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Livro Eletrônico
Aula 03
Economia p/ DNIT (Analista - Infraestrutura de Transportes /
Administrativa) - 2019
Heber Carvalho, Daniel Saloni
04891387130 - Deborah Evaristo
 
 
 
 
 
 
 
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Sumário 
1. O BALANÇO DE PAGAMENTOS ....................................................................................... 2 
1.1. Conceito e Generalidades ........................................................................................................................ 2 
1.2. Contabilização ......................................................................................................................................... 4 
1.3. ESTRUTURA DO BALANÇO DE PAGAMENTOS ......................................................................................... 6 
1.3.1. Metodologia antiga de estruturação do BP (BPM5) ............................................................................................... 6 
1.3.2. Metodologia de estruturação do novo BP (BPM6) ............................................................................................... 12 
1.4. Exemplos de lançamentos (não ignore este item!) ............................................................................... 15 
1.5. Crise cambial ......................................................................................................................................... 20 
2. A TAXA E OS REGIMES DE CÂMBIO............................................................................... 21 
2.1. Conceito e generalidades ...................................................................................................................... 21 
2.2. Oferta de divisas .................................................................................................................................... 22 
2.3. A demanda de divisas............................................................................................................................ 23 
2.4. REGIMES CAMBIAIS ............................................................................................................................... 25 
2.4.1. Regime de câmbio fixo ......................................................................................................................................... 25 
2.4.2. Regime de taxas flutuantes (ou flexíveis) ............................................................................................................. 27 
2.4.3. Flutuação suja (dirty floating) ............................................................................................................................... 27 
2.4.4. Sistema de bandas ................................................................................................................................................ 28 
2.5. Relação entre taxas de juros e câmbio ................................................................................................. 28 
2.6. Relação entre inflação e câmbio ........................................................................................................... 28 
2.7. AJUSTES DO BALANÇO DE PAGAMENTOS ............................................................................................. 29 
EXERCÍCIOS COMENTADOS .............................................................................................. 37 
LISTA DE QUESTÕES ......................................................................................................... 71 
GABARITO ....................................................................................................................... 84 
Heber Carvalho, Daniel Saloni
Aula 03
Economia p/ DNIT (Analista - Infraestrutura de Transportes / Administrativa) - 2019
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 Olá caros(as) amigos(as), 
 
 
Prosseguindo com o nosso curso de Economia, hoje, veremos um assunto bastante importante do 
curso: o Balanço de Pagamentos (BP), em um contexto da Macroeconomia aberta, onde consideramos as 
operações de um país com o resto do mundo. 
 
O Brasil, assim como muitos países, segue diretrizes do Fundo Monetário Internacional (FMI) para 
organizar e padronizar suas contas externas. O FMI possui um manual específico para o Balanço de 
Pagamentos, chamado de Manual de Balanço de Pagamentos, conhecido pela sigla em inglês BPM (Balance 
of Payments Manual). Estes manuais representam diretrizes para que os diversos países do mundo tenham 
um mesmo sistema de estatísticas, para que possam registrar suas transações e divulgá-las ao mundo de 
maneira uniforme. 
 
 Recentemente, a partir de fevereiro de 2015, o Brasil passou a publicar as estatísticas do BP de 
acordo com o BPM6, a 6ª edição do manual. 
 
 Por ser um assunto novo, praticamente não existe literatura nacional sobre as alterações 
metodológicas trazidas pelo BPM6. Na mesma toada, a grande maioria das questões de concurso é 
baseada na versão anterior do Manual de Balanço de Pagamentos に BPM5. No caso da ESAF, por exemplo, 
não identificamos questões abordando a nova estrutura. Dessa forma, iniciaremos as questões comentadas 
com questões recentes da FCC (Fundação Carlos Chagas), devido à falta de questões atuais da ESAF. 
 
Neste contexto, entendemos que a melhor forma de abordar o assunto é apresentar as duas 
versões, comparando-as e ressaltando as principais alterações. Caso a banca cobre as alterações, o aluno 
será capaz de responder à questão. 
 
Além do estudo do BP, veremos os regimes cambiais. Praticamente, não caem mais questões 
puramente sobre regimes cambiais, mas seu entendimento será fundamental quando estudarmos o 
modelo IS-LM mais à frente em nosso curso. Portanto, dê o gás nessa aula! 
 
 E aí, todos prontos?! Então, aos estudos! 
 
1. O BALANÇO DE PAGAMENTOS 
 
1.1. Conceito e Generalidades 
 
No contexto da globalização e da integração dos mercados, em que os países cada vez mais 
realizam transações com o resto do mundo, torna-se importante a mensuração destas atividades 
Heber Carvalho, Daniel Saloni
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econômicas internacionais. Nesse sentido, surge o Balanço de Pagamentos (BP) que, de modo geral, tem o 
objetivo de registrar as operações econômicas entre um país e o resto do mundo. 
 
Assim, quando alguém compra um produto importado, faz uma viagem internacional, ou envia 
dinheiro para um parente que reside no exterior, temos exemplos de operações que serão registradas no 
BP, pois envolvem transações econômicas entre um país e o resto do mundo. 
 
“Wェ┌ミSラà“キマラミゲWミàわàC┞ゲミWがàさdefine-se Balanço de Pagamentos como sendo o registro sistemático 
das transações entre residentes e não residentes de um país durante determinado período de tempoくざàD;à
forma como está posto o conceito, podemos inferir inicialmente três importantes observações. 
 
Primeiro, ele é o registro sistemático de transações. Apesar da denominação Balanço de 
Pagamentos, o BP, em sua essência, é um balanço de transações e não de pagamentos. Isto significa que as 
operações contabilizadas no BP podem envolver ou não pagamentos, de fato, muitas delas não envolvem 
pagamentos diretos em moeda, como é o caso, por exemplo, de doações de mercadorias a título de ajuda 
humanitária. Outro ponto é a forma de registro sistemático, que segue o método das partidas dobradas: a 
um débito em determinada conta deve corresponder um crédito em outra conta, e vice-versa. Tal 
mecanismo segue a mesma lógica que se estuda na disciplina Contabilidade Geral. 
 
Segundo, as transações que devem registradas são aquelas envolvendo residentes e não residentes. 
OàヴWaWヴWミIキ;ノàヮ;ヴ;àゲWàSキゲデキミェ┌キヴàラàヴWゲキSWミデWàSラàミ?ラàヴWゲキSWミデWàYàラàノ┌ェ;ヴàラミSWàWゲデWテ;àノラI;ノキ┣;SラàゲW┌àさcentro de 
キミデWヴWゲゲWざくà 
 
ÉàIラミゲキSWヴ;SラàヴWゲキSWミデWàミラàBヴ;ゲキノàデラSラà;ケ┌WノWàケ┌WàデWマàラàさIWミデヴラàSWàキミデWヴWゲゲWざàミWゲデWàヮ;ケゲがàラ┌àゲWテ;がàonde se espera que ocorra de modo permanente a sua participação na produção e consumo de bens e 
serviços. Caso um brasileiro esteja no exterior temporariamente, exercendo atividade de duração prevista, 
será considerado residente (no Brasil). Por outro lado, se estiver morando permanentemente no exterior, 
será considerado não residente. 
 
Podemos listar como exemplo de residentes no Brasil aqueles que aqui vivem permanentemente 
(incluindo os estrangeiros com residência fixa), os brasileiros em serviço no exterior (diplomatas, 
funcionários de embaixadas, militares em missões de paz, etc), os turistas brasileiros que se encontram em 
viagem no exterior, estudantes temporariamente fazendo cursos no exterior, e as empresas sediadas no 
país, inclusive se forem filiais de empresas estrangeiras. 
 
São considerados não residentes aqueles com centro de interesse em qualquer outro lugar que não 
seja o Brasil. Podemos citar como exemplo de não residentes os turistas estrangeiros em passagem no país, 
as empresas nacionais instaladas no exterior, as embaixadas estrangeiras no Brasil (o centro de interesse 
de tais embaixadas é o seu país de origem), os estrangeiros em serviço pelos seus países de origem, os 
estudantes estrangeiros temporariamente realizando cursos no Brasil, os jogadores de futebol brasileiros 
que atuam no exterior, etc. 
 
Apesar do conceito dado por Simonsen & Cysne indicar a regra geral (o registro de transações entre 
residentes e não residentes), segundo o Manual do Balanço de Pagamentos do FMI, 6ª. edição, pode haver 
situações em que transações apenas entre residentes ou apenas entre não residentes serão contabilizadas. 
Para fins de concursos, ao avaliar uma assertiva como certa ou errada, considere a regra geral. Caso a 
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assertiva faça menção a palavras sempre, somente, em todos os casos, avalie levando em conta os critérios 
do Manual do FMI, que é adotado pelo Brasil. Como exemplo, considere as seguintes afirmações: 
 
 São registradas no BP as transações entre residentes e não residentes. CERTO, por indicar o 
conceito, a regra geral. 
 
 São registradas no BP somente as transações entre residentes e não residentes. ERRADO, pelo uso 
S;àヮ;ノ;┗ヴ;àさゲラマWミデWざく 
 
Terceiro, são registradas as transações ocorridas durante determinado período de tempo, o que nos 
キミSキI;à;àキSWキ;àSWàaノ┌┝ラがà;ラàIラミデヴ=ヴキラàS;àキSWキ;àSWàWゲデラケ┌Wàふテ=à┗キマラゲà;ゲàSキaWヴWミN;ゲàWミデヴWàさaノ┌┝ラざàWàさWゲデラケ┌Wざぶくà
Ou seja, o objetivo é mensurar as transações que ocorreram durante certo tempo. A periodicidade, em 
geral, é de um ano (segundo o ano civil do país), todavia, é bastante comum a apresentação de balanços 
trimestrais e/ou até mesmo mensais de modo a haver melhor acompanhamento da situação das contas 
externas do país. 
 
