Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 O Professor Gabriel Rabelo é Auditor Fiscal da Secretaria da Fazenda do Estado do Rio de Janeiro, aprovado também, entre outros concursos, em primeiro lugar para o concurso de Auditor Fiscal da Secretaria da Fazenda do Estado do Espírito Santo, aos 21 anos. Autor do Livro Contabilidade Avançada Facilitada para Concursos e Professor para Concursos e Exames há mais de 10 anos. Criador do Instagram @contabilidadefacilitada, a maior rede social da área contábil no país. Criador dos sites CFC De A a Z e Passei EQT, preparatórios para os Exames de Suficiência e Exame de Qualificação Técnica para Auditor Independente e Perito Contábil. 2 3 Lançamos um novo material para quem estuda Contabilidade para Concursos Contábeis, Fiscais, da Área de Controle (TCs), Polícia Federal, entre outros. Sabemos que contabilidade é uma disciplina que você só aprende através da prática de centenas e centenas de questões. Por isso, fizemos esse E-book de 1.000 Questões Comentadas de Contabilidade Geral, com 1.000 páginas. Ele está atualizado de acordo com o Novo CPC 00 e já com questões de 2020. E o valor é acessível a todos. Mas, antes, se matriculando, além do E-Book, você terá um bônus bem legal: Resumo dos Principais CPCs em Vídeo. Isso mesmo! Os principais CPCs em vídeo resumidos para você. Bônus: Resumo dos Principais CPCs em vídeo. Como você está baixando este material, nós faremos uma grande promoção para você, o valor sairá de R$ 97 por R$ 79,00. Você pode parcelar em até 10x, o que dá menos do que um sorvete na sorveteria mais próxima da sua casa. Investir em conhecimento, por um valor totalmente acessível! E o material é seu. Isso é: não tem prazo de validade e você poderá baixar o PDF e ver os vídeos online quantas vezes quiser (os vídeos não podem ser baixados). Para se matricular com o preço promocional, até quarta-feira, basta utilizar o CUPOM EBOOK1000 (tudo em maiúsculo). O link para matrícula é: https://hotm.art/1000-q https://hotm.art/1000-q 4 SUMÁRIO NBC TG 00 – A norma mais cobrada no Exame ........................................................................................................................................................ 4 1 Introdução ................................................................................................................................................................................................................ 5 2 Objetivo, Utilidade e Limitações do Relatório Financeiro para Fins Gerais .............................................................................................................. 6 3 3.1 Informações sobre recursos econômicos da entidade que reporta, reivindicações contra a entidade e alterações em recursos e reivindicações ................................................................................................................................................................................................................... 10 Desempenho Refletido pelo Regime de Competência ........................................................................................................................................... 11 4 Capítulo 2: Características Qualitativas Da Informação Financeira Útil .................................................................................................................. 12 5 Características Qualitativas Fundamentais ............................................................................................................................................................. 14 6 6.1 - Relevância ................................................................................................................................................................................................. 14 6.2 Representação Fidedigna ............................................................................................................................................................................ 16 Características Qualitativas De Melhoria ................................................................................................................................................................ 18 7 7.1 Comparabilidade ......................................................................................................................................................................................... 18 7.2 Verificabilidade ............................................................................................................................................................................................ 19 7.3 Tempestividade ........................................................................................................................................................................................... 19 7.4 Compreensibilidade ..................................................................................................................................................................................... 20 Restrição de Custo na Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro Útil .......................................................................................... 21 8 Capítulo 3 – Demonstrações Contábeis e a Entidade Que Reporta ........................................................................................................................ 22 9 9.1 Entidade que reporta .................................................................................................................................................................................. 24 Capítulo 4: Elementos Das Demonstrações Contábeis ...................................................................................................................................... 26 10 Posição Financeira ............................................................................................................................................................................................ 26 11 Ativos ................................................................................................................................................................................................................ 27 12 12.1 Direitos ........................................................................................................................................................................................................ 28 12.2 Potencial de produzir benefícios econômicos ............................................................................................................................................. 29 12.3 Controle ....................................................................................................................................................................................................... 31 Passivos ............................................................................................................................................................................................................. 32 13 13.1 Obrigação .................................................................................................................................................................................................... 32 13.2 Transferência de recurso econômico........................................................................................................................................................... 33 13.3 Obrigação presente como resultado de eventos passados ......................................................................................................................... 34 Patrimônio Líquido ............................................................................................................................................................................................35 14 Desempenho ..................................................................................................................................................................................................... 37 15 Capítulo 5 - Reconhecimento e Desreconhecimento ........................................................................................................................................ 39 16 16.1 Processo de Reconhecimento...................................................................................................................................................................... 39 16.2 Critérios de Reconhecimento ...................................................................................................................................................................... 40 16.3 Relevância ................................................................................................................................................................................................... 41 16.4 Incerteza na mensuração ............................................................................................................................................................................ 42 16.5 Desreconhecimento .................................................................................................................................................................................... 43 Capítulo 6 - Mensuração ................................................................................................................................................................................... 44 17 17.1 Base de Mensuração ................................................................................................................................................................................... 