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1 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 4 2 SISTEMA TEGUMENTAR ......................................................................... 5 3 CONTEXTUALIZANDO AS QUEIMADURAS............................................ 7 3.1 Considerações epidemiológicas ......................................................... 9 4 QUEIMADURAS ........................................................................................ 9 4.1 Avaliação das queimaduras ............................................................. 10 5 HISTÓRIA EVOLUTIVA DO TRATAMENTO DOS QUEIMADOS ........... 11 6 CLASSIFICAÇÃO DAS QUEIMADURAS ................................................ 13 6.1 Extensão da queimadura ................................................................. 14 6.2 Classificação de gravidade............................................................... 15 6.3 Características das queimaduras ..................................................... 15 7 AVALIAÇÃO DE RISCO .......................................................................... 16 8 COMPLICAÇÕES DAS GRANDES QUEIMADURAS ............................. 17 9 PSICOLÓGICO DO PACIENTE QUEIMADO .......................................... 18 10 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À PACIENTES QUEIMADOS ......... 19 11 TIPOS DE CURATIVOS E TRATAMENTOS PARA PACIENTES QUEIMADOS ............................................................................................................ 22 11.1 Técnicas Anestésicas ....................................................................... 22 11.2 Uso tópico ........................................................................................ 24 11.3 Produtos naturais ............................................................................. 25 11.4 Tipos de curativos ............................................................................ 26 11.5 Soluções........................................................................................... 26 12 A IMPORTANCIA DA ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA ASSISTENCIA HUMANIZADA AO PACIENTE QUEIMADO ............................................................. 27 3 13 FISIOPATOLOGIA DAS QUEIMADURAS .............................................. 32 14 CUIDADOS NO MOMENTO DA OCORRÊNCIA DAS QUEIMADURAS TÉRMICAS ................................................................................................................ 33 15 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A CRIANÇAS PORTADORAS DE QUEIMADURAS ........................................................................................................ 34 16 FISIOLOGIA DA CICATRIZAÇÃO ........................................................... 36 17 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................... 37 18 BIBLIOGRAFIAs ...................................................................................... 38 19 BIBLIOGRAFIAS SUGERIDAS ............................................................... 43 4 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 2 SISTEMA TEGUMENTAR Fonte: maisquepele.com A pele apresenta duas camadas: a epiderme e a derme. A hipoderme, ou tela subcutânea, é uma camada de tecido conjuntivo frouxo, que fica logo abaixo da derme. Há ainda vários órgãos anexos, com os folículos pilosos, glândulas sudoríparas e sebáceas. A pele é responsável pela termorregulação, defesa, percepção, nutrição e pela proteção mecânica, química e física. Também é responsável pelo acúmulo de substâncias de reserva, controle de desidratação e permite o tato. A pele se divide em três camadas com funções distintas: epiderme (superficial) mais externa e principal barreira de defesa, derme (intermediária) com tecido vascularizado e hipoderme (mais profunda) constituída de tecido gorduroso (BORGES, 2010 apud, ARAÚJO, 2012) Epiderme: A epiderme é constituída por um epitélio estratificado pavimentoso queratinizado (células escamosas em várias camadas). A célula principal é o queratinócitos (ou queratinócitos), que produz a queratina. A queratina é uma proteína resistente e impermeável responsável pela proteção. Existem também ninhos de melanócitos (produtores de melanina, um pigmento castanho que absorve os raios UV); e células imunitárias, principalmente células de Langherans, gigantes e com prolongamentos. 6 A epiderme é dividida em cinco camadas: camada basal, camada espinhosa, camada granulosa, camada lúcida e camada córnea. A camada basal é a camada que entra em contato com a derme e contorna as papilas dérmicas; constituída por celular cúbicas ou prismáticas que se dividem por mitose. Algumas destas células diferenciam-se e passam para as camadas mais superficiais enquanto outras permanecem na camada basal e continuam a se dividir. É uma camada rica em células tronco e em células de Merkel, e pobre em queratina. A camada espinhosa possui células cúbicas com expansões citoplasmáticas, com mais queratina que a camada basal. Nessa camada ocorre a renovação de queratinócitos e tem a presença de células de Langherans. A camada granulosa contém células achatadas, com grânulos de queratina, proeminentes e outros como substância extracelular e outras proteínas (colágenos). As células já apresentam núcleo. A camada lúcida é uma fina camada de células achatadas e hialinas. A camada córnea é a camada mais externa, constituída de célula s achatadas e mortas, citoplasma repleto de queratina e sem núcleo. Derme: A derme é um tecido conjuntivo que sustenta a epiderme. É constituído por elementos fibrilares, como o colágeno e a elastina e outros elementos da matriz extracelular, como proteínas estruturais, glicosaminoglicanas, íons e água de solvatação. Os fibroblastos são as células envolvidas com a produção dos componentes da matriz extracelular. A derme é a camada mais profunda composta por tecido conjuntivo denso irregular. Camada cutânea presente entre a epiderme e o tecido subcutâneo, ricamente constituída por fibras de colágeno e elastina. É capaz de promover a sustentação da epiderme e tem participação nos processos fisiológicos e patológicos do órgão cutâneo. (OLIVEIRA, 2011, apud, PEREIRA, 2019). A derme é subdividida em duas camadas: a camada papilar em contato com a epiderme, formada por tecido conjuntivo frouxo, e a camada reticular, constituída por tecido conjuntivo denso não modelado, onde predominam as fibras colagenosas. A derme é dividia em três camadas: areolar, lâmina fibrosa e lamelar. A areolar é superficial, contém adipócitos globulares, volumosos e numerosos, e delicados vasos; a lâmina fibrosasepara a camada areolar da lamelar; e a camada lamelar é mais profunda, e tem aumento da espessura com ganho de peso (hiperplasia). Os 7 vasos sanguíneos da derme são responsáveis pela nutrição e oxigenação tanto das células dérmicas quanto das células epidérmicas. Quando a produção do calor é proporcional a perda, ocorre o equilíbrio, fazendo com que o indivíduo tenha um balanço térmico. Hipoderme: A hipoderme ou tecido celular subcutâneo é uma camada de tecido conjuntivo frouxo localizada abaixo da derme, a camada profunda da pele, unindo-a de maneira pouco firme aos órgãos adjacentes. A depender do estado nutricional e da região do corpo, a hipoderme pode conter uma quantidade variável de tecido adiposo. A hipoderme constitui órgão interior e não pode ser considerada parte da pele. Ela permite o deslizamento da pele e é o local de injeção subcutânea. O tecido subcutâneo consiste em faixas fibrosas de ancoragem da pele para o fáscia profunda, colágeno e elastina. Pode ter uma camada variável de tecido adiposo dependendo da região do corpo. Além da função de reservatório energético, a hipoderme apresenta a função de isolamento térmico, modelagem da superfície corporal, absorção de choques e preenchimento para a fixação de órgãos. Compõe-se por duas camadas: areolar (é mais superficial, ricamente irrigada e possui adipócitos globulares e volumosos) e lamelar (é mais profunda e é onde ocorre aumento de espessura no ganho de peso). 