Ainda que não conste expressamente no conceito, julgo importante ressaltar que as transações são 
expressas em dólares americanos. Como elas são efetuadas entre residentes e não residentes de diversos 
países, há a necessidade de converter os valores, que inicialmente estão em várias moedas, em apenas 
uma moeda que seja de aceitação internacional (dólar americano). Logo, se uma transação é efetuada em 
uma moeda qualquer, o valor inicial será convertido em dólar por ocasião do registro no BP. 
1.2. Contabilização 
 
A contabilização segue o método das partidas dobradas, isto é, a cada débito em determinada 
conta deve corresponder um crédito em alguma outra e vice-versa. A fim de facilitar a contabilização, nós 
podemos dividir as contas do BP em dois grandes grupos, a saber: 
 
a) as contas operacionais 
b) ;ゲà Iラミデ;ゲà SWà ヴWゲWヴ┗;ゲがà ラ┌à Iラミデ;à SWà I;キ┝;à ふラ┌à Iラミデ;à さáデキ┗ラゲà SWà ヴWゲWヴ┗;ざがà IラミaラヴマWà ミラ┗;à
nomenclatura do BPM6) 
 
As contas operacionais correspondem efetivamente à transação realizada. Nas palavras de 
Simonsen & Cysne: correspondem ao fato gerador do recebimento ou da transferência de recursos ao 
exterior. Temos como exemplo as contas de: exportações, importações, empréstimos, financiamentos, 
transferências unilaterais, etc. 
 
Quando o fato gerador de uma transação provoca entrada de recursos no país (uma exportação, 
por exemplo), a conta do fato gerador é creditada. Por outro lado, quando o fato gerador provoca saída de 
recursos do país (uma importação, por exemplo), a conta do fato gerador é debitada. 
 
No BPM5 créditos (exportações, receitas de rendas, de transferências, reduções nos ativos e 
aumentos nos passivos) eram apresentados com sinais positivos, enquanto débitos (importações, despesas 
de rendas, de transferências, aumentos nos ativos e reduções nos passivos) eram registrados com sinal 
negativo. No BPM6, via de regra, os lançamentos em uma conta operacional são efetuados com sinal 
positivo. Esta alteração é meramente uma mudança na maneira de apresentar a informação no Balanço. Se 
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no BPM5 as contas devedoras eram representadas com sinal negativo, no BPM6 tanto as contas credoras 
quanto as devedoras são apresentadas com sinal positivo. 
 
Assim, podemos estatuir que a entrada de recursos (de meios de pagamento internacionais) é 
considerada um crédito e é lançada com sinal positivo na conta operacional (conta correspondente ao fato 
gerador). Por outro lado, a saída de recursos é considerada um débito e também é lançada com sinal 
positivo na conta operacional. 
 
Como a contabilização segue o método das partidas dobradas, a cada transação registrada em 
qualquer conta operacional corresponderá uma contrapartida de sinal oposto na conta de reservas (ou 
conta caixa). Assim, quando temos entrada de recursos (exportação, por exemplo), haverá um lançamento 
a crédito na conta operacional (conta de exportação) e um lançamento a débito na conta de reservas 
(conta caixa), semelhante ao que acontece na Contabilidade das empresas. A conta de reservas (ou conta 
I;キ┝;ぶàヮ;ゲゲラ┌à;à;ヮヴWゲWミデ;ヴà;àSWミラマキミ;N?ラàSWàさáデキ┗ラゲàSWàRWゲWヴ┗;ゲざàミラàBPM6. 
 
Por exemplo, imagine a importação de uma mercadoria no valor de US$ 100. Como saíram recursos 
do país (saem dólares/divisas do país), a conta Importações será debitada em 100. A contrapartida será um 
crédito, em igual valor, na conta de Ativos de Reservas. Segue o lançamento: 
 
D Importações 100 
C Reservas ou conta Haveres ou conta Caixa 100 
(Ativos de reservas no BPM6) 
 
Imagine agora que uma empresa brasileira tenha exportado mercadorias no valor de US$ 300. 
Como entraram recursos (provenientes da venda), a conta Exportações será creditada em 100. A 
contrapartida será um débito, em igual valor, na conta Caixa. Segue o lançamento: 
 
D Conta caixa ou haveres (Ativos de reservas no BPM6) 300 
C Exportações 300 
 
Nota  no item 1.3, mostraremos exemplos de contabilização envolvendo praticamente toda a 
estrutura do BP. 
 
O fato da conta de reservas ser a contrapartida das contas operacionais faz com que nela seja 
registrada toda a movimentação dos meios de pagamento internacionais à disposição do país. Ou seja, tal 
conta registra a movimentação dos meios de pagamento que a Autoridade Monetária (no caso do Brasil, o 
Banco Central) pode utilizar para pagamento de qualquer dívida ou aquisição de direitos junto a não 
residentes. 
 
Assim, podemos concluir que estes meios de pagamento são os ativos que a autoridade monetária 
dispõe em seu caixa. Tais ativos incluem não somente dinheiro (que são as divisas1), mas também qualquer 
meio de pagamento que torne possível à Autoridade Monetária realizar pagamentos ao exterior (a não 
residentes). São estes os meios de pagamentointernacionais: haveres no exterior, ouro monetário, direitos 
 
1 Divisas é o mesmo que moeda estrangeira. 
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==11ae85==
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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especiais de saque (DES) e reservas no FMI. Eles serão explicados no próximo item, onde veremos a 
estrutura do balanço de pagamentos. 
 
Ainda julgo importante mencionar o fato de que a regra de contabilização acima explicada é apenas 
a regra geral. Há determinadas operações em que a contrapartida do lançamento realizado na conta 
operacional nem sempre será a conta caixa ou reservas. Exemplificando o caso mais comum: uma doação 
de bens. 
 
Quando um bem é doado de um país estrangeiro para o nosso país, haverá um lançamento a 
crédito na conta Renda Secundária - antiga Transferências Unilaterais - (recebimento de recursos), mas o 
lançamento a débito não ocorrerá na conta caixa, pois não houve ingresso de meios de pagamento mas 
sim de bens. Então, a saída encontrada é debitar a conta Importações, tendo em vista ter se tratado da 
entrada de um bem. Segue o lançamento, supondo a doação para o Brasil de um bem no valor de US$ 150. 
 
D Importações 150 
C Transferências unilaterais (Renda Secundária no BPM6) 150 
 
1.3. ESTRUTURA DO BALANÇO DE PAGAMENTOS 
 
A instituição responsável pela elaboração e divulgação do BP é o Banco Central do Brasil (BACEN). 
Como vimos, a partir de 2015, o BP passou a ser divulgado de acordo com a metodologia contida no 
Manual do Balanço Pagamentos do Fundo Monetário Internacional, 6ª. Edição, de 2009. Vale ressaltar que 
as mudanças propostas nessa edição não foram impositivas, de tal forma que o Manual é apenas uma 
recomendação. Nesse sentido, o Brasil só veio a implementar tais mudanças 6 anos depois, em 2015. 
 
Para fins de concursos públicos, mesmo após a adoção pelo BACEN da nova metodologia, em 2015, 
muitas questões de provas mantiveram a metodologia antiga como ponto de partida para a cobrança dos 
conceitos e cálculo dos diversos saldos exigidos em provas. Para isso, as questões não afirmavam 
expressamente em seus enunciados que se tratava do BP do Brasil, mas sim do BP de algum país 
hipotético, o que teoricamente as desobrigava de utilizar a nova metodologia. 
 
Desta forma, é muito comum na elaboração de cursos os professores explicarem as duas 
metodologias. Adotaremos esta estratégia em nosso curso. Primeiramente será estudada a metodologia 
antiga に BPM5 に e em seguida, será abordada a nova metodologia に BPM6 に enfatizando as principais 
alterações. 
1.3.1. Metodologia antiga de estruturação do BP (BPM5) 
 
Segue abaixo a estrutura da metodologia antiga, que será o nosso ponto de partida: 
 
DISCRIMINAÇÃO 
A) BALANÇA COMERCIAL 
 Exportações (FOB) 
 Importações (FOB) 
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B) SERVIÇOS 
 Transportes 
 Viagens internacionais 
 Seguros 
 Serviços governamentais 
 Royalties e licenças 
 Aluguel de equipamentos 
 Computação e informações 
 Outros 
C) RENDAS 
 Remuneração do fator trabalho (salários e ordenados) 
 Rendas de investimentos 
 Rendas de investimentos diretos (lucros e dividendos) 
 Rendas de investimentos em carteira (juros) 
 Rendas de outros investimentos (juros) 
D) TRANSFERÊNCIAS UNILATERIAS CORRENTES 
Movimento de transferências unilaterais na forma de bens e moeda. 
E) SALDO EM CONTA CORRENTE/TRANSAÇÕES CORRENTES 
TC = A + B + C + D 
F) CONTA CAPITAL E FINANCEIRA (CAPITAIS AUTÔNOMOS) 
F.1) CONTA CAPITAL 
F.2) CONTA FINANCEIRA 
 Investimentos diretos 
- Participação no Capital 
- Empréstimos e amortizações 
 Investimentos em carteira (ou de Portfólio) 
 Derivativos 
 Outros investimentos 
- Empréstimos de regularização 
- Atrasados comerciais 
- Outros investimentos 
G) ERROS E OMISSÕES 
H) SALDO TOTAL DO BALANÇO DE PAGAMENTOS 
BP = E + F + G 
I) VARIAÇÃO DAS RESERVAS INTERNACIONAIS OU HAVERES 
VRI ou HAVERES = - H 
 
Apresentarei, de forma resumida, o que significa cada item do BP. O maior detalhamento será visto 
quando apresentarmos os exemplos de contabilização. 
 
A) Balança Comercial 
 
Nesta conta, são classificadas as exportações e importações de bens. As duas transações são 
registradas no critério FOB (free on board2), isto é, pelo preço de venda subtraído (líquido) dos 
custos de frete e seguros, que são contabilizados no Balanço de Serviços. 
 
