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Luana+Doranty

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Cuiabá 
2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cuiabá 
2019 
LUANA DORANTY DE SOUZA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A MEDIAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL ENTRE A FAMÍLIA E O 
DEPENDENTE QUÍMICO NA SUA REABILITAÇÃO 
 
LUANA DORANTY DE SOUZA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
à Universidade de Cuiabá- UNIC Barão, como 
requisito parcial para a obtenção do título de 
Bacharel em Serviço Social. 
 
Orientadora: Evelyn C. Pires Ferreira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cuiabá 
2019 
A MEDIAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL ENTRE A FAMÍLIA E O 
DEPENDENTE QUÍMICO NA SUA REABILITAÇÃO 
 
LUANA DORANTY DE SOUZA 
 
 
 
 
A MEDIAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL ENTRE A FAMÍLIA E O 
DEPENDENTE QUÍMICO NA SUA REABILITAÇÃO 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
à Universidade de Cuiabá- UNIC Barão, como 
requisito parcial para a obtenção do título de 
Bacharel em Serviço Social. 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
Prof. (a). Msc Lenil da Costa Figueiredo. 
 
 
 
Prof. (a). Msc Taynara Humbelino. 
 
 
 
Prof. (a). Msc Crisanvania Luz Gomes. 
 
 
 
 
 
 
Cuiabá 07de Dezembro de 2019. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho em memória ao meu Tio Joaquim Waldir de Souza, 
minha filha Sophia Lorena de Souza, minha mãe e eterna rainha, Angela 
Emília de Souza. 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Em especial a Deus, que me conduziu durante toda a etapa deste Trabalho de 
Conclusão de Curso (TCC), trabalho este que não foi solitário, pois pude contar com 
várias ajudas ao decorrer de seu desenvolvimento, pessoas que, direta ou 
indiretamente contribuíram e participaram de todo processo de formação acadêmica, 
ao corpo docente desta Instituição de Ensino Superior Universidade de Cuiabá – 
UNIC, em especial a Lenil de Figueiredo, Lidiane Patrícia Ferreira e Silva Leite, 
Marlene de Anchieta, Silvana Piva, Thaynara e por último e não menos importante, 
Ana Paula Pinto, que teve um papel fundamental nesta trajetória de luta, superação, 
resistência e equilíbrio, me dando suporte emocional pessoal e acadêmico, a minha 
orientadora de campo Márcia Rita Santos, cujo auxilio foi fundamental para o 
exercício da práxis profissional enquanto estagiária. 
A toda equipe de profissionais do Juizado Especial Criminal Unificado de 
Cuiabá (JECRIM) em especial para Nadir Maria Metzner, Gilda Rodrigues, Sandra 
Abdala e ao Dr. Mário Roberto Kono de Oliveira, hoje Desembargador do Tribunal de 
Justiça de Mato Grosso e as Comunidades Terapêuticas Bem Viver e Valor da vida, 
aonde me foram ensinadas uma nova maneira de viver, contribuindo com esta 
realização, de maneira relevante. A tutora que, com toda paciência me acompanhou 
em todas as etapas desse árduo e respeitável trabalho Evelyn C. Pires Ferreira. 
Gostaria de agradecer também ao meu padrasto Lino Ferreira Campos, pessoa 
com quem sempre pude contar as minhas tias Luzia Santana de Souza, Vera Lucia 
de Souza, Maria Margarida de Souza, Cleyde Conceição Libório e madrinhas Marlay 
Conceição dos Santos e Marilce Nunes Jaques, aos meus tios Benedito Waldemir 
de Souza, Sergio Reis de Souza, Walfrido Roberto de Souza e em memória, ao meu 
tio Joaquim Waldir de Souza, um homem maravilho, um pai dedicado e um tio 
fantástico que como um pai, me mostrou e ensinou a ser quem sou hoje. 
Aos meus primos e primas cuja estima é imensa. As minhas amigas e 
parceiras que a vida me deu e muito me incentivaram e contribuíram para o meu 
crescimento pessoal, Thais Menina Siqueira de Oliveira, Edmara Jesus Mello, 
Suziele Regina de Sales, Laura Cristiane de Oliveira. Isabela Cristina Coutinho 
Nazário, Maria Rita de Amorim, Crislaine Luzia Bezerra, Eleutério Ribeiro, Luana 
Leobas, Vitória Cravo a querida Dona Emília, que orou por mim assim como uma 
mãe ora pelo seu filho, ao André Luiz Graton que como um pai, sempre me orienta 
para a vida e a todos (as) as demais pessoas que contribuíram para a realização 
desta graduação, que me ajudam a manter vivo o sonho de realizar essa grande 
conquista. 
E desde já com muitas saudades, aos amigos que ganhei nestes quatro anos 
de curso, André Luiz, Márcia Carolina, e Alessandra Fernanda, amizade que vou 
levar para todo o sempre em meu coração e principalmente a Zulma Célia, que na 
hora certa, Deus a colocou em meu caminho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A prática no Serviço Social conta bem mais que a teoria, e a profissão 
para quem não dá nada é porque não conhece a realidade. Como 
profissional da área devemos saber andar lado a lado do "Certo que é 
Errado e do Errado que é Certo” 
José Prado Júnior 
 
https://www.pensador.com/autor/jose_prado_junior/
SOUZA, Luana Doranty. A Mediação do Serviço Social entre a Família e o 
Dependente Químico na sua Reabilitação 
2019. Número total de folhas: 56. Trabalho de Conclusão de Curso de Serviço Social 
da Universidade de Cuiabá – UNIC da cidade de Cuiabá 2019. 
 
RESUMO 
 
Por ser este um assunto complexo que exige transcender a imediaticidade, tem suas 
expressões refletidas na sociedade em forma de violência, abandono, 
marginalidade, criminalidade entre outros. Dessa forma, compreender esse 
fenômeno social só é possível na perspectiva do método crítico dialético a fim de 
decifrar a realidade social em seu aspecto social, político e econômico que reflete 
elementos distintos em relação às drogas. Na tentativa de desconstruir paradigmas 
impostos pela sociedade, busca-se explicitar a importância de se desvelar essa 
representação social, diante do contexto social. Por isso, é importante esclarecer a 
sociedade a respeito do enfrentamento familiar, da relação do usuário com ele 
mesmo, e como ele se sente ao tentar pertencer a um grupo, seja ele profissional, 
social, cultural ou religioso e como o (a) assistente social, media o acesso a políticas 
públicas sociais, juntamente com seu familiar. Devido a essa representação 
multifacetada, estigmas, pré-conceitos e falta de conhecimento que ainda envolve 
este tema Droga, sendo reproduzido nas expressões da questão social, objeto de 
trabalho e intervenção do profissional do Serviço Social. 
 
Palavras - chaves: Serviço Social; Droga; Família; Mediação; Questão Social. 
 
SOUZA, Luana Doranty. Mediation of social service between family and 
chemical dependent in rehabilitation: Ano de Realização: 2019. Número total de 
folhas: 56. Trabalho de Conclusão do Curso de Serviço Social da Universidade de 
Cuiabá – UNIC da cidade de Cuiabá 2019. 
 
ABSTRACT 
 
 
 
Because this is a complex issue that requires transcending immediacy, its 
expressions are reflected in society in the form of violence, abandonment, 
marginality, crime and others. Thus, understanding this social phenomenon is only 
possible from the perspective of the dialectical critical method in order to decipher 
social reality in its social, political and economic aspect that reflects distinct elements 
in relation to drugs. In an attempt to deconstruct paradigms imposed by society, we 
seek to clarify the importance of unveiling this social representation in the face of the 
social context. Therefore, it is important to clarify society about family coping, the 
user's relationship with himself, and how he feels when trying to belong to a group, 
whether professional, social, cultural or religious and as the assistant. Social media, 
mediate access to social public policies, along with their family members. Due to this 
multifaceted representation, stigmas, preconceptions and lack of knowledge that still 
involves this theme Drug, being reproduced in the expressions of the social question, 
object of work and intervention of the Social Work Professional. 
 
 
Key-words: Social Work; Damn it; Family; Mediation; social issues. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADRO 
 
 
Quadro 01 - ESPECIALIDADES do CAPS............................................................... 41 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 
TCC - Trabalho de Conclusão de Curso. 
DST´S - Doenças sexualmente transmissíveis. 
 
HIV/AIDS - Sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana. 
 
CAPSAD - Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas. 
 
PNAD – Política Nacional Sobre Drogas. 
 
CONAD – Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas. 
 
SENAD - Secretária Nacional de Políticas Sobre Drogas. 
 
SISNAD - Sistema Nacional de Políticas Públicas Sobre Drogas. 
 
OMS – Organização Mundial da Saúde. 
 
UDI’s - Usuários de drogas injetáveis. 
 
CID- Classificação Internacional de Doença. 
 
OBID – Observatório Brasileiro de Informações Sobre Drogas. 
 
RD – Redução de Danos. 
 
SUAS. – Sistema Único da Assistência Social. 
 
PNAS – Política Nacional de Assistência Social. 
 
LOAS – Leio Orgânica da Assistência Social. 
 
ONU – Organização das Nações Unidas. 
 
NOB – Norma Operacional Básica. 
 
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 
 
CAPSAD - Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas. 
 
CAPS – Centro de Atenção Psicossocial. 
 
NAPS - Núcleos de Atenção Psicossocial. 
 
CERSAM - Centros de Referência em Saúde Mental. 
 
SUS – Sistema Único de Saúde. 
 
A.A – Alcoólicos Anônimos. 
 
N.A – Narcóticos Anônimos. 
 
CFESS – Conselho Federal de Serviço Social. 
 
