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Unid 1 - Aula 1 - História do Direito do Trabalho

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REALIDADE 
SOCIOECONÔMICA E 
POLÍTICA BRASILEIRA
Guérula Mello Viero
Revisão técnica:
Luciana Bernadete de Oliveira
Graduada em Ciências Políticas e Econômicas
Especialista em Administração Financeira
Mestre em Desenvolvimento Econômico Regional
Lilian Martins
Especialista em Controladoria e Planejamento Tributário
Gisele Lozada
Graduada em Administração de Empresas
Especialista em Controladoria e Finanças
Alexsander Canaparro da Silva
Bacharel em Administração de Empresas
MBA em Marketing Práticas Avançadas
MBA em Comércio Exterior e Internacional
Mestre em Administração
Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin - CRB -10/2147
R429 Realidade socioeconômica e política brasileira [recurso 
eletrônico ] / Daniele Fernandes da Silva... et al.; [revisão 
técnica: Luciana Bernadete de Oliveira... et al.]. – Porto 
Alegre: SAGAH, 2018.
ISBN 978-85-9502-450-2
1. Economia. I. Silva, Daniele Fernandes da.
CDU 338
História do Direito 
do Trabalho
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identificar a transformação do trabalho em emprego.
  Relacionar o surgimento das leis trabalhistas no Brasil.
  Apontar as inovações trabalhistas trazidas pela Constituição Federal 
de 1988.
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar o Direito do Trabalho a partir da transfor-
mação do trabalho em emprego, do surgimento das leis trabalhistas no 
Brasil e das inovações que ocorreram por meio da Constituição Federal 
de 1988. Atualmente, vivemos os resultados de momentos que foram 
marcantes para que hoje estejamos no patamar em que estamos em 
relação à legislação trabalhista. Infelizmente, os primórdios não são boas 
lembranças, mas serviram para que as modernizações fossem possíveis. 
Eventos como a Revolução Francesa e a Revolução Industrial foram íco-
nes dessas mudanças, que objetivavam trazer melhores condições aos 
trabalhadores e que repercutiram, de forma marcante, no que veio a 
acontecer no Brasil também.
Transformações do trabalho em emprego
Ao longo dos tempos, podemos perceber que as modifi cações relacionadas 
ao trabalho foram muitas. A humanidade vivenciou várias etapas em sua 
existência que retrataram, de alguma forma, algum tipo de trabalho. Entre-
Realidade_Socioeconomico_Book.indb 269 13/06/2018 13:29:36
tanto, o desenvolvimento da sociedade fez com que o trabalho assumisse 
outros papéis, mas podemos considerá-lo tão antigo quanto o homem, como 
aponta Cêga (2012, p. 02):
O trabalho é tão antigo quanto o homem. Em todo o período remoto da pré-
-história, o homem é conduzido, direta e amargamente, pela necessidade de 
satisfazer a fome e assegurar sua defesa pessoal. Ele caçava, pescava e lutava 
contra o meio físico, contra os animais e contra os seus semelhantes. A mão 
era o instrumento do seu trabalho, sendo considerada como a chave que lhe 
permite descortinar um mundo novo. O ponto inicial de toda a civilização 
está naquele momento - definitivamente perdido no fundo dos séculos - em 
que a mão é prolongada pelo utensílio.
Existem diversas maneiras de conceituar o trabalho: na Economia, ele é 
“[...] a atividade humana que tem por objetivo a criação de utilidade, sob forma 
de coisas úteis ou de prestação de serviços úteis, uns e outros servindo para 
o consumo, ou para a produção” (GALVES, 2004, p. 89). Já, na Sociologia, 
a conceituação representa “[...] o esforço humano dotado de um propósito e 
envolve a transformação da natureza através do dispêndio de capacidades 
mentais e físicas” (OUTHWAITE; BOTTOMORE, 1996, p. 773). Percebe-se 
que, na primeira citação, há um objetivo de utilidade intrínseco ao trabalho 
e que, na segunda citação, há a palavra ‘dispêndio’, no sentido de perda de 
tempo, o que nos mostra um panorama diferente do que temos relacionado 
ao trabalho nos dias de hoje.
