Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA 
SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA 
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE ERGONÔMICA DA ATIVIDADE DE TRIAGEM MANUAL DE CARTAS NOS 
CORREIOS: UM ESTUDO DE CASO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PONTA GROSSA 
2005 
HÉLIO HENRIQUE MONTEIRO VIEIRA 
MAURI TAYAMA 
PAULO SERGIO FARIA MUNHOS 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE ERGONÔMICA DA ATIVIDADE DE TRIAGEM MANUAL DE 
CARTAS NOS CORREIOS: UM ESTUDO DE CASO 
 
 
Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização 
em Engenharia de Segurança do Trabalho, da 
Universidade Estadual de Ponta Grossa. 
 
Orientador.: Prof. Dr. Eng. José Adelino Krüger 
 
 
 
PONTA GROSSA 
2005 
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA 
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 
 
ANÁLISE ERGONÔMICA DA ATIVIDADE DE TRIAGEM MANUAL DE 
CARTAS NOS CORREIOS: UM ESTUDO DE CASO 
Trabalho de Conclusão de Curso submetido à Universidade Estadual de Ponta Grossa para obtenção 
do título de Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho 
Departamento de Engenharia Civil 
 
 
 
 
Ponta Grossa, Setembro de 2005 
 
 
 
Prof. Carlos Luciano Sant’Ana Vargas, D. Eng. 
Coordenador do EngSeg2004 
 
 
BANCA EXAMINADORA: 
 
Prof. José Adelino Krüger, Dr. 
Orientador 
 
Prof. Flávio Guimarães Kalinowski, Ms. 
Prof. Flávia Andréa Modesto, MsC. 
Membros 
 
 
 
 
Resumo 
 
A proposta do presente trabalho foi de avaliar os aspectos ergonômicos da 
atividade de triagem (ou separação) de cartas efetuada manualmente pelos 
trabalhadores dos Correios. Para tanto foi feita uma revisão bibliográfica para se 
compreender melhor os conceitos e requisitos das normas relacionadas à segurança 
e à saúde do trabalhador, mais especificamente a NR-17 (MTE, 2004). Os requisitos 
relativos às condições de trabalho, estabelecidos na referida norma, foram alvo de 
pesquisa na literatura a que os membros do grupo puderam ter acesso. Com base 
no conhecimento adquirido com essa pesquisa, foi possível fazer a análise do posto 
de trabalho, abordando os aspectos relativos ao levantamento, transporte e 
manuseio de materiais, o mobiliário, os equipamentos, as condições ambientais e a 
organização do posto de trabalho. De um modo geral, esse estudo reforçou a 
importância das Normas Regulamentadoras no que tange à criação e à manutenção 
de ambientes adequados a um trabalho seguro, confortável e eficiente. Da mesma 
forma reforçou a importância de investimento em treinamento visando a criação e a 
manutenção de uma cultura que valorize a prática habitual de procedimentos 
operacionais seguros e saudáveis, que muitas vezes são desrespeitados por falta de 
preparo e conscientização de gestores e trabalhadores de base. 
Lista de Siglas 
ACGH American Conference of Governmental Hygienists 
AET Análise Ergonômica do Trabalho 
CAT Comunicação de Acidente de Trabalho 
CDD Centro de Distribuição Domiciliária 
CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes 
DORT Distúrbio Ósteo-articular Relacionado ao Trabalho 
EBCT Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos 
ECT Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos 
EMG Eletromiografia 
EPI Equipamento de Proteção Individual 
LER Lesões por Esforço Repetitivo 
LTC Lesões por Traumas Cumulativos 
MTE Ministério do Trabalho e Emprego 
NIOSH National Institute for Occupational Safety and Health 
NR Norma Regulamentadora 
OTT Operador de Triagem e Transbordo 
PNQ Prêmio Nacional de Qualidade 
STC Síndrome do Túnel Carpiano 
TLV Limite de Tolerância (Treshold Limit Values) 
 
 
Lista de Unidades 
dB Decibel (Nível de Pressão Sonora) 
Hz Hertz (Freqüência) 
kg Quilograma (Massa) 
N/m² Newton por metro quadrado (Pressão) 
 
Lista de Tabelas 
TABELA 1 - PESO RELATIVO DE CADA SEGMENTO CORPORAL ....................................................... 31 
TABELA 2 - AVALIAÇÃO DO AMBIENTE DE TRABALHO .................................................................... 60 
TABELA 3 - AVALIAÇÃO DO AMBIENTE FÍSICO DE TRABALHO.......................................................... 61 
TABELA 4 - DADOS ANTROPOMÉTRICOS DA AMOSTRA.................................................................. 64 
TABELA E1 - TEMPO DE TRABALHO NA ATIVIDADE DE TRIAGEM ...................................................... 78 
TABELA E2 - OCORRÊNCIA DE AFASTAMENTO MAIOR QUE 15 DIAS ................................................. 78 
TABELA E3 - JÁ PROCUROU O MÉDICO POR SENTIR DORES ............................................................ 78 
TABELA E4 - PARTICIPA DA GINÁSTICA LABORAL .......................................................................... 78 
TABELA E5 - CONSIDERA A ATIVIDADE .......................................................................................... 78 
TABELA E6 - APRESENTA ALGUM SINTOMA CARACTERÍSTICO DE FADIGA......................................... 78 
TABELA E7 - CONSIDERA JUSTA A AVALIAÇÃO DE PRODUTIVIDADE.................................................. 78 
 
Lista de Ilustrações 
FIGURA 1 - SISTEMAS DE ILUMINAÇÃO. ....................................................................................... 16 
FIGURA 2 - POSIÇÃO DAS LUMINÁRIAS. ....................................................................................... 17 
FIGURA 3 - GRÁFICO DEMONSTRATIVO DE FADIGA....................................................................... 22 
QUADRO 1 - DORES PROVOCADAS POR POSTURAS INADEQUADAS ................................................. 28 
FIGURA 4 - TEMPOS MÉDIOS PARA APARECIMENTO DE DORES ..................................................... 29 
QUADRO 2 - PRINCIPAIS FATORES DETERMINANTES DA LER . ....................................................... 33 
FIGURA 5 - ANÁLISE E SÍNTESE ERGONÔMICA DO TRABALHO ...................................................... 43 
FIGURA 6 - DIAGRAMA SIMPLIFICADO DO FLUXO DE CARTAS ENTRE AS UNIDADES DOS CORREIOS..51 
FIGURA 7 - ORGANOGRAMA SIMPLIFICADO.................................................................................. 52 
QUADRO 3 - ANÁLISE COMPARATIVA DOS DOIS MANIPULADORES, O NOVO E O ANTIGO .................... 65 
FIGURA A1 - NOVO MODELO DE MANIPULADOR.............................................................................. 74 
FIGURA A2 - NOVO MODELO DE CADEIRA ...................................................................................... 74 
FIGURA A3 - SUPORTE DE CAIXETAS............................................................................................. 74 
FIGURA A4 - CAIXETAS ................................................................................................................ 74 
FIGURA A5 - MANIPULADOR ANTIGO............................................................................................. 74 
FIGURA A6 - LAYOUT DAS ESTAÇÕES DE TRABALHO ...................................................................... 74 
FIGURA B1 - SEQÜÊNCIA DE FOTOS DE UM OTT LEVANTANDO UMA CAIXETA................................... 75 
FIGURA C1 - SEQÜÊNCIA DE FOTOS DE UMA OTT FAZENDO TRIAGEM DE CARTAS ........................... 76 
FIGURA D1 - MANIPULADOR ANTIGO – OTT SENTADO NÃO ALCANÇA TODOS OS ESCANINHOS ......... 77 
FIGURA D2 - MANIPULADOR ANTIGO - OTT EM PÉ ALCANÇA TODOS OS ESCANINHOS ...................... 77 
FIGURA D3 - OTT NO NOVO MODELO DE MANIPULADOR................................................................. 77 
FIGURA D4 - OTT NO NOVO MODELO DE MANIPULADOR................................................................. 77 
Sumário 
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 8 
1.1. APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................... 8 
1.2. OBJETIVOS.................................................................................................................................10 
1.2.1. Gerais .............................................................................................................................. 10 
1.2.2. Específicos ...................................................................................................................... 10 
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................................... 11 
2.1. ERGONOMIA ............................................................................................................................... 11 
2.1.1. Histórico........................................................................................................................... 11 
2.1.2. Considerações e Entendimentos Gerais sobre o Tema.................................................. 11 
2.1.3. Trabalho e Condições de Trabalho ................................................................................. 14 
2.1.4. Influência de Fatores Ambientais no Trabalho................................................................ 15 
2.1.4.1. Avaliação das condições de iluminação............................................................................... 15 
2.1.4.2. Avaliação das Condições de ruído....................................................................................... 18 
2.1.4.3. Avaliação das condições de temperatura ............................................................................ 19 
2.1.4.4. Gases Contaminantes Atmosféricos .................................................................................... 20 
2.1.5. Influência dos Fatores Humanos no trabalho.................................................................. 21 
2.1.5.1. Fadiga .................................................................................................................................. 21 
2.1.5.2. Fadiga Física........................................................................................................................ 22 
2.1.5.3. Fadiga psíquica.................................................................................................................... 24 
2.1.5.4. Monotonia ............................................................................................................................ 25 
2.1.5.5. Motivação............................................................................................................................. 25 
2.1.5.6. Posturas e movimentos........................................................................................................ 26 
2.1.5.7. Fatores que influenciam a postura ....................................................................................... 29 
2.1.5.8. Trabalhos manuais............................................................................................................... 30 
2.1.5.9. Lesões nas mãos ................................................................................................................. 31 
2.1.5.10. Causas da LER .................................................................................................................... 32 
2.1.5.11. Grupos de risco das LER...................................................................................................... 33 
2.1.5.12. Estágios das LER ................................................................................................................. 34 
2.1.5.13. Formas Clínicas.................................................................................................................... 37 
2.1.5.14. Diagnóstico da LER.............................................................................................................. 37 
2.1.5.15. Prevenção ............................................................................................................................ 38 
3. METODOLOGIA........................................................................................................................... 41 
3.1. ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO ......................................................................................... 41 
3.1.1. Premissas ........................................................................................................................ 41 
3.1.2. Análise da demanda........................................................................................................ 44 
3.1.3. Análise da tarefa.............................................................................................................. 45 
3.1.4. Análise da atividade......................................................................................................... 46 
3.1.5. Síntese Ergonômica do Trabalho .................................................................................... 48 
4. ESTUDO DE CASO: ATIVIDADE DE TRIAGEM DE CARTAS.................................................. 49 
4.1. PREMISSAS ................................................................................................................................ 49 
4.2. SOBRE A ORGANIZAÇÃO ............................................................................................................. 49 
4.3. DEMANDA................................................................................................................................... 53 
4.3.1. Objetivo da Demanda...................................................................................................... 54 
4.3.2. Hipóteses......................................................................................................................... 55 
4.4. TAREFA...................................................................................................................................... 55 
4.4.1. Tarefa e Documentação de Prescrição........................................................................... 55 
4.4.2. Recursos Materiais .......................................................................................................... 56 
4.4.3. Processo.......................................................................................................................... 57 
4.4.4. Características do Trabalhador ....................................................................................... 57 
4.5. ATIVIDADE.................................................................................................................................. 58 
4.5.1. Componente Humano...................................................................................................... 58 
4.5.2. Ambiente Físico ............................................................................................................... 60 
4.5.3. Avaliação de Qualidade e Produtividade......................................................................... 61 
4.5.4. Manuseio de Cargas........................................................................................................ 61 
4.5.5. Movimentos ..................................................................................................................... 62 
4.5.6. Adequação dos Equipamentos........................................................................................ 64 
4.6. DIAGNÓSTICO ERGONÔMICO ....................................................................................................... 66 
4.7. RECOMENDAÇÕES ...................................................................................................................... 68 
5. CONCLUSÕES ............................................................................................................................ 70 
6. REFERÊNCIAS............................................................................................................................ 71 
APÊNDICE A – EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA TRIAGEM ........................................................ 74 
APÊNDICE B – MANUSEIO DE CARGA ............................................................................................75 
APÊNDICE C – TRIAGEM.................................................................................................................... 76 
APÊNDICE D – MODELO NOVO E ANTIGO DE MANIPULADOR.................................................... 77 
APÊNDICE E – RESUMO DAS ENTREVISTAS.................................................................................. 78 
 
8 
1. INTRODUÇÃO 
1.1. APRESENTAÇÃO 
Quem ainda não enviou ou recebeu uma carta, impresso de propaganda ou 
qualquer outro documento via correio? Apesar da evolução dos meios de 
comunicação (Internet, fax, telefonia etc.), o uso dos serviços de correios continua 
intenso e utilizando um contingente grande de trabalhadores. 
Um detalhe que talvez passe despercebido pelo usuário dos serviços de 
correios são as atividades que estão por trás da simples postagem e recebimento de 
uma carta. Existe uma série operações de separação e transporte dos objetos 
postais, para que os mesmos cheguem ao destino correto. Operações essas que, 
apesar dos avanços tecnológicos que propiciaram o advento de máquinas de 
triagem automáticas, que utilizam modernos sistemas ópticos de reconhecimento de 
caracteres e códigos de barras, ainda são executados manualmente por 
trabalhadores especializados na triagem de objetos postais. 
É nesse cenário que se desenvolve este trabalho, que tem como objetivo 
geral proporcionar melhorias nas condições de trabalho de seus funcionários, 
reduzindo o absenteísmo 
Nos últimos anos houve um grande investimento em mobiliário, 
equipamentos e EPI (Equipamentos de Proteção Individual) especialmente 
projetados para os tipos de atividades operacionais desenvolvidas pelos 
trabalhadores dos Correios. Por que então sinais de insatisfação, tais como queixas 
de dores musculares, por exemplo, continuam sendo apontado pelos gestores como 
um dos principais motivos dos afastamentos? 
Estaria o trabalhador sujeito a levantar e a transportar cargas superiores à 
sua capacidade física? 
9 
Estaria o mobiliário adaptado às características antropométricas dos 
trabalhadores? 
O modo como as atividades ou operações estão sendo executadas são 
apropriados? 
As metas de produtividade são compatíveis com a capacidade dos 
trabalhadores? 
O relacionamento entre funcionários em geral é bom? 
O trabalho exige posturas rígidas ou fixas (só sentado ou só em pé, por 
exemplo)? 
Por ser uma empresa comprometida com os critérios do PNQ (Prêmio 
Nacional de Qualidade), a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos definiu 
diretrizes para valorização do ser humano e bem-estar dos funcionários, que podem 
ser constatados em um dos princípios da política da qualidade que a própria 
empresa adotou e divulga: “As pessoas que compõem a comunidade “ecetista” são 
o principal recurso da empresa”1. Portanto é de interesse da empresa, também, 
obter um diagnóstico dos riscos aos quais seus colaboradores estão sujeitos nas 
atividades laborais. 
Diante disso, a proposta do presente trabalho é avaliar os aspectos 
ergonômicos da atividade de triagem (ou separação) de cartas efetuada 
manualmente pelos trabalhadores dos Correios. O estudo deve contemplar a análise 
do posto de trabalho, dos equipamentos e dos acessórios utilizados quanto à sua 
adequação na atividade supracitada. 
Dentro desta proposta, utilizar-se-á como base do estudo a metodologia da 
Análise Ergonômica do Trabalho que, como encontrada na literatura, 
 
1 Frase divulgada nos quadros de aviso da ECT e que faz parte dos Manuais da ECT 
10 
resumidamente, consiste no estudo de uma atividade laboral com vistas à resolução 
de um determinado problema, a partir do conhecimento das atividades 
desenvolvidas para realizá-la e das dificuldades encontradas para se atingirem as 
metas com a segurança, o conforto, o desempenho e a produtividade exigidos 
(BARCELOS,1997) 
 
1.2. OBJETIVOS 
1.2.1. Gerais 
• Compreender melhor os conceitos relativos à Análise Ergonômica do 
Trabalho (AET). 
• Conhecer a aplicação prática das normas relacionadas à segurança e à 
saúde do trabalhador, mais especificamente a NR-17. 
 