3 CONTEXTUALIZANDO AS QUEIMADURAS Queimaduras são feridas traumáticas causadas, na maioria das vezes, por agentes térmicos, químicos, elétricos ou radioativos. Atuam nos tecidos de revestimento do corpo humano, determinando destruição parcial ou total da pele e seus anexos, podendo atingir camadas mais profundas, como tecido celular subcutâneo, músculos, tendões e ossos. As queimaduras são classificadas de acordo com a sua profundidade e tamanho, sendo geralmente mensuradas pelo percentual da superfície corporal acometida. Por se tratar de um trauma de grande complexidade e requerer tratamento eficaz e imediato, muitos destes acidentes apresentam alta taxa de morbidade e mortalidade 8 em todo o mundo, com grande frequência entre as crianças, na sua maioria das vezes em ambientes domésticos. As crianças apresentam maior risco, ao acidente, devido a curiosidade, impulsividade e falta de experiência em avaliar os perigos. Pesquisas também revelaram que o baixo nível sócio econômico favorece para o problema em questão. As características mais comuns aos pacientes que sofreram algum tipo de queimadura têm como fator principal, a intensa dor e grande impacto emocional, sendo, estes, alguns dos fatores que interferem em sua recuperação. É necessário conhecer o tipo da queimadura que estará sendo analisada, pois é um fator crucial nas medidas e intervenções terapêuticas que serão adotadas, direcionando os cuidados do enfermeiro e da equipe de saúde, assegurando, assim, melhora e evolução no quadro clínico do paciente. Dependendo de sua extensão e profundidade, a lesão causada pode comprometer vários tipos de distúrbios físicos, como, por exemplo, perda de volume líquido, mudanças metabólicas, deformidades corporais e risco de infecção, adicionados a complicações advindas da queimadura, que podem ocasionar maiores complicações no estado de saúde do paciente. Além do comprometimento físico decorrente ao acidente de causa térmica, o paciente mostra-se, geralmente, muito abalado, até mesmo em estado de choque. No momento em que o paciente é acolhido em uma unidade de emergência, a assistência de enfermagem, nesse momento, se torna fundamental no tratamento do paciente, tendo como objetivo necessário que este receba um tratamento imediato e eficaz. O cuidado prestado pelo enfermeiro não pode apenas focar-se em metodologias hospitalares, requer também, uma abordagem mais ampla, não olhando apenas o indivíduo, mas também seus familiares. Através deste ideal, se permite estabelecer intervenções direcionadas ao paciente e sua família, a fim de obter resultados positivos na tentativa de lhes preservar a vida. 9 3.1 Considerações epidemiológicas As queimaduras são lesões frequentes sendo a quarta causa de morte por trauma. Mesmo quando não levam a óbito, as queimaduras severas produzem grande sofrimento físico e requerem tratamentos que duram meses ou anos. Sequelas físicas e psicológicas são comuns. Aproximadamente 20% de todas as vítimas de queimaduras são crianças, e 20% dessas crianças são vítimas de lesão intencional ou abuso infantil. É comum também ver mulheres queimadas em casos de violência doméstica, bem como pessoas idosas, em casos de abuso com os mesmos. Em 2009 foi instituído o “Dia Nacional de Luta contra Queimaduras”, a ser comemorado em todo o território nacional no dia seis de junho de cada ano, por meio da Lei nº 12.026, de 9 de setembro de 2009, visando estabelecer a Semana Nacional de Prevenção e Combate a Queimaduras, com a finalidade de divulgar as medidas preventivas necessárias à redução da incidência de acidentes envolvendo pessoas com queimaduras (BRASIL, 2000, apud ROSA, 2018). 4 QUEIMADURAS As queimaduras estão entre os traumas mais graves que pode atingir o ser humano, pois provoca resposta metabólica intensa, repercutindo em quase todos os órgãos e sistemas. Apesar dos progressos alcançados no tratamento das queimaduras, a taxa de mortalidade e a incapacitação física ainda é crescente. A queimadura gera a aceleração do metabolismo, provocando um quadro de desnutrição proteico-calórica com elevado consumo das reservas energéticas nestes pacientes. O Brasil apresenta elevados índices de acidentes envolvendo queimaduras, tornando imprescindível a ação de políticas públicas de saúde, com o intuito de promover ações educativas a fim de minimizar os danos causados por esta forma de ferimento (SILVA, 2015, apud ROSA, 2018). Usualmente, as queimaduras causadas por acidente doméstico, são resultantes de transferência de energia de uma fonte de calor para o corpo, que pode ser de origem térmica, química ou elétrica, caracterizando-as como lesões no tecido 10 de revestimento, podendo destruir parcial ou totalmente a pele e seus anexos, podendo atingir camadas mais profundas. O plano de cuidados da enfermagem deve estabelecer prioridades diárias, realizando mudanças necessárias conforme as alterações no quadro do paciente. Algumas das assistências de enfermagem ao paciente estão descritos na tabela 1. (SMELTZER et al., 2002, apud CONCEIÇÃO, 2015). 4.1 Avaliação das queimaduras Fonte: msdmanuals.com Duas tabelas são utilizadas atualmente para o diagnóstico das lesões. A primeira delas, é a da Regra dos Nove, na qual se pontuam até nove pontos, associada a cada região do corpo, frequentemente usada nas salas de emergência para avaliar paciente adulto, não sendo indicada para o uso em crianças. Outra tabela bastante utilizada é a Lund-Browder, de maior precisão, levando- se em consideração as proporções do corpo em relação à idade a um valor pré- estabelecido. Nesse caso, considera-se a superfície corporal da criança semelhante à do adulto, a partir da puberdade. Habitualmente, os profissionais da saúde classificam as queimaduras como leve, médio e de grande porte. Portanto, se a lesão atinge menos de 10% é classificada como leve, quando o comprometimento é entre 10% a 20% da superfície corpórea, denomina-se em médio queimado, e grande 11 queimado, aquele que teve uma lesão que comprometeu mais de 20% da área corporal. 5 HISTÓRIA EVOLUTIVA DO TRATAMENTO DOS QUEIMADOS Fonte: rbqueimaduras.br Os incêndios florestais, provocados por raios e erupções vulcânicas, possivelmente foram responsáveis por muitas queimaduras nos homens pré- históricos. Aprendendoa produzir e controlar o próprio fogo, o homem continuou a utilizá-lo de diversos modos a fim de facilitar sua existência, embora isso tenha aumentado o número de vítimas de terríveis queimaduras. As queimaduras eram inicialmente tratadas, sem nenhuma base cientifica com aplicações locais de várias substâncias como erva, leite, cinza, entre outras, além de feitiços, muito misticismo, charlatanismo e curandeirismo. No antigo Egito os papiros relatam o uso tópico de um combinado de cola, pêlos de cabra e leite humano, já nas lesões infectadas utilizavam-se mel. Na China, há três mil anos, as queimaduras eram tratadas com folhas de chá contendo tanino. As civilizações antigas já se preocupavam com a cura das feridas, pois os egípcios usavam produtos estranhos como lagartixas, urina humana, fezes de crianças recém-nascidas, pão mofado e até carne fresca atada a ferida. 