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(
Novo Plural 12 – Livro do Professor
Português • 12.º Ano • Ensino Secundário
)
Testes sumativos
	NOME: ________________________________________________________________________ ANO: ______ TURMA: ______ N.º ______
	TESTE 8 Memorial do Convento, José Saramago + Os Maias, Eça de Queirós	Unidade 4
GRUPO I
Apresente as respostas de forma bem estruturada.
Texto A
Leia o texto.
	
	Baltasar começa a descer, olha os marcos de pedra que delimitam os terrenos daquele lado, pedra branquíssima sobre que ainda mal caíram os primeiros frios, pedra que pouco sabe de grandes calores, pedra ainda espantada da luz do dia. Estas pedras são o primeiro alicerce do convento, alguém por ordem de el-rei mandou que as talhassem, pedras portuguesas afeiçoadas por portuguesas mãos, que ainda tempo não é de virem os Garvos milaneses a governar os alvenéis e canteiros que aqui se juntarão. Quando Baltasar entra em casa, ouve o murmúrio que vem da cozinha, é a voz da mãe, a voz de Blimunda, ora uma, ora outra, mal se conhecem e têm tanto para dizer, é a grande, interminável conversa das mulheres, parece coisa nenhuma, isto pensam os homens, nem eles imaginam que esta conversa é que segura o mundo na sua órbita, não fosse falarem as mulheres umas com as outras, já os homens teriam perdido o sentido da casa e do planeta, Deite-me a sua bênção, minha mãe, Deus te abençoe, meu filho, não falou Blimunda, não lhe falou Baltasar, apenas se olharam, olharem-se era a casa de ambos. 
Há muitos modos de juntar um homem e uma mulher, mas, não sendo isto inventário nem vademeco1 de casamentar, fiquem registados apenas dois deles, e o primeiro é estarem ele e ela perto um do outro, nem te sei nem te conheço, num auto de fé, da banda de fora, claro está, a ver passar os penitentes, e de repente volta-se a mulher para o homem e pergunta, Que nome é o seu, não foi inspiração divina, não perguntou por sua vontade própria, foi ordem mental que lhe veio da própria mãe, a que ia na procissão, a que tinha visões e revelações, e se, como diz o Santo Ofício, as fingia, não fingiu estas, não, que bem viu e se lhe revelou ser este soldado maneta o homem que haveria de ser de sua filha, e desta maneira os juntou. Outro modo é estarem ele e ela longe um do outro, nem te sei nem te conheço, cada qual em sua corte, ele Lisboa, ela Viena, ele dezanove anos, ela vinte e cinco, e casaram-nos por procuração uns tantos embaixadores, viram-se primeiro os noivos em retratos favorecidos, ele boa figura e pele escurita, ela roliça e brancaustríaca, e tanto lhes fazia gostarem-se como não, nasceram para casar assim e não doutra maneira, mas ele vai desforrar-se bem, não ela, coitada, que é honesta mulher, incapaz de levantar os olhos para outro homem, o que acontece nos sonhos não conta. 
Na guerra de João perdeu a mão Baltasar, na guerra da Inquisição perdeu Blimunda a mãe, nem João ganhou, que feitas as pazes ficámos como dantes, nem ganhou a Inquisição, que por cada feiticeira morta nascem dez, sem contar os machos, que também não são poucos. Cada qual tem sua contabilidade, seu razão e seu diário, escrituraram-se os mortos num lado da página, apuram-se os vivos do outro lado, também há modos diferentes de pagar e cobrar o imposto, com o dinheiro do sangue e o sangue do dinheiro, mas há quem prefira a oração, é o caso da rainha, devota parideira que veio ao mundo só para isso, ao todo dará seis filhos, mas de preces contam-se por milhões […].
José Saramago, Memorial do Convento, Lisboa, Porto Editora, 2016.
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1. Do latim, vade mecum: «Vai comigo»; diz-se dos livros de conteúdo prático e útil, e formato pequeno.
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1. Situe o excerto nas linhas de ação em que se insere, fundamentando a resposta em elementos textuais.
2. Destaque as informações transmitidas pelo excerto, no que se refere à representação do tempo histórico da obra.
3. «…, olharem-se era a casa de ambos.» (l.11)
A metáfora transcrita não poderia aplicar-se ao casal real.
• Interprete-a, enquanto elemento do contraste estabelecido no texto entre a ligação de Baltasar e Blimunda e a de D. João V e D. Maria Ana.
Texto B
Leia o texto.
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	Não tardou de resto a falar-se em toda a Lisboa da paixão de Pedro da Maia pela negreira. Ele também namorou-a publicamente, à antiga, plantado a uma esquina, defronte do palacete dos Vargas, com os olhos cravados na janela dela, imóvel e pálido de êxtase. 
Escrevia-lhe todos os dias duas cartas em seis folhas de papel – poemas desordenados que ia compor para o Marrare: e ninguém lá ignorava o destino daquelas páginas de linhas encruzadas que se acumulavam diante dele sobre o tabuleiro da genebra. Se algum amigo vinha à porta do café perguntar por Pedro da Maia, os criados já respondiam muito naturalmente: 
– O Sr. D. Pedro? Está a escrever à menina. 
