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Assistência de enfermagem ao paciente queimado

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 www.estetus.com.br 
Assistência de enfermagem ao 
paciente queimado 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Assistência de enfermagem ao 
paciente queimado 
 
SUMÁRIO 
 
Introdução ................................................................................................................................... 3 
Assistência de enfermagem em grandes queimados ................................................................ 3 
Etiologias das queimaduras ....................................................................................................... 4 
Queimaduras Elétricas ............................................................................................................... 4 
Queimaduras Inflamáveis ........................................................................................................... 5 
Queimaduras Sólidas ................................................................................................................. 5 
Queimaduras Gasosas ............................................................................................................... 5 
Queimaduras por Radiação ....................................................................................................... 6 
CLASSIFICAÇÃO DAS QUEIMADURAS .................................................................................. 6 
QUEIMADURAS ANATÔMICAS ESPECÍFICAS .................................................................... 12 
Fisiopatologia e manifestações clínicas da queimadura ......................................................... 16 
Fisiopatologia geral das queimaduras ..................................................................................... 20 
Fisiopatologia do metabolismo do queimado .......................................................................... 28 
Assistência de enfermagem de urgência ................................................................................. 30 
Primeiro atendimento do paciente queimado .......................................................................... 41 
Assistência de enfermagem ao cliente queimado (casos) ...................................................... 49 
Atendimento no centro de queimados ..................................................................................... 51 
Fisiologia do Enxerto ................................................................................................................ 62 
Assistência de enfermagem ao paciente portador de enxerto de pele ................................... 63 
Assistência de enfermagem na prevenção e controle da úlcera de estresse no paciente 
queimado .................................................................................................................................. 78 
Assistência de enfermagem nas complicações das queimaduras .......................................... 82 
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 90 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
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Assistência de enfermagem ao 
paciente queimado 
 
Introdução 
 
Entende-se por queimadura o quadro resultante da ação direta ou indireta do 
calor sobre o organismo humano. A despeito de o prognóstico ter melhorado 
dramaticamente, em especial graças ao reconhecimento da importância do 
debridamento precoce e ao progresso no emprego de substitutos biológicos da pele, 
as queimaduras ainda configuram importante causa de mortalidade. Esta se deve 
principalmente à infecção que pode evoluir com septicemia, assim como à 
repercussão sistêmica, com possíveis complicações renais, adrenais, 
cardiovasculares, pulmonares, musculoesqueléticas, hematológicas e 
gastrointestinais. Além disso, as queimaduras resultam em considerável morbidade 
pelo desenvolvimento de sequelas, estando entre as mais graves a incapacidade 
funcional, especialmente quando atinge as mãos, as deformidades estéticas, 
sobretudo da face, e também aquelas de ordem psicossocial. As queimaduras, 
dependendo da localização, podem ainda causar complicações neurológicas, 
oftalmológicas e geniturinárias. Decorre daí o fato de a correta abordagem inicial do 
queimado ser essencial para o prognóstico a curto e longo prazo. 
 
Assistência de enfermagem em grandes queimados 
 
As lesões que resultam do contato direto ou exposição a quaisquer fontes: 
térmica, química, elétrica ou radio ativa, terminam em queimaduras. 
As lesões por queimadura podem ocorrer quando a energia de uma fonte de 
calor é transferida para os tecidos corporais. A profundidade da lesão varia em 
função da temperatura e duração da exposição. 
 Na população em geral, as ocorrências são mais comuns no sexo masculino 
(57,74%), nos indivíduos de raça branca (71,745), nas crianças de 0-10 anos 
(46,5%), causadas por líquidos aquecidos (44,98%). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Assistência de enfermagem ao 
paciente queimado 
 
Etiologias das queimaduras 
Queimaduras Térmicas 
 
São causadas por exposição ou contato com chamas, líquidos, semilíquidos e 
semissólidos quentes. 
Exemplo: explosão em acidentes de automóveis, lesões por substâncias 
escaldantes, roupas em chamas e combustão de depósitos de líquidos inflamáveis. 
Frio – Congelamento: As queimaduras por frio são raríssimas em nosso 
país, sendo verificadas algumas de origem profissional. 
Calor – Líquidos aquecidos: O calor é o grande responsável pela elevação 
do índice das queimaduras. 
Nos líquidos aquecidos encontramos a maior parte dos acidentes, 
principalmente no grupo infantil, provocado por sopas quentes, chás, água fervente, 
café, radiador de carro, etc. 
 
Queimaduras por Agentes Químicos 
São causadas por contato dos tecidos corporais com ácidos potentes, álcalis 
ou compostos orgânicos. Podem resultar do contato com certos produtos de limpeza 
doméstica e diversos agentes químicos usados na indústria e agricultura. 
As queimaduras químicas podem ter maior ou menor gravidade, dependendo 
do tipo de agente causador (ácido ou base), da concentração deste agente e da 
duração do contato. O primeiro cuidado deve ser uma limpeza da área afetada com 
água corrente, por um período mínimo de 30 minutos. 
 
Queimaduras Elétricas 
São provocadas pelas correntes elétricas, transmitidas por todo o corpo. A 
extensão da queimadura é influenciada pela duração do contato, nível de voltagem e 
trajeto que a corrente elétrica segue quando passa pelo corpo. Podem resultar do 
contato com fio elétrico exposto ou defeito da eletricidade ou poderosas linhas de 
alta voltagem. 
Caracterizam-se por apresentar lesão no ponto de entrada da corrente 
elétrica, no ponto de saída e em todo o trajeto. Um cuidado especial deve ser 
tomado nos casos em que há rabdomiólise. Ao se verificar uma urina muito escura, 
 
 
 
 
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Assistência de enfermagem ao 
paciente queimado 
 
o queimado deve ser hidratado até se obter uma diurese de 100 ml/hora. Se não 
houver melhora da turvação urinária, deve-se aumentar a infusão de líquidos e 
administrar manitol 25 g. Posteriormente, devem ser administradas doses de 
manutenção de 12,5 g de ringer/litro, para manter a diurese esperada. 
Se houver acidose metabólica, esta deve ser corrigida pela administração de 
bicarbonato de sódio. 
 
Queimaduras Inflamáveis 
 
As substâncias inflamáveis também são responsáveis por elevado número de 
queimaduras, sobretudo o álcool em suas diversas utilizações, até em desodorantes. 
Opetróleo e todos os seus derivados, como gasolina, querosene e todos os 
solventes de tintas geralmente produzem queimaduras graves por atingirem grande 
área corporal. O gás de cozinha é responsável por elevado índice de mortalidade. 
 
Nos inflamáveis ainda podemos incluir a pólvora, utilizada na fabricação de 
fogos de artifícios e até em trabalhos religiosos. Atingem com maior frequência mãos 
e face. 
 
Queimaduras Sólidas 
Nas queimaduras por sólidos aquecidos, aparece com maior frequência o 
ferro de passar roupa, chapas de fogão, escapamento de motocicleta e outros. 
Geralmente, este tipo de queimadura, embora de extensão corporal restrita, atinge 
camadas mais profundas. 
 
Queimaduras Gasosas 
Representados por caldeiras e panelas de pressão: geralmente seus 
candidatos são pessoas não habilitadas à cozinha. Atingem, com frequência, face e 
pescoço, podendo lesar também membros superiores e parte do tórax. A 
complicação mais traumatizante está relacionada com a queimadura dos olhos. 
 
 
 
 
 
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Assistência de enfermagem ao 
paciente queimado 
 
Queimaduras por Radiação 
O mais frequente é o banho de sol de forma inadequada, tanto quanto ao 
período do dia quanto ao tempo de exposição, reforçado pelo uso indiscriminado de 
substâncias fotossensíveis em forma de bronzeadores que são sempre 
responsáveis pelas queimaduras de 2. º grau. 
Há ocorrências de preparados caseiros como o viticomim, chá de folha de figo 
que contém a furocumarina (substância química que provoca queimaduras graves), 
coquetéis de chá de beterraba, coca-cola, etc. 
A gravidade destas queimaduras está na grande extensão de área corporal 
atingida, geralmente quase cem por cento, devido ao uso de roupas de banho 
sumárias levando com frequência à hospitalização. 
Mais raras são as queimaduras acidentais produzidas por Raios X e Raios 
Gama (Césio 137 – isótopo radioativo) nos tratamentos radioterápicos aplicados por 
profissionais desatentos. Geralmente atingem áreas corporais restritas, porém já 
comprometidas por outras patologias. 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS QUEIMADURAS 
 
As queimaduras podem ser classificadas de acordo com a quantidade de 
tecido cutâneo atingido. Essa classificação se faz associando a extensão corpórea 
lesada à profundidade da queimadura. 
 
Primeiro Grau 
 
São as mais superficiais e caracterizam-se 
pela perda da epiderme. A lesão se manifesta com 
eritema, e a queimadura é dolorosa. A epitelização 
se faz espontaneamente, sem deixar cicatrizes 
ressuscitantes. A queimadura solar é um exemplo. 
✓ Lesão da epiderme 
✓ Ausência de flictenas 
✓ Hiperemia 
✓ Sem repercussões hemodinâmicas 
✓ Restauração 
 
 
 
 
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paciente queimado 
 
 
Segundo Grau 
 
Há perda de toda a epiderme e parte da derme. 
Há possibilidade de cura espontânea através da 
epitelização originada das células da camada basal 
dos anexos contidos na derme residual. 
Queimaduras de segundo grau superficiais são 
dolorosas e há presença de bolhas. As queimaduras 
de segundo grau profundas assemelham-se, ao 
exame microscópico, às queimaduras de terceiro 
grau. Não são dolorosas e curam-se após várias 
semanas. 
 