12 Em 1961, com o incêndio do Gran Circo Norte–Americano em Niterói, no Rio de Janeiro, vítimas de queimaduras foram encaminhadas a hospitais gerais, aos quais não eram especializados no tratamento de grandes queimados. Entretanto muitos profissionais da área da saúde vieram de várias cidades vizinhas e inclusive de Buenos Aires, na Argentina, e Washington, de onde veio a doação de pele liofilizada do Hospital Naval de Bethesda para o tratamento cirúrgico de enxertia. Em 1990, Maria Thereza Piccolo e um grupo de profissionais dedicados ao tratamento de queimados em todo o Brasil, criaram o Sistema Integrado de Procedimento de Alta Complexidade em Queimados – SIPAC/Queimados, pelo Ministério da Saúde. Embora não tenha sido implantado serviu como uma base para a fundação da Sociedade Brasileira de Queimados, sendo uma associação civil, sem fins lucrativos, com o objetivo de promover, contribuir, estimular estudos, pesquisas, divulgação e pratica do tratamento das queimaduras, reconhecida pela Internacional Society for Burn Injurie. Atualmente para o tratamento do queimado é indicado a hidratação com soro fisiológico, analgesia, controle de infecção, escarotomia para evitar garroteamento em queimaduras circulares, restabelecimento hemodinâmico, manuseio delicado para evitar lesões profundas, eliminação de tecido necrosado por meio de método cirúrgico (SINDER, 2006). Nas queimaduras extensas, não havendo áreas doadoras suficientes, eram utilizados (provisoriamente), enxertos homólogos ou heterólogos, membrana amniótica, curativo biológico, e substitutos sintéticos da pele. E nos casos de enxertos definitivos a pele precisava ser autóloga, sendo criado um aparelho para expandir a pele, inventado por Otto Lanz em 1908. 13 6 CLASSIFICAÇÃO DAS QUEIMADURAS Fonte: vuelopharma.com As queimaduras são classificadas de acordo com a sua profundidade e tamanho, sendo geralmente mensuradas pelo percentual da superfície corporal acometida. As queimaduras são classificadas em 1º, 2º e 3º graus, de acordo com a camada de pele acometida. As queimaduras são classificadas conforme sua profundidade e extensão, devido ao grau de destruição celular causado na pele e tecido subcutâneo. Os termos “superficial”, “parcial” e “total” são utilizados e as queimaduras são classificadas em primeiro, segundo e terceiro grau (SALLUM; PARANHOS, 2010, ROSA, 2018). Queimaduras de primeiro grau: também chamada de queimadura superficial, são aquelas que envolvem apenas a epiderme, a camada mais superficial da pele. Os sintomas da queimadura de primeiro grau são: dor intensa e vermelhidão local, mas com palidez na pele quando se toca. A lesão da queimadura de 1º grau é seca e não produz bolhas. Geralmente melhoram após 3 a 6 dias, podendo descamar e não deixam sequelas. As queimaduras podem ser classificadas quanto ao agente causador (físico, químico ou biológico), profundidade ou grau, extensão ou severidade, localização e período evolutivo (BOMBEIROS/EMERGÊNCIA, 2007). 14 Queimaduras de 2º grau: Dividida em 2º grau superficial e 2º grau profundo. A queimadura de 2º grau superficial é aquela que envolve a epiderme e a porção mais superficial da derme. Os sintomas são os mesmos da queimadura de 1º grau incluindo o aparecimento de bolhas e uma aparência úmida na lesão. A cura é mais demorada podendo levar até três semanas; não costuma deixar cicatriz, mas o local da lesão pode ficar mais claro (acromia). As queimaduras de 2º grau profundas são aquelas que acometem toda a derme, sendo semelhantes às queimaduras de 3º grau. Como há risco de destruição das terminações nervosas da pele, este tipo de queimadura pode até ser menos doloroso que as queimaduras mais superficiais. As glândulas sudoríparas e os folículos capilares também podem ser destruídos, fazendo com a pele fique seca e perca seus pelos. A cicatrização demora mais de três semanas e deixa cicatrizes. Queimaduras de 3º grau: são as queimaduras profundas que acometem toda a derme e atinge tecidos subcutâneos, com destruição total de nervos, folículos pilosos, glândulas sudoríparas e capilares sanguíneas, podendo inclusive atingir músculos e estruturas ósseas. São lesões esbranquiçadas/acinzentadas, secas, indolores e deformantes que não curam sem apoio cirúrgico, necessitando de enxertos. 6.1 Extensão da queimadura Além da profundidade da queimadura, também é importante a extensão da lesão. Todo paciente com lesões de 2º ou 3º grau devem ser avaliados em relação ao percentual da área corporal atingida, pois quanto maior a extensão das queimaduras, maiores os riscos de complicações e morte. Se as queimaduras não acometem uma região inteira do corpo, um modo simples de calcular a extensão da lesão é usar a área de uma palma da mão como equivalente a 1% da superfície corporal. 15 6.2 Classificação de gravidade As queimaduras são classificadas como: Leve, moderada e grave. Queimadura leve: Atinge menos de 10% da superfície corporal de um adulto com queimaduras de 2º grau. Menos de 5% da superfície corporal de uma criança ou idoso com queimaduras as de 2º grau. Menos de 2% da superfície corporal com queimaduras de 3º grau. Queimadura moderada: 10 a 20% da superfície corporal de um adulto com queimaduras de 2º grau. – 5 a 10% da superfície corporal de uma criança ou idoso com queimaduras de 2º grau. – 2 a 5% da superfície corporal com queimaduras de 3º grau. – Suspeita de queimaduras do trato respiratório por inalação de ar quente. – Queimaduras leves em pacientes com doenças que predisponham infecções como imunossupressão, diabetes. Queimadura grave: Mais de 20% da superfície corporal de um adulto com queimaduras de 2º grau. Mais de 10% da superfície corporal de uma criança ou idoso com queimaduras de 2º grau Mais de 5% da superfície corporal com queimaduras de 3º grau Queimaduras elétricas por alta voltagem. Queimaduras comprovadas do trato respiratório por inalação de ar quente. Queimaduras significativas na face, olhos, orelhas, genitália ou articulações. Outras graves lesões associadas a queimadura, como fraturas e traumas. As lesões por queimaduras encontram-se entre os tipos de trauma mais doloroso. Aproximadamente 12 mil pessoas morrem de queimaduras e lesões relacionadas à inalação. Mais da metade das queimaduras que levam à admissão hospitalar poderia ter sido evitada (SMELTZER, 2002, apud, CONCEIÇÃO, 2015). 6.3 Características das queimaduras Queimaduras Térmicas: Água fervendo; Congelamento; Fogo. Queimaduras por Radiação: Solar; Microondas. Queimaduras Elétricas: Alta voltagem; Raio. 16 Queimaduras por Substâncias Químicas: Ácidos; Álcalis; Derivados de petróleo; Álcool; Fumaça. 7 AVALIAÇÃO DE RISCO Fonte: cvmarj.com.br O percentual da área corporal queimada, a profundidade da queimadura, sexo e a faixa etária (abaixo de 30 anos e acima dos 60 anos), são fortes indicativos da gravidadeda lesão, e sua estreita relação com a mortalidade. Índices são propostos para estimar a mortalidade após queimaduras severas. Além da área corporal total, o comprometimento de todas as camadas de pele e tecidos profundos, a inalação de fumaça e produtos tóxicos, são preditivos de aumento na mortalidade. 