O termo escravidão tem características distintas dependendo da época e 
da sociedade da qual estamos falando, como mostra Pereira (2008, documento 
on-line) no trecho a seguir:
A escravidão nem sempre teve significados, formas e objetivos iguais. Por 
exemplo, entre as tribos mais primitivas, podia ser apenas um momento de 
espera antes que os vencedores devorassem os vencidos, apropriando-se de 
sua força e coragem. Assim, o escravo tinha um valor de uso, mas não de 
troca; e a própria morte lhe assegurava a vida, incorporando em outro corpo 
o seu espírito guerreiro.
Na antiguidade, o trabalho assumia características de escravidão, já que 
o fato de haver um proprietário dava condições de fazer o que se quisesse 
com o indivíduo escravizado, que não tinha o status de homem, mas de coisa, 
História do Direito do Trabalho270
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pois o senhor de escravo tinha direito de propriedade sobre ele (GALVES, 
2004). Essa propriedade se dava de duas formas: quando um endividado 
se entregava como forma de pagamento ou quando um país conquistava 
outro e, com isso, tomava de posse as pessoas, que viravam suas escravas. 
Assim, podemos concluir que na antiguidade não havia o trabalho (como o 
conhecemos), mas sim uma relação escravista.
Na Idade Média, um novo tipo de trabalho, que era feito por mestres 
artesãos, deu origem às corporações de ofício, nas quais havia o mestre 
(proprietário), os companheiros (associados) e o aprendiz (estagiário). Os 
aprendizes começavam a trabalhar a partir dos 12 ou dos 14 anos, e os pais 
pagavam taxas para que seus filhos aprendessem uma profissão, entregando 
a responsabilidade deles para os mestres, que podiam, inclusive, punir o 
aprendiz por seus erros, de maneira física ou moral.
A corporação e a servidão marcam a situação do trabalhador na Idade Média. 
As corporações existiam nas cidades, agrupavam os trabalhadores na mesma 
profissão ou ofício, ditavam as regras de trabalho, inclusive a quantidade 
de trabalhadores e do produto, a qualidade deste, e os preços. Dividiam os 
trabalhadores em três classes: aprendiz, companheiro e mestre. Elas é que 
davam licença para se trabalhar nas cidades. A servidão definia a situação 
do trabalhador rural e sua família. Estava preso à terra em que trabalhava, 
embora não fosse escravo: para sair dela precisava de licença do senhor da 
gleba. Por isso era servo da gleba. Quando a terra era vendida, passava au-
tomaticamente a trabalhar para o novo dono. Em troca, recebia proteção do 
senhor (GALVES, 2004, p. 95).
A Revolução Francesa (Figura 1) trouxe, junto com os ideais de liberdade 
(dentre eles a liberdade do corpo), o reconhecimento dos primeiros direitos 
atrelados ao trabalho, o que promoveu uma revisão em todo o mundo sobre 
a ideia de trabalho, inclusive extinguindo esse tipo de trabalho mencionado, 
como afirma Cêga (2012).
271História do Direito do Trabalho
Realidade_Socioeconomico_Book.indb 271 13/06/2018 13:29:36
Figura 1. Pintura de Eugène Delacroix em comemoração à Revolução 
de Julho de 1830.
Fonte: Oleg Golovnev/Shutterstock.com.
A Revolução Industrial trouxe muitas modificações no processo produ-
tivo. O maquinário substituiu a mão de obra, aposentando ferramentas como 
o tear, desempregando grande parte da população e elevando o número de 
desempregados, o que fez com que os salários fossem reduzidos. Essa situação 
causou conflitos entre as empresas e os trabalhadores, que queriam melhores 
condições de trabalho e aumentos salariais (LOPES, 2015).