✓ Epiderme e derme são atingidas 
✓ Presença de flictenas 
✓ Hiperemia, edema e dor 
✓ Preserva anexos epidérmicos 
✓ Baixa probabilidade de sequelas 
✓ Regeneração 
 
Segundo Grau – (Profundo): 
 
Quando toda a epiderme e a maioria dos 
elementos da derme são destruídos, as 
queimaduras são classificadas como parciais 
profundas. O tecido necrosado é aderido e 
geralmente não há presença de bolhas. A dor 
pode estar presente, mas com menor 
intensidade. 
✓ Maior destruição do colágeno dérmico 
✓ Apêndices cutâneos profundos preservados 
 
 
 
 
 
 
 
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✓ Dolorosa, superfície esbranquiçada 
✓ Sequelas cicatriciais 
✓ Regeneração lenta 
Terceiro Grau 
A espessura total da pele está 
comprometida. Geralmente é indolor, não se cura 
espontaneamente e requer transplante de pele. 
Pode comprometer tecidos mais profundos. 
✓ Necrose de coagulação da pele, TCSC, 
músculo, ossos. 
✓ Esbranquiçada a carbonizada, indolor. 
✓ Profundas alterações locais e sistêmicas 
✓ Enxertia cutânea obrigatória 
 
RESUMO 
Primeiro Grau Restauração 
Segundo Grau Regeneração 
Terceiro Grau Enxerto 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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AVALIAÇÃO DA ÁREA QUEIMADA 
 
• Regra dos 9 
• Tabela de Lund e Browder 
• Palma da mão 
 
Regra dos 9 
É um método prático e rápido de calcular a área corporal comprometida. 
Porém, não é muito precisa, dando margem a erros de cálculo. É atribuído a cada 
segmento corporal o valor 9 ou múltiplo deste. 
 
Para queimaduras maiores e mais espalhadas, usa-se a REGRA DOS 9% 
(vide figura abaixo): 
 
Um adulto de frente: 
9% = rosto 
9% = tórax 
9% = abdômen 
9% = perna direita 
9% = perna esquerda 
9% = os 2 braços 
1% = órgãos genitais. 
55%=Sub-total 
Agora, de costas: 
9% = costas 
9% = abdômen 
9% = perna direita 
9% = perna esquerda 
9% = os 2 braços 
45%=Sub-total 
55%(frente) + 45%(costas) 
= 100% da área do corpo. 
 
Palma Da Mão 
 
 
 
 
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paciente queimado 
 
Uma regra prática para avaliar a extensão das queimaduras pequenas ou 
localizadas é compará-las com a superfície da palma da mão do acidentado, que 
corresponde, aproximadamente a 1% da superfície corporal. 
Método simples que, em condições de urgência, permiti avaliar a extensão 
das áreas lesadas, não sendo muito exato o seu resultado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tabela De Lund e Browder 
 
 
 
 
 
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É um método mais exato de estimar a extensão de uma queimadura, que 
reconhece o percentual da ASCT de diversas regiões anatômicas, principalmente a 
cabeça e as pernas, e as alterações com o crescimento. Ao dividir o corpo em áreas 
muito pequenas e ao fornecer uma estimativa da proporção da ASCT compatível 
com certas regiões do corpo, pode-se obter uma estimativa confiável da ASCT 
queimada. A avaliação inicial é feita na chegada do paciente ao hospital e é revisada 
no segundo e terceiro dia pós-queimadura porque comumente a demarcação não 
está clara até esse período. 
✓ O mais avançado método de cálculo de área queimada 
✓ Levar em consideração as várias faixas de idade com precisão 
 
 
 
 
 
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QUEIMADURAS ANATÔMICAS ESPECÍFICAS 
 
Queimaduras de diferentes áreas anatômicas requerem tratamentos 
específicos. A consulta com um centro de queimados é fortemente recomendada 
para pacientes com queimaduras no rosto, pés, olhos, axilas, períneo, mãos e 
articulações importantes. 
 
A) Queimaduras Faciais 
Queimaduras faciais são consideradas lesões sérias e usualmente requerem 
tratamento em um hospital. A possibilidade de dano no trato respiratório deve 
sempre ser considerada. 
 
 
 
 
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Assistência de enfermagem ao 
paciente queimado 
 
Devido ao rico suprimento de sangue e ao tecido areolar frouxo, as 
queimaduras faciais são associadas coma formação extensiva de edema. Para 
minimizar essa formação de edema, o tronco superior e a cabeça do paciente 
devem ser elevados a um ângulo de 30 graus se o paciente não estiver em choque. 
Nas crianças, a elevação da cabeça pode diminuir o potencial de convulsões 
durante a ressuscitação. 
 
B) Queimaduras dos Olhos 
Um exame cuidadoso dos olhos deve ser completado o mais rápido possível, 
porque a rápida evolução do edema de pálpebra tornará o exame extremamente 
difícil depois disso. A fluoresceína deve ser usada para identificar uma lesão de 
córnea. Queimaduras químicas nos olhos devem ser enxaguadas com grandes 
quantidades de soro fisiológico conforme o indicado. 
É indicada a instilação de um colírio leve durante o período máximo do edema 
da pálpebra. Pomadas ou colírios antibióticos podem ser usados se foi 
diagnosticada uma lesão de córnea, mas devem ser empregadas somente após 
consultar o centro de queimados. 
Soluções oftálmicas contendo esteroides podem ser perigosas e devem ser 
evitadas. 
A tarsorrafia (Operação de sutura das pálpebras) nunca é indicada na fase 
aguda. 
 C) Queimaduras dos Ouvidos 
As queimaduras dos ouvidos requerem com antecedência um exame do canal 
externo e do tímpano, antes que o edema ocorra. É importante determinar se a otite 
externa ou a otite média estão presentes, especialmente nas crianças. 
Evite traumas adicionais ou pressão no ouvido. Não se deve usar curativos de 
pressão e não se deve permitir o uso de travesseiros sob a cabeça. 
 
D) Queimaduras das Mãos 
Queimaduras menores das mãos podem resultar somente em incapacidade 
temporária e inconveniência; contudo, lesões térmicas mais extensas podem causar 
perda permanente da função. 
 
 
 
 
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paciente queimado 
 
O aspecto mais importante da avaliação física é determinar a situação 
vascular e a possível necessidade de uma escarotomia. A presença de um pulso 
radial não exclui a síndrome de compartimento. A monitoração dos pulsos digitais e 
palmares com o medidor de fluxo ultrasônico é o meio mais preciso de avaliar a 
perfusão dos tecidos na mão. 
Eleve a extremidade queimada acima do nível do coração para minimizar a 
formação de edema. A movimentação dos membros envolvidos por cinco minutos a 
cada hora diminuirá o edema. Curativos somente prejudicarão a capacidade de 
monitorar a circulação e devem ser evitados. 
 
E) Queimaduras dos Pés 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Assim como com as queimaduras das extremidades superiores, é importante 
avaliar a circulação dos pés em intervalos regulares. O edema deve ser diminuído 
elevando-se a extremidade, e curativos devem ser evitados da mesma forma como 
com as queimaduras das mãos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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paciente queimado 
 
 
F) Queimaduras da Genitália e Períneo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Queimaduras no pênis requerem a inserção imediata de um cateter Foley 
para manter a abertura da uretra. O cateter deve ser fixado externamente para 
reduzir o trauma mecânico da parede da bexiga ou da uretra. 
Uma escarotomia dorsal também pode ser indicada em queimaduras 
circunferências. 
O edema escrotal, embora geralmente impressionante, não necessita de 
tratamento específico. 
Queimaduras do períneo podem ser difíceis de controlar, contudo, não é 
necessária uma colostomia de desvio. 
 
Queimaduras por Piche 
 
Queimaduras por piche geralmente são queimaduras de contato. O 
componente betume não é absorvido por si mesmo e não tóxico. O tratamento de 
emergência consiste em resfriar o material derretido com água fria. 
A remoção física do piche não é uma emergência. A necessidade urgente é 
esfriar a queimadura. Aplicações frias são indicadas para parar o processo de 
combustão. O piche aderente deve então ser coberto com uma pomada a base de 
vaselina para estimular seu emulsionamento. Após a remoção do piche, avalie a 
profundidade e a seriedade da queimadura. 
 
 
 
 
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Fisiopatologia e manifestações clínicas da queimadura 
A necessidade metabólica do queimado é 6 vezes superior ao normal, 
fazendo com que o índice calórico se torne insuficiente para alcançar a alta 
demanda do organismo. 
 
Fisiopatologia Local 
Noções anatomofisiológicas da pele 
As alterações locais que ocorrem na queimadura influenciam diretamente na 
fisiologia geral. 
Um adulto com peso corpóreo em torno de 70 Kg tem cerca de 4.000cm³ de 
pele. Ele especifica em 1 cm³ de pele os seguintes elementos anatômicos: 
- Células – 6.000.000 
- Vasos sanguíneos – 1m 
- Nervos – 4 m 
- Corpúsculos sensitivos – 5.000 
- Glândulas sudoríparas 100 
- Glândulas sebáceas – 15 
- Folículos sebáceos – 5 
 
A pele e todos os seus anexos protegem o corpo contra invasões de 
microrganismos, produtos químicos e radiações ultravioletas. Tem importante função 
na regulação da temperatura corporal e atua como sensor, informando ao indivíduo 
o estado do meio ambiente. 
A pele é constituída por duas camadas principais: epiderme e derme. 
 