44 17.1.1 Custo Histórico ................................................................................................................................................................................. 44 17.1.2 Valor Atual ........................................................................................................................................................................................ 46 17.1.3 Valor Justo ........................................................................................................................................................................................ 47 17.1.4 Valor em uso e valor de cumprimento.............................................................................................................................................. 48 17.1.5 Custo Corrente .................................................................................................................................................................................. 49 Capítulo 7 – Apresentação e Divulgação ........................................................................................................................................................... 52 18 18.1 Objetivos e princípios de apresentação e divulgação .................................................................................................................................. 53 18.2 Classificação ................................................................................................................................................................................................ 54 18.3 Classificação de ativos e passivos ................................................................................................................................................................ 54 18.4 Compensação .............................................................................................................................................................................................. 55 18.5 Classificação de patrimônio líquido ............................................................................................................................................................. 55 18.6 Demonstração do resultado e demonstração do resultado abrangente ..................................................................................................... 56 18.7 Agregação .................................................................................................................................................................................................... 56 Capítulo 8 – Manutenção do Capital Físico e Financeiro ................................................................................................................................... 57 19 19.1 Conceito de capital ...................................................................................................................................................................................... 57 5 CPC 00 – Estrutura Conceitual – Versão 2020 Olá, pessoal! Tudo bem com vocês? Hoje falaremos sobre a Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade. Muitos não sabem, mas este é o assunto mais cobrado nas provas de contabilidade. E acreditamos que assim se manterá. A revisão 2 entrou em vigor em janeiro de 2020 e deve ser bastante explorada nas próximas provas. Toda a versão em vídeo desta norma poderá ser encontrada no nosso canal no Youtube: Professor Gabriel Rabelo. Um abraço. Prof. Gabriel Rabelo. @contabilidadefacilitada Introdução 2 Vamos falar hoje sobre a Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade – NBC TG 00. Com a Revisão 2, que entrou em vigor em janeiro, o CPC 00 passa a ter oito capítulos. - Capítulo 1: Objetivo do Relatório Financeiro para Fins Gerais. - Capítulo 2: Características Qualitativas de Informações Financeiras Úteis. - Capítulo 3: Demonstrações Contábeis e a Entidade que Reporta. - Capítulo 4: Elementos das Demonstrações Contábeis. - Capítulo 5: Reconhecimento e Desreconhecimento. - Capítulo 6: Mensuração. - Capítulo 7: Apresentação e Divulgação. - Capítulo 8: Conceitos de Capital e Manutenção do Capital. Quais são os principais objetivos da Estrutura Conceitual? Objetivos do CPC 00 Auxiliar desenvolvimento das Normas Internacionais (IFRS) Auxiliar os preparadores das demonstrações contábeis Auxiliar a entender e interpretar os CPCs 6 Objetivo, Utilidade e Limitações do Relatório 3 Financeiro para Fins Gerais O primeiro aspecto importante que devemos compreender é que as demonstrações contábeis são preparadas para usuários externos em geral. Embora alguns órgãos do governo, fiscos, entre outros, determinem o cumprimento de certas exigências, isso não tem o condão de retirar o público a quem se dirige as demonstrações contábeis preparadas sob a égide da Estrutura Conceitual Básica: usuários externos em geral. As demonstrações contábeis também são úteis aos usuários internos. Todavia, elas se destinam aos usuários externos. Esses usuários se utilizarão das demonstrações para diversos fins, tais como decidir quando comprar e vender ações, avaliar a segurança quanto à recuperação de recursos financeiros emprestados à entidade, entre outros. 1.2 O objetivo do relatório financeiro para fins gerais é fornecer informações financeiras sobre a entidade que reporta que sejam úteis para investidores, credores por empréstimos e outros credores, existentes e potenciais, na tomada de decisões referente à oferta de recursos à entidade. Essas decisões envolvem decisões sobre: (a) comprar, vender ou manter instrumento de patrimônio e de dívida; (b) conceder ou liquidar empréstimos ou outras formas de crédito; ou (c) exercer direitos de votar ou de outro modo influenciar os atos da administração que afetam o uso dos recursos econômicos da entidade. 1.3 As decisões descritas no item 1.2 dependem dos retornos que os existentes e potenciais investidores, credores por empréstimos e outros credores esperam, por exemplo, dividendos,pagamentos de principal e juros ou aumentos no preço de mercado. As expectativas dos investidores, credores por empréstimos e outros credores quanto aos retornos dependem de sua avaliação do valor, da época e da incerteza (perspectivas) de futuros fluxos de entrada de caixa líquidos para a entidade e de sua avaliação da gestão de recursos da administração sobre os recursos econômicos da entidade. Investidores, credores por empréstimos e outros credores, existentes e potenciais, precisam de informações para ajudá-los a fazer essas avaliações. Aqui, o que eu gostaria que você entendesse é que cada usuário pode utilizar das demonstrações de diversas formas. Exemplo, se eu, Gabriel, sou acionista de determinada sociedade, vou avaliar anualmente se a empresa continua lucrativa, se ela se mantém gerando caixa, pouco endividada e outras condições para que eu continue sócio do empreendimento. Portanto, os interesses podem ser assim explicados: (a) comprar, vender ou manter instrumento de patrimônio e de dívida; 7 Por exemplo, se eu tenho uma determinada quantia de dinheiro para investir, quero analisar o retorno e também os riscos de comprar ações. Por isso, verei as demonstrações contábeis daquela empresa. (b) conceder ou liquidar empréstimos ou outras formas de crédito; ou Aqui, por exemplo, se a companhia Light (distribuidora de energia no Rio de Janeiro) quer fazer um empréstimo por debêntures, eu analisarei os balanços para ver a capacidade de pagamento da companhia. Verei índices de liquidez, endividamento, entre outros. (c) exercer direitos de votar ou de outro modo influenciar os atos da administração que afetam o uso dos recursos econômicos da entidade. Então, se tenho uma parcela significativa no capital de uma empresa, poderei votar em suas assembleias. Isso caiu no Exame 2019.1 da seguinte forma: (Consulplan/Exame CFC/2019.1/Adaptada) Com base na Resolução CFC nº 1.374/2011 – NBC TG Estrutura Conceitual, as “Demonstrações Contábeis têm por finalidade satisfazer as necessidades comuns da maioria dos seus usuários, uma vez que quase todos eles utilizam essas demonstrações contábeis para a tomada de decisões econômicas”. Considerando o disposto na referida resolução, NÃO é uma decisão econômica comum a maior parte dos usuários: A) Conceder ou liquidar empréstimos ou outras formas de crédito. B) Exercer direitos de votar ou de outro modo influenciar os atos da administração que afetam o uso dos recursos econômicos da entidade.. C) Decidir quando comprar, manter ou vender instrumentos patrimoniais. D) Determinar quais instrumentos de controle gerencial são melhores para mensurar o desempenho organizacional. Comentários: Como explicamos acima, o nosso gabarito é letra d. Determinar os instrumentos de controle gerencial para mensurar o desempenho organizacional não é uma finalidade das demonstrações contábeis. Gabarito D. Daqui em diante: Relatório Financeiro de Propósito Geral Demonstrações Contábeis Seu objetivo é fornecer informação contábil-financeira que sejam úteis aos seus usuários. Vamos exemplificar: - Acionistas e investidores Esperam dividendos e aumento do preço de mercado das ações. - Credores Esperam pagamento de juros e segurança para recebimento do principal. Como os acionistas e investidos podem fazer as ditas avaliações: através das demonstrações contábeis, principalmente. 8 Se eu vou comprar ação de uma empresa, eu quero saber qual o retorno histórico essa empresa vem dando, quanto terei de lucro para os próximos anos, quais as expectativas terei para essas ações. As mesmas considerações valem se eu irei emprestar dinheiro para a entidade. Similarmente, decisões a serem tomadas por credores por empréstimos e por outros credores, existentes ou em potencial, relacionadas a oferecer ou disponibilizar empréstimos ou outras formas de crédito, dependem dos pagamentos de principal e de juros ou de outros retornos que eles esperam. 