CTs – Comunidades Terapêuticas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 11 
2. A QUESTÃO DA DROGADIÇÃO E SUAS EXPRESSÕES ............................... 13 
2.1. A Inerção Das Drogas No Brasil E Seus Efeitos Sociais .................................... 15 
2.2.A Face Da Drogadição E Seus Efeitos Sociais...................................................18 
3. CONTEXTUALIZAÇÃO SOBRE A POLÍTICA DE DROGAS E FAMÍLIA ......... 20 
3.1. Familia No Contexto Contemporanêo................................................................25 
3.2. A Família No Contexto Das Politicas Sobre Drogas.......................................... 28 
4. ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA POLÍTICA SOBRE DROGAS........ 33 
4.1.Atuação Do Serviço Social Junto Ao Dependente Químico................................36 
4.2.A Mediação Do Profissional De Serviço Social Como Instrumento De Intervenção 
Junto As Familias Dos Dependentes ....................................................38 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 44 
6. REFERÊNCIAS .................................................................................................. 46 
 
 
 11 
1. INTRODUÇÃO 
 
O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é parte integrante da finalização de 
um processo de graduação do curso de Serviço Social da Universidade de Cuiabá– 
UNIC e que tem como objeto de pesquisa a compreensão da atuação do Serviço 
Social junto as Famílias no processo de prevenção e recuperação dos dependentes 
químicos, explicitando a importância do Assistente Social e da Família no contexto 
da reabilitação e reinserção do dependente químico a sociedade que ainda nos dias 
atuais, vivenciam problemáticas atenuantes, cujo desafio consiste em desvelar ou 
desmistificar tais expressões da questão social. 
Percebe-se quão complexo é este tema nos dias atuais e que diante de tantas 
problemáticas internas (familiares) e externas (sociedade), dificulta o desvelar destas 
expressões da questão social, que estão intrinsecamente atreladas a este contexto 
social. 
Nesse sentido, para atingir tal finalidade, cogitemos com três objetivos: 
conhecer a Política sobre Drogas, discorrer sobre os modelos familiares na 
contemporaneidade e a contribuição da atuação do assistente social frente à 
influência da família no processo de prevenção com o dependente químico, na 
tentativa de compreender um pouco sobre esse processo histórico, que vem com o 
crescente consumo desde os primórdios até os dias atuais, afetando todo o contexto 
social ao qual o usuário pertence. 
É importante salientar que, embora existam poucos trabalhos voltados para a 
família neste contexto, o trabalho se torna ainda mais um desafio que, futuramente 
irá contribuir para próximos trabalhos acadêmicos e que, na tentativa de desconstruir 
paradigmas impostos pela sociedade, busca explicitar a importância dessa 
representação social, diante do contexto social. Por isso, é importante esclarecer a 
sociedade a respeito do enfrentamento familiar, da relação do usuário com ele 
mesmo, e como ele se sente ao tentar pertencer a um grupo, seja ele, social, cultural 
ou religioso. 
Para tal compreensão destas questões, foram utilizadas pesquisas 
bibliográficas qualitativas e descritivas, para enfatizar as problemáticas e 
questionamentos que envolvem este tema complexo, bem como, as referências de 
um conjunto das expressões sociais, sendo estas, objeto de trabalho do Serviço 
Social, a questão social. 
 12 
Compreendem-se nesse sentido, que as pesquisas bibliográficas deram 
embasamento na compreensão em descrever todo esse processo histórico desde 
como a substância em si age no organismo, as Políticas existentes sobre Drogas até 
a recuperação, tratamento e fortalecimento de vínculo do usuário para com a família. 
Sendo assim, através do contexto histórico dialético o primeiro capítulo 
discorrerá que forma se deu a inserção dessas substancia no Brasil, como essa 
questão da drogadição ganha espaço em outras áreas da sociedade e suas 
expressões provocadas pelo consumo. No segundo capítulo apresentará a 
contextualização da Política de Droga, considerando suas fundamentais trajetórias e 
profundas mudanças bem como de que forma está política irá ser efetivada com este 
familiar. 
Já no terceiro capitulo abordará o contexto da família na contemporaneidade, 
inserindo-a no contexto do dependente, explicitando como esta política contribui com 
a garantia de acesso as políticas públicas, ao familiar e ao dependente, 
consequentemente. No quarto capítulo tratará como o profissional de Serviço Social 
atua junto às políticas públicas, buscando além do acesso a elas, intervir com a 
família e com o dependente químico, para que de forma profícua, sendo que a 
mediação profissional faz parte de um conjunto de instrumentos utilizado pelo (a) 
profissional do Serviço Social. 
Desta forma, a pesquisa é embasada em seu contexto histórico dialético, que 
ao perpassar por suas contradições, buscaremos objetivar as questões pragmáticas, 
ao discutir, analisar, e compreender esta aproximação da realidade social que é 
existencial em nossa sociedade e responder a esta conflituosa relação. 
 
 13 
2. A QUESTÃO DA DROGADIÇÃO E SUAS EXPRESSÕES 
 
Para iniciar a trajetória em torno das Drogas, se faz necessário conhecermos 
todo contexto histórico de sua origem até chegarmos às contradições dos dias atuais 
e para que isso ocorra, faz-se relevante um breve levante sobre este momento. Para 
isso, percorrer-se a história desde a era Pré-Colonial e Colonial, confirmando o que 
muitos autores já afirmaram que o consumo das drogas era feito de forma restrita e 
por determinados povos. 
Desde a antiguidade, a humanidade tinha uma relação com as plantas, sendo 
para se alimentar, abrigar ou medicar e foi desta forma que os primeiros humanos 
descobriram a capacidade que algumas plantas possuíam a capacidade de alterar o 
estado de consciência desejável. De acordo com Mota (2008), a origem desse 
costume é imprecisa, por se tratar de hábitos tão remotos e universais como a 
própria história da humanidade. 
Sendo assim, a etimologia da palavra Droga é uma controvérsia, pois, em sua 
origem persa Draa, significa ‘odor aromático’ e no holandês Droog que significa 
‘folha seca’ e que independente de seus significados, possuem vários efeitos, efeitos 
estes que compõe as expressões eralações sociais na contemporaneidade. Nesse 
contexto, para Siebel e Junior (2000) a droga é um termo genérico dado a tipo de 
substancia natural ou não, que ao ser introduzido no organismo, provoca mudanças 
físicas ou psíquicas. 
Portanto, o consumo de substâncias alucinógenas que atualmente 
conhecemos como Drogas, nem sempre foi considerado como algo danoso ou 
prejudicial à saúde ou em seu convívio social, pois, era utilizada em práticas 
religiosas, culturais, medicinais entre outras. E que, conforme as metamorfoses 
ocorridas entre o espaço e o tempo, deixaram de ser um mero rito. 
Desde então, as substâncias psicoativas, hoje identificadas como drogas, por 
ser, ou conter elementos químicos ou alucinógenos, que, em contato com o sistema 
nervoso do ser humano, altera os sentidos, raciocínio e comportamento dos usuários 
que passam a serem escravos e se condicionam a este aprisionamento que, acaba 
afetando o meio em que se vive e em todas as áreas da sociedade. 
Assim, os aspectos históricos positivos e negativos do consumo dessas 
substâncias foram tomando novas e maiores proporções e, ainda atrelada ao 
desenvolvimento social, cultural e econômico que, de acordo com Silva (2015, p, 
 14 
33), “estas dimensões transitam entre o remédio e o veneno, da cura a destruição, o 
que torna este tema ainda mais desafiador”. Por meio desta afirmação, em se tratar 
de cura ou veneno, deve- se ter em mente que, para qualquer efeito, o que se é 
utilizado como remédio é parte de uma planta, ou seja, sua essência, que por sua 
vez, irá afetar de forma boa ou má. 
Nicastri (2008, p. 22) afirma ainda que “droga não é por si só boa, ou má, mas 
que existem substâncias que são usadas com a finalidade de produzir efeitos 
benéficos, como o tratamento de doenças, e são consideradas medicamentos”. Mas 
também existem substâncias que provocam malefícios à saúde, os venenos ou 
tóxicos. É interessante que a mesma substância pode funcionar como medicamento 
em algumas situações e como tóxico em outras. 
Nota-se que não é a substância em si o grande problema, mas, da forma e 
quantidade que se é utilizada tal psicoativo, pois, sabe-se que existem as 
substâncias lícitas que são utilizadas em fórmulas medicamentosas e que, 
dependendo do consumo torna-se um veneno. 
No sentido recorrente ao termo droga, temos a droga ilícita, que é toda 
substância que altera a mente ou o humor e que provocam dependência, afeta o 
sistema nervoso central e modificam ações e comportamentos do indivíduo; 
causando danos muitas vezes irreparáveis. Sanchez e Santos (2013) afirmam que 
tais substâncias agem nos mecanismos conhecidos como de gratificação e 
recompensa o cérebro, provocando ‘sensações maravilhosas’ que fazem com que a 
pessoa queira repetir a experiência de uso. 
Portanto, ás drogas ilícitas são proibidas por possuir alto teor de dependência 
ou de destruição, uma vez que esta substancia entra em contato com o sistema 
nervoso do indivíduo e a mesma busca pela mesma sensação de prazer, buscando 
ter aquela primeira sensação, o uso será cada vez mais progressivo, contribuindo 
desta forma, a dependência propriamente dita, e que por sua vez, ira refletir nos 
conjuntos das expressões da questão social. 
A droga lícita que é aquela legalizada, produzidas e comercializada livremente 
e que são aceitas pela sociedade. Os dois principais exemplos de drogas lícitas na 
nossa sociedade são o cigarro e o álcool. Dantas entende que neste sentido, muitos 
questionam a aceitação, por parte da sociedade, das drogas lícitas, uma vez que as 
mesmas são prejudiciais para a saúde e também causam dependência nos usuários. 
Assim, o critério de legalidade ou não de uma droga é historicamente variável e não 
 15 
está relacionado, necessariamente, com a gravidade de seus efeitos. Alguns até 
mesmo afirmam que esse critério é fruto de um jogo de interesses políticos, e, 
sobretudo, econômicos (DANTAS, 2008). 
Ou seja, embora haja toda uma discussão em torno desta questão tão 
polêmica, a droga licita não é proibida, mas tem um efeito ainda maior por não ser 
vista pela sociedade como algo danoso e devastador; contrapondo as drogas ilícitas, 
que em meio à sociedade é estereotipada, ambas causam agravos físicos e mentais 
e trazem danos à saúde do indivíduo e do familiar. 
 Segundo Resende (1987), até a década de 80, o consumo de drogas ilícitas 
não era considerado um problema da saúde pública ou de responsabilidade 
governamental, tampouco o consumo de álcool, considerado droga lícita; porém, é 
importante lembrar que o uso abusivo do álcool era responsável por um dos mais 
altos índices de internações nos hospitais psiquiátricos. 
Diante do exposto, o consumo acelerado do álcool expande o acesso dessas 
substancia o que antes era utilizado por grupos restritos e destinado às cerimônias 
religiosas, passa a dar início ao consumo abrangente e progressivo. 
 
