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Slides aula 46

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DIREITO PENAL
SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA
“SURSIS”
1. CONCEITO
É um instituto de política criminal que suspende, por determinado período (conhecido como período
de prova), a execução de uma pena privativa de liberdade, autorizando a liberdade do sentenciado
desde que cumpridas determinadas condições.
2. SISTEMAS DE CONCESSÃO DO SURSIS
Existem três sistemas distintos que tratam do referido benefício:
a) Franco-belga
b) Anglo-americano
c) Probation of first offenders
2.1. Sistema Franco-belga
É o sistema adotado pelo código penal. A ação penal segue todo o seu curso, havendo a condenação
do réu e a imposição da respectiva pena privativa da liberdade.
Logo em seguida, o magistrado estabelece determinadas condições que devem ser seguidas pelo
condenado e determina o período pelo qual ele ficará sobre avaliação estatal. É o conhecido período
de prova.
Se o agente cumpre todas as condições estabelecidas pelo juiz, ao fim do período de prova terá sua
pena privativa de liberdade considerada extinta.
2.2. Sistema anglo-americano
O réu é reconhecido culpado e submetido ao período de prova sem que tenha havido a imposição de
pena.
Se as condições forem descumpridas, o julgamento é retomado, determinando-se a pena privativa
de liberdade a ser cumprida.
Não é adotado em nenhum momento pelo ordenamento jurídico brasileiro.
2.3. Sistema do probation of first offenders
Suspende-se a ação penal antes mesmo do reconhecimento da culpa do agente, submetendo-o ao
período de prova.
Se as condições do período de prova forem descumpridas, retoma-se o andamento do processo que
pode chegar à condenação do réu e aplicação da sanção penal.
É adotado somente na Lei dos Juizados Especiais Criminais (art. 89 da Lei 9.099/95), denominando-
se suspensão condicional do processo (sursis processual).
CUIDADO! Não confunda a suspensão condicional da pena (prevista no código penal) com a
suspensão condicional do processo (prevista na Lei 9.099/95).
SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO
Prevista no Código Penal Prevista na Lei 9.099/95
Pressupõe a condenação do réu, suspendendo
a execução da pena privativa de liberdade.
Suspende o andamento do processo antes do
reconhecimento da culpa do réu.
3. ESPÉCIES DE SURSIS
O sursis pode ser de quatro espécies distintas, todas previstas no código penal:
a) Simples
b) Especial
c) Humanitário
d) Etário
ATENÇÃO: Leis especiais podem criar hipóteses de sursis específicas, tal como ocorre com a Lei de
crimes ambientais que prevê prazo diferenciado (permite o benefício para condenações a penas
iguais ou inferiores a 3 anos) para a suspensão condicional da pena nos crimes ambientais.
3.1. SURSIS SIMPLES
Permite a concessão do benefício nos casos de condenações a penas privativas de liberdades não
superiores a 2 (dois) anos.
PERÍODO DE PROVA:
A pena poderá ser suspensa por 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
3.2. SURSIS ESPECIAL
Permite a concessão do benefício nos casos de condenações a penas privativas de liberdades não
superiores a 2 (dois) anos.
PERÍODO DE PROVA:
A pena poderá ser suspensa por 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Somente pode ser concedido quando o agente houver procedido à reparação do dano e as
circunstâncias judiciais lhe forem favoráveis.
3.3. SURSIS HUMANITÁRIO
Permite a concessão do benefício nos casos de condenações a penas privativas de liberdades não
superiores a 4 (quatro) anos, SOMENTE nos casos em que razões de saúde justifiquem a suspensão.
PERÍODO DE PROVA:
A pena poderá ser suspensa por 4 (quatro) a 6 (seis) anos.
3.4. SURSIS ETÁRIO
Permite a concessão do benefício nos casos de condenações a penas privativas de liberdades não
superiores a 4 (quatro) anos, SOMENTE nos casos em que o condenado seja maior de 70 anos.
PERÍODO DE PROVA:
A pena poderá ser suspensa por 4 (quatro) a 6 (seis) anos.
4. CONDIÇÕES ESTABELECIDAS PELO JUIZ PARA A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO
O juiz pode determinar quaisquer medidas que considere adequadas ao fato e à situação pessoal do
condenado.
4.1. PRIMEIRO ANO DO PERÍODO DE PROVA
Especificamente no primeiro ano do período de prova, o código penal estabelece que o juiz deve
determinar ao condenado alternativamente:
a) Prestação de serviços à comunidade; OU
b) Limitação de fim de semana;
ATENÇÃO: Em se tratando de sursis especial, entretanto, o juiz pode substituir as sanções acima
pelas seguintes condições cumulativas:
a) Proibição de frequentar determinados lugares;
b) Proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz;
c) Comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas
atividades.
O primeiro ano do período de prova do sursis etário e humanitário funcionará da seguinte forma:
Se o agente houver reparado o dano, o juiz determinará:
i. Proibição de frequentar determinados lugares;
ii. Proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz;
iii. Comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar
suas atividades.
Se o agente não houver reparado o dano, o juiz determinará:
i. Prestação de serviços à comunidade;
ii. Limitação de fim de semana;
5. REQUISITOS PARA CONCESSÃO DO SURSIS
A suspensão condicional da pena poderá ser concedida desde que:
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os
motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício;
III - Não seja indicada ou cabível a substituição por penas restritivas de direito nos termos do art. 44
do código penal:
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave
ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo
II – o réu não for reincidente em crime doloso;
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as
circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
6. REVOGAÇÃO DO BENEFÍCIO
Existem duas formas de revogação do benefício: obrigatório e facultativa.
6.1. REVOGAÇÃO OBRIGATÓRIA
A suspensão será revogada OBRIGATORIAMENTE se, no curso do prazo, o beneficiário:
I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso;
II - não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano;
III - descumpre as condições obrigatórias do primeiro ano do período de prova (prestação de serviços
à comunidade ou limitação de fim de semana)
6.2. REVOGAÇÃO FACULTATIVA
A suspensão PODERÁ ser revogada se o condenado:
a) descumpre qualquer outra condição imposta;
b) é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por contravenção, a pena privativa de
liberdade ou restritiva de direitos.
7. PRORROGAÇÃO DO PERÍODO DE PROVA
Existem duas hipóteses de prorrogação do período de prova da suspensão condicional do processo:
a) Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção, considera-se
prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo.
b) Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o período de prova
até o máximo, se este não foi o fixado.

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