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Teoria Geral dos Títulos de Crédito

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CURSO: DIREITO
DISCIPLINA: DIREITO DE EMPRESA II
PROFESSOR: JURANDI FERREIRA DE SOUZA JUNIOR
1ª ROTEIRO
TEORIA GERAL DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
 Histórico:
Como intróito à discussão do que vem a ser os Títulos de Crédito, faz-se 
necessário tecer alguns comentários sobre o conceito de Crédito. De forma genérica, a 
concessão de crédito importa em um ato de fé, de confiança do credor em que o 
devedor não se furtará a honrar uma obrigação futura consigo assumida. Tem origem 
no latim: creditum, credere. Funda-se, portanto, na confiança e no prazo.
O Título de Crédito nada mais é do que a materialização desta 
obrigação. Não é de instituição recente. Versões assemelhadas a títulos de crédito 
foram identificadas na Índia, na Assíria do séc.XII a.C., entre os hebreus, entre os 
gregos de Atenas (séc.Va.C.) e entre os romanos.
Tais documentos prestavam-se a evitar o transporte e a circulação de 
grandes somas de dinheiro ou quantidades de bens, que eram substituídos por 
pedaços de papel chamados de cártula (do latim charta = papel, chartula = 
diminutivo). Desta forma, os mercadores podiam realizar suas viagens portando 
apenas a cártula, recebendo os bens no lugar de destino.
A criação dos Títulos de Crédito constituiu a mais importante inovação 
para o comércio. Facilitou tremendamente a circulação de bens e riquezas e, 
gradativamente, esses documentos que representavam inicialmente uma ordem de 
entrega de um determinado bem, passaram também a ser negociados com data de 
entrega futura.
Assim, os comerciantes de outrora passaram a transacionar entre si 
aquelas cártulas, muitas vezes de terceiros que sequer conheciam, pagando as suas 
dívidas com créditos que detinham em poder de terceiros, proporcionando agilidade à 
circulação das riquezas e fazendo a vez de banqueiros, dos quais muitos vieram a se 
tornar.
Na Idade Média, com a intensificação da atividade mercantilista, os 
títulos de crédito foram aperfeiçoados, surgindo a letra de câmbio, de onde 
derivaram os diversos tipos e espécies de Títulos de Crédito.
 Conceitos:
- Segundo Brunner, Título de Crédito é: “documento de um direito 
privado que não se pode exercitar, se não se dispõe do título”.
- Segundo Cesare Vivante, que achou a definição acima insuficiente por 
lhe faltarem os elementos essenciais, Título de Crédito é: “um documento necessário 
para o exercício do direito literal e autônomo nele mencionado”.
A definição de Vivante, considerada perfeita pelos doutrinadores, foi 
adotada pelo nosso Código Civil de 2002, que a transcreve em seu art.887: “ O título 
de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele 
contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei”.
Fábio Ulhoa pontifica que: “Os títulos de crédito são documentos 
representativos de obrigações pecuniárias. Não se confundem com a própria 
obrigação, mas se distinguem dela na exata medida em que a representam”.
Ou seja, podemos afirmar que título de crédito é toda obrigação 
reduzida a escrito, corporificando uma relação de dívida entre devedor e credor. 
Significa a densificação do crédito para o credor, acarretando ao devedor a 
materialização da dívida com a conseqüente obrigação cambial nele circunscrita.
Apesar de terem sido alvo de discussão doutrinária quanto a em que 
ramo do direito privado o seu estudo deveria figurar, uma vez que o próprio Vivante 
considera que devam ser classificados no “direito das coisas”, em nosso ordenamento 
eles foram incluídos entre os “direitos das obrigações”, no Livro I, da Parte Especial, 
Título VIII. As normas contidas no Código, porém, tem natureza suplementar, uma vez 
que não revogam as leis específicas que regem a matéria como a Lei Uniforme de 
Genebra, a Lei do Cheque, das Duplicatas e outras que afetam outros tipos de títulos 
de crédito.
Pelo principio da tipicidade, só serão considerados como títulos de 
crédito aqueles que a lei expressamente prever, ou seja, que tenham sido tipificados 
em lei. A observância deste princípio é vital como forma de dar segurança a sociedade 
em geral, evitando que brotem novos tipos de títulos sem a devida regulamentação 
legal.
 Distinção entre Título de Crédito e Título Cambiário:
Quando falamos de títulos de crédito, nos referimos também aos títulos 
cambiários. Título de crédito refere-se ao direito material, ao documento em si. Título 
cambiário refere-se à causa da obrigação nele contraída.