2.1 A INERÇÃO DAS DROGAS NO BRASIL E SEUS EFEITOS SOCIAIS 
 
Com o passar dos anos e danos, e com o desenvolvimento cultural, social e 
econômico, o uso destas substâncias, tomam proporções preocupantes a partir da 
década de 80, construindo ‘novas’ ideologias ou alternativas de vida por assim se 
dizer. Consequentemente, com a crescente problemática e expressões da questão 
social como, violência, doenças relacionadas ao uso de drogas, (HIV), 
marginalidade, criminalidade entre outros, foram adotadas medidas para combater a 
progressão do uso e o agravamento da questão social (CALONETE E SOARES, 
2005). 
Neste sentido, para Machado e Boarini (2013, p. 585), afirmam que: 
 
A estratégia de redução de danos pode ser definida como mais uma 
maneira de se abordar o usuário de drogas, descentrando o foco do 
problema da erradicação e da abstinência e privilegiando “o direito à saúde 
de todos e o respeito à liberdade individual daquele que não deseja ou não 
consegue interromper o uso de drogas. Como a história indica, essa 
estratégia surgiu como uma medida de prevenção em resposta a epidemia 
do contágio por HIV, ás doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e a 
Hepatites. 
 16 
 
Machado e Boarini (2013, p. 586) nessa mesma lógica ressaltam sobre o 
impacto do conceito científico, a concepção dos autores direciona aos riscos e 
vulnerabilidade da doença que passou a ser “insuficiente para encaminhar as ações 
de prevenção e para se ter uma visão de forma clara, do que tinha se tornado o 
fenômeno da AIDS”. 
A abrangência do problema foi incorporada ao conceito, quanto a redução de 
danos e a questão da vulnerabilidade resultou em movimentos sociais que se 
organizaram para demonstrar a ineficiência de promover ações voltadas 
exclusivamente para a prevenção de comportamentos de risco. Nesse sentido e no 
que se refere a este fenômeno das drogas, a transição desse conceito de um 
comportamento de risco a uma situação de vulnerabilidade, permitiu o 
reconhecimento de que, além da perspectiva individual, a droga perpassa outras 
esferas, tais como a social, econômica e política, o que também determina e 
influencia o comportamento individual. 
Desta forma, essa perspectiva de estratégias proibicionista de guerra ás 
drogas, não abria espaço para reflexão tão pouco para a compreensão da droga 
como fenômeno multideterminado (AYRES et al., 2003).Ou seja, não estava se 
tratando de um fato isolado, mais sim de algo grande e destruidor, não apenas ao 
indivíduo como também, a sociedade como um todo. Machado e Boarini (2013, p. 
586) afirmam que: 
 
A estratégia de redução de danos foi progressivamente incorporada à 
legislação brasileira sobre drogas, de modo que, nas duas últimas décadas, 
as políticas de saúde reconheceram a histórica lacuna assistencial prestada 
aos usuários de álcool e de outras drogas. Nesse sentido, a partir da 
aprovação da Lei Federal nº 10.216/2001 (Brasil, 2001a), que legitimou o 
movimento da reforma psiquiátrica na área da saúde mental, osusuários de 
drogas foram efetivamente aceitos como de responsabilidade da saúde 
pública, mais especificamente, da saúde mental. 
 
Nessa sequência, com a vigência dessa lei, as políticas sobre drogas 
passaram a priorizar a rede de cuidados extra-hospitalares, como forma de 
prevenção, como nos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPSAD) 
além de ressaltar os direitos a saúde e a prevenção do usuário e do dependente de 
álcool e outras drogas. 
 17 
Neste mesmo ano, dois importantes marcos para a área da saúde mental no 
Brasil, a III Conferência de Saúde Mental e a publicação da Lei nº 10.216/2001, 
ocorrendo paralelamente ao 2º Fórum Nacional Antidrogas, ainda com enfoque ao 
proibissionismo, o que possivelmente reforçou a dificuldade de articulação das duas 
áreas, a da saúde e a segurança pública, processo este que se arrasta diante toda 
problemática envolvendo este tema, principalmente, com as drogas ilícitas 
(MACHADO E MIRANDA, 2007). 
Vale ressaltar, que anterior a estas medidas adotadas, a redução de danos 
era feita apenas com a distribuição e ou trocas de seringas, o que houve uma 
pequena redução nos agravos do que foi considerada uma epidemia, a AIDS, mas o 
uso e ou consumo, cresceu no país, aumentando por assim se dizer, suas mazelas e 
começa a não serem suficientes tais estratégias. 
Neste sentido, mediante inúmeros agravos em decorrência das várias 
evidências e expressões da questão social e em diversos âmbitos, Políticas Públicas 
foram elaboradas para atender estas problemáticas crescentes na sociedade e 
inclusive, desconfigurando famílias brasileiras. Diante disto, o Estado elabora a 
Política Nacional sobre Drogas (Pnad), definida pelo Conselho Nacional de Políticas 
Sobre Drogas (Conab), que em 2005, previu a responsabilidade compartilhada entre 
União, Estados, Municípios e a sociedade brasileira. 
Diante disso, Políticas Públicas sobre Drogas foram comandada pela 
Secretária Nacional de Políticas Sobre Drogas (SENAD), que, em conformidade com 
a Lei 11.343 de 23 de Agosto de 2006, que por sua vez, institui o Sistema Nacional 
de Políticas Públicas Sobre Drogas (SISNAD), no intuito de articular, integrar 
organizar e coordenar as políticas de prevenção, atenção, tratamento e reinserção 
social de usuários e dependentes de substâncias psicoativas, sendo assim, Estados 
e municípios, executores dessas políticas e irá reforçar a aplicação de modelos de 
descriminalização do usuário de drogas e aumento das penas para quem prática o 
tráfico. Por meio desta, a Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD) expõem que: 
 
O consumo de drogas tem se mostrado um dos mais complexos e 
inquietantes fenômenos de nossos tempos, exigindo que o governo e a 
sociedade partilhem a responsabilidade na busca de alternativas que levem 
à sua melhor compreensão e abordagem (FACCIO; FERREIRA, 2017, p.1). 
 
Para os autores “as demandas decorrentes do uso de crack, álcool e outras 
drogas vêm se constituindo uma demanda mundial”, e corrobora com a Organização 
 18 
Mundial de Saúde (OMS) em que “10% das populações dos centros urbanos de todo 
o mundo consomem abusivamente substâncias psicoativas, independentemente da 
idade, sexo, nível de instrução e poder aquisitivo, isso demonstra que 
responsabilidade do cumprimento das políticas públicas sobre drogas, é de 
responsabilidade não somente da União, como também do Estado e Municípios, ou 
seja, de forma descentralizada, e articulada, buscar a efetividade e acesso a tais 
políticas públicas”. 
 
2.2 A FACE DA DROGADIÇÃO E SEUS EFEITOS SOCIAIS 
 
Há drogadição nos dias atuais tem se tornado uma problemática 
avassaladora e desafiadora, principalmente quando se trata de suas expressões da 
questão social. Nesse sentido, o Brasil nas décadas de 50 e 60 no país vivia sobre 
a influência e reflexos dos Anos Dourados e das revoluções tecnológicas bem como 
as consequências do pós-guerra do Vietnã, Guerra fria e da Revolução Cubana e 
pelo crescimento econômico com a criação de grandes empresas como a Petrobras 
em 1953 (BEZERRA, 2019). 
De acordo com (Bezerra, 2019), nos anos 60, a sociedade brasileira neste 
momento, passava a acompanhar tais tendências do Brasil e do mundo através das 
tecnologias (televisão e rádio), onde puderam presenciar o início do processo de 
industrialização e da construção de Brasília, no Planalto Central, e ainda marcado 
pelo Golpe Militar, período proibicionista, autoritário e repressivo, emergindo do bojo 
da sociedade civil, diversos grupos, dando início aos movimentos da sociedade civil 
que reivindicavam e defendiam seus direitos tais como os movimentos feminista, 
negro, homossexuais entre outros, o movimento hippie, que pregavam por uma 
coletividade, pelo bem comum, o amor livre e pelo consumo drogas, que se 
acreditava que isso abriria a mente e seriam mais criativos (BEZERRA, 2019). 
Através do movimento hippie, o consumo de substancias como álcool, ópio e 
principalmente maconha que antes eram utilizados por grupos restritos, adentra de 
forma acelerada atingindo diversas áreas da sociedade, sendo estes alucinógenos, 
de alto custo, dá se início as expressões dessa questão, roubos furtos, assassinatos 
por conta desse consumo (BEZERRA, 2019). 
Bem como a participação dos homossexuais, onde o uso de drogas injetáveis 
como heroína era comum e havia também a questão do compartilhamento de 
 19 
seringas, (as agulhas), o que acarretaram em disseminações de doenças 
contagiosas como do vírus da imunodeficiência (HIV), causador da (AIDS) e sendo 
esta doença, atribuída diretamente aos homossexuais. 
Segundo Mesquita (1991) antes mesmo da elaboração da Política Sobre 
Drogas, e para se amenizar os riscos ou danos para a saúde de uma forma geral, 
usou-se estrategicamente a redução de danos, como tentativa de reduzir os danos, 
principalmente voltados para os usuários de drogas injetáveis - UDI’s, que pelo 
comportamento e reutilização de seringas e agulhas, assumiam comportamento de 
risco de contagio e de difusão do HIV e de Hepatites, o que denunciava à 
impaciência dos serviços de saúde mental, destinado a questão das drogas bem 
como a ineficácia dos tratamentos e a falta de clareza sobre a magnitude do 
problema. 
De acordo com Canolete e Soares (2005), os programas de prevenção ao uso 
de drogas no Brasil, entre eles a estratégia de redução de danos, foram cindidos em 
dois momentos distintos: o anterior e o posterior ao advento da AIDS; e ainda em 
relação a esta estratégia utilizada, eles afirmam que: independentemente da 
aceitação parcial ou total, o rompimento com o paradigma proibicionista é visível no 
âmbito acadêmico, embora não se tenha mais careza sobre a configuração do novo 
paradigma deste fenômeno, a droga. 
Ou seja, a estratégia de redução de danos, foram algumas das medidas na 
época, para conter tanto o uso quanto a disseminação do próprio contagio da 
doença, não sendo a saúde mental, medida suficiente para controlar esta 
abrangência situação. 
 
