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Política de Assistência Social e o SUAS

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Sistema de Ensino EAD Conectado
SERVIÇO SOCIAL
naiara maciel rios
O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS) E O IMPORTANTE TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA.
Cabo Frio
2019
naiara maciel rios
O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS) E O IMPORTANTE TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel em Serviço Social.
Orientador: Prof.ª Mileni Alves Secon. 
Cabo Frio
2019
Dedico este trabalho aos meus pais Marilim Maciel e Paulo Rios, por todo apoio e incentivo aos estudos desde minha infância.
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, a Deus, pois sua força me permitiu chegar até aqui. A elaboração de um trabalho acadêmico não é fácil, porém ao finalizá-lo me senti muito feliz e percebi que somos todos somos capazes a partir do momento em que acreditamos em nós mesmos.
Em segundo lugar, agradeço aos meus pais, Marilim Maciel e Paulo Rios, à minha irmã, Norma Maciel, por todo apoio desde o primeiro dia que escolhi o curso de Serviço Social. Obrigada por sempre estarem comigo, por todos os conselhos, por sermos uma família e por todo incentivo ao longo da vida. Amo vocês!
Agradeço ao meu namorado, Geraldo de Oliveira, formado em Enfermagem, que tanto acrescentou conhecimentos a respeito da vida acadêmica, estando ao meu lado nos momentos mais difíceis dessa trajetória, sempre fazendo com que eu não desistisse de tentar. Obrigada por cada incentivo. Te amo!
 Não poderiam ficar de fora os meus companheiros de quatro patas, Nina e Bud, por serem minha companhia nas longas noites de estudo e elaboração de trabalhos.
Agradeço à minha professora Ana Cláudia de Souza, por todo conhecimento compartilhado ao longo desses quatro anos e por sua atenção com cada um dos alunos, principalmente por nos orientar a respeito do Estágio. Agradeço também, à nossa tutora de sala, Janaína Ramalho, por toda experiência compartilhada e por sua preocupação com cada um dos alunos.
À minha supervisora de Estágio, Marcela da Silveira Lobo de Souza, pelas longas conversas sobre o Serviço Social, por tudo que aprendi durante o período de um ano e meio de estágio e por toda sua experiência compartilhada de forma tão carinhosa e ética.
À minha amiga Verônica Cabral e ao seu esposo Lisangêlo, por todas as caronas para a faculdade e por sua sincera amizade. Às minhas lindas amigas, companheiras de todas as horas: Verônica Cabral, Luciana Amália, Eliete dos Santos, Thaiane Cruz, Ana Lídia Araújo e Cristiane Rosa. Juntas, passamos por momentos tristes e felizes, então desejo de todo coração que nossa amizade se estenda ao longo de nossas vidas. Às queridas, Ana Paula Amorim, Micheli e Solange, por nossa convivência e risadas compartilhadas nesses quatro anos. 
“A maior recompensa para o trabalho do homem não é o que ele ganha com isso, mas o que ele se torna com isso.” 
(John Ruskin)
RIOS, Naiara Maciel. O Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e o importante trabalho do Assistente Social na Política de Assistência. 2019. 48 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso. Graduação em Serviço Social – Universidade Pitágoras Unopar, Cabo Frio, 2019.
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo discorrer sobre o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), conhecer a implementação das Políticas Públicas no Brasil, bem como analisar as leis e diretrizes que norteiam os órgãos responsáveis pelas atividades da assistência. Desse modo, atentaremos sobre o trabalho do Assistente Social dentro das contradições do sistema capitalista atual. O referido trabalho trata-se de uma pesquisa bibliográfica, com revisão da literatura referente ao tema. Nessa perspectiva, pensaremos sobre a importância do trabalho do Assistente Social na garantia de direitos, frente ao desafiante cenário atual e a relevância das políticas públicas no enfrentamento da questão social. Portanto, a pesquisa pretende instigar a reflexão e conscientização a respeito do verdadeiro papel da Política de Assistência Social. Quando nos conscientizamos desse papel dentro da sociedade, nos tornamos mais críticos, passamos a refletir sobre a política que queremos e o que precisamos para construir essa política. É indispensável que o profissional conheça de maneira aprofundada a política na qual está inserido, pois ele é integrante essencial dessa Organização. O Assistente Social está diretamente ligado à identificação de demandas, à viabilização de acessos e à busca pela emancipação dos indivíduos.
Palavras-chave: Assistência social. Constituição. Estado. Política pública. Trabalho.