17 8 COMPLICAÇÕES DAS GRANDES QUEIMADURAS Fonte: msdmanual.com A pele é o maior órgão do nosso corpo, serve de barreira contra a invasão de germes do exterior e contra a perda de calor e líquidos, sendo essencial para o controle da temperatura corporal. Todo paciente com critérios para queimaduras moderadas ou graves deve ser internado para receber tratamento imediato, pois há sério risco de complicações. O primeiro problema das queimaduras é a quebra da barreira de proteção contra germes do ambiente, favorecendo a infecção das feridas por bactérias da pele e o desenvolvimento de sepse. Outra complicação é a perda de líquidos dos tecidos queimados. Quando a queimadura é extensa, a saída de água dos vasos é tão intensa que o paciente pode entrar em choque circulatório. A insuficiência renal aguda também é uma complicação grave nos grandes queimados assim como a hipotermia por incapacidade do corpo em reter calor devido a grandes áreas de pele queimada. Quando o tórax e o pescoço são acometidos por queimaduras mais profundas, a cicatrização torna a pele muito rígida e retraída, o que pode atrapalhar os movimentos da respiração. Neste caso é necessária a escarotomia, uma incisão cirúrgica da pele de modo a impedir que a falta de elasticidade da mesma cause compressão das estruturas internas. Como as mãos são áreas de intensa articulação e movimento, 18 cicatrizações de queimaduras podem ser muito limitantes. Por isso, este tipo de queimadura deve sempre ser muito bem avaliada por um médico. Queimaduras circunferenciais são perigosas pois há risco de compressão de estruturas internadas devido ao inchaço que qualquer queimadura provoca. Nos membros superiores e inferiores, podem comprimir nervos e vasos, no pescoço podem comprimir as vias aéreas. Outra grave complicação é a queimadura por inalação de ar quente que pode impedir o paciente de respirar adequadamente, seja por lesão direta na traqueia, laringe e faringe, por edema e obstrução das vias aéreas. Quando as lesões são de 3º grau a pele não é capaz de se regenerar sozinha, sendo necessária a implantação de enxertos de pele para que o interior do organismo não fique exposto ao meio externo. Também é essencial a vacinação contra o tétano. 9 PSICOLÓGICO DO PACIENTE QUEIMADO Fonte: emtempo.com.br Muitas vezes, os danos corporais adquiridos por queimaduras se tornam irreversíveis, e, o paciente, diante de sua autoimagem prejudicada, apresenta medo da desfiguração, separação de familiares, insegurança e receio de retomar seu 19 cotidiano anterior ao trauma térmico. Apresentam desordem de sentimentos e sensação de impotência, deixando-os temerosos em relação ao futuro. A interação familiar com a equipe de saúde e equipe multidisciplinar ajuda na recuperação e promoção do bem-estar físico, psíquico e emocional do paciente, favorecendo o processo de humanização do cuidar, passando um sentimento e acolhimento e pertencimento, reconhecendo a importância das ações educativas, paliativas e de cuidados dos profissionais de enfermagem durante o tratamento. (FREITAS FDS e FERREIRA MA, 2016, apud ISMAEL, 2019). O profissional de enfermagem deve estar atento ao paciente, a fim de esclarecer dúvidas e também estimulá-lo a falar sobre o que está sentindo. Assim, mantém comunicação efetiva não apenas com o doente, mas também com seus familiares, ressaltando que o apoio e o contato com a família é de extrema importância na assistência emocional ao paciente. Mediante a gravidade do problema e considerando a especificidade do tratamento no grupo infantil, a maioria dos casos de queimaduras demanda hospitalização, o que para a criança constitui uma experiência nova que, na maioria dos casos, exige adaptação a situações como: horários pré-estabelecidos, exames dolorosos, afastamento do ambiente familiar, distanciamento das atividades escolares, diminuição de estímulos de socialização, entre outros. 10 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À PACIENTES QUEIMADOS 20 Fonte: seligabarreiras.com Cuidados Gerais Cuidados Específicos Cuidados Gerais Cuidados Específicos Aspiração orotraqueal Monitorar padrões respiratórios Aspiração por traqueostomia Reposição hídrica Higiene oral e íntima Controle da dor Coleta de secreções Desbridamento Lavagem gastrointestinal Realizar balneoterapia Cuidados com drenos Oferecer nutrição adequada Realização de curativos Promover exercícios terapêuticos Administração de medicamentos Observar sinais de infecção Cuidados com colostomia Estratégias de enfrentamento Sonda nasogástrica (SNG) e Sonda nasoentérica (SNE) Monitorar os sinais vitais Educação em Saúde Apoio psicológico ao paciente Sonda vesical de demora ou alívio Realizar exame físico Os profissionais de enfermagem devem oferecer um cuidado humanizado, seguro e eficaz aos indivíduos que necessitam. (DIAS, 2014, apud FRAZÃO, 2019). Os enfermeiros devem compreender a percepção que o paciente queimado tem das alterações que ocorreram no seu corpo. Cabe ao enfermeiro encorajar o doente e a família a expressar seus sentimentos, estabelecendo uma relação de confiança, o que permitirá um diálogo mais aberto, demonstrando sempre estar disposto a ouvir. Mesmo após o atendimento inicial, no qual o paciente começa a receber o tratamento adequado, a equipe de enfermagem deve estar em alerta para sinais de hipoxemia, taquicardia, sudorese e cianose. Ao controlar as respostas respiratórias e a dor, o enfermeiro deve estar atento aos sinais de choque hipovolêmico, e intervir de forma imediata com reposição de líquidos e eletrólitos, conforme indicação terapêutica adotada pelo médico. Umas das medidas que deve ser realizada pela enfermagem 21 logo após admissão do paciente queimado é puncionar e manter um acesso venoso calibroso. O enfermeiro deve orientar os familiares a ofertar alimentos nutritivos para o doente, de acordo com o aconselhamento do nutricionista. Esses cuidados são de fundamental importância para ajudar no tratamento e cura do paciente. Cabe ao médico e ao enfermeiro tomar iniciativas para controlar a dor do paciente queimado, atentando-se à causa e à intensidade, para que possam intervir, a fim de eliminar ou reduzir esse quadro com uso de medicação adequada. Geralmente, as lesões por causas térmicas fazem com que pacientes adquiram infecções. À medida que os resíduos se acumulam na superfície da ferida, podem retardar a migração dos queratinócitos, consequentemente afetando o processo de epitelização. Em alguns casos, faz-se necessário o desbridamento das lesões por queimadura, a fim de remover o tecido contaminado por bactérias e corpos estranhos, protegendo o paciente contra a invasão de bactérias. Todos os cuidados necessários deverão ser realizados em relação a técnicas assépticas, evitando assim, criar um ambiente vantajoso para crescimento e proliferação bacteriana, o que ocasionaria maiores complicações ao paciente. A equipe de enfermagem deve ficar atenta a sinais de infecção no local da queimadura, observando os aspectos de coloração, secreções e sintomas sistêmicos, como hipertermia e contagem de leucócitos. 