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Professor Luiz Antonio de Carvalho
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Figuras de 
Linguagem
Língua Portuguesa
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INTRODUÇÃO
Observemos o vocábulo destacado nas frases 
abaixo:
– O touro pastava distante do resto da manada.
– Aquele lutador é um touro.
Se procurarmos o significado desses vocábulos
no dicionário, vamos encontrar que touro é “um
boi não castrado, usado como reprodutor” ou “um
signo zodiacal”. O primeiro desses significados
dicionarizados é adequado à primeira frase, mas
não encontramos um significado adequado à
segunda frase, porque se trata de um sentido não
dicionarizado, criado pelo contexto em que a
palavra se insere, correspondente a “muito forte”,
sentido também atrelado ao valor cultural do
animal touro.
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TIPOS DE FIGURA
As figuras são tradicionalmente
classificadas em:
1. Figuras de construção
2. Figuras de pensamento
3. Figuras de palavras
4. Figuras de harmonia ou sonoras
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1. Figuras de construção
A. Elipse - figura caracterizada pela omissão de
um termo que é facilmente subentendido;
quando a omissão ocorre após esse mesmo
termo já ter sido enunciado, dizemos que há
zeugma, que é uma espécie de elipse.
Como processo gramatical, a elipse provoca
que um referente passe a ser designado por um
só dos termos de sua designação, o que pode
levar a casos de derivação imprópria, como bem
aponta: o (telefone) celular, o (dente) canino, a
(igreja) catedral, o micro (computador), o
(documento) abaixo-assinado, a (carta) circular,
o (membro) representante, a (caneta)
esferográfica, um (filme) documentário, etc.
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Além disso, em alguns casos, a elipse de
um termo pode provocar o aparecimento
de um novo gênero para o termo
sobrevivente de uma expressão, como é o
caso de a rádio, (elipse de emissora de), o
América (elipse de time), a Rio-Niterói
(elipse de ponte), o fila (elipse de cão), o
(funcionário da) caixa etc.
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B. Pleonasmo - figura caracterizada pela
repetição de um termo na mesma função
sintática:
- As bonecas, eu as dei para as meninas.
O termo as é pleonástico, pois repete, na
mesma função (objeto direto), o termo anterior
bonecas.
Também é denominado pleonasmo no caso da
repetição do mesmo significado por dois
significantes diferentes no mesmo sintagma:
descer para baixo, prever antecipadamente,
entrar para dentro; nesse caso, a figura é
denominada pleonasmo vicioso.
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Algumas dessas repetições, porém,
podem ter valor estilístico e não
correspondem a problemas de
construção: assim, ao dizermos Eu vi com
estes olhos, o autor do enunciado pode
estar tentando dar ênfase ao fato de ter
visto algo que pode testemunhar com
certeza.
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C. Anacoluto - figura caracterizada pela
interrupção de uma frase, de tal modo que
um termo fica sem função sintática:
- As meninas, é impossível entregar-lhes
os prêmios.
Nesse caso, o termo sublinhado não se
encaixa sintaticamente na frase seguinte,
daí ser considerado um anacoluto. Se o
termo sublinhado estivesse grafado com o
acento grave – às meninas – teríamos um
pleonasmo no elemento lhes.
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D. Hipérbato - figura caracterizada pela
inversão de termos na ordem direta:
- Os bons que nos trazem boas novas
ventos...
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E. Assíndeto e polissíndeto - quando temos
uma enumeração, ela pode ser feita de três
modos distintos:
- Ela comprou bananas, peras e abacates.
- Ela comprou, bananas, peras, abacates.
- Ela comprou bananas e peras e abacates...
A primeira frase nada tem de diferente segundo a
construção da frase portuguesa, mas a segunda
omite a conjunção E no último elemento,
provocando, com isso, uma valorização global do
que foi comprado (assíndeto), enquanto na
terceira há a repetição da conjunção E
(polissíndeto), causando a valorização individual
de cada produto adquirido.
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F. Silepse - esta figura corresponde à concordância
ideológica, ou seja, a concordância que é realizada
com o sentido da palavra ou com a ideia que
expressam, em lugar de ser feita com a sua forma
gramatical. A silepse apresenta três tipos distintos:
a) silepse de número
- O pessoal, ainda que tardiamente, chegaram bem.
b) silepse de gênero
- A criança apresentou-se muito bem vestido.
c) silepse de pessoa
- Os vestibulandos somos muito preocupados.
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G. Anáfora - Figura que consiste na
repetição inicial numa frase ou verso do
mesmo vocábulo:
- Deus é força, Deus é luz, Deus é poder.
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2. Figuras de pensamento
A. Antítese - figura caracterizada pelo
emprego de palavras de sentido oposto:
- Subiu aos céus, desceu aos infernos...
B. Eufemismo - figura caracteriza pela
atenuação de um pensamento
desagradável:
- Judas pensou em pôr termo à vida,
arrependido do que fizera.
- O aluno não era muito inteligente.
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C. Gradação - figura que corresponde a uma
sequência de palavras de força crescente ou
decrescente:
- Vai, corre, voa e nos vingue!
- Era somente um sopro, uma sombra um nada...
