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aula 9

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Contabilidade e Mercado de 
Trabalho
Aula 9 - Mercado de trabalho contábil 
internacional
INTRODUÇÃO
As grandes mudanças políticas, econômicas e sociais têm ocorrido em escala global, influenciando as estruturas de 
empresas e de mercados, bem como interferindo na vida das pessoas – especialmente no que se refere aos aspectos 
laborais.
Atualmente, observamos um ambiente de concorrência global sem precedentes, cada vez mais sujeito a normas 
globalizadas.
Nesse contexto, insere-se o mercado de trabalho contábil – tema central desta aula.
OBJETIVOS
Identificar as tendências de globalização do mercado de trabalho com base na atuação do contador nesse contexto.
Analisar os efeitos da internacionalização sobre a cultura contábil.
GLOBALIZAÇÃO DO MERCADO DE TRABALHO
Há algum tempo, o mercado de trabalho vem sofrendo fortes influências de uma cultura globalizada que já se consolidou 
e continua a se expandir. Por isso, este não pode mais ser visto apenas como um mercado local ou regional.
O MERCADO DE TRABALHO É GLOBAL!
De acordo com o Conselho Federal de Contabilidade (CFC):
“O processo sistemático de padronização internacional teve início nos Estados Unidos, durante a segunda guerra 
mundial, quando foi necessário otimizar a produção de armas para o conflito.
Depois da guerra, 25 países se reuniram e decidiram criar uma organização para facilitar a coordenação internacional e 
unificação de padrões industriais: a ISO (glossário)”.
Fonte: Conselho, 2017.
Para além dos sólidos conhecimentos técnicos inerentes à própria ciência contábil, em um contexto global, o mercado de 
trabalho contábil tem demandado outras competências e habilidades dos profissionais que atuam ou pretendem atuar na 
área. São elas:
A necessidade de suprir as novas demandas impostas aos contadores já extrapolou as fronteiras dos países.
De acordo com o Centro Europeu para Desenvolvimento e Formação Profissional (CEDEFOP), o ensino e a formação 
profissional já não são uma responsabilidade exclusiva dos sistemas nacionais (CENTRO, 2015).
Afinal, verifica-se a entrada de novos atores neste domínio – organismos setoriais, internacionais, agências multilaterais 
e empresas multinacionais – mudando a forma como as competências são transmitidas, adquiridas e avaliadas.
Estar atualizado com o “estado da arte” da área contábil não é mais uma questão de opção do profissional de 
Contabilidade que deseja se colocar no “mercado contábil global”.
É uma exigência!
Para obter sucesso no propósito de conquistar uma colocação nesse mercado, os recém-formados em Ciências 
Contábeis devem ter consciência de que, apesar de constituírem importantes credenciais que os habilitam para o 
exercício da profissão, a conclusão do Curso Superior (Bacharelado) e o registro no Conselho Regional de Contabilidade 
(CRC) representam apenas o ponto de partida da carreira de contador.
Para Iudícibus (2000, p. 282):
“A competitividade global é internacional, colocando os contadores e a Contabilidade diante de novos desafios e 
oportunidades de desenvolvimento ao mesmo tempo, surgindo, assim, novas tendências (glossário) para o profissional.
No mercado de trabalho global, não há mais espaço para profissionais que detenham apenas os conhecimentos de sua 
área específica.
O perfil e a atuação que se espera do contador adquiriram novos matizes (glossário), tornando-se indispensável deter 
conhecimentos de áreas direta ou indiretamente relacionadas com as atividades, bem como dos mercados relacionados 
com a organização na qual o profissional está trabalhando.
Percebemos, assim, que perfil do contador moderno requer o domínio de diversas técnicas, conhecimentos e habilidades.
O diagrama a seguir apresenta, de forma esquemática, as principais características que devem integrar o perfil do 
contador moderno, de forma que este possa atender às novas demandas das organizações, veja:
Fonte: Crepaldi, 2010, p. 19.
Como ocorre em qualquer mudança ou processo evolutivo, a globalização implicou a necessidade de adaptações.
Na área de Contabilidade, essa urgência correspondeu ao estabelecimento de padrões e de normas internacionais.