1.5 Muitos investidores, credores por empréstimos e outros credores, existentes e potenciais, não podem exigir que as entidades que reportam forneçam informações diretamente a eles, devendo se basear em relatórios financeiros para fins gerais para muitas das informações financeiras de que necessitam. Consequentemente, eles são os principais usuários aos quais se destinam relatórios financeiros para fins gerais. O Pronunciamento enfatiza que as informações se destinam principalmente ao público externo, com foco nos investidores, credores por empréstimos e a outros credores, quando da tomada decisão ligada ao fornecimento de recursos para a entidade. Ou seja, destinam-se principalmente aos financiadores da entidade, sejam os acionistas ou os credores, pois eles não podem solicitar informações diretamente para a entidade. Muitos usuários externos não podem requerer que as empresas prestem a eles diretamente as informações de que necessitam, devendo desse modo confiar nos relatórios contábil-financeiros de propósito geral, para grande parte da informação contábil-financeira que buscam. Consequentemente, eles são os usuários primários para quem as demonstrações contábeis são direcionadas. 1.6 Contudo, relatórios financeiros para fins gerais não fornecem nem podem fornecer todas as informações de que necessitam investidores, credores por empréstimos e outros credores, existentes e potenciais. Esses usuários precisam considerar informações pertinentes de outras fontes, como, por exemplo, condições e expectativas econômicas gerais, eventos políticos e ambiente político e perspectivas do setor e da empresa. Entretanto, relatórios contábil-financeiros de propósito geral não atendem e não podem atender a todas as informações de que necessitam os usuários, que precisam considerar informação pertinente de outras fontes, como, por exemplo, condições econômicas gerais e expectativas, eventos políticos e clima político, e perspectivas e panorama para a indústria e para a entidade. Portanto, atente-se! As demonstrações contábeis não possuem todas as informações de que um investidor necessita. 1.7 Relatórios financeiros para fins gerais não se destinam a apresentar o valor da entidade que reporta, mas fornecem informações para auxiliar investidores, credores por empréstimos e outros credores, existentes e potenciais, a estimar o valor da entidade que reporta. 9 As informações contábil-financeiras auxiliam os usuários a estimar, mas não são elaborados para mostrar o valor econômico da entidade. Expliquemos. As demonstrações podem evidenciar os ativos e passivos (recursos e reivindicações) da entidade. Mas o valor econômico refere-se principalmente às expectativas quanto ao resultado futuro (lucro e fluxo de caixa) do que quanto à situação atual. Por exemplo, um investidor pode estar avaliando duas lanchonetes que possuem o mesmo valor de ativos e passivos. Mas uma delas pode estar ao lado de uma grande faculdade, e a outra não. Nesse caso, ainda que os ativos e passivos sejam semelhantes, o valor econômico (em função do resultado futuro) é diferente. Assim, cada investidor e/ou credor, usando as informações contábil-financeiras, deve avaliar, de acordo com suas expectativas, o valor da entidade. 1.8 Usuários primários individuais têm necessidades e desejos de informação diferentes e possivelmente conflitantes. Ao desenvolver os Pronunciamentos, busca-se fornecer um conjunto de informações que atenda às necessidades do maior número de principais usuários. Contudo, concentrar-se em necessidades de informação ordinárias não impede que a entidade que reporta inclua informações adicionais que sejam mais úteis para um subconjunto específico de principais usuários. É tranquilo de entender. Por mais que, por exemplo, grande parte dos usuários de uma demonstração contábil sejam acionistas e credores, por exemplo, nada impede que a companhia publique informações adicionais paraque seus empregados possam ter ali algum tipo de informação sobre a companhia. 1.9 A administração da entidade que reporta também está interessada em informações financeiras sobre a entidade. Contudo, a administração não precisa se basear em relatórios financeiros para fins gerais, pois ela pode obter internamente as informações financeiras de que precisa. A administração pode “beber direto da fonte”. Ela não precisa das informações contidas nas demonstrações contábeis para tomar decisão. Um fato curioso é que tendemos a achar que todos os empregados são usuários internos da contabilidade. Mas isso não verdade. O empregado somente será usuário interno se tiver acesso gerencial à informação. Caso contrário, será usuário externo. 1.10 Outras partes, como reguladores e o público em geral, que não investidores, credores por empréstimos e outros credores, podem também considerar relatórios financeiros para fins gerais úteis. Contudo, esses relatórios não são direcionados essencialmente a esses outros grupos. Portanto, se você é Auditor Fiscal, você, no curso de uma fiscalização pode utilizar as demonstrações contábeis para embasar a sua auditoria. Todavia, como o Estado tem poder extroverso (podendo impor a sua vontade) ele não é um usuário principal da demonstração contábil. 10 Neste ponto, ainda, o CPC 00 estabelece que as demonstrações contábeis são baseadas em estimativas, julgamentos, modelos, mas não em representações exatas. 3.1 Informações sobre recursos econômicos da entidade que reporta, reivindicações contra a entidade e alterações em recursos e reivindicações 1.12 Relatórios financeiros, para fins gerais, fornecem informações sobre a posição financeira da entidade que reporta, as quais consistem em informações sobre os recursos econômicos da entidade e as reivindicações contra a entidade que reporta. Os relatórios financeiros fornecem ainda informações sobre os efeitos de transações e outros eventos que alteram os recursos econômicos e reivindicações da entidade que reporta. Ambos os tipos de informações fornecem dados úteis para decisões referentes à oferta de recursos à entidade. O Pronunciamento destaca a principal informação obtida das demonstrações contábil-financeiras: a posição financeira (obtida principalmente pelo Balanço Patrimonial) e o efeito de transações e outros eventos que alteram os recursos econômicos (demonstração do resultado do exercício e demonstração do resultado abrangente). As informações do Balanço Patrimonial, ou seja, os recursos econômicos (ativos) e reivindicações (passivo) podem auxiliar os usuários a identificar a fraqueza e o vigor financeiro da empresa, inclusive para avaliar sua liquidez e solvência e suas necessidades em termos de financiamento. Já as informações sobre as mudanças nos recursos econômicos e reivindicações (Resultado do Exercício e Resultado Abrangente) ajudam a avaliar a performance da empresa, mostrando como a administração tem sido no desempenho de suas responsabilidades. São úteis também para a predição de retornos futuros da entidade sobre os seus recursos econômicos (função preditiva). Demonstrações contábeis Balanço patrimonial Posição Patrimonial Posição Financeira Posição econômica DRE e DRA 11 Desempenho Refletido pelo Regime de 4 Competência Texto do Pronunciamento Conceitual Básico 1.17 O regime de competência reflete os efeitos de transações e outros eventos e circunstâncias sobre reivindicações e recursos econômicos da entidade que reporta nos períodos em que esses efeitos ocorrem, mesmo que os pagamentos e recebimentos à vista resultantes ocorram em período diferente. Isso é importante porque informações sobre os recursos econômicos e reivindicações da entidade que reporta e mudanças em seus recursos econômicos e reivindicações durante o período fornecem uma base melhor para a avaliação do desempenho passado e futuro da entidade do que informações exclusivamente sobre recebimentos e pagamentos à vista durante esse período. 1.20 Informações sobre os fluxos de caixa da entidade que reporta durante o período também auxiliam os usuários a avaliar a capacidade da entidade de gerar futuros fluxos de entrada de caixa líquidos e avaliar a gestão de recursos da administração sobre os recursos econômicos da entidade. Essas informações indicam como a entidade que reporta obtém e despende caixa, incluindo informações sobre contratação e amortização de dívida, dividendos em dinheiro ou outras distribuições de caixa a investidores, e outros fatores que podem afetar a liquidez ou solvência da entidade. Informações sobre fluxos de caixa auxiliam os usuários a compreender as operações da entidade que reporta, avaliar suas atividades de financiamento e investimento, avaliar sua liquidez ou solvência e interpretar outras informações sobre o desempenho financeiro. Este item reafirma a importância do regime de competência para a elaboração das demonstrações contábil-financeiras. A utilização do Regime de Competência fornece melhor base de avaliação da performance passada e futura da entidade do que a informação puramente baseada em recebimentos e pagamentos em caixa ao longo desse mesmo período. No entanto, informações sobre os fluxos de caixa da entidade que reporta a informação durante um período também ajudam os usuários a avaliar a capacidade de a entidade gerar fluxos de caixa futuros líquidos, indicando como a empresa obtém e despende caixa, informações sobre seus empréstimos e resgate de títulos de dívida, dividendos e outras distribuições para seus investidores, e outros fatos que podem afetar a liquidez e a solvência da entidade. Regime a ser utilizado