Epiderme: de origem ectodérmica, é constituída de várias camadas celulares, 
a maioria das quais originada das células germinativas que sofrem divisões 
frequentes do estado basal. A sua camada mais externa é constituída pelo estrato 
córneo, não vivo, que descama continuamente. A epiderme é desprovida de nervos 
e é também avascular, recebendo nutrição das papilas do tecido conjuntivo. 
Derme: de origem mesenquimal, é constituída de grossos feixes de tecido 
fibroso entre os quais encontram-se vasos sanguíneos, folículos pilosos, glândulas 
sebáceas e músculos eretores de pelo. A derme não tem capacidade regenerativa, é 
 
 
 
 
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paciente queimado 
 
constituída essencialmente por fibras. O organismo substitui a derme perdida 
através de processo cicatriciais de substituição e não recomposição. 
Funções da pele: 
Protege o organismo contra a invasão de microrganismos através das 
propriedades bactericidas, bacteriostáticas e da própria integridade. 
Impede as perdas hídricas e salinas, evitando a desidratação pela ação 
química e biológica. 
 Mantém a temperatura corporal através de mecanismos termo-reguladores. 
Uma pessoa adulta normal evapora em torno de 700 a 800 ml/dia. Para a 
evaporação de 1g de água a 37ºC o organismo necessita uma quantidade de calor 
correspondente a 0,586 K/Cal. 
As perdas hídricas através das queimaduras chegam de 123 a 143 ml de 
água/hora/m², necessitando para isso o consumo médio de 1.730 a 2.010 K/Cal/dia. 
A pele tem função secretora através das glândulas sudoríparas e sebáceas, 
eliminando água, sais minerais, graxos e outros. Tem função sensorial, através das 
terminações nervosas sensitivas, que proporcionam a percepção da dor, tato, 
variações térmicas etc. É sintetizador da Vitamina D, com ajuda da luz solar, e um 
órgão delimitador do corpo. 
A atuação do calor sobre a pele produz uma série de alterações locais que 
resultam da dor, perda de líquidos, destruição dos tecidos e, consequentemente, a 
infecção, com repercussões gerais. 
 
Dor 
 
A dor é uma das primeiras queixas do queimado. É o resultado da ação do 
calor sobre a pele, excitando os filetes nervosos sensitivos. As queimaduras 
superficiais são mais dolorosas que as de 3.º grau, em virtude de grande número de 
filetes nervosos não terem sido destruídos. O inverso ocorre na queimadura 
profunda, quando a maior parte das células sensitivas são destruídas e as 
remanescentes são protegidas pelos tecidosdesvitalizados, só reaparecendo 
posteriormente, após a perda desta crosta. 
 
 
 
 
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A dor deve ser o primeiro sintoma a ser tratado, pois é um fator 
desencadeante de uma série de alterações neuroendócrinas que podem levar ao 
choque neurogênico. 
 
Perda local de líquidos 
O calor provoca no local queimado uma vasodilatação da rede capilar da 
derme, aumentando a permeabilidade capilar dos vasos, permitindo um 
extravasamento do plasma para o espaço intersticial. 
A formação de vesícula se deve possivelmente à ativação de enzimas 
proteolíticas na pele. 
O líquido coletado na superfície descola a epiderme da derme formando as 
vesículas. O rompimento destas flictenas leva a uma perda real deste conteúdo, 
ocorrendo o contrário no caso de ser mantida a integridade vesicular. Após 48 horas, 
a reabsorção do líquido se faz paulatinamente pela drenagem dos linfáticos e pelos 
capilares venosos, atingindo a sua totalidade, em média, no final de uma semana. 
Este líquido é importante para o organismo por ser semelhante ao plasma 
sanguíneo, rico em eletrólito e proteínas. Sua perda contribui para o desequilíbrio 
hidro-eletrolítico e hemodinâmico, interferindo em todo o organismo, necessitando 
uma intervenção que vise compensar essas perdas. 
 
Destruição dos tecidos 
A destruição dos tecidos no local queimado está diretamente relacionada com 
a intensidade e o tempo de ação do agente calórico. De uma maneira geral, existe 
uma proporcionalidade entre a profundidade das queimaduras e a quantidade de 
calor que atuou no local. 
As lesões apresentam-se com características diversas, segundo a maior ou 
menor intensidade da fonte calórica e o tempo de atuação de cada agente. Estas 
características se apresentam da seguinte forma: 
 
Consequência da ação de pouco calor 
Produz poças alterações, atingindo somente a camada externa da pele. O 
calor produz uma vasodilatação dos capilares superficiais da derme, levando a 
congestão intravascular local que se manifesta por eritema e dor. O epitélio 
permanece, mas não significa que suas células não estejam danificadas. 
 
 
 
 
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As queimaduras de 1.º grau estão caracterizadas nesta descrição; cicatrizam 
espontaneamente em poucos dias. 
 
Consequência do calor de intensidade média 
 
 A ação do calor na pele produz vasodilatação e consequente 
permeabilização capilar aos líquidos. 
A histamina decorrente da destruição celular nas queimaduras ativa outros 
elementos que vão favorecer a permeabilidade vascular para a saída de eletrólitos e 
proteínas que, por sua vez, aumentam a evasão dos líquidos até produzir a 
hipovolemia. Uma das consequências da hipovolemia é o retardo da microcirculação 
local que, sofrendo outras interferências, leva à formação de microtrombos. 
A volta à normalidade só é possível mediante a recuperação da integridade 
capilar. A dor é intensa no princípio, atenuando com a formação das vesículas e 
voltando a se intensificar com a rotura do epitélio. 
As queimaduras do 2.º grau apresentam estas características e geralmente 
epitelizam espontaneamente em torno de 2 semanas. A infecção pode transformar 
uma queimadura de 2.º grau em 3.º grau, exigindo enxertia de pele para sua 
cicatrização. 
 
Consequência da ação do calor intenso em curto período 
O calor intenso e rápido atinge profundamente o local em que atua, 
produzindo destruição fulminante do tecido, levando à mumificação celular. Não há 
tempo para a formação de vesículas, pelo fato de o sangue coagular nos vasos. A 
região, mesmo à distância da área queimada, depende da irrigação destes vasos, 
produzindo a escara seca. 
A dor é intensa até a destruição parcial ou total das células nervosas, 
desaparecendo com a formação da escara e reaparecendo após a eliminação desta, 
que deixam descobertos alguns neurônios remanescentes. Geralmente, esta escara 
não tem tendência para infecção, devido ao dessecamento celular que dificulta a 
vida dos microrganismos. 
 
 
 
 
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Estas características são compatíveis com as queimaduras de 3.º grau, que 
não regeneram espontaneamente, necessitando de enxertia de pele e longa 
internação. 
 
Consequência da ação de média quantidade de calor durante um longo 
período de tempo. 
Nesta intensidade calórica, a destruição dos tecidos processa-se em 2 fases. 
Primeiro, há todo o processo de formação de vesículas, semelhante à descrição da 
queimadura de 2.º grau. Na segunda fase, ocorre a coagulação do sangue nos 
vasos, surgindo todas as alterações já mencionadas com a ação do calor intenso 
num curto período. 
O edema transforma a necrose em escara úmida favorável à infecção. A dor 
está presente com intensidade, no início do processo, atenuando com a destruição 
dos tecidos nervosos. Estas características identificam uma queimadura de 3.º grau. 
O calor produz outras consequências sobre o revestimento cutâneo, como 
desequilíbrio iônico com a saída de potássio e entrada de sódio nas células, que por 
si só desencadeia uma série de alterações gerais. 
A anóxia tissular, como resultado da deficiência circulatória, é uma 
consequência. 
A destruição das hemácias, levando a hemoglobinemia e hemoglobinúria, 
presentes nas queimaduras elétricas significativas, altera a taxa de hematócrito e 
consequentemente o estado geral do paciente. 
Todas estas alterações, mesmo tratadas adequadamente, podem propiciar a 
infecção local com intensidade variável. 
 
Fisiopatologia geral das queimaduras 
 
Sistema Respiratório 
O envenenamento por fumaça resulta da inalação dos produtos de 
combustão. A resposta pulmonar inclui uma reação inflamatória localizada, uma 
redução na ação ciliar dos Brônquios e uma redução no surfactante alveolar. 
 
 
 
 
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O edema de mucosa, ocorre nas vias aéreas de menor calibre, levando a uma 
sibilância audível à ausculta. Após várias horas, pode ocorrer o encharcamento do 
epitélio brônquico e pode desenvolver a traqueobronquite hemorrágica. 
O cliente pode apresentar discreta hipertensão arterial, resultando em uma 
redução nos níveis de tensão de oxigênio arterial. 
 
Insuficiência Respiratória 
 
A insuficiência respiratória pode ser definida como a incapacidade dos 
pulmões de arterializar o sangue circulante nos alvéolos. A taxa de arterialização do 
sangue é considerada normal quando o PO² arterial encontra-se entre 75 e 100 
mmHg. A insuficiência respiratória pode ocorrer também quando há aumento da 
resistência das vias aéreas por obstrução, causando dispneia, mesmo quando o PO² 
e o PCO² são normais. 
 A fisiopatologia da insuficiência respiratória pode ser dividida em duas fases, 
a aguda e a tardia. 
 