Dois filmes que podem fazê-lo conhecer mais os impactos da Revolução Industrial 
são: “Tempos Modernos” e “Ford, o homem e a máquina (parte 1)”. Neles, você pode 
compreender o contexto em que ocorre a Revolução e as fábricas, com seus novos 
métodos. Ambos estão disponíveis, respectivamente, nos links a seguir.
https://goo.gl/igblGt
https://goo.gl/q4QjWG
História do Direito do Trabalho272
Realidade_Socioeconomico_Book.indb 272 13/06/2018 13:29:36
Até então, os artesãos eram responsáveis por todo o processo de fabricação 
de algum bem e, a partir desse evento marcante para a civilização,ficaram 
responsáveis por uma única atividade dentro desse processo (o que trazia a 
superespecialização do trabalhador – uma crítica aos métodos criados por 
Frederick Winslow Taylor [1856-1915]). Os trabalhadores se reuniam em um 
local apenas, situação que proporcionava ao gestor um controle muito maior 
do que ocorria na fábrica.
Com a Revolução Industrial, impulsionada pelo liberalismo econômico, 
uma mudança na sociedade estava prestes a ocorrer. Assim, esse importan-
tíssimo advento para a sociedade moderna foi o responsável por transformar 
o trabalho em emprego, de modo que os trabalhadores, de maneira geral, 
passaram a trabalhar por salários. 
O salariado é a situação do trabalhador, a partir da Revolução Francesa. 
É caracterizado pelo reconhecimento de que o trabalhador deve ser livre: 
pode trabalhar no que quiser, onde quiser, para quem quiser, pelo salário 
que quiser. São rompidas, assim, as restrições das corporações e da servidão 
(GALVES, 2004, p. 95).
O contrato de trabalho passa a fazer parte da rotina das empresas, pois 
prevê os direitos e as obrigações dos trabalhadores e o Direito do Trabalho 
vem para regular esse processo. O Direito do Trabalho é o ramo da ciência 
jurídica que rege as relações entre empregados e empregadores, sendo um 
sistema jurídico que se compõe de institutos, valores, regras e princípios 
dirigidos aos trabalhadores e empresas (MARTINS, 2014). Outra definição 
é dada por Glasenapp (2015, p. 3):
O Direito do Trabalho, também chamado de Direito Laboral ou Direito Tra-
balhista, é um ramo do Direito composto por princípios, regras e institutos 
jurídicos que regulam as relações de trabalho (individuais ou coletivas) e 
disciplinam os conflitos de interesses entre os empresários e os trabalhadores.
O objeto do Direito do Trabalho é o trabalho, que, nessa área, é a atividade 
humana destinada à produção de bens ou serviços economicamente avaliáveis, 
sendo prestada a outrem mediante remuneração na esfera privada. Existe 
uma certa dificuldade em enquadrar o Direito do Trabalho em alguma esfera, 
dado que: 
273História do Direito do Trabalho
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De um lado, tende-se a classificá-lo como um direito público, em razão de leis 
imperativas e irrenunciáveis prevalecerem em relação à livre manifestação 
da vontade das partes no pacto laboral. Há quem entenda tratar-se de direito 
privado, em decorrência da natureza contratual que há na relação entre em-
pregado e empregador e na aproximação com o Direito Civil. Para os defen-
sores dessa teoria, os contratantes são livres para estipular as regras do pacto 
de emprego e as normas constantes na Consolidação das Leis Trabalhistas 
seriam de natureza privada. Uma terceira corrente defende que a legislação 
trabalhista pertence ao Direito Social, com predomínio do interesse coletivo 
da sociedade sobre o privado. A finalidade precípua deste ramo do direito 
seria a proteção do empregado socialmente mais fraco. Por fim, doutrinadores 
classificam o Direito do Trabalho como um direito misto, formado por normas 
tanto públicas quanto privadas (ARAÚJO, 2016, p. 8).
