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1 HISTOPLASMOSE AGENTE ETIOLÓGICO → Histoplasma capsulatum ; é um fungo dimórfico que apresenta as seguintes variantes: • H. capsulatum var. capsulatum (histoplasmose clássica) → variante mais comum ● H. capsulatum var. duboisii (histoplasmose africana) → tem potencial para infectar humanos ● H. capsulatum var. farciminosum (Linfangite epizoótica) • Forma miceliana ou Forma filamentosa, composta por hifas, vivem naturalmente no solo ou em cultivos abaixo de 35° C. Apresenta 2 tipos de estruturas de propagação: Macroconídios e microconídios. Os conídios são pequenos propágulos que carreiam o fungo para outros locais, ficam dispersos em solos (principalmente em locais com fezes de morcegos, e outras aves; construções, ocos de árvores). • Forma leveduriforme (NO TECIDO): pequenas leveduras, unibrotantes, uninucleados/unicelular, ovais que se multiplicam por brotamento simples. São encontrados no interior de indivíduos susceptíveis (histopatológico) ou quando cultivados a 37°C. TRANSMISSÃO: ▪ Por via respiratória (Inalação dos microconídeos dispersos do ambiente). ▪ Inoculação traumática (muito raro). EPIDEMIO: • Apresenta distribuição universal. Pode apresentar caráter epidêmico e oportunista Indivíduos reatores ao teste da histoplasmina nas 5 regiões do Brasil → maior parte no Norte e Nordeste Distribuição nos EUA → mais no Missouri, Tennesse, Kentucky FISIOPATOGENIA: Microconídeos inalados penetram até o alvéolo pulmonar e são fagocitados pelos macrófagos alveolares , transformam- se em elementos leveduriformes gemulantes. O fungo ao vencer essa barreira inicial alcança os linfonodos mediastinais. ( : Muito semelhante ao complexo de Gohn da TUBERCULOSE). Cerca de 10 a 18 dias do início da infecção há a maturação da imunidade celular, detendo a infecção. Há formação de granuloma, necrose de caseificação, fibrose e calcificação das lesões residuais. A partir disso, a doença pode seguir diferentes cursos de evolução: Ficar RESTRITA (doença não progride) → ocorre na maioria dos casos Disseminação via hematogênica → Fígado, baço, medula óssea, outros órgãos e cadeias linfonodais. Ficar restrita ao pulmão, causando doença pulmonar. OBS: As lesões residuais podem abrigar fungos viáveis responsáveis por reativação endógena da micose. • Infecção subclínica: Hospedeiro imunocompetentes em áreas endêmicas, onde mais de 95% das infecções não são reconhecidas. • Histoplasmose pulmonar → AGUDA ou CRÔNICA • Histoplasmose disseminada→ Aguda , Subaguda ou Crônica ; hepatoesplenomegalia, linfonodomegalia, pancitopenia. • Granulomatose e fibrose mediastínica Fatores de risco: tamanho do inóculo, extremos de idade (crianças< 2 anos ou idosos), imunossupressão (AIDS, linfomas) 2 HISTOPLASMOSE • Período de incubação: 3 a 18 dias (em primo-infecção). • Febre alta, astenia, cefaleia, tosse seca, dor torácica, dispneia de leve a severa (é o quadro clínico principal) •Pode ter Discreta hepatoesplenomegalia e linfoadenomegalia (não pronunciadas, o contrário da forma disseminada). • Duração: 2 a 3 semanas. A cura tende ser espontânea (formando nódulos calcificados). O desenvolvimento dessa forma clínica depende da quantidade de inóculo (quantidade de conídeos aspirados). • Complicações raras: reumáticas (6%): artralgia, eritema nodoso; PERICARDITE (6%) ou exantema. • RX tórax: infiltrado intersticial (ou reticulo-nodular, sem localização preferencial) e adenomegalia hilar. • EPIDEMIO → Acomete principalmente indivíduos > 50 anos, com doença pulmonar de base (DPOC, alterações anatômicas do pulmão...). • Clínica similar à da tuberculose pulmonar, pode ser muito arrastada (semanas a meses): emagrecimento febre principalmente vespertina, tosse produtiva, dispnéia, sudorese noturna, raramente hemoptise. OBS: a tosse pode ser seca ou com expectoração escassa e mucoide. O infiltrado pulmonar, que inicialmente é intersticial, se concentra mais em ÁPICE PULMONAR e tende a consolidar e CAVITAR. • Linfonodos do hilopulmonar com reação inflamatória intensa com necrose caseosa e aumento de tamanho. • Pode ocorrer progressivo depósito de colágeno, anárquico e confluente, tendendo