E ele mesmo, se o amigo se acercava, estendia-lhe a mão, exclamava radiante, com o seu belo e franco sorriso: 
– Espera aí um bocado, rapaz, estou a escrever à Maria! 
Os velhos amigos de Afonso da Maia que vinham fazer o seu whist a Benfica, sobretudo o Vilaça, o administrador dos Maias, muito zeloso da dignidade da casa, não tardaram em lhe trazer a nova daqueles amores do Pedrinho. Afonso já os suspeitava: via todos os dias um criado da quinta partir com um grande ramo das melhores camélias do jardim; todas as manhãs cedo encontrava no corredor o escudeiro, dirigindo-se ao quarto do menino, a cheirar regaladamente o perfume dum envelope com sinete de lacre dourado; – e não lhe desagradava que um sentimento qualquer, humano e forte, lhe fosse arrancando o filho à estroinice bulhenta, ao jogo, às melancolias sem razão em que reaparecia o negro ripanço... 
Mas ignorava o nome, a existência sequer dos Monfortes; e as particularidades que os amigos lhe revelaram, aquela facada nos Açores, o chicote de feitor na Virgínia, o brigue Nova Linda, toda a sinistra legenda do velho contrariou muito Afonso da Maia. 
Uma noite que o coronel Sequeira, à mesa do whist, contava que vira Maria Monforte e Pedro passeando a cavalo, «ambos muito bem e muito distingués», Afonso, depois dum silêncio, disse com um ar enfastiado: 
– Enfim, todos os rapazes têm as suas amantes... Os costumes são assim, a vida é assim, e seria absurdo querer reprimir tais coisas. Mas essa mulher, com um pai desses, mesmo para amante acho má.
Eça de Queirós, Os Maias, Lisboa, Livros do Brasil, 2014.
	
4. Situe o excerto, na intriga romanesca do romance.
5. Encontram-se n’Os Maias representações diversas do sentimento e da paixão.
• Com base nos elementos presentes no texto, demonstre que Pedro da Maia é protagonista de uma paixão romântica.
GRUPO II
Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.
Escreva, na folha de respostas, o número do item e da letra que identifica a opção escolhida.
Leia o texto.
Portugal tem o vício da dor
	
	Conheço várias pessoas que sofrem de delírios de grandeza, isto é: julgam-se criadores de obras grandiosas (que nunca ninguém viu) e agem e falam como se assim fosse. Não me refiro só nem principalmente a políticos. Esse delírio leva-as a considerarem-se mal tratadas, vítimas de invejas ou do obscurantismo circundante, e a sentirem que o país está em dívida para com elas. Conheço pessoas que se sabem obsessivas, ou compulsivas, ou ambas as coisas, e não se querem tratar. A psicanalista brasileira Marci Dória Passos assinala […] que «Freud observou que as queixas do paciente não correspondiam, necessariamente, ao desejo de cura. O apego a determinados sintomas evidenciou um gozo, nem sempre admitido, na manutenção daquilo que produz dor». 
Portugal tem o vício da dor. Quem venha de fora não compreende porquê: a beleza da paisagem, a amenidade do clima, a segurança relativa (ou absoluta, se o turista vier de Espanha ou do Brasil, por exemplo), a qualidade da gastronomia, a variedade dos lazeres, tornam estranho este apego à mágoa. Não se trata de tristeza,mas de um sentimento de injustiça, um eco, eternamente abafado, de revolta: ninguém nos compreende, ninguém nos dá valor, ninguém nos ama. 
E nós, o que amamos? De que modo manifestamos esse amor? O que fazemos para que nos amem? A resposta habitual é que o amor não tem motivo nem justiça, as coisas são como são. Ou, pior ainda: que para se ser amado é necessário não amar – pelo menos é necessário não manifestar esse amor. Crescemos a ouvir isso – as meninas, por umas razões, os rapazes por outras. Todas igualmente tontas – razões de fachada, jogos de aparência que nos ensinam a jogar à defesa, pressupondo e antecipando os ataques. Esse método de educação criou um povo desconfiado – ou seja, desprovido de esperança, nos outros e em si mesmo. E supersticioso, e fatalista. Não há momento de felicidade que não nos surja ensombrado pela desgraça futura: é bom demais para ser verdade, meditamos. Essa meditação contribui para a ruína. Evitamos manifestar-nos felizes para não despertar os monstros da inveja, que são muitos e têm o sono leve: cá se vai andando, dizemos, e é o máximo que aprendemos a dizer. No dia a dia, este modo de ser transforma-se em agastamento e má vontade – nas repartições públicas, nas lojas, nas filas de trânsito, em todos os lugares de interação social. O sorriso é uma dádiva rara – não vá o outro tomar-nos por parvos, ou esticar-se no que quer de nós. 