22 11 TIPOS DE CURATIVOS E TRATAMENTOS PARA PACIENTES QUEIMADOS Fonte: interfisio.com O tratamento das queimaduras envolve cuidados locais e sistêmicos, variando de acordo com a profundidade, localização corporal e extensão. O uso de curativos contendo substâncias cicatrizantes e anti-infecciosas é a opção para a terapia local.O uso desses curativos é essencial para a cicatrização das queimaduras. Ao longo dos anos, várias substâncias foram usadas no tratamento dessas lesões, as quais ajudam consubstancialmente na restauração da pele queimada. Dentre as substâncias e coberturas utilizadas nos curativos de queimaduras, pode-se citar a sulfadiazina de prata, materiais substitutivos de pele, oxigenoterapia hiperbárica e coberturas impregnadas com prata1. Atualmente, as coberturas impregnadas com prata têm sido alvo de constante estudos devido a sua capacidade antimicrobiana. 11.1 Técnicas Anestésicas A princípio todas as técnicas anestésicas podem ser indicadas no paciente queimado. Entretanto, a anestesia geral é mais amplamente utilizada, pelas características próprias do queimado. Na balneoterapia e na troca de curativo predomina a anestesia venosa com a cetamina, pela praticidade, segurança e estabilidade hemodinâmica. Para desbridamento e enxertia cutânea, nos membros 23 superiores ou inferiores sem comprometimento cutâneo infeccioso, o bloqueio de plexo, peridural ou raquianestesia podem ser aplicados e bem tolerados pelos pacientes. Entretanto, em pacientes com queimaduras grandes com choque ou instabilidade hemodinâmica, comprometendo face, pescoço, tórax, vários segmentos do corpo e vias aéreas, a geral combinada tem mais amplamente sido utilizada, com os critérios de risco já anteriormente assinalados. Evitar o uso de succinil-colina pela possibilidade de parada cardíaca. Os Bloqueadores neuromusculares a despolarizantes têm grande indicação, tendo, contudo, sua dose aumentada em até cinco vezes, pelo aumento de receptores musculares de acetilcolina, que são responsáveis pela resistência a estes bloqueadores. Este efeito tem início dentro de uma semana e perdura por mais de 18 meses após a queimadura. Embora se admita que esta resistência esteja presente em pacientes com área de superfície corporal queimada acima de 30%, Pavlin mostrou que receptores de acetilcolina estão aumentados em pacientes queimados com área corporal de 2%. A escolha do agente volátil não parece influenciar muito no resultado, embora, haja sempre cautela no uso repetido do halotano. O enflurano e o isoflurano têm ação no sistema cardiovascular, reduzindo o débito cardíaco, embora o isoflurano tenha uma ação predominante na resistência Medicina Perioperatória vascular periférica, diminuindo a pós-carga. Por sua rapidez na indução, ausência de odor irritante e estabilidade hemodinâmica o sevoflurano tem ocupado a preferência dentre os halogenados, principalmente em crianças queimadas, embora não haja comprovação de hepatite induzida pelo halotano nestes pacientes. Todos agentes venosos têm boa atividade na anestesia do queimado. A cetamina, pelos efeitos já explicitados tem marcada utilidade, embora tenha efeito disfórico. O etomidato, em pacientes instáveis é boa indicação embora seus efeitos mioclônicos estejam exacerbados nos pacientes queimados, chegando a mimetizar convulsões. O propofol e o tiopental também podem ser utilizados nestes pacientes com cuidado, porque ambos podem causar hipotensão significante por queda de débito cardíaco. A realização de curativos, aliada à prescrição de medicamentos foi a conduta mais prevalente, com o destaque para o uso da sulfadiazina de prata 1%, uso de analgésicos e vacina antitetânica (CANTARELLI-KANTORSKI et al., 2014, apud ROSA, 2018). 24 O paciente queimado é portador de dor intensa e que necessita de forte tratamento com analgésicos opióides, para conforto durante e após intervenções cirúrgicas. Pela repetição dos atos operatórios e curativos cirúrgicos, são submetidos a doses repetidas de opióides que levam a aumento na tolerância a estes fármacos. Remifentanil, alfentanil fentanil e sufentanil podem ser bem utilizados e com excelente tolerância por parte do paciente queimado. Entretanto, o remifentanil embora tenha o melhor perfil farmacocinético para infusão contínua, deixa a desejar quanto a analgesia pós-operatória nestes pacientes. Por outro lado, sufentanil pela sua potência analgésica, estabilidade, perfil farmacocinético para infusão continua, apresenta melhor indicação nestes pacientes, principalmente no grande queimado, pois, permite melhor analgesia no transoperatório, promovendo analgesia no pós- operatório com duração de até 4 horas após a interrupção da infusão, para que seja requerido analgésico pelo paciente. 11.2 Uso tópico Dentre os diferentes tipos de agentes tópicos, existem os cremes que são constituídos por emulsões de água e óleo, em que a quantidade de água é superior ao óleo. Há consenso na literatura quanto à utilização da Sulfadiazina de Prata 1% para o tratamento de queimaduras, com a finalidade de desbridar tecidos necrosados e combater infecção local. A Sulfadiazina de Prata 1% é um composto de nitrato de prata e sulfadiazina de sódio, efetivo contra uma ampla microbiota de gram-negativas como Escherichia coli, Enterobacter, Klebsiella sp e Pseudomonas aeruginosa, além de incluir bactérias gram-positivas como Staphylococus aureus e também Cândida albicans. Terapia convencional: sulfadiazina de prata 1% adapticr, gaze. Outros cremes também utilizados são o Acetato de Sulfanamida 10%, a Nitrofurazona 0,2% e o Creme de Gentamicina 0,1% (1). O creme de Nitrofurazona 0,2%. Acetato de Sulfanamida 10% foi amplamente utilizado em tratamento de queimaduras antes do advento da Sulfadiazina de Prata1%. Esse creme é ainda considerado como uma alternativa importante no combate à infecção, entretanto, pode 25 causar acidose metabólica, pela inibição da anidrase carbônica e é doloroso à aplicação. 11.3 Produtos naturais As substâncias contendo açúcar, como mel e derivados da cana-de-açúcar, vêm sendo usadas há vários anos no tratamento de lesões de pele com excelentes resultados clínicos. Considera-se que propicia os seguintes efeitos: rápida diminuição da congestão passiva e do edema locais, estímulo da epitelização e granulação tissular e ação antibacteriana”. O mel inibe o crescimento de cepas gram-negativas e gram-positivas, devido ao baixo pH, e promove uma barreira viscosa que impede a invasão de micro- organismos, bem como a perda de fluidos das lesões. Também, contém enzimas como a catalase, que auxilia no processo de cicatrização. Promove efeito osmótico suficiente para inibir o crescimento microbiano e, quando diluído, produz peróxido de hidrogênio, que é um agente antimicrobiano. Outro agente tópico utilizado é a papaína, que é um complexo de enzimas proteolíticas, retirado do látex do mamão papaia (Carica papaya), cujo sítio ativo é portador de um radical sulfidrila (SH), tornando-se difícil sua associação com outro recurso terapêutico, visto que ela sofre oxidação pela substituição do enxofre, por derivados de ferro, oxigênio e iodo. Seu mecanismo de ação ocorre através da dissociação das moléculas de proteína, resultando em desbridamento químico, por ser uma enzima de fácil deterioração, deve ser sempre mantida em lugar fresco, seco, ventilado e protegido da luz. O carvão ativado é outro agente muito utilizado em feridas infectadas, tem a ação de absorver o exsudato da lesão e diminuir seu odor fétido. 