a fusão com outros gânglios, formando massas mediastinais (mediastinite fibrosante); podem até comprimir grandes vasos. OBS: possui alta letalidade! Óbito em 2 a 5 semanas se não for tratada. ● EPIDEMIO → se manifesta em < 2 anos ou em imunossuprimidos. ● CLÍNICA → Febre de início súbito, astenia, perda de peso, tosse e diarreia. Pode haver icterícia. Posteriormente, podem ter sintomas DIGESTIVOS (diarreia, vômito, dor abdominal, sangramentos digestivos) • Hepatoesplenomegalia e Linfoadenomegalia principalmente em cadeia cervical. • Lesões cutâneas (+ pcts da américa do sul); erupção maculopapular violácea (tende a ser difusa, ulcerar). • Meningoencefalite fúngica (20%) → é raro • Exames laboratoriais: pancitopenia (pois tende a acometer medula óssea) • Radiografia de tórax (muito parecida com a Histoplasmose pulmonar aguda): infiltrado intersticial e adenomegalia hilar. O infiltrado pode ser reticulonodular ou até mesmo micronodular (semelhante a tuberculose miliar). • Causas de óbito: sangramento (trombocitopenia, CIVD) e Infecção bacteriana secundária. OBS: óbito em meses ou estende além de 1 ano em não tratados. • EPIDEMIO → acomete crianças mais velhas e adultos jovens imunocompetentes. ● Clínica é parecida com a AGUDA, porém de evolução mais lenta→ Febre (mais branda e menos frequente que na Aguda), perda de peso e hepatoesplenomegalia. Pancitopenia. • FOCOS DE LESÕES DESTRUTIVAS → Úlcera em orofaringe e de mucosa intestinal podem ocorrer (diagnóstico diferencial com lesões malignas); Endocardite e lesões ósseas líticas (destrutivas), acometimento cutâneo. • Meningite crônica, meningoencefalite, histoplasmoma de SNC • Infecção de glândula suprarrenal é comum (assim como paracoco), porém manifestações clínicas desta infecção é rara. OBS: acometimento pulmonar tende a se tornar mais raro, ocorrendo em apenas 1/3 dos casos. Ou seja, o pulmão não é mais um órgão tão evidente nas manifestações clínicas na subaguda. ● EPIDEMIO → Acomete imunocompetentes > 40 anos; • Curso clínico crônico ( pode durar por anos ou até mais de uma década). • Predominam lesões de vias aéreas superiores e digestivas → lesões da OROFARINGE E LARINGE (em 70% dos casos), como úlceras que não cicatrizam (tem que descartar CMV, herpes fazendo biopsia) OBS: pulmões são raramente acometidos. Febre é infrequente ou baixa. Quase não há manifestações sistêmicas • Hepatoesplenomegalia, perda de peso. • FOCOS DE LESÕES DESTRUTIVAS → Pode haver meningite crônica, hepatite granulomatosa crônica, lesões genitais, infecção de glândula adrenal; Endocardite, lesão óssea, lesão cutânea, ulceras orofaringe/intestino 3 HISTOPLASMOSE 1) DIAGNÓSTICO MICOLÓGICO a) EXAME DIRETO: Pesquisa do fungo (Escarro, LBA) OU Pode ser BIOPSIA (mas é invasivo) • Coloração por hidróxido de potássio a 10%, Giemsa e Grocott (prata) → de biopsias de tecidos ou materiais de vias aéreas. OBS: os 2 melhores materiais são MEDULA ÓSSEA e VIAS AEREAS (escarro ou LBA); Pode ser por biopsia pulmonar. Sensibilidade (40%) em amostras de sangue na forma disseminada. b) CULTIVO: • Meios Ágar mycosel a 25°C por 6 a 12 semanas para forma miceliana Ágar sangue ou ágar cérebro-coração para forma leveduriformes. Geralmente cresce entre 3 a 4 semanas. 85% de sensibilidade nas formas disseminadas em amostras de sangue ou medula óssea. 50% de sensiblidade nos casos pulmonares crônicos 15% nas formas pulmonares agudas em amostras de escarro. Regis cita Agar sangue ou Agar Sabouraud (mais importante para as formas crônicas NÃO graves, que podem esperaro resultado). A cultura tem maior sensibilidade nas formas disseminadas (qualquer método microbiológico- que detecta o microorganismo- terá rendimento maior em formas graves da doença, pois o fungo/bactéria se prolifera de forma exuberante. Sempre colher cultura em caso de Suspeita de Histoplasma (fungos levam 1 mês, micobactérias 60 dias): Colher hemocultura (especifica para fungo) + Cultura do local acometido (LBA, escarro, úlcera oral). OBS: hemograma não é útil para diagnóstico de Histoplasmose! 