 
 20 
3. CONTEXTUALIZAÇÃO SOBRE A POLÍTICA DE DROGAS E FAMÍLIA 
 
A política de drogas necessita de uma discussão aprofundada com discussão 
e modelos que envolva a base familiar. Dado que a família é à base de formação do 
cidadão ou sociedade, “tem especial proteção do Estado” segundo afirma o Artigo 
226, datada em 05 de outubro de 1988 (SENADO FEDERAL, 2015, p. 1). 
A família tem vínculos sociais de pessoas que compõem as políticas públicas 
que influencia no processo de inserção social muito relevante que compuseram as 
transformações sociais que se estenderam para as políticas, culturais e econômicas, 
dado que os movimentos sociais são formados por cidadãos que compõem a 
sociedade, vinculada a família, e foi a partir da década de 80 que os movimentos 
sociais se intensificaram, conforme afirma que: 
 
[...] devido às constantes transformações sociais, políticas, culturais e 
econômicas, movimentos sociaisse organizaram de forma articulada, 
reivindicando por melhores condições de trabalho, educação, terra ou 
moradia e saúde, sendo o último tema amparado pela Lei Federal nº 
10.216/2001, que legitimou a reforma psiquiátrica na área da saúde mental, 
os usuários de álcool e outras drogas, passam a fazer parte dessa 
categoria, que por sua vez, fazem importantes reivindicações por melhores 
condições de vida e de saúde. Somada a esses movimentos, a epidemia da 
AIDS ao redor do mundo ganha espaço a estratégia de saúde 
denominada redução de danos (MACHADO; BORANI, 2013, p. 586). 
 
Assim sendo, a família ficou suscetível a essas transformações sociais, dentre 
elas o uso de drogas lícitas e ilícitas que não é um fenômeno atual. Contudo, a 
questão já vem sendo debatida de formas excludentes ou proibicionista, ou 
simplesmente, consideradas como caso de polícia e pelo viés de segurança pública 
e, mesmo sendo reconhecida e legitimada como uma prerrogativa de saúde pública 
mereceria uma atenção especial tanto por parte dos gestores, como por parte dos 
profissionais, especialmente, dos Assistentes Sociais, no trabalho, mediação e 
intervenção das expressões da questão social. Nesse sentido, de acordo com Costa 
(2009): 
 
Segundo a Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento 
apontada na Classificação Internacional de Doenças (CID-10), uma 
característica descritiva central da síndrome de dependência é o desejo de 
consumir drogas psicoativas (as quais podem ou não ter sido medicamentos 
prescritos), álcool ou tabaco. A Organização Mundial de Saúde afirma que 
se trata de um estado psíquico e às vezes físico resultante da interação 
entre um organismo vivo e uma substância... A Organização Mundial de 
Saúde reconhece a dependência química como uma doença porque há 
 21 
alteração da estrutura e no funcionamento normal da pessoa, sendo-lhe 
prejudicial. Não tem causa única, mas é produto de uma série de fatores 
(físicos, emocionais, psíquicos e sociais) que atuam ao mesmo tempo, 
sendo que às vezes, uns são mais predominantes naquela pessoa 
específica do que em outras. Atinge o ser humano nas suas três dimensões 
básicas (biológica, psíquica e espiritual), e atualmente é reconhecida como 
uma das expressões da questão social brasileira, à medida que atinge todas 
as classes sociais (COSTA, 2009, p. 3). 
 
Assim, houve um período em que a droga era compreendida como um 
remédio, uma vez que tinha a capacidade de eliminar a dor e de afastar os 
problemas. A Revolução Industrial levou a um crescente processo de urbanização, 
e, nesse contexto, surgiram múltiplas tecnologias, entre elas a do aprimoramento do 
processo de destilação do álcool e, como consequência, a problematização do uso e 
do abuso de drogas. Com isso, as drogas passaram da esfera religiosa à esfera 
biomédica e da Justiça (OBID, 2011). 
Ante os inúmeros agravos sociais, culturais, políticos e até religiosos, a 
questão das drogas transcendem perante estas expressões, atrelada as mais 
variadas facetas que, a partir das décadas de 80 e 90, a política de Redução de 
Danos se tornara hipossuficiente para atender tais demandas. 
Nesse sentido e como forma de prevenção pela RD, não bastava apenas às 
distribuições ou trocas de seringas, embora tenha sido constatada a diminuição das 
pessoas contaminadas pelo vírus da AIDS, o que por outro lado, agravou-se e 
intensificou-se o uso do álcool e outras drogas; sendo elaboras e instituídas Políticas 
Públicas para atender a estas problemáticas crescentes na sociedade e inclusive, 
passa a ser um determinante comum na desconfiguração das famílias brasileiras 
(MACHADO E MIRANDA, 2007). 
 Diante disto, o Estado elabora a Política Nacional sobre Drogas (PNAD), 
definida pelo Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas (Conab), que em 2005, 
previu a responsabilidade compartilhada entre União, Estados, Municípios e a 
sociedade brasileira, bem como a Secretaria Nacional Antidrogas com a Lei 11.343 
de 23 de agosto de 2006. 
A Política Pública sobre Drogas, comandada pela Secretária Nacional de 
Política Sobre Drogas (Senad), que, em conformidade com a Lei 11.343 de 23 de 
agosto de 2006, institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas Sobre Drogas 
(SISNAD) com a finalidade de articular, integrar, organizar e coordenar as políticas 
 22 
de prevenção, atenção, tratamento e reinserção social de usuários e dependentes 
de substâncias psicoativas. 
Com isso, Estados e municípios são os executores dessas políticas e que irá 
reforçar a aplicação de modelos de descriminalização do usuário de drogas e 
aumento das penas para quem prática o tráfico. Por meio desta, a Secretaria 
Nacional Antidrogas (SENAD) expõem: 
 
O consumo de drogas tem se mostrado um dos mais complexos e 
inquietantes fenômenos de nossos tempos, exigindo que o governo e a 
sociedade partilhem a responsabilidade na busca de alternativas que levem 
à sua melhor compreensão e abordagem. Segundo o secretário Nacional de 
Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça (Senad/MJ), Vitore 
Maximiliano, fala sobre a estratégia de governo na construção da agenda de 
combate ao abuso de drogas (BRASIL, 2014). 
 
 
Portanto, a responsabilidade do cumprimento das políticas públicas sobre 
drogas, é de responsabilidade não somente da União, como também do Estado e 
Municípios, ou seja, de forma descentralizada. E em consonância com Política 
Nacional de Drogas (PNAD), o Ministério da Saúde reconhece que a dependência 
química é um caso de saúde pública e há necessidade de ações para o tratamento e 
prevenção. Mas, se tratando de um assunto complexo e de grande relevância para a 
sociedade, é imprescindível que: 
 
A política de prevenção, tratamento e de educação para o uso e consumo 
de álcool e outra droga necessariamente terá que ser construída na 
interface de programas do Ministério da Saúde com outros Ministérios, bem 
como com setores da sociedade civil organizada (BRASIL, 2004, p. 7). 
 
Nesse sentido, tanto os gestores da Política Nacional de Drogas, quanto o 
Ministério da Saúde, entendem a urgência e a complexidade que envolve toda a 
emblemática e problemática questão, que arrasta por toda uma estrutura na 
sociedade brasileira mediante a insuficiência de equipamentos sociais, para o 
tratamento de dependentes químicos, e o apoio financeiro ás entidades da 
sociedade civil, bem como a falta de ações preventivas com as famílias, aumentando 
os desafios em lidar com as expressões da questão social (COSTA, 2009). 
No país, há vários projetos de leis extensivos em relação ao dependente 
químico, um esquema de forma estrutural, porém não eficiente por falta até mesmo, 
de locais apropriados ou legalizados perante aos Conselhos ou Secretarias de 
Política Sobre Drogas. Porém, o foco aqui neste trabalho é voltado para as famílias 
 23 
dos dependentes químicos, pois, assim como o dependente ou usuário, a família 
adoece junto com seu familiar. 
Sendo está uma problemática e parte de um conjunto das expressões da 
questão social que, a cada dia que passa, há um número crescente de dependentes 
químicos e que, por consequência disso, um elevado número de familiares vem 
tendo que lidar com esta questão. 
Nesse sentido, em virtude destes agravos recorrentes tanto na sociedade 
quanto no bojo familiar e devido a movimentos sociais reivindicando por projetos 
voltados para a família e até mesmo pelo reconhecimento da categoria profissional 
do Serviço Social, que visava uma atenção ampla, pois a problemática não se 
concentrava apenas no usuário, como também na família, por sentir e sofres com os 
efeitos que o uso abusivo de álcool e outras drogas vêm acarretar. 
Mediante ao exposto, a Política Nacional Sobre Drogas com a Lei 11.343 de 
23 de Agosto de 2006, em diligencia com a operacionalidade, efetividade e 
cumprimento desses deveres, implanta e exercita diretrizes, programas e projetos, 
que venham atender a estas demandas, natentativa de amenizar tais agravos e 
riscos sociais que, através das políticas públicas sociais, possam não somente 
atender ao dependente químico, mas também, seu familiar, devido a aspectos 
variantes entre inclusão e exclusão, o que a torna uma expressão da questão social, 
compondo vários agravos sociais, dentre eles a questão da marginalidade, 
criminalidade, preconceito, discriminação, exclusão, entre outros presentes no 
mundo capitalista. 
E para dar objetividade e efetividade com programas familiares, a Política 
Nacional Antidrogas tem como alguns de seus objetivos: 
 
Educar, informar, capacitar e formar pessoas em todos os segmentos 
sociais para a ação efetiva e eficaz da redução da demanda, da oferta e de 
danos, fundamentada em conhecimentos científicos validados e 
experiências bem-sucedidas, adequadas à nossa realidade (BRASIL, 2011). 
 
