conflito” se desfazer dele. E essa é a atratividade das conexões: a facilidade em desconectar-se, sem maiores problemas ou arrependimentos. As pessoas tornam-se objetos para um fim e tendo o seu papel executado, são descartadas (ponto para o consumismo). Um exemplo disso é que vez ou outra superestimamos alguém e um tempo depois nos pegamos pensando: “tal pessoa nem era tudo isso”... E fazemos isso comumente, porque acreditamos que as pessoas precisam atender nossas expectativas (papel) sem ao menos nos preocuparmos em conhece-las mais a fundo, dar espaço para que mostrem quem são de fato e, talvez, nos mostrarem ser ainda melhores do que imaginávamos outrora. 
Sim, estamos perdendo o feeling de como manter e conservar nossas relações, principalmente quando trazemos essa ideia de “amor egoísta”, onde o Eu e a satisfação desse Eu são as únicas coisas que importam e que quem quiser que se adapte a esse “amor”, do contrário será descartado tão rápido quanto um piscar de olhos. Sabemos que uma relação não é e nunca será feita de um único indivíduo ou exclusivamente de suas vontades, então se ambos pensam da mesma forma, haverá consenso? Existe relação, no sentido mais bruto da palavra, sem equilíbrio? Não. E é por meio dessa frustração que se instala o vazio e com ele a necessidade de atrelar felicidade com o ter e não com o ser, acreditando que felicidade pode ser comprada. Ou seja, nos tornamos não só consumistas em relação a objetos: mas também em nossas relações e na busca da felicidade.... Gerando assim, um amontado de lixo eletrônico e pessoas cada vez mais solitárias e infelizes. Não à toa, o consumo de medicamentos antidepressivos vem tomando cada vez mais força nessa sociedade, como ferramenta para diminuir essa sensação de vazio. Assim, podemos dizer que a sociedade líquida é uma sociedade de consumidores - o consumo se tornou o elemento central da identidade do ser humano. Portanto, se tudo se resume ao consumo e à satisfação por completo, o resultado é fazer tudo tornar-se passageiro para se consumir mais. Gerando indivíduos que não se contentam com absolutamente nada e famintos por substituições.
Então estes somos nós – Indivíduos com vontades escorrendo pelos dedos, transformando o amor no consumo do “enquanto houver prazer”, cada vez mais solitários através das conexões superficiais, escravos de uma felicidade inalcançável, com vazios existenciais e justificando tudo com a sensação de que “Somos livres”; sendo a ideia de liberdade (ideia pois a liberdade de fato não existe), a nossa própria prisão.

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