26 11.4 Tipos de curativos Curativo de Brown: é um curativo compressivo feito no enxerto. Em extremidades feitas com faixa crepe em outras áreas a gaze é suturada sobre o enxerto. Retirado somente depois do quinto dia, quando já se deu a integração; Curativos interativos: (trocas) omidermr: poliuretano+ Acrilamida; Curativos avançados: bioativos: alginatos + quitosana. 11.5 Soluções As soluções são utilizadas para a realização de anti-sepsia de pele e mucosas com a finalidade de prevenir a colonização, porém, algumas vezes, também são utilizadas em curativos úmidos. O ácidoacético, a solução de Dakin, o nitrato de prata, a tripla solução de antibiótico (sulfametoxazol trimetoprima 50.000 U, Polimixina B 200,000 U e Neomicina 40 mg), o Gluconato de Clorexidina e a solução de PVP-I (Polivinil Pirrolidona Iodada). Substitutos temporários de pele. Os substitutos temporários de pele são materiais eficazes no tratamento de queimaduras superficiais recentes e também na cobertura da pele enquanto aguarda-se o enxerto definitivo. Podem ser trocados a intervalos regulares ou mantidos até a cicatrização ou enxerto, caso a aderência seja boa ou não haja infecção. Considera-se que há três linhas de substitutos temporários de pele: - substitutos de origem animal, como enxerto homólogo, membrana amniótica, pele de porco, pele de embrião bovino e colágeno; substitutos elaborados à base de substâncias sintéticas, tais como silicone, poliuretano e hydrom; substitutos associados à matéria orgânica e uma película sintética, tal como colágeno e silicone. 27 12 A IMPORTANCIA DA ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA ASSISTENCIA HUMANIZADA AO PACIENTE QUEIMADO O cuidado humanizado sempre deve estar implícito nas ações do enfermeiro, no entanto, atualmente, alguns programas instituídos pelo Ministério da Saúde (2000) tentam estimular esta maneira de cuidar, conceituando a importância da humanização, através da demonstração da diferença do cuidado humanizado para o cuidado mecanizado. O papel da enfermagem consiste em identificar os fatores de riscos, implementar medidas de prevenção e realizar a assistência de enfermagem. (ROLIM, 2013, apud FRAZÃO, 2019) O Ministério da Saúde criou em 1997 o Programa Nacional de Educação Continuada em Dor e Cuidados Paliativos para os Profissionais da Saúde. Tendendo uma abordagem não apenas técnica, mas principalmente humana para a questão do sofrimento. Essa preocupação estava voltada aos pacientes oncológicos, pois, as dores causadas por câncer representam 5% das dores crônicas. A Organização Mundial de Saúde estima que 4,5 milhões de pacientes evoluem a óbito por ano sem receber terapêutica para dor e sem que lhes sejam atendidos outros sintomas tão prevalecentes quanto está e que também acarretam sofrimento. Posteriormente, em 2000, o Ministério da Saúde, movido pelo número significativo de denúncias dos usuários referentes aos maus tratos nos hospitais, convidou profissionais da área de saúde mental para compor uma proposta de trabalho voltada à humanização dos serviços hospitalares e de saúde. Estes profissionais formaram um Comitê Técnico que elaborou o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar, com o objetivo de promover uma mudança de cultura no atendimento de saúde no Brasil. O Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar recomenda um conjunto de ações integradas que visam transformar substancialmente o modelo de assistência ao usuário nos hospitais públicos do Brasil, aprimorando a qualidade e a eficácia dos serviços hoje prestados. Seu objetivo principal é aperfeiçoar as relações 28 entre profissionais de saúde e usuários, dos profissionais entre si, e do hospital com a comunidade. O conceito de uma humanização holística é defendido em que para ele humanizar é cuidar do paciente como um todo, englobando o contexto familiar e social incorporando e respeitando os seus valores, esperanças, aspectos culturais e as preocupações de cada um, é garantir a qualidade da comunicação entre paciente, família e equipe. Significa ter uma escuta ativa para com o outro, compreende-lo na sua singularidade e nas suas necessidades, para que ele se sinta reconhecido e considerado. Com base na definição acima, conceitua a importância do cuidado humanizado com os pacientes queimados, pois trata-se de um indivíduo que tem seus medos, desejos, cultura, religião e opiniões próprias, merecendo assim uma assistência que seja individualizada e que atenda suas necessidades. A proposta de humanização do cuidado vem em busca do resgate dos valores humanistas, amor, toque, conversa, respeito e da preocupação com o outro. Um aspecto a destacar é a forma com que o cuidado é desenvolvido na prática, totalmente com ênfase nas técnicas, ou seja, nas intervenções de Enfermagem, que em última análise, depende de uma prescrição médica. Dessa forma, o objetivo da Enfermagem, pelos estudiosos acima, não está centrado no cuidado ao paciente, mas na maneira de ser executada a tarefa. Os enfermeiros têm ciência que os queimados estão, muitas vezes, assustados e ansiosos no que respeita as lesões e tratamentos associados. Estas reações podem ser avolumadas pelo ambiente da unidade de cuidados intensivos. Os queimados sofrem de dor física e psicológica. A dor física está, geralmente, centrada em atividades especificas como limpeza e desbridamento da ferida e fisioterapia. A prática da enfermagem profissional requer a habilidade de observação, comunicação, reflexão, aplicação do conhecimento das ciências físicas e do comportamento, além de fazer apreciações e tomar decisões, quando aplica o método científico ou o método de resolução de problemas para planejar a assistência de enfermagem, isso se chama processo de enfermagem. 29 O primeiro atendimento ao paciente queimado constitui determinante fundamental no êxito final do tratamento, contribuindo decisivamente para a redução da morbidade e da mortalidade. A abordagem inicial ao portador de queimadura é sempre feita em caráter emergencial e na maioria das vezes em instituições especificas ao tratamento deste tipo de ocorrência, porém, muitas vezes requer um atendimento pré-hospitalar. (NOVAES, 2003, apud CONCEIÇÃO, 2015.). O processo de trabalho em administrar ou gerenciar em enfermagem tem como objeto os agentes do cuidado e os recursos empregados no assistir em enfermagem. Por causa disso, muitos profissionais de enfermagem consideram que este fazer deve ter sua importância diminuída, pois acostumaram a ouvir e a repetir que a enfermagem deve se ocupar a apenas do cuidar. No entanto, não há cuidados possíveis se não houver a coordenação do processo de trabalho. O enfermeiro deve se utilizar do processo de enfermagem que possibilita a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), está se divide em cinco etapas: histórico de enfermagem; exame físico; prescrição da assistência de enfermagem; evolução da assistência de enfermagem e anotações de enfermagem. A Sistematização da Assistência de Enfermagem é uma atividade privativa do enfermeiro que orienta as atividades de toda a equipe de enfermagem, uma vez que os técnicos e auxiliares exercem suas funções a partir da prescrição do enfermeiro. A SAE é a organização e execução do processo de enfermagem, com visão holística e é composta por etapas inter-relacionadas, segundo a Lei 7498 de 25/06/86 (Lei do Exercício Profissional). Vislumbra o aperfeiçoamento da capacidade de solucionar problemas, tomar decisões e maximizar oportunidades e recursos formando hábitos de pensamento. Ao considerar o diagnóstico de enfermagem como etapa que identifica as necessidades e o grau de dependência do paciente, segundo Horta (1979), não deve deixar de ressaltar o caráter sombrio desta clientela, que possui instabilidade clínica e pode evoluir rapidamente de uma fase aguda, com complicações severas, irreversíveis, para o óbito, devido às sérias alterações locais e fisiológicas causadas pelas queimaduras e, conforme também a relação diretamente proporcional entre a extensão e a profundidade das lesões com a gravidade das complicações às quais os pacientes estão sujeitos. 