Regime de competência 12 Regime de competência Ajuda a avaliar a performance da empresa Fluxo de caixa Ajuda a avaliar a capacidade de geração de caixa Os recursos econômicos e reivindicações da entidade podem ainda mudar por outras razões que não sejam resultantes de sua performance financeira, como é o caso da emissão adicional de suas ações. Informações sobre esse tipo de mudança são necessárias para dar aos usuários uma completa compreensão do porquê das mudanças nos recursos econômicos e reivindicações da empresa e as implicações dessas mudanças em sua futura performance financeira. Os ativos e passivos podem mudar não somente pelo desempenho financeiro (DRE), mas, por exemplo, pela emissão de instrumentos de dívidas (por exemplo, debêntures) ou emissão de novas ações. A companhia deve também informar quando este for o caso: 1.21 Os recursos econômicos e reivindicações da entidade que reporta podem sofrer alterações também por outras razões além do desempenho financeiro, como, por exemplo, a emissão de instrumentos de dívida ou de instrumentos patrimoniais. Informações sobre este tipo de alteração são necessárias para propiciar aos usuários pleno entendimento do motivo para as alterações nos recursos econômicos e reivindicações da entidade que reporta e das implicações dessas alterações em seu desempenho financeiro futuro. Além de todas as informações aqui ditas, a companhia também pode divulgar informações adicionais sobre como vem cumprindo suas responsabilidades, para provar quão eficiente e eficaz vem sendo na alocação dos recursos. Capítulo 2: Características Qualitativas Da 5 Informação Financeira Útil As características qualitativas servem para dizer quais informações tendem a ser mais úteis aos usuários, a fim de que estes tomem decisões. Segundo o CPC 00: 2.2 Relatórios financeiros fornecem informações sobre os recursos econômicos da entidade que reporta, reivindicações contra a entidade que reporta e os efeitos de transações e outros eventos e condições que alteram esses recursos e reivindicações. (Essas informações são referidas nesta Estrutura Conceitual como informações sobre os fenômenos econômicos.) Alguns relatórios financeirosincluem também material explicativo sobre as expectativas e estratégias da administração para a entidade que reporta e outros tipos de informações prospectivas. Em síntese, isso quer dizer que as demonstrações contábeis evidenciam os ativos (bens e direitos), os passivos (obrigações) e os fatos que alteram esses ativos e passivos. Muitas vezes as 13 demonstrações contábeis podem ter também explicações, por exemplo, da administração sobre o ano ou um trimestre que está sendo reportado (Relatório da Administração, por exemplo). As características qualitativas devem ser aplicadas tanto a informações financeiras como a essas informações mais gerenciais, contidas nos relatórios, notas explicativas, entre outros. 2.4 Se informações financeiras devem ser úteis, elas devem ser relevantes e representar fidedignamente aquilo que pretendem representar. A utilidade das informações financeiras é aumentada se forem comparáveis, verificáveis, tempestivas e compreensíveis. As características qualitativas foram divididas em duas categorias: Características qualitativas fundamentais (relevância e representação fidedigna) e Características qualitativas de melhoria (comparabilidade, verificabilidade, tempestividade e compreensibilidade) C ar ac te rí st ic as q u al it at iv as Fundamentais Relevância Representação fidedigna De melhoria Comparabilidade Verificabilidade Tempestividade Compreensibilidade 14 Características Qualitativas Fundamentais 6 2.5. As características qualitativas fundamentais são relevância e representação fidedigna. Vejamos como foi cobrado em prova: (FBC/Exame de Suficiência/CFC/2017.1) De acordo com a NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL – ESTRUTURA CONCEITUAL PARA ELABORAÇÃO E DIVULGAÇÃO DE RELATÓRIO CONTÁBIL- FINANCEIRO, as Características Qualitativas da informação Contábil-Financeira Útil se dividem em Qualitativas Fundamentais e Qualitativas de Melhoria. Considerando-se o exposto, é CORRETO afirmar que: a) a Comparabilidade, a Compreensibilidade, a Tempestividade e a Verificabilidade representam Características Qualitativas Fundamentais da Informação Contábil-Financeira Útil. b) a Comparabilidade, a Compreensibilidade, a Materialidade, a Relevância, a Representação Fidedigna, a Tempestividade e a Verificabilidade representam Características Qualitativas de Melhoria da informação contábil. c) a Materialidade, a Relevância e a Representação Fidedigna representam Características Qualitativas de Melhoria da informação contábil. d) a Relevância e a Representação Fidedigna representam Características Qualitativas Fundamentais da Informação Contábil-Financeira Útil. Gabarito D. 6.1 - Relevância Informação contábil-financeira relevante é aquela capaz de fazer diferença nas decisões que possam ser tomadas pelos usuários. A informação contábil-financeira é capaz de fazer diferença nas decisões se tiver valor preditivo, valor confirmatório ou ambos. A informação contábil-financeira tem valor preditivo se puder ser utilizada pelos usuários para predizer futuros resultados. A informação contábil-financeira não precisa ser uma predição ou uma projeção para que possua valor preditivo. A informação contábil-financeira com valor preditivo é empregada pelos usuários ao fazerem suas próprias predições. Características qualitativas Fundamentais Relevância Representação fidedigna 15 A informação contábil-financeira tem valor confirmatório se retro-alimentar – servir de feedback – avaliações prévias (confirmá-las ou alterá-las). É importante que fique claro que uma informação pode continuar sendo relevante, mesmo que um ou mais usuários decidam não a levar em consideração ou se já souberem da informação por outra maneira. 2.10 Os valores preditivo e confirmatório das informações financeiras estão inter- relacionados. Informações que possuem valor preditivo frequentemente possuem também valor confirmatório. Por exemplo, informações sobre receitas para o ano corrente, que podem ser utilizadas como base para prever receitas em anos futuros, também podem ser comparadas a previsões de receitas para o ano corrente que tenham sido feitas em anos anteriores. Os resultados dessas comparações podem ajudar o usuário a corrigir e a melhorar os processos que foram utilizados para fazer essas previsões anteriores. Continuando... Materialidade 2.11 A informação é material se a sua omissão, distorção ou obscuridade puder influenciar, razoavelmente, as decisões que os principais usuários de relatórios financeiros para fins gerais tomam com base nesses relatórios, que fornecem informações financeiras sobre entidade específica que reporta. Em outras palavras, materialidade é um aspecto de relevância específico da entidade com base na natureza ou magnitude, ou ambas, dos itens aos quais as informações se referem no contexto do relatório financeiro da entidade individual. Consequentemente, não se pode especificar um limite quantitativo uniforme par a materialidade ou predeterminar o que pode ser material em uma situação específica. A materialidade é um aspecto de relevância específico da entidade, baseado na natureza ou na magnitude. Ou seja, o que é material para uma empresa pode não ser para outra. Não é possível determinar um valor ou um percentual uniforme para todas as empresas. Um item pode ter valor pequeno, mas ser material devido à sua natureza. R el ev ân ci a Diferença nas decisões Valor preditivo Pode predizer futuros resultados Valor confirmatório Serve de feedback Ambos 16 Por exemplo, se uma grande empresa inicia um novo negócio, este pode ter, originariamente, valor pequeno em relação às operações da empresa. Mas pode ter muito potencial de rentabilidade e crescimento, ou de inovação, o que justifica a sua materialidade. Continuando o exemplo, quando as empresas começaram a fabricar aparelhos de Blue-Ray, esse era um negócio pequeno, frente à operação de DVD (que já estava estabelecida). Após alguns anos, os aparelhos de DVD perderam um espaço relativo para os aparelhos blue-ray (que estão perdendo espaço para programas de streamimg, como Netflix e afins). 6.2 Representação Fidedigna 2.12 Relatórios financeiros representam fenômenos econômicos em palavras e números. Para serem úteis, informações financeiras não devem apenas representar fenômenos relevantes, mas também representar de forma fidedigna a essência dos fenômenos que pretendem representar. Em muitas circunstâncias, a essência de fenômeno econômico e sua forma legal são as mesmas. Se não forem as mesmas, fornecer informações apenas sobre a forma legal não representaria fidedignamente o fenômeno econômico (ver itens de 4.59 a 4.62). A representação fidedigna refere-se a três atributos, precisando ser completa, neutra e isenta de erros. Essas qualidades têm de ser maximizadas tanto quanto possível! Para ser completa, a informação deve conter o necessário para que o usuário compreenda o fenômeno sendo retratado, incluindo descrições e explicações necessárias. Para ser neutra, deve estar livre de viés na seleção ou na apresentação, não podendo ser distorcida para mais ou para menos. Ela não pode ser manipulada para aumentar a probabilidade de que as informações sejam recebidas de forma favorável ou desfavorável pelos usuários. Finalmente, ser livre de erros não significa total exatidão, mas sim que o processo para obtenção da informação tenha sido selecionado e aplicado livre de erros. No caso de estimativas, ela é considerada como tendo representação fidedigna se, além disso, o montante for claramente descrito como sendo estimativa e se a natureza e as limitações