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saude menta x pandemia

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Aluna: Renata A A Xavier
POLITICAS PÚBLICAS PARA A SAÚDE MENTAL DURANTE E PÓS CRISES SOCIAIS
A humanidade sempre foi assolada por crises ao longo de sua existência em decorrência de uma infinidade de fatores. Guerras, desastres naturais e provocados pelo próprio homem, além de pandemias, fazem da caminhada do ser humano sobre a terra uma verdadeira odisséia. O que muda geralmente de uma crise para a outra é sua compreensão e forma de enfrentamento. Nos primórdios da civilização acreditava-se que as crises eram um castigo das divindades, portanto, também o enfrentamento da situação buscava uma composição destas divindades com o homem, através das oferendas e sacrifícios. Esta mesma situação repetiu-se na idade média, contudo, um arremedo de ciência já buscava um tratamento fora da espiritualidade, ou seja, um tratamento para o organismo. Com o passar do tempo, ciência e religiosidade continuaram caminhando juntas. Vieram outras pandemias, desastres naturais e guerras, mas a ciência diversificou, pois além da medicina, também a sociologia, a história, a antropologia, a química, a física, etc., trataram de dar sua contribuição não só durante a ocorrência da crise como, também, posteriormente a esta, entretanto, como se observa, a preocupação sempre foi com a parte biológica afetada pela crise, ou, no máximo, com os aspectos sociais. Assim, após a segunda guerra mundial e o holocausto, o mundo se uniu em torno de uma maior proteção ao ser humano quanto ao seu aspecto material, garantindo em textos constitucionais e tratados universais, o direito à vida e à integridade física e moral do ser humano. Mas, e quanto ao aspecto psicológico? O que se fez mundo afora, ou, no Brasil, para se enfrentar os problemas psicológicos decorrentes das crises? Basicamente nada, apenas algumas atividades pontuais aqui e ali, e, quase sempre, levadas a cabo por entidades ou indivíduos de forma voluntária. O estado quase sempre fica fora se descurando do conceito de boa saúde da Organização Mundial da Saúde, a qual informa que boa saúde é um trinômio composto por corpo-espírito-mente. “Saúde, vem do Latim salus “bom estado físico”, saudação”, relacionado a “salvo”. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS): Saúde é um estado de completo bem-estar físico, metal e social, e não, simplesmente, a ausência de doenças ou enfermidades.
Todavia, em face do momento pelo qual a sociedade encontra-se passando, assolada por uma terrível pandemia em razão do denominado Covid-19 ou Coronavírus, não só durante a infestação, eis que um dos principais meio de combate ao vírus, pelo menos no entender da maioria dos especialistas, é o isolamento social, com todas as questões de ordem psicológica que isto fatalmente ocasionará, indiscutivelmente, após debelar-se a pandemia teremos um verdadeiro surto de problemas de ordem psicológica, eis que serão inúmeras as perdas de entes queridos, bem como, a terrível recessão que se abaterá sobre o mundo com o aumento do desemprego e da carestia. Porém, quem acompanha os noticiários são testemunhas de que a preocupação dos governos e da maioria das pessoas tange-se apenas quanto aos aspectos biológicos e financeiros, mas nada se fala quanto aos aspectos psicológicos. Teremos, como ocorreu nos pós-guerra, uma quantidade enorme de pessoas imersas em profundas dores psicológicas, as quais, evidentemente, darão origem a muitos problemas físicos e psíquicos. Por isso, o profissional da psicologia deve se preparar, notadamente aqueles que integram os quadros de funcionários do poder público, para o enfrentamento deste “tsunami” de pessoas, as quais chegarão às unidades de atendimento. Neste contexto, sem dúvida alguma uma dos principais males a ser enfrentado, o qual, mesmo antes da pandemia já assolava muitos países do mundo, será a depressão e sua evolução mais gravosa que é o suicídio. A pergunta é como fazer este enfrentamento? Principalmente na porta de entrada do sistema que são as unidades básicas de saúde? Ao que tudo indica a resposta opera este dilema afigura-se complexa. No âmbito das políticas públicas de atendimento, aponta-se a necessidade de repensar novos modos de intervenção que ampliem as formas de atendimento, para tornar o tratamento mais abrangente e eficaz.
Percebe-se, desta forma, que o objetivo é buscar o equilíbrio entre a quantidade de atendimentos e sua eficácia, o que, evidentemente, é uma tarefa árdua, eis que as ferramentas a serem utilizadas pelo profissional da psicologia consistirão em atendimento de forma individual, ou de forma coletiva nos denominados grupos terapêuticos. Inquestionavelmente, ainda que o profissional pessoalmente entenda que a terapia individual seja mais eficaz do que a de grupo, em razão da demanda, na maioria das vezes, nas unidades públicas de tratamento de questões psicológicas, somente será viável a terapia em grupo, e, assim, referida ferramenta deverá ser utilizada com muita sabedoria pelo profissional para que possa atingir uma quantidade maior de pacientes, sabendo que cada indivíduo vive uma situação própria e enfrenta as situações debilitantes de modo distinto das outras pessoas, porém, em muitas situações as terapias em grupo oferecem maiores possibilidades de tratamento por parte do terapeuta: Os grupos heterogêneos oferecem a vantagem da riqueza de pontos de vista. Podemos ter, em um mesmo grupo, pessoas mais jovens e mais idosas, de diferentes sexos e posições sociais trazendo questões relativas a suas situações específicas.