Insuficiência respiratória aguda 
 
Todo paciente crítico ou politraumatizado tem tendência a desenvolver 
insuficiência respiratória aguda e desequilíbrio ácido-básico. 
A insuficiência respiratória aguda, desencadeada insidiosamente com poucos 
sinais, é capaz de provocar distúrbios nos órgãos vitais, exigindo percepção 
aguçada da equipe que permanece ao lado do paciente. Clinicamente, pode-se 
suspeitar de hipoxemia na presença de agitação, taquicardia, taquipneia, sudorese 
ou cianose. 
O sistema respiratório alveolar é composto de alvéolos capilares e 
revestimento alveolar, onde estão presentes as células pneumócitos tipo I, ocupando 
97% da superfície alveolar, que são responsáveis pelo transporte de gás. As células 
pneumócitostipo II revestem 3% da superfície restante. Carregam a substância 
surfactante que tem a função de impedir o colabamento alveolar por ocasião da 
expiração. 
 
 
 
 
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Há dois tipos principais de alterações respiratórias agudas no queimado: 
lesões por gases tóxicos e superaquecidos e insuficiência respiratória pós-
traumática. 
A inalação de substâncias aquecidas como ar quente, principalmente o vapor 
d’água, é capaz de produzir sérios danos à integridade do revestimento da árvore 
respiratória, podendo chegar até os alvéolos no caso do vapor d’água. Em geral, as 
queimaduras térmicas do aparelho respiratório limitam-se às vias aéreas superiores, 
podendo provocar o aparecimento de edema capaz de obstruir parcial ou totalmente 
as vias aéreas. 
A inalação de gases nocivos como a fumaça resultante da combustão de 
produtos tóxicos pode produzir alterações relacionadas coma fisiologia respiratória, 
dentre elas: 
 Interrupção dos movimentos ciliares, prejudicando a remoção de resíduos 
nocivos do aparelho respiratório; 
 Diminuição dos surfactantes, predispondo ao colapso alveolar; 
 Lesão capilar-alveolar levando ao edema já discutido na fisiologia local das 
queimaduras; 
Obstrução das vias aéreas pelas rolhas de fuligem e outras. 
A inalação de fumaça geralmente contém altos índices de monóxido de 
carbono, um gás tóxico capaz de produzir hipóxia anêmica pelo fato de a 
hemoglobina apresentar uma afinidade de combinação de 200 a 300 vezes maior 
pelo monóxido de carbono do que pelo O², não ficando mais disponível para carrear 
O² até a sua reposição natural que ocorre em torno de 120 dias. 
 Por conseguinte, a inalação de fumaça em ambiente fechado é uma 
ocorrência altamente letal por ser resultante da combustão de produto irritante, 
levando a hipóxia e asfixia. 
A insuficiência respiratória pós-traumática ou consolidação pulmonar 
progressiva, também chamada pulmão de choque, é uma forma de edema pulmonar 
que ocorre quando a integridade da membrana alvéolo-capilar pulmonar é rompida 
por combinação de diversas causas, geralmente não infecciosas. É uma alteração 
comum não só nos queimados, mas também em portadores de traumas em geral. 
O edema que ocorre na célula do endotélio leva à diminuição da 
complacência alveolar, interferindo diretamente no volume do ar movimentado nos 
alvéolos. O quadro poderá evoluir para o colapso alveolar, que é a fase culminante 
 
 
 
 
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do processo. O colapso pulmonar poderá ocorrer pela diminuição dos surfactantes, 
pela complacência pulmonar ou por outras causas. 
Diversos fatores contribuem para a diminuição dos surfactantes, destacando-
se: 
✓ O choque, que pode desencadear a hipofunção pulmonar e 
consequentemente a perda dos surfactantes; 
✓ A toxidade por O², caracterizada pela dosagem excessiva de O² por 
longo período de tempo, principalmente através de respirador artificial, 
✓ A toxemia por septicemia, produzindo lesão capilar alveolar. 
 
A alteração respiratória aguda específica do queimado é a obstrução das vias 
aéreas superiores decorrente do edema produzido por queimadura de face e 
pescoço. 
A limitação da expansão pulmonar, própria dos portadores de queimaduras 
extensas do tórax, é acentuada nas queimaduras circulares de 3.º grau, podendo ser 
indicada a escarotomia (incisão que vai relaxar as placas necróticas que circulam o 
tórax). 
A diminuição da complacência pulmonar também pode ocorrer por aplicação 
excessiva de líquidos por via endovenosa, decorrente da conduta terapêutica 
adotada, levando a hipervolemia, que pode evoluir para edema agudo do pulmão, 
principalmente após 48 horas de queimadura, quando o edema começa a ser 
absorvido. 
O conhecimento da fisiopatologia da insuficiência respiratória aguda permite 
detectar a gravidade da hipóxia e considerá-la como prioridade na conduta 
terapêutica do queimado. 
 
Insuficiência respiratória tardia 
O sistema respiratório do queimado é sede de inúmeras agressões que 
acompanham todo o processo da queimadura, desde a fase inicial até a 
recuperação total. 
Na fase tardia ocorrem várias complicações comuns no queimado, entre elas, 
pneumonia e broncopneumonia, embolia pulmonar e outros. 
 
 
 
 
 
 
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Pneumonia e Broncopneumonia 
 
É um processo inflamatório do pulmão, geralmente causado por agentes 
infecciosos. Outros fatores contribuem, como agentes predisponentes desde a fase 
precoce, dentre eles a aspiração de conteúdo gástrico nas alterações de 
consciência, inalação de fumaça tóxica, imobilização no leito, dificuldade da 
expansibilidade pulmonar quando há queimadura circular do tórax, agravando-se 
nas de 3.º grau, diminuição da capacidade pulmonar de erradicar bactérias, como já 
descrito anteriormente. A própria queimadura infectada é uma fonte de infecção 
pulmonar. A desnutrição provocada pelo alto gasto energético no queimado produz 
fraqueza que interfere na expansão do tórax. Outro fator que favorece a infecção é a 
própria contaminação levada pelo instrumental usado na intubação, traqueostomia e 
aspirações de secreções. A pneumonia poderá evoluir para broncopneumonia, que é 
um processo inflamatório pneumônico dos brônquios e de todo o parênquima 
pulmonar adjacente. 
 
Embolia pulmonar 
Pode se originar na fase aguda, caracterizada pela destruição dos tecidos. 
A ação do calor sobre a pele ricamente vascularizada pode alterar o 
revestimento endotelial, podendo chegar até a coagulação intravascular. A 
destruição das hemácias, que põe em liberdade às hemoglobinas causando a 
hemoglobinemia, pode favorecer a formação de microtrombos. A tromboplastina 
liberada na destruição tissular em quantidades elevadas na corrente circulatória leva 
à trombose. 
Outras causas que desencadeiam o trombo-embolismo na fase tardia são a 
imobilização prolongada, a idade avançada, varizes de membros inferiores e 
alterações cardiovasculares. 
Toda condição que reduz a velocidade do fluxo sanguíneo pode produzir um 
trombo e consequentemente embolia. 
 
 
 
 
 
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Choque 
O estado de choque é uma condição clínica frequente e uma das primeiras a 
ocorrer no queimado. O conhecimento da fisiopatologia do estado de choque é 
indispensável a toda equipe, para que as medidas sejam tomadas em tempo hábil. 
É difícil definir o estado de choque, devido às variáveis que interferem nas 
manifestações clínicas do organismo. Foi constatado que o resultado final é sempre 
uma perfusão tecidual inadequada com hipóxia celular em grandes áreas do 
organismo, podendo evoluir para a irreversibilidade na ausência de tratamento 
adequado em tempo hábil, com o que concordam vários autores. O choque pode ser 
classificado em hipovolêmico, cardiogênico, neurogênico e séptico. É difícil o 
aparecimento do choque isoladamente sem que ocorram outras alterações no 
organismo. 
 
Choque hipovolêmico – ocorre pelo déficit de volume líquido circulante, 
provocado pela perda de plasma e do sangue intravascular. 
 
Choque cardiogênico – resulta da insuficiência cardíaca, ou seja, 
funcionamento deficiente da bomba cardíaca, causando diminuição do débito 
cardíaco. Vários fatores funcionam como desencadeantes, entre eles, a embolia 
pulmonar e a hipovolemia tardia. Caracteriza-se pelo aumento da pressão no leito 
venoso e da resistência periférica. 
Choque neurogênico – tem como fatores desencadeantes à dor e o estresse 
causado pela queimadura.É caracterizado pelo aumento de volume do 
compartimento vascular, sem alterar o volume sanguíneo real, levando a baixa 
perfusão tecidual. 
 Choque séptico – é decorrente de septicemia, causado por gram-positivos, 
gram-negativos e fungos (cândida albicans). Comum em queimados é reconhecido 
pela hipovolemia e depressão da função cardíaca. 
 
Fisiopatologia do Choque 
O organismo, sofrendo uma injúria como a queimadura, desperta a reação de 
compensação e libera pela medula adrenal catecolaminas que vão atuar nas 
arteríolas venosas e arteriais dos principais órgãos, produzindo vasoconstrição, 
favorecendo o fluxo sanguíneo cardíaco e cerebral. 
 