do processo forem devidamente revelados. Informação O que é Completa Contém o necessário para compreender o fenômeno retratado Neutra Não possui viés na apresentação e seleção. Não é distorcida. Livro de erros Não significaexatidão, mas escolha dos métodos corretos Prudência! Atenção! A prudência havia sido retirada da última versão do CPC 00, pois era incompatível com a neutralidade. Isto é, quando você deixava ao elaborador das demonstrações contábeis a possibilidade de ser ou não prudente, isso poderia enviesar demais as demonstrações contábeis. Todavia, na revisão que ocorreu em 2020, a prudência está de volta, com o seguinte teor: 17 2.16. A neutralidade é apoiada pelo exercício da prudência. Prudência é o exercício de cautela ao fazer julgamentos sob condições de incerteza. O exercício de prudência significa que ativos e receitas não estão superavaliados e passivos e despesas não estão subavaliados. Da mesma forma, o exercício de prudência não permite a subavaliação de ativos ou receitas ou a superavaliação de passivos ou despesas. Essas divulgações distorcidas podem levar à superavaliação ou subavaliação de receitas ou despesas em períodos futuros. Portanto, a prudência deve ser observada quando da elaboração das demonstrações contábeis. Vejam a questão seguinte, que caiu no Exame do CFC em 2017. (FBC/Exame de Suficiência/CFC/2017.1) Uma Empresa Individual de Responsabilidade Limitada possui um único proprietário, que exige do Profissional da Contabilidade responsável que ignore os ajustes relacionados às estimativas de perdas econômicas, para que não afetem o resultado. Segundo o proprietário: As estimativas de perdas previstas no conjunto normativo, assim como a redução ao Valor Realizável Líquido, Redução ao Valor Recuperável e com Créditos de Liquidação Duvidosa não são dívidas, ou seja, não serão pagas, e refletem apenas reduções nos benefícios dos ativos, o que interessa apenas a mim, especificamente. Considero ainda inadequado o seu reconhecimento no resultado, pois será reduzido o lucro ou o prejuízo aumentado, pois o Fisco não admite a sua dedutibilidade. Afinal, sou o proprietário e o Gestor, portanto, como usuário principal, minhas necessidades é que devem ser atendidas. Considerando-se a NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL – ESTRUTURA CONCEITUAL PARA ELABORAÇÃO E DIVULGAÇÃO DE RELATÓRIO CONTÁBIL-FINANCEIRO, é CORRETO afirmar que o Profissional da Contabilidade: a) deve aceitar as exigências do proprietário, afinal não há risco fiscal no atendimento à necessidade manifestada pelo proprietário, que é o usuário principal; dessa forma, estaria agindo de acordo com a Característica Qualitativa da Compreensibilidade. b) deve acatar as exigências do proprietário, pois os casos mencionados são estimativas, logo, o seu atendimento, não marcado por uma transação efetiva, representa a perda da Característica Qualitativa da Objetividade. c) não pode atender às exigências do proprietário; se o fizer, a informação contábil perderá a Característica de Representação Fidedigna, marcada pela neutralidade. d) não pode atender às exigências do proprietário, se o fizer, a informação contábil perderá a Característica Qualitativa da Prudência, inerente à profissão contábil. Comentários: Vejam! O proprietário desta empresa quer que o contador ignore componentes que são de reconhecimento obrigatório pela legislação, tornando as demonstrações contábeis enviesadas. 18 Ao fazer isso, estamos ferindo uma característica qualitativa de melhoria, que é a representação fidedigna. Lembre-se de que a informação deve ser completa, NEUTRA e livre de erro. Gabarito C. Características Qualitativas De Melhoria 7 2.23 Comparabilidade, capacidade de verificação, tempestividade e compreensibilidade são características qualitativas que melhoram a utilidade de informações que sejam tanto relevantes como forneçam representação fidedigna do que pretendem representar. As características qualitativas de melhoria podem também ajudar a determinar qual de duas formas deve ser utilizada para representar o fenômeno caso se considere que ambas fornecem informações igualmente relevantes e representação igualmente fidedigna desse fenômeno. 7.1 Comparabilidade 2.24 As decisões dos usuários envolvem escolher entre alternativas, como, por exemplo, vender ou manter o investimento, ou investir em uma ou outra entidade que reporta. Consequentemente, informações sobre a entidade que reporta são mais úteis se puderem ser comparadas a informações similares sobre outras entidades e a informações similares sobre a mesma entidade referentes a outro período ou a outra data. 2.25 Comparabilidade é a característica qualitativa que permite aos usuários identificar e compreender similaridades e diferenças entre itens. Diferentemente de outras características qualitativas, a comparabilidade não está relacionada com um único item. A comparação requer no mínimo dois itens. Um usuário pode, por exemplo, comparar as receitas geradas em um ano com as receitas do ano atual. Galera, cabe lembrar aqui que, segundo a Lei 6.404: Comparabilidade Outras entidades similares Outros períodos da mesma entidade 19 Art. 176, § 1º As demonstrações de cada exercício serão publicadas com a indicação dos valores correspondentes das demonstrações do exercício anterior. Continuando... 2.26. Consistência, embora esteja relacionada com a comparabilidade, não significa o mesmo. Consistência refere-se ao uso dos mesmos métodos para os mesmos itens, seja de período a período na entidade que reporta ou em um único período entre diferentes entidades. Comparabilidade é a meta; a consistência auxilia a alcançar essa meta. 2.27 Comparabilidade não é uniformidade. Para que informações sejam comparáveis, coisas similares devem parecer similares e coisas diferentes devem parecer diferentes. A comparabilidade de informações financeiras não é aumentada fazendo-se que coisas diferentes pareçam similares, tanto quanto se fazendo que coisas similares pareçam diferentes. Comparabilidade Comparação de informações com entidades similares e outros períodos da mesma entidade Consistência: uso dos mesmos métodos para os mesmos itens Comparabilidade não significa uniformidade 7.2 Verificabilidade 2.30 A capacidade de verificação ajuda a garantir aos usuários que as informações representem de forma fidedigna os fenômenos econômicos que pretendem representar. Capacidade de verificação significa que diferentes observadores bem informados e independentes podem chegar ao consenso, embora não a acordo necessariamente completo, de que a representação específica é representação fidedigna. Informações quantificadas não precisam ser uma estimativa de valor único para que sejam verificáveis. Uma faixa de valores possíveis e as respectivas probabilidades também podem ser verificadas. Verificabilidade Diferentes observadores podem chegar a um consenso. 7.3 Tempestividade 2.33 Tempestividade significa disponibilizar informações aos tomadores de decisões a tempo para que sejam capazes de influenciar suas decisões. De modo geral, quanto mais antiga a informação, menos útil ela é. Contudo, algumas informações podem 20 continuar a ser tempestivas por muito tempo após o final do período de relatório porque, por exemplo, alguns usuários podem precisar identificar e avaliar tendências. Tempestividade Ter informação disponível a tempo de poder influenciar nas decisões 7.4 Compreensibilidade 2.34 Classificar, caracterizar e apresentar informações de modo claro e conciso as torna compreensíveis. 2.35 Alguns fenômenos são inerentemente complexos e pode não ser possível tornar a sua compreensão fácil. Excluir informações sobre esses fenômenos dos relatórios financeiros pode tornar mais fácil a compreensão das informações contidas nesses relatórios financeiros. Contudo, esses relatórios seriam incompletos e, portanto, possivelmente distorcidos. 2.36 Relatórios financeiros são elaborados para usuários que têm conhecimento razoável das atividades comerciais e econômicase que revisam e analisam as informações de modo diligente. Algumas vezes, mesmo usuários bem informados e diligentes podem precisar buscar o auxílio de consultor para compreender informações sobre fenômenos econômicos complexos. Relatórios contábil-financeiros são elaborados para usuários que têm conhecimento razoável de negócios e de atividades econômicas e que revisem e analisem a informação diligentemente. Por vezes, mesmo os usuários bem informados e diligentes podem sentir a necessidade de procurar ajuda de consultor para compreensão da informação sobre um fenômeno econômico complexo. Resumindo as informações Características qualitativas de melhoria Comparabilidade Comparação de informações com entidades similares e outros períodos da mesma entidade Consistência: uso dos mesmos métodos para os mesmos itens Comparabilidade não significa uniformidade Verificabilidade Diferentes observadores podem chegar a um consenso. Tempestividade Ter informação disponível a tempo de poder influenciar nas decisões Compreensibilidade Classificar, caracterizar e apresentar a informação com clareza e concisão torna-a compreensível. As características qualitativas de melhoria devem ser maximizadas na extensão possível. Entretanto, as características qualitativas de melhoria, quer sejam individualmente ou em grupo, 21 não podem tornar a informação útil se dita informação for irrelevante ou não for representação fidedigna. Mapa resumo das características qualitativas de acordo com o CPC 00 Restrição de Custo na Elaboração e Divulgação 8 de Relatório Contábil-Financeiro Útil 2.39 O custo é uma restrição generalizada sobre as informações que podem ser fornecidas pelo relatório financeiro. O relatório de informações financeiras impõe custos, e é importante que esses custos sejam justificados pelos benefícios de apresentar essas informações. Há vários tipos de custos e benefícios a serem considerados. O custo para gerar a informação é uma restrição, que impede a geração de toda a informação considerada relevante para o usuário. Se divulgar uma informação é mais caro do que a informação propriamente dita, pode ser que seja necessário avaliar se essa decisão é mesmo necessária para a divulgação das demonstrações contábeis. Assim, é necessária a consideração da relação custo-benefício da informação, por parte dos órgãos normatizadores e também por parte de quem elabora as demonstrações contábeis. 