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Organização da alimentação escolar A alimentação escolar municipal pode estar organizada de diferentes formas, dependendo das necessidades e da realidade do município. Para realizar todo o processo, a Secretaria de Educação conta com os repasses do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e com recursos próprios. Estes recursos não podem estar dentro dos 25% destinados à manutenção e desenvolvimento do ensino (MDE), definidos pelo artigo 212 da Constituição Federal. Veja a seguir a descrição dos tipos de organização possíveis: 1. GESTÃO PRÓPRIA A administração municipal é responsável pela execução da alimentação escolar. Seguem abaixo os tipos de funcionamento da gestão própria da alimentação escolar: 1.1 CENTRALIZADA A Secretaria de Educação é responsável por todas as etapas do programa de alimentação escolar, desde a compra dos alimentos e demais produtos, o armazenamento, a distribuição, até a fiscalização e acompanhamento de todo o processo. É importante frisar que a elaboração dos cardápios deve ser feita por um(a) nutricionista e depois, submetido à validação do Conselho de Alimentação Escolar (CAE). Pontos positivos: ● A escola não tem a responsabilidade de comprar os alimentos. ● A escola não precisa de um estoque grande, pois o armazenamento é feito no centro de distribuição da Prefeitura. ● Os gêneros alimentícios podem ser adquiridos com preço mais baixo, devido ao grande volume comprado. Isso se o processo licitatório for organizado com antecedência e para um período razoável. Pontos negativos: A Secretaria de Educação tem que contar com uma estrutura específica para a gestão da alimentação escolar contemplando: ● Setor destinado à gestão da alimentação escolar. ● Local específico para armazenar os gêneros alimentícios e demais insumos (produtos). ● Estrutura para distribuir os gêneros e insumos às unidades escolares, principalmente funcionários e veículos específicos. ● Equipe com profissionais responsáveis pela elaboração dos cardápios, pela supervisão e capacitação das cozinheiras; e pelo acompanhamento dos processos de compras públicas. ● Logística para receber, armazenar e distribuir para as unidades escolares. ● Fiscalização e prestação de contas dos recursos próprios e do Pnae. 1.2 DESCENTRALIZADA A Prefeitura repassa recursos próprios e do Pnae para as unidades escolares. Estas ficam, então, responsáveis pela compra, recebimento e armazenamento dos produtos. E, claro, pelo preparo e distribuição dos alimentos aos estudantes. É importante verificar a interpretação do Tribunal de Contas Estadual (TCE) ou Municipal (TCM) sobre o funcionamento descentralizado. Dois pontos merecem atenção especial neste formato: I. Os cardápios podem ser elaborados diretamente pelas escolas ou pela Secretaria, mas a responsabilidade continua sendo de um(a) nutricionista. Esse cardápio também precisa ser validado pelo CAE. II. A prestação de contas dos recursos do Pnae e dos recursos próprios deve ser feita pelo setor competente da Prefeitura Municipal. Para tanto, é preciso definir conjuntamente entre administração municipal e escola a rotina dos processos. É necessário também estabelecer os prazos para cada uma das fases de aquisição e prestação de contas. Pontos positivos: ● Facilita a aquisição de agricultores próximos às escolas, já que eles podem atender uma demanda menor. ● Cada escola pode ter um cardápio específico. Ainda assim, o cardápio deve ser elaborado por um(a) nutricionista e submetido à validação do CAE. Pontos negativos: ● A unidade escolar fica responsável pelo planejamento e compra dos gêneros e insumos para a alimentação escolar. ● É preciso uma equipe específica e qualificada para cuidar de todo o processo da alimentação escolar, inclusive da gestão financeira. ● A escola deve ter um espaço físico adequado para receber e armazenar os gêneros alimentícios. 1.3 SEMIDESCENTRALIZADA Neste formato, a Secretaria de Educação fica responsável pela aquisição e distribuição de alguns itens, como gêneros não perecíveis e outros insumos, por exemplo. E as unidades escolares compram os gêneros perecíveis. Mas, atenção: a chamada pública para aquisição de gêneros da agricultura familiar terá de ser organizada pelo setor competente da Prefeitura Municipal, respeitando a necessidade de cada escola. Como nos demais casos, é preciso elaborar previamente os cardápios e submeter à validação do CAE. A prestação de contas, tanto do Pnae quanto dos recursos próprios, deve ser realizada pelo setor competente da Prefeitura Municipal. Por isso, também devem ser definidos os processos e prazos a serem respeitados pela unidade escolar. Pontos positivos: ● A escola pode adquirir mais gêneros de pequenos agricultores próximos, além dos produtos da agricultura familiar definidos na chamada pública. ● Os produtos da agricultura familiar podem ser entregues em intervalos de tempo menores, se isto estiver previsto na chamada pública. ● Cada unidade escolar utiliza o cardápio definido pela Secretaria de Educação e validado pelo CAE. Pontos negativos: ● A unidade escolar tem que realizar parte das compras e do planejamento da alimentação escolar. ● A escola necessita de uma equipe específica e qualificada que cuide de questões como controle, repasse de verba e compras. 2. GESTÃO TERCEIRIZADA A administração municipal contrata uma empresa, com comprovada capacidade técnica, para realizar toda a oferta da alimentação escolar. Neste formato, a Secretaria de Educação fica responsável apenas pela fiscalização de cada uma das etapas do processo. As regras a serem cumpridas pela empresa contratada devem estar definidas com precisão no edital de licitação e no contrato. A elaboração do cardápio é feita pela empresa, mas deve ser validada pela Secretaria de Educação e pelo CAE. Importante lembrar: a administração municipal somente pode utilizar os recursos do Pnae para pagar os gastos comprovados com gêneros alimentícios. O restante (outros insumos, logística, transporte, armazenamento, mão de obra, etc.) deve ser pago à empresa contratada com recursos próprios do município. Além disso, dois pontos também devem ser observados na gestão terceirizada. Os cardápios devem ser elaborados pela empresa e, depois, avaliados e aprovados pela administração municipal. Depois disso, devem ser validados pelo CAE. Da mesma forma, no mínimo 30% da receita do Pnae devem ser utilizados na aquisição de gêneros da agricultura familiar. Pontos positivos: ● A administração municipal realiza um único processo licitatório. ● É mais fácil alterar o cardápio em virtude de problemas climáticos ou da baixa qualidade dos gêneros. Mas isso deve ser autorizado pela administração e validado pelo CAE. ● A Secretaria de Educação pode ter uma equipe reduzida, para atuar apenas na fiscalização da empresa contratada. ● Há maior flexibilidade nas intervenções, na manutenção e na rápida reposição. Se bem elaborada, a gestão terceirizada pode trazer redução de custos para o órgão contratante. ● Pontos negativos: ● Pode ter um custo maior, se o processo licitatório não for bem realizado. ● Se o contrato incluir recursos humanos, as cozinheiras – quando servidoras municipais – devem ser remanejadas para outras áreas. ● A má gestão da terceirização pode implicar em descontrole. ● Muitas vezes há dificuldades para encontrar a empresa ideal. ● Sempre existe o risco de não cumprimento de contratos.
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