O objetivo é homogeneizar os entendimentos acerca dos procedimentos que devem ser adotados para registro, 
mensuração e divulgação da informação contábil de entidades com unidades e negócios em diferentes países.
A ideia é que todos os profissionais adotem uma mesma linguagem contábil em qualquer parte do mundo.
Por um lado, o estabelecimento de padrões e de normas internacionais de Contabilidade constitui uma condicionante 
para que a informação contábil tenha consistência em nível global.
Por outro, trata-se de um verdadeiro desafio para os profissionais da área, que precisam acompanhar permanentemente 
esse processo de internacionalização da Contabilidade, a fim de que se mantenham atualizados e possam suprir as 
necessidades das organizações.
Afinal, estas também têm se inserido cada vez mais no ambiente internacional, incrementando a demanda por 
profissionais de Contabilidade devidamente capacitados.
Com a globalização, ruíram as fronteiras do mercado de trabalho, tornando mais acirrada a competição entre os profissionais 
de Contabilidade, o que, em última análise, incrementa a evolução da própria ciência contábil.
EMPRESAS BRASILEIRAS E GLOBALIZAÇÃO
Desde 2006, o Núcleo de Estratégia e Negócios Internacionais da Fundação Dom Cabral (FDC) tem publicado, 
anualmente, o Ranking FDC das multinacionais brasileiras.
Seus objetivos são:
• Monitorar o processo de internacionalização das empresas brasileiras;
• Ordená-las de acordo com seu grau de internacionalização;
• Compreender os desafios enfrentados pelas multinacionais brasileiras;
• Identificar suas vantagens competitivas e suas tendências de expansão no mercado global.
Fonte: Fundação, 2016.
De acordo com a FDC, participam da pesquisa empresas de capital e controle majoritariamente brasileiro que 
desenvolvam atividades internacionais de manufatura, montagem e prestação de serviços ou que possuam centros de 
pesquisa e desenvolvimento, agências bancárias, franquias, escritórios comerciais, depósitos e centrais de distribuição 
no exterior.
No trabalho realizado pela FDC, a classificação das empresas foi baseada no índice de internacionalização de 
multinacionais, cujo cálculo é baseado na metodologia da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e 
Desenvolvimento – United Nations Conference on Trade and Development (UNCTAD).
Vejamos como esse cálculo é feito:
Fonte: Fundação, 2016, p. 31.
Ainda de acordo com a FDC, a multidimensionalidade do índice é adequada para realizar comparações entre empresas de 
setores distintos, uma vez que cada setor demanda diferentes formas de inserção no exterior.
A utilização da metodologia da UNCTAD também facilita a comparação do grau de internacionalização de empresas 
brasileiras com empresas de origens diversas, a partir de estudos semelhantes realizados em outros países.
Ao tratar do universo no qual a pesquisa se baseou, a FDC esclareceu que, na edição de 2016, a amostra foi composta 
por 64 empresas: 50 multinacionais brasileiras que atuam no exterior, principalmente por meio de unidades próprias, e 14 
empresas brasileiras que atuam no exterior, principalmente por meio de franquias.
A FDC informou, ainda, que o Ranking FDC das multinacionais brasileiras (FUNDAÇÃO, 2016) considera dados da atuação 
no exterior do ano de 2015.
Vejamos:
Considerando que, de acordo com os dados do SERASA, cerca de 80% das aproximadamente 6 milhões de empresas e 
instituições formalizadas no País são de pequena dimensão, Sá (2017) enuncia cinco perguntas que nos levam a refletir 
acerca da adoção das normas internacionais de Contabilidade para as entidades de menor porte.
01 - Quantas adotarão as Normas Internacionais de Contabilidade e para quê?
02 - A não ser a minoria registrada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), deveras insignificante face ao 
universo do mercado de trabalho em Contabilidade, queempresas estariam obrigadas à submissão cultural que a Lei 
nº 11.638/2007 determina?
03 - Que vantagem traria à quase totalidade dos empreendimentos a adoção do procedimento normativo se 
este não segue totalmente a legislação, mas subverte conceitos e enseja a falsidade informativa?
04 - Se essa maior parte significativa do mercado empreendedor não seguir as ditas normas, quem a 
fiscalizaria? Quem a puniria?
05 - Que lesão haveria aos empresários ou a terceiros a não adoção desse modelo informativo?