1.2.2. Específicos 
• Verificar quais são as conseqüências da atividade de triagem de cartas 
em relação à saúde dos trabalhadores. 
• Avaliar os postos de trabalho onde ocorre a triagem de cartas. 
• Propor ações para eliminar possíveis situações de risco. 
11 
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
2.1. ERGONOMIA 
2.1.1. Histórico 
A Ergonomia desenvolveu-se durante a Segunda Guerra Mundial quando, 
pela primeira vez, houve uma conjugação sistemática de esforços entre a tecnologia 
e as ciências humanas. Fisiologistas, psicólogos, antropólogos, médicos e 
engenheiros trabalharam juntos para resolver os problemas causados pela operação 
de equipamentos militares complexos. Os resultados desse esforço interdisciplinar 
foram tão gratificantes que foram aproveitados pela indústria, no pós-guerra. 
Atualmente, a preocupação com a Ergonomia (limitada logicamente às restrições de 
ordem econômica) pode ser notada em grande parte dos novos produtos que a 
indústria lança no mercado (ferramentas, automóveis eletrodomésticos etc.) (DUL e 
WEERDMEESTER, 1995). Na década de 80, por exemplo, os estudos ergonômicos 
tiveram um aprofundamento ainda maior com o início dos programas espaciais e de 
segurança de veículos automotores (SAAD, 1981). 
 
2.1.2. Considerações e Entendimentos Gerais sobre o Tema 
O termo Ergonomia é derivado das palavras gregas ergon (trabalho) e 
nomos (regras), podendo ser definido como "uma tecnologia da concepção do 
trabalho baseada nas ciências da biologia humana" (VIEIRA, 1997). 
A Ergonomia se baseia, principalmente, em conhecimentos no campo das 
ciências do homem (antropometria, fisiologia, psicologia, uma pequena parte da 
sociologia) e tem como finalidade conceber e/ou transformar o trabalho, de maneira 
12 
a manter a integridade da saúde dos trabalhadores, sem detrimento dos objetivos 
econômicos (WISNER, 1987). 
A Ergonomia reúne conhecimentos relativos ao homem e necessários à 
concepção de instrumentos, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com 
o máximo de conforto, segurança e eficiência ao trabalhador. Para tanto é 
necessário trabalhar, essencialmente, com duas ciências: a Psicologia e a Fisiologia 
- buscando auxílio também na Antropologia e na Sociologia (MINICUCCI, 1992). 
De um modo geral pode-se dizer que a Ergonomia, no ambiente de trabalho, 
procura estudar principalmente (VIEIRA, 1997): 
• as características materiais do trabalho, como o peso dos instrumentos, a 
resistência dos comandos, a dimensão do posto de trabalho; 
• o meio ambiente físico (ruído, iluminação, vibrações, ambiente térmico); 
• a duração da tarefa, os horários, as pausas no trabalho; 
• o modelo de treinamento e aprendizagem; 
• as lideranças e as ordens dadas. 
Para tanto, é necessário realizar diversos tipos de análises das atividades, 
quer físicas, sensoriais e mentais. Dentre elas pode-se citar: 
• análise do trabalho; 
• análise das informações; 
• análise do processo de tratamento das informações. 
Um entendimento universalmente aceito, é que a Ergonomia pode ser 
definida como uma metodologia multidisciplinar que tem como objetivo a adaptação 
da técnica e das tarefas ao homem. Esta adaptação tem como intuito reduzir os 
riscos de acidentes e de doenças ocupacionais e proporcionar um maior conforto 
nos postos de trabalho, resultando em satisfação do trabalhador. O maior conforto 
nos postos de trabalho pode ser traduzido como (VIEIRA, 1997): 
13 
• otimização dos esforços e movimento no desenvolvimento das tarefas; 
• diminuição da probabilidade de erros; 
• melhoria geral das condições de trabalho; e, portanto, 
• uma melhor produtividade. 
Os conhecimentos utilizados pela Ergonomia não são próprios dela, mas 
tomados de empréstimo de outras disciplinas. Já, a organizaçãoe a utilização 
desses conhecimentos em uma dada situação, ou seja, a metodologia empregada, 
ela sim, é própria da Ergonomia (MARCELIN e FERREIRA, 1982). 
A Ergonomia, portanto, é uma ciência interdisciplinar cujo objeto de estudo é 
o trabalho e que pode ser dividida em três classes de estudo (SAAD, 1981): 
• Ergonomia de Concepção: é o estudo ergonômico de instrumentos e 
ambiente de trabalho antes de sua construção; 
• Ergonomia Corretiva: é a que modifica sistemas já existentes. Portanto, 
o estudo ergonômico só é feito após a construção do instrumento e/ou 
ambiente de trabalho; 
• Ergonomia Seletiva: é feita selecionando-se o homem ideal e/ou a faixa 
de utilizadores ideal para uma máquina, atividade ou ambiente de 
trabalho já existente. 
É importante salientar que no Brasil, o Ministério do Trabalho e Emprego 
(antigamente Ministério do Trabalho e Previdência) instituiu a Portaria n. 3.751, em 
23/11/1990, que estabelece a Norma Regulamentadora n° 17, a NR–17, que trata 
da Ergonomia (MTE, 2004). Esta norma passou a exigir, do empregador, condições 
de trabalho adaptadas às características psicofisiológicas dos trabalhadores, que 
proporcionem um desempenho eficiente com o máximo de conforto e segurança. 
14 
2.1.3. Trabalho e Condições de Trabalho 
O conceito de condições de trabalho inclui tudo que influencia o próprio 
trabalho, como ambiente, tarefa, posto, meios de produção, organização do trabalho, 
as relações entre produção e salário etc (SELL, 1994b). Dentro dessa linha de 
pensamento, as boas condições de trabalho significam, em termos práticos: 
• meios de produção adequados às pessoas; 
• objetos de trabalho, materiais e insumos inócuos às pessoas que com 
elas entram em contato; 
• postos de trabalho ergonomicamente projetados; 
• controle sobre iluminação, ruídos, vibrações, temperaturas altas ou 
baixas, partículas tóxicas, poeiras, gases etc.; 
• postos de trabalho sem perigos mecânicos, físicos, químicos ou outros 
que representem riscos para as pessoas; 
• organização do trabalho que proporcione interesse e motivação ao 
trabalhador; 
• organização temporal do trabalho que não comprometa o convívio familiar 
e social; 
• um regime de pausas que possibilite a recuperação das funções 
fisiológicas do trabalhador; 
• sistema de remuneração justo; 
• bom relacionamento com colegas, superiores e subalternos. 
 
15 
2.1.4. Influência de Fatores Ambientais no Trabalho 
Existe um entendimento de que melhores condições de trabalho significam 
melhores condições de vida, uma vez que o trabalhador brasileiro passa quase um 
quarto de sua vida (considerando uma jornada de 40 horas semanais) exercendo a 
sua profissão (VIEIRA, 1997). 
O ambiente de trabalho é um conjunto de fatores interdependentes, que atua 
direta e indiretamente na qualidade de vida das pessoas e nos resultados do próprio 
trabalho (FISCHER & PARAGUAY, 1989). Ao se definir uma atividade é importante 
conhecer as variáveis ambientais e seus limites de tolerância e, na medida do 
possível, tomar as providências necessárias para manter os trabalhadores fora das 
faixas de risco. A prática tem demonstrado que os riscos ambientais mais comuns 
nas empresas são referentes à iluminação, à temperatura, ao barulho e aos gases 
(IIDA, 1990). 
O MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), em sua Norma 
Regulamentadora n° 9, ou NR-9, considera riscos ambientais os agentes agressivos 
físicos, químicos e biológicos que possam trazer ou ocasionar danos à saúde do 
trabalhador nos ambientes de trabalho, em função de sua natureza, concentração, 
intensidade e tempo de exposição ao agente (MTE, 2004). 
 
2.1.4.1. Avaliação das condições de iluminação 
A influência de uma boa iluminação é de suma importância para o bom 
desempenho da tarefa. 
A iluminação recomendada depende das características das tarefas visuais 
e das exigências de execução, sendo mais elevada para aquelas tarefas que 
envolvem muitos detalhes, precisão e baixos contrastes. Utilizam-se valores mais 
16 
baixos para tarefas intermitentes. No caso da medição da quantidade de iluminação, 
é importante que se considere a quantidade de luz no ponto e no plano onde a tarefa 
for executada, seja horizontal, vertical ou em qualquer outro ângulo (PEREIRA, 
1994). 
Conforme ilustrado na Figura 1, a seguir, existem, basicamente, três tipos de 
sistemas de iluminação (IIDA,1990): 
• iluminação geral – colocação regular de luminárias em toda a área, 
garantindo-se assim um nível uniforme de iluminamento sobre o plano 
horizontal; 
• iluminação localizada – concentração de maior intensidade de 
iluminamento sobre a tarefa, enquanto o ambiente geral recebe menos 
luz; 
• iluminação combinada – nesse caso a iluminação geral é complementada 
com focos de luz localizados sobre a tarefa, com intensidade de 3 a 10 
vezes superior ao do ambiente geral. 
 
Figura 1 - Sistemas de iluminação 
Fonte: (IIDA, 1990). 
 
17 
As luminárias devem ser posicionadas de modo a evitar a incidência da luz 
direta ou refletida sobre os olhos, para não provocar ofuscamentos. De preferência, 
devem se situar acima de 30o em relação à linha de visão. A Figura 2, a seguir, 
mostra o posicionamento das luminárias em relação à visão do trabalhador. 
 
 
Figura 2 - As luminárias devem ficar posicionadas 30o acima da linha de 
visão e atrás do trabalhador, para evitar ofuscamentos e reflexos 
Fonte: (IIDA, 1990). 
 
Os projetos de iluminação dos ambientes de trabalho devem considerar o 
tipo de tarefa que será realizada no local. Esta é uma exigência legal da NBR-5413, 
Norma de Iluminação, em conjunto com NR-9, Norma de Prevenção de Riscos 
Ambientais, (MTE, 2004). 
A iluminação do ambiente de trabalho é importante pois: 
• o nível de iluminamento interfere diretamente no mecanismo fisiológico da 
visão e também na musculatura que comanda os movimentos dos olhos 
(IIDA,1990); 
a) pode provocar ofuscamento, que ocorre quando o processo de 
adaptação da visão não transcorre normalmente devido a uma variação 
muito grande da iluminação e/ou a uma velocidade muito grande. 
Experimenta-se uma perturbação, um desconforto ou até uma perda na 
visibilidade (PEREIRA, 1994). 
18 
• pode provocar fadiga visual, que é causada principalmente pelo 
esgotamento dos pequenos músculos ligados ao globo ocular, 
responsáveis pela movimentação, fixação e focalização dos olhos. 
Uma iluminação inadequada faz com que o trabalhador force sua visão, 
além de exigir uma postura inadequada para melhorar sua visibilidade. Os efeitos 
dessa condição são fadiga visual e dores de cabeça, coluna e pescoço. A 
conseqüência de tal estado é a diminuição da capacidade visual ao longo do tempo, 
elevado número de erros na execução das tarefas, diminuição do ritmo de trabalho e 
menor percepção de detalhes (LYRA, 1994). 
 
2.1.4.2. Avaliação das Condições de ruído 
Ao contrário do que muitos pensam, som e ruído não são sinônimos. O 
conceito de ruído é associado a som desagradável e indesejável (GERGES, 1992). 
Já o som é a sensação, agradável ou não, percebida pelo sistema auditivo, gerado 
pelo deslocamento vibratório de moléculas que ocorre sob a forma de ondas 
senoidais, sendo estas caracterizadas por sua freqüência (f), medida em ciclos por 
segundo ou Hertz (Hz), e por sua amplitude (VERDUSSEN, 1978). 
O excesso de ruído pode gerar uma série de efeitos não desejáveis no 
organismo humano, tais como: aceleração da pulsação, aumento da pressão 
sangüínea e estreitamento dos vasos sangüíneos. O efeito destas alterações 
aparece em forma de mudanças de comportamento, tais como nervosismo, fadiga 
mental, frustração, baixa produtividade e altas taxas de absenteísmo (ausência ao 
trabalho). Existem estudos que relacionam a perda de controle de indivíduos 
neuróticos ao excesso de exposição a altos níveis de ruído (COUTO, 1978). 
O limiar da audição, isto é, a pressão acústica mínimaque o ouvido humano 
pode detectar, é 20 x 10-6 N/m2 na freqüência de 1 kHz. A banda de freqüência 
19 
auditiva humana se estende de 20 Hz a 20.000Hz. Com relação à intensidade do 
som, na faixa de freqüência auditiva humana, é importante ressaltar que o ouvido 
humano percebe sons cuja pressão sonora esteja entre 0 e 140 dB, sendo o limiar 
da sensação dolorosa na ordem de 120 dB e que ao nível de 140 dB já há grande 
risco de ruptura do tímpano. Entretanto, muito abaixo destes limites o ruído já pode 
se tornar incômodo ou nocivo. 
A NR-15, que define atividades e operações insalubres, estabelece os 
tempos máximos que um trabalhador pode ficar exposto a um determinado nível de 
ruído (MTE, 2004). 
Considerando os prejuízos que o ruído causa às pessoas a ele expostas, 
estudos contínuos deverão ser realizados no sentido de se eliminar o ruído na fonte 
geradora e só quando não for possível a eliminação do mesmo, na fonte, é que se 
deve fazer uso de EPI (protetores auriculares). 
 