A função dos princípios do Direito do Trabalho no século XXI é a de 
informar a sistema jurídico, permitindo ao trabalhador aclamá-lo e invocá-
-lo em meio ao sistema neoliberal globalizado adotado pelo país, de modo a 
influenciar as relações de trabalho em suas várias modalidades e proteger o 
hipossuficiente, isto é, o trabalhador. São princípios do Direito do Trabalho, 
de acordo com Plá Rodriguez (1993): o princípio in dubio pro operario; o 
princípio da norma mais favorável; o princípio da condição mais benéfica; o 
princípio da primazia da realidade; os princípios da integridade e da intan-
gibilidade do salário. 
É importante ressaltar que, devido à dinâmica das relações trabalhistas e 
das modificações nas leis e outros instrumentos do Direito, deve-se ter um 
acompanhamento contínuo dessas mudanças. As fontes do direito são várias 
e possibilitam a atualização das normas. Isso significa que o Direito, assim 
como outras ciências, necessita de constante observação e análise em relação ao 
contexto atual, de modo a manter-se alinhado às demandas atuais da sociedade.
O surgimento das leis trabalhistas no Brasil
No Brasil, antes mesmo da chegada dos portugueses, já tínhamos a presença 
de pessoas que exerciam trabalhos manuais. As tribos que ocupavam nosso 
território distribuíam os trabalhos de caça, pesca, manuseio com a terra, 
cuidados com a oca entre os habitantes locais. Entretanto, não havia nada 
assemelhado com o termo trabalho que conhecemos hoje (PEREIRA, 2008).
De acordo com Cêga (2012, p. 05), 
História do Direito do Trabalho274
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[...] as transformações que vinham ocorrendo na Europa em decorrência da 
Primeira Guerra Mundial e o aparecimento da Organização Internacional 
do Trabalho (OIT), em 1919, incentivaram a criação de normas trabalhistas 
em nosso país.
A disposição de mudanças veio a partir desse olhar para o que vinha ocor-
rendo ao redor do mundo, onde os movimentos de melhorias em qualidade de 
vida no trabalho se espalhavam – portanto, já era tempo de o Brasil se atualizar. 
Jorge Neto e Cavalcante (2015) afirmam que a história do Direito do 
Trabalho no Brasil se divide em três fases: período da independência até a 
abolição da escravatura; período entre 1888 e 1930; e pós 1930. No primeiro 
período (da independência até a abolição da escravatura), não havia condições 
para a existência de legislação trabalhista, dado que o país se encontrava em 
pleno período escravista. Até houve uma Constituição outorgada, mas ela 
não contemplava os direitos sociais do trabalhador. O segundo período (entre 
1888 e 1930) inicia com a abolição da escravatura e apresenta fatos isolados 
no que tange a questões trabalhistas, como greves e paralizações. Com a 
República iniciando em 1981, a Constituição promulgada teve influência dos 
EUA, não havendo matéria relativa aos direitos do trabalhador. Em 1926, a 
Constituição Republicana sofre uma reforma, direcionando ao Congresso 
Nacional a tarefa de legislar sobre o trabalho. Na terceira fase, pós 1930, é 
que efetivamente inicia, de forma oficial, o Direito do Trabalho no Brasil. 
Esse período merece destaque, pois, nessa época, foram criados artefatos 
que possibilitaram a organização dessa esfera do Direito de modo bastante 
contundente. A criação do Ministério do Trabalho, a regulamentação dos sin-
dicatos, o horário de trabalho, o trabalho das mulheres e a criação da Carteira 
Nacional de Trabalho e Previdência (CTPS) são alguns dos exemplos dessa 
época, assim como a criação da Justiça do Trabalho. Outro fato marcante 
nessa época foi a criação da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), em 
1º de maio de 1943, a qual ainda é um instrumento importante no Direito do 
Trabalho da atualidade. Entre 1946 e 1964, regulamenta-se o período de des-
canso semanal remunerado, o adicional de periculosidade e o salário-família 
(JORGE NETO; CAVALCANTE, 2015).