2 Existe o critério FOB (free on board) e o critério CIF (cost, insurance and freight). O primeiro representa o bem a 
ヮヴWNラàさノキ┗ヴWà;àHラヴSラざがàキゲデラàYがàラàヮヴWNラàノケケ┌キSラàSラゲàI┌ゲデラゲàIラマàゲWェ┌ヴラゲàWàaヴWデWゲくàOàゲWェ┌ミSラàヴWヮヴWゲWミデ;àラàHWマàIラマàラà
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O saldo líquido entre as receitas das exportações e as despesas de importação representa o 
saldo da balança comercial. Quando as exportações superam as importações, temos superávit 
da balança comercial. No caso contrário, temos déficit da balança comercial. 
 
Vale ressaltar que receitas significam entrada de recursos enquanto despesas de residentes 
significam saída de recursos. 
 
B) Balança de Serviços 
 
São classificadas as transações envolvendo compra e venda de serviços. 
 
Assim, temos os serviços de frete e de seguros, gastos com viagens, serviços governamentais 
(gastos com embaixadas, consulados, missões diversas). Quando um residente brasileiro 
presta/vende serviços a não residentes, temos receitas de serviços (exemplo: turista estrangeiro 
em viagem ao Brasil). Por outro lado, quando residentes brasileiros tomam/compram serviço de 
não residentes, temos despesas de receitas (exemplo: brasileiro em viagem ao exterior). 
 
 
C) Balança de Rendas 
 
áゲàヴWミS;ゲàゲ?ラàIエ;マ;S;ゲàデ;マHYマàSWàさゲWヴ┗キNラゲàa;デラヴWゲ3ざく 
Nos serviços de fatores (rendas), como o próprio nome sugere, são classificadas as transações 
que envolvem remuneração dos fatores de produção4, como juros, lucros, rendas do trabalho, 
royalties, aluguéis, etc. 
 
Assim, temos no balanço de rendas o envio/recebimento das seguintes remunerações de 
fatores de produção: salários/ordenados, juros, dividendos e lucros. 
 
Quando um residente envia remuneração de um fator de produção a um não residente, temos 
despesa de serviços (exemplo: uma filial de empresa estrangeira instalada no Brasil に residente 
に envia lucros à matriz sediada no exterior に não residente). Por outro lado, quando um 
residente recebe de um não residente remuneração de um fator de produção, temos receita de 
serviços (exemplo: uma filial de empresa brasileira instalada no exterior に não residente に envia 
lucros à sua matriz, instalada no Brasil に residente). 
 
O saldo líquido entre as receitas e despesas de serviços representa o saldo da balança de 
rendas. O saldo do balanço de rendas é a nossa RLEE ou RLRE, estudadas na aula de contas 
nacionais. 
 
preço incluindo os custos com frete e seguros. No balanço de pagamentos, os custos com frete e seguros são 
registrados na balança de serviços e não na balança comercial. 
3 Na aula de contas nacionais, item 1.2, vimos o que são fatores de produção. Vimos também que o somatório das 
ヴWマ┌ミWヴ;NロWゲàSラゲàa;デラヴWゲàSWàヮヴラS┌N?ラàヴWIWHWàラàミラマWàSWàさヴWミS;ざく 
4 Lembre que rendas significam remuneraçõesdos fatores de produção (juros + lucros + aluguéis + royalties + 
dividendos + salários). 
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XNF に MNF RLEE 
 
Caso as receitas superem as despesas, teremos superávit ou RLRE (renda líquida recebida do 
exterior). Caso contrário, teremos déficit ou RLEE (renda líquida enviada ao exterior). 
 
D) Transferências Unilaterais Correntes 
 
São classificados os donativos recebidos e enviados ao exterior. Os donativos recebidos são 
considerados receitas, enquanto os donativos enviados são considerados despesas para fins de 
contabilização. 
 
E) SALDO DE TRANSAÇÕES CORRENTES 
 
É a soma dos saldos da balança comercial, da balança de serviços, da balança de rendas e das 
transferências unilaterais correntes. Também é denominado saldo em conta corrente. O déficit 
em transações correntes significa que o resto do mundo fez poupança realizando transações 
com Brasil. Assim, o déficit em TC é o mesmo que dizer que houve poupança externa5 (SEXT). 
Assim, temos: 
 
SEXT = - TC = - (BC + BSv + BR +/- TU) 
 
 
 
 
Assim: 
 
SEXT = - TC = - (XNF に MNF に RLEE +/-TU) 
 
Onde XNF e MNF significam exportações e importações de bens e serviços não fatores (ou seja, 
exclui as remunerações dos fatores de produção, daí a nomenclatura XNÃO FATORES); RLEE significa 
as rendas que foram enviadas (REE) menos as rendas que foram recebidas (RRE); e TU significam 
as transferências unilaterais correntes. 
 
Nota  outra nomenclatura para poupança externa ou déficit no balanço de pagamentos em 
transações correntes é: passivo externo líquido. Se houver despoupança externa ou superávit 
em conta corrente, teremos passivo externo líquido negativo ou, em outras palavras, ativo 
externo líquido. 
 
F) CONTA CAPITAL E FINANCEIRA 
 
F.1) Conta capital 
 
Nesta conta, são alocadas apenas as transferências unilaterais relacionadas com o patrimônio 
de migrantes e a aquisição de bens financeiros não produzidos, tais como cessão de patentes e 
marcas (bens intangíveis). Esta transferência de patrimônio de migrante ocorre quando um 
 
5 O assunto foi tratado com maior riqueza de detalhes na aula de contas nacionais, item 1.4.3. 
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migrante vai morar em outro país e leva consigo seu patrimônio ou o transfere a outra pessoa. 
Assim, se, por exemplo, eu vou morar nos EUA e levo comigo meu carro, a transferência deste 
patrimônio será registrada nesta conta. 
 
O caso de doações feitas de um governo para outro e remessas de dinheiro realizadas por 
migrantes que estão trabalhando em outros países são contabilizadas no item D (transferências 
unilaterais correntes). 
 
 
 
F.2) Conta Financeira 
 
Também chamado de movimento de capitais autônomos ou simplesmente de balanço ou 
movimento de capitais (eram os nomes na metodologia antiga), contém os capitais que entram 
e saem do país. Os capitais que entram são considerados receitas, enquanto os capitais que 
saem são considerados despesas. 
 
Os capitais entram e saem de um país através de investimentos diretos, empréstimos, 
financiamentos, capitais especulativos de curto prazo, etc. 
 
Exemplos: quando uma empresa multinacional decide abrir uma filial no Brasil, o investimento é 
contabilizado neste balanço. O mesmo ocorre quando um especulador estrangeiro decide 
comprar ações de empresas brasileiras ou títulos do nosso governo. Ao fazer esta operação de 
compra de ações, por exemplo, estarão entrando divisas (crédito) que aumentarão o saldo de 
nossas reservas (são as aplicações no mercado financeiro). Quando algum estrangeiro compra 
participações em empresas brasileiras ou quando um brasileiro compra participação em 
empresas estrangeiras, temos outros exemplos de transações que deverão ser contabilizadas 
neste balanço. 
 
 Muito cuidado! Pagamento/recebimento de juros em decorrência de empréstimos não são 
contabilizados na conta financeira, mas sim no balanço de rendas, pois juro é uma 
remuneração de fator de produção (é uma renda). A amortização de um empréstimo, por outro 
lado, é contabilizada na conta financeira. 
 
G) Erros e Omissões 
 
Na prática, sempre haverá transações que, por motivos diversos, não serão contabilizadas pelos 
órgãos/instituições oficiais (transações ilícitas, ocultas, etc). Nesse sentido, ao final da 
contabilização haverá ajustes a serem realizados, que são justamente os erros e omissões. Na 
grande maioria das questões de prova, este saldo é omitido, situação em que devemos 
considerá-lo nulo. 
 
H) SALDO DO BALANÇO DE PAGAMENTOS 
 
É dado pela soma do saldo em conta corrente MAIS conta capital e financeira MAIS erros e 
omissões. 
 
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Quando o saldo do BP é positivo, esse superávit provoca aumenta na quantidade de meios de 
pagamento internacionais disponíveis ao país. Quando o saldo é negativo, há redução de meios 
disponíveis. 
 
 
 
I) VARIAÇÃO DAS RESERVAS INTERNACIONAIS 
 
 
O saldo da variação das reservas internacionais sempre iguala, com o sinal trocado, o saldo do 
balanço de pagamentos6. Quando o saldo do BP é negativo, esse déficit deve ser compensado 
com a entrada de meios de pagamento internacionais. 
 
Estes meios de pagamento internacionais são, em grande maioria, compostos por divisas 
(moeda estrangeira ou dólares americanos). No entanto, podemos ter vários meios de 
pagamentos internacionais aceitos (além da moeda americana), desde que sejam meios de 
pagamento bastante líquidos. 
 
Aゲゲキマが ヮラSWマラゲ IラミゲキSWヴ;ヴ Iラマラ さヴWゲWヴ┗;ゲ キミデWヴミ;Iキラミ;キゲざが ;ノYマ Sラ Wゲデラケ┌W SW Sキ┗キゲ;ゲ ふマラWS; 
estrangeira): 
 
 Os títulos externos de curto prazo, ou seja, títulos aplicados no mercado internacional 
que podem ser resgatados imediatamente para realizar pagamentos do país (possuem 
liquidez praticamente igual àquela do estoque de divisas). 
 
 O Ouro monetário: é o ouro em poder da Autoridade Monetária e que é aceito como 
meio de pagamento entre os países. Vale destacar que esse é um ouro em poder da 
Autoridade Monetária. Por tal motivo, dizemos que é um ouro monetizado (tem função 
de moeda), sendo diferente do ouro encontrado em joalherias, por exemplo, utilizado 
para fins comerciais. Nesse caso, temos um ouro não monetário, que não possui função 
de moeda e não é e nem pode ser utilizado como meio de pagamento oficial. 
 
