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DIREITO PENAL SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA “SURSIS” 1. CONCEITO É um instituto de política criminal que suspende, por determinado período (conhecido como período de prova), a execução de uma pena privativa de liberdade, autorizando a liberdade do sentenciado desde que cumpridas determinadas condições. 2. SISTEMAS DE CONCESSÃO DO SURSIS Existem três sistemas distintos que tratam do referido benefício: a) Franco-belga b) Anglo-americano c) Probation of first offenders 2.1. Sistema Franco-belga É o sistema adotado pelo código penal. A ação penal segue todo o seu curso, havendo a condenação do réu e a imposição da respectiva pena privativa da liberdade. Logo em seguida, o magistrado estabelece determinadas condições que devem ser seguidas pelo condenado e determina o período pelo qual ele ficará sobre avaliação estatal. É o conhecido período de prova. Se o agente cumpre todas as condições estabelecidas pelo juiz, ao fim do período de prova terá sua pena privativa de liberdade considerada extinta. 2.2. Sistema anglo-americano O réu é reconhecido culpado e submetido ao período de prova sem que tenha havido a imposição de pena. Se as condições forem descumpridas, o julgamento é retomado, determinando-se a pena privativa de liberdade a ser cumprida. Não é adotado em nenhum momento pelo ordenamento jurídico brasileiro. 2.3. Sistema do probation of first offenders Suspende-se a ação penal antes mesmo do reconhecimento da culpa do agente, submetendo-o ao período de prova. Se as condições do período de prova forem descumpridas, retoma-se o andamento do processo que pode chegar à condenação do réu e aplicação da sanção penal. É adotado somente na Lei dos Juizados Especiais Criminais (art. 89 da Lei 9.099/95), denominando- se suspensão condicional do processo (sursis processual). CUIDADO! Não confunda a suspensão condicional da pena (prevista no código penal) com a suspensão condicional do processo (prevista na Lei 9.099/95). SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO Prevista no Código Penal Prevista na Lei 9.099/95 Pressupõe a condenação do réu, suspendendo a execução da pena privativa de liberdade. Suspende o andamento do processo antes do reconhecimento da culpa do réu. 3. ESPÉCIES DE SURSIS O sursis pode ser de quatro espécies distintas, todas previstas no código penal: a) Simples b) Especial c) Humanitário d) Etário ATENÇÃO: Leis especiais podem criar hipóteses de sursis específicas, tal como ocorre com a Lei de crimes ambientais que prevê prazo diferenciado (permite o benefício para condenações a penas iguais ou inferiores a 3 anos) para a suspensão condicional da pena nos crimes ambientais. 3.1. SURSIS SIMPLES Permite a concessão do benefício nos casos de condenações a penas privativas de liberdades não superiores a 2 (dois) anos. PERÍODO DE PROVA: A pena poderá ser suspensa por 2 (dois) a 4 (quatro) anos. 3.2. SURSIS ESPECIAL Permite a concessão do benefício nos casos de condenações a penas privativas de liberdades não superiores a 2 (dois) anos. PERÍODO DE PROVA: A pena poderá ser suspensa por 2 (dois) a 4 (quatro) anos. Somente pode ser concedido quando o agente houver procedido à reparação do dano e as circunstâncias judiciais lhe forem favoráveis. 3.3. SURSIS HUMANITÁRIO Permite a concessão do benefício nos casos de condenações a penas privativas de liberdades não superiores a 4 (quatro) anos, SOMENTE nos casos em que razões de saúde justifiquem a suspensão. PERÍODO DE PROVA: A pena poderá ser suspensa por 4 (quatro) a 6 (seis) anos. 3.4. SURSIS ETÁRIO Permite a concessão do benefício nos casos de condenações a penas privativas de liberdades não superiores a 4 (quatro) anos, SOMENTE nos casos em que o condenado seja maior de 70 anos. PERÍODO DE PROVA: A pena poderá ser suspensa por 4 (quatro) a 6 (seis) anos. 4. CONDIÇÕES ESTABELECIDAS PELO JUIZ PARA A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO O juiz pode determinar quaisquer medidas que considere adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado. 4.1. PRIMEIRO ANO DO PERÍODO DE PROVA Especificamente no primeiro ano do período de prova, o código penal estabelece que o juiz deve determinar ao condenado alternativamente: a) Prestação de serviços à comunidade; OU b) Limitação de fim de semana; ATENÇÃO: Em se tratando de sursis especial, entretanto, o juiz pode substituir as sanções acima pelas seguintes condições cumulativas: a) Proibição de frequentar determinados lugares; b) Proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz; c) Comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. O primeiro ano do período de prova do sursis etário e humanitário funcionará da seguinte forma: Se o agente houver reparado o dano, o juiz determinará: i. Proibição de frequentar determinados lugares; ii. Proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz; iii. Comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. Se o agente não houver reparado o dano, o juiz determinará: i. Prestação de serviços à comunidade; ii. Limitação de fim de semana; 5. REQUISITOS PARA CONCESSÃO DO SURSIS A suspensão condicional da pena poderá ser concedida desde que: I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício; III - Não seja indicada ou cabível a substituição por penas restritivas de direito nos termos do art. 44 do código penal: Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo II – o réu não for reincidente em crime doloso; III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente. 6. REVOGAÇÃO DO BENEFÍCIO Existem duas formas de revogação do benefício: obrigatório e facultativa. 6.1. REVOGAÇÃO OBRIGATÓRIA A suspensão será revogada OBRIGATORIAMENTE se, no curso do prazo, o beneficiário: I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso; II - não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano; III - descumpre as condições obrigatórias do primeiro ano do período de prova (prestação de serviços à comunidade ou limitação de fim de semana) 6.2. REVOGAÇÃO FACULTATIVA A suspensão PODERÁ ser revogada se o condenado: a) descumpre qualquer outra condição imposta; b) é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos. 7. PRORROGAÇÃO DO PERÍODO DE PROVA Existem duas hipóteses de prorrogação do período de prova da suspensão condicional do processo: a) Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção, considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo. b) Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o período de prova até o máximo, se este não foi o fixado.
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