Neste sentido, o termo Família ganha destaque, sendo incorporada nas 
políticas públicas brasileiras despertando assim, debate em torno do trabalho com a 
família que por muito tempo, ficou ignorado pelos profissionais do Serviço Social 
brasileiro. Sendo que, no Sistema Único de Assistência Social – SUAS, possuem 
princípios e eixos estruturantes, a matricialidade sociofamiliar, que independe de 
 24 
qualquer situação, o indivíduo, de algum modo, se vincula a uma família, e esta 
família, por sua vez, seria o “núcleo social básico da acolhida, convívio, autonomia, 
sustentabilidade e protagonismo social” (BRASIL, 2009, p. 90). Contudo, a família 
não é apenas uma construção privada, mas tem um papel importante na 
estruturação da sociedade em seus aspectos sociais, políticos e econômicos. 
Mioto et al.(2004) afirmam que é a família que “cobre as insuficiências das 
políticas, ou seja, longe de ser um refúgio num mundo sem coração é atravessada 
pela questão social”. De acordo com este papel importante que a família expressa, 
ao mesmo tempo tem sido posta a provações constantes, principalmente quando se 
envolve o uso de substancias psicoativo por membros familiares. Sendo que, para 
algumas pessoas, o uso pode levar ao vicio, que por sua vez, irá afetar diretamente 
a família. 
Ou seja, toda família “adoece” junto e todos os relacionamentos familiares se 
tornam fragilizados, (dês) configuram-se valores familiares, humanos, morais e em 
alguns casos, são cercados de todos os tipos de violência. Diante deste contexto de 
relação de conflitos familiares, cabe ao profissional do Serviço Social, intermediar 
junto a estas famílias, estratégias que permitirá com que laços e vínculos sejam 
fortalecidos e também, contribuirá com o dependente químico em sua reabilitação. 
Sendo assim a questão social está intrinsecamente atrelada ao fazer 
profissional do Serviço Social e sua articulação com a Rede de Atendimento, com 
base na Lei de Regulamentação da Profissão nº 8.662 onde estão dispostas as 
competências e atribuições do fazer profissional, a Política Nacional da Assistência 
Social (PNAS) e a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) nº 8.742 “que 
regulamenta esse aspecto da Constituição e estabelece normas e critérios para 
organização da assistência social”, (LOAS, 2009, p, 4), que é um direito e está 
disposto no artigo 203 e 204 da Constituição Federal de 1988, que diz que a 
assistência social é um direito a quem dela necessitar, independente de contribuição 
à seguridade social e este, exigem definições de leis, normas e critérios objetivos, 
bem como “devem ser organizadas e realizadas” (LOAS, 2009, p. 9). 
E que, de acordo com os artigos 203 e 204 da LOAS corroboram com o 
CAPÍTULO I do LOAS/NOB em seu Artigo 2°, onde diz que é dever do Estado 
prover proteção “a família, a maternidade, a infância, a adolescência e a velhice” 
(LOAS. 2009, p, 6). 
 25 
Neste sentido, o cumprimento desses artigos legitima e ressalta a importância 
de se garantir esses acessos aos direitos constitucionais de pessoas ou familiares 
que se encontrem sem situação de vulnerabilidade social. Para isso, a assistência 
social tem como objetivo, garantir a proteção desses indivíduos. 
 
3.1 FAMILIA NO CONTEXTO CONTEMPORANÊO 
 
Para dar início a essa temática, faz-se necessário trazer a definição de 
nomenclatura “família”, que por meio dessa, a Organização Mundial da Saúde expõe 
que: 
Família é um conjunto de pessoas que se relacionam entre si, podendo 
apresentar uma diversidade de modelos familiares, e na maioria das vezes, 
residem em um mesmo lar, todo tem direito a pertencer a algum tipo de 
família sem distinção, ou seja, “família é gente com quem se conta” é aquele 
em que se pode confiar e contar nas horas boas e más (ONU, 1993, s/p). 
 
Contudo logo após essa definição, torna-se necessária a compreensão 
histórica desta trajetória e de como surgiu o conceito de família. Diante disso, 
configuraram-se no século XVI, pensamentos de uma estrutura com formato familiar 
que, segundo Ariés (1978: 154), uma nova fase da família nasce junto com a 
transformação do tratamento dado à criança, passando ela a existir na vida do 
adulto com uma relação mais sentimental, pois, antes, a família não alimentava um 
sentimento de preocupação tão ativo entre pais e filhos, o que por certo “não 
significava que os pais não amassem seus filhos”. 
Surgiu, com isso, naquela época à descoberta da criança no mundo familiar e 
a vida em família, não havendo mais a separação entre sentimento familiar e 
infância; sendo a linhagem um ponto relevante para a época, pois existia um vínculo 
solidário a todos os descendentes de um mesmo ancestral. 
Nesse caso, a linhagem, os bens familiares e a permanência do nome eram 
as preocupações fundamentais, não havendo nenhuma preocupação com a 
intimidade. Assim pode-se concluir que ao contrário do sentimento de linhagem da 
Idade Média “o sentimento de família estava ligado a casa, ao governo da casa e à 
vida da casa” (ARIÈS, 1978, p.153). 
De acordo com GUEIROS (2002), o cenário brasileiro apresentou também 
diversas e significativas mudanças na configuração da família patriarcal, em especial 
a brasileira, era baseada nos moldes das famílias portuguesas que haviam chegado 
 26 
durante o período da colonização no Brasil. Nessa época os colonos eram 
preocupados apenas com seus próprios interesses e as famílias funcionavam com 
um verdadeiro clã: viviam mulher, filhos, escravos, parentes e os agregados da 
família incluindo até mesmo as concubinas e filhos ilegítimos. 
 O mesmo ainda afirma que este era um modelo de família mais voltado para 
o isolamento social, não existia intimidade ou privacidade devido ao grande número 
de pessoas que conviviam na casa grande. Nesse sentido, GUEIROS (2002, p. 107) 
denomina família patriarcal como: 
 
A família na qual os papéis do homem e da mulher e as fronteiras entre 
público e privado são rigidamente definidos; o amor e o sexo são vividos 
sem instâncias separadas, podendo ser tolerado o adultério por parte do 
homem e a atribuição de chefe da família é tida como exclusivamente do 
homem. 
 
Assim sendo, não havia relação afetiva nem respeito mútuo entre os 
conviventes, tendo como principal preocupação, transmitir para a sociedade a falsa 
idéia de família “perfeita”, devido há constantes evoluções, no século XIX, esse 
processo de modernização gerou novos questionamentos sobre o modelo centrado 
no pai e na sua autoridade. 
Porém nessa época, o casamento passa anão ser mais escolhido pelo pai, 
sendo assim, “introduzida à fase da família conjugal moderna, onde há a separação 
do amor e do sexo e surgem novos papéis e funções sociais para homens e 
mulheres” (GUEIROS, 2002, p. 107). 
Não obstante as primeiras metamorfoses significativas passam a ocorrer no 
período da industrialização, como salienta Prado (1981, p. 37), “com a 
industrialização e a produção de bens em grande escala, as funções familiares 
foram se transformando e se restringindo, e hoje podemos indicar comoainda 
prioritárias e exclusivas”. 
Nessa situação, ao separarmos o mundo do trabalho do mundo familiar, 
acabou-se auxiliando no processo de transformação da família de pública para 
privada. O meio econômico a industrialização e a urbanização são as principais 
influências para as primeiras grandes modificações familiares (SANTOS 2005). 
Portanto, com o desenvolvimento industrial das grandes cidades e 
principalmente do trabalho fabril, mulheres se ingressam no mercado de trabalho 
sendo este um ponto importante para a organização familiar e uma organização á 
 27 
mais para a mulher, fato este que enfraqueceu ainda mais o sistema patriarcal que já 
estava sendo questionado (SAMARA, 2002). 
Nesta mesma direção, Hobsbawn (2002, pp. 304, 305 apud QUIRINO, 2012, 
p. 91) complementa: que “a grande mudança que afetou a classe operária, e 
também a maioria dos outros setores da sociedade desenvolvidas no “Breve século 
XX”, foi o papel impressionante desempenhado pelas mulheres; sobre tudo, as 
mulheres casadas”. 
De tal forma, estas constantes mudanças, puderam proporcionar além da 
inserção da mulher no mercado de trabalho, gerando fonte de renda a família, 
mudanças na legislação brasileira, o ganho de expressiva relevância em relação aos 
filhos legítimos e os ilegítimos passarem a ter os mesmos direitos, além disso, a 
Constituição Federal de 1988 passa a reconhecer a família de forma mais ampla, 
modificando sua concepção de família centrada apenas no casamento, assegurando 
uma maior proteção ao casamento, a união estável e as famílias monoparentais. 
 Consequentemente reconhece-se também que todos são iguais perante a lei, 
tendo igualdade de direitos e obrigações, o divórcio, passa a ser simplificado, 
trazendo preocupações com a dignidade da pessoa humana e da paternidade 
responsável, definido por outros arranjos e tipologias familiares, como aponta alguns 
dos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do ano de 2010, 
onde foram identificadas diferentes estruturações familiares, sendo que, estes dados 
já teriam sido ultrapassados em 51 % das famílias nucleares que, ao mesmo tempo, 
esse aumento não quer dizer que a família nuclear está sendo eliminada, mas que, 
na verdade, o que vem acontecendo, é o novo surgimento de novos arranjos de 
família. 
Nesse exposto, foi listado de 19 tipos de parentesco encontrado no Brasil. 
Enfatiza ainda que houvesse uma grande mudança na composição familiar, nas 
relações de parentesco e também nas relações sociais que ocasionaram a formação 
de não somente uma, mas de novas famílias (IBGE, 2010). 
 