 
 
 
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Todos os choques em suas diversas fases afetam diretamente a 
microcirculação. Primeiramente, produzindo uma hipovolemia, através da contração 
dos esfíncteres précapilares das arteríolas, levando à hipotensão capilar que, 
consequentemente, resulta em movimentos de líquidos para o espaço vascular, 
aumentando o volume sanguíneo. Após a compensação do volume sanguíneo, os 
esfíncteres pré-capilares que tinham se fechado voltam à função normal. 
Na ausência de tratamento o organismo sofre outra crise. É o choque que 
persiste, instalando-se a 2.ª fase e agravando o quadro. Nesta fase os shunts 
arteriovenosos se dilatam desviando o fluxo arterial de volta para o sistema venoso. 
As células que recebiam sua nutrição através da microcirculação entram em 
sofrimento, o metabolismo se processa com déficit acentuado de oxigênio, glicose, e 
outros elementos trazidos pelo sangue arterial. Os produtos residuais decorrentes do 
metabolismo aumentam. A histamina é liberada e o esfíncter pós-capilar se fecha 
tornando o fluxo lento com poucos capilares em atividade. Inicia-se a 3.ª fase ou 
fase de descompensação, com interferência da acidose metabólica no esfíncter pré-
capilar, que se abre, enquanto os pós-capilares permanecem fechados. A atuação 
da histamina ativa a hialuronidase que, por sua vez, atua sobre o ácido hialurônico, 
favorecendo a permeabilidade capilar, permitindo a evasão do líquido plasmático e 
das moléculas dos eletrólitos, seguidos de proteínas de menor volume molecular 
(como a albumina) para o espaço intersticial. Este fato produz um aumento da 
pressão hidrostática e oncótica, de modo a atrair líquidos das áreas próximas. 
O extravasamento do líquido plasmático com os elementos do sangue do 
espaço vascular para o intersticial produz um retardo na microcirculação local. 
Agrava-se o quadro, aumentando a acidose que, em presença da tromboplastina, 
ativa o sistema de coagulação intravascular, favorecendo a aglutinação das 
hemácias, leucócitos e plaquetas, resultando em microtombos. Enquanto tudo isto 
ocorre, a circulação arteriovenosa continua a suprir os elementos necessários às 
áreas vitais do cérebro e do coração. 
Na 4.ª fase, ou de recuperação, se for administrado o tratamento correto, o 
volume sanguíneo efetivo é restabelecido, os esfíncteres pré e pós-capilares são 
relaxados permitindo a remoção dos elementos figurados do sangue para a 
circulação sistêmica. As células muito danificadas são recuperadas total ou 
parcialmente. Na ausência de conduta adequada, o processo evolui para o óbito. 
 
 
 
 
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Os sintomas mais comuns do choque são: palidez, frio, pele úmida, 
taquipneia, isquemia dos lábios, gengivas, língua e pálpebras, pulso filiforme, 
hipotensão, taquiesfigmia. 
 
Sistema Cardio vascular 
Imediatamente após uma lesão de queimadura, substâncias vaso ativas 
como: catecolamina, histamina e serotonina, são liberadas dos tecidos lesados. 
Essas substâncias causam aumento na permeabilidade capilar, permitindo 
que o plasma extravase para dentro do tecido ao redor. O calor direto lesa os vasos 
e aumenta a permeabilidade capilar; a lesão direta da membrana celular permite a 
entrada de sódio e saída de potássio da célula, levando a um aumento do líquido 
intracelular e intersticial e depleção do volume de líquido intravascular. 
Queimados extensos apresentam edema corporal generalizado, tanto no 
tecido queimado como no não queimado e aumento da circulação do volume de 
sangue intravascular. A frequência cardíaca aumenta, pela liberação de 
catecolaminas. 
A perda de líquido por evaporação através do ferimento queimado é 4-20 
vezes maior que o normal e permanece elevada até que seja obtido o fechamento 
completo do ferimento. Se o espaço intravascular não for reposto com líquidos 
intravenosos, o cliente pode ter um choque hipovolêmico. 
 
Sistema Gastrintestinal e Renal 
O organismo reage inicialmente, desviando sangue dos rins, reduzindo a taxa 
de filtração glomerular, causando oligúria. O fluxo de sangue para o mesentério 
também é diminuído, levando ao desenvolvimento do íleo paralítico e disfunção 
gastrintestinal em clientes com queimaduras superiores a 255 de área total 
superficial do corpo. 
 
Sistema imune 
Ocorre alteração no funcionamento dos neutrófilos e macrófagos, depressão 
da atividade linfocitária, resultando em aumento do risco para infecção e 
septicemia. 
 
 
 
 
 
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Fisiopatologia do metabolismo do queimado 
 O queimado sofre uma série de alterações gerais, cuja intensidade varia de 
acordo com o paciente e a gravidade do caso. 
Entre as diversas áreas atingidas, a metabólica tem influência decisiva sobre 
as respostas do organismo ao tratamento. 
O metabolismo pode ser definido como um conjunto de fenômenos sofridos 
pelos alimentos capazes de transformá-los em elementos complexos integrantes dos 
tecidos (anabolismo) e, destes, em substâncias simples (catabolismo), produtora de 
energia para todo o organismo. O gasto metabólico aumenta progressivamente com 
a queimadura. O consumo de O² se torna elevado, normalizando-se gradativamente 
por ocasião da cicatrização da lesão. 
O estresse da queimadura é um fator desencadeante de uma série de 
alterações endócrinas nas glândulas supra-renais, dentre elas a liberação 
aumentada das catecolaminas que atuam diretamente na glicogenólise hepática, 
liberando glicose e ácidos graxos e sobre o pâncreas, dificultando a liberação de 
insulina. 
A glicose é o suporte energético que sustenta o hipermetabolismo do 
queimado. 
Portanto, o organismo busca todos os meios para aumentar a taxa de glicose. 
Diversos outros hormônios atuam como mediadores dessa resposta 
metabólica, como os glicocorticoides, o hormônio do crescimento e o glucagon. O 
resultado final no grande queimado é sempre um balanço nitrogenado negativo. 
Parte do nitrogênio eliminado pela urina é decorrente da degradação proteica na 
área queimada, sendo que a maior quantidade da degradação de aminoácidos é 
proveniente da massa muscular. Diante da demanda crescente de energéticos, o 
organismo utiliza os aminoácidos para manter a taxa metabólica. 
O fornecimento de calorias abaixo dos gastos, em cada caso, resulta no 
rápido consumo das reservas do organismo, levando à destruição, com todas as 
consequências graves para o queimado, como: Diminuição da massa muscular pelo 
consumo de seus aminoácidos, o que torna os músculos respiratórios débeis, 
propiciando a insuficiência respiratória e consequentes patologias secundárias; 
Dificuldade de cicatrização das lesões, mantendo a exposição do organismo a 
infecções; Deficiência imunológica, levando a infecções graves. Outros fatores que 
interferem no equilíbrio metabólico do queimado são anorexia, íleo paralítico, úlcera 
 
 
 
 
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de Curling e até os distúrbios metabólicos decorrentes de medidas terapêuticas, 
como administração de antibióticos e terapêuticas tópicas. Tanto quanto possível, 
deve-se manter um balanço nitrogenado positivo durante a evolução pós-
queimadura. A manutenção positiva deste balanço resulta em acentuada redução 
nas complicações infecciosas, caindo à taxa de mortalidade e propiciando a 
recuperação precoce. 
Um grande queimado deve receber o dobro das demandas calóricas e 
proteicas normais para poder manter um balanço nitrogenado positivo, isto é, em 
torno de 4.000 Kcal por 24 horas. 
 
FASE DE EMERGÊNCIA / REANIMAÇÃO DO CUIDADO DA QUEIMADURA 
 
Cuidado do Local 
Qualquer pessoa que encontre uma vítima de queimadura pela primeira vez 
pode se sentir indefesa. A aparência da pessoa queimada pode ser, aterrorizante. 
Pode ser difícil não dar atenção à aparência da pessoa em lugar de se concentrar 
nas feridas por queimadura consiste em evitar a lesão para o agente de resgate. 
 
 
 
PROCEDIMENTO DE EMERGÊNCIA NA CENA DO FOGO 
Extinguir as chamas 
Quando as vestes pegam fogo, as chamas são extintas como as vítimas 
deitando no chão e rolando (“cair e rolar”); pode ser usada qualquer coisa disponível 
que abafe as chamas como um cobertor, tapete ou capa. Ficar em pé força a vítima 
a respirar as chamas e a fumaça e correr aumenta as chamas. Se a fonte da 
queimadura for elétrica, a fonte de eletricidade deve ser desconectada. 
Resfriar a queimadura 
Depois que as chamas são extintas, a área queimada e as roupas aderidas 
são embebidas em água fria, por breve período de tempo, a fim de resfriar a ferida e 
estancar o processo da queima. Quando uma queimadura for sustentada, a 
aplicação da água fria é a melhor medida de primeiros socorros. 
Embeber intermitentemente a área queimada em água fria ou aplicar toalhas 
frias propicia o alívio evidente e imediato da dor e limita o edema e a lesão tecidual 
 
 
 
 
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paciente queimado 
 
locais. Entretanto, nunca aplique gelo diretamente nas queimaduras, nunca envolva 
as vítimas de em queimaduras em gelo e nunca use curativos ou compressas frias 
por mais de alguns minutos; esses procedimentos podem agravar a lesão tecidual e 
levar a hipotermia nos pacientes com grandes queimaduras. 
Remover objetos restritivos 
 Quando possível, remova imediatamente as roupas. As roupas que aderiram 
podem permanecer na posição, quando resfriadas. As outras roupas e todas as joias 
devem ser removidas para possibilitar a avaliação e para evitar a constrição 
secundária ao edema em desenvolvimento rápido. 
Cobrir a ferida 
A queimadura deve ser coberta o mais rápido possível para minimizar a 
contaminação bacteriana e diminuir a dor ao evitar que o ar entre em contato a 
superfície lesada. Os curativos esterilizados são melhores, mas qualquer tecido 
limpo e seco pode ser utilizado como um curativo de emergência. Não devem ser 
usados pomadas e cremes. Além do curativo, nenhum medicamento ou material 
deve ser aplicado à ferida por queimaduras. 
 