2.1.4.3. Avaliação das condições de temperatura 
É fato que muitas atividades profissionais submetem os trabalhadores a 
ambientes de trabalho que apresentam condições térmicas bastante diferentes 
daquelas a que o organismo humano está acostumado. Estudos demonstram que a 
exposição de indivíduos sadios a altas temperaturas, pode desencadear hipertermia, 
desfalecimento, desidratação, doenças de pele, distúrbios psiconeuróticos e 
cataratas. Já as baixas temperaturas influenciam as habilidades motoras. Se as 
mãos estão expostas ao frio excessivo (de forma que a temperatura das mãos fique 
abaixo de 15°C) nota-se um imediato comprometimento do tato, da movimentação 
das articulações e o tiritar acomete muito a movimentação delicada dos músculos 
(COUTO, 1978). 
20 
Em função desses efeitos nocivos o Ministério do Trabalho publicou a NR-
15, regulamentando os limites de tolerância, em termos de exposição ao calor ou 
frio, a que um trabalhador pode ser submetido (MTE, 2004). A mesma Norma 
estabelece também a metodologia a ser empregada na avaliação do ambiente de 
trabalho, definindo os tipos de termômetros a serem utilizados em termos de calor. 
 
2.1.4.4. Gases Contaminantes Atmosféricos 
Atualmente, o homem está em constante contato com vários compostos 
químicos (entre agrotóxicos, metais pesados, solventes, sílica, fumaças, gases e 
vapores tóxicos, radiações ionizantes etc.). O estudo dessas substâncias possibilitou 
a identificação de alguns fatores que, devido à sua ação química sobre o organismo 
humano, desencadeiam doenças do trabalho. Esses fatores desencadeantes de 
doenças de trabalho são denominados, na legislação brasileira, agentes químicos 
(CAMARDELLA, 1989). 
Muitos estudos foram feitos com os agentes químicos conhecidos até se 
definirem tabelas com as concentrações máximas toleradas pelo organismo humano 
e métodos para se calcularem os tempos máximos permissíveis à exposição, sem 
causar doenças (IIDA, 1990). 
Os agentes químicos podem estar presentes no ambiente de trabalho sob 
muitas formas físicas (CAMARDELLA, 1989), tais como poeiras, fumos, névoa, e 
neblina. As partículas mais perigosas são visíveis somente com microscópio. Elas 
constituem a chamada fração respirável, pois podem ser absorvidas pelo organismo 
através do sistema respiratório (VIEIRA, 1997). 
No Brasil, a NR-15 estabelece os limites de tolerância de exposição a 
determinados agentes químicos a que um trabalhador pode se submeter. Caso a 
atividade obrigue o trabalhador a se expor além desses limites, ela será considerada 
21 
insalubre (MTE, 2004). Porém, conforme a definição da American Conference of 
Governmental Hygienists (ACGH), os limites de tolerância, por serem obtidos 
através de amostras estatísticas, têm suas limitações e não devem ser usados como 
um divisor entre o certo e o errado (VALVERDE, 1996). Entretanto, por serem 
parâmetros reconhecidos legalmente, os Limites de Tolerância devem ser 
respeitados pelos profissionais da área, com a ressalva de que não são números 
absolutos. 
 
2.1.5. Influência dos Fatores Humanos no trabalho 
Sabe-se que existem certas características do organismo humano que 
influenciam no desempenho do trabalho (IIDA, 1990). A monotonia e a fadiga, por 
exemplo, estão presentes em todos os trabalhos e, se não podem ser totalmente 
eliminadas, podem ser controladas e amenizadas com a implantação de ambientes 
mais interessantes e motivadores. 
 
2.1.5.1. Fadiga 
Entende-se por fadiga uma situação de baixa eficiência devida a uma forte 
ou prolongada atividade, sem paradas suficientes para descanso e relaxamento do 
corpo. Em outra definição: fadiga é o efeito de um trabalho continuado, que provoca 
uma redução reversível da capacidade do organismo e uma degradação qualitativa 
desse trabalho (VIEIRA, 1997). 
A fadiga no homem pode ser classificada em fadiga física ou orgânica e 
fadiga psicológica. Tem como causa um conjunto complexo de fatores relacionados 
com a intensidade, a duração do trabalho (seja físico ou intelectual), a monotonia, a 
22 
falta de motivação, o ambiente físico (iluminação, ruído, temperatura) e o 
relacionamento com a chefia e com os colegas de trabalho (IIDA, 1990). 
A Figura 3, a seguir, baseada em estudos laboratoriais, demonstra que o 
rendimento do operário inicia-se no ponto zero, atingindo seu ponto culminante em 
0,8 de sua eficiência, correspondente à segunda hora de trabalho. No segundo turno 
o seu comportamento apresenta-se com rendimentos inferiores à primeira jornada 
de trabalho, por efeito da fadiga. 
 
Figura 3 - Gráfico demonstrativo de fadiga 
 Fonte: (PERONI, 1990). 
 
2.1.5.2. Fadiga Física 
A fadiga simples ou cansaço físico-mental tem como possíveis causas os 
seguintes fatores (COUTO, 1978): 
• monotonia; 
• duração e intensidade do trabalho físico e mental; 
• ambiente inadequado, com temperatura elevada, baixa iluminação ou alto 
nível de ruído; 
23 
• responsabilidade, preocupações e conflitos; 
• doença e dor; 
• comprometimento da alimentação; 
• deficiência de oxigênio, como no trabalho em minas de carvão; 
• esforço físico superior à capacidade muscular. 
Para eliminar esses efeitos indesejáveis da fadiga, existem varias medidas, 
aprovadas pela maioria dos profissionais da área, que podem ser implementadas. 
Entre elas podem ser citadas (VIEIRA, 1997): 
• pausas: que podem ser pausas fisiológicas, pausas furtivas, pausas 
curtíssimas, pausas curtas ou intercalares, pausas longas, pausas diárias, 
pausas semanais ou pausas anuais; 
• adaptação ao trabalho: o trabalho inicial geralmente é fatigante mas, à 
medida que o trabalhador se adapta a ele e automatiza os seus 
movimentos, a fadiga se reduz substancialmente; 
• seleção profissional: deve-se selecionar o trabalhador que melhor se 
adapte às condições especiais de cada tipo de trabalho; 
• racionalização do trabalho: através da Ergonomia, procura-se estudar 
qual a melhor posição do trabalhador (em pé ou sentado), qual a 
dimensão das alavancas, qual situação exige menor dispêndio de 
energia, quais os movimentos que podem ser evitados etc.; 
• condições do ambiente de trabalho: melhoria das condições de 
iluminação, ventilação e conforto, térmico, ruído etc.; 
• alimentação do trabalhador: havendo um gasto energético durante o 
trabalho físico, deve existir uma reposição da energia gasta, através de 
alimentação racional e devidamente balanceada para cada tipo de 
trabalho. 
24 
 
2.1.5.3. Fadiga psíquica 
Neste caso os sintomas são mais dispersos e não se manifestam de forma 
localizada, mas de forma mais ampla, como sentimento de cansaço geral, aumento 
da irritabilidade, desinteresse e maior sensibilidade a certos estímulos, como fome, 
calor, frio ou má postura. Este tipo de fadiga está relacionado de forma complexa a 
uma série de fatores como monotonia, motivação, estado geral de saúde, 
relacionamento social,e assim por diante. Ocorre também em situações em que há 
predomínio do trabalho mental, com poucas solicitações de esforços musculares. 
Em tarefas com excesso de carga mental, a fadiga reduz a precisão na 
discriminação de sinais, retardando as respostas sensoriais e aumentando a 
irregularidade das respostas. 
A fadiga psíquica, também conhecida por fadiga nervosa, tem algumas 
características (VIEIRA, 1997): 
• quadro predominante psíquico, mas acompanhado de repercussões 
orgânicas; 
• sintomatologia múltipla e polimorfa destacando-se, freqüentemente: 
a) queixas de cefaléias (dores de cabeça), tonturas, anorexia, tremores 
das extremidades, adinamia, dificuldades em concentrar-se, crises de 
choro etc.; 
b) alterações de sono, nas quais o paciente, exausto, cai na cama e 
dorme pesadamente, sem sonhos. Surgem, a seguir, sonhos 
angustiantes e o paciente, após ter dormido apenas algumas horas, 
acorda de madrugada e não consegue dormir mais; 
c) diminuição da libido, com impotência e frigidez sexual; 
25 
• quadro geral atingindo o organismo como um todo, e não como ocorre na 
fadiga orgânica, que atinge apenas determinados orgãos; 
• quadro remanescente: o sono e/ou o repouso não leva a uma 
recuperação, como ocorre na fadiga orgânica; 
• redução da produtividade. 
 
2.1.5.4. Monotonia 
É a reação do organismo a um ambiente uniforme, pobre em estímulos ou 
com pouca variação das excitações. Os sintomas mais indicativos da monotonia são 
uma sensação de sonolência, aumento do tempo de reação, morosidade e uma 
diminuição da atenção. As operações repetitivas na indústria e o tráfego rotineiro são 
condições propícias à monotonia (IIDA, 1990). 
As experiências demonstram que as causas de monotonia são as atividades 
prolongadas ou repetitivas, de pouca complexidade. E como condições agravantes 
da monotonia podem ser citadas: curta duração do ciclo de trabalho, períodos curtos 
de aprendizagem e restrição dos movimentos corporais, além dos locais mal 
iluminados, muito quentes, ruidosos e com isolamento social (IIDA, 1990). 
Conforme supra mencionado, uma das causas da monotonia no trabalho é a 
repetição das atividades, que provoca aborrecimento e insatisfação nos 
trabalhadores e é causa comum dos elevados índices de absenteísmo e 
rotatividade. 
 
2.1.5.5. Motivação 
A motivação no comportamento humano é algo que faz uma pessoa 
perseguir um determinado objetivo, durante um certo tempo, que pode ser curto ou 
longo, e que não pode ser explicado somente pelos seus conhecimentos, 
26 
experiências e habilidades. A motivação não pode ser observada diretamente, mas 
somente através dos seus efeitos, e pode ser medida indiretamente, como por 
exemplo pelas quantidades adicionais de peças produzidas por um trabalhador 
motivado (VIEIRA, 1997). 
A questão da motivação tem sido exaustivamente estudada pelos 
profissionais de recursos humanos e, de uma forma simplista, ela está relacionada à 
satisfação pessoal, social e profissional do trabalhador (VIEIRA, 1997). 
 
2.1.5.6. Posturas e movimentos 
Uma parte extremamente importante no estudo da Ergonomia é a análise 
das posturas e dos movimentos. Tanto no trabalho como na vida cotidiana, eles são 
determinados pela tarefa e pelo ambiente onde a mesma é desenvolvida. O estudo 
das posturas e dos movimentos que envolvem qualquer atividade deve sempre se 
fundamentar nos conhecimentos adquiridos em outras áreas, como biomecânica, 
fisiologia e antropometria. 
A postura pode ser definida como um arranjo relativo das partes do corpo e, 
como critério de boa postura, o equilíbrio entre suas estruturas de suporte, os 
músculos e os ossos, que as protegem contra uma agressão (trauma direto ou 
deformidade progressiva - alterações estruturais). As diversas posturas (em pé, 
deitado, sentado, inclinado à frente, agachado) podem, durante o repouso e o 
trabalho, ser realizadas em condições mais adequadas (VIEIRA, 1997). 
Trabalhando ou repousando, o corpo assume três posturas básicas: as 
posições deitada, sentada e em pé. Em cada uma dessas posturas estão envolvidos 
esforços musculares para manter a posição relativa de partes do corpo, que se 
distribuem da seguinte forma (IIDA, 1990): 
27 
• posição deitada: nesta posição não há concentração de tensão em 
nenhuma parte do corpo. O sangue flui livremente para todas as partes do 
corpo. O consumo energético assume o valor mínimo, aproximando-se do 
metabolismo basal. É, portanto, a postura mais recomendada para 
repouso e recuperação da fadiga; 
• posição sentada: exige atividade muscular do dorso e do ventre para se 
manter esta posição. O consumo de energia é de 3 a 10% maior em 
relação à posição horizontal. O assento deve permitir mudanças 
freqüentes de postura, para retardar o aparecimento da fadiga; 
• posição em pé: a posição parada, em pé, é altamente fatigante, porque 
exige muito trabalho estático da musculatura envolvida para manter essa 
posição. O coração encontra maiores resistências para bombear sangue 
para os extremos do corpo. As pessoas que executam trabalhos 
dinâmicos em pé geralmente apresentam menos fadiga do que aquelas 
que permanecem estáticas ou com pouca movimentação. 
A posição sentada, em relação à posição em pé, apresenta ainda a 
vantagem de liberar os braços e os pés para tarefas produtivas. Na posição em pé, 
além da dificuldade de usar os próprios pés para o trabalho, freqüentemente 
necessita-se também do apoio das mãos e dos braços para se manter a postura. 
Nesse sentido, a posição sentada é menos cansativa do que a posição em pé. 
Entretanto, as atividades que exigem maiores forças ou movimentos do corpo são 
mais bem executadas em pé (IIDA, 1990). 
A Tabela 1, a seguir, apresenta a distribuição percentual das partes do 
corpo, de acordo com o peso relativo de cada segmento corporal. 
 
28 
Tabela 1 – Peso relativo de cada segmento corporal 
Parte do corpo % do peso total 
Cabeça 6 a 8% 
Tronco 40 a 46% 
Membros Superiores 11a 14% 
Membros Inferiores 33 a 40 % 
Fonte: (IIDA, 1990) 
Muitas vezes projetos inadequados de máquinas, assentos ou bancadas de 
trabalho obrigam o trabalhador a usar posturas inadequadas. Se estas forem 
mantidas por um longo tempo, podem provocar fortes dores localizadas naquele 
conjunto de músculos solicitados na conservação dessas posturas (ver Quadro 1). 
POSTURA RISCO DE DORES 
Em pé 
Sentado sem encosto 
Assento muito alto 
Assento muito baixo 
Braços esticados 
Pegas inadequadas em ferramentas 
Pés e pernas (varizes) 
Músculos extensores do dorso 
Parte inferior das pernas, joelhos e pés 
Dorso e pescoço 
Ombros e braços 
Antebraços 
Quadro 1 - Localização das dores no corpo, provocadas por posturas inadequadas 
Fonte: (IIDA, 1990) 
 
Um exemplo comum de postura inadequada é a inclinação da cabeça, que 
pode provocar dores no pescoço, quando a inclinação da cabeça em relação à 
vertical for maior do que 30o (ver Figura 4, a seguir). Nesse caso deve-se tomar 
providencias para restabelecer a postura vertical da cabeça, de preferência com até 
20° de inclinação, fazendo-se ajustes na altura da cadeira, da mesa ou na 
localização da peça. 
29 
 
Figura 4 Tempos médios para aparecimento de dores no pescoço, de acordo com a 
inclinação da cabeça para frente. 
Fonte: (VIEIRA, 1997) 
 
Pode-se definir má postura como sendo aquela que causa incapacidade, dor 
ou outra anormalidade qualquer. É possível que algumas pessoas tenham uma 
tendência maior de adquirir estas anormalidades do que outras. 
Posturas ou movimentos inadequados produzem tensões mecânicas nos 
músculos, ligamentos e articulações, resultando em dores no pescoço, costas, 
ombros, punhos e outras partes do sistema músculo-esquelético. Alguns 
movimentos, além de produzirem tensões mecânicas nos músculos e articulações, 
apresentam um gasto energético que exige muito dos músculos, coração e pulmões 
(VIEIRA,1997). 
 