Provocado pelas próprias questões apresentadas, Sá (2017) coloca em discussão aspectos conceituais da ciência 
contábil que, apesar de se apresentarem com sentido diferente do que sugere a lógica e a doutrina, foram recepcionados 
como “verdades” no âmbito do processo de internacionalização da Contabilidade e da modernidade.
Para o autor, tais conceitos são questionáveis à luz da teoria e dos princípios de Contabilidade geralmente aceitos. A 
título de exemplo, ele cita as noções de arrendamento mercantil e valor justo :
“Por exemplo, instruir o aluno afirmando que um arrendamento mercantil é imobilizado, tal como preceituam as normas, é 
induzir ao erro, contrariando a verdade; é violentar a lógica, apoiando-se em sofisma.
Induzir, através do ensino, ao ‘subjetivismo’ face ao dito ‘valor justo’ é mal formar a consciência do discente, é moldar 
mentes para a ‘volatilidade’ – esta contrária à sinceridade que deve ter o demonstrativo contábil, comprometendo as 
possibilidades de análises eficientes”.
INTERNACIONALIZAÇÃO E A CULTURA CONTÁBIL
Ao provocar novas demandas por parte das organizações e requerer um novo perfil dos contadores, o processo de 
globalização também mudou a forma de perceber e ensinar a Contabilidade, ou seja, mudou a cultura contábil.
O Grupo de Trabalho Intergovernamental de Peritos em Normas Internacionais de Contabilidade e Relatórios – 
Intergovermental Working Group of Experts on International Standards of Accounting and Reporting (ISAR (glossário)) –, 
sediado na UNCTAD, da Organização das Nações Unidas (ONU), tem a missão de facilitar o investimento, o 
desenvolvimento e a estabilidade econômica por meio da promoção de boas práticas em transparência e Contabilidade 
corporativa. 
Anualmente, a UNCTAD publica artigos e relatórios do ISAR sobre questões internacionais de Contabilidade. Os 
documentos de pesquisa e orientação sobre os programas de treinamento em Contabilidade disponíveis nos diferentes 
países também são amplamente divulgados.
São estas duas instâncias (ISAR e UNCTAD) que elaboram e divulgam o modelo de currículo global para os cursos de 
Ciências Contábeis, sugerido para países em desenvolvimento.
A adoção de um mesmo currículo tem o objetivo de estabelecer padrões semelhantes de ensino da Contabilidade em 
diferentes países.
A ideia é que os estudantes – futuros profissionais da área – absorvam os mesmos ensinamentos e, posteriormente, venham a 
atuar como agentes facilitadores da transmissão e do entendimento da informação contábil em nível global.
Afinal, esse fator é fundamental para a consolidação do processo de harmonização da Contabilidade em nível 
internacional.
A inserção do tema Contabilidade na pauta de instâncias relacionadas à ONU demonstra que a formação de contadores 
capacitados para atuar em nível global tem merecido especial atenção de diversos organismos internacionais.
Este é o caso da Federação Internacional de Contadores – International Federation of Accountants ( IFAC ).
Não é demais reforçar que, conforme já destacamos na aula anterior, em nível internacional, os esforços para elaboração 
de normas de Contabilidade harmônicas e aceitas entre os países são conduzidos por diversas instituições.
Entre essas, destacamos: 
• IASB
Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade – International Accounting Standards Board.
• IFAC
Federação Internacional de Contadores – International Federation of Accountants.
Qual é a diferença entre a atuação das duas entidades?
O IASB se dedica ao estudo e à edição de normas de Contabilidade, enquanto a IFAC tem como principal foco o estudo e 
a edição de normas de auditoria.
No Brasil, o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Contabilidade têm incentivado as instituições que mantêm 
cursos de Ensino Superior em Contabilidade a internalizar nos currículos as questões relativas aos padrões 
internacionais de Contabilidade, como ocorre na Estácio.
ATIVIDADE
1. O mercado de trabalho contábil tem demandado outras competências e habilidades dos profissionais que atuam ou 
pretendem atuar na área. Nesse contexto, a habilidade de gerenciar conflitos é uma:
a) Demanda exclusiva dos profissionais da área de RH.
b) Atribuição exercida exclusivamente pela diretoria.
c) Nova demanda do perfil do contador.
d) Demanda que deve ser tratada pela área de Assistência Social.
e) Habilidade sem a qual o contador não consegue se colocar no mercado.
