ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA

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ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA 
 
	O presente trabalho trata-se de uma análise d o filme “Ensaio sobre a Cegueira”, apresentado no Cinema com Psicologia da ULBRA Cachoeira do Sul, no dia 12 de setembro de 2018, como quesito para a cadeira de Intervenção em Grupos, do curso de Psicologia. 
	Dirigido por Fernando Meirelles, “Ensaio sobre a Cegueira” é um filme de 2008 baseado na obra de José Saramago, de 1995. O filme conta a história de uma epidemia de cegueira que começa a se espalhar por uma cidade, gerando caos. Ao contrário da cegueira normal, as pessoas infectadas no filme obtinham uma visão esbranquiçada, sendo assim, a mesma foi chamada de “cegueira branca”. 
	O surto de cegueira começa quando um homem perde a visão durante sua rotina habitual, no meio da rua, em frente a um semáforo. O homem procura ajuda, mas nenhum médico consegue explicar o ocorrido.Rapidamente a cegueira começa a se alastrar pela cidade, atingindo inúmeras pessoas, assim, o governo decide colocar as pessoas infectadas em quarentena, sendo vigiadas por soldados 24h por dia. A cada dia chegam mais e mais pessoas infectadas, e a situação das mesmas só piora. Apenas uma mulher (esposa de um oftalmologista que também ficou cego) foi a única que não foi infectada e que ainda enxergava. Ela mentiu que também estava cega para acompanhar seu marido quando foi colocado em quarentena. Em meio a todos os cegos, a única mulher com visão tenta cuidar de seu marido e ajudar os outros com o que pode.	O mal-estar começa a se alastrar no local onde estão os infectados, falta comida, o lugar fica sujo, não há atendimento médico e as autoridades não fazem nada para ajudar, as pessoas lutam umas contra as outras para conseguir alimento. Começam a ocorrer atos de violência e abuso sexual, além de mortes. 	Ao juntar diversas pessoas diferentes, são formados diferentes grupos que começam a entrar em conflito, gerando caos.
	Algumas pessoas aproveitam da situação para tirar vantagens, de forma extremamente cruel , já outras acabam se un indo. Mas pode-se dizer que a maior parte volta para o estado pré-histórico, para uma sociedade sem leis, onde vence quem conseguir algum tipo de vantagem . As pessoas acabam expressando, mesmo que sem querer, todos os seus preconceito s, o machismo, o egoísmo, o racismo e o individualismo. A mulhe r do oftalmologista havia se acostumado com a situação, assim como acontece em nossa realidade, quando nos adaptamos a uma visão impo sta à maioria. Assim, acabamos muitas vezes aceitando viver com as superficialidades de nossa sociedade e nos subme tendo à loucu ra em que vivemos. Quando a mulher decide tomar uma atitude em relação as situações que estão ocorrendo e reso lve agir como quem está realmente enxergando aquilo, os personagens finalmente começam a agir coletivamente e a esperança ressurge. Uma f rase do p róprio livro de Saramago se encaixa n esse momento do filme: “Se puderes olhar, vê. Se podes ver, repara”. Quando a esperança ressurge, acontece o momento d a fuga do lugar on de estavam em quarentena, a mulher com visão e seu marido conseguem sair com um grupo de pessoas a procu ra de alimento e abrigo, resolvendo voltar para sua antiga casa, onde abrigam e ssas pessoas e aceitam aquele momento como uma forma de transformação. Logo, o primeiro ho mem que ficou cego começa a enxergar no vamente, trazendo e sperança para todos os outros, que fica m felizes tanto po r e le quanto por si mesmos, pois percebem que terão suas visões de volta. Uma d as mensagens do f ilme é que a cegueira é uma metáfora da “f alta de visão” do homem , que só enxerga aquilo que quer, e não aquilo que não pode compreender, incluindo a ele mesmo. A cegueira impede de ver o que ocorre a seu redor e conduz à alienação. Os indivíduos poderiam utilizar a cegueira pa ra se reconhecer e se auto decifrar, alterando seus comportamentos destrutivos. Outro fa to que chama a atenção é o de que nenhum dos personagens possuem nomes, o que de certa forma também serve para cegar os espectadores. Nossa identidade está muito associada à nossa aparência, ou muitas vezes à s atividades que executamos ou à a lgum detalhe físico, não sendo necessário o uso de um nome. Vivendo em uma sociedade completamente dependente da visão, somos cercados por imagens de todos os tipos e formas, e sempre queremos ver cada vez m ais e m ais, sem serm os cap azes de ima ginar certas coisas sem vê -las. Ocorre, assim, um excesso de visão, e stamos enxergando tanto, que estamos também deixando de ver, de perceber as coisas que realmente importam. O filme consegue nos fazer vivenciar a agonia da cegueira branca, nos fazendo pensar sobre os comportamentos humanos resu ltados pela falta de visão. Além disso, a obra nos leva a questionar nossa própria visão e o que realmente enxergamos. Será que só vemos aquilo que queremos ver? 
REFERÊNCIAS 
ARAÚJO, Marta Valéria S ilva; AIRE S, Anne Caroline Silva; NETO, José 
Batista de Farias. A Percepção Humana: Uma análise a partir do filme 
“Ensaio sobre a Cegueira”. Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). 
ENSAIO SOBRE a cegueira. Direção: Fernando Meirelles. Produção: Niv 
Fichman, Andrea Barata Ribeiro, So noko Sa kai. B rasil, Canadá, Japão: Miramax 
Films, Focus Features, 2008. DVD. 
SILVA, Maria Ivonete Coutinho d a. Ensaio Sobre a Cegueira: Um Olhar 
Que Transcende O Olho. Universidade Federal de Pernambuco, 2002. 
SARAMAGO, José. Ensaio sobre a cegueira . 5 ª edição. Lisboa: ed. 
Caminho, 1995. 
 
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