 Reservas no FMI: os recursos disponíveis no caixa do FMI são oriundos de vários países. 
Desta forma, a quantidade de dinheiro que cada país deixa depositado naquele fundo 
corresponde às suas reservas no FMI. Vale ressaltar que o dinheiro que fica depositado 
no FMI integra os recursos disponíveis do país depositante. O dinheiro está no caixa do 
fundo para que este empreste para qualquer país do mundo, mas se o país depositante 
precisar do dinheiro, ele poderá sacar sem incorrer em empréstimos (não pagará juros). 
Nesse sentido, se, por exemplo, o Brasil deposita alguma quantidade de divisas e depois 
decide sacar o valor, tal saque não é considerado empréstimo, pois os recursos 
pertenciam ao Brasil. Por outro lado, se o Brasil decide sacar um valor acima da 
quantidade inicial que ele havia depositado, o valor a maior é considerado um 
 
6 Quando isto não ocorre, é indicação que houve erro na contabilização das transações, que será lançado na conta 
ERROS E OMISSÕES para que os saldos do BP e da Variaçãodas Reservas Internacionais sejam iguais com o sinal 
trocado. 
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empréstimo, denominado empréstimo de regularização, que geralmente é realizado 
quando há déficits no saldo total do BP (este empréstimo de regularização é 
contabilizado na conta financeira, e não em variação das reservas internacionais). 
 
 
 
 Transferências líquidas de recursos e hiato de recursos 
 
 
 Transferências líquidas de recursos (TLR) representam o excesso de exportações (X) sobre as 
importações (M) de bens e serviços. Assim, TLR = X に M. 
 
 
 Se o país exportou 100 e importou 30, significa que houve transferência líquida de recursos no valor 
de 70. Ou seja, o país teve um excedente de produção (produção que não foi consumida internamente) 
que foi transferido para o resto do mundo. Note que, neste conceito, quando falamos em recursos, 
estamos falando, na verdade, de bens e serviços transferidos e não em dinheiro/moeda transferido(a). 
 
 Hiato de recursos é a situação em que a TLR é negativa. Por exemplo, se o país importou 100 e 
exportou 80, isto significa que a produção interna foi insuficiente, sendo necessário importar bens e 
serviços. Isto é, houve hiato de recursos no valor de 20 (100 に 80). Assim, hiato de recursos = M に X. 
 
1.3.2. Metodologia de estruturação do novo BP (BPM6) 
 
 Segue abaixo agora a estrutura da metodologia do Balanço de Pagamentos, conforme 
BPM6: 
 
 
DISCRIMINAÇÃO 
A) BALANÇA COMERCIAL 
 Exportações (FOB) 
 Importações (FOB) 
 B) SERVIÇOS 
 Serviços de manufatura 
 Serviços de manutenção e reparo 
 Transportes 
 Viagens internacionais 
 Construção 
 Seguros 
 Serviços financeiros 
 Serviços de propriedade intelectual 
 Telecomunicação, computação e informações 
 Aluguel de equipamentos 
 Outros serviços de negócio 
 Serviços culturais, pessoais e recreativos 
 Serviços governamentais 
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C) RENDA PRIMÁRIA 
 Remuneração do fator trabalho (salários e ordenados) 
 Rendas de investimentos 
 Rendas de investimentos diretos (lucros, dividendos e juros) 
 Rendas de investimentos em carteira (juros) 
 Rendas de outros investimentos (juros) 
 Ativos de reserva 
D) RENDA SECUNDÁRIA 
Renda gerada em uma economia e distribuída para outra. 
Movimento de transferências unilaterais na forma de bens e moeda. 
E) SALDO EM CONTA CORRENTE/TRANSAÇÕES CORRENTES 
TC = A + B + C + D 
F) CONTA CAPITAL E FINANCEIRA (CAPITAIS AUTÔNOMOS) 
F.1) CONTA CAPITAL 
F.2) CONTA FINANCEIRA 
 Investimentos diretos no exterior 
- Participação no Capital e cotas em fundos 
- Dívida Intercompanhia 
 Investimento direto no país (oriundos de outros países) 
- Participação no capital e cotas em fundos 
- Dívida Intercompanhia 
 Investimentos em carteira に Ativos e Passivos 
- Ações e cotas em fundos 
- Títulos de Renda Fixa 
 Derivativos (Ativos e Passivos) 
 Outros investimentos (Ativos e Passivos) 
- Moedas e Depósitos 
- Empréstimos 
- Créditos comerciais e adiantamentos 
- Demais 
 Ativos de Reserva 
G) ERROS E OMISSÕES 
 
 
Um dos principais objetivos do BPM6 foi adequar a nomenclatura do BP ao Sistema de Contas 
Nacionais (SNA - System of Nacional Accounts). 
 
Vejamos as principais alterações: 
 
B) Balança de Serviços 
 
Conforme o BPM6, seguindo metodologia das Contas Nacionais, os pagamentos e recebimentos 
de juros incluem, além da remuneração do capital, a cobrança implícita de um serviço 
financeiro. Assim, uma mudança relevante apresentada no BPM6 é que uma parcela do que é 
classificado na conta de juros, no padrão BPM5, deverá ser reclassificada para uma conta de 
serviços. No modelo BPM5 era integralmente classificado na Balança de Rendas. Esta alteração, 
entretanto, não afeta resultado de transações correntes, uma vez que tanto a Balança de 
Serviços como a antiga Balança de Rendas está dentro da Balança de Transações Correntes. 
 
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C) Renda Primária 
 
Esta é a antiga Balança de Rendas, conforme versão do BPM5. Esta foi apenas uma alteração de 
nomenclatura. 
 
N;à ミラ┗;à マWデラSラノラェキ;がà デWマラゲà Wマà さヴWミS;ゲà ヮヴキマ=ヴキ;ゲざà ラà Wミ┗キラっヴWIWHキマWミデラà S;ゲà seguintes 
remunerações de fatores de produção: salários/ordenados, juros, dividendos e lucros. 
 
D) Renda Secundária 
 
Trata-se da antiga conta de Transferências Unilaterais. Da mesma forma que o item anterior, 
trata-se apenas de mudança de nomenclatura. 
 
F.1 Conta Capital 
 
Na conta de capital passaram a figurar as transações envolvendo compra e venda de ativos não 
financeiros não produzidos, e transferências de capital. As transferências de migrantes deixam 
de ser entendidas como transação, posto que não há transferência de propriedade econômica 
de bens ou direitos entre um residente e um não residente, e, portanto, não compõem mais o 
BP. 
 
 
F.2 Conta Financeira 
 
Aqui uma alteração importante que pode ser cobrada em prova. A conta de variação de 
reservas, que Iラミゲデ;┗;àS;à┎ノデキマ;àノキミエ;àSラàBPMヵがàヮ;ゲゲ;à;àゲWヴàSWミラマキミ;S;àSWàさáデキ┗ラゲàSWàヴWゲWヴ┗;ざà
e é incorporada à Conta Financeira. Deixa de ser, assim, meramente uma conta de ajuste final 
do BP. 
 
N;à ┎ノデキマ;à ノキミエ;à Sラà BPMヵà エ;┗キ;à ;à さVARIAÇÃO DAS RESERVAS INTERNACIONAISざが que 
representava com o sinal trocado, o saldo do balanço de pagamentos. No BPM6, entretanto, 
Iラマà ;à キミIラヴヮラヴ;N?ラà SWゲデ;à Iラミデ;à <à Cラミデ;à Fキミ;ミIWキヴ;がà Iラマà ラà ミラマWà SWà さáデキ┗ラゲà SWà ヴWゲWヴ┗;ざがà ;à
última linha do BPM5 foi excluída e o saldo do balanço de pagamentos passou a ser zero, pois 
aquele saldo que era mostrado em separado na última linha passou a integrar a Conta 
Financeira. Perceba que esta é uma mudança apenas na disposição e nomenclatura de contas, 
pois o valor que era dado anteriormente como saldo final do balanço apenas foi realocado para 
dentro da conta financeira, fazendo com que a soma de todas as contas do BP seja igual a zero. 
 
Com um exemplo fica mais fácil de entender esta modificação. Segue abaixo o Balanço de 
Pagamentos de 2014, conforme as duas metodologias: 
 
 
Balanço de pagamentos 2014 に Metodologia nova e antiga (em US$ milhões) 
CONTAS ANTIGA BPM5 NOVA BPM6 
Transações Correntes (91.288) (104.835) 
Balança Comercial (3.959) (6.248) 
Exportações 225.101 224.645 
Importações 229.060 230.893 
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Serviços (48.928) (48.456) 
Renda Primária (40.323) (52.167) 
Renda Secundária/Trans. Unilaterais 1.922 2.036 
Conta Capital 590 231 
Conta Financeira (97.809) (100.360) 
Investimento direto (66.035) (70.831) 
Investimento direto no país 62.495 96.851 
Investimento direto no exterior (3.540) 26.020 
Investimento em carteira (30.691) (37.892) 
Investimento em carteira に passivos 33.531 40.732 
Investimento em carteira に ativos 2.840 2.840 
Empréstimos e Títulos de Médio e Longo Prazo (liq.) (20.208) (19.702) 
Outros capitais 19.125 17.233 
Ativos de reserva - 10.833* 
Erros e omissões 3.722 4.244 
Variações de reservas 10.833* - 
 Fonte: BCB. Elaboração: Ipea/Dimac/Gecon. 
 
Observe que a conta Ativos de reserva apresenta saldo igual a Variações de reservas 
internacionais (10.833). Este valor que antes constava como saldo do BP no BPM5 foi 
incorporado pela conta financeira no BPM6, fazendocom que o saldo BP seja zero de acordo 
com a nova metodologia. 
 
 
1.4. Exemplos de lançamentos (não ignore este item!) 
 
 Seguem agora alguns exemplos de lançamentos para que você se familiarize com a sistemática, que 
é a mesma adotada na contabilidade geral. Nos lançamentos, apresentaremos a nomenclatura antiga e 
nova do BP. Seguiremos a ordem apresentada na explanação da estrutura do BP. 
 