É importante ressaltar a grande relevância das Constituições de 1943, 1937 
e 1946, lembrando que, em 1943, foi promulgada a Consolidação das Leis do 
Trabalho (CLT), com a qual o modelo adotado no Brasil impôs uma constante e 
permanente intervenção do Estado nas relações de trabalho (FREDIANI, 2011).
Em 1966, o fato mais marcante trata da regulamentação do Fundo de 
Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), que traz grandes modificações no 
regime de indenização e estabilidade do emprego, pois o FGTS tem como 
275História do Direito do Trabalho
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uma de suas bases promover o desenvolvimento de recursos para o sistema 
habitacional. Entretanto, muitos foram os acréscimos a direitos trabalhistas 
nessa época e, por esse motivo, o período merece destaque. Contudo, cabe 
ressaltar que esse modelo criado nas décadas de 1960 e 1970 permaneceuquase inalterado durante muito tempo e carecia de atualização:
Atualmente, dúvidas não há de que ocorre uma fase de transição democrática 
na evolução do Direito do Trabalho na ordem jurídica nacional. A busca de 
um novo modelo de tutela para o trabalhador é o ponto de destaque em toda 
e qualquer discussão doutrinária, jurisprudencial ou legal. Os operadores do 
Direito do Trabalho estão em permanente alerta para as novas dimensões que 
decorrem das relações sociais e econômicas e seus reflexos nas relações indi-
viduais e coletivas de trabalho (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2015, p. 37).
Podemos observar que se mostra muito presente uma oxigenação nas 
leis trabalhistas, com o que um novo modelo, baseado na autonomia co-
letiva e privada, valorizando a negociação coletiva como fórmula para o 
redirecionamento normativo das condições de trabalho é necessário. Assim, 
o novo período rompeu com o sistema fechado e hermético derivado do 
espírito corporativista e, por sua vez, o Estado, frente às transformações 
que a globalização trouxe, aliada aos avanços tecnológicos e ao aumento no 
desemprego, busca traçar normas mais condizentes a essa realidade. (JORGE 
NETO; CAVALCANTE, 2015).
Manter atualizadas as normas – tarefa pertinente ao direito – requer um 
olhar permanente para a sociedade e para as mudanças pelas quais ela passa. 
A contemporaneidade nos trouxe uma carga enorme de informações com 
transformações jamais vistas na humanidade. Por exemplo, a tecnologia faz 
com que, cada vez mais, tenhamos em nossas mãos notícias simultâneas 
e em tempo real, possibilitando o conhecimento sobre muitas áreas, o que 
contribui para que essa interdisciplinaridade permeie todas as esferas. Com a 
ciência jurídica não poderia ser diferente, pois ela também é impactada pelas 
transformações da era digital:
O direito, seja qual ramo se estude, é produto da evolução e da cultura de um 
povo, sendo sua formação e transformação influenciadas por fatores diversos, 
como sociais, políticos e econômicos. Necessária é também a lembrança de 
que o direito constitui um sistema de institutos, princípios e normas destinado 
a disciplinar a vida em sociedade. No caso específico do Direito do Trabalho, 
o ponto central situa-se na relação de emprego (FREDIANI, 2011, p. 2).
História do Direito do Trabalho276
Realidade_Socioeconomico_Book.indb 276 13/06/2018 13:29:37
O emprego é um dos tipos de relação de trabalho. A relação de emprego é 
mais específica, ao passo que a relação de trabalho é mais ampla (DELGADO, 
2007): em uma relação de emprego, é a CLT que irá mediar as negociações e 
tratativas; já quando se trata de relação de trabalho, as decisões deverão ser 
amparadas em leis especiais ou em disposições do Código Civil.
Ao contrário da visão mais tradicional expressa na Consolidação das Leis do 
Trabalho (CLT), que considerava somente as relações de emprego objeto do 
Direito do Trabalho, uma definição mais ampla inclui tanto o trabalho formal 
(empregados e empregadores) quanto o trabalho informal (autônomos e/ou 
por conta própria). A razão disso são as profundas mudanças ocorridas na 
economia mundial e brasileira a partir do século passado, que ocasionaram 
a diminuição dos empregos formais e o aumento da informalidade em vários 
setores da economia (GLASENAPP, 2015, p. 3).