Nuclear Simples, formada por um casal e seus filhos; Mononuclear, 
constituída por um casal sem filhos; Monoparental Simples, a qual pode ser 
feminina ou masculina e é organizada em torno de uma figura que não tem 
companheiro residindo na mesma casa, podendo ou não residir com os 
filhos; Nuclear Extensa, família nuclear com agregado adulto coabitando; 
Nuclear com Avós Cuidando de Netos, casal de avós que cuida de netos 
com menos de 18 anos; Nuclear; Reconstituída, casal cujo um ou ambos os 
cônjuges já tiveram outra união anterior, podendo ter filhos ou não; Nuclear 
 28 
com Crianças; Agregadas, família monoparental que cuida de crianças que 
não são filhos; Monoparental extensa, família monoparental com agregado 
adulto residindo na mesma casa; Atípica, individual adultos/adolescente 
coabitando sem vínculos sanguíneos, incluindo também pessoas que 
moram sozinhas e casais homossexuais (SOUZA; PERES, 2002 apud 
LEGNANI, s/ano, p. 2). 
 
 
Nesse sentido, a Norma Operacional Básica do Sistema Único da Assistência 
Social (NOB/SUAS, 2005: 23) que define a família como um “núcleo básico de 
sustentação afetiva, biológica e racional”. Logo, o Programa Nacional de Assistência 
Social (PNAS, 2004: 25) conceitua família como sendo “o grupo de pessoas que se 
acham unidas por laços consanguíneos, afetivos e, ou de solidariedade”. 
Diante disto, os novos arranjos familiares reconstituídos existentes na 
sociedade contemporânea como; recompostas, recombinadas, mosaicos, 
agrupadas, mistas dentre outros, visto que atualmente, o que se diferencia do 
passado, que independentemente, há uma relação afetiva, de respeito, cuidado e 
liberdade. 
Por conseguinte, apesar de toda essa definição e conceitos apontados acima, 
a família contemporânea está se transformando rapidamente devido as expressões 
da questão social e que, neste sentido, o consumo de substâncias psicoativas é um 
fator que interfere brutalmente nessa relação e estruturação familiar; por meio desta 
fez-se necessário à elaboração de políticas sobre drogas voltadas para o 
atendimento familiar que será abordado no subtítulo a seguir. 
 
3.2 A FAMILIA NO CONTEXTO DAS POLITICAS SOBRE DROGRAS. 
 
De acordo com as metamorfoses ocorridas no mundo com as drogas, sendo 
essa uma substancia que sempre vai existir, o mesmo ocorre com a família, ambos 
com a sua complexidade que, precisam ser tratadas de formas coletivas, 
Intersetoriais e integradas, pelos diferentes atores sociais envolvidos. 
Diante disso, a família vem sendo cada vez mais essencial e também 
responsável pelo desenvolvimento dos cidadãos, desfazendo a tese de que a 
família, no estado de direitos, seria prescindível e substituível. A família tem papel 
fundamental, expresso na Constituição Brasileira de 1988, de acordo com seu artigo 
227, que cita o dever de assegurar os direitos da infância e da família, da sociedade 
e do Estado. Porém o artigo 226 declara que a família é a base da sociedade e tem 
 29 
especial proteção do Estado, retomando para o Estado a obrigação legal de 
estabelecer políticas públicas de proteção às famílias (BRASIL, 2003). 
Sendo assim, a família é uma instituição privada e insubstituível, que vem 
“cobrindo” as ineficiências do Estado, no que diz respeito ao cumprimento dessas 
leis, cabendo à família, adotar medidas secundarias para tentar obter um resultado 
menos desmoralizante. Faz-se, então, necessário ponderar que ao lidar com o 
ambiente familiar, estamos trabalhando com um grande colaborador e não com o 
principal responsável pelo manejo adequado da dependência ao álcool e outras 
drogas. 
De acordo com Costa et. al. (2009) trabalha-se com a perspectiva de se 
desconstruir a idéia de que o problema ou a culpa é ou da família, ou da pessoa, ou 
da escola para uma compreensão na qual se reconhece a participação de cada 
segmento e também o potencial de ação de cada um no enfrentamento das 
dificuldades que se apresentam no cotidiano e na sociedade como um todo. 
Todavia no Brasil, muito se é trabalhado com a questão do dependente 
químico na sua inclusão, com políticas de atendimento, acolhimento, desintoxicação 
entre outros, na tentativa de reintegrá-lo a sociedade. 
Sendo que, no Sistema Único de Assistência Social (SUAS), possuem 
princípios e eixos estruturantes, a matricialidade sócio familiar, que independe de 
qualquer situação, o indivíduo, de algum modo, se vincula a uma família, e esta 
família, por sua vez, seria o “núcleo social básico da acolhida, convívio, autonomia, 
sustentabilidade e protagonismo social” (BRASIL, 2009, p. 90). 
Nesse ponto de vista, a família também adoece, sem apoio institucional, se 
torna parte integrante das expressões, tendo a necessidade de existir uma política 
que viesse atender, além do dependente químico, o familiar, que vivencia toda 
complexidade existente em torno da questão social, além de ser uma questão de 
saúde pública. 
Perante o exposto, para atender a estas expressões da questão social, a 
Política de Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogas, o Ministério da 
Saúde, estabelece a construção de redes assistenciais, composta pelo serviço 
substitutivo, o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Capsad), que tem a 
finalidade de prestar atendimento à população com problemas decorrentes do uso 
de álcoole de outras drogas, proporcionando atividades terapêuticas e preventivas à 
 30 
comunidade, buscando entre outras estratégias, oferecer cuidados aos familiares 
dos usuários do serviço (BRASIL, 2011). 
Portanto, sendo esta uma questão de saúde pública, a reforma psiquiátrica, 
aborda esta temática com bastante atenção, tanto para as pessoas quanto ao 
familiar que enfrentam problemas com o uso/abuso de álcool e outras drogas, que 
consiste em cuidados e tratamentos ambulatoriais, com modelos de redução de 
danos, e acima de tudo, garantindo seus direitos, o que só poderá acontecer a partir 
do momento em que se estrutura uma rede de cuidados Intersetoriais, que trabalhe 
com a lógica da diminuição dos fatores de risco e ampliação dos fatores de proteção, 
respeitando a diversidade e complexidade, tanto no que se refere às famílias, quanto 
à dependência de álcool e outras drogas. 
Sendo assim, para realizar este tipo de atendimento, O CAPS é responsável 
em oferecer suporte e apoio aos familiares para manter e fortalecer vínculos afetivos 
entre usuários e familiares, enfatizando a importância da presença da família no 
serviço. (BRASIL, 2004) 
Ou seja, é relevante para esse familiar, ter este suporte profissional, pois é 
através desse suporte que a família irá tomar consciência de que a drogadição se 
trata de uma doença e que é acometida em todas as áreas da sociedade. 
Nessa continuidade, os CAPS, assim, como os NAPS (Núcleos de Atenção 
Psicossocial), os CERSAMs (Centros de Referência em Saúde Mental) e outros 
tipos de serviços substitutivos que têm surgido no país, atualmente são 
regulamentados pela Portaria nº 336/GM, de 19 de fevereiro de 2002 e integra a 
rede do Sistema Único de Saúde, o SUS. 
Essa portaria reconheceu e ampliou o funcionamento e a complexidade dos 
CAPS, que têm a missão de dar um atendimento diuturno às pessoas que sofrem 
com transtornos mentais severos e persistentes, num dado território, oferecendo 
cuidados clínicos e de reabilitação psicossocial, com o objetivo de substituir o 
modelo hospital acêntrico, evitando as internações e favorecendo o exercício da 
cidadania e da inclusão social dos usuários e de suas famílias. 
Não obstante é indispensável à descrição de cada CAPS e suas 
especialidades conforme o quadro a seguir: 
 
 
 
 31 
 
 
Quadro 01 - Especialidades do CAPS 
 
CAPS I. 
Para atendimento diário de adultos, em sua população de abrangência, com 
transtornos mentais severos e persistentes. 
CAPS II 
Para atendimento diário de adultos, em sua população de abrangência, com 
transtornos mentais severos e persistentes. 
CAPS III. 
Para atendimento diário de adultos, em sua população de abrangência, com 
transtornos mentais severos e persistentes. 
CAPS I. 
Para infância e adolescência, para atendimento diário a crianças e adolescentes 
com transtornos mentais. 
CAPS AD. 
Para usuários de álcool e drogas, para atendimento diário à população com 
transtornos decorrentes do uso e dependência de substâncias psicoativas, como 
álcool e outras drogas. Esse tipo de CAPS possui leitos de repouso com a 
finalidade exclusiva de tratamento de desintoxicação. 
Fonte: Ministério da Saúde. 
 