Justificativa
2. Analise a afirmativa a seguir:
“Estar atualizado com o estado da arte da área contábil não é mais uma questão de opção do profissional de 
Contabilidade que deseja se colocar no mercado contábil global. É uma exigência”.
Com base nesse fragmento de texto, é CORRETO dizer que:
a) As empresas multinacionais só contratam contadores que encaram a Contabilidade como a arte de demonstrar a situação 
econômica, financeira e patrimonial das organizações.
b) As empresas têm exigido que os contadores detenham, entre outras competências, conhecimentos do mercado de obras de 
arte.
c) Dominar a área de Contabilidade é uma arte que os contadores devem dominar para obter uma colocação no mercado de 
trabalho.
d) O contador deve se manter atualizado com o que há de mais moderno em relação à área de Contabilidade.
e) A Contabilidade não é uma arte, e sim uma ciência que estuda o patrimônio das entidades.
Justificativa
3. Considere as seguintes afirmativas:
I. A competitividade global é internacional e coloca os contadores diante de novos desafios e de novas oportunidades.
II. A internacionalização provocou a desarmonia de princípios contábeis entre os países.
III. No mercado de trabalho global, não há mais espaço para profissionais que detenham conhecimentos de várias áreas, 
pois a especialização é uma exigência.
Entre os itens anteriores, está(ão) CORRETO(S):
a) Apenas I
b) I e II
c) I e III
d) II e III
e) I, II e III
Justificativa
4. Como ocorre em qualquer mudança ou processo evolutivo, a globalização implicou a necessidade de adaptações. Na 
área de Contabilidade, essa urgência correspondeu à (ao):
a) Estabelecimento de tratados de comércio entre os países.
b) Criação de blocos regionais, como o MERCOSUL e a União Europeia.
c) Criação de uma única entidade para gerenciar o conflito de entendimento entre diferentes países.
d) Estabelecimentos de leis internacionais sobre matéria contábil.
e) Estabelecimento de padrões e de normas internacionais.
Justificativa
5. Considere as seguintes afirmativas:
I. A internacionalização dos mercados, com necessidade de harmonização de princípios contábeis em nível 
supranacional, é uma tendência atual. 
II. No que se refere à Contabilidade, o ensino e a formação profissional têm sido cada vez mais uma responsabilidade 
exclusiva dos sistemas nacionais.
III. A inserção do tema Contabilidade na pauta de instâncias relacionadas à ONU demonstra que a formação de 
contadores capacitados para atuar em nível global tem merecido especial atenção de diversos organismos 
internacionais.
Entre os itens anteriores, está(ão) CORRETO(S):
a) Apenas I
b) I e II
c) I e III
d) II e III
e) I, II e III
Justificativa
Glossário
ISO
International Organization for Standardization – Organização Internacional para Padronização.
A ISO foi criada em Genebra, na Suíça, em 1947.
TENDÊNCIAS
Eis as principais tendências:
a) Internacionalização dos mercados, com necessidade de harmonização de princípios contábeis em nível supranacional.
b) Necessidade de a teoria da Contabilidadede Custos adequar-se, sem perder suas vantagens comparativas de sistema de baixo 
custo, às novas filosofias de qualidade total, competitividade e eficiência.
c) Considerando que análise mais recente tem demonstrado que o modelo decisório e as necessidades informativas, tanto de 
tomadores de decisões internas à empresa quanto de agentes externos, são basicamente os mesmos, não mais se justifica, em 
nível conceitual, a existência de uma teoria da Contabilidade financeira (para os usuários externos) e o que se denomina 
Contabilidade Gerencial – na verdade uma coletânea de tópicos que ainda não ganhou uma estrutura coerente.
d) Esforços terão de ser realizados, a fim de estruturar princípios fundamentais de Contabilidade e, consequentemente, montar uma 
teoria que abarque tanto a Contabilidade Gerencial quanto a Financeira e a de Custos como parte da Gerencial”.
MATIZES
Sentido figurado = configurações, características.
Sentido estrito = gradações, nuances, cores, tons.

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