RIOS, Naiara Maciel. The Only Social Welfare System and the important work of the Social Worker in the Assistance Policy. 2019. 48 pages. Course completion work Graduation social service – University Pitágoras Unopar, Cabo Frio, 2019.
ABSTRACT
The present work aims to discuss the Unique System of Social Assistance, to know the implementation of public policies in Brazil, as well as to analyze the laws and guidelines that guide the organs responsible for the activities of assistance. In this way, we will pay attention to the work of the Social Worker within the contradictions of the current capitalist system. This work is a bibliographic research, with a literature review on the subject. From this perspective, we will think about the importance of the Social Worker`s work in guaranteeing rights, facing the challenging current scenario and the relevance of public policies in coping with the social issue. Therefore, the research intends to instigate reflection and awareness about the true role of the Social Assistance Policy. When we make ourselves aware of this role within society, we become more critical, we begin to reflect on the policy we want and what we need to build this policy. It is indispensable for the professional to know in depth the policy in which he is inserted, because he is an essential member of this Organization. The Social Worker is directly linked to the identification of demands, the feasibility of access and the search for the emancipation of individuals.
Key-words: Social Assistance. Constitution. State. Public policy. Work.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
	CEAS
CEAS
CFESS
CMAS
CNAS
EBES
LOAS
LOPS
NOB/SUAS
PNAS
SUAS
	Centro de Estudos e Ação Social de São Paulo
Conselho Estadual de Assistência Social
Conselho Federal de Serviço Social
Conselho Municipal de Assistência Social
Conselho Nacional de Assistência Social
Estado de Bem Estar Social
Lei Orgânica de Assistência Social
Lei Orgânica da Previdência Social
Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social
Política Nacional de Assistência Social
Sistema Único de Assistência Social
	
	
	
	
	
	
	
	
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................13
CAPÍTULO I
2 A ASSISTÊNCIA SOCIAL BASEADA NA FILANTROPIA E NA IGREJA............16
2.1 Trajetória das Políticas Públicas no Brasil...........................................................20
2.2 O Serviço Social reconhecido como Política Pública...........................................23
CAPÍTULO II
3 LEGISLAÇÕES PERTINENTES E ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS PELAS ATIVIDADES DA ASSISTÊNCIA SOCIAL................................................................273.1 Participação democrática: Uma breve reflexão sobre o controle social e sua importância no exercício da cidadania.......................................................................29
3.2 O Serviço Social inserido nas contradições do sistema capitalista......................32
CAPÍTULO III
4 O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NA PERSPECTIVA DO SUAS..........35
4.1 O SUAS e a rede socioassistencial......................................................................39
4.2 Desafios profissionais na contemporaneidade.....................................................40
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................43
REFERÊNCIAS..........................................................................................................46
1 
INTRODUÇÃO
O presente instrumento de trabalho científico realizado como trabalho de conclusão do curso de Bacharel em Serviço Social, apresentado a Universidade Pitágoras Unopar e desenvolvido a partir do seguinte tema: O Sistema Único de Assistência Social - SUAS e o importante trabalho do Assistente Social na Política de Assistência, têm como objetivo central destacar o trabalho do Assistente Social frente ao desafiante cenário atual, na perspectiva do SUAS. 
 Diante do tema exposto, apontaremos a relevância da profissão no âmbito das políticas sociais, não se resumindo em executar as atividades com qualidade, mas em reafirmar o compromisso ético e político conjecturado no Código de Ética do Serviço Social. Desta maneira, a pesquisa instiga a reflexão e conscientização sobre o verdadeiro papel da Política de Assistência Social no país.
O interesse em abordar o tema, surgiu durante a experiência vivida no Estágio Curricular Obrigatório II, realizado no ano de 2018, na cidade de São Pedro da Aldeia/RJ. Foi considerada a importância do conhecimento aprofundado a respeito das políticas públicas na qual está inserido o profissional de Serviço Social, bem como o contexto histórico das mesmas.
Pensar a Política de Assistência Social nos faz refletir sobre a política que queremos e o que precisamos para construir essa política. Desse modo, atentaremos sobre o trabalho profissional dentro das contradições do sistema capitalista atual. 
Apresentaremos também os respectivos objetivos específicos: aprofundar o conhecimento sobre o contexto histórico das políticas públicas no Brasil; conhecer as leis e diretrizes que norteiam os órgãos responsáveis pelas atividades da Assistência; reconhecer a Assistência como política pública e não como benesse; destacar o trabalho do Assistente Social na garantia de direitos. 