 
De acordo com o Ministério da Saúde o CAPS é um serviço de saúde aberto 
e comunitário do (SUS). Ele é um lugar de referência e tratamento para pessoas que 
sofrem com transtornos mentais cuja severidade e/ou persistência justifiquem sua 
permanência num dispositivo de cuidado intensivo, comunitário, personalizado e 
promotor de vida. 
O objetivo dos CAPS é oferecer atendimento à população, por meio do 
acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, 
lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários 
(BRASIL, 2004). Portanto, acredita-se que essas ações podem repercutir em 
fortalecimento dos membros da família e contribuir na recuperação dos usuários, 
aumentando assim as chances de sucesso no tratamento. 
Nesse sentido, e frente a esta demanda e todo contexto que se envolvem 
estas problemáticas, o profissional enfrenta relevantes desafios, bem como, 
entender as dimensões da drogadição no cenário familiar, a atenção e participação 
da família, estigmas e estereótipos impostos pela sociedade e a própria reintegração 
deste individuo, tanto no convívio familiar quanto na sociedade como num todo 
(BRASIL, 2004). 
Nessa perspectiva, e diante da insuficiência do Estado em atingir um 
resultado mais eficaz, visto que, tendo apenas o Capsad, como referência ao 
acompanhamento familiar, outras entidades sem fins lucrativos também atuam 
nessa conjuntura, tentando transformar o meio e convívio social desses familiares 
 32 
que, em muitos casos, já esgotaram seus recursos e se encontram sem expectativa 
de vida. 
Sendo assim, a atenção integral também incorpora ações de promoção de 
saúde, prevenção de agravos e assistência primária, secundária, terciária e de 
redução de danos, que devem ser realizadas em parceria entre organizações 
governamentais e não governamentais. 
Resgata as diversas competências e responsabilidades, inclusive familiares e 
dos usuários de álcool e outras drogas. A intersetorialidade é, portanto, a articulação 
entre sujeitos de setores sociais diferentes, e, portanto, com saberes, poderes e 
vontades diversos, para enfrentar problemas ou situações complexas e/ou 
abrangentes (FEUERWERKER; COSTA, 2000). 
Nesse seguimento, muitas famílias buscam apoio em reuniões familiares, 
como no grupo familiar dos Alcoólicos Anônimos (AA) AL-ANON/ALATEEN, ou em 
Narcóticos Anônimos (NA), NARANOM; cuja discussão central, é conhecer a doença 
denominada de Codependência, que vem a ser um termo da área de saúde, usado 
para se referir a pessoas fortemente ligadas emocionalmente a uma pessoa com 
séria dependência física e/ou psicológica de uma substância (como álcool ou drogas 
ilícitas) ou com um comportamento problemático (BENJAMIN, 2000). 
Sendo assim, a temática a seguir, irá trazer a discussão da atuação do 
profissional do Serviço Social, na perspectiva teórica metodológica, diante da análise 
crítica e humanizada, na tentativa de compreender, de que forma se dá a atuação, 
mediação e intervenção junto a familiares e/co-dependentes de álcool e outras 
drogas; bem como, de que forma acontece esse processo de relação do profissional 
com a família. 
 
 33 
4. ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA POLÍTICA SOBRE DROGAS 
 
Primeiramente, se faz relevante citar que a inserção do assistente social nas 
políticas publica sociais, se deu devido à contradição existente entre o capital e o 
trabalho gerando múltiplas expressões no meio social, político e econômico, sendo 
este, objeto de estudo, trabalho e intervenção do Serviço Social. 
Para tanto, o Serviço Social tem, como objeto de trabalho, a questão social 
em suas múltiplas faces. O (a) Assistente Social atua na sociedade com o objetivo 
de transformá-la, a partir da intervenção nas expressões da questão social. 
 
O objeto de trabalho do Assistente Social [...] é a questão social. É ele, em 
suas múltiplas expressões, que provoca a necessidade da ação profissional 
junto à criança e ao adolescente, ao idoso, a situações de violência contra a 
mulher, à luta pela terra, etc. Essas expressões da questão social são a 
matéria prima ou o objeto de trabalho profissional (IAMAMOTO 
2000 apud ALMEIDA, 2009, p. 3). 
 
Diante disso, a sociedade capitalista é berço das expressões da questão 
social, pois as desigualdades sociais geram violência, pobreza, criminalidade, e 
muitas outras situações de vulnerabilidade. Desse modo, o (a) profissional do 
Serviço Social é interpelado a agir nesse meio, contribuindo para que os indivíduos 
conquistem seus direitos. 
E nas demandas da questão social o (a) Assistente Social deve estar munido 
de conhecimento para articular as políticas sociais, atender ao usuário e promovê-lo, 
através deorientações e ações interventivas que o auxilie na melhoria das 
condições de vida. Assim, o processo de trabalho, segundo Granemann (apud 
FALCÃO, 2011, s.p.) tem: 
 
O cotidiano da intervenção profissional como um processo múltiplo e 
diversificado, onde não há somente um, mas, sim, diferenciados processos 
de trabalho cujos diferentes processos de trabalho – o trabalho concreto e o 
abstrato – exigem de cada trabalhador conhecimentos, objetos de trabalho 
e instrumentais particulares. 
 
Portanto, para que este profissional venha de fato contribuir com a mudança 
do ser social e ontológico, sendo ele o protagonista de sua própria vida, o (a) 
profissional do Serviço Social exerce papel importante que contribui para que 
ocorram significativas transformações na vida dos indivíduos, sobretudo, os que 
 34 
vivem em situações de vulnerabilidade; precisam estar ancorados em seu Código de 
Ética Profissional. 
O Código de Ética do Serviço Social, regulamentado pela lei nº 8.662 de 7 de 
junho de 1993 (CFESS, 1993, art. 4º), estabelece as seguintes competências do(a) 
Assistente Social: 
 
I - Elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais junto a órgãos 
da administração pública, direta ou indireta, empresas, entidades 
organizações populares; 
I - Elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que 
sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com participação da 
sociedade civil; 
III - encaminhar providências, e prestar orientação social a indivíduos, 
grupos e à população; 
IV - (Vetado); Lei n º 8.662 de 7 de junho de 1993. 
V - Orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no sentido 
de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na 
defesa de seus direitos; 
VI - Planejar, organizar e administrar benefícios e Serviços Sociais; 
VIII - Prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública 
direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, com relação às 
matérias relacionadas no inciso II deste artigo; 
X - planejamento, organização E administração de Serviços Sociais e de 
Unidade de Serviço Social; 
XI - Realizar estudos socioeconômicos com os usuários para fins de 
benefícios e serviços sociais junto a órgãos da administração pública 
direta e indireta, empresas privadas e outras entidades (CFESS, 1993, 
art. 4º). 
 
Nessa acepção, permite ao profissional, atuar em diversos espaços sócios 
ocupacionais, pois, o mesmo se encontra respaldado de seus direitos e deveres, 
para com aqueles que necessitam de uma intervenção profissional seja ele em 
quaisquer espaços de enfrentamento. 
Nesse sentido, essas transformações societárias em suas diversas 
dimensões histórica, social, cultural e política, é parte do enfrentamento das 
expressões da questão social, que os (as) Assistentes Sociais, segundo Silva 
(2007), “vêm construindo respostas aos desafios e às demandas do contexto 
adverso, buscando instrumentos que sejam efetivos no processo de trabalho” 
(SILVA, 2007, p. 38). 
Nesse seguimento, de acordo com Silva (2007) o objetivo do Serviço Social, 
assim como o processo de trabalho do (a) Assistente Social, “se define na direção 
da cidadania, na perspectiva dos direitos, da participação, da democratização dos 
bens e serviços, da distribuição da renda, enfim, da emancipação e da 
independência dos sujeitos” (SILVA, 2007, p. 38). 
 35 
Sendo assim a questão social está intrinsecamente atrelada ao fazer 
profissional do Serviço Social que, com base na Lei de Regulamentação da 
Profissão nº 8.662 onde estão dispostas as competências e atribuições do fazer 
profissional, a Política Nacional da Assistência Social (PNAS) e a Lei Orgânica da 
Assistência Social (LOAS) nº 8.742 “que regulamenta esse aspecto da Constituição 
e estabelece normas e critérios para organização da assistência social”, (LOAS, 
2009, p. 4), que é um direito e está disposto no artigo 203 e 204 da Constituição 
Federal de 1988, que diz que a assistência social é um direito a quem dela 
necessitar, independente de contribuição à seguridade social e este, exigem 
definições de leis, normas e critérios objetivos, bem como “devem ser organizadas e 
realizadas” (LOAS, 2009, p. 9). 
Desta forma, o Estado sozinho, não consegue suprir estas demandas que na 
atualidade, vem tomando novas proporções. Sendo assim, o Estado transfere essa 
responsabilidade que é dele para a sociedade civil organizada, para que possa 
minimamente sanar parte dessas desigualdades. 
Diante disso, a política de enfrentamento, conta com os artigos 203 e 204 da 
Lei Orgânica da assistência social (LOAS) corroboram com o CAPÍTULO I do 
LOAS/NOB em seu Artigo 2°, onde diz que é dever do Estado prover proteção “a 
família, a maternidade, a infância, a adolescência e a velhice” (LOAS, 2009, p. 6). 
Neste sentido, o termo Família ganha destaque, sendo incorporada nas 
políticas públicas brasileiras despertando assim, debate em torno do trabalho com a 
família que por muito tempo, ficou ignorado pelos profissionais do Serviço Social 
brasileiro. Diante disso, a política de enfrentamento, conta com os artigos 203 e 204 
da Lei Orgânica da assistência social (LOAS) corroboram com o CAPÍTULO I do 
LOAS/NOB em seu Artigo 2°, onde diz que é dever do Estado prover proteção “a 
família, a maternidade, a infância, a adolescência e a velhice” (LOAS, 2009, p. 6). 
Todavia, o termo Família ganha destaque, sendo incorporada nas políticas 
públicas brasileiras despertando assim, debate em torno do trabalho com a família 
que por muito tempo, ficou ignorado pelos profissionais do Serviço Social brasileiro. 
Matos (2016, p. 2) nesse sentido afirma que isso se deu “devido aos inúmeros 
fatores geradores quando um ou mais membro de uma família faz uso problemático 
de substâncias químicas dependentes”, e diante a esse problema “a família é a 
primeira a sofrer os danosos impactos, no qual os conflitos surgem e se tornam 
comuns, gerando sentimento de tristeza, culpa e frustração”. 
 36 
4.1 ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL JUNTO AOS DEPENDENTES QUIMICOS. 
 