 Atente para o fato de que fazemos inicialmente o lançamento na conta do fato gerador (conta 
operacional) e a respectiva contrapartida será, na maioria dos casos, na conta caixa (reservas ou haveres), 
ou ativos de reservas (BPM6). Pedimos ao aluno que tenha atenção nos lançamentos em que a 
contrapartida não se dá na conta caixa/reservas/haveres (ativos de reserva). Por tal motivo, são 
lançamentos com maior probabilidade de caírem em prova. 
 
 Ademais, não decore nada, pois tal esforço geralmente é infrutífero. Prefira raciocinar logicamente, 
de modo que você aprenda como proceder aos lançamentos. Sugiro que, antes de ver qual o lançamento 
correto, tente você mesmo fazê-lo e, depois, veja se você estava ou não correto. 
 
 
1) Balança comercial - Exportação de mercadorias 
 
Uma empresa brasileira exporta mercadorias no valor de 50 e recebe em moeda estrangeira. Em 
primeiro lugar, houve transação entre residente e não residente, devendo, portanto, impactar o BP. 
Sempre que há exportação, a empresa brasileira (residente) receberá receita. Desta forma, entrará 
recursos no Brasil. Essa entrada de recursos será lançada a crédito na conta do fato gerador (que é conta 
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operacional に Exportações). Ao mesmo tempo, haverá uma contrapartida na conta caixa: ela será debitada7 
no mesmo valor. Segue o lançamento: 
 
C Balança comercial (exportações) 50 
D Reservas (ativos de reserva no BPM6) 50 
 
O débito no valor de 50 na conta caixa/reservas (ativos de reserva) indica que houve aumento das 
reservas internacionais do Brasil neste mesmo valor 
 
2) Balança comercial - Importação de mercadorias 
 
Uma empresa brasileira importa equipamentos no valor de 5, enviando o pagamento em dinheiro. 
Como a importação gera uma saída de dinheiro, temos que debitar a conta Importações. A contrapartida 
será o crédito na conta Reservas. Veja que, igualmente ao que ocorre na contabilidade geral, quando 
temos saída de dinheiro do caixa, o lançamento é a crédito da conta caixa. Segue o lançamento: 
 
D Balança comercial (importações) 5 
C Reservas (ativos de reserva no BPM6) 5 
 
O crédito no valor de 5 indica que houve redução do saldo das reservas internacionais do país 
(ativos de reserva) no mesmo valor. 
 
3) Balança de serviços 
 
Um turista brasileiro paga a diária de um hotel em Nova York no valor de 1. Neste caso, devemos 
debitar o balanço de serviços (pois representou saída de divisa) e, em contrapartida, creditar a conta caixa 
(quando sai dinheiro da conta caixa, a mesma é creditada). Veja o lançamento: 
 
D Serviços (viagens internacionais) 1 
C Reservas (ativos de reserva) 1 
 
4) Balança comercial e de serviços 
 
Uma empresa brasileira importou uma máquina no valor de 10, sendo que, além disso, deve pagar 
1 de frete e 1 de seguros. Neste caso, registramos o valor da máquina na balança comercial e os valores de 
fretes e seguros na balança de serviços, uma vez que na balança comercial registramos o bem pelo critério 
FOB, isto é, sem considerar custos com fretes e seguros. Veja o lançamento: 
 
D Balança comercial (importações) 10 
D Balança de serviços (frete) 1 
D Balança de serviços (seguro) 1 
C Reservas (ativos de reserva no BPM6) 12 
 
 
7 Lembre, mais uma vez, que quando há entrada de dinheiro, a conta caixa/reservas/haveres é debitada, seguindo o 
mesmo raciocínio da contabilidade geral. 
 
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 Veja que esta operação alterou os saldos da balança comercial (redução de 10), da balança de 
serviços (redução de 2) e das reservas internacionais (redução de 12). 
 
5) Balanço de rendas (Renda primária no BPM6) 
 
Uma empresa brasileira contraiu empréstimos junto a um banco estrangeiro e, nesta operação, 
está pagando juros no valor de 5. Em primeiro lugar, já sabemos que juro é remuneração de um fator de 
produção, logo, é uma renda. Assim, tal operação deve ser contabilizada no balanço de rendas. Como 
houve pagamento de juros (envio de divisas), haverá débito no balanço de rendas e crédito na conta caixa 
(crédito em reservas). Veja: 
 
D Balanço de rendas (Renda primária no BPM6) (juros) 5 
C Reservas (Ativo de reserva no BPM6) 5 
 
6) Balanço de rendas (Renda primária no BPM6) 
 
Uma empresa brasileira, com várias filiais ao redor do mundo, recebe lucros de uma de suas filiais 
no exterior no valor de 3. Lucro é remuneração de fator de produção, logo, é uma renda. Assim, tal 
operação deve ser contabilizada no balanço de rendas. Como houve recebimento de lucros (recebimento 
de divisas), haverá crédito no balanço de rendas e débito na conta caixa (crédito em reservas). Veja: 
 
C Rendas (Renda primária no BPM6) (lucros) 3 
D Reservas (Ativo de reserva no BPM6) 3 
 
7) Balanço de rendas (Renda primária no BPM6) 
 
Uma empregada doméstica que trabalha na embaixada do Iraque lá em Brasília recebe o seu salário 
no valor de 2. Em primeiro lugar, há uma transação entre residente (empregada doméstica) e não 
residente (embaixada do Iraque, tendo em vista seu centro de interesse não ser o Brasil), logo, deve ser 
contabilizada no BP. Segundo, salário é remuneração de fator de produção (é uma renda). Com efeito, é 
contabilizada no balanço de rendas. Assim, segue o lançamento: 
 
C Balanço de rendas (Renda primária no BPM6) (salários) 2 
D Reservas (Ativo de reserva no BPM6) 2 
 
8) Transferências unilaterais (Renda secundária no BPM6) 
 
Um dekassegui8 envia dinheiro para sua família que reside no Brasil, no valor de 1. 
 
C Transferências unilaterais correntes (renda secundária) 1 
D Reservas (Ativo de reserva) 1 
 
9) Transferências unilaterais (Renda secundária no BPM6) 
 
 
8 Brasileiro com descendência japonesa que trabalha no Japão. 
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Um dekassegui envia, via correio, aparelhos IPODs para sua família que reside no Brasil, no valor de 
3. Aqui, temos uma situação especial. O recebimento de IPODs será registrado normalmente, isto é, 
contabilizaremos um crédito em transferências unilaterais correntes. No entanto, a contrapartida não será 
na conta caixa/reservas, tendo em vista o país não ter recebido meios de pagamento internacionais 
(divisas, haveres no exterior, ouro monetário, に ver letra I do item 1.3.1). Como o recebimento foi na forma 
de bens, a contrapartida será um débito na conta importações. Assim, segue o lançamento: 
 
C Transferências unilaterais correntes (renda secundária) (IPODs) 3 
D Balança comercial (importações) 3 
 
Veja que esse lançamento tem regramento diferente daquilo que vimos até aqui. Isso ocorre pelo 
fato da transferência ter sido realizada na forma de bens, e não na forma de meios de pagamento 
internacionais. Desta feita, podemos inferir duas importantes conclusões acerca desta operação. 
 
Primeiro, ela não altera o saldo de transaçõescorrentes (há uma redução na BC e um aumento, no 
mesmo valor, nas TUs). Por conseguinte, não há alteração no saldo total do BP, nem na variação das 
reservas internacionais. 
 
Segundo, a operação, apesar de originariamente não ser uma importação ou exportação, reduz o 
saldo da balança comercial. Fique atento a este tipo de lançamento. 
 
 
10) Conta financeira 
 
Um brasileiro decide comprar uma casa de veraneio em Miami, no valor de 8, pagando em divisas. 
 
D Conta financeira (investimento direto) 8 
C Reservas (Ativos de reserva no BPM6) 8 
 
Veja que a compra de imóvel é considerada um investimento direto. Se a compra fosse de algum 
bem móvel, de consumo, o débito seria na conta importações. 
 
11) Conta financeira 
 
 Um brasileiro decide comprar uma casa de veraneio em Miami, no valor de 8, pagando o imóvel 
com ações da Microsoft negociadas na bolsa de valores de Nova York. 
 
 
D Conta financeira (investimento direto) 8 
C Conta financeira (investimentos em carteira) 8 
 
Neste caso, o pagamento não foi realizado com meios de pagamento internacionais, logo, a 
contrapartida não será na conta reservas. 
 
12) Conta financeira 
 
Um empresário europeu decide comprar ações da Petrobrás no valor de 10. 
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C Conta financeira (investimentos em carteira) 10 
D Reservas (Ativos de reserva) 10 
 
13) Conta financeira 
 
A Hyundai Motors decide abrir uma fábrica no Brasil. Tal fábrica consumirá um investimento de 20. 
 
C Conta financeira (investimento direto) 20 
D Reservas (Ativos de reserva no BPM6) 20 
 
14) Conta financeira 
 
Uma empresa brasileira, em dificuldades financeiras, decide contrair um empréstimo junto a um 
banco da Suíça, no valor de 6. 
 
C Conta financeira (empréstimos) 6 
D Reservas (Ativos de reserva no BPM6) 6 
 
15) Conta financeira 
 
Uma empresa brasileira decide, em uma operação, amortizar parte do empréstimo tomado no 
passado e pagar juros nos valores, respectivamente, de 4 e 1. 
 
D Conta financeira (amortizações) 4 
D Balanço de rendas (renda primária no BPM6) (juros) 1 
C Reservas (Ativos de reserva noBPM6) 5 
 
Veja que as operações de amortização e pagamento de juros são contabilizadas em contas distintas. 
O pagamento de juros é contabilizado no balanço de rendas, uma vez que juro é renda ou remuneração de 
fator de produção. Já a amortização é contabilizada na conta financeira. 
 
16) Conta financeira 
 
OàBヴ;ゲキノàWゲデ=àIラマàSキaキI┌ノS;SWゲàSWàさaWIエ;ヴざàミラàヮラゲキデキ┗ラàラàゲ;ノSラàSラàBPくàáケがà;ゲà;┌toridades monetárias 
decidem aumentar as taxas de juros a fim de atrair capital externo. Após o aumento das taxas de juros 
internas, os investidores internacionais decidem adquirir títulos no Brasil no valor de 10. 
 