 
Irrigar as queimaduras causadas por substâncias químicas 
As queimaduras por substâncias químicas decorrem do contato com material 
corrosivo são imediatamente irrigadas. Muitos laboratórios de substâncias químicas 
possuem um chuveiro de alta pressão para essas emergências. Quando essa lesão 
acontece em casa, afaste o agente químico, remova as roupas de imediato e lave 
todas as áreas do corpo que tenham entrado em contato a substância química. O 
enxágue pode ocorrer no chuveiro ou em qualquer outra fonte de água corrente 
contínua. Quando uma substância química penetra nos olhos ou fica próxima a eles, 
os olhos devem ser imediatamente lavados com água limpa e fria. Os resultados 
para paciente com queimaduras por substâncias químicas melhoram com a lavagem 
rápida da lesão no local. 
 
Assistência de enfermagem de urgência 
Este tipo de assistência geralmente é prestado em prontos-socorros ou 
hospitais. 
 
 
 
 
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Assistência de enfermagem ao 
paciente queimado 
 
Deve atuar no atendimento de urgência equipe especializada ou devidamente 
treinada. 
O paciente queimado apresenta características próprias, como estresse, 
medo, ansiedade, irritabilidade, depressão, etc., que vão intensificar o sintoma da 
dor, influenciando diretamente em todos os demais sintomas presentes no quadro 
clínico do queimado. 
A qualidade da assistência de enfermagem é decisiva na recuperação 
precoce do paciente e na prevenção de sequelas físico-psicossocias. 
O paciente deve ser recebido em sala própria para atendimento de 
queimados até 24 horas após o acidente (considerado não infectado); colocado em 
mesa revestida de campo estéril, removidos toda vestimenta, joias e demais objetos 
de adorno, para melhor observação da área queimada. A equipe deve estar 
devidamente paramentada, isto é, usando avental, gorro, máscara e luvas estéreis. 
A assistência, para fins didáticos está dividida em local e sistêmica. 
 
Tratamento geral ou sistêmico imediato 
Visa prevenir os sintomas de anóxia, dor, choque e infecção que devem ser 
tratados o mais precocemente possível. 
 
Tratamento da anóxia 
A anóxia pode ser resultante da insuficiência respiratória ou da anóxia 
tecidual. Deve ser corrigida imediatamente, através de administração de O2 úmido 
por cateter nasal, principalmente nos casos evidentes de acidentes ocorridos em 
ambientes fechados com inalação de fumaça. O paciente pode apresentar, além de 
rouquidão, queimadura total ou parcial dos pelos das narinas e edema. Quando 
associada às queimaduras da face e pescoço que apresentam edema acentuado, o 
paciente corre o risco de edema de orofaringe, o que deve ser evitado, mediante 
observação constante e, se necessário, entubação ou traqueostomia. 
O material necessário para estes procedimentos deves estar em condições de 
uso na sala de urgência. Os pacientes com este quadro deverão ser observados 
constantemente durante 48 horas após o acidente. 
 
 
 
 
 
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Tratamento do Choque 
 O tratamento do choque se caracteriza pelo restabelecimento e manutenção 
do volume líquido circulante. 
O desencadeamento do choque se dá só pela perda de líquidos, mas por 
vários outros fatores já descritos anteriormente, como a dor, o estresse etc. 
O choque é um dos sintomas principais da fase aguda das queimaduras e se 
não prevenido ou tratado precocemente causa vários problemas, chegando a ser 
irreversível e levando o paciente à morte prematura. 
O tratamento consiste na reposição dos líquidos perdidos, a qual deverá ser 
iniciada imediatamente após a coleta de amostra de sangue para exames e da 
sedação do paciente na sala de urgência. A via escolhida deve ser a periférica, até a 
avaliação geral da necessidade quantitativa de hidratação. 
Para o cálculo dos líquidos que serão infundidos deverão ser consideradas a 
extensão e profundidade da área queimada, o peso do paciente e fatores de risco, 
como idade, patologias preexistentes que influenciarão no estado geral do paciente, 
entre elas, as cardiopulmonares, as nefropáticas, vasculares e outras. 
Em geral, adultos com queimaduras acima de 20% de Superfície Corporal 
Queimada e crianças com queimaduras acima de 10% de (SCQ) deverão ser 
hidratadas por via endovenosa, além da oral. 
Em todos os casos de grandes queimados e em alguns de médio queimados, 
a hidratação deverá ser fita através de uma veia calibrosa (flebotomia ou intracath). 
Controle de reposição de líquidos 
 
O cálculo da quantidade e volume dos líquidosa ser reposta não deve ser 
inflexível e sim adaptado às necessidades específicas de cada paciente, evitando a 
super ou subhidratação. O indicador mais preciso da quantidade adequada é o 
volume urinário. Porém, há outros fatores que devem ser observados, como: 
- Condições gerais do acidentado; 
- Exame do sistema cardiovascular ou respiratório; 
- Idade (geriátricos e crianças toleram menos infusões rápidas, devido às 
características do sistema cárdio-respiratório); 
- Outras patologias preexistentes. 
 
 
 
 
 
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Controle laboratorial 
O hematócrito permite acompanhar a regressão ou progressão da 
hemoconcentração na fase aguda. Outros fatores podem surgir, interferindo nas 
características e no volume sanguíneo, como hemólise das hemácias, úlcera de 
Curling e outros, alterando o resultado do hematócrito a ponto de não servir mais 
como parâmetro para a hidratação adequada. 
Controle dos dados vitais: pulso e P.A, frequência respiratória e P.V.C. 
 
Controle da diurese 
Deverá ser cateterizada a bexiga com sonda vesical de demora. 
O volume urinário horário no adulto deve manter-se entre 30 a 60 ml/h, 
principalmente nas primeiras 48 horas e, na criança, 1 ml/kg de peso. A redução da 
diurese indica hidratação insuficiente e consequentemente problema renal. O 
volume aumentado indica administração hídrica excessiva ou lesão renal. Estas 
alterações deverão ser corrigidas mediante mudança na conduta terapêutica. 
 
Prevenção de infecção 
A infecção é muito temida no queimado, pois os resultados são funestos, 
retardando a recuperação ou levando a morte. 
A prevenção deve ser iniciada o mais precocemente possível, no hospital, já 
no atendimento de urgência, usando sala asséptica, pessoal treinado e 
adequadamente paramentado. 
Em alguns casos, onde as condições higiênicas da queimadura são precárias, 
utiliza-se antibiótico profilático. 
Rotineiramente, é feita a prevenção do tétano em queimados. Esta infecção é 
grave e quase sempre fatal. 
Os pacientes não imunizados ou que receberam vacina completa há mais de 
10 anos, ou aqueles que não receberam as 3 doses da vacina, devem receber 
imunização ativa e passiva. 
 Alguns serviços preferem fazer a imunização completa nos pacientes com 
mais de 5 anos de vacinação, com 3 doses, fundamentados no princípio do risco da 
conservação inadequada da vacina. 
 
 
 
 
 
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Imunização ativa 
Compreende a administração de um antígeno para estimular a formação de 
anticorpos contra o tétano. Em geral, são necessárias 2 a 3 semanas para se 
formarem os anticorpos. 
 
Imunização passiva 
Compreende a administração de anticorpos formados previamente, tem vida 
curta de atuação, em torno de 3 semanas. 
Geralmente, as crianças estão vacinadas, de acordo com esquema de 
imunização, com a vacina tríplice e os pais ou responsáveis precisam ser ajudados a 
relembrar o mesmo acontece com as jovens que foram vacinadas no pré-natal. Na 
indecisão quanto a estar ou não imunizado, o paciente deverá receber a imunização 
ativa e passiva como se não tivesse recebido a vacina anteriormente. 
 
Tratamento imediato, no local da área queimada. 
O tratamento local tem por objetivo aliviar e tratar os sinais e sintomas que 
surgem na queimadura, como a dor, perda de líquidos, destruição dos tecidos e 
infecção. 
O curativo local tem por objetivo isolar e proteger a lesão do meio ambiente 
por tempo suficientemente capaz de recuperá-la. O manejo consciente da área 
queimada é de extrema importância, visando à profilaxia de infecções e a 
epitelização rápida da área. 
 
Método de tratamento local das queimaduras 
Os métodos empregados no tratamento local das queimaduras são dois, o de 
exposição e o de oclusão, já preconizados e usados por seus pesquisadores no 
início deste século. Geralmente, na assistência ao médico e grande queimado são 
usados simultaneamente, o que intitularemos de misto. 
 
Método de oclusão 
O curativo fechado, ou método de oclusão, compreensão e pouso (OCR), é 
indicado nas queimaduras dos pés, mãos, membros, queimaduras de 3.º grau, 
circular de tórax e em tratamento ambulatorial. 
 