30 O enfermeiro é ferramenta fundamental para o tratamento do grande queimado e a anamnese de enfermagem serve como meio mais eficaz para saber qual o grau de gravidade do qual se encontra este paciente. Analisar quais as áreas do corpo queforam atingidas, verificar a presença de flictenas (bolhas), saber qual o tempo da queimadura, idade e peso do paciente, se tiver condições saber qual a procedência do paciente, checar imunização contra o tétano no adulto e esquema vacinal em crianças, monitorizar sinais vitais, avaliar a função respiratória, avaliar função neurológica, checar acesso venoso, analgesia, colheita de exames, quando o tempo de queimadura for maior que 24h, realizarem balneoterapia e curativos. Na perspectiva do cuidado estético, o enfermeiro faz uso de suas dimensões físicas, mentais e espirituais, assumindo a ciência sensível e, assim, deixando de exercer exclusivamente o saber racional. Cabe destacar, como peculiar no cuidado, a capacidade dos profissionais de realizarem diagnósticos de enfermagem com a utilização dos sentidos do corpo e, através deles, decodificar as mensagens não verbais complementares dos pacientes. O enfermeiro também é responsável por avaliar a reação do doente quanto ao posicionamento, imobilizações, exercício e capacidade do doente e da sua família para executarem os cuidados que se impõem fazer, diariamente, às feridas após a alta. No exame físico diário o enfermeiro tem necessidade de fazer uma avaliação cuidadosa quanto à circulação sanguínea, cianose de algum membro eventualmente apoiado e temperatura. Além de oferecer ao paciente outros profissionais para a realização de exercícios físicos, as atividades da vida diária e a deambulação também são alvos de uma contínua avaliação quanto à tolerância física e emocional do queimado. A enfermagem encorpara os exercícios de fisioterapia ao cuidado do paciente para impedir a atrofia muscular e manter a mobilidade necessária para as atividades diárias, um cuidado primordial para reabilitação. A reabilitação começa logo depois da queimadura mais precocemente. O grau de tolerância à atividade, a força e a resistência do paciente irão aumentando gradualmente à medida que a atividade for acontecendo durante períodos cada vez mais longos. 31 No planejamento da assistência de enfermagem os objetivos da assistência são determinados, prioridades são estabelecidas, resultados da assistência são projetados e um plano de assistência é escrito. Verificam-se quais os procedimentos que melhor se adequem ao estado do paciente queimado. A etapa final corresponde à evolução, é a determinação das respostas do paciente às prescrições de enfermagem e a extensão em que os resultados foram alcançados. Para que todo esse processo tenha uma sequência do início ao fim, com probabilidade de eficiência elevada, identificar os diagnósticos de enfermagem é importante, pois possibilita mais facilmente planejar e programar as intervenções de enfermagem. As lesões por queimaduras encontram-se entre os tipos de trauma mais doloroso. Aproximadamente 12 mil pessoas morrem de queimaduras e lesões relacionadas à inalação. Mais da metade das queimaduras que levam à admissão hospitalar poderia ter sido evitada (SMELTZER; BARE 2002, apud CONCEIÇÃO, 2015). Os diagnósticos de enfermagem têm como propósito, interpretar os dados de avaliação e então identificar os problemas de saúde que envolva o paciente, a família e outros indivíduos de relevância. Humanizar é cuidar do paciente de forma holística, englobando também a família, respeitando os seus valores, culturas e preocupações de cada indivíduo. A internação traz alterações principalmente psicológicas por causa da aparência e cicatrizes que nem sempre com cirurgia reparadora se desfazem. A assistência humanizada à família implica compreender o processo vivenciado quando um dos seus parentes é acometido pela queimadura, para que assim a equipe interdisciplinar tenha condições de reconhecer as suas necessidades. Humanizar é garantir a palavra à sua dignidade ética. Ou seja, para que o sofrimento humano, as percepções de dor ou de prazer sejam humanizadas, é preciso que as palavras que o sujeito expressa sejam reconhecidas pelo outro. É preciso, ainda, que esse sujeito ouça das outras palavras de seu reconhecimento. É pela linguagem que fazemos as descobertas de meios pessoais de comunicação com o outro. Sem isso, nos desumanizamos reciprocamente. 32 13 FISIOPATOLOGIA DAS QUEIMADURAS A queimadura compromete a integridade funcional da pele, responsável pela homeostase hidroeletrolítica, controle da temperatura interna, flexibilidade e lubrificação da superfície corporal. Portando, a magnitude do comprometimento dessas funções depende da extensão e profundidade da queimadura. A injúria térmica provoca no organismo uma resposta local, traduzida por necrose de coagulação tecidual e progressiva trombose dos vasos adjacentes num período de 12 a 48 horas. A ferida da queimadura a princípio é estéril, porém o tecido necrótico rapidamente se torna colonizado por bactérias endógenas e exógenas, produtoras de proteases, que levam à liquefação e separação da escara, dando lugar ao tecido de granulação responsável pela cicatrização da ferida, que se caracteriza por alta capacidade de retração e fibrose nas queimaduras de terceiro grau. Nas grandes queimaduras, além da resposta local, o dano térmico desencadeia ainda uma reação sistêmica do organismo, em consequência da liberação de mediadores pelo tecido lesado. Ocorre extenso dano à integridade capilar, com perda acelerada de fluidos, seja pela evaporação através da ferida ou pela sequestração nos interstícios, que é agravada por subprodutos da colonização bacteriana. Além disso, nas queimaduras extensas, superiores a 40% da área corporal, o sistema imune é incapaz de delimitar a infecção, que, sistematizando-se, torna rara a sobrevida nesses casos. Essa resposta sistêmica manifesta-se por febre, circulação sanguínea hiperdinâmica e ritmo metabólico acelerado, com aumento do catabolismo muscular, decorrente de alteração da função hipotalâmica (aumento da secreção de glucagon, cortisol e catecolaminas), da deficiência da barreira gastrointestinal (passagem de bactérias e seus subprodutos para a circulação sistêmica), da contaminação bacteriana da área queimada (liberação sistêmica de bactérias e subprodutos), da perda de calor (evaporação através da ferida levando à hipotermia) e da perda de fluidos (desequilíbrio hidroeletrolítico). 