 
C Conta financeira (outros investimentos) 10 
D Reservas (Ativos de reserva no BPM6) 10 
 
17) Conta financeira 
 
Uma filial da Pirelli no Brasil aufere lucros no valor de 5. No entanto, em vez de enviar tais lucros à 
matriz, localizada na Itália, decide reinvestir os lucros aqui no Brasil. 
 
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C Conta financeira (reinvestimento) 5 
D Balanço de rendas (renda primária) (lucros reinvestidos) 5 
 
Caso os lucros fossem simplesmente enviados, teríamos lançamento semelhante ao do exemplo 6 
(com contrapartida na conta reservas). Mas, nesse caso, como o lucro foi reinvestido, a contrapartida não 
será na conta reservas, mas sim na conta financeira (reinvestimento). Por fim, note que a operação não 
alterou o saldo total do BP, nem a variação das reservas internacionais. 
 
18) Conta financeira 
 
O Brasil, possuidor de excelente nível de reservas internacionais, decide emprestar dinheiro ao 
governo dos EUA, em dificuldades financeiras. O empréstimo foi no valor de 20. 
 
C Reservas (Ativos de reserva) 20 
D Conta financeira (outros investimentos に empréstimos) 20 
 
 Bem, acredito que, com estes exemplos, você já tenha entendido a sistemática dos lançamentos, 
certo?! Então, prossigamos com a matéria. 
 
 
1.5. Crise cambial 
 
Crise cambial é uma situação tal em que um país não possui meios de pagamento internacionais 
para pagar seus compromissos junto aos não residentes (mercado externo). 
 
Por exemplo, quando importamos uma mercadoria dos EUA, em teoria, ocorre o seguinte: nós 
pagamos a mercadoria em R$, esses R$ são entregues ao Banco Central; este, por sua vez, deve entregar 
US$ para a autoridade monetária dos EUA, para que esta entregue os US$ à empresa que vendeu a 
mercadoria ao brasileiro (pessoal, em teoria, é assim que funciona, ok?!). 
 
Outro exemplo: quando uma empresa brasileira tem que pagar um empréstimo contraído ou enviar 
pagamentos de juros, ocorre o seguinte (na teoria!): a empresa brasileira deve adquirir US$ para realizar os 
pagamentos (o credor não receberá os pagamentos em R$), então, ela entrega R$ ao Banco Central e 
recebe US$, para que estes sejam entregues aos credores no mercado externo. 
 
Pois bem, se o Banco Central dispuser de US$ (que é uma divisa, isto é, um meio de pagamento 
internacional) em caixa, ele poderá honrar estas operações sem problemas. Caso não possua US$ em caixa, 
;ケがàデWマラゲà┌マ;àIヴキゲWàI;マHキ;ノくàNWゲデWゲàI;ゲラゲがàラàヮ;ケゲàSW┗WàS;ヴàさラàゲW┌àテWキデラざàヮ;ヴ;àエラミヴ;ヴàラゲàIラマヮヴラマキゲゲラゲくàEノWà
poderá pedir empréstimos à comunidade internacional (ao FMI, por exemplo), poderá declarar moratória9 
ou adotar medidas que visam atrair a entrada de divisas. 
 
9 Moratória é a suspensão do pagamento dos compromissos. As consequências de tal medida geralmente não são 
Hラ;ゲがàヮラキゲàラàヮ;ケゲàaキI;àIラマà;àさaキIエ;àゲ┌テ;ざàミラàマWヴI;SラàキミデWヴミ;Iキラミ;ノくà“Wヴ=àSキaケIキノがàミラàa┌デ┌ヴラがà;ヴヴ┌マ;ヴàキミ┗WゲデキSラヴWゲàラ┌à;デYà
mesmo realizar acordos financeiros ou comerciais. 
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Para atrair a entrada de divisas, o país poderá adotar principalmente, por exemplo: 
 
 Política de estímulo às exportações: quando uma empresa brasileira exporta, ela recebe em divisas 
(moeda estrangeira). Assim, deverá entregar essa divisa ao Banco Central para receber R$ (afinal, 
a empresa brasileira, estando no Brasil, precisa de R$ e não de divisas). Veja que, deste modo, 
haverá elevação das reservas internacionais. 
 
 Aumento das taxas de juros: este foi e vem sendo o expediente predileto das autoridades 
brasileiras. Quando a taxa de juros interna é alta, os investidores são estimulados a investir no 
Brasil (uma vez que os retornos para eles serão maiores). Desta feita, entrarão divisas na 
economia brasileira e isso aumentará as reservas internacionais. O ponto negativo de tal medida é 
que, no futuro, tais investimentos estrangeiros aumentam o endividamento que deverá ser pago 
no futuro (o endividamento gera impactos negativos sobre o balanço de rendas no futuro, devido 
aos pagamentos de juros que deverão ser realizados). Enfim, o aumento da taxa de juros visa a 
soluções de curto prazo. 
 
......... 
 
 
2. A TAXA E OS REGIMES DE CÂMBIO 
 
2.1. Conceito e generalidades 
 
 A taxa de câmbio é o preço, em moeda nacional10, de uma unidade de moeda estrangeira. Em 
outras palavras, a taxa de câmbio é o preço de uma moeda em termos de outra. Obviamente, há pelo 
menos tantas taxas de câmbio quanto moedas estrangeiras. Contudo, a expressão taxa de câmbio 
geralmente indica o preço de uma moeda internacional de referência que, no caso brasileiro,é o dólar 
norte-americano. Assim, quando falamos que um dólar norte-americano vale R$ 2,00, já estamos 
expressando a taxa de câmbio entre as duas moedas: 
 
US$ 1,00 = R$ 2,00 
 
 
 
10 Este é o conceito utilizado no Brasil, conhecido por cotação do incerto, onde se precifica 01 unidade da moeda 
internacional em valores da moeda nacional. Exemplo de cotação do incerto: US$ 1,00 = R$ 1,80. Exemplo de 
cotação do certo, que não é utilizada no Brasil: R$ 1,00 = US$ 0,56. Para questões de prova, utilize a cotação do 
incerto, mesmo que nada seja dito. 
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 Antes de falarmos do comportamento da taxa de câmbio, devemos aprender algumas noções bem 
rudimentares de demanda (procura) e oferta de um bem. Demanda é a procura de um bem qualquer. 
Oferta é o quantum do bem que está disponível no mercado. 
 
O que precisamos guardar mais especificamente é o seguinte: sempre quando a demanda 
(procura) de um bem aumenta, o preço deste bem também aumenta (isso é algo que qualquer um sabe, 
mesmo sem estudar economia!). Sempre quando a oferta de um bem aumenta, o preço deste bem 
diminui. 
 
Sendo a taxa de câmbio um preço de um bem (preço da divisa, ou preço da moeda estrangeira), ela 
será influenciada pela oferta e demanda de divisas (moeda estrangeira). Assim, ela segue o mesmo 
comportamento de qualquer bem: se aumentar a demanda (procura) dessa divisa, aumenta o valor dessa 
divisa (=aumento da taxa de câmbio). Ao mesmo tempo, o aumento do valor da divisa é o mesmo que dizer 
que há desvalorização da moeda nacional11. Por outro lado, se aumenta a oferta da divisa, diminui o valor 
dessa divisa (=redução da taxa de câmbio=valorização da moeda nacional12). 
 
Notaぎàミラヴマ;ノマWミデWがàケ┌;ミSラàミラゲàヴWaWヴキマラゲà<àマラWS;がà┌デキノキ┣;マラゲàラゲàデWヴマラゲàさ┗;ノラヴキ┣;N?ラっ;ヮヴWIキ;N?ラざà
ラ┌à さSWゲ┗;ノラヴキ┣;N?ラっSWヮヴWIキ;N?ラざくà Q┌;ミSラà ミラゲà ヴWaWヴキマラゲà <à デ;┝;à SWà I>マHキラがà utilizamos os termos 
さ;┌マWミデラざà ラ┌à さヴWS┌N?ラざくà Nラà Wミデ;ミデラがà WマHラヴ;à ミ?ラà ゲWテ;à Iラマ┌マがà ;キミS;à ヮラSWマà ;ヮ;ヴWIWヴà ラゲà ゲWェ┌キミデWゲà
termos: desvalorização/valorização da taxa de câmbio. Neste caso, entenda que estamos falando em 
desvalorização/valorização da moeda. Assim: 
 
Aumento da taxa de câmbio = desvalorização da moeda nacional = desvalorização da taxa de câmbio 
 
Redução da taxa de câmbio = valorização da moeda nacional = valorização da taxa de câmbio 
 
...... 
 
Bem, já entendemos que o que determina a taxa de câmbio (preço da moeda estrangeira ou divisa) 
é a demanda e a oferta de divisas. Agora vamos ver os determinantes da demanda e da oferta de divisas. 
 
 
2.2. Oferta de divisas 
 
A oferta de divisas depende basicamente: 
 
 
11 Se a taxa de câmbio aumenta (por exemplo, vai de US$ 1,00 = R$ 2,00 para US$ 1,00 = R$ 3,00), precisamos de 
mais R$ para comprar US$ 1,00. Desta feita: aumento da taxa de câmbio = desvalorização da moeda nacional = 
valorização da moeda estrangeira. 
12 Se a taxa de câmbio diminui (por exemplo, vai de US$ 1,00 = R$ 2,00 para US$ 1,00 = R$ 1,00), precisamos de 
menos R$ para comprar US$ 1,00. Desta feita: redução da taxa de câmbio = valorização da moeda nacional = 
desvalorização da moeda estrangeira. 
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 Do volume de exportações, uma vez que as moedas estrangeiras recebidas pelas vendas externas 
têm que ser trocadas por moeda nacional; e 
 
 Da entrada de capitais externos13, que também precisam ser trocados por moeda nacional. 
 