2.1.5.7. Fatores que influenciam a postura 
Para o trabalhador garantir o sucesso na realização de uma tarefa ele adota 
posturas e movimentos físicos, que são influenciados ou determinados pela natureza 
da tarefa, pelas condições ambientais e organizacionais e pelos meios materiais que 
ele tem à sua disposição, conforme segue (BARREIRA, 1989): 
• natureza da tarefa: o trabalhador para cumprir uma tarefa realiza alguns 
procedimentos operacionais que requerem certas atividades físicas e 
30 
mentais. Uma das maneiras observáveis da atividade física compreende 
exatamente a adoção de posturas e movimentos; 
• fatores físicos ambientais: compreende a intensidade e a qualidade de 
iluminamento, o ruído, as temperaturas e a ventilação, entre outros. Se 
estes fatores não forem adequados, o trabalhador, de forma inconsciente 
ou consciente, adota posturas muitas vezes erradas, no sentido de 
compensar o fator inadequado; 
• fatores físicos materiais: compreendem a disposição e o 
dimensionamento físico dos equipamentos, dos materiais, das fontes de 
informação, dos dispositivos de controle e de comando, entre outros, no 
posto de trabalho. Todos esses itens devem ser compatíveis com as 
dimensões antropométricas do trabalhador, isto é, o operador não pode 
se ver obrigado a adotar posturas que submetam seu corpo a esforços 
desnecessários; 
• fatores temporais: compreendem a distribuição temporal da tarefa ao 
longo da jornada de trabalho, ou seja, a distribuição dos períodos de 
trabalho e pausas com a freqüência e duração dos mesmos ao longo do 
dia. A velocidade ou o ritmo de execução da tarefa e os tempos de 
pausas, juntamente com o período do dia em que as mesmas ocorrem, 
constituem um importante fator a ser considerado na análise da adoção 
de posturas. 
 
2.1.5.8. Trabalhos manuais 
Qualquer tipo de tarefa realizada pelo homem normalmente demanda a 
utilização ativa da mão durante sua realização. Daí a importância das mãos como 
meio de se atingirem os objetivos traçados na atividade de trabalho. 
31 
 
2.1.5.9. Lesões nas mãos 
De maneira geral, a mão pode sofrer lesões de pele apenas, ou lesões que 
atinjam além da pele, tendões e nervos. Também, há casos mais graves, 
envolvendo além destas partes, mais as artérias e a parte óssea, através de fraturas. 
O avanço da tecnologia eliminou muitas atividades, ao mesmo tempo em 
que abriu espaço para o surgimento de novas atividades. Dentre as atividades que 
sobreviveram a esse avanço e as que surgiram, muitas ainda exigem movimentos 
repetitivos e/ou forçados, em ritmo muitas vezes imposto pela velocidade da própria 
máquina, em postura nem sempre adequada às suas condições pessoais e, em 
geral, por longas e contínuas jornadas de trabalho. Tal situação obriga o trabalhador 
a intensos e forçados movimentos dos seus membros superiores provocando o 
aparecimento de moléstias conhecidas como Lesões por Esforços Repetitivos (LER) 
ou Lesões por Traumas Cumulativos (LTC). Independentemente da denominação, 
sabe-se que as LER (ou LTC), são desordens neuro-músculo-tendinosas, de origem 
ocupacional, que atingem os membros superiores, espádua e pescoço, causadas 
pelo uso repetido e forçado de grupos musculares ou pela manutenção de postura 
forçada (OLIVEIRA, 1991). Como conseqüência, o trabalhador perde, temporaria ou 
permanentemente, a capacidade de realizar determinados movimentos. 
Por serem doenças que envolvem atividades laborais, e que muitas vezes 
comprometem os índices de absenteísmo, algumas medidas de prevenção estão 
previstas nas Normas Regulamentadoras NR-7, NR-9 e NR-17, que estabelecem 
parâmetros para os programas de saúde ocupacional, prevenção de riscos e 
Ergonomia no trabalho, respectivamente (LEITE, 1997). 
 
32 
2.1.5.10. Causas da LER 
Existem várias doenças que podem ser enquadradas como LER, cada uma 
delas com uma característica diferentes, mas que irão levar no final aos sintomas de 
dor, fraqueza e fadiga das articulações, impedindo a pessoa de trabalhar 
normalmente (LEITE, 1997). 
Essas lesões causam dor constante e até incapacitação permanente, caso 
não sejam diagnosticadas e tratadas logo no início. O problema que as organizações 
enfrentam torna-se grave, pois os funcionários geralmente são acometidos por esse 
tipo de problema quando se encontram em um estágio avançado em termos de 
experiência e de capacidade produtiva, o que está intimamente ligado à qualidade 
dos produtos e serviços prestados. Daí a importância da realização do planejamento 
ergonômico para se prevenirem esses males (SANCHES, 1997). 
Os movimentos de alta repetitividade durante o desenvolvimento da tarefa 
são considerados como uma das causas principais do aparecimento das LER. Nesse 
contexto, consideram-se como movimentos de alta repetitividade aqueles que 
possuem um ciclo básico de menos de trinta segundos e/ou atividades em que mais 
do que cinqüenta por cento do ciclo de trabalho envolve movimentos similares das 
extremidades superiores (MACIEL, 1995). Diante dessas considerações, não se 
pode estranhar quando se vinculam os fatores de risco na organização de trabalho, 
responsáveis pela LER, aos princípios tayloristas e fordistas de organização do 
trabalho (CODO, 1995). 
De maneira geral, as funções nas quais a LER aparece com maior 
freqüência possuem algumas características específicas, que estão relacionadas ao 
aparecimento da síndrome. A seguir, no Quadro 2, são apresentados, sucintamente, 
os principais fatores determinantes da LER: 
33 
 
Postura Movimento e força Conteúdo do trabalho e 
fatores psicológicos 
Características 
individuais 
Posturas fixas, principalmente 
em trabalhos sedentários 
Força e repetitividade de 
movimentos Conteúdo mental das tarefas 
Tipo de musculatura e 
características corporais
Posturas extremas 
(movimentações corporais 
envolvendo torções extremas 
do tronco) 
Força moderada, mas utilização 
de pequenos músculos 
repetidamente no tempo 
Grau de flexibilidade da 
ação do trabalhador 
Estudos demostraram 
que as mulheres são 
mais sensíveis 
Más posturas de 
extremidades superiores (tais 
como desvio de punhos, 
elevação de ombros, braços 
torcionados) 
Tempo e freqüência: 
movimentos repetitivos e 
estereotipados em pequenos 
ciclos de tempo 
Pressão em relação à 
produção 
Técnica de realização 
do trabalho 
Desvios de posturas 
influenciados por: 
a) características do posto de 
trabalho; 
b) características 
antropométricas do 
trabalhador. 
Contato mecânico localizado 
(contato físico entre uma parte 
do corpo ou das mãos e/ou 
punhos com um determinado 
objeto, sempre no mesmo local 
e na mesma posição; ex. 
tesoura) 
Qualidade da comunicação 
entre empregados e chefia 
Distribuição de tarefas 
por sexo 
 
Força exercida durante a 
realização de movimentos 
(levantamento, carregamento e 
utilização de ferramentas 
pesadas) 
Recomendam-se mais 
estudos para estabelecer a 
relação entre o trabalho, o 
estresse e o sistema 
músculo-esquelético. 
Carga de trabalho 
 
Exposição das extremidades 
superiores à vibração e a baixas 
temperaturas 
 
Quadro 2 - Principais fatores determinantes da LER 
Fonte: (VIEIRA, 1997). 
 
2.1.5.11. Grupos de risco das LER 
Existe uma tendência de extinção dos trabalhos que exigem maior força 
física ou movimentos repetitivos. O uso de robôs em linhas de montagem, sistemas 
que recebem comando de voz etc., são exemplos de avanços neste sentido. No 
entanto, o atual estágio de desenvolvimento da humanidade não permite ainda 
eliminar todas as atividades de risco. Existe ainda uma demanda muito grande de 
atividades que utilizam as mãos, acompanhadas de movimentos altamente 
repetitivos a um ritmo muito acelerado e com a aplicação de maior ou menor força, 
enquadrando-se assim dentro dos grupos de risco das LER. 
Trabalhadores que se enquadram nesse grupo de risco, são: 
• empacotadeiras em fábricas de alimentos;• processadores de dados; datilógrafos; 
34 
• microfilmadores; 
• montadores de peças em linha de montagem automática; 
• tricoteiras; costureiras; 
• etiquetadores de preços; caixas bancários; 
• OTT – Operador de Transbordo e Triagem (Correios); e 
• outros. 
 
2.1.5.12. Estágios das LER 
Os principais sintomas das lesões por traumas cumulativos são: sensação 
de peso e cansaço no membro afetado e surgimento de dor, formigamento, inchaço, 
calor localizado e perda da força muscular. Tais sintomas foram observados e 
classificados em três estágios (CUNHA et al., 1992): 
• há dor e fadiga do braço afetado durante o trabalho, cessando à noite e 
nos dias de folga: 
a) não há redução significativa da produtividade; 
b) não há sinais físicos; 
c) o quadro persiste por semanas ou meses, mas é reversível; 
• há dor recorrente e fadiga, que aumentam inicialmente durante a jornada 
de trabalho e permanecem por mais tempo: 
a) os sintomas não mais desaparecem à noite, perturbando o sono do 
indivíduo; 
b) redução da produtividade quando em trabalhos repetitivos; 
c) sinais físicos podem estar presentes; 
d) usualmente persiste por meses; 
• a dor, a fadiga e a fraqueza agora persistem mesmo em repouso, e pode 
haver dor mesmo sem movimentos repetitivos: 
35 
a) esses sintomas perturbam o sono; 
b) o paciente é incapaz de boa performance até para trabalhos leves; 
c) os sinais agora estão presentes; 
d) o quadro poderá permanecer por meses ou anos. 
Em outro estudo, no qual procurou-se enfatizar os extremos do curso clínico 
da doença, preferiu-se classificar a LER em 4 estágios (CUNHA et al., 1992): 
• sensação de peso e desconforto no membro afetado: 
a) dor localizada na espádua, que aparece ocasionalmente durante a 
jornada de trabalho (pontadas); 
b) não interfere na produtividade do trabalhador; 
c) não há irritação nítida; 
d) melhora com o repouso; 
e) geralmente é uma dor leve e fugaz; 
f) ausência de sinais clínicos; 
g) pode haver manifestação de dor ao exame clínico, quando a massa 
muscular envolvida é comprimida; 
• dor mais persistente e intensa, que aparece durante a jornada de trabalho 
de forma não-contínua: 
a) a dor é tolerável e permite a execução da atividade profissional, mas 
com uma notável redução da produtividade nos períodos de 
exacerbação; 
b) pode estar acompanhada de sensação de formigamento e calor, além 
de leves distúrbios de sensibilidade; 
c) pode haver irradiação definida; 
d) demora mais a melhorar com o repouso; 
36 
e) pode aparecer ocasionalmente fora do trabalho (atividades 
domésticas, práticas esportivas); 
f) de um modo geral, os sinais físicos continuam ausentes; 
g) pode-se observar, algumas vezes, nodulações acompanhando a 
bainha da musculatura envolvida; 
h) massa muscular com hipertonia e dor à palpação; 
• dor persistente e forte, com irradiação mais definida: 
a) nem sempre a dor desaparece com o repouso, podendo ser apenas 
atenuada; 
b) paroxismos noturnos; 
c) freqüência de perdas da força muscular e parestesias; 
d) há queda acentuada de produtividade; 
e) sinais clínicos presentes: edema recorrente; hipertonia muscular, 
alterações da sensibilidade; manifestações vagais (palidez, sudorese 
etc.); 
f) a mobilização ou palpação do membro provoca dor forte; 
g) eletromiografia (EMG) alterada; 
• dor forte e contínua, por vezes insuportável: 
a) paroxismos de dor ocorrem mesmo com o membro imobilizado; 
b) perda da força e do controle dos movimentos; 
c) sinais clínicos como hipotrofias por desuso, edema, nódulos e 
crepitações; 
d) a capacidade de trabalho é anulada; 
e) atos da vida diária prejudicados; 
f) alterações psicológicas, como depressão, angústia e ansiedade. 
37 
Independentemente da forma como são classificados os estágios da 
doença, é importante ficar atento a esses sintomas para, com o devido 
acompanhamento médico, intervir na evolução do processo degenerativo. 
 
2.1.5.13. Formas Clínicas 
A LER é representada por lesões que atingem todos os segmentos dos 
membros superiores, espádua e pescoço. Os tipos mais conhecidos de lesões são: 
tenossinovite (inflamação do tecido que reveste os tendões), tendinite (inflamação 
dos tendões), miosite (inflamação dos músculos), epicondilite (inflamação das 
estruturas do cotovelo), bursite (inflamação das bursas), túnel do carpo (compressão 
do nervo mediano ao nível do punho), entre outras. Algumas formas reproduzem 
quadros, tais como dedo em gatilho, doença de Quervain, síndrome do Túnel do 
Carpo, síndrome do Túnel Ulnar, epicondilite, bursite, cervicobraquialgia, miosite e 
polimiosites (CUNHA et al., 1992). 
 
2.1.5.14. Diagnóstico da LER 
Para alguns profissionais, o diagnóstico da LER é essencialmente clínico, 
baseando-se na história tanto clínica como nas atividades ocupacionais vivenciadas 
por cada trabalhador. O exame físico detalhado, os exames complementares, 
(conforme a situação) e a análise das condições de trabalho responsáveis pelo 
aparecimento da lesão são muito importantes ao se fazer um diagnóstico (VIEIRA, 
1997). 
Dentre os métodos de diagnóstico atualmente utilizados pelos profissionais 
da área médica, a ultra-sonografia, que é um método de diagnóstico por imagem que 
utiliza som de alta freqüência e com baixa intensidade, está permitindo, sem danos 
ou prejuízos ao organismo, identificar as estruturas músculo-esqueléticas e outros 
38 
órgãos internos do corpo. Com o uso dos aparelhos de última geração, em tempo 
real e com alta definição, observou-se que as estruturas correspondentes aos 
tecidos moles eram perfeitamente bem definidas e que as alterações patológicas nas 
mesmas eram facilmente identificadas (OLIVEIRA, 1989). 
 