D. Hipérbole - figura caracterizada por um
exagero favorável ou desfavorável que destaca
uma ideia, muito comum na linguagem publicitária
e na linguagem corrente, onde algumas hipérboles
são bastante frequentes: morrer de rir, molhado
até os ossos etc.
- Os rios eram formados do sangue dos heróis
mortos na batalha.
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E. Prosopopéia ou personificação - figura 
caracterizada pela atribuição de uma propriedade 
de um ser vivo, ser humano ou animal, a um ser 
abstrato ou concreto inanimado:
- O sentimento da universidade é de frustração.
- A chuva lamentava a morte do artista.
F. Paradoxo ou oximoro - Esta figura consiste 
na união de dois vocábulos ou expressões cujo 
sentido se torna incompatível:
- Esta claridade obscura que cai sobre a 
paisagem...
- A voz do silêncio.
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G. Perífrase - figura que consiste em
expressar por um grupo de palavras o que
poderia ser dito em uma só:
- a sétima arte (=o cinema)
- o quinto poder (=a imprensa)
H. Ironia - esta figura consiste em empregar
determinada palavra ou expressão em sentido
oposto ao seu sentido habitual:
- Esse menino que acaba de arranhar meu
carro é muito bem-educado!
- O lutador de sumô geralmente é bem
magrinho.
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3. Figuras de palavras
A. Comparação - essa figura consiste em 
considerar um conjunto de objetos para procurar
suas semelhanças e diferenças. Uma 
comparação completa compreende quatro
elementos:
• o termo real
• o termo figurado
• o conector
• o ponto de comparação
Assim, na frase Heitor é forte como um touro, 
Heitor é o termo real, touro é o termo figurado, 
como é o conector e forte é o ponto de 
comparação.
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B. Metáfora - é uma espécie de
comparação abreviada em que o conector
não aparece expresso: Heitor é um touro,
com os mesmos elementos da
comparação. A metáfora aproxima duas
realidades distintas. Trata-se da
substituição de um termo “normal” por um
outro pertencente a um campo semântico
diferente, mas com semelhanças possíveis.
A metáfora pode apresentar elementos
implícitos e, algumas vezes, pode assumir
a forma de uma perífrase: A pérola das
Antilhas (=Haiti).
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C. Metonímia - é uma construção na qual
se expressa um conceito por meio de um
termo que designa um outro conceito que
está unido a ele por uma relação
necessária (a causa pelo efeito, o
continente pelo conteúdo, o signo pela
coisa significada, o autor pela obra, o local
pelo produto etc.). A metonímia consiste
na substituição de um nome de um objeto
pelo nome de um outro, com o qual está
em relação; tais relações podem ser:
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• o todo pela parte: O Brasil participará da Copa do
Mundo.
• a parte pelo todo:Todos procuram um teto onde
morar.
• o efeito pela causa:Respeite ao menos meus
cabelos brancos.
• a causa pelo efeito:Tem uma boa mão para doces.
• o autor pela obra: Roubaram um Portinari do
museu.
• o lugar pelo produto: Bebeu duas garrafas de
parati.
• o continentepelo conteúdo: Comeu dois pratos de
feijoada.
• o símbolo pelo simbolizado: Ignácio sempre foi
atraído pela Cruz.
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D. Sinestesia - essa figura consiste na utilização
simultânea de palavras que representam
sensações diferentes: um som da pesada, um
perfume doce etc.
4. Figuras de harmonia ou sonoras
A. Aliteração - figura que consiste na utilização
de palavras que possuem o mesmo fonema
consonantal:
- Já em torno a tarde se entorna / a atordoar o ar
que arde
B. Assonância - figura que consiste na
utilização de palavras com o mesmo fonema
vocálico:
- Ó formas brancas, alvas, formas claras
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C. Paronomásia - ocorre quando se
aproximam palavras de sons parecidos:
- Quem vê um fruto / não vê um furto.
D. Onomatopeia - consiste no emprego
de palavra ou expressão que sugerem um
som natural de algo:
- Passava com o chape-chape das
sandálias.
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1) Explique a relação de semelhança sobre a 
qual se construíram as metáforas:
a)Os catadores de papel são triste paisagem.
b)Teu sorriso é uma aurora.
c)O hipopótamo é um bruto sapatão afogado.
d)Esse vendedor de carros é uma raposa.
e)Seu mau-humor é chuva de verã0.
f)Meu novo apartamento é uma caixa de 
fósforos.
g)Nosso relacionamento é um mar de rosas.
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2) Identifique as figuras usadas nas frases abaixo:
• O bonde passa cheio de pernas.
• O gato é preguiçoso como uma segunda-feira.
• Não fique pensando que o povo é nada.
• Uma coisa triste no fundo da sala./ me disseram que 
era Chopin.
• Coitado do Durval: não foi feliz na prova.
• Gastei rios de dinheiro no meu curso de 
computação.
• Os carros não andam, voam.
• O vento beija meus cabelos, as ondas lambem 
minhas pernas, o sol abraça o meu corpo, o 
meu destino é ser star.
• O noivo da minha irmã pediu a mão dela em 
casamento.
• As pessoas vão e vêm, entram e saem.
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