Nestas operações, haverá entrada de divisas. Quando um exportador vende sua mercadoria no 
mercado internacional, o importador estrangeiro dessa mercadoria, ao pagar pelo produto, remete divisas 
ao Brasil, que fica com os dólares. Percebe-se que a venda externa gerou oferta de divisas (chegaram 
dólares ao país exportador). Quando há entrada de capitais externos, também temos entrada de divisas, 
aumentando a oferta das mesmas. Vejamos agora o que determina o nível das exportações e da entrada 
de capitais externos: 
 
As exportações serão função da renda do resto do mundo e do nível de preços internos e externos: 
 
a) Quanto maior a renda do resto do mundo, maior tende a ser o nível das exportações e da 
oferta de divisas. Assim, caso o resto do mundo esteja com a economia aquecida (com 
crescimento econômico), a tendência é que o nível das exportações aumente, aumentando, 
portanto, a oferta de divisas (provocando desvalorização da moeda estrangeira14, valorização da 
moeda nacional, redução da taxa de câmbio). 
 
b) Quando os preços externos são maiores que os preços internos (PEXT > PINT), as empresas 
nacionais preferirão vender seus produtos no mercado externo, onde auferirão maiores lucros. 
Assim, quando PEXT > PINT, então, o nível de exportações tende a ser maior, aumentando, por 
conseguinte, a oferta de divisas. 
 
A entrada de capitais externos será função do comparativo entre as taxas de juros internas e 
externas: 
 
a) Quando as taxas de juros internas são maiores que as taxas externas (JINT > JEXT), os investidores 
internacionais preferirão colocar seu dinheiro no mercado interno, onde auferirão maiores 
lucros. Assim, quando JINT > JEXT, então, haverá entrada de capitais externos, aumentando, por 
conseguinte, a oferta de divisas. 
 
 
 2.3. A demanda de divisas 
 
 A demanda de divisas, por sua vez, depende: 
 
 
13 Quando um capital externo entra no país, ele deve ser trocado por moeda nacional, a fim de que seja possível ao 
agente externo realizar transações (comprar títulos, aplicar no mercado financeiro, realizar investimentos, etc). 
 
14 Lembre que o aumento da oferta de um bem provoca redução no valor deste bem. Pense na divisa (moeda 
estrangeira) como um bem qualquer. 
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 Do volume de importações, uma vez que os importadores nacionais necessitam de moeda 
estrangeira para pagar suas compras realizadas em outros países; e 
 
 Da saída de capitais externos, sob a forma de amortizações de empréstimos, pagamento de juros 
da dívida externa, fuga de investidores estrangeiros, investidores nacionais querendo investir em 
outros países, etc. 
 
Nestas operações, haverá saída de divisas. Quando um importador compra uma mercadoria no 
mercado internacional, ele, obrigatoriamente, necessitará de divisas para pagar pelo produto. Percebe-se, 
então, que essa operação aumenta a demanda de divisas. Também, quando há saída de capitais externos, 
temos aumento da demanda de divisas, uma vez que os investidores necessitarão trocar seus 
investimentos por moeda estrangeira e sair com o dinheiro do Brasil (afinal, eles querem sair do Brasil com 
US$ na mão, e não com R$; de tal forma que a saída de capitais externas aumenta a demanda por US$). 
Vejamos agora o que determina o nível das importações e da saída de capitais externos: 
 
As importações serão função da renda interna e do nível de preços internos e externos: 
 
a) Quanto maior a renda interna (ou PIB), maior tende a ser o nível das importações e da 
demanda de divisas15. Assim, caso o país esteja com a economia aquecida (com crescimento 
econômico), a tendência é que o nível das importações aumente, aumentando,portanto, a 
demanda de divisas (provocando valorização da moeda estrangeira16, desvalorização da moeda 
nacional, aumento da taxa de câmbio). Por isso, podemos dizer que o crescimento econômico 
de um país tende a deteriorar o saldo da balança comercial (pois há aumento das importações). 
Medidas que provoquem recessão na economia (redução da renda interna) melhoram o saldo 
da balança comercial. 
 
b) Quando os preços internos são maiores que os preços externos (PINT > PEXT), os consumidores 
nacionais preferirão comprar seus produtos do mercado externo. Em outras palavras, preferirão 
importar os produtos, tendo em vista os preços menores no exterior. Assim, quando PINT>PEXT, 
então, o nível de importações tende a ser maior, aumentando, por conseguinte, a demanda 
de divisas. 
 
A saída de capitais externos será função do comparativo entre as taxas de juros internas e externas: 
 
a) Quando as taxas de juros externas são maiores que as taxas internas (JEXT>JINT), os investidores 
internacionais preferirão manter seu dinheiro no mercado externo e, ao mesmo tempo, os 
investidores que estão no Brasil preferirão colocar seu capital no exterior, onde auferirão 
maiores lucros. Para realizar investimentos no exterior, esses investidores precisam trocar seus 
R$ por divisas. Assim, quando JEXT>JINT, então, haverá saída de capitais externos, aumentando, 
por conseguinte, a demanda de divisas. 
 
 
15 Muito cuidado, pois a afirmação é a seguinte: quanto maior o PIB (ou renda), maior será o nível de 
importações. Entretanto, o raciocínio inverso não é verdade. Ou seja, o maior nível de importações não 
implica maior PIB ou renda. 
 
16 Lembre que o aumento da demanda de um bem provoca aumento no valor deste bem. 
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2.4. REGIMES CAMBIAIS 
 
2.4.1. Regime de câmbio fixo 
 
 No regime de câmbio fixo, a taxa cambial é determinada pelo BACEN. Ou seja, o BACEN se 
compromete a comprar e a vender divisas a um preço fixado por ele. Veja que a taxa não é fixada por uma 
さI;ミWデ;S;ざàSラàBáCENがà キゲゲラàミ?ラàW┝キゲデWぁàN;à┗WヴS;SWがàラàBáCENà;デ┌;ヴ=àno mercado comprando e vendendo 
moeda estrangeira (alterando a oferta e a demanda), de forma que o preço da divisa (taxa de câmbio) seja 
aquele que ele determinou. 
 
Veja que, neste caso, onde a taxa é fixa, o BACEN representa uma importante força demandante ou 
ofertante de divisas, além daquelas que vimos nos itens 2.2 e 2.3. 
 
 Vale destacar que taxa fixa não é sinônimo de taxa permanente. Um país pode adotar regime fixo e 
alterar a taxa diariamente, semelhante ao que ocorreu com o Brasil na véspera do Plano Real (a taxa do 
cruzeiro real era fixa, porém a moeda era desvalorizada constantemente に quase diariamente に pelo 
BACEN). 
 
 A vantagem desse sistema é facilitar a tomada de decisões dos agentes financeiros. Devemos notar, 
entretanto, que, nesse regime cambial, o BACEN deve possuir moeda estrangeira em volume suficiente 
para fazer face a uma situação de excesso de demanda pela moeda estrangeira à taxa estabelecida に 
quando houver déficit no BP. Deve também estar preparado para adquirir qualquer excesso de moeda 
estrangeira に superávit no BP -, aceitando, assim, a perda de graus de liberdade na condução da política 
monetária. 
 
 Quando a taxa é fixa, quando o BACEN desvaloriza a moeda nacional (aumentar a taxa de câmbio), 
há significativa contribuição para o ajuste do BP. Ao desvalorizar a moeda nacional, há estímulo para as 
empresas venderem os produtos no exterior e há desestímulo para os consumidores domésticos 
comparem os produtos do exterior. Assim, ao desvalorizar a moeda nacional, a autoridade monetária 
incentiva as exportações e desincentiva as importações17, melhorando o saldo da BC e, por conseguinte, do 
BP. 
 
 
17 Imagine que um bem custe US$ 1,00. Se a taxa de câmbio for US$ 1,00 = R$ 1,00, ao comprar este produto de uma 
empresa estrangeira, o brasileiro desembolsará R$ 1,00. Se o produtor brasileiro vender este mesmo produto no 
exterior, auferirá com a venda R$ 1,00. Entretanto, se a moeda for desvalorizada com a taxa de câmbio passando, 
por exemplo, para US$ 1,00 = R$ 2,00, a compra do mesmo bem implicará para o consumidor um aumento de 100% 
no preço (o consumidor brasileiro pagava R$ 1,00; agora paga R$ 2,00). Ao mesmo tempo, o produtor receberá pelo 
mesmo bem o dobro (o produtor recebia R$ 1,00, agora receberá R$ 2,00). Ou seja, a desvalorização inibiu as 
importações e incentivou as exportações, melhorando o saldo da BC e, por conseguinte, do BP. 
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 Quando há inflação interna maior que a externa, nós teremos incentivo às importações e 
desincentivo às exportações, uma vez que os preços internos são maiores que os preços externos. Logo, os 
consumidores preferirão comprar os produtores estrangeiros, que estão mais baratos, e os produtores 
também não quererão exportar, pois os produtos estão mais baratos no mercado externo. Para evitar 
crises cambiais, o BACEN deve desvalorizar periodicamente a moeda nacional, pois, como nós vimos, essa 
desvalorização contribui para o ajuste do BP. 
 
 Um exemplo desta situação ocorreu no Brasil às vésperas da implantação do Plano Real. O Brasil 
possuía inflação interna (muito) maior que a inflação externa, assim, o BACEN desvalorizava (quase) 
diariamente a moeda nacional (aumentava a taxa de câmbio) para evitar uma crise cambial. 
 
 Ademais, ao adotar taxas fixas, o BACEN precisa manter a taxa de câmbio no nível que ele quer por 
intermédio da compra e venda de divisas no mercado cambial. Neste caso, para prosseguir com esse tipo 
de regime cambial, a autoridade monetária abdica do controle da oferta monetária como instrumento de 
política econômica18. 
 