2.1.5.15. Prevenção 
Com o propósito de prevenir o desenvolvimento das Lesões por Esforços 
Repetitivos os especialistas são unânimes em recomendar (ALVES, 1995): 
• um projeto adequado de ferramentas e equipamentos que permita uma 
postura confortável e livre de esforço. Os trabalhadores devem ser 
consultados em todos os estágios de projeto e compra de equipamentos; 
• um posto de trabalho que permita uma variação nas posturas; 
• que quando as tarefas exigirem atividades repetitivas ou estáticas 
prolongadas deve-se introduzir períodos de descanso; 
• a introdução de rodízio no trabalho, modificação nas tarefas para diminuir 
o efeito de movimentos repetitivos e posturas estáticas. O trabalhador 
deve ser consultado, permitindo uma integração entre o indivíduo e o 
trabalho; 
• um ritmo de trabalho adequado ao indivíduo (que não pode ser imposto 
pela máquina). Deve-se considerar a experiência do indivíduo no trabalho, 
sua capacidade individual, o tempo necessário para adaptar-se a novas 
tecnologias. Além disso, permitir a reintegração progressiva no trabalho 
após um período de afastamento; 
• que prêmios por produção, monitoramento eletrônico e ritmo imposto pela 
máquina devem ser abolidos. Estes fatores fazem com que os 
trabalhadores ultrapassem seus limites pessoais; 
39 
• que fatores físicos e sociais devem ser observados, pois contribuem para 
aumentar o estresse dos trabalhadores no ambiente de trabalho. Os 
fatores físicos (iluminamento, ventilação, temperatura, umidade e ruído) 
devem ser avaliados e devem seguir as Normas Regulamentadoras. Os 
fatores sociais incluem o relacionamento interpessoal, a carga de 
trabalho, o estilo gerencial, a adaptação a novas tecnologias e as 
mudanças no local de trabalho; 
• deve ser instituído um treinamento direcionado a todos os níveis 
hierárquicos, que inclua o conhecimento sobre a doença: sintomatologia, 
etiopatogenia, conseqüências, medidas de prevenção, princípios de 
tratamento e reabilitação (isso também pode ser chamado de 
conscientização). 
Os exercícios de alongamentos das mãos e algumas pausas durante a 
jornada de trabalho resolvem e evitam a tenossinovite. Outro exercício que pode 
ajudar nos casos de sobrecargaestática é o de alongamento para a coluna. Existem 
estudos que comprovam que com pausas, a produtividade é maior, pois a pessoa 
não chega à fadiga, e que a prevenção da LER pode ser feita da seguinte maneira 
(VIEIRA 1997): 
• pausas programadas durante a jornada de trabalho para o descanso de 
músculos e tendões (10 minutos para cada 50 minutos de trabalho 
repetitivo); 
• adequação dos postos de trabalho às características físicas dos 
trabalhadores (adequar o projeto do mobiliário, das ferramentas e das 
máquinas utilizadas); 
• controle e avaliação do ambiente de trabalho quanto ao ruído, à 
temperatura, à iluminação etc.; 
40 
• exames médicos periódicos; 
• diminuição do ritmo de trabalho quando aparecer qualquer sintoma; 
• realização de estudo de análise ergonômica do trabalho, de forma a 
conhecer a situação de trabalho, os movimentos realizados pelo 
trabalhador, o tipo de atividade, o ritmo de trabalho etc. 
 
41 
3. METODOLOGIA 
3.1. ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO 
3.1.1. Premissas 
O Ministério do Trabalho e Emprego, através da NR 17, em seu item 7.1.2., 
estabelece: “Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características 
psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise 
ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar no mínimo, as condições de 
trabalho conforme estabelecido nesta Norma Regulamentadora”, (MTE, 2004). 
A análise ergonômica procura colocar em evidência os fatores que possam 
levar a uma subcarga ou a uma sobrecarga de trabalho (física ou cognitiva) e suas 
conseqüentes repercussões sobre a saúde, estabelecendo quais são os pontos 
críticos que devem ser modificados. A análise deve levar em conta a percepção dos 
trabalhadores sobre suas condições de trabalho e a organização do trabalho 
(BARCELOS, 1997). 
De um modo geral, a análise ergonômica deve ser feita através de uma 
intervenção ergonômica no local de trabalho, considerando as condições reais de 
trabalho, partindo-se de uma avaliação geral até chegar a uma avaliação específica, 
e sempre com foco nos aspectos sociais e na produção. 
A intervenção ergonômica deve mobilizar o conjunto de atores envolvidos, 
nos diferentes níveis, nos projetos de transformação do trabalho. Essa mobilização 
ocorre porque os trabalhadores podem relatar melhor a maneira como vivem e se 
adaptam às situações de trabalho. Além disso, a natureza das modificações a serem 
recomendadas deve ser validada pelos trabalhadores e estas devem atender às 
exigências do processo produtivo e da política geral da empresa (NOULIN, 1992). 
42 
Nesse sentido, a metodologia geral da análise ergonômica deve contemplar 
(PROENÇA, 1993): 
• um diagnóstico baseado: 
a) na análise das características sociais, técnicas, organizacionais e 
econômicas da situação de trabalho analisada; 
b) na análise da atividade real dos operadores e do quadro temporal no 
qual ela se efetua; 
c) na medida das características dos meios de trabalho e do meio 
ambiente físico no qual o mesmo se realiza; 
d) na medida das características antropométricas, fisiológicas e 
psicológicas dos operadores em atividade; 
• um projeto construído a partir do diagnóstico: 
a) dos dados recolhidos sobre a situação de trabalho; 
b) dos dados existentes na literatura; 
• uma verificação dos efeitos das modificações resultantes. 
 
A Análise Ergonômica do Trabalho pode ser dividida em três fases: análise 
da demanda, análise da tarefa e análise das atividades. Concluída a Análise 
Ergonômica do Trabalho, continua-se com uma outra etapa denominada Síntese 
Ergonômica do Trabalho que, por sua vez, é dividida em duas fases: o 
estabelecimento do diagnóstico da situação de trabalho e a elaboração do caderno 
de encargos de recomendações ergonômicas (ver Figura 5, a seguir). Todas essas 
fases devem ser cronologicamente abordadas, de forma a garantir uma coerência 
metodológica e a evitar percalços, que são comuns nas pesquisas empíricas de 
campo. Cada uma destas fases necessita, por sua vez, de uma descrição detalhada 
43 
das informações geradas, além da obediência aos princípios básicos que seguem 
(SANTOS, 1994): 
• apresentação do estudo, dos objetivos e dos resultados esperados aos 
solicitantes da demanda e aos trabalhadores envolvidos na atividade 
laboral focalizada; 
• apresentação, principalmente aos trabalhadores, dos meios de análise, do 
tipo de dados que serão recolhidos e do tipo de interpretação que será 
feita dos mesmos; 
• apresentação, a todos os envolvidos, dos resultados obtidos durante e 
após a análise. 
 
Figura 5 - Análise Ergonômica do Trabalho e Síntese Ergonômica do Trabalho 
Fonte: (SANTOS e FIALHO, 1995) 
 
44 
3.1.2. Análise da demanda 
Não existe, em geral, um estudo ergonômico sem uma demanda prévia. A 
demanda muitas vezes envolve problemas complexos, que escapam da área da 
Ergonomia. Daí a importância de se definirem corretamente os objetivos da 
demanda e de se delimitarem os pontos a serem tratados em um determinado 
estudo. 
As demandas de intervenção ergonômica podem ser classificadas em três 
grandes grupos. São as demandas formuladas com o objetivo de (VIEIRA, 1997): 
• buscar recomendações ergonômicas para a implantação de um novo 
sistema de produção; 
• resolver disfunções do sistema de produção já implantado, relativas aos 
comportamentos do homem, da máquina, ou ainda da organização, que 
se traduzem em problemas ergonômicos; e 
• identificar as novas condicionantes de produção, numa determinada 
situação de trabalho, introduzidas pela implantação de uma nova 
tecnologia e/ou pela introdução de novos modos organizacionais. 
Independentemente de como se classifica a demanda, a análise da mesma 
é a delimitação do objeto de estudo, a partir de uma negociação com os diversos 
atores sociais envolvidos. Uma vez definido o problema a ser estudado, inicia-se o 
levantamento de dados, para a formulação das primeiras hipóteses. É a partir 
desses dados que será feita a proposta de intervenção que, após acordo entre as 
partes interessadas (diretoria de uma empresa, departamento de pessoal, 
departamento de métodos, departamentos de estudo de novos produtos, sindicato 
operário, grupo de consumidores, inspetor de trabalho etc.), se transformará no 
contrato de intervenção ergonômica. 
45 
 
3.1.3. Análise da tarefa 
Tarefa é definida como aquilo que o trabalhador deve realizar, dentro das 
condições ambientais, técnicas e organizacionais disponíveis para ele. Dentro deste 
contexto, a análise da tarefa consiste, basicamente, na análise das condições de 
trabalho da empresa (SANTOS e FIALHO, 1995). 
Na análise da tarefa, três aspectos devem ser cuidadosamente investigados 
(FISCHER & PARAGUAY, 1989): 
• os resultados (a produção esperada ou exigida); 
• os métodos de trabalho impostos ou prescritos; e 
• a máquina (este termo engloba tudo aquilo com o qual trabalha o 
operador: máquinas, ferramentas, materiais, equipamentos, documentos, 
informações, colegas e o ambiente de trabalho como um todo). 
Nesta fase, a partir das hipóteses previamente estabelecidas pela análise da 
demanda, é definida a situação de trabalho a ser analisada, isto é, é delimitado o 
sistema homem-tarefa a ser abordado. Deve-se realizar uma descrição detalhada 
dos diversos componentes deste sistema, considerando o aspecto formal e oficial do 
trabalho, fixado pela organização para os trabalhadores, ou seja, o que deve ser 
feito e os meios colocados à disposição para a sua realização. 
Por último, se faz uma avaliação ergonômica das exigências do trabalho, 
permitindo a confirmação (ou a recusa) das hipóteses anteriormente formuladas, ou 
ainda a formulação de novas hipóteses a respeito dessas condicionantes de 
trabalho. Na seqüência está listado um conjunto de elementos para a descrição de 
uma tarefa (NOULIN, 1992): 
46 
• objetivos: performances exigidas, resultados designados,normas de 
produção, que determinam uma certa obrigação de resultados que o 
operador reconhece como contrapartida de sua remuneração; 
• procedimentos: maneiras com as quais o operador deve atingir os 
objetivos; 
• meios técnicos: máquinas, ferramentas, meios de proteção, meios de 
informação e de comunicação; 
• meios humanos: organização coletiva de trabalho, repartição das tarefas, 
relações hierárquicas; 
• meio ambiente físico: ambiente sonoro, térmico, luminoso, vibratório, 
tóxico, concepção antropométrica do posto de trabalho; 
• condições temporais: duração, horários e ritmo de trabalho; cadências; 
pausas, flutuações da produção no tempo; 
• condições sociais: formação e/ou experiência profissional exigidas, 
qualificação reconhecida, possibilidade de promoção, plano de carreira. 
As inter-relações entre os elementos acima citados permitem a definição das 
exigências ou limitações físicas e mentais da tarefa. 
 
3.1.4. Análise da atividade 
Atividade, neste caso, corresponde à maneira pela qual o homem dispõe de 
seu corpo (seu sistema nervoso, órgãos sensoriais etc.), sua personalidade (seu 
caráter, sua história) e suas competências (formação, aprendizagem, experiência) 
para realizar um trabalho (GUÉRIN et al., 1997). Portanto, ela apresenta aspectos 
físicos, sensoriais, mentais e relacionais, conforme segue: 
47 
• componentes físicos: atividade muscular estática e dinâmica, forças 
exercidas; 
• componentes sensoriais: correspondem à utilização dos órgãos visuais, 
auditivos, tácteis, olfativos, que recolhem as diversas informações e as 
transmitem ao sistema nervoso central; 
• componentes mentais: correspondem às atividades ou processos (estes, 
não diretamente observáveis) de tomada e processamento de 
informações e que envolvem a identificação, a análise e a interpretação 
dos dados ambientais, das tarefas, de problemas na situação de trabalho 
e dos resultados da própria ação, pelo operador; 
• componentes relacionais: essenciais para a realização do trabalho, 
embora a organização formal do trabalho tenda a prescrever as tarefas 
como independentes entre si, minimizando ou desconhecendo a utilidade 
das relações sociais de trabalho. 
 
A análise das atividades é, em outras palavras, a análise do comportamento 
do homem no trabalho. Nesta fase, é realizada a análise das atividades 
desenvolvidas pelos trabalhadores, face às condições e aos meios que lhe são 
colocados à disposição. Trata-se da análise do comportamento no trabalho: 
posturas, ações, gestos, comunicações, direção do olhar, movimentos, 
verbalizações, raciocínios, estratégias, resoluções de problemas, modos operativos, 
enfim, tudo que pode ser observado ou inferido das condutas dos indivíduos. 
 
48 
3.1.5. Síntese Ergonômica do Trabalho 
Concluída a Análise Ergonômica do Trabalho, parte-se para a Síntese 
Ergonômica do Trabalho que, por sua vez, é dividida em duas fases: 
• o estabelecimento do diagnóstico da situação de trabalho; e 
• a elaboração do caderno de encargos de recomendações ergonômicas. 
O diagnóstico, neste caso, diz respeito às patologias do sistema homem-
tarefa que foi delimitado, dentro do qual intervêm fatores cuja natureza, modo de 
influência e possibilidades de transformação, podem ser inferidos pelos 
conhecimentos em Ergonomia. É necessário aplicar o princípio da globalidade, que 
procura analisar a atividade humana tanto do ponto de vista fisiológico como do 
ponto de vista psicológico (SANTOS e FIALHO, 1995). 
Uma vez recolhidos e interpretados, os dados conduzem à elaboração de 
um diagnóstico da situação de trabalho analisada, ou seja, conduzem a um modelo 
operativo, que permite a redação de um caderno de encargos de recomendações 
ergonômicas. Esta etapa constitui a razão de ser da Ergonomia. 
O caderno de encargos baseia-se em normas e especificações (SANTOS e 
FIALHO, 1995), pois o diagnóstico de uma situação de trabalho analisada permite 
estabelecer um conjunto de especificações ergonômicas, relativas: 
• a decisões de base; 
• à implantação geográfica dos postos de trabalho; 
• à implantação geográfica dos operadores; 
• ao arranjo físico das zonas de intervenção; 
• à documentação; e 
• ao meio ambiente de trabalho. 
49 
4. ESTUDO DE CASO: ATIVIDADE DE TRIAGEM DE 
CARTAS 
4.1. PREMISSAS 
A metodologia utilizada nesse estudo será a Análise Ergonômica do 
Trabalho, conforme explanado no Capítulo 3. 
A demanda nasceu de conversas informais entre os autores deste trabalho e 
alguns gestores, além de profissionais vinculados à área de Saúde Ocupacional dos 
Correios. Nessas conversas informais ficou definida a atividade específica que 
deveria ser o foco desse estudo. 
Foram feitas visitas ao local de trabalho, em uma unidade localizada na 
região norte do Paraná, e entrevistas com os funcionários que executavam a 
atividade e com os Coordenadores e Gerentes da Área, a fim de conhecer melhor a 
situação de trabalho. 
 