Mesmo condicionados a alguns fatos históricos inesquecíveis e tristes em 
nossa história, é inegável que tivemos avanços na área trabalhista. Contudo, 
não basta que saibamos o que se passou em nossa história, pois o resultado de 
nosso presente é decorrência do que fizemos (ou deixamos de fazer) no pas-
sado. É necessário que tenhamos extremamente claro que precisamos avançar 
muito para que possamos proporcionar melhores condições aos trabalhadores.
Inovações trabalhistas da Constituição de 1988
A palavra trabalho se origina do latim tripalium, “que era um instrumento 
de tortura de três paus ou uma canga que pesava sobre os animais” (MAR-
TINS, 2014, p. 4). Entretanto, com o decorrer dos anos, cada vez mais 
estamos em busca de maneiras de tornar o trabalho menos árduo, o que, em 
grande parcela, pode ser resultado da era da tecnologia (Figura 2), na qual 
as máquinas, como os computadores, estão substituindo a mão de obra, com 
a qual se o físico no trabalho.
277História do Direito do Trabalho
Realidade_Socioeconomico_Book.indb 277 13/06/2018 13:29:37
Figura 2. A tecnologia se torna cada vez mais presente no cotidiano do 
trabalho humano.
Fonte: Willyam Bradberry/Shutterstock.com.
Atualmente, já começamos a perceber que houve uma evolução no que 
tange à situação do trabalhador. O período atual se caracteriza pela ideia 
de que o trabalhador deve ter a oportunidade de desenvolver todas as suas 
virtualidades e os seus direitos de ser humano em sua vida profissional e 
particular (GALVES, 2004). São muitas as transformações na área traba-
lhista, pois, por exemplo, saímos de uma situação escravagista para uma 
carga horária que permite uma autonomia de tempo ao trabalhador, embora 
ela tenha uma limitação.
Inicialmente, as Constituições brasileiras tratavam apenas do Estado e 
do sistema de governo; só posteriormente é que passaram a tratar de todos 
os ramos do Direito, inclusive o Direito de Trabalho, como ocorre com a 
Constituição atual (CÊGA, 2012). Nesse sentido, Frediani (2011, p. 04) afirma 
que, na Constituição, em seu preâmbulo e no artigo 1º, 
[...] constata-se a preocupação do legislador constitucional com relação aos 
princípios da dignidade da pessoa humana, do valor social do trabalho e da 
livre iniciativa, além do propósito de criar-se uma sociedade fraterna, livre 
de preconceitos e igualitária.
História do Direito do Trabalho278
Realidade_Socioeconomico_Book.indb 278 13/06/2018 13:29:37
As colocações de Cêga (2012) e Frediani (2011) apontam para o sentido 
de uma humanização nas leis, de forma a tratar com maior dignidade o 
trabalhador.
No dia 5 de outubro de 1988, a atual Constituição entrou em vigor, tratando, 
especificamente em capítulos distintos, dos direitos trabalhistas. Esse fato 
deve ser comemorado, pois, até então, as Constituições anteriores tratavam 
dos direitos trabalhistas apenas na esfera da ordem econômica e social (CÊGA, 
2012). Dentre as inovações trazidas por essa Constituição, Frediani (2011) 
destaca que:
Quanto aos direitos sociais assegurados ao trabalhador, inúmeras inovações 
foram introduzidas, como: majoração da multa do FGTS; redução da jornada 
diária de trabalho para 44 horas semanais; criação de turnos ininterruptos 
de revezamento com jornada especial de 6 horas diárias; majoração do adi-
cional de horas extras para 50%; introdução do terço constitucional sobre 
as férias; criação da licença- paternidade; entre outros de igual relevância 
(FREDIANI, 2011, p. 4).