A oferta monetária (quantidade de dinheiro circulando na economia) é um importante instrumento 
de política econômica, por meio do qual o BACEN pode estimular/desestimular o emprego, 
aumentar/reduzir as taxas de juros, etc. Em regimes cambiais fixos, o BACEN perde esse instrumento de 
política econômica, pois terá que se preocupar em manter a taxa de câmbio fixa. 
 
Assim, podemos apresentar, resumidamente, uma vantagem e duas desvantagens dos regimes 
cambiais fixos: 
 
o Vantagem: segurança aos agentes econômicos; 
 
o Desvantagem: necessidade de desvalorizações constantes quando a inflação interna é maior que a 
externa (isto praticamente anula a vantagem da segurança que proporciona aos agentes); 
 
o Desvantagem: perda do controle da oferta monetária como instrumento de política econômica. 
 
 Por fim, em regimes fixos, a nomenclatura utilizada para mudanças no valor da moeda é valorização 
e desvalorização. 
 
 
 
18 Quando o BACEN compra e vende moeda estrangeira no mercado cambial, ele também altera a quantidade de 
moeda (M1) na economia. Ao comprar moeda estrangeira, ele faz política monetária expansiva, pois recebe moeda 
estrangeira e entrega R$ à economia, aumentando a quantidade de moeda (M1). Ao vender moeda estrangeira, 
ocorrerá o contrário: o BACEN entrega US$ à economia e recebe R$, reduzindo a quantidade de moeda na economia 
(política monetária restritiva). Adotado o câmbio fixo, o BACEN está a todo o momento comprando e vendendo 
moeda estrangeira; logo, a quantidade de M1 também estará variando. Desta forma, ele perde o controle da oferta 
monetária, uma vez que esta estará variando toda vez que o BACEN atua no mercado de câmbio a fim de manter a 
cotação desejada. Se istoficou um pouco confuso, aguarde, pois maiores detalhes serão vistos na aula sobre política 
monetária. 
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2.4.2. Regime de taxas flutuantes (ou flexíveis) 
 
 A taxa de câmbio é determinada livremente no mercado de divisas, mediante a oferta e a demanda 
por divisas, sem nenhuma intervenção do BACEN. Assim, o preço da divisa será determinado exatamente 
onde a oferta de divisas iguala a demanda de divisas (como se fosse um bem qualquer, onde o equilíbrio é 
atingido quando a oferta iguala a demanda). 
 
 A vantagem deste sistema é que, como a taxa flutua até o ponto onde a demanda de divisas é igual 
à oferta de divisas, o BP estará sempre em equilíbrio, uma vez que o saldo do BP é a diferença entre a 
entrada de divisas19 e a saída de divisas20. Se no regime flutuante, a demanda por divisas iguala a oferta de 
divisas (entrada=saída ou demanda=oferta), automaticamente, o saldo do BP será sempre ZERO, ou seja, 
estará sempre equilibrado, não exigindo qualquer ação do governo para tal. 
 
 A desvantagem é a incerteza que provoca em relação ao futuro. A taxa de câmbio pode ficar sujeito 
ao movimento de capitais especulativos ou demais ações de agentes privados. Assim, os agentes podem se 
sentir inseguros e isso pode desestimular a produção e os investimentos. Havendo flutuação excessiva da 
taxa de câmbio, as transações internacionais podem ser dificultadas. 
 
 Podemos, então, apresentar uma vantagem e uma desvantagem da adoção de regime flutuante: 
 
o Vantagem: equilíbrio automático do BP; 
 
o Desvantagem: instabilidade da taxa de câmbio pode desincentivar algumas transações 
econômicas. 
 
 Por fim, em regimes flutuantes, a nomenclatura utilizada para mudanças no valor da moeda é 
apreciação e depreciação. 
 
 
2.4.3. Flutuação suja (dirty floating) 
 
 Esse sistema difere do flutuante por estar sujeito a intervenções pontuais do BACEN, com o objetivo 
de diminuir a volatilidade associada ao sistema de câmbio flutuante. Se o mercado estiver estável, ele 
funciona como flutuante; já se estiver muito oscilante ou o patamar da taxa de câmbio estiver 
atrapalhando o desempenho econômico, o BACEN intervém ou para estabilizar ou para direcionar a taxa 
para o patamar desejável. Em alguns textos, é também chamada de managed floating に flutuação 
administrada. 
 
 
19 A entrada de divisas (por exemplo, operação de exportação) representa as situações onde entram moeda 
estrangeira no mercado brasileiro. Ao mesmo tempo, essa entrada de divisas representa a oferta. 
20 A saída de divisas (por exemplo, operação de importação) representa as situações onde saem moeda estrangeira 
do mercado brasileiro. Ao mesmo tempo, essa entrada de divisas representa a demanda. 
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2.4.4. Sistema de bandas 
 Tem a seguinte lógica: definem-se valores limites que a taxa de câmbio pode assumir; dentro desses 
limites, o sistema funciona como se fosse flutuante, e nos limites, como câmbio fixo, evitando rompê-los. 
Assim, no sistema de bandas, define-se uma taxa central e um intervalo de variação, por exemplo, mais ou 
menos x%. Quando existe uma pressão pela desvalorização da moeda nacional, levando o sistema ao limite 
superior, o BACEN intervém, vendendo moeda estrangeira e comprando moeda nacional21. No caso 
oposto, quando ameaça romper o limite inferior, o BACEN age em sentido oposto. 
 
2.5. Relação entre taxas de juros e câmbio 
 
 Considerando um regime flutuante de câmbio, um aumento da taxa de juros provocará entrada de 
capital externo (entrada de divisas). A maior oferta de divisas provocará redução do valor da moeda 
estrangeira, o que significa que a moeda nacional será apreciada (depreciação da moeda estrangeira = 
apreciação da moeda nacional). Isto, por sua vez, prejudicará o saldo da BC (para ver o porquê, leia nota de 
rodapé 22). 
 
Por outro lado, o aumento dos juros internos provocará aumento no saldo da conta financeira do 
BP, uma vez que provocará entrada de capital externo na forma de investimentos e capitais especulativos. 
O resultado final sobre o BP, no curto prazo, é melhorar o saldo do BP (pela entrada de capitais que ocorre 
mais rapidamente que a piora do saldo da BC). Mas, em longo prazo, a tendência é haver uma piora do 
saldo do BP, tendo em vista os juros do capital externo, que deverão ser pagos no futuro, e a piora do saldo 
da BC. 
 
A redução nas taxas de juros internas provocará fuga de capital externo (saída de divisas = demanda 
de divisas). Isso provocará apreciação da moeda estrangeira e depreciação da moeda nacional, melhorando 
o saldo da BC. Ao mesmo tempo, a fuga de capitais provocará redação no saldo da conta financeira do BP. 
Aqui, o resultado final, a curto prazo, será a piora no saldo do BP e, a longo prazo, a melhora do saldo (a 
saída de capitais ocorre mais rapidamente que a melhora no saldo da BC). 
 
 
2.6. Relação entre inflação e câmbio 
 
É amplamente aceito pela melhor doutrina (e pelas bancas de concurso) que 
desvalorizações/depreciações da moeda nacional (=aumento da taxa de câmbio) tendem a aumentar a 
inflação. Quando a moeda nacional é desvalorizada, os produtos importados ficam mais caros. Como tais 
produtos, em inúmeros casos, são insumos de fabricação (o petróleo é um exemplo) de vários produtos 
 
21 Ao vender moeda estrangeira, o BACEN está depreciando a moeda estrangeira e apreciando a moeda nacional 
(reduzindo a taxa de câmbio), de forma que a cotação da taxa de câmbio não continue a subir, rompendo o limite 
superior. 
Heber Carvalho, Daniel Saloni
Aula 03
Economia p/ DNIT (Analista - Infraestrutura de Transportes / Administrativa) - 2019
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04891387130 - Deborah Evaristo
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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nacionais, então, podemos dizer que a desvalorização cambial, ao provocar o aumento de preços dos 
produtos importados, tende a aumentar também os preços internos, provocando inflação. 
 
Por outro lado, quando há valorização/apreciação da moeda nacional, haverá desincentivo à 
inflação, uma vez que os produtos importados tendem a ficar mais baratos. Além do fato de vários desses 
produtos serem insumos, há também a questão da âncora cambial. Deixe-me explicar o que é isso. Quando 
a moeda nacional é valorizada e, portanto, podemos comprar os produtos importados a preços baixos, 
isso, naturalmente, cria uma competitividade com o setor produtivo nacional. Afinal, as empresas nacionais 
não poderão aumentar muito os preços dos produtos nacionais, caso contrário a população somente 
comprará os importados, que estarão mais baratos devido à taxa de câmbio. Assim, os produtos 
キマヮラヴデ;SラゲàH;ヴ;デラゲàふSW┗キSラà<àマラWS;àミ;Iキラミ;ノàWゲデ;ヴà┗;ノラヴキ┣;S;ぶàキマヮロWマà┌マ;àさデヴ;┗;ざàラ┌àゲWヴ┗WマàIラマラà┌マ;à
さ>ミIラヴ;ざà ;ラà ;┌マWミデラà SWà ヮヴWNラゲà Sラゲà ヮヴラSutos internos. Isso (moeda nacional valorizada) certamente 
contribui para o controle da inflação. 
 
 O expediente da âncora cambial foi importantíssimo para garantir o controle da inflação após a 
implantação do Plano Real. Vocês lembram que, nos primeiros anos do R$, com menos de R$ 1,00, 
ヮラSケ;マラゲàIラマヮヴ;ヴàU“ガàヱがヰヰくàO┌àゲWテ;がà;àマラWS;àミ;Iキラミ;ノàWゲデ;┗;àゲ┌ヮWヴà┗;ノラヴキ┣;S;àWàキゲゲラàさデヴ;┗;┗;ざàラゲàヮヴWNラゲà
internos, auxiliando no controle da inflação. A contrapartida maléfica eram os constantes saldos negativos 
na BC, uma vez que as importações superavam as exportações. Mas isso já é outra história (é tópico de 
Economia Brasileira). Para este tópico, é importante apenas que você saiba que desvalorização

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