4.2. SOBRE A ORGANIZAÇÃO 
O serviço de correios no Brasil, como é de conhecimento popular, tem suas 
origens no inicio da colonização do Brasil. Porém, foi com a chegada da família real 
que se abriu caminho para que o serviço postal pudesse se desenvolver. Deste 
evento resultaram o progresso comercial, a elaboração do primeiro Regulamento 
Postal do Brasil, o funcionamento regular dos correios marítimos e a emissão de 
novos decretos. O órgão que prestava esses serviços evoluiu e se transformou no 
que hoje se conhece como Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. 
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos de hoje, pelas facilidades que 
sua estrutura física e organizacional possui, e até mesmo por uma questão de 
sobrevivência, deixou de prestar apenas serviços postais e passou a atuar em outras 
50 
áreas, como transporte de encomendas e até como correspondente bancário, 
empregando mais de 100.000 funcionários diretos. 
Apesar dessa diversificação, o serviço de entrega de cartas continua sendo 
uma das principais fontes de receita da Empresa e o que movimenta o maior número 
de funcionários. Sendo assim, é de se esperar que essa atividade receba uma 
atenção especial, principalmente quando o assunto é absenteísmo. Desse fato 
nasceu o interesse em se fazer uma avaliação das atividades relacionadas à triagem 
de cartas. 
A Empresa está presente em todos os municípios brasileiros através de uma 
ou mais Unidades de Atendimento (as chamadas Agências de Correios). 
Dependendo do porte do Município ele pode ter, além das Unidades de 
Atendimento, um ou mais Centros de Distribuição Domiciliária (CDD) para fazer o 
trabalho de entrega das cartas aos destinatários. Para facilitar a troca de objetos (ou 
correspondências) entre as cidades, levando em consideração os critérios logísticos, 
criaram-se as chamadas Unidades de Tratamento, que muitas vezes estão 
instaladas nas capitais dos Estados ou em cidades pertencentes a regiões de 
grande densidade demográfica, com facilidade de acesso rodoviário e aéreo. O 
macro fluxo do processo produtivo, para explanar melhor a relação entre esses 
diferentes tipos de Unidades, está esquematizado no diagrama da Figura 6, a seguir. 
Para se ter uma idéia dos níveis hierárquicos que separam o primeiro 
escalão da empresa dos funcionários de base, a Figura 7, adiante, traz um esboço 
do organograma dos Correios, obtido em consultas ao manual interno da EBCT. 
51 
 
 
Figura 6 - Diagrama simplificado do fluxo das cartas entre as unidades dos Correios 
Fonte: (Autores, 2005) 
52 
 
Figura 7 - Organograma Simplificado da EBCT. 
 Fonte: (EBCT, 2005) 
 
 
A Unidade de Tratamento na qual serão concentrados os estudos, localizada 
na região norte do Paraná, possui cerca de 80 (oitenta) Operadores de Triagem e 
Transbordo (OTT), para fazer o trabalho de triagem de cartas, além de outras 
atividades. Os OTT, conforme a Figura 6, anteriormente apresentada, situam-se na 
base do organograma,em termos de hierarquia. 
Existem máquinas de triagem que substituem, em parte, a mão-de-obra 
humana nessa atividade. Porém, tais máquinas só estão presentes em locais onde o 
volume de cartas justifica o seu uso. Mesmo assim, a triagem manual se faz 
necessária, nestes locais, pois muitas cartas (ou objetos) possuem formas (em 
dimensões e geometria) incompatíveis com o formato aceito pela máquina. 
53 
Com relação ao clima organizacional, percebe-se que existe uma tendência 
de melhoria na relação gestor-subordinado. Isto se deve, talvez, à influencia do 
sindicato e à evolução dos conceitos gerenciais que podem ser constatados nas 
diretrizes formalizadas pela Empresa, que estão transcritas a seguir (EBCT, 2005): 
‘‘A Política da Qualidade dos Correios tem como princípios: 
• a valorização da comunidade ecetista: as pessoas que compõem a 
comunidade ecetista são o principal recurso da empresa[...] 
 
A Empresa valoriza: 
• o respeito aos empregados; 
• a ética nos relacionamentos; 
• a competência profissional; 
• a responsabilidade social [...]” 
 
4.3. DEMANDA 
O interesse em se fazer um trabalho na área de Ergonomia partiu dos 
autores deste trabalho e, conforme já comentado, a demanda nasceu de conversas 
informais entre os autores e alguns gestores, além de profissionais vinculados à 
Área de Saúde Ocupacional dos Correios que, inclusive, citaram a exigência do 
parágrafo 1º, da Cláusula 56, do Acordo Coletivo de Trabalho 2004/2005: ''A ECT 
continuará desenvolvendo estudos ergonômicos, conforme recomenda a NR 17, 
para prevenção de LER/DORT'', (FENTECT, 2004). 
Através dos relatórios acessíveis aos gestores inferiu-se que os funcionários 
especializados em triar cartas estavam entre os que mais visitam o ambulatório da 
Empresa. E mais: segundo os coordenadores da seção, a maioria dos funcionários 
que faltam ao trabalho para procurar atendimento médico, manifesta queixas de 
dores apresentadas em diferentes partes do corpo, que coincidem com as 
características da LER descritas em 2.1.6. 
Outro fato determinante para definição do posto de trabalho a ser analisado 
foi o fato de que a Empresa estava substituindo os manipuladores, utilizados pelos 
OTT na triagem de cartas, por um novo modelo de manipulador (ver Apêndice A). 
54 
A partir destas entrevistas concluiu-se que, em função da introdução desse 
novo manipulador e do histórico de queixas da atividade, seria conveniente avaliar 
os prós e os contras dessa mudança no posto de trabalho dos OTT. 
A demanda, portanto, foi formulada de forma explícita, abrangendo um posto 
de trabalho. 
A partir destas definições, a equipe concentrou-se em conhecer o processo. 
Procurou-se observar de forma global o ambiente que envolve os trabalhadores 
analisados, entendendo suas funções e conhecendo os protagonistas do sistema de 
produção. Isto foi feito com a colaboração de funcionários dos quatro níveis 
hierárquicos da Unidade de Tratamento em questão (ver Figura 6). 
 
4.3.1. Objetivo da Demanda 
Trata-se aqui de uma abordagem micro-ergonômica. Este estudo abrangerá 
apenas um posto de trabalho, aqui denominado triagem de cartas. A escolha deste 
posto foi feita em conjunto com gestores e profissionais da Área de Saúde, conforme 
já comentado. 
O principal objetivo da demanda nesse caso é avaliar os benefícios obtidos 
com a implantação do novo modelo de manipulador de cartas e os riscos de 
desenvolvimento de uma lesão por esforço repetitivo, aos quais os trabalhadores 
estão sujeitos, em uma unidade dos correios localizada na região norte do Paraná. 
 
55 
4.3.2. Hipóteses 
Tendo-se em conta o objetivo da demanda, e considerando-se as 
observações efetuadas no posto de trabalho, formularam-se as seguintes hipóteses 
preliminares: 
• o desgaste físico é médio, pois não requer o uso de força extrema; 
• a atividade é monótona e repetitiva, o que pode levar a problemas por 
esforços repetitivos; 
• a tarefa a ser desenvolvida na estação de triagem está formalmente 
prescrita; 
• o meio ambiente físico é suficientemente limpo, bem iluminado (segundo 
o Presidente da CIPA, a iluminação havia sido avaliada no início de 
2005), razoavelmente organizado e não oferece grandes riscos à saúde 
do funcionário. Durante o verão, o calor é amenizado com o uso de 
ventiladores. Portanto, a princípio não existe necessidade de uso de 
protetores auriculares, faciais etc., para os riscos comentados em 2.1.5. 
 
4.4. TAREFA 
4.4.1. Tarefa e Documentação de Prescrição 
O principal resultado fixado pela Empresa para a triagem de cartas é a 
satisfação do usuário dos serviços dos Correios. Para tanto, ela estabelece que o 
triador de cartas deve: 
56 
• pegar uma caixeta de cartas, colocar em um suporte para ficar ao alcance 
das mãos, verificar o destino2 de cada carta e colocá-las nos escaninhos 
correspondentes; 
• alcançar metas de qualidade e produtividade mínima estabelecida por 
índices locais ou corporativos. 
Essa tarefa está prescrita nos manuais corporativos da empresa (Manual de 
Organização, Manual de Pessoal, Manual de Tratamento, Manual da Qualidade e 
outros documentos). Os manuais definem em linhas gerais, apenas os objetivos da 
triagem e os EPI básicos. 
 
4.4.2. Recursos Materiais 
Quanto aos materiais utilizados na estação de trabalho para a execução da 
triagem, são os seguintes (Ver Apêndice A): 
1. manipulador com escaninhos; 
2. cadeira; 
3. suporte de caixetas; 
4. caixetas; 
5. glicerina para umedecer os dedos. 
Cada OTT deve receber dois pares de sapatos de proteção com biqueira de 
aço para se proteger contra a queda de objetos ou escorregões, e para evitar o uso 
diário do mesmo par de sapatos. 
 
 
2 O destino é definido pelas informações do anverso da carta na seguinte seqüência: CEP; na falta 
ou ilegibilidade deste verifica-se a cidade; na falta ou ilegibilidade desta devolve-se ao remetente. 
57 
4.4.3. Processo 
A triagem da carta é apenas uma parte do processo. A operação que a 
antecede é o descarregamento e pré-triagem e/ou compactação dos objetos postais 
no Centro de Triagem e é executada por outra equipe de OTT. A operação que a 
sucede é a compactação por destino e expedição, que também é realizada por outra 
equipe de OTT. 
Existem cartas com vários destinos e a triagem de cartas deve ocorrer em 
função dos destinos das mesmas. Por exemplo: cartas destinadas a São Paulo são 
triadas primeiro, pois os veículos que a transportarão são carregados em primeiro 
lugar; cartas destinadas às cidades vizinhas poderão ser as últimas a serem triadas, 
pois os veículos que a transportarão só serão carregados na manhã do dia seguinte. 
Para separar o que é prioritário, durante o descarregamento é feita a pré-
triagem, que consiste em conferir se os objetos já estão separados em três destinos, 
ou seja: outros Estados, Curitiba e interior do Paraná. Feito isso, os objetos seguem 
para a mesa de triagem, onde serão triados em um maior numero de destinos. A 
compactação e a expedição se iniciam com a coleta dos objetos, de dentro dos 
escaninhos, e a acomodação (ou compactação) dos mesmos nas caixetas 
identificadas com o mesmo destino do escaninho. 
Todo esse processo é realizado em sincronia com a programação de 
horários de chegada e de saída das linhas de transporte. 
 
4.4.4. Características do Trabalhador 
O tipo de tarefa é simples, não exigindo muita qualificação. Normalmente, os 
novos empregados passam por um período de integração, durante o qual conhecem 
algumas regras, benefícios e políticas da Empresa, além de instruções básicas de 
58 
saúde ocupacional e, principalmente, como levantar pesos. Após esse período, eles 
recebem as instruções do Coordenador de UT e passam a executar o trabalho 
auxiliado pelos OTT mais antigos. 
Desde 2001, o nível de escolaridade exigido pela Empresa é o Ensino 
Médio. Antes disso, era possível contratarOTT com nível de escolaridade menor, 
desde que o candidato se mostrasse apto a ler sem dificuldade. 
A jornada de trabalho é de segunda a sábado, totalizando 44 horas 
semanais, com intervalo de uma hora e quinze minutos para refeição. 
 
4.5. ATIVIDADE 
4.5.1. Componente Humano 
Considerando somente os OTT que executam rotineiramente a triagem de 
correspondências, existe um total de 16 homens e 6 mulheres no setor. 
A faixa etária é grande: varia de 19 a 53 anos, com uma rotatividade 
relativamente baixa. Isto se deve à razoável estabilidade de emprego que a Empresa 
oferece. 
Pelo fato de o trabalho prescrito estar estabelecido em manuais 
corporativos, era de se esperar que a análise do trabalho real revelasse 
características nas atividades que não estão presentes nos documentos de 
prescrição, ou seja, que não fazem parte da representação da Empresa acerca do 
trabalho. 
O OTT efetua a tarefa prescrita, porém, para evitar a monotonia da 
atividade, ele ocasionalmente pára a triagem e vai esvaziar os escaninhos mais 
cheios que o outro OTT, responsável pela coleta, ainda não coletou (existem OTT 
para triagem e OTT para abastecer os triadores e para coletar as cartas já triadas). 
59 
A cooperação aparece como um aspecto importante do trabalho, que não é 
contemplado no trabalho prescrito. Esta é revelada, na atividade: pela comunicação 
que ocorre entre as equipes de trabalho dos diferentes setores, quando têm de 
priorizar a carga a ser tratada; e pela delegação de atribuições e redefinição de 
procedimentos no interior de cada equipe de trabalho. Ela se mostra, portanto, como 
um meio essencial, estabelecido pelos próprios OTT, para garantir o bom 
andamento do processo. 
Diante de qualquer dúvida, é o Coordenador que deve indicar a forma de 
proceder. Este, por sua vez, é guiado por sua experiência anterior, seguindo uma 
rotina própria da Unidade, que pode ser completamente diferente de outra Unidade. 
Para avaliar o clima organizacional escolheram-se, aleatoriamente, seis OTT 
para responder a um questionário, cujas respostas estão tabuladas na Tabela 2, a 
seguir. Dessa pesquisa dois destaques foram selecionados: 
• o item “material de apoio” foi o que teve menor aprovação entre os 
entrevistados; 
• o relacionamento entre colegas e a valorização dos funcionários 
alcançaram índices satisfatórios. 
60 
Tabela 2 - Avaliação do ambiente de trabalho 
Atributo Ótimo 
(%) 
Bom 
(%) 
Regular 
(%) 
Ruim 
(%) 
Péssimo 
(%) 
Organização e limpeza 50 16,7 33,3 - - - - - - 
Jornada de trabalho 100 - - - - - - - - - - - - 
Integração entre o pessoal da empresa 66,7 33,3 - - - - - - - - - 
Acúmulo de tarefas 16,7 66,6 16,7 - - - - - - 
Horários e turnos de trabalho 100 - - - - - - - - - - - - 
Material de apoio 16,7 33,3 50 - - - - - 
Numero de funcionários no setor 50 33,3 16,7 - - - - - - 
Qualidade e competência dos colegas da empresa 16,7 83,3 
Valorização dos funcionários 50 50 
Fonte: (Autores, 2005) 
 