Por isso, quando li na passada semana o resumo do estudo que revela que um quinto dos portugueses sofre de perturbações psiquiátricas, só estranhei a percentagem não ser maior. Não espanta que os mais afetados sejam «as mulheres, os jovens e as pessoas sós». Perdoa-se a redundância: as mulheres, em Portugal, são em geral – mesmo ou sobretudo as casadas – «pessoas sós». Sós também pela cultura de rivalidade feminina, acirrada, em termos laborais, artísticos ou políticos, pelo império federativo – ainda fortíssimo – dos homens, que protegem o seu território e asseguram (os números mostram-no) que elas nunca atinjam o protagonismo ou os proventos deles. Os jovens vivem hoje em Portugal sem horizonte visível, a não ser o da fama imediata e frustrante dos concursos televisivos. 
O estudo demonstra que a maioria das pessoas com doença mental não está a ser acompanhada por especialistas. Há um preconceito enorme em relação à psiquiatria – preconceito esse que é, por si mesmo, um sintoma nacional de doença. Talvez fosse útil criar uma campanha explicando que ir a um psiquiatra não é ser doido – antes pelo contrário. Os que se riem estrepitosamente da terapia psiquiátrica deviam começar por atender às suas próprias lágrimas. E chorá-las, em vez de as disfarçar. Seria um começo.
Inês Pedrosa, Única, Expresso, de 02.04.2010. 
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1. O início do texto refere um distúrbio do foro psicológico que
(A) destrói a autoestima das pessoas.
(B) leva as pessoas a sentirem-se vítimas do não reconhecimento da sua grandeza.
(C) é uma fonte de sofrimento incurável.
(D) os psiquiatras têm dificuldade em diagnosticar.
2. «Portugal tem o vício da dor.» Este é um ponto de vista da autora que se apoia
(A) no seu conhecimento do país e dos portugueses.
(B) na sua experiência sociológica e clínica.
(C) na observação de Freud de que há quem, apesar do sofrimento, não se queira realmente curar.
(D) numa perceção crítica e pessimista dos portugueses.
3. «a beleza da paisagem, a amenidade do clima, a segurança relativa […], a qualidade da gastronomia, a variedade dos lazeres» (ll. 8-10) são características de Portugal que
(A) tornam incompreensível o «vício da dor» dos portugueses.
(B) amenizam o «vício da dor» nacional.
(C) fazem com que os estrangeiros estranhem o «vício da dor» dos portugueses.
(D) fazem dos seus habitantes pessoas aparentemente felizes.
4. Na perspetiva da autora os portugueses são desconfiados, supersticiosos e fatalistas, devido
(A) à herança genética.
(B) à falta de cultura.
(C) a erros da educação tradicional.
(D) ao destino que lhes coube.
5. Esta maneira de estar na vida traduz-se, na nossa relação com os outros, em
(A) incomunicabilidade.
(B) agressividade pronta a explodir.
(C) desinteresse ou alheamento.
(D) irritabilidade e antipatia.
6. Sorrirmos muito pouco é, na opinião da autora, uma manifestação de
(A) tristeza.
(B) educação.
(C) apatia.
(D) defesa.
7. O estudo do foro psiquiátrico referido no texto aponta como mais vulneráveis às doenças psicológicas «as pessoas sós» e a «as mulheres». A autora do texto considera esta observação redundante porque, em sua opinião,
(A) «pessoas sós», em Portugal, já engloba as mulheres.
(B) o grupo de «pessoas sós» engloba, por si só, as mulheres solteiras.
(C) as mulheres casadas são, sobretudo, «pessoas sós».
(D) a solidão é inerente à condição feminina.
8. O último parágrafo funciona como conclusão, ao apresentar como exemplo da nossa falta de saúde mental
(A) a crescente procura de ajuda psiquiátrica.
(B) o preconceito em relação à terapia psicológica.
(C) a noção de que ninguém precisa, realmente, de ajuda psiquiátrica.
(D) a noção de que as dores psíquicas são uma fatalidade.
9. Refira a modalidade que predomina no texto lido e explique o que justifica esse valor modal.
10. Na frase «a maioria das pessoas com doença mental não está a ser acompanhada por especialistas.» (ll. 35-36), indique a função sintática de «por especialistas».
GRUPO III
«Ou, pior ainda: que para se ser amado é necessário não amar – pelo menos é necessário não manifestar esse amor. Crescemos a ouvir isso – as meninas, por umas razões, os rapazes por outras. Todas igualmente tontas – razões de fachada, jogos de aparência que nos ensinam a jogar à defesa, pressupondo e antecipando os ataques.»
«Portugal tem o vício da dor» (ll. 13-16)
Das observações de Inês Pedrosa sobressaem dois aspetos que, embora interligados, podem ser considerados separadamente:
– a influência da educação sobre as experiências afetivas;
– o modo como os portugueses vivem e exprimem os sentimentos.
Focando a reflexão nas gerações mais jovens, defenda um ponto de vista pessoal sobre UM dos aspetos referidos, num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de 200 e um máximo de 300 palavras.
OBSERVAÇÕES:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (ex.:/2015/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre 200 e 300 palavras –, há que atender ao seguinte: – um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido; – um texto com extensão inferior a 80 palavras é classificado com zero pontos.
FIM
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