22 Capítulo 3 – Demonstrações Contábeis e a 9 Entidade Que Reporta O objetivo das demonstrações contábeis é fornecer informações financeiras sobre os ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas da entidade. 3.3 Essas informações são fornecidas: (a) no balanço patrimonial, ao reconhecer ativos, passivos e patrimônio líquido; (b) na demonstração do resultado e na demonstração do resultado abrangente, ao reconhecer receitas e despesas; e (c) em outras demonstrações e notas explicativas, ao apresentar e divulgar informações sobre: (i) ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas reconhecidos, incluindo informações sobre sua natureza e sobre os riscos resultantes desses ativos e passivos reconhecidos; (ii) ativos e passivos que não foram reconhecidos (ver item 5.6), incluindo informações sobre sua natureza e sobre os riscos resultantes deles; (iii) fluxos de caixa; (iv) contribuições de detentores de direitos sobre o patrimônio e distribuições a eles; e (v) os métodos, premissas e julgamentos utilizados na estimativa dos valores apresentados ou divulgados, e mudanças nesses métodos, premissas e julgamentos. Informações Balanço Patrimonial Ativo Passivo PL DRE e DRA Receitas Despesas Outras demonstrações e NEs Explicações Ativos e passivos não reconhecidos Fluxo de caixa Métodos utilizados, premissas, julgamentos Obtidas 23 As demonstrações contábeis são elaboradas em um período de tempo específico (no mínimo anualmente, segundo o CPC 26). Além disso, deve haver informação comparativa de ao menos um período. As demonstrações contábeis são elaboradas do ponto de vista da entidade e não sob o enfoque de investidores, credores, acionistas específicos. Premissa de Continuidade Operacional 3.9 As demonstrações contábeis são normalmente elaboradas com base na suposição de que a entidade que reporta está em continuidade operacional e continuará em operação no futuro previsível. Assim, presume-se que a entidade não tem a intenção nem a necessidade de entrar em liquidação ou deixar de negociar. Se existe essa intenção ou necessidade, as demonstrações contábeis podem ter que ser elaboradas em base diferente. Em caso afirmativo, as demonstrações contábeis descrevem a base utilizada. O “princípio”1 da continuidade está diretamente ligado à avaliação dos ativos e passivos da empresa. Basicamente, todo o ativo fica registrado inicialmente por valores de entrada. Por exemplo, as máquinas e equipamentos ficam registrados pelos valores que a empresa pagou, menos a depreciação acumulada e eventual ajuste para perdas. Esse critério de avaliação é válido em função da continuidade esperada da empresa. Se não houver continuidade (se a empresa for fechar as portas), aí não importa mais quanto a empresa pagou pelas máquinas; interessa saber por quanto elas serão vendidas. Assim, na ausência de continuidade, saímos de uma contabilidade basicamente a preços de entrada para uma contabilidade a preços de saída. No caso do Passivo, se a empresa tiver dívidas a longo prazo e houver descontinuidade, as dívidas passam a ter vencimento antecipado (ninguém vai ficar com dívidas de uma empresa fechada; se houver falência, os credores irão se habilitar junto à massa falida, enfim, vão tomar as providências necessárias para receber a dívida). 1 Atenção! A expressão está sendo utilizada entre aspas, pois é de conhecimento amplo que a Resolução CFC 750/93, que tratava dos princípios de contabilidade, foi revogada. Todavia, o CPC 00 mantém a estrutura desses princípios. Premissa da continuidade Empresa vai continuar em operação (preços de entrada) Se houver previsão de fim, utilizamos preços de saída 24 9.1 Entidade que reporta 3.10 A entidade que reporta é a entidade que é obrigada a, ou decide, elaborar demonstrações contábeis. A entidade que reporta pode ser uma única entidade ou parte da entidade ou pode compreender mais de uma entidade. Uma entidade que reporta não é necessariamente uma entidade legal. A entidade que reporta é aquela que está apresentando as demonstrações contábeis. Não necessariamente é uma pessoa jurídica. A consolidação de várias entidades, por exemplo, não necessariamente exige que seja uma única companhia LEGALMENTE. A consolidação, conforme o Manual de Contabilidade Societária – FIPECAFI, é uma aplicação clássica da primazia da essência sobre a forma. Neste escopo, vai o CPC 00: 3.11 Às vezes, a entidade (controladora) tem o controle sobre outra entidade (controlada). Se a entidade que reporta compreende tanto a controladora como suas controladas, as demonstrações contábeis da entidade que reporta são denominadas “demonstrações contábeis consolidadas” (ver itens 3.15 e 3.16). Se a entidade que reporta é apenas a controladora, as demonstrações contábeis da entidade que reporta são denominadas “demonstrações contábeis não consolidadas” (ver itens 3.17 e 3.18). Portanto, aqui no Brasil, geralmente quando vamos olhar as demonstrações contábeis de empresas temos as demonstrações consolidadas e as demonstrações da controladora. Isso praticamente não ocorre em outros países, como os Estados Unidos. Fonte: http://ri.ambev.com.br/ Pode ocorrer também de que duas entidades que não tenham vínculo de controladora-controlada apresentem as demonstrações conjuntamente. Neste caso, as demonstraçõescontábeis são denominadas demonstrações combinadas. http://ri.ambev.com.br/ 25 As demonstrações consolidadas apresentam as demonstrações contábeis de um grupo como se fosse somente uma única entidade. As demonstrações consolidadas não têm por objetivo fornecer informações sobre cada controlada separadamente, mas sim do grupo. Caso você queira informações separadas de controladas, deve procurar nas demonstrações específicas destas. 3.18 As informações fornecidas nas demonstrações contábeis não consolidadas normalmente não são suficientes para atender às necessidades de informações de investidores, mutuante e outros credores, existentes e potenciais, da controladora. Consequentemente, quando demonstrações contábeis consolidadas são requeridas, demonstrações contábeis não consolidadas não podem substituir demonstrações contábeis consolidadas. Não obstante, a controladora pode ser obrigada a, ou escolher, elaborar demonstrações contábeis não consolidadas adicionalmente às demonstrações contábeis consolidadas. Controladora e Controlada Demonstrações Consolidadas Somente Controladora Demonstrações Individuais Não são controladora e controlada Demonstrações combinadas 26 Capítulo 4: Elementos Das Demonstrações 10 Contábeis Os elementos diretamente relacionados à mensuração da posição financeira no balanço são os ativos, os passivos e o patrimônio líquido. Os elementos diretamente relacionados com a mensuração do desempenho financeiro na demonstração do resultado são as receitas e as despesas. Posição Financeira 11 As definições que se apresentam a seguir são, indubitavelmente, as mais importantes (deste tema) para a prova. Portanto, tratem de entendê-las e decorá-las. Importantíssimo – Tabela que consta do CPC 00: Comecemos pelo ativo. El em en to s re la ci o n ad o s Mensuração Posição Financeira Ativo Passivo Patrimônio Líquido Desempenho Financeiro Receitas Despesas 27 Exemplificando. A empresa X comprou a mercadoria Y. Esta mercadoria atende a definição de ativo?! Vamos ver: 1) É um recurso econômico controlado pela entidade? Sim, pois ela faz o que bem entender desta mercadoria, cujo título jurídico, a propriedade, lhe pertence. 2) É resultado de evento passado? Sim. O evento passado é a própria compra desta mercadoria. 3) Se espera benefício econômico futuro? Sim. Com a venda de mercadoria, se espera que seja gerado lucro para a empresa. Pronto! Fácil não? Passivo é obrigação presente da entidade de transferir um recurso econômico como resultado de eventos passados. Por exemplo, se temos um montante de R$ 1.000 de salários a pagar. Vamos ver se essa conta atende a definição de passivo? É uma obrigação presente da entidade? Sim, pois dela pode ser exigida. É derivada de eventos já ocorridos? Sim, pois os funcionários já prestaram serviços. A liquidação desta dívida será feita por recursos que poderiam gerar benefícios econômicos? Sim, como a conta caixa, por exemplo. Já o patrimônio líquido pode ser encontrado pela diferença entre o ativo e o passivo de uma entidade. O PL é nada mais que o capital próprio empregado nas atividades empresariais. Da equação básica da contabilidade temos que: Patrimônio Líquido = Ativo – Passivo Exigível Ativos 12 4.3 Ativo é um recurso econômico presente controlado pela entidade como resultado de eventos passados. 4.4 Recurso econômico é um direito que tem o potencial de produzir benefícios econômicos. 4.5 Esta seção discute três aspectos dessas definições: (a) direito (ver itens de 4.6 a 4.13); (b) potencial de produzir benefícios econômicos (ver itens de 4.14 a 4.18); e (c) controle (ver itens de 4.19 a 4.25). 