 Características:
Os Títulos de Crédito apresentam várias características que lhes são 
próprias e que foram consagradas na legislação como forma de dar garantias às partes 
que os utilizam em suas transações comerciais. Podemos citar, entre as principais, que 
aparecem na doutrina como verdadeiros atributos essenciais à sua tipificação: 
a. Literalidade: o direito representado pelo título é o que 
está literalmente transcrito no documento, não se 
podendo alegar circunstância não-escrita. Segundo 
Whitaker: “a letra exprime fielmente quanto vale e vale 
nominalmente quanto exprime”. (Letra de Câmbio, 
Saraiva, SP, 1942, p.39). A literalidade age em duas 
direções, o credor só tem direito a exigir do devedor o 
que está expressamente escrito no título e este não tem 
obrigação de pagar além do que está ali transcrito.
b. Autonomia: representa a desvinculação da causa do título 
em relação a todos os coobrigados. Cada uma das 
obrigações derivadas do título de crédito será autônoma 
em relação às demais que porventura existirem. 
Independente de eventual vício em uma das assinaturas, 
aquele que a subscreve continua responsável pela sua 
assinatura.
c. Cartularidade ou documentalidade: o direito ao crédito se 
materializa no título, como documento necessário ao 
exercício desse direito. O título de crédito é sempre um 
documento, cuja exibição é essencial para que se exija 
qualquer direito nele fundado.
Outras características se apresentam:
d. Formalismo: o título de crédito deve preencher todos os 
requisitos legais no momento de sua constituição.
e. Força executiva: confere ao título a condição de ser 
cobrado, de forma direta, mediante processo executivo, 
sem que seja necessário submetê-lo ao processo de 
conhecimento.
f. Solidariedade: todas as obrigações constantes do título 
são solidárias, ou seja, cada um dos coobrigados pode 
ser chamado a responder pelo total da dívida.
g. Independência: cada coobrigado se obriga por si mesmo 
e responde pelo cumprimento da obrigação contraída.
h. Circulação: os títulos devem circular, de forma a facilitar 
as operações de crédito e a transmissão dos direitos a 
eles incorporados.
i. Abstração: os títulos de crédito, uma vez em circulação, 
não guardam vínculo com a causa que lhes deu origem.
 Inoponibilidade das exceções pessoais:
Este princípio, derivado do princípio da autonomia, objetiva dar 
garantias à circulação do título, protegendo aquele que o adquiriu de boa-fé. 
Estabelece que o devedor não pode opor ao portador do título, endossatário de boa-fé, 
as exceções ao seu pagamento que poderia opor contra o credor primitivo. Este 
principio encontra-se positivado no art.916 do CC de 2002 e no art.17 da Lei Uniforme, 
que estatui:”As pessoas acionadas em virtude de uma letra não podem opor ao 
portador exceções fundadas sobre as relações pessoais delas com o sacador ou com os 
portadores anteriores, a menos que o portador ao adquirir a letra tenha procedido 
conscientemente em detrimento do devedor”
FIXAÇÃO DE CONTEÚDO
1. O que é crédito?
2. Com base nos conceitos apresentados, apresente uma definição sua para Título 
de Crédito.
3. Com que propósito foram inicialmente criados os títulos de crédito?
4. Que características dos títulos de crédito estão presentes no conceito de 
Vivante? O que representam?
5. O que se entende por Inoponibilidade das Exceções Pessoais? Dê um exemplo 
concreto.
6. João deve a Pedro uma determinada quantia e, por esta obrigação emite umaNota Promissória em favor de Pedro a ser paga no dia 30 de agosto. Pedro dá 
essa Nota Promissória em pagamento de uma compra feita na padaria do seu 
bairro, endossando-a. Na véspera do seu vencimento, no dia 29 de agosto, 
João procura Pedro para resgatar a dívida, que afirma ter extraviado a NP, 
emitindo um recibo referente ao pagamento da dívida. No dia seguinte, um 
cobrador da padaria, de posse da NP, procura João para recebê-la. Pelo que 
estudamos, João tem obrigação de pagá-la novamente? Por quê? 
7. O que representa o atributo do formalismo com referência aos títulos de 
crédito? Explique.
8. O que vem a ser executividade de um título de crédito?
9. O que são títulos de crédito virtuais? Como fica a cartularidade desses títulos?

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