Evidenciamos mais uma vez, a importância deste tema, já que abordaremos o marco constitucional de 1988 que passou a atribuir ao Estado e ao governo a responsabilidade de viabilizar e garantir os direitos básicos a população.
Quando nos referimos ao trabalho e ao papel do Assistente Social nas políticas públicas, relacionamos a importância desse profissional na identificação de demandas, na viabilização de acessos, na articulação da rede socioassistêncial, e na busca pela emancipação dos indivíduos.
O referido instrumento de Trabalho de Conclusão de Curso, metodologicamente falando, trata-se de uma pesquisa bibliográfica, de caráter qualitativo com revisão da literatura referente ao tema.
Toda pesquisa bibliográfica é realizada através de um material já produzido, ou seja, a partir de fontes secundárias. Corresponde a uma fase crucial em todo trabalho científico, pois esta concede o embasamento teórico das informações contidas na pesquisa. Encontra-se baseada em material já publicado, composto por livros, artigos de periódicos e nos dias de hoje, com a tecnologia, em material disponibilizado na Internet.
Para seleção dos artigos foram estabelecidos como critérios de inclusão: artigos de periódicos nacionais com a temática sobre o Sistema Único de Assistência Social e o Trabalho do Assistente Social frente às Políticas Públicas, localizados nas bases de dados da biblioteca SciELO (Scientific Eletronic Library Online) e Google Acadêmico. Para a busca, foram utilizadas as palavras chave: SUAS (Sistema Único de Assistência Social), Assistente Social, Política de Assistência Social, Política Pública, PENAS (Política Nacional de Assistência Social) e Serviço Social. Para melhor compreensão por parte do leitor, o trabalho foi dividido em três capítulos, que discorrem sobre o tema escolhido de maneira clara e objetiva. 
O capítulo I possibilita uma reflexão a respeito do reconhecimento da Assistência Social como política pública e não como benesse, promovendo uma conscientização sobre seu significado na contemporaneidade. Discorreremos sobre os primórdios da Assistência social, que teve seus princípios baseados na caridade, na filantropia e na Igreja. Como sabemos mesmo a assistência sendo atualmente reconhecida como política de direito, encontra grandes desafios ao reafirmar seu verdadeiro significado e papel dentro da sociedade.
Ainda no capítulo I, analisaremos a trajetória das políticas públicas no Brasil, destacando a Política de Assistência Social, constituída no SUAS. Em sua gênese o Estado não exercia um papel mediador e participativo, seu interesse baseava-se em assumir com maior empenho as formas repressivas e coercitivas, que atendiam apenas as inclinações das classes dominantes para manutenção da ordem.
O capítulo II nos permite examinar os principais órgãos e legislações que norteiam e fiscalizam as atividades da Assistência, assim como, a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, que possibilitou a fundamentação real, em forma de política pública, da Proteção Social no país, através da Política Nacional de Assistência Social (2004), baseada na Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS (1993), na implantação do Sistema Único de Assistência Social. Ainda destacaremos a importância da participação popular, o tão conhecido controle social, instrumento fundamental na cooperação da tomada de decisões, gestão e execução das Políticas Públicas.
Finalmente, no capítulo III, apontaremos o importante trabalho do Assistente Social, inserido na Política de Assistência, seu essencial papel frente à identificação de demandas e poder de articulação. Destacamos que este profissional está inserido na divisão socio-técnica do trabalho e, consequentemente, tendo que vender sua força de trabalho nas condições do sistema capitalista vigente. Evidenciaremos este profissional como indispensável dentro desta política, por possui formação teórico-metodológica e conhecimento pleno do Projeto Ético-Político profissional que garante a qualidade em suas intervenções.
O referido Trabalho de Conclusão de Curso baseou-se nos pensamentos da autora Martinelli (1989) trazendo fundamentação teórica à pesquisa. No livro “Serviço Social: identidade e alienação”, ela retrata a antiga tradição assistencial baseada na filantropia, igreja e caridade. Posteriormente à luz da Constituição Federal de 1988, que passa a atribuir ao Estado a responsabilidade sobre a garantia dos direitos sociais à população através das Políticas Sociais.