28 12.1 Direitos 4.6 Direitos que têm o potencial de produzir benefícios econômicos assumem muitas formas, incluindo: (a) direitos que correspondem à obrigação de outra parte (ver item 4.39), por exemplo: (i) direitos de receber caixa; (ii) direitos de receber produtos ou serviços; (iii) direitos de trocar recursos econômicos com outra parte em condições favoráveis. Esses direitos incluem, por exemplo, contrato a termo para comprar um recurso econômico em condições que são atualmente favoráveis ou a opção de comprar um recurso econômico; (iv) direitos de beneficiar-se de obrigação de outra parte para transferir um recurso econômico se ocorrer evento futuro incerto especificado (ver item 4.37); (b) direitos que não correspondem à obrigação de outra parte, por exemplo: (i) direitos sobre bens corpóreos, tais como imobilizado ou estoques. Exemplos desses direitos são direito de utilizar bens corpóreos ou direito de beneficiar-se do valor residual de objeto arrendado; (ii) direitos de utilizar propriedade intelectual. Em síntese, este item diz que o direito pode ser de várias formas: Portanto, os direitos podem ter por origem uma obrigação vinda de outra parte, como a conta clientes ou valores a receber, até mesmo despesas antecipadas. Os direitos também podem ser reais, que são os direitos que você tem a utilizar coisas, como estoques, imobilizados, marcas, patentes e mais. D ir ei to s Obrigação de outras parte Clientes Despesas antecipadas Duplicatas a receber Direitos reais Estoques Imobilizados Intangíveis 29 4.9 Nem todos os direitos da entidade são ativos dessa entidade para serem ativos da entidade, os direitos devem ter tanto o potencial de produzir para a entidade benefícios econômicos além daqueles disponíveis para todas as outras partes (ver itens de 4.14 a 4.18) como serem controlados pela entidade (ver itens de 4.19 a 4.25). Por exemplo, direitos disponíveis para todas as partes sem custo significativo como direitos de acesso a bens públicos, tais como direitos públicos de passagem, ou know-how que seja de domínio público normalmente não são ativos para as entidades que os detêm. Item que reforça a necessidade de que o ativo deve gerar benefício econômico futuro para a entidade. 4.10 A entidade não pode ter direito de obter benefícios econômicos de si mesma. Portanto: (a) instrumentos de dívida ou instrumentos patrimoniais emitidos pela entidade e recomprados e detidos por ela por exemplo, ações em tesouraria não são recursos econômicos dessa entidade; e (b) se a entidade que reporta consiste em mais de entidade legal, instrumentos de dívida ou instrumentos patrimoniais emitidos por uma dessas entidades legais e mantidos por outra dessas entidades legais não são recursos econômicos da entidade que reporta. Este item reforça que a contabilidade tem por finalidade fornecer informações principalmente aos usuários externos. Portanto, quando uma entidade faz uma empréstimo para sua coligada, ela não pode reportar esse empréstimo como um direito a receber de terceiros, que gerará valor para si, já que esse recurso econômico está simplesmente circulando entre o grupo. 12.2 Potencial de produzir benefícios econômicos 4.14 Um recurso econômico é um direito que tem o potencial de produzir benefícios econômicos. Para que esse potencial exista, não precisa ser certo, ou mesmo provável, que esse direito produzirá benefícios econômicos. É necessário somente que o direito já exista e que, em pelo menos uma circunstância, produzirá para a entidade benefícios econômicos além daqueles disponíveis para todas as outras partes. Benefício Econômico •Não Precisa Ser Certo ou Provável Pode ser potencial •Existir em alguma circunstância 30 4.15 Um direito pode atender à definição de recurso econômico e, portanto, pode ser um ativo, mesmo se a probabilidade de que produzirá benefícios econômicos for baixa. Não obstante, essa baixa probabilidade pode afetar decisões sobre quais informações fornecer sobre o ativo e como fornecer essas informações, incluindo decisões sobre se o ativo é reconhecido (ver itens de 5.15a 5.17) e como é mensurado. Por exemplo, você criou uma patente e registrou no Intangível. Você espera que essa patente vá gerar benefícios econômicos futuros. Todavia, você não sabe ao certo se essa patente gerará resultados decorrentes da venda dos produtos patenteados. 4.16 Um recurso econômico pode produzir benefícios econômicos para a entidade ao autorizá-la ou ao permiti-la fazer, por exemplo, um ou mais dos seguintes atos: (a) receber fluxos de caixa contratuais ou outro recurso econômico; (b) trocar recursos econômicos com outra parte em condições favoráveis; (c) produzir fluxos de entrada de caixa ou evitar fluxos de saída de caixa, por exemplo: (i) utilizando o recurso econômico individualmente ou em combinação com outros recursos econômicos para produzir produtos ou prestar serviços; (ii) utilizando o recurso econômico para melhorar o valor de outros recursos econômicos; ou (iii) arrendando o recurso econômico a outra parte; (d) receber caixa ou outros recursos econômicos por meio da venda do recurso econômico; ou (e) extinguir passivos por meio da transferência do recurso econômico. Este item apenas diz algumas formas pelas quais os benefícios econômicos podem ser gerados. B en ef íc io s ec o n ô m ic o s (F o rm as ) Receber caixa Aplicações financeiras Trocar recursos econômicos em condições favoráveis Vendas de imóvel Produzir fluxos de caixas: Máquinas para produção Máquinas que serão arrendadas Receber caixa Venda de mercadorias Extinguir passivos Pagamento de fornecedores 31 4.18 Há uma associação próxima entre incorrer em gastos e adquirir ativos, mas os dois não coincidem necessariamente. Assim, quando a entidade incorre em gastos, isso pode fornecer evidência de que a entidade buscou benefícios econômicos futuros, mas não fornece prova conclusiva que a entidade obteve um ativo. Similarmente, a ausência de gasto relacionado não impede que o item atenda à definição de ativo. Ativos podem incluir, por exemplo, direitos que o governo outorgou à entidade gratuitamente ou que outra parte doou à entidade. Este item quer dizer que não necessariamente a entidade tem de gastar para ter um ativo. Um ativo pode advir, por exemplo, de uma subvenção governamental. Ou seja, o governo pode doar um terreno para a entidade, de que forma que esse terreno produza benefício econômico futuro. 12.3 Controle 4.19 Controle vincula um recurso econômico à entidade. Avaliar se existe controle ajuda a identificar o recurso econômico que a entidade contabiliza. Por exemplo, a entidade pode controlar parcela proporcional na propriedade sem controlar os direitos decorrentes da posse de toda a propriedade. Nesses casos, o ativo da entidade é a parcela na propriedade que ela controla e, não, os direitos decorrentes da posse de toda a propriedade, que ela não controla. Portanto, se há um controle compartilhado, por exemplo, de um grande terreno utilizado por várias indústrias, a minha entidade somente poderá contabilizar aquela da qual tem controle. A indústria B não pode contabilizar como seu o terreno utilizado pela indústria C. 4.20 A entidade controla um recurso econômico se ela tem a capacidade presente de direcionar o uso do recurso econômico e obter os benefícios econômicos que podem fluir dele. Controle inclui a capacidade presente de impedir outras partes de direcionar o uso do recurso econômico e de obter os benefícios econômicos que podem fluir dele. Ocorre que, se uma parte controla um recurso econômico, nenhuma outra parte controla esse recurso. 4.21 A entidade tem a capacidade presente de direcionar o uso de recurso econômico se tiver o direito de empregar esse recurso econômico em suas atividades, ou de permitir que outra parte empregue o recurso econômico nas atividades dessa outra parte. O controle geralmente pode ser provado pelo fato de a entidade conseguir direcionar o recurso para obter benefício econômico dele. Por exemplo, os estoques podem ser vendidos pela empresa para obter lucro. Controle Vincula Recurso Entidade 32 4.22 O controle de recurso econômico geralmente resulta da capacidade de fazer cumprir os direitos legais. Contudo, também pode haver controle se a entidade possui outros meios de assegurar que ela, e nenhuma outra parte, possui a capacidade presente de direcionar o uso do recurso econômico e de obter os benefícios que possam fluir dele. Por exemplo, a entidade pode controlar o direito de utilizar know- how que não seja de domínio público se a entidade tiver acesso ao know-how e a capacidade presente de manter o know-how em sigilo, mesmo se esse know-how não estiver protegido por patente registrada. 4.23 Para a entidade controlar um recurso econômico, os benefícios econômicos futuros desse recurso devem fluir para a entidade direta ou indiretamente e, não, para outra entidade. Esse aspecto de controle não implica que a entidade pode assegurar que o recurso produzirá benefícios econômicos em todas as circunstâncias. Em vez disso, significa que se o recurso produz benefícios econômicos, a entidade é a parte que os obterá direta ou indiretamente. Por exemplo, a Apple é a única e proprietária exclusiva da marca IPhone. Ou seja, por questões legais, somente ela poderá produzir e fabricar esses celulares com sua marca. Vejam que a marca da “maçãzinha” não é de domínio público, sendo o seu acesso restrito. Ah, mas outras pessoas revendem estes IPhones. Mas, neste caso, a marca Iphone é exclusiva da Apple. Os aparelhos podem ser revendidos por terceiros. Estes terão estoques de Iphone para revenda, mas não terão a marca em seus balanços patrimoniais. Passivos 13 4.26 Passivo é uma obrigação presente da entidade de transferir um recurso econômico como resultado de eventos passados. 