 
 
 
 
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Material para confecção do curativo 
- Pacote de curativo (pinça anatômica, pinça dente de rato, tesoura); 
- Cuba rim; 
- Gazes cirúrgicas; 
- Gazes de morim ou rayon; 
- Gazes de rolo ou para queimados, medindo 10x150 cm; 
- Algodão hidrófilo, na ausência deste usar algodão ortopédico; 
- Atadura de crepe; 
- Fita adesiva ou esparadrapo. 
 
Soluções e material acessório 
- Soro fisiológico; 
- Sabão líquido neutro; 
- Benzina; 
- Éter; 
- Hamp revestido de saco plástico para lixo. 
 
Procedimento 
Limpar a área com soro fisiológico, com auxílio das pinças, tesouras e gazes; 
retirar os tecidos desvitalizados, detritos e corpos estranhos, como resíduos de 
vestes; tratamento aplicado nos primeiros socorros. 
Existem serviços (Clínica de Queimados e Cirurgia Reparadora – C.Q.C.R – 
H.M.C.C) onde é feita a ressecção de vesículas existentes, mesmo as que não estão 
rotas. 
Conduta a que não se alinham. 
Há duas correntes que deferem condutas diferentes a respeito do tratamento 
das queimaduras com vesículas. 
Aqueles que defendem o não debridamento das vesículas justificam que o 
líquido contido nestas é semelhante ao plasma do sangue e a drenagem favorece a 
espoliação do paciente. Parte deste líquido é reabsorvida posteriormente para o 
espaço intravascular, razão pela qual as vesículas deverão permanecer até a troca 
do curativo, quando serão ressecadas. O debridamento expõe precocemente a área 
queimada à ação de microorganismos. 
 
 
 
 
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Os que usam o método de debridamento das vesículas afirmam que o líquido 
acumulado no interstício dérmico descola a epiderme do derma formando as 
vesículas. Quanto maior a coleção de líquidos dentro das vesículas maiores a área 
de descolamento tornando mais vulnerável o rompimento espontâneo com perda 
real de líquidos. 
A percentagem de líquidos reabsorvida das vesículas até a troca do curativo 
não é tão significativa. Também no cálculo da reposição hídrica não é considerada 
esta reabsorção. 
Portanto, a drenagem não altera a volemia do paciente. 
O rompimento espontâneo das vesículas mais vulneráveis sob o curativo 
funciona como meio de cultura para os germes, que invadem as vesículas não rotas, 
transformando-as em bolsa de secreção purulenta. 
 
Confecção do curativo 
1.ª camada – cobrir a área queimada e uns 10 cm de pele íntegra adjacente 
com gazes de rayon ou morim, embebidas em soro fisiológico ou vaselina. O morim 
ou rayon deve ser cortado em cada volta circular ao redor do membro ou tórax, 
prevenindo o garroteamento pela formação de edema, facilitando a retirada na troca 
do curativo; 
2.ª camada – cobrir as gazes de malha fina com gaze para queimado ou gaze 
de rolo. Esta deve ser colocada em ziguezague ou vaivém, atendendo a mesma 
finalidade de prevenção de garroteamento; 
3.ª camada – cobrir a gaze de rolo com um algodão hidrófilo em forma circular 
e uniformemente por toda região; 
4.ª camada – enfaixar compressivamente com ataduras de gazes elásticas 
(tipo crepom). Fixar o curativo com fita adesiva ou tiras de esparadrapo, de tal forma 
que garanta a integridade do curativo por 3 a 4 dias, apesar da movimentação do 
paciente. 
Cuidados especiais devem ser tomados ao se fazero curativo nas mãos e 
pés. Os dedos da mão deverão ser envolvidos separadamente com rayon ou morim 
e, na 2.ª camada, com gaze cirúrgica. Posteriormente, deverão ser enfaixados em 
posição funcional, isto é, com os dedos levemente fletidos, como se estivessem 
segurando uma bola de vôlei. Os dedos dos pés também deverão ser envolvidos 
separadamente, até a 2.ª camada, e colocados posteriormente em posição de 90 
 
 
 
 
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graus em relação à perna. Esta medida visa prevenir a queda plantar, tão comum 
em pacientes de longa internação com movimentos limitados. 
As queimaduras de 3.º grau com circular de membros e tórax geralmente 
necessitam da escarotomia, que consiste em incisões longitudinais, feitas com 
bisturi, para aliviar a compressão que o tecido lesado pode exercer neste local, 
trazendo dificuldade circulatória nos membros e respiratória do tórax. Estes locais, 
após a oclusão com curativos, devem ser observados visando sustar hemorragias, 
que são frequentes. 
A observação da aparência externa do curativo é importante. Quando o 
revestimento externo (atadura de crepe) do curativo está úmido ou sujo, é sinal que 
deixou de ser oclusivo. 
Está sujeito a infecção e deve ser trocado mesmo que a data prevista esteja 
distante. 
 
Finalidade das gazes utilizadas no curativo 
✓ Gaze de malha fina (rayon ou morim) visa a não aderência na área 
queimada, facilitando a troca de curativos e favorecendo a drenagem 
de secreções. O rayon é mais indicado porque os fios não absorvem 
secreções; portanto, não aumentam o diâmetro, favorecendo a 
drenagem de secreções de forma mais abundante. 
✓ Gaze de rolo ou para queimados – favorece a absorção da secreção 
que drena através da 1.ª camada e permite a proteção da área 
queimada de maneira uniforme, o que não seria possível com gazes 
cirúrgicas, que dificultam a confecção do curativo pelo deslizamento 
das unidades. 
✓ Algodão hidrófilo – permite a absorção da secreção que drena através 
da 2.ª camada do curativo e promove a compressão uniforme da área 
queimada, reduzindo a dor e oferecendo maior conforto ao paciente, 
protegendo-o de traumas secundários na movimentação. 
 
O algodão ortopédico não é o mais indicado porque tem menos capacidade 
de absorção. Sua elasticidade é inexistente, o que pode prejudicar a circulação na 
área envolvida, principalmente na formação do edema. 
 
 
 
 
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Atadura de crepom – tem por objetivo a compressão uniforme e suave, além 
de fixação do curativo. O enfaixamento deve obedecer ao princípio fisiológico da 
circulação sanguínea, permitindo compressão uniforme decrescente da extremidade 
para a raiz dos membros. A absorção da perfusão periférica e edemas acentuados 
permite a avaliação do enfaixamento. 
O curativo deverá ser reforçado com fita adesiva ou tiras de esparadrapo, 
permitindo a sua integridade apesar dos movimentos, até a troca, que poderá 
ocorrer 3 a 5 dias após. 
 
Método de exposição 
Consiste na exposição completa da área queimada ao meio ambiente. Este 
método é usado para o tratamento de queimaduras de face, pescoço, períneo e 
tórax de pacientes internados e adultos conscientes. Deve ser evitado nestas 
regiões, se houver exposição de ossos, vasos sanguíneos, nervos e tendões. 
 
Procedimento 
O curativo da área queimada consiste na limpeza da queimadura e região 
circunvizinha com soro fisiológico e sabão neutro, retirando-se corpos estranhos e 
ressecando as vesículas com auxílio de gazes, pinças e tesouras manuseadas com 
delicadeza e habilidade. Nos pacientes com queimadura circular de tórax aos quais 
for indicada a hospitalização, optar pela exposição, mantendo um coxim sob a parte 
do tórax que ficará apoiada no leito. 
O coxim compreende as mesmas camadas do curativo oclusivo, sendo 
substituída à atadura de crepe pelo campo estéril. Este é confeccionado com técnica 
asséptica, de forma inversa à que se faria no paciente, isto é, de dentro para fora, 
seguindo a sequência descrita: abre-se o campo estéril em tamanho proporcional ao 
da região a ser protegida, usando-se uma mesa ou a própria cama do paciente, 
acolchoando-se todo o campo com algodão hidrófilo; recobre-se todo o algodão com 
gaze de rolo aberta, coloca-se em cima o morim ou rayon umedecido com soro 
fisiológico. Põe-se o paciente no leito sobre o coxim, no decúbito indicado, de 
maneira que não flexione o corpo, evitando enrolar as camadas e permitindo 
uniformidade em toda a extensão. 
Toda extensão da área queimada exposta deve repousar sobre campos 
estéreis que deverão revestir o leito. A sustentação de lençóis e cobertores é feita 
 
 
 
 
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com arco de proteção de metal estéril ou, na impossibilidade, devidamente lavado 
com água e sabão e desinfetado. A primeira peça que fica em contato com o arco 
deve ser campo estéril. Sobre este repousarão o lençol, cobertores e colcha. O 
ambiente deve ser aquecido em lugares de clima frio. 
Em geral, após as 48 horas, surge uma crosta fina e lisa semelhante ao 
esmalte sobre a área queimada, resultante do dessecamento do plasma. Esta crosta 
é chamada de curativo biológico. Tem a finalidade de proteger o local queimado 
contra microrganismos, diminui a perda de líquidos, impedindo a evaporação, 
atenuando a dor e isolando as terminações nervosas do contato com o ar. 
 