Como se conclui, então, apesar da terapia em grupo não possibilitar uma proposta de tratamento diferenciada por tipo de sofrimento psicológico, pois a pessoa pode integrar um grupo com pessoas que estão enfrentando outro tipo de problema psíquico diferente do seu, a interação com outras pessoas portadoras de sofrimento psicológico pode fornecer um suporte importante para o enfrentamento por parte do indivíduo, seja qual for o problema pelo qual esteja passando. Como, no nosso humilde entendimento as questões mais freqüentes, doravante, serão de depressão, tomar o indivíduo o conhecimento de que outras pessoas estão passando por situações até piores do que a sua pode ajudar no tratamento da depressão. Superado a desconfiança, timidez e incredulidade é hora de aproveitar os benefícios da terapia de grupo, que são muitos, estar em contato com pessoas que estão passando por situações parecidas com as suas, Lima (2015). 
 Entretanto, apesar dos benefícios já apontados da terapia em grupo ser vários, não se pode duvidar quanto à ligação, em muitas situações, da eficácia do atendimento terapêutico às circunstâncias de fatores estritamente pessoais, como situação social, familiar, econômica, religiosa, etc. E nestes casos, é possível a utilização de algum meio em face da impossibilidade da terapia individual? Cremos que sim. Já não há praticamente nenhum dissenso entre os especialistas que o tratamento da pressão deve contar com uma equipe multidisciplinar, de tal modo que no decorrer das sessões de terapia em grupo, o psicólogo (a) poderá identificar algum caminho que poderá auxiliar no tratamento, o qual é desenvolvido por outro profissional e outra área, o que será viável, no mínimo, o encorajamento do indivíduo a realizar uma atividade que lhe traga prazer e, até mesmo, um sentido para a vida, como a realização de um trabalho social, um curso, ou uma atividade física oferecida pelo poder público, pois já esta comprovada à eficácia dos exercícios físicos na ajuda do combate a depressão e sua evolução mais gravosa que é o suicídio. Práticar exercício físico é uma boa forma de prevenir e combater a depressão. O exercício físico constante e moderado tem efeitos benéficos na saúde em geral e, ao nível psicológico, pode reduzir a ansiedade, melhorar a autoestima e autoconfiança, melhorar a cognição e diminuir o stress. ( Arreaza,2014)
 Assim, em sede de considerações finais, há de se ressaltar que a psicologia será uma das principais protagonistas da reestruturação da sociedade, principalmente na pós-crise,quando não só individualmente, mas também nas instituições, querem públicas ou privadas, tenha que enfrentar os diversos problemas causados durante a sua incidência, como isolamento, perda de entes queridos, desânimo, falta de sentido para a vida, aumento dos casos de depressão incapacitante, que por sua vez ira impactar a cadeia produtiva e a circulação de riquezas. Aumento dos casos de ideação suicida. Aumento da tensão social entre classes e categorias distintas. Maior acirramento do embate político, etc. De tal modo que a psicologia deve se preparar [endnoteRef:1]para, antes de tudo, aproveitar esta grande oportunidade de se firmar como ciência indispensável para o equilíbrio social. Não que se vá agradecer pelo surgimento desta pandemia, mas é indiscutível que ela ira revelar que sempre teremos crises e que a psicologia precisa ser prestigiada em tempos de normalidade, para que os profissionais desta área sejam preparados para auxiliar a humanidade e as instituições para outras crises que, fatalmente, irão aparecer no futuro. [1: ] 
Referências:
Arreaza, A.L.V. (2014). Direitos para os cidadãos sociais da saúde coletiva. Saúde em Debate, 38 (101). Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-11042014000200347&script=sci_arttext. Acesso em: 31 março. 2020.
Lima, E. M. F. A. (2015). Um grupo de Terapia Ocupacional: tecendo vínculos, criando mundos. In: Maximino, V., & Liberman, F. (Orgs.). Grupos e Terapia Ocupacional – Formação, pesquisa e ações, 166-185. São Paulo, SP: Summus editora.
Organização Mundial da Saúde (OMS). Relatório Mundial da Saúde 2008. Cuidados primários de saúde: agora mais que nunca. 2008. Disponível em: http://www.who.int/eportuguese/publications/pt/ Acessado em 31 de março de 2020.
» http://www.who.int/eportuguese/publications/pt/

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