No Título II (“Dos Direitos e Garantias Fundamentais”), o Capítulo I 
trata dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos e o Capítulo II aborda 
exclusivamente, os “Direitos Sociais”. Na Constituição, são cinco os artigos 
destinados a essa esfera: dos artigos 7º ao 11º, fala-se de direitos que busquem 
melhorias em condições sociais, da livre-associação a sindicatos, do direito de 
greve, da participação em colegiados de órgãos públicos e da obrigatoriedade 
de empresas com mais de 200 funcionários de ter um representante que venha 
a intermediar relações entre empregado e empregador (BRASIL, 1988).
Com as inovações trazidas nessa Lei Magna, substancialmente no Art. 
7º, que é no qual estão os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, 
além de outros que visem à melhoria de sua condição social, é impor-
tante ressaltar que o conhecimento de todos esses direitos passa a ser de 
responsabilidade de cada trabalhador que esteja inserido no mercado de 
trabalho. Cada um desses direitos deve ser conhecido por todos (empre-
gados e empregadores), a título de, em uma situação de não cumprimento, 
o trabalhador poder buscar seus direitos em uma esfera judicial. Portanto, 
são os direitos abaixoque trarão a dignidade ao trabalhador nos aspectos 
relacionados à esfera trabalhista:
I – relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa 
causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensa-
tória, dentre outros direitos;
279História do Direito do Trabalho
Realidade_Socioeconomico_Book.indb 279 13/06/2018 13:29:37
II – seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
III – fundo de garantia do tempo de serviço;
IV – salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender 
a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimen-
tação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência 
social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo 
vedada sua vinculação para qualquer fim;
V – piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;
VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo 
coletivo;
VII – garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem 
remuneração variável;
VIII – décimo-terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor 
da aposentadoria;
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
X – proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, 
e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido 
em lei;
XII – salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa 
renda nos termos da lei; XIII – duração do trabalho normal não superior a 
oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação 
de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva 
de trabalho;
XIV – jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos 
de revezamento, salvo negociação coletiva;
XV – repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cin-
quenta por cento à do normal;
XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais 
do que o salário normal;
XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a 
duração de cento e vinte dias;
XIX – licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XX – proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos es-
pecíficos, nos termos da lei;
XXI – aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de 
trinta dias, nos termos da lei;
XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de 
saúde, higiene e segurança;
XXIII – adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou 
perigosas, na forma da lei;
XXIV – aposentadoria;
XXV – assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 
5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; 
XXVI – reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;
XXVII – proteção em face da automação, na forma da lei;
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XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, 
sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em 
dolo ou culpa;
XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com 
prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até 
o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; 
XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério 
de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios 
de admissão do trabalhador portador de deficiência;
XXXII – proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual 
ou entre os profissionais respectivos;
XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 
dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição 
de aprendiz, a partir de quatorze anos;
XXXIV – igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício 
permanente e o trabalhador avulso.
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos 
os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, 
XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas 
as condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento 
das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação 
de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, 
XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social (BRASIL, 
1988, documento on-line).
Acesse no link abaixo ou código ao lado a Constituição 
do Brasil, atual e compilada.
https://goo.gl/zaRrL
Embora tenhamos estudado as inovações da Constituição de 1988, deixa-
mos em aberto as inovações ocorridas na Reforma Trabalhista de 2018. Mais 
uma vez, buscando uma atualização constante, de acordo com as demandas 
ocorridas na sociedade, é que a legislação busca adequar-se. Avançamos 
de uma situação sem nenhum direito trabalhista para uma situação que, 
em termos gerais, promove o trabalhador a um status digno, o que deve ser 
uma busca constante.
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ARAÚJO, G. S. O público, o privado e o social segundo Arendt e Habermas. 2016. Disponível 
em: <http://www2.faete.edu.br/files/revistanova/2016/Opublicooprivadosocialse-
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BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF, 1988. Dispo-
nível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.
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Leitura recomendada
JOHNSTOM, A. Um estudo sobre os princípios do Direito do Trabalho. 2009. Disponível em: 
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