2) SOROLOGIA ▪ Testes rápidos, podem ser positivos no início da infecção e pode ser utilizados diversos espécimes clínicos (sangue, urina, escarro) ELISA (sensibilidade: 90% nas formas disseminadas, 40% nas formas pulmonares crônica e 80% nas formas pulmonares agudas graves. Especificidade: 86-98%) OBS: e o contrário do método micológico (exame direto e cultivo), quanto PIOR e mais disseminada a doença, pior será o diagnóstico (pois depende da resposta imune do hospedeiro), mas todos devem ser pedidos. Há 3 tipos: Imunodifusão dupla (anti-banda H e anti-bandaM; banda M indica contato recente; banda H infecção em atividade). Fixação de complemento (pesquisa IgM e IgG contra histoplasma) ELISA (pesquisa IgM e IgG contra histoplasma). OBS: A detecção de antígeno é o método sorológico mais útil para o diagnóstico da histoplasmose disseminada em pacientes com AIDS. Antígeno polissacarídeo do fungo tem sido detectado no sangue em 85% e na urina em 95% dos indivíduos infectados; o teste pode ser aplicado também no liquor e nas secreções respiratórias. A técnica utilizada para a sua detecção é o radioimunoensaio 3) HISTOPATOLÓGICO: ▪ 50% de positividade. Falso positivos com outros fungos ▪ Coloração: Gomori- Grocott ou PAS OBS: é um método não muito sensível, mas extremamente ESPECÍFICO, pois consegue identificar que há infecção fúngica, mas pode confundir com outros fungos (paracoco, por exemplo). PCR (sangue, urina, ou líquor: qualquer fluido) a) Reação de fixação de complemento: 90% de sensibilidade nos casos confirmados pelo isolamento do fungo. Pela sua complexidade técnica tem sido pouco utilizada. b) Imunodifusão dupla (técnica mais utilizada): anti-H e Anti-M c) Testes imunoenzimáticos: boa sensibilidade, baixa especificidade •Limitações: - A soroconversão é tardia (1 a 6 semanas) - Resposta humoral fraca em pacientes com a forma disseminada - Falso positivo com outras micoses sistêmicas d) Teste intradérmico com Histoplasmina → Sem valor diagnóstico (negativo não afasta). Utilizado para estudos epidemiológicos. 4 HISTOPLASMOSE EXAME TRATAMENTO LBA ou escarro: ▪ Sorologia ▪ Exame direto ▪ Cultura Formas graves: Pesquisa de antígenos no LBA ▪ Imunocompetentes NÃO precisam de tratamento!!! ▪ Requer tratamento: Insuficiência respiratória, Imunossupressão E Sintomas por mais de 4 meses. Sintomas há mais de 1 mês Itraconazol 6-12 semanas Casos graves (hipoxemia) Anfotericina B + prednisona (ambos por 1-2 semanas, e depois substituir por Itraconazol por 12 semanas) LBA ou escarro: ▪ Sorologia ▪ Exame direto ▪ Cultura ITRACONAZOL (por pelo menos 1 ano) Recidivas ocorrem em 10 a 15% dos casos após a retirada da medicação. A resposta à terapia deve ser monitorada pela radiografia de tórax e pelo exame de escarro. Os títulos de anticorpos específicos circulantes baixam consideravelmente quando há resposta ao tratamento. O monitoramento das recidivas deve persistir por pelo menos um ano após a retirada da droga. Urinário: ▪ Pesquisa de antígeno Sangue: ▪ Exame direto ▪ Cultura ▪ Pesquisa de antígeno Medula óssea: ▪ Biópsia ▪ Aspirado Anfotericina B por 2 semanas, seguida de itraconazol por 12 meses. ● PROFILAXIA SECUNDÁRIA → ITRACONAZOL ▪ Recomendada para pacientes que apresentaram recaída. ▪ Para pacientes HIV, é para vida toda. Urinário: ▪ Pesquisa de antígeno Sangue: ▪ Pesquisa de antígeno ▪ Sorologia Medula óssea: Biopsia ITRACONAZOL por 1 ano OBS: anfotericina B é exclusivamente venosa e é FUNGICIDA; enquanto Itraconazol é exclusivamente ORAL e é FUNGISTÁTICA. Ou seja, em casos graves (insuficiência respiratória) se trata com Anfotericina B, e nos casos arrastados/menos graves (sem sinais de gravidade), Itraconazol. Nos casos graves, inicia-se anfotericina B e após sair da situação de gravidade, substituir por itraconazol OBS: FORMAS DISSEMINADAS → Cerca de 75-80% dos pacientes mostram remissão completa das manifestações clínicas, mas as recidivas são comuns quando a droga é suspensa. Terapêutica de manutenção a longo prazo é necessária para manter a remissão clínica. Mulheres grávidas portadoras de qualquer forma da micose devem ser tratadas com anfotericina B (desoxicolato ou lipossomal), uma vez que os triazólicos são contra-indicados em gestantes.
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