33 14 CUIDADOS NO MOMENTO DA OCORRÊNCIA DAS QUEIMADURAS TÉRMICAS Fonte: instangiz.com.br Como os profissionais devem proceder em relação ao paciente queimado: Fogo nas vestes: não permitir que a vítima corra, pois pode aumentar as chamas; Extinguir as chamas: as chamas devem ser extintas com água e/ ou abafadas com um cobertor, ou a vítima deve ser rolada pelo chão; Irrigar a área queimada com água limpa, na temperatura ambiente, para eliminar o calor e cessar a queimadura; Remover as vestes que estejam queimadas; Remover imediatamente adornos (anéis, pulseira, entre outros.) da área atingida; deite a vítima; coloque a cabeça e o tórax da pessoa queimada em plano inferior ao resto do corpo. Levante-lhe as pernas, se possível; se a vítima estiver consciente, a mesma deve beber bastante liquido; se possível administre analgésico ao qual a pessoa esteja acostumada (ou algum que a mesma não tenha alergia); cobrir o ferimento com compressa de gaze estéril ou plástico estéril; prevenir a hipotermia nas grandes queimaduras. 34 As crianças pequenas e os idosos estão particularmente em risco de queimaduras, enfatizando que a maioria dessas lesões ocorrem em casa (SMELTZER; BARE 2002, apud CONCEIÇÃO, 2015). 15 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A CRIANÇAS PORTADORAS DE QUEIMADURAS Fonte: portaldiario.com.br A assistência de enfermagem deve ser realizada de forma global, porque todas as alterações que podem ocorrer no organismo queimado, estão intimamente relacionadas. A contribuiçãoda equipe de enfermagem procede-se através da vigilância atenta, contínua e de vários controles tanto durante a fase de emergência/reanimação quanto durante a fase aguda ou intermediária da queimadura que ocorre após 48 a 72 horas do estabelecimento da lesão. Entre os cuidados de enfermagem prestados durante a fase emergencial, podemos citar: Controle dos sinais vitais; Elevação das extremidades queimadas a fim de reduzir o edema; Inserção de cateteres venosos de grosso calibre; Sondagem vesical; Monitoração do balanço hídrico com anotação do débito urinário a cada hora; Avaliação da densidade urinária específica, pH e níveis de glicose, acetona, proteína e hemoglobina; Pressão venosa central; Avaliação da temperatura corporal, peso corporal, peso pré-queimadura e a história de alergias, 35 imunização contra o tétano, problemas clínicos e cirúrgicos pregressos, doenças atuais e uso de medicamentos; Realização do exame físico completo; Sondagem nasogástrica; Higiene dos pacientes queimados; Elaboração do histórico completo do paciente, descrevendo o mecanismo da queimadura, como ocorreu, horário, etc.; Avaliação da compreensão do paciente/família com relação à lesão e o tratamento. Além desses, há outros cuidados especiais dependentes da localização da queimadura. Já durante a fase aguda ou intermediária, os cuidados de enfermagem estão direcionados no sentido de avaliação continuada e da manutenção dos estados respiratório e circulatório, equilíbrio hidroeletrolítico e função gastrintestinal. Para isso o enfermeiro deve: Realizar o histórico continuado do paciente durante as primeiras semanas depois da lesão, focalizando as alterações hemodinâmicas, cicatrização da ferida, dor e respostas psicossociais e a detecção precoce das complicações; Avaliar com frequência o volume, presença de sangue e pH gástricos residuais no paciente com sonda nasogástrica; os sinais vitais; Avaliar as feridas quanto a aspectos importantes como coloração, odor, escara, exsudato, formação de abscesso sob a escara, brotamentos epiteliais, sangramento, aspecto do tecido de granulação, estado dos enxertos e sítios doadores e a qualidade da pele circunvizinha. Outras avaliações significativas e continuadas focalizam a dor e resposta psicossociais. 36 16 FISIOLOGIA DA CICATRIZAÇÃO Fonte: conhecimentospatologicos.com A formação da fibrose está relacionada a um processo cicatricial que ocorre a partir de um evento, que se inicia através de um complexo de respostas defensivas, que existem para manter a homeostase do organismo. O processo de restauração se inicia logo após o sangramento causado pela ruptura dos vasos sanguíneos, onde plaquetas, hemácias e fibrinas determinam a aderência entre as bordas da ferida. Quando ocorre a lesão, a permeabilidade vascular apresenta alterações como perda da integridade das células endoteliais, vazamento de fluido e componentes plasmáticos do compartimento intravascular, migração de leucócitos e eritrócitos dos vasos para o tecido extravascular formam um coágulo inicial, que atrai células inflamatórias e outras substâncias responsáveis pelo processo de reparação tecidual. O reparo tecidual ocorre em três fases: inflamatória, proliferativa e remodelamento. A fase inflamatória representa a resposta inicial de defesa do local agredido. O processo inflamatório induz a agregação das plaquetas, que culmina na coagulação do sangue e, por fim, na formação de um molde de fibrina que preenche a ferida. 37 Na fase proliferativa ocorre formação de tecido de granulação e a reconstituição da matriz extracelular. De uma forma geral, o processo de cicatrização tem início em torno de 24 horas a três dias após a agressão. A formação do tecido de granulação envolve o acúmulo de macrófagos, a proliferação de fibroblastos, a deposição de matriz extracelular e a angiogênese. Os fibroblastos, quando estimulados pelas substâncias liberadas por plaquetas e macrófagos, proliferam, migram, depositam matriz extracelular e causam a retração da ferida. A matriz celular serve como substrato para a migração de macrófagos, células angiogênicas e outros fibroblastos. Os processos de diferenciação celular, degradação do tecido dermal, síntese e remodelação são guiados por citoquinas, interações célula-célula e célula-matriz. A fase de remodelamento é o resultado final do tecido de granulação, sendo composto por fibroblastos de aspectos inativos fusiformes, colágeno denso, fragmento de tecido elástico, matriz extracelular e poucos vasos. A fase final representa a evolução final da cicatriz constituída, podendo durar anos. A síntese de colágeno do tecido cicatricial eleva-se rapidamente entre o 6° e o 17° dia, e não ocorre mais após o 42° dia. Após esse período o que teremos é o remodelamento do colágeno depositado. Portanto, para se conseguir prevenção da formação de fibroses, deve-se atuar terapeuticamente no início da síntese de colágeno. A última etapa do processo de remodelação é também a mais longa. 17 CONSIDERAÇÕES FINAIS As queimaduras deixam sequelas graves e incapacitantes, dependendo de sua extensão e profundidade podem levar a morte. Vítimas de lesões térmicas são susceptíveis a infecções, alterações hormonais e metabólicas, requerendo uma assistência de enfermagem intensiva e qualificada, com conhecimentos técnicos e científicos. Ao enfermeiro compete a responsabilidade de compor diariamente planos de cuidados que atenda às necessidades físicas, sociais e psicológicas desses pacientes. 38 18 BIBLIOGRAFIAS ABREU, Eliane Souto de. MARQUES, Mariângela E. De Alencar. Histologia da Pele Normal. In: JORGE, Silvia Angélica. DANTAS, Sonia Regina. Abordagem multiprofissional para o tratamento de feridas. São Paulo: Atheneu, 2003. ANDRADE de, Alexsandra G; LIMA de, Claudia F; ALBUQUERQUE de, Ana Karla B. Efeitos do laser terapêutico no processo de cicatrização das queimaduras. Rev. Bras. Queimaduras, mar.2010. ANDRIS, Deborah A.; et al. Semiologia: Bases para a Prática Assistencial. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. 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