Comparação entre os dois métodos de curativos 
Os empregos dos dois métodos (oclusivo e explosivo) dão bons resultados, 
desde que tenham indicação precisa para a aplicação. 
Exposição – Vantagem 
Custo: mais econômico gasto mínimo de material e mão-de-obra. 
Porém, nem todos concordam com esta afirmativa. 
Observação das lesões: permite a observação constante das lesões, 
possibilitando surpreender no início qualquer foco infeccioso. 
Aplicação do método: ideal para face e períneo, locais onde se abrem vários 
artifícios com drenagem de secreções naturais exigindo higiene frequente. 
Proliferação dos germes: o dessecamento do plasma sobre as lesões 
constitui um meio desfavorável à proliferação de germes. 
 Curativos: não há troca de curativos dolorosa. Os curativos são simples, 
restringindo a limpeza diária das secreções sem causar grande desconforto ao 
paciente. 
 Mobilização: permite movimentação espontânea, possibilitando a 
observação de deformidades de posição e sua correção precoce. No entanto, esta 
mobilização deve ser a estritamente necessária para evitar solução de continuidade 
e conservar a integridade da crosta protetora, podendo haver focos infecciosos em 
pontos onde esta se rompe. 
Desvantagens 
- Aplicação do método: limitado, contra-indicado em queimaduras 
profundas, extensas ou circulares e não indicada para aplicação em ambulatório. 
 
 
 
 
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- Tolerância: nas primeiras 48 horas, enquanto as crostas não se 
formarem, a dor e a sensação de desconforto são mais intensas, exigindo a 
administração de sedativos. 
- Contaminação: favorece a contaminação mesmo em isolamento 
parcial, com observação de técnica asséptica e limpeza rigorosa do ambiente, 
exigências não comumente encontradas na maioria dos hospitais da comunidade 
brasileira. 
- Proteção contra as variações térmicas: A exposição protege menos 
o paciente contra as variações térmicas do meio ambiente. A temperatura deve ser 
mantida constantemente no verão e inverno. O paciente descoberto não deve sentir 
frio ou calor. 
- Perda de líquidos: Nas primeiras 48 horas,a perda de líquidos é 
maior devido à evaporação, intervendo-se esta situação na fase tardia. Duas 
condições básicas interferem na evaporação da água através da pele: uma 
relacionada com o paciente e outra relacionada com o meio ambiente (umidade do 
ar, temperatura ambiente e aeração local). 
 
Curativo oclusivo – Vantagens 
- Aplicação do método: Em geral, tem menos contra-indicações. 
Mantém a lesão em repouso durante a fase de agressão, facilitando a recuperação. 
É indicado especialmente para queimaduras circulares e profundas, tratamento 
ambulatorial, crianças, pessoas agitadas ou deficientes mentais. 
- Tolerância: O alívio da dor é mais rápido, a oclusão isola os ferimentos 
dos estímulos externos; posteriormente, a situação é inversa. 
- Contaminação: Evita a contaminação pela oclusão. Ideal para 
ambientes de hospitais superlotados e com déficit de pessoal especializado. 
- Proteção contra as variações térmicas: Nos climas frios, a oclusão é 
mais tolerada, protegendo melhor o paciente. No verão a situação é inversa. 
- Perda de líquidos: A perda inicial de líquidos é menor na oclusão, por evitar 
a evaporação. O contrário ocorre posteriormente, em virtude da absorção dos 
líquidos nas bandagens dos curativos, intensificando as perdas reais. 
 
 
 
 
 
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Desvantagens da Oclusão 
- Custo: é mais dispendioso, exigindo muito material e mão-de-obra 
especializada para troca de curativos. 
- Observação das lesões: a presença ou ausência de infecção só pode 
ser avaliada através de hipertermia, dor, odor fétido, aspecto externo do curativo 
(dados indiretos). 
- Proliferação de germes: a oclusão da área possibilita condições 
favoráveis à proliferação de germes pelo calor, umidade e ausência de claridade. 
- Curativos: a necessidade da troca do curativo periódica torna a 
aplicação do método mais traumatizante para o paciente e equipe de enfermagem. 
Nos intervalos da troca há queixas de desconforto geral, odor fétido, prurido, calor 
etc. Na confecção do curativo, se a compressão não for uniforme, o paciente se 
queixa de dor e formigamento e apresenta alteração da perfusão periférica e edema 
local. 
- Mobilização: a oclusão dificulta a mobilização das articulações do 
membro afetado, impossibilita a verificação de deformidades de posicionamento e 
sua correção precoce. No entanto, o paciente fica mais livre para se movimentar, 
sendo também mais fácil o seu transporte. 
 
Primeiro atendimento do paciente queimado 
Exame básico (ATLS) 
 
A – Vias Aéreas 
Suspeitar de lesão de via aérea sempre que a história ou o exame físico 
justificarem. Lembrese que os sinais de comprometimento podem ser tardios e não 
devemos aguardar que se instale uma insuficiência respiratória franca, já que isso 
pode inviabilizar o acesso a uma via aérea definitiva por intubação e exigir uma 
abordagem cirúrgica. 
 
B – Boa Respiração 
Além dos danos causados pelas lesões térmicas da via aéreas, da inalação 
de produtos tóxicos que produzem traqueobronquites químicas, edema e 
pneumonia, outro importante fator de agravamento respiratório é a intoxicação por 
monóxido de carbono. 
 
 
 
 
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Sempre considere a possibilidade de intoxicação por monóxido de carbono 
em queimado com história de lesão em ambiente fechado. 
O diagnóstico da intoxicação é clínico e é feito principalmente pela história. 
Quando os níveis séricos de CO são inferiores a 20%, não costuma haver sinais 
clínicos. Com níveis mais elevados, pode haver: Cefaleia e náusea (20 a 30%), 
confusão (30 40%), coma (40 a 60%) e morte (>60%). 
O tratamento consiste em oferecer O2 em altas concentrações por máscara 
ou ventilação assistida, sempre em sistema sem recirculação. 
C – Circulação 
D – Dano Neurológico 
E – Exposição 
 
Volume sanguíneo circulante: 
Num queimado, até mesmo a medida da pressão arterial pode ser difícil. A 
monitoração do débito urinário é uma das formas mais fidedignas de se avaliar a 
qualidade do volume circulante. Torna-se então obrigatória à sondagem vesical nos 
queimados com mais de 20% de superfície corpórea queimada. A diurese 
recomendada é de 1 ml/Kg por hora para crianças com menos de 30 Kg, ou 30 a 50 
ml por hora para os adultos. 
A estimativa do volume a ser infundido pode ser feita através da formula: 
 
Este volume deve ser infundido com solução de Ringer lactato. Nas primeiras 
8 horas após a queimadura, o paciente deve receber 50% do volume calculado, nas 
outras 16 horas deve receber os outros 50%. 
É bom lembrar que esta formula serve somente para estimar o volume 
necessário, o objetivo final é garantir volume circulante e a perfusão tecidual, 
avaliada através do débito urinário. 
 
Outros cuidados: 
1. Pesar o paciente: muitas vezes a única oportunidade de se avaliar o 
peso do queimado é na admissão, já que nos casos mais graves os cuidados 
intensivos não permitem a pesagem. 
 
 
 
 
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2. Sondagem nasogástrica: está indicada em queimados com mais de 
20% de superfície queimada. Ela vai diminuir a distensão gástrica e evitar náuseas, 
vômitos e distensão abdominal. 
3. Sedação da dor: deve ser administrada por via endovenosa. Como 
pode haver hipoxia ou hipovolemia, a administração de sedativos deve ser feita em 
doses pequenas e frequentes. 
4. Antibióticos: não há indicação para uso profilático de antibióticos. Eles 
devem ser utilizados somente para tratar as infecções que podem surgir durante o 
tratamento. 
5. Cuidados com a ferida: Não devemos romper as bolhas na fase aguda 
da queimadura. Para dar mais conforto ao paciente, podemos lavar a área queimada 
e cobri-la com compressas úmidas em soro morno. 
6. Queimaduras circunferências: pacientes com queimaduras de terceiro 
grau que acometem toda a superfície de um membro podem desenvolver um quadro 
isquêmico progressivo relacionado à instalação de edema tecidual. Nestes casos, 
está indicada uma escarotomia, procedimento que deve ser realizado na sala de 
emergência e que garante a viabilidade funcional do membro. 
 
Critérios para transferência: 
A tabela traz os critérios da Associação Americana de queimaduras para a 
transferência de pacientes vítimas de queimaduras. Estes critérios não devem ser 
encarados como normas rígidas, mais sim como orientações gerais. 
Lembre-se que na transferência toda documentação referente ao atendimento 
prestado deve acompanhar o paciente, inclusive: 
1. Folha de registro do atendimento ao queimado, contendo superfície 
queimada e respectiva profundidade de cada área. 
2. Descrição de todos os cuidados prestados no atendimento, inclusive do 
volume e tipo de infusões oferecidas, drogas administradas e resultados de exames. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Tabela: Triagem de pacientes vítimas de queimaduras 
 
 
Reposição hidro-eletrolítica (grande queimado) 
 
Cateterizar preferencialmente veia periférica de grosso calibre e calcular 
reposição inicial: 
Pela fórmula de Parkland: 4 ml/kg de peso corporal/percentagem SQC, de 
Ringer com Lactato. Sendo que, para fins de cálculo inicial, programa-se que a 
metade deste volume deva ser infundida nas primeiras 8 horas após a queimadura. 
Exemplo: 
Homem 70kg com 30% SQC 
Volume de Ringer = (4ml/kg x 70kg) x 30 = 8400ml 
 
 
 
 
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