 
4.5.2. Ambiente Físico 
O meio ambiente físico, conforme já comentado, é suficientemente limpo, 
bem iluminado, razoavelmente organizado e não oferece grandes riscos à saúde do 
funcionário. Durante o verão, o calor é amenizado com o uso de ventiladores. 
Portanto, a priori não existe necessidade de uso de protetores auriculares, faciais 
etc., para os riscos comentados em 2.1.5. 
Partindo destas observações preliminares considerou-se dispensável uma 
avaliação objetiva das condições ambientais. Mesmo assim, escolheram-se, 
aleatoriamente seis OTT para avaliar subjetivamente as condições ambientais, 
através de um questionário, cujas respostas estão tabuladas na Tabela 3, a seguir. 
De um modo geral, as pessoas não se sentem incomodadas pelas condições do 
ambiente de trabalho. 
61 
 
Tabela 3 - Avaliação do ambiente físico de trabalho 
Atributo Muito 
 satisfatório 
 (%) 
Satisfatório 
 (%) 
Pouco 
 satisfatório 
 (%) 
Insatisfatório 
 (%) 
Muito 
Insatisfatório
(%) 
Ambiente térmico 83,3 16,7 - - - - - - - - - 
Ruídos externos, internos e 
equipamentos 66,7 16,7 16,7 - - - - - - 
Ambiente luminoso 83,3 16,7 - - - - - - - - - 
Fonte: (Autores, 2005) 
 
4.5.3. Avaliação de Qualidade e Produtividade 
Observou-se que os índices de produtividade muitas vezes são 
estabelecidos pelos Coordenadores e Gestores, tomando-se como padrão os OTT 
que triam a maior quantidade de cartas por unidade de tempo. Essa avaliação é feita 
individualmente a cada seis meses, em conjunto com o avaliado, com predominância 
de critérios subjetivos. 
A qualidade é avaliada através de índices coletivos, que consideram o 
número de não-conformidades que as unidades destinatárias acusam (por exemplo, 
a Unidade de Curitiba receber um objeto destinado a Porto Alegre). Esse índice 
representa a qualidade da Unidade, pois é impossível rastrear o OTT que cometeu o 
erro. 
Alguns funcionários (33%) se queixaram das cobranças, por parte de seus 
superiores, por maior produtividade (ver Apêndice E). 
 
4.5.4. Manuseio de Cargas 
Durante a triagem, o OTT é solicitado a levantar as caixetas do chão e 
colocá-las a uma altura de cinqüenta centímetros, aproximadamente. Percebe-se 
62 
que ele dobra o corpo para frente, mantendo o joelho estendido, ao executar esse 
movimento. 
O peso médio das caixetas de cartas é de cinco quilogramas, em média. 
Este peso é menor do que o limite máximo estabelecido na cláusula 23 do Acordo 
Coletivo de Trabalho 2004/2005: ''O limite de peso transportado pelo carteiro [...] não 
ultrapassará 10 (dez) kg para homem e 8 (oito) kg para mulher''. 
 
O peso médio das caixetas também é inferior aos 23 kg, correspondente ao 
valor de carga que pode ser levantado por 75% da população feminina e por 90% da 
masculina, em condições ideais, segundo o NIOSH (National Institute for 
Occupational Safety and Health) (MTE, 2002). 
 
4.5.5. Movimentos 
A atividade de triagem de cartas é do tipo altamente repetitiva e 
especializada, lembrando bastante os conceitos tayloristas. 
A análise da atividade foi realizada dividindo esta atividade em duas fases 
diferentes: 
• abastecimento: flexão de pernas e tronco para pegar a caixeta, que está 
no chão, e colocá-la sobre um suporte que a deixará ao alcance das 
mãos do triador (ver Apêndice B); 
• triagem propriamente dita: consiste primeiramente em movimentos de 
supinação, pronação, adução, abdução, extensão e flexão de braços e 
mãos, para alcançar e pegar uma quantidade de cartas na caixeta, 
identificar, em cada objeto, o endereço do destinatário e colocá-la no 
escaninho correspondente (ver Apêndice C), até esvaziar a caixeta. 
Esse ciclo se repete a cada quinze minutos, aproximadamente, que é o 
63 
tempo médio para um OTT triar uma caixeta com 660 (seiscentas e sessenta) cartas 
de formato normal, e durante o qual o triador é obrigado a realizar movimentos 
conjuntos das mãos, braços, tronco e cabeça para observar e alcançar o escaninho 
correspondente. 
A produção do dia, ou a quantidade de objetos triados no dia, é sazonal, 
sendo maior no inicio do mês, quando Bancos e Financeiras normalmente emitem as 
faturas e os extratos para postá-los aos clientes. 
Segundo o Coordenador da seção, existe um caso de afastamento por LER, 
estando o funcionário, por determinação do médico do trabalho, já reabilitado e/ou 
reclassificado para outro cargo e/ou função. Para conhecer melhor essa percepção 
dos trabalhadores em relação à atividade, e o reflexo desta na saúde dos 
trabalhadores, foram feitos alguns questionamentos ao mesmo grupo de OTT já 
citado. 
Foi questionado quanto ao tempo de trabalho em cada função, sendo que 
50% já trabalham há mais de 5 anos na mesma função, 33,3% trabalham há 2 anos 
e 16,7% trabalham entre 6 meses e 1 ano. Dos entrevistados, nenhum deles 
apresentou qualquer tipo de lesão, não havendo, por isso, afastamentos do trabalho. 
Porém, 50% já sentiram dores provocadas pelasatividades, sendo 33% no pulso, 
16,7% no quadril, ombro, coluna e dedos (ver Apêndice E). 
Com relação à monotonia, 50% acham a atividade excessivamente 
monótona e os outros a consideram simplesmente monótona. Nenhum deles se 
manifestou em relação aos sintomas de fadiga, apesar de afirmarem que sua 
produtividade diminui bastante no final do turno. Sobre a prática de ginástica laboral, 
que é incentivada pela Empresa, apenas 33% afirma fazer uma vez ao dia (ver 
Apêndice E). 
64 
Na Tabela 4, a seguir, estão listados alguns dados antropométricos dos 
indivíduos entrevistados. 
Tabela 4 - Dados antropométricos da amostra 
 
Atributos OTT 1 OTT 2 OTT 3 OTT 4 OTT 5 OTT 6 
Idade 41 20 30 33 35 31 
Sexo M M M M M M 
Altura (cm) 170 175 180 172 176 182 
Peso (kg) 64 66 68 80 74 72 
Comprimento do braço (cm) 76 77 76 70 72 79 
Comprimento do cotovelo (cm) 46 47 44 42 43 47 
Altura dos quadris (cm) 88 95 93 89 89 98 
Perna (cm) 52 53 52 52 53 54 
Fonte: (Autores, 2005) 
 
4.5.6. Adequação dos Equipamentos 
A atividade está sendo desenvolvida com dois tipos de manipuladores. O 
antigo, que ainda está sendo utilizado, e um novo que está sendo adquirido para 
substituir o antigo. Conforme já comentado, um dos objetivos da demanda é avaliar 
os benefícios (ou prejuízos) que esse novo manipulador pode trazer para a Empresa 
e para os trabalhadores. 
O novo manipulador, conforme mostrado no Apêndice A, possui oito 
escaninhos na horizontal e cinco na vertical (distribuídos em uma parte central e 
duas laterais), passando a ter regulagem de altura e de alcance dos escaninhos. A 
mesa tornou-se embutida, estando abaixo da última fileira central de escaninhos e 
foram colocados apoios para os pés com regulagem no plano horizontal e vertical. 
Ao novo manipulador foi agregada uma cadeira giratória, com regulagem de 
altura. As modificações, somadas, tiveram o objetivo de alterar a estação de trabalho 
do OTT, a fim de diminuir o desconforto físico, atenuando posturas antes 
consideradas extremas. 
65 
No Quadro 3, a seguir, é realizada uma análise comparativa dos dois postos 
de trabalho, o novo e o antigo, tomando como base a avaliação do posicionamento 
das articulações corporais durante a realização das tarefas. Convém observar que o 
manipulador antigo (como pode ser observado no Apêndice D), não permite que o 
trabalhador sentado alcance a última fileira de escaninhos. 
Portanto, neste caso, para melhor comparação das posturas, foi 
desconsiderada a última fileira de escaninhos, e foi selecionado um trabalhador 
médio, com 1,75 m de altura, selecionado do grupo de seis trabalhadores escolhidos 
aleatoriamente e cujos dados antropométricos estão na Tabela 4, já apresentada. 
 
Atributo/Segmento Corporal Manipulador Antigo Manipulador Novo 
Alcance das mãos Não permite o alcance dos escaninhos 
superiores da lateral, quando o OTT está 
sentado
È possível alcançar todos os 
escaninhos, mesmo sentado 
Pescoço Flexão de 15 graus Flexão de 15 graus 
Tronco Rotação de 45 graus Ereto 
Ombro Direito Fletido a 45 graus, abduzido a 80 graus Flexão 15 graus 
Ombro Esquerdo Flexão de 15 graus Neutro 
Cotovelo Direito Flexão de 45 graus, posição neutra do 
antebraço 
Flexão de 75 graus 
Cotovelo Esquerdo Flexão de 100 graus, supinação do 
antebraço 
Flexão de 90 graus, com apoio 
Punho Direito Desvio ulnar Leve extensão 
Punho Esquerdo Extensão de 20 graus Neutro 
Mãos e Dedos 
Direita 
Pinça Pinça 
Mãos e Dedos 
Esquerda 
Pega Pega 
Quadro 3 - Análise comparativa dos dois manipuladores, o novo e o antigo 
 Fonte: Autores, 2005 
66 
Observações sobre o trabalho no manipulador antigo: 
• pés sem apoio (balançando ou com excessiva flexão plantar); 
• compressão da região posterior da coxa na cadeira devido à falta de 
apoio para os pés; 
• o trabalhador realiza maior esforço para depositar objetos nos escaninhos 
laterais; 
• não permite acesso a todos os escaninhos, quando se trabalha sentado. 
Observações sobre o trabalho no novo manipulador: 
• o trabalhador pode regular o escaninho aproximando as duas partes 
laterais do seu corpo; 
• o trabalhador pode regular a altura da mesa e dos escaninhos de acordo 
com a sua estatura; 
• o trabalhador realiza rotação de tronco para depositar objetos nos 
escaninhos laterais. Após algum tempo passou a girar a cadeira, 
entretanto a cadeira é um pouco rígida, dificultando a mobilidade. 
 
4.6. DIAGNÓSTICO ERGONÔMICO 
Este diagnóstico ergonômico tem como base as entrevistas e os 
questionários aplicados, aliados às observações da maneira de atuação, sem definir 
novas regras de trabalho ou processo. 
Os resultados dos questionários, das entrevistas e das observações 
realizados com os trabalhadores revelam que a maioria dos trabalhadores afirma ter 
algum tipo de problema relativo à atividade. 
A maneira como o coordenador avalia um OTT (utilizando como padrão de 
comparação o OTT que tria a maior quantidade de cartas por unidade de tempo), 
67 
conforme citado em 4.5.3, não respeita os limites individuais de cada trabalhador, 
contrapondo-se com os princípios vistos em 2.1.4. Isto pode levar um OTT a se 
esforçar além dos seus limites para atingir os índices de produtividade impostos. 
Foram detectadas varias situações de trabalho semelhantes às que são 
descritas no Capítulo 2 como fontes potenciais de desencadeamento de doenças 
ocupacionais. Os movimentos e a sua freqüência, que a triagem de cartas impõe ao 
trabalhador, por exemplo, são causas potenciais das LER, conforme descreve a 
literatura. As queixas de dor em alguns segmentos corporais são indícios de que 
este diagnóstico tem fundamento, pois caracterizam os primeiros sinais de aparição 
das LER ou de alguma lesão ocasionada por movimento ou postura incorreta 
durante o trabalho. 
Os movimentos e as posturas inadequadas, seja durante a triagem ou 
quando ele necessita pegar uma caixeta de cartas, também contribuem para o 
surgimento de disfunções em seu organismo. Por exemplo, a maneira como o OTT 
levanta a caixeta (item 4.5.4), pode produzir pequenas lesões na coluna. É sabido 
que a coluna tem capacidade de absorver lesões sem o aparecimento da dor e, num 
dado momento, após um pequeno esforço, a pessoa pode sentir uma dor na região 
lombar e ficar impossibilitado de voltar à posição em pé. 
Com relação ao comparativo entre o manipulador novo e o antigo, algumas 
vantagens foram observadas para diferentes segmentos corporais, quando o 
trabalho é realizado no novo manipulador: 
• elimina a necessidade de trabalhar em pé quando há necessidade de se 
alcançar todos os escaninhos; 
• pescoço: diminuição da variação dos movimentos de flexo-extensão; 
• tronco: diminuição dos movimentos de rotação e flexão, que podem ser 
devidos à cadeira giratória e à melhor possibilidade de alcance; 
68 
• ombro direito: diminuição dos movimentos de flexão, abdução e adução, 
devido à cadeira giratória e à menor altura e alcance do escaninho; 
• ombro e cotovelo esquerdo: diminuição da contração estática devido à 
possibilidade de regulagem da altura da mesa; 
• punho direito: diminuição do desvio ulnar em função da aproximação do 
escaninho; 
• membros inferiores: diminuição da sobrecarga em membros inferiores; 
• coluna : diminuição da sobrecarga na coluna lombar. 
O novo manipulador é um grande avanço em termos ergonômicos, mas 
ainda pode ser melhorado em termos de construção (com materiais mais resistentes 
e sistema de ajuste mais fácil de se manusear) e em termos de desenho (de forma 
que os escaninhos fiquem mais acessíveis às mãos do OTT e impeçam posturas 
indesejadas, por exemplo). 
Essas vantagens, portanto, apesar de amenizarem algumas situações de 
risco, não eliminam os riscos de doenças ocupacionais da atividade. 
Em suma foram observados vários detalhes que podem ser considerados 
como situações de risco ao trabalhador. Esses riscos podem ser maiores ou 
menores, dependendo do tipode trabalho de conscientização que for feito com o 
trabalhador. 
 