No que diz respeito à atuação dos (as) Assistentes Sociais em relação à 
dependência química têm sido basicamente, no Centro de Atenção Psicossocial – 
Álcool e Drogas (CAPS AD) e em Comunidades Terapêuticas (CTs). As atribuições 
do Serviço Social no CAPS AD consistem em auxiliar os usuários, na reinserção 
social, identificando as “causas” da dependência química, de acordo com os 
objetivos do equipamento: 
 
Um CAPS ad tem como objetivo oferecer atendimento à população, 
respeitando uma área de abrangência definida, oferecendo atividades 
terapêuticas e preventivas à comunidade, buscando: 1. Prestar atendimento 
diário aos usuários dos serviços, dentro da lógica de redução de danos; 2. 
Gerenciar casos, oferecendo cuidados personalizados; 3. Oferecer 
atendimento na modalidade intensiva, semi-intensiva e não intensiva, 
garantindo que usuários de álcool e outras drogas recebam atenção e 
acolhimento; 4. Oferecer condições para o repouso e desintoxicação 
ambulatorial de usuários que necessitem de tais cuidados; 5. Oferecer 
cuidados aos familiares dos usuários dos serviços; 6. Promover, mediante 
diversas ações, a reinserção social dos usuários; 7. Trabalhar, junto a 
usuários e familiares, os fatores de proteção para o uso e dependência de 
substâncias psicoativas, buscando ao mesmo tempo minimizar a influência 
dos fatores de risco para tal consumo; 8. Trabalhar a diminuição do estigma 
e preconceito relativos ao uso de substâncias psicoativas, mediante 
atividades de cunho preventivo/educativo (BRASIL, 2013, s.p.). 
 
Nesse sentido, o profissional de Serviço Social é sempre desafiado a 
trabalhar de maneira perceptiva, critica, analisando, elaborando e fortalecendo as 
políticas sociais já existentes, com intuito de executá-las de forma eficaz para poder 
prestar um acesso e atendimento de qualidade aos seus usuários 
independentemente do seguimentoe especialidades em qual for atuar. 
Assim como já fora mencionado, as Comunidades Terapêuticas vêm atuando 
como entidades do terceiro setor que realizam as ações que o Estado não oferece à 
população, embora colabore com subsídio financeiro. E da mesma forma o (a) 
Assistente Social intervém junto aos dependentes químicos na reinserção social, 
mas, de acordo com as normas da instituição. Worner (2015, p. 180) afirma que: 
 
[...] o assistente social tem reconhecimento em suas funções e sua visão é 
compartilhada de forma igualitária para com os demais membros da equipe 
multidisciplinar, sem perder suas particularidades, tendo participação efetiva 
em grande parte das atividades da instituição e nas reuniões da equipe 
técnica (WORNER, 2015, p. 180). 
 
 37 
Sendo assim, as comunidades terapêuticas atuam com um importante papel, 
de reinserir este usuário de álcool e outras drogas ao seio familiar e social, 
permitindo que o mesmo reaprenda a viver na sociedade como um todo, 
principalmente, aprenda sobre a doença da adicção, que é progressiva, incurável e 
fatal e que diante de tais limitações do individuo, proporciona um novo conceito de 
vida, mesmo que limitado. 
Por fim, pode-se dizer que não existe ainda uma ação preventiva definida e 
sistematizada dos (as) profissionais do Serviço Social, no trabalho de prevenção à 
dependência química, mas existe um processo iniciado, segundo Rodrigues (2006, 
p. 159), “o assistente social ainda está buscando o lugar e o papel do Serviço Social 
dentro da área de dependência química”. A necessidade é real e urgente, dadas às 
atribuições do Serviço Social dentro das políticas públicas: 
 
A necessidade de se construir caminhos para a prevenção ao uso de 
drogas é imperativa na contemporaneidade e considerando a 
responsabilidade do Estado no desenvolvimento das ações, partiu-se da 
intersetorialidade entre políticas públicas, em especial assistência social e 
saúde, como possibilidades de construção de programas efetivos de 
prevenção ao uso de drogas. Com o paradigma do indivíduo como sujeito 
de direitos desenvolvido nas políticas públicas principalmente a partir da 
Constituição de 1988 e especificamente na política de assistência social a 
partir de 1993, com a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), a 
prevenção ao uso de drogas pode desenvolver-se inclusive no âmbito da 
defesa de direitos, entre eles o direito à vida, previsto também nas ações da 
política pública de saúde, que parte da necessidade de garantir ao indivíduo 
condições para o seu pleno bem estar físico mental e social (SANTOS; 
FREITAS, 2012, p. 8). 
 
Portanto, diante dos desafios que o profissional tende a enfrentar, encarando 
processos que, de um lado, tendo em vista a “defesa intransigente dos direitos 
humanos”, princípio fundamental do Código de Ética Profissional que orienta as 
práticas cotidianas do Serviço Social, singularmente aqui, na prevenção da 
dependência química e, de outro lado, a complexidade do uso abusivo e a 
dependência de álcool e demais drogas, como uma questão de saúde pública, que 
rebate nos aspectos sociais, psicológicos, econômicos e políticos. 
Sendo assim, o que acaba repercutido “é sempre uma visão simplista e 
reducionista, preconceituosa e moralista, presentes na sociedade, na mídia em geral 
e até mesmo em alguns espaços institucionais” que mantêm uma visão distorcida da 
intervenção, dificultam o processo de consolidação dos avanços e conquistas das 
políticas públicas (CFESS, 2016). 
 38 
Ainda nesse sentido, o que se observa é que se reforçam ações autoritárias e 
higienistas, submetendo a pessoa com dependência química à lógica da moralidade, 
culpabilizando-os pelos seus fracassos e recaídas, sem inseri-la, de fato, nas 
políticas públicas para uma atenção integral baseada no respeito à dignidade. Tais 
práticas são agravadas, na medida em que se apresentam revestidas de idéias de 
acolhimento institucional. 
Diante disso, para uma melhor atuação profissional, entende-se que o (a) 
Assistente Social cria condições para mobilização e organização de serviços e ações 
para fortalecer o Sistema Único de Saúde, defendendo o caráter público da 
seguridade social. Desempenha ações profissionais construídas no processo do 
trabalho profissional assim direcionado: 
 
Os processos político-organizativos correspondem à articulação de um 
conjunto de ações, dentre as quais se destacam a mobilização e a 
assessoria, incrementando discussões e ações em seu espaço ocupacional, 
[...] processos de planejamento e gestão corresponde ao conjunto de ações 
profissionais desenvolvidas no nível de gestão do SUS, no âmbito das 
instituições e serviços de saúde, no planejamento e gestão de serviços 
sociais em instituições, programas e empresas, e na sistematização das 
ações profissionais. Neste âmbito estão contidas as ações particularmente 
destinadas à efetivação da intersetorialidade, quais sejam a gestão das 
relações interinstitucionais e a criação de protocolos entre serviços, 
programas e instituições no conjunto das políticas sociais, que servem de 
base para o trabalho do (a) Assistente Social como para a equipe da qual é 
parte. [...] Os processos sócio assistenciais correspondem ao conjunto de 
ações profissionais desenvolvidas no âmbito da ação direta com os usuários 
nos diferentes níveis de complexidade nos serviços de saúde, a partir de 
demandas singulares (MIOTO; NOGUEIRA, 2008, p. 282-284). 
 
Nesse sentido, esses processos podem caracterizar, também, o trabalho 
profissional no cotidiano da atenção à dependência química. Desta forma, o fazer 
profissional, cria mais condições de efetividade e enfrentamento das políticas de 
atendimento, aproximando um pouco mais da realidade do dependente, 
possibilitando sua reabilitação, mesmo que em sua minoria. 
 
4.2 A MEDIAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇO SOCIAL COMO 
INSTRUMENTO DE INTERVENÇÃO JUNTO AS FAMILIAS DOS DEPENDENTES. 
 
Para uma melhor compreensão desta temática, é importante frisar que 
trabalhar com famílias é a todo o momento desafiante, pois aparecem barreiras 
frequentemente. Deve-se conseguir superar os obstáculos através de um trabalho 
 39 
baseado em estudos constantes, analisando as demandas e sempre levando em 
consideração o Código de Ética Profissional, um referencial teórico-metodológico 
para orientar as ações. Nesse sentido, é relevante lembrar o projeto ético político 
sempre pensando na forma de emancipar essas famílias. 
De acordo com Mioto (2010), identifica que o objetivo principal de intervenção 
do Serviço Social deve partir da identificação das dificuldades familiares, buscando 
sempre a possibilidade de uma mudança social, trabalhando de forma que as 
famílias encontrem os recursos necessários para o seu desenvolvimento social na 
busca por uma qualidade de vida. Na busca por uma análise investigativa, 
entendendo que a demanda posta não é somente dos indivíduos ou da família, ela 
deve ser vista como uma consequência também das desigualdades sociais que é 
agravada com a ascensão do capitalismo. (MIOTO, 2010). 
Portanto, o Serviço Social, na sua condição de profissão assentada na divisão 
sócio técnica do trabalho, tipificada pelo surgimento quadratura da ordem social 
burguesa monopolista, possui como traço medular: a característica de profissão 
interventiva. (IAMAMOTO, 1992) 
Nesse sentido, Martinelli (2006, p.15) ressalta que o momento histórico que 
estamos vivendo convoca aos profissionais a coragem de transformar o nosso 
conhecimento silencioso em conhecimento partilhado. “É preciso deixar claro o que 
nós sabemos assumir que sabemos, pois o saber que o Serviço Social domina vem 
de todos os seus conhecimentos teórico-metodológicos, mas vem também do 
conhecimento da realidade onde atuamos”. 
São aí que se institui uma particularidade da profissão, no sentido de 
entender a forma de existência das expressões da questão social a partir da tríade 
singularidade,

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