4.27 Para que exista passivo, três critérios devem ser satisfeitos: (a) a entidade tem uma obrigação (ver de 4.28 a 4.35); (b) a obrigação é de transferir um recurso econômico (ver itens de 4.36 a 4.41); e (c) a obrigação é uma obrigação presente que existe como resultado de eventos passados (ver itens de 4.42 a 4.47). O item 4.26 diz que é um requisito para a existência de um passivo a chamada obrigação presente. 13.1 Obrigação O primeiro critério para o passivo é que a entidade tenha a obrigação. 4.29 A obrigação é o dever ou responsabilidade que a entidade não tem a capacidade prática de evitar. A obrigação é sempre devida à outra parte (ou partes). A outra parte 33 (ou partes) pode ser uma pessoa ou outra entidade, grupo de pessoas ou outras entidades, ou a sociedade em geral. Não é necessário conhecer a identidade da parte (ou partes) para quem a obrigação é devida. Por exemplo, se você efetuou uma compra de mercadorias a prazo, não tem alternativa que não seja quitar essa compra. Se você deve impostos ao Governo, não tem alternativa outra que não seja quitar essa obrigação. 4.31 Muitas obrigações são estabelecidas por contrato, legislação ou meios similares e são legalmente exigíveis pela parte (ou partes) para quem são devidas. Obrigações também podem resultar, contudo, de práticas usuais, políticas publicadas ou declarações específicas da entidade se a entidade não tem capacidade prática de agir de modo inconsistente com essas práticas, políticas ou declarações. A obrigação que surge nessas situações é denominada, às vezes, “obrigação presumida”. Essa obrigação pode ser legalmente exigível, quando decorre de contrato ou lei, ou pode ser decorrente de um compromisso que a entidade firma com seus clientes, decorrente de usos, costumes. É o caso de a empresa decidir trocar os produtos com defeitos mesmo após o período de garantir. Isso configurará uma obrigação para a empresa (também chamada de provisão – prevista no CPC 25). Assim, ela deverá constituir um passivo com base na melhor estimativa possível, pelo valor que ela estima será necessário para trocar os produtoscom defeitos. 13.2 Transferência de recurso econômico O segundo critério para um passivo é que a obrigação seja de transferir um recurso econômico. 4.37 Para satisfazer a esse critério, a obrigação deve ter o potencial de exigir que a entidade transfira um recurso econômico para outra parte (ou partes). Para que esse potencial exista, não é necessário que seja certo, ou mesmo provável, que a entidade será obrigada a transferir um recurso econômico a transferência pode, por exemplo, ser obrigada somente se ocorrer evento futuro incerto especificado. É necessário somente que a obrigação já exista e que, em pelo menos uma circunstância, exigirá que a entidade transfira um recurso econômico. Vejam que o item 4.37 diz que essa obrigação não necessariamente tem de ser líquida e certa. Uma provisão, por exemplo, é reconhecida quando se tem uma saída de recursos apenas provável. Você não necessariamente desembolsará esse valor lá frente (provisão é um passivo de prazo ou valor incerto), mas é bastante provável que o fará. Por exemplo: auto de infração recebido da Receita Federal em que se recorre no Judiciário. 4.38 A obrigação pode atender à definição de passivo, mesmo se a probabilidade de transferência de recurso econômico for baixa. Não obstante, essa baixa probabilidade pode afetar decisões sobre quais informações fornecer sobre o passivo e como fornecer 34 essas informações, incluindo decisões sobre se o passivo é reconhecido (ver itens de 5.15 a 5.17) e como é mensurado. Neste caso, vale lembrar-se dos passivos contingentes. Quando a probabilidade de desembolso é somente possível (menor do que 50%) você tem o que se chama de passivo contingente. Um passivo contingente não é contabilizado, mas não deixa de ser um passivo. 4.39 Obrigações de transferir um recurso econômico incluem, por exemplo: (a) obrigações de pagar o valor à vista; (b) obrigações de entregar produtos ou prestar serviços; (c) obrigações de trocar recursos econômicos com outra parte em condições desfavoráveis. Essas obrigações incluem, por exemplo, contrato a termo para vender um recurso econômico em condições que são atualmente desfavoráveis ou a opção que dá direito à outra entidade de comprar um recurso econômico da entidade; (d) obrigações de transferir um recurso econômico se ocorrer evento futuro incerto específico; (e) obrigações de emitir instrumento financeiro se esse instrumento financeiro obrigar a entidade a transferir um recurso econômico. 13.3 Obrigação presente como resultado de eventos passados O terceiro critério para um passivo é que a obrigação seja uma obrigação presente que exista como resultado de eventos passados. 4.43 A obrigação presente existe como resultado de eventos passados somente se: (a) a entidade já tiver obtido benefícios econômicos ou tomado uma ação; e Obrigações de Transferir Pagar o valor à vista Compra de mercadorias à vista Entregar produtos ou prestar serviços Adiantamentos recebidos Obrigações de transferir recursos (evento futuro incerto) Provisões Instrumentos Financeiros Emissão de debêntures 35 (b) como consequência, a entidade terá ou poderá ter que transferir um recurso econômico que de outro modo não teria que transferir. Como já dissemos, quando você compra e revende mercadorias, surge a obrigação de pagar o fornecedor. Se você comprou essa mercadoria lá no passado e, inclusive, já vendeu essa mercadoria, não tem solução outra que não quitar a sua obrigação. Se não pagar, você poderá até mesmo ser processado. 4.47 A entidade ainda não tem a obrigação presente de transferir um recurso econômico se ainda não tiver satisfeito os critérios no item 4.43, ou seja, se ainda não tiver obtido benefícios econômicos, ou tomado uma ação, que exija ou possa exigir que a entidade transfira um recurso econômico que, de outro modo, não teria que transferir. Por exemplo, se a entidade celebrou um contrato para pagar ao empregado um salário em troca dos serviços do empregado, a entidade não tem a obrigação presente de pagar o salário até que tenha recebido os serviços do empregado. Antes disso, o contrato é executório a entidade tem combinados o direito e a obrigação de trocar o salário futuro por serviços futuros do empregado (ver itens de 4.56 a 4.58). Item que reforça o regime de competência. Uma obrigação somente surge no momento em que você se utiliza dos serviços, quando o empregado trabalha e assim por diante. Patrimônio Líquido 14 Dissemos por aqui que o Patrimônio Líquido representa nada mais do que o capital próprio empregado nas atividades empresariais pelos sócios e os resultados auferidos com a exploração dos negócios pela empresa (lucro ou prejuízo). Pois bem, tal como o ativo e o passivo exigível, o patrimônio líquido também é subdividido. Atualmente, o PL compõe-se dos seguintes grupos: 1) Capital social; 2) Reservas de capital; 3) Ajustes de avaliação patrimonial; 4) Reservas de lucros; 5) Ações em tesouraria; e 6) Prejuízos acumulados (Veja que a lei não fala em lucros acumulados). 4.63 Patrimônio líquido é a participação residual nos ativos da entidade após a dedução de todos os seus passivos. 4.64 Direitos sobre o patrimônio líquido são direitos sobre a participação residual nos ativos da entidade após a dedução de todos os seus passivos. Em outras palavras, são reivindicações contra a entidade que não atendem à definição de passivo. Essas 36 reivindicações podem ser estabelecidas por contrato, legislação ou meios similares, e incluem, na medida em que não atendem à definição de passivo: (a) ações de diversos tipos emitidas pela entidade; e (b) algumas obrigações da entidade de emitir outro direito sobre o patrimônio líquido. Veja que o próprio CPC enfatiza que o PL são reivindicações que não são passivos. Seria como se fosse uma obrigação da entidade com os próprios sócios. O patrimônio líquido é algo diferente do passivo. A Lei 6.404 diz que o passivo é composto pelo passivo exigível e pelo PL, mas os CPCs trazem o PL como grupo distinto. 4.65 Diferentes classes de direitos sobre o patrimônio líquido, tais como ações ordinárias e ações preferenciais, podem conferir a seus titulares diferentes direitos, por exemplo, direitos de receber a totalidade ou parte dos seguintes itens do patrimônio líquido: (a) dividendos, se a entidade decide pagar dividendos aos titulares elegíveis; (b) proventos pelo cumprimento dos direitos sobre o patrimônio líquido, seja integralmente na liquidação, ou parcialmente em outras ocasiões; ou (c) outros direitos sobre o patrimônio líquido. Portanto, cada entidade pode ter um ou mais tipo de ações. Às vezes, existem diversos tipos de ações ordinárias em uma única entidade. A XP, corretora brasileira que abriu capital nos Estados Unidos, mesmo tem dois tipos de ações ordinárias. Um tipo dá direito a um voto para cada ação. Outro tipo dá direito a dez votos para cada ação ordinária. Além disso, a companhia pode ter também ações preferenciais. As ações preferenciais muitas vezes não dão direito a voto, mas acabam por pagar dividendos às vezes maiores. Ademais, além de dividendos, os acionistas podem receber juros sobre capital próprio, podem receber bonificações em ações, etc. Também é muito importante que vocês saibam que o patrimônio líquido não necessariamente corresponde ao valor de mercado (valor justo) da entidade, já que existe o que nós chamamos no direito empresarial de aviamento, ou seja, o todo, o conjunto, as perspectivas da empresa valem mais do que a simples soma dos seus componentes patrimoniais. 37 Desempenho 15 4.68 Receitas são aumentos nos ativos, ou reduções nos passivos, que resultam em aumentos no patrimônio líquido, exceto aqueles referentes a contribuições de detentores de direitos sobre o patrimônio. 4.69 Despesas são reduções nos ativos, ou aumentos nos passivos, que resultam
Compartilhar