4.7. RECOMENDAÇÕES 
A partir da análise da demanda, ficou estabelecido que esse estudo teria 
como objetivo avaliar os benefícios obtidos com a implantação do novo modelo de 
manipulador de cartas e os riscos de desenvolvimento de lesões por esforços 
repetitivos, às quais o trabalhador está submetido. O conhecimento adquirido nesse 
69 
estudo pode servir como fundamento para recomendações que visam preservar a 
saúde física e mental dos trabalhadores. São apresentadas a seguir algumas 
recomendações baseadas nesse estudo: 
• difundir melhor os conhecimentos de Ergonomia, principalmente sobre 
correção de posturas e movimentos, para os trabalhadores de base; 
• promover rodízio de atividades entre os operadores, com o intuito de 
reduzir o efeito dos movimentos repetitivos e posturas estáticas e permitir 
uma maior integração entre o indivíduo e o trabalho; 
• reavaliar o programa de prática de ginastica laboral da empresa, visando 
obter cem por cento de adesão, e aumentar a freqüência de execução da 
mesma durante a jornada de trabalho (atualmente a adesão está na casa 
dos trinta e três por cento), e é feita apenas uma vez ao dia; 
• demonstrar aos OTT os benefícios que os exercícios de alongamento 
proporcionam e que tais exercícios podem se feitos a qualquer momento, 
durante as atividades, sem prejuízo da produtividade; 
• promover cursos de esclarecimento para os Gestores e os 
Coordenadores, abordando aspectos ergonômicos, com maior freqüência, 
para que parta deles a iniciativa de conscientizar toda a Empresa sobre a 
importância e as maneiras do trabalhador cultivar uma boa saúde física e 
mental. 
Considera-se esse último item como o mais importante, pois se entende que 
uma mudança de cultura dessa natureza deve ocorrer de cima para baixo na 
pirâmide hierárquica. Em outras palavras, pode-se dizer que um gestor consciente 
não exigirá procedimentos que contrariem os princípios ergonômicos. Pelo contrário, 
ele orientará e cobrará de seu subordinado o procedimento que preserve a sua 
saúde. 
70 
5. CONCLUSÕES 
Através da revisão bibliográfica pode-se entender melhor os conceitos, o 
objeto de estudo e a importância da Ergonomia. 
A análise das tarefas e das atividades proporcionou entender e conhecer a 
distancia que existe entre o trabalho prescrito e o real. E mais, possibilitou identificar 
as situações de risco às quais o OTT está submetido quando realiza seu trabalho, 
além de identificar o grande número de doenças ocupacionais que podem estar 
ligadas à atividade. Alguns sintomas das LER, tais como as indicadas na revisão da 
literatura, foram detectadas graças às entrevistas realizadas com os trabalhadores 
(ver item 4.5). 
A análise ergonômica do trabalho é, portanto, um dos caminhos a serem 
seguidos pelo empresário/gestor que visa resolver problemas de absenteísmo, 
qualidade e produtividade, relacionados às condições de trabalho a que estão 
expostos os trabalhadores. 
Em suma, pode-se concluir que, através da revisão bibliográfica e da Análise 
Ergonômica do Trabalho que foi desenvolvida, pôde-se avaliar todos os itens da NR-
17 que se aplicavam à situação em estudo e, com isso, cumprir os objetivos gerais e 
específicos desse trabalho. 
 
71 
6. REFERÊNCIAS 
ALVES, G.O. Contribuições da Ergonomia ao estudo da LER em trabalhadores 
de um restaurante universitário. Florianópolis: UFSC, 1995. Dissertação 
(Mestrado em Engenharia de Produção) - Programa de Pós-Graduação em 
Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, 1995. 
BARCELOS, Mary A. N. A Análise Ergonômica do Trabalho como Ferramenta 
para a Elaboração e Desenvolvimento de Programas de Treinamento. 
Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção)- Programa de Pós-Graduação 
em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, 1997. 
BARREIRA C, T.H. Um enfoque ergonômico para as posturas de trabalho. Revista 
Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, v.17, n.67, p.61-71, 1989. 
CAMARDELLA, A. Manual de insalubridade: causas, conseqüências e avaliação. 
Rio de Janeiro: CNI/DAMPI, 1989. 
CODO, W. Providências na organização do trabalho para a prevenção da LER. In: 
CODO, W. e ALMEIDA, M.C.(Orgs). L.E.R. diagnóstico, tratamento e prevenção: 
uma abordagem interdisciplinar. Petrópolis: Vozes, 1995, p.222-248. 
COUTO, H.A. Fisiologia do trabalho aplicada. Belo Horizonte: Ibéria, 1978. 
CUNHA, C.G, et al. L.E.R. Lesões por esforços repetitivos. Revisão. Revista 
Brasileira de Saúde Ocupacional. São Paulo, v. 20, n. 76, 1992. 
DUL, J, WEERDMEESTER, B. Ergonomia prática. São Paulo: Blücher, 1995. 
EBCT. Manual Organizacional. Brasília: 2005. 
FENTECT. Acordo Coletivo de Trabalho 2004/2005. Brasília: 2004. 
FISCHER, F.M; PARAGUAY, A.B.B. A Ergonomia como instrumento de pesquisa e 
melhoria das condições de vida e trabalho. In: Tópicos de saúde do trabalhador. 
São Paulo: Hucitec, 1989. 
GERGES, S. Ruído: fundamentos e controle. Florianópolis: Imprensa Universitária 
da Universidade Federal de Santa Catarina, 1992. 
GUÉRIN, F., LAVILLE, A., DANIELLOU, F., DURAFFOURG, J. & KERGUELEN, A. 
Compreender o trabalho para transformá-lo. A prática em Ergonomia. São Paulo: 
Edgar Blücher, 1997. 
IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Blücher, 1990. 
LEITE, S.R. Lesões por esforço repetitivo. Disponível em: Saúde & Vida on line. 
http://members.aol.com/hpleite/noticias.htm. Acesso em 2005 
LYRA, J.R. Análise da influência das más condições de trabalho sobre a 
produtividade: Caso prático em uma empresa do setor metal-mecânico no estado 
72 
de Minas Gerais. Florianópolis: UFSC, 1994. Dissertação (Mestrado em Engenharia 
de Produção)- Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, 
Universidade Federal de Santa Catarina, 1994. 
MACIEL, R.H. Ergonomia e lesões por esforços repetitivos (LER). In: CODO, W. e 
ALMEIDA, M.C.(Orgs). L.E.R. diagnóstico, tratamento e prevenção: uma 
abordagem interdisciplinar. Petrópolis: Vozes, 1995, p.163-201. 
MARCELIN, J., FERREIRA L, L. Orientações atuais da metodologia ergonômica na 
França. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional. v.10, n 37, p. 64-71, 1982. 
MINICUCCI, A. Psicologia aplicada à administração. São Paulo: Atlas, 1992. 
MTE. Leis, Normas Regulamentadoras, Portarias, Segurança e Medicina do 
Trabalho. 54 ed. São Paulo: Atlas, 2004 
MTE. Manual de aplicação da Norma Regulamentadora nº 17. –2 ed. – Brasília : 
SIT, 2002. 
NOULIN, M. Ergonomie. Paris: Tecniplus, 1992. 
OLIVEIRA, C.R. Lesões por esforços repetitivos (L.E.R.). Revista Brasileira de 
Saúde Ocupacional. São Paulo, v. 19, n. 73, abr., maio, jun., 1991. 
OLIVEIRA, R. Ecografia: saída para um diagnóstico preciso. Revista Proteção, 
Novo Hamburgo, v.01, n. 06, dez.1989. 
PEREIRA, F. O. Iluminação. Curso de Especialização de Engenharia de Engenharia 
de Segurança do Trabalho. UFSC / Departamento de Arquitetura, 1994, (mimeo). 
PERONI, W. J. Tempos e movimentos. Rio de Janeiro: CNI/DAMPI, 1990. 
PROENÇA, R.P.C. Ergonomia e Organização do Trabalho em Projetos 
Industriais: uma abordagem no setor de alimentação coletiva. Florianópolis: UFSC, 
1993. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção)- Programa de Pós-
Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, 
1993. 
SAAD, E.G. Introdução à engenharia de segurança do trabalho. São Paulo, 
FUNDACENTRO, 1981. 
SANCHES, C. Problemas para a saúde no ambiente de trabalho. Disponível em: 
Saúde. Http://www.quattro.com.br/rhsintese/ed08-40a.htm. ab, Acesso em: 2005. 
SANTOS, N. Análise ergonômica do trabalho. Florianópolis: UFSC/Programa de 
Pós-Graduação em Engenharia de Produção, 1994, (mimeo). 
SANTOS, N., FIALHO, F. Manual de Análise Ergonômica do Trabalho. Curitiba: 
Genesis, 1995. 283p. 
SELL, I. Condições de trabalho na Indústria Têxtil em Santa Catarina. In: Encontro 
Nacional de Engenharia de Produção, 14:1994, João Pessoa. Anais… João 
Pessoa: Ed. Universitária, Universidade Federal de Paraíba, 1994b, v.1, p.239-244. 
73 
VALVERDE, S. Superando os valores. Revista Proteção. Novo Hamburgo, n.55, 
p.32-33, jul. 1996. 
VERDUSSEN, R. Ergonomia: a racionalização humanizada do trabalho. Rio de 
Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1978. 
VIEIRA, S. D. G. Análise Ergonômica do Trabalho em uma Empresa de 
fabricação de Móveis Tubulares. Florianópolis: UFSC, 1997. Dissertação 
(Mestrado em Engenharia de Produção) - Programa de Pós-Graduação em 
Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, 1997. 
WISNER, A. Por dentro do trabalho. Ergonomia: método & técnica. São Paulo: 
Oboré, 1987. 
 
74 
7. APÊNDICE A – Equipamentos Utilizados na Triagem 
Fonte: Autores, 2005 
 
 
 
Figura A1 - Novo modelo de manipulador 
 
Figura A2 - Novo modelo de cadeira 
 
Figura A3 - Suporte de caixetas 
 
Figura A4 - Caixetas 
 
Figura A5 - Manipulador Antigo 
Figura A6 - Layout das estações de trabalho 
 
75 
8. APÊNDICE B – Manuseio de Carga 
Fonte: Autores, 2005 
 
 
 Figura B1 - Seqüência de fotos de um OTT levantando uma caixeta 
 
76 
9. APÊNDICE C – Triagem 
Fonte: Autores, 2005 
 
 
 
 
Figura C1 - Seqüência de fotos de uma OTT fazendo triagem de cartas 
 
77 
10. APÊNDICE D – Modelo Novo e Antigo de Manipulador 
Fonte: Autores, 2005 
 
 
 
Figura D1 - Manipulador antigo – OTT sentado 
não alcança todos escaninhos 
 
 
Figura D2 - Manipulador antigo - OTT em pé 
alcança todos escaninhos 
 
Figura D3 - OTT no novo modelo de manipulador Figura D4 - OTT no novo modelo de manipulador
 
78 
11. APÊNDICE E – Resumo das Entrevistas 
Fonte: (Autores, 2005) 
 
Tabela E1 - Tempo de Trabalho na atividade de Triagem 
Mais de 5 anos De 2 a 5 anos De 1 a 2 anos De 6 meses a 1 ano Menos de 6 meses
50% 33% 0% 17% 0%
 
Tabela E2 - Ocorrência de afastamento maior que 15 dias 
Sim Não 
0% 100%
 
Tabela E3 - Já procurou o médico por sentir dores? 
No pulso Em outra parte do 
corpo
Não Comentou 
33% 17% 50%
 
Tabela E4 - Participa da Ginástica Laboral 
Mais de uma vez ao 
dia
Uma vez ao dia Não participa 
0% 33% 77%
 
Tabela E5 - Considera a atividade 
Monótona Excessivamente 
monótona
50% 50%
 
Tabela E6 - Apresenta algum sintoma característico de fadiga 
Sim Não 
O% 100%
 
Tabela E7 - Considera justa a avaliação de produtividade 
Sim Não Não Responderam 
0% 33% 77%
 
 
	TCCErgonomiaCapa.doc
	TCCErgonomia290905.doc
	1. INTRODUÇÃO 
	1.1. Apresentação 
	1.2. Objetivos 
	1.2.1. Gerais 
	1.2.2. Específicos 
	2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
	2.1. Ergonomia 
	2.1.1. Histórico 
	2.1.2. Considerações e Entendimentos Gerais sobre o Tema 
	2.1.3. Trabalho e Condições de Trabalho 
	2.1.4. Influência de Fatores Ambientais no Trabalho 
	2.1.4.1. Avaliação das condições de iluminação 
	2.1.4.2. Avaliação das Condições de ruído 
	2.1.4.3. Avaliação das condições de temperatura 
	2.1.4.4. Gases Contaminantes Atmosféricos 
	2.1.5. Influência dos Fatores Humanos no trabalho 
	2.1.5.1. Fadiga 
	2.1.5.2. Fadiga Física 
	2.1.5.3. Fadiga psíquica 
	2.1.5.4. Monotonia 
	2.1.5.5. Motivação 
	2.1.5.6. Posturas e movimentos 
	2.1.5.7. Fatores que influenciam a postura 
	2.1.5.8. Trabalhos manuais 
	2.1.5.9. Lesões nas mãos 
	2.1.5.10. Causas da LER 
	2.1.5.11. Grupos de risco das LER 
	2.1.5.12. Estágios das LER 
	2.1.5.13. Formas Clínicas 
	2.1.5.14. Diagnóstico da LER 
	2.1.5.15. Prevenção 
	3. METODOLOGIA 
	3.1. Análise Ergonômica do Trabalho 
	3.1.1. Premissas 
	3.1.2. Análise da demanda 
	3.1.3. Análise da tarefa 
	3.1.4. Análise da atividade 
	3.1.5. Síntese Ergonômica do Trabalho 
	4. ESTUDO DE CASO: ATIVIDADE DE TRIAGEM DE CARTAS 
	4.1. Premissas 
	4.2. Sobre a Organização 
	4.3. Demanda 
	4.3.1. Objetivo da Demanda 
	4.3.2. Hipóteses 
	4.4. Tarefa 
	4.4.1. Tarefa e Documentação de Prescrição 
	4.4.2. Recursos Materiais 
	4.4.3. Processo 
	4.4.4. Características do Trabalhador 
	4.5. Atividade 
	4.5.1. Componente Humano 
	4.5.2. Ambiente Físico 
	4.5.3. Avaliação de Qualidade e Produtividade 
	4.5.4. Manuseio de Cargas 
	4.5.5. Movimentos 
	4.5.6. Adequação dos Equipamentos 
	4.6. Diagnóstico Ergonômico 
	4.7. Recomendações 
	5. CONCLUSÕES 
	6. REFERÊNCIAS 
	7. APÊNDICE A – Equipamentos Utilizados na Triagem 
	8. APÊNDICE B – Manuseio de Carga 
	9. APÊNDICE C – Triagem 
	10. APÊNDICE D – Modelo Novo e Antigo de Manipulador 
	11. APÊNDICE E – Resumo das Entrevistas

Mais conteúdos dessa disciplina