Outra autora essencial para o Serviço Social, que não poderia ficar de fora desta pesquisa é Iamamoto (2009), que identifica no trabalho do Assistente Social, as contradições do fazer profissional, como trabalhador assalariado, atuante das políticas públicas, não sendo reconhecido por sua importância e que por vezes não dispõe dos recursos necessários para sua atuação e realização de seus propósitos profissionais.
Em virtude do que foi mencionado, o presente instrumento de pesquisa é de fundamental importância, por promover uma análise da contextualização histórica das políticas públicas no Brasil, na qual o Assistente Social está inserido, assim como, seus desafios profissionais na atualidade e a reafirmação do seu importante papel dentro da sociedade.
CAPÍTULO I
2 A ASSISTÊNCIA SOCIAL BASEADA NA FILANTROPIA E NA IGREJA
Na antiguidade, nos tempos mais remotos da humanidade já se falavaem “ajuda”. Na Idade Média, por exemplo, ofertar esmolas e acolher os “necessitados”, fazia parte de uma prática ligada à boa vontade, à salvação dos pecados e não a uma inquietude a respeito da pobreza social. Esta prática estava associada à religião, à remissão das almas, ou seja, era uma prática individual.
De acordo com Martineli (1989), à volta do ano de 3.000 a.C., as Confrarias do deserto realizavam a assistência social junto ás caravanas. A prática era direcionada as pessoas que eram abandonadas, sofriam com doenças, entre outros. Era executada através de visitas a idosos, órfãos e viúvas, e desta forma, eram ofertadas roupas e alimentos, no intuito de minimizar o sofrimento daquelas pessoas.
A Assistência Social baseada na caridade manteve-se até a Revolução Francesa, no século XVIII, quando a assistência passou a ser compreendida como direito do cidadão e conferido a todos o compromisso de prestá-la, porém apenas a aqueles que não tinham condições para o trabalho, os chamados “inválidos”, os idosos sem família e as crianças deficientes, apenas essas pessoas teriam a sua sobrevivência garantida pela sociedade. Porém, a assistência ainda mantinha-se no sentido de “ajudar” os mais pobres.
Os fundamentos da profissão se constituíram no final do século XVIII e início do século XIX, com a Revolução Industrial, onde o avanço da produção fez com que o trabalhador vivenciasse o desemprego e a exploração do trabalho, realizando longas jornadas de trabalho, em precárias condições, utilizando-se da mão de obra exploratória de crianças, adolescentes e mulheres. O acúmulo de capital, retido pelos donos dos meios de produção faz com que a classe trabalhadora venda sua força de trabalho, resultando em um significativo crescimento da pobreza e da desigualdade social.
Nesse período, emerge na sociedade a consciência da “divisão de classes”. Isso significa que a classe dominante corresponde aos donos dos meios de produção, são eles os detentores da maior parte da riqueza gerada socialmente. A classe operária não participa da distribuição de todo capital gerado, a não ser que venda a sua força de trabalho (“mais valia”) em troca de um salário. Ofertar a força de trabalho tornou-se a única forma de manter a sobrevivência dos trabalhadores e de sua família. Consequentemente, podemos analisar que a riqueza produzida pela classe trabalhadora é propriedade dos donos dos meios de produção, aos trabalhadores é destinada uma parte muito pequena do capital. É essa característica que contribui para obtenção de lucro dos capitalistas, gerada a partir da acumulação do capital.
Nesse sentido, o cenário social, econômico e político da época, foram marcados pelas reinvindicações da classe operária, exigindo melhores condições de trabalho, além de salários mais dignos para que as mínimas condições de sobrevivência fossem garantidas. Martinelli (1989), ainda contribui:
[...] “a revolta dos trabalhadores era contra a submissão da vida humana aos interesses do capital, contra a humilhação cotidiana que os capitalistas lhes impunham, transformando-os em mera condição de expansão de seu capital e violentando a sua dignidade de ser humano, cuja força de trabalho era comprada a preços cada vez mais degradantes. Assim, as manifestações de revolta dos trabalhadores eram impulsionadas pelo incremento da violência e da exploração que os capitalistas contra eles cometiam, transformando sua existência em uma luta contínua e desigual pela sobrevivência.” (MARTINELLI, 1989, p. 44)
Tendo em vista as revoluções europeias e a consolidação do capitalismo, podemos dizer que o Serviço Social surge com o intuito de “ajustar” os indivíduos que não estavam de acordo com a sociedade, não tratando a pobreza como um fenômeno social e sim responsabilizando a própria pessoa que se encontrava em situação de vulnerabilidade.
É a partir do “domínio desigual” de toda riqueza gerada socialmente que são reproduzidas as expressões da “questão social”, compreendidas como: o desemprego, o analfabetismo, a fome, a criminalidade, e, para conter essa demanda, a burguesia usou a filantropia como tática, estimulando a organização dos serviços “assistenciais”. 
 Há, portanto, uma determinação básica a considerar: o Serviço Social cresce e se expande na nossa sociedade como parte de uma estratégia mais ampla do bloco dominante para uma ação entre o proletariado. Essa estratégia visava criar um tipo de socialização do operário adequada às condições da nova vida industrial, ao ritmo e a disciplinarização do trabalho que fortalece as bases de legitimidade para o exercício do poder da classe: a dominação político-ideológica e a apropriação econômica. (IAMAMOTO, 1995, p. 174).
A sociedade burguesia europeia, escondia sua verdadeira intenção através de um discurso humanitário, causando a falsa impressão de preocupação com a educação, condições de trabalho e habitação das classes subalternas. A prática social da assistência baseada na filantropia tornou-se apenas uma maneira de enfraquecer as reinvindicações e insatisfação que tomava conta de grande parte da população.
A Igreja possuía forte influência sobre os governos e por meio de ligações entre à burguesia e o Estado, foi criado no ano de 1869, em Londres, a Sociedade de Organização da Caridade, tornando esses três componentes das classes dominantes responsáveis por aqueles que não tinham condições para o trabalho, os chamados “inválidos”, ou as pessoas que viviam à margem da sociedade, apenas essas pessoas teriam a sua sobrevivência garantida pela sociedade. A assistência ainda mantinha-se no sentido de “ajudar” os mais pobres.
No início do século XX, o Serviço Social, ainda com viés assistencialista, já se encontrava presente nos Estados Unidos e na maioria dos países europeus, dispondo da cooperação de diversas sedes da Sociedade de Organização da Caridade. Porém na década de 40 a Organização passou a não existir mais com essa denominação. Foi um momento de expansão da profissão, então foram criadas as primeiras escolas de Serviço Social.
A Igreja católica nesse momento encontrava-se vinculada à profissão, com intenção dominadora e repressiva. Em 15 de maio de 1981, a Carta Encíclica de sua Santidade o Papa Leão XIII: Rerum Novarum censurou a ausência de justiça social e ainda criticou a desigual distribuição de riquezas. Consequentemente, o surgimento de cooperativas, associações, sociedades operárias, sindicatos, foram o primeiro passo para as conquistas no âmbito das legislações trabalhistas futuras. Em contrapartida, o real interesse da Igreja baseava-se em reaver a imagem de “defensora dos mais pobres”.
Na década de 1930 surge o Serviço Social no Brasil, momento em que o país vivia uma fase de grandes transformações no contexto econômico e social. Podemos dizer que a profissão emerge a partir do fenômeno denominado “pauperismo” e também da chamada “questão social”, que de acordo com IAMAMOTO (2000), define-se como o “objeto” ou a “matéria-prima” do Serviço Social.
“A questão social pode ser definida como: O conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista madura, que tem uma raiz comum: a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, enquanto a apropriação dos seus frutos se mantém privada, monopolizada por uma parte da sociedade.” (IAMAMOTO, 2000, p. 23).
A crise de hegemonia enfrentada pela classe burguesa e a expansão dos movimentos de reinvindicação realizados pela classe operária, fez com que a Igreja se mobilizasse socialmente a favor dos trabalhadores, mas não com interesses na qualidade de vida dessas pessoas e sim com objetivo de conquistar uma melhor posição perante o governo e a sociedade civil. Igreja e Estado estavam aliados com o objetivo de disseminar seu ideário liberal, e nesse momento é promulgada a Constituição de 1934, onde o catolicismo é reconhecido como religião oficial. Porém, nessa mesma fase a classe operária, cada vez mais fortalecida por seus movimentos, beneficia-se da nova Constituição. 
“O momento em que a Ação Católicapassa a desenvolver com maior intensidade sua atividade de apostolado social coincide com o ascenso do movimento popular e a radicalização política. [...]Seu desdobramento se fará no quadro da “concordata” entre Igreja e Estado no processo de constituição de um “pacto” implícito entre as diferentes facções burguesas, visando a um projeto comum sob égide do corporativismo estatal, de integração e controle do movimento operário. E se expandirá sobre o terreno aplainado da repressão sistemática aos movimentos autônomos do proletariado.” (IAMAMOTO, 2014, p. 174).
Foi após o fim da Segunda Guerra Mundial, que as primeiras obras e instituições baseadas no Serviço Social que conhecemos hoje surgiram. As instituições pioneiras são: a Associação das Senhoras Brasileiras, no Rio de Janeiro, em 1920 e em 1923, a Liga das Senhoras Católicas, em São Paulo. É importante citarmos essas instituições, porque correspondem ao começo do Serviço Social no Brasil, referem-se às bases para o surgimento das primeiras escolas de Serviço Social.
 A partir da criação do Centro de Estudos e Ação Social de São Paulo (CEAS) e em seguida do “Curso Intensivo de Formação Social para Moças”, é que o Serviço Social ainda que com viés filantrópico, passou a finalmente caminhar para uma formação técnica da profissão. 
Segundo Iamamoto (2014), “a formação técnica especializada para a prática da assistência surge, no Rio de Janeiro, a partir de uma forma mais variada de iniciativas”; e ainda ressalta que as condições alarmantes do “aglomerado industrial”, faz com que, por necessidade seja maior o desenvolvimento da infraestrutura e de serviços básicos nas grandes metrópoles, inclusive serviços assistenciais, com forte participação do Estado”.
O grande marco teórico-metodológico no Serviço Social brasileiro ficou conhecido como o Movimento de Reconceituação que ocorreu em 1965. Esse processo se deu em um período excessivamente ditatorial e tecnocrático: a Ditadura Militar. Momento em que foi indispensável à busca por novas formas de atuação profissional e metodologias de intervenção. Lembrando que, a Ditadura, durou de 1964 a 1985. Nesta fase, destacam-se os seminários realizados na época: o de Araxá, Teresópolis e Sumaré. Assim como o “Congresso da Virada”, que se configuraram momentos decisivos no processo de ruptura com o tradicionalismo do Serviço Social.
Contudo, podemos afirmar que é inegável a forte ligação do Serviço Social em seus primórdios, com a ideologia das classes dominantes. Desvelar as características e contradições da sociedade capitalista no que se refere ao processo de surgimento da profissão é de extrema importância, para que possamos compreender a sua evolução e a partir daí analisar a implementação das Políticas Públicas Sociais no país. 
2.1 TRAGETÓRIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL
Para tratar de Política Pública, precisamos ter em mente o conceito de política. É através de uma análise histórica que passamos a compreender o seu processo de desenvolvimento no Brasil. Desta forma, podemos nos perguntar: Afinal, o que é política?
Para PEREIRA (2017, p.1), política é “a ciência de governar um povo, formando um Estado. Em um Estado democrático, essa governabilidade é exercida pelo poder público, por meio de representantes dirigidos ao poder, de forma direta ou indireta - com a participação do povo”. Por esse motivo, deve ser feita uma breve comparação do tema Política Pública, seu significado e do significado de Políticas Sociais, porque apesar de semelhantes, apresentam uma pequena e relevante diferença que deve ser observada.
A Política Pública refere-se a ações ou intervenções elaboradas pelo Estado, por determinando governo, em um dado momento histórico e visam atender a demandas que podem ser de caráter social ou econômico. O governo, ou a “máquina pública” deve funcionar no sentido de atender as necessidades da população.
 As Políticas Sociais fazem parte da Política Pública, a não ser que sejam elaboradas por uma iniciativa privada. Isso significa que muitas empresas de caráter privado elaboram Políticas Sociais. Contudo, para que os conceitos sejam direcionados no mesmo sentido de seu significado, as duas políticas devem ser elaboradas pelo Estado, assim como afirma Jaccoud (2005):
“as políticas sociais fazem parte de um conjunto de iniciativas públicas, com o objetivo de realizar, fora da esfera privada, o acesso a bens, serviços e renda. Seus objetivos são amplos e complexos, podendo organizar-se não apenas para a cobertura de riscos sociais, mas também para a equalização de oportunidades, o enfrentamento das situações de destituição e pobreza, o combate às desigualdades sociais e a melhoria das condições sociais da população”. (JACCOUD, 2005, p. 43).
A implantação das Políticas Públicas no Brasil está diretamente ligada ao processo de industrialização e foi a partir da década de 1930 que se estrutura um sistema de proteção social, através da criação de Políticas Sociais, que foram elaboradas pelo Estado. Nesse período, foi implementada uma das mais importantes leis que dispunham da proteção social de caráter contributivo no Brasil. 
Nomeada como Lei Eloy Chaves de 1923 (Decreto-legislativo nº 4.682, de 24/01/1923), segundo o MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL (1987), assegurava ao trabalhador que tivesse carteira assinada:
“A Lei Eloy Chaves, publicada em 24 de janeiro de 1923, consolidou a base do sistema previdenciário brasileiro, com a criação da Caixa de Aposentadorias e Pensões para os empregados das empresas ferroviárias. Após a promulgação desta lei, outras empresas foram beneficiadas e seus empregados também passaram a ser segurados da Previdência Social.”
A década de 1930 tomou novos rumos, ficando conhecida como a Era Vargas e foi marcada por conquistas significativas na área trabalhista. O governo do presidente Getúlio Vargas se estendeu por 15 anos e uma de suas características principais foi à aproximação com as grandes massas, sua busca pela centralização do poder e é claro, a Consolidação das Leis Trabalhistas - CLT. 
 Com o novo governo, de acordo com PEREIRA (2017, p.1) “as CAPS expandiram-se para outras categorias profissionais, determinada pela capacidade de reivindicação dos trabalhadores por melhores condições trabalhistas”. Em 1933 as CAPS unificaram-se, se transformando em Institutos de Aposentadoria e Pensão (IAPS).
Ainda nesta década destacamos a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a criação do salário mínimo, o reconhecimento da saúde da classe trabalhadora e outras importantes providências no âmbito social. Em 1960, o congresso Nacional promulgou a Lei Orgânica da Previdência social – LOPS, criando um sistema previdenciário único para todos os trabalhadores, do setor privado, e acabou com as diferenças em relação ao valor e tipos de benefícios presentes entre eles. Contemplava muitos benefícios e serviços, inclusive o serviço social e a alimentação. A LOPS também incorporou os autônomos que quisessem contribuir com a previdência social.
Couto (2004) afirma que a implantação das leis trabalhistas foi muito importante para os trabalhadores e para os empregadores, porém destaca:
A regulamentação das relações entre capital e trabalho foi a tônica do período, o que parece apontar uma estratégia legalista na tentativa de interferir autoritariamente, via legislação, para evitar conflito social. Toda legislação trabalhista criada na época embasava-se na ideia do pensamento liberal brasileiro, onde a intervenção estatal buscava a harmonia entre empregadores e empregados. Era bem-vinda, na concepção dos empresários, toda a iniciativa do Estado que controlasse a classe operária, da mesma forma era bem-vinda por parte dos empregados, pois contribuía para melhorar suas condições de trabalho. (COUTO, 2004, p. 95)
Durante o período da ditadura militar (1964-1985), houve um processo de ampliação e modernização das Políticas Sociais. Em 1966, houve a criação do Instituto Nacional da Previdência Social (INPS), objetivando a unificação e centralização da Previdência Social. Em 1974,ocorreu a criação do Ministério da Previdência e Assistência Social, onde incorpora a LBA (Legião Brasileira de Assistência.
A década de 1980, chamada de “década perdida”, foi marcada por intensas lutas em torno da redemocratização do país contra a ditadura e a situação de desproteção social brasileira. Os cidadãos que deram vida aos movimentos sociais foram às ruas e a pressão popular pela instauração de uma nova Constituição era muito intensa. Como diz PEREIRA (2017): 
“Instala-se discussão em torno de uma nova constituição que expressasse o anseio do povo brasileiro: um conjunto de direitos sociais básicos, ditos elementares, como: saúde, educação, assistência social, habitação, entre outros”. (PEREIRA, 2017, p. 5).
A Constituição Federal de 1988, vigente até o presente momento, foi um instrumento de institucionalização da proteção social a todos os cidadãos brasileiros. Pois a partir da chamada “Carta Cidadã”, diversos direitos sociais a população foram estabelecidos, entre eles está o conhecido “Tripé da Seguridade Social”. Compostos pela Saúde, Previdência Social e Assistência Social.
Para tentar combater as expressões da “questão social”, o Estado neoliberal, que defende a mínima intervenção do Estado, estimulou a criação de fundos sociais de emergência e a mobilização da solidariedade individual e voluntária buscava a volta da responsabilidade social para a sociedade. Como afirma PEREIRA (2017, p.3): “Criação de organizações filantrópicas e” organizações não governamentais (ONG’s) – com apelo à solidariedade e à parceria que tirava a responsabilidade do Estado, se distanciou dos aspectos sociais que a população tanto necessitava e agravou significativamente as expressões da “questão social”, sucateando as políticas sociais.
 Nesse sentido, destacamos que o terceiro setor se estabelece como um campo de trabalho para os Assistentes Sociais, sendo observada sua relevância. Contudo, é necessário ter um olhar crítico, que não fique preso a uma análise aparente, que defende que o “terceiro setor” representa uma nova forma para suprir as necessidades sociais, pois essa responsabilidade é do Estado.
As Políticas Públicas Sociais possuem um vínculo de inter-relação com o Serviço Social, a “questão social” e suas expressões. Assim, as transformações da sociedade em relação ao capital x trabalho e a expansão do neoliberalismo, são desafios enfrentados pela classe trabalhadora, incluindo é claro a categoria profissional dos Assistentes Sociais.
2.2 O SERVIÇO SOCIAL RECONHECIDO COMO POLÍTICA PÚBLICA
Compreender a gênese do Serviço Social, que estava vinculada à filantropia, à caridade e à Igreja é extremamente importante para darmos continuidade à pesquisa, destacando seu reconhecimento como Política Pública. A Assistência Social brasileira traz consigo uma desconfortável herança baseada no assistencialismo. Entretanto, a profissão tomou novos rumos a partir da Constituição de 1988, que passou a assegurar os direitos sociais a todos os brasileiros.
 Jaccoud (2009), afirma que “o advento do seguro social oportunizou a diminuição da situação de insegurança e desproteção” e complementa “retiraram do campo da individualização as proteções baseadas na filantropia e em diferentes formas de ajuda”. Contudo, o caminho trilhado até o reconhecimento da proteção social no país enfrentou e ainda enfrenta muitos cenários desafiantes.
A Constituição Federal ficou mundialmente conhecida como a “Constituição Cidadã” e significou um marco entre o regime militar e a democracia, também significou várias conquistas econômicas, sociais e trabalhistas, além do fortalecimento do Estado. 
“Destinada a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça com valores supremos de uma sociedade fraternal, pluralista e sem preconceitos [...]” (BRASIL, 2008 p. 11).
Nesse sentido, a Constituição de 1988 corresponde a um grande acontecimento na trajetória das Políticas Públicas Sociais no país e é claro para o Serviço Social, ao expandir juridicamente a proteção social, não restringindo esse direito apenas às pessoas que contribuíam com a Previdência Social. Equivale a uma transformação no conceito de proteção social no Brasil, pois incorporou legalmente as noções de cidadania e seguridade social, garantindo os direitos mínimos e indispensáveis à população.
Segundo Rezende e Cavalcanti (2009), a relação entre o Serviço Social e as Políticas Sociais surgiu no momento em que “o Estado capitalista passou a requerer a presença de variadas profissões - dentre elas o serviço social - na elaboração, viabilização e execução da intervenção estatal sobre a questão social”. 
Foi a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988 que a Política de Assistência Social foi consolidada como direito, construindo o “tripé da Seguridade Social”: Saúde, Previdência Social e Assistência Social. Este foi um avanço significativo no reconhecimento dos Direitos Humanos, promovendo a atenção às necessidades das pessoas em situação de risco e vulnerabilidade social.
A “Carta Magna” foi constituída com diretrizes que garantem o bem- estar e a justiça social. É correto afirmar que a herança do período ditatorial deixou grandes marcas na sociedade. Atualmente, vivemos uma era neoliberal, de destituição de direitos e de retrocessos. Porém, a luta pela garantia dos “mínimos sociais” através do Serviço Social é incansável e o seu trabalho de ação profissional desafiante. Por esse motivo, salientamos a importância da busca por um Estado cada vez mais presente e responsável pela população brasileira. 
“A Constituição Federal de 1988 nasceu marcada pela sua contradição histórica, fruto da mobilização popular, da democratização da sociedade, num contexto em que a ofensiva neoliberal cobrava a redução do Estado na regulação econômica e social”. (COSTA, 2006, p. 148)
A Saúde, a Previdência Social e a Assistência Social, correspondem ao “tripé da Seguridade Social brasileira”. Essas políticas são responsáveis por garantir os direitos aos cidadãos em momentos de necessidade, priorizando a dignidade humana. Porém, anterior à Constituição de 1988, o direito à Saúde era “privilégio” apenas dos contribuintes da Previdência Social. 
Foi a partir da elaboração da