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Relação entre Estado de Direito e Estado Democrático de Direito

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Relação entre Estado de Direito e Estado Democrático de Direito 
O Estado de Direito começa na Europa após a Revolução Francesa, com a 
transição do Absolutismo para o Parlamentarismo. Nele, deve ser levado em conta a 
ideia de que a lei regula as relações sociais. Para Ronald Dworkin, existem duas ideias 
de Estado de Direito, uma centrada no texto legal e outra nos direitos. Este visava a 
estabelecer o império da justiça, não da lei, vista esta como vontade do legislador. As 
leis positivas não eram válidas senão na medida em que se ajustassem ao direito 
superior. Esta ideia centrada apenas na letra da lei não tem valor se esta não envolvera 
ideia de justiça, que é anterior ao texto normativo. Ou seja, o Estado de Direito é o ideal 
inglês “rule of law”, entendido como: “a sujeição de todos, inclusive e especialmente 
das autoridades, ao império do Direito. Equivale, pois, ao Estado de Direito como 
limitação do poder, num sistema de direito não escrito”. No Estado de direito concebe-
se a liberdade como liberdade negativa, ou seja, uma “liberdade de defesa” ou de 
“distanciação” perante o Estado. É uma liberdade liberal que “curva” o poder. 
Segundo a maioria da doutrina, antes da transição do Estado de Direito para o 
Estado Democrático de Direito, houve o surgimento do Estado Social. Este aparece como 
uma forma de combater “o individualismo e o abstencionismo ou neutralismo do Estado 
liberal” que teriam causado imensas injustiças tentando a insuficiência das liberdades 
burguesas. 
A busca da atual constituição é a realização da chamada justiça social, o que 
nos leva a poder afirmar que o Estado Democrático de Direito abraça a ideia de Estado 
Social (welfare state), visto que seu conceito em muito traz a ideia de justiça social. O 
Estado Social tem princípios mais intervencionistas, e visa garantir a todos os chamados 
direitos de segunda dimensão. Ao Estado democrático estaria inerente a liberdade 
positiva, isto é, a liberdade assente no exercício democrático do poder. 
Para muitos teóricos, o Estado Social e o Estado Democrático de Direito são 
sinônimos, e visam a transição para o socialismo; porém, alguns tentam esconder esta 
ideia, afirmando que este significa a soma do ideal de “rule of law” com a ideia de 
democracia e de que todo o poder deve ser exercido de forma democrática. 
Contudo, atualmente, sustentar que o Estado Democrático de Direito é o 
Estado de Direito somado a democracia não é plausível, afinal a democracia já existia 
antes dele, e ele pode existir sem que seja uma democracia representativa, desde que 
sua função seja promover os direitos fundamentais sociais. 
O Estado de Direito mudou seu ideário após a primeira grande guerra, quando 
os direitos sociais e econômicos se somaram às liberdades públicas. Com isso, fez-se 
necessária a maior intervenção do Estado em outros setores, e mudaram as ideias de 
igualdade perante a lei e as de liberdade. Muitas constituições abraçaram os direitos 
sociais e fundamentais, vendo estes como a “qualidade de vida e a solidariedade entre 
os povos”. 
Em nenhum momento procura-se evitar a interferência do estado, até mesmo 
autores liberais entendem que o Estado é legítimo e necessário. Entretanto, não há 
como negar que o Estado Democrático de Direito é o Estado Social com outro nome, 
sendo este fato pouco analisado nos livros de direito constitucional, tendo o tema já 
entrado no chamado senso comum acadêmico, visto que poucos constitucionalistas 
abordam ou questionam este fato. 
Felipe Augusto Nicolatti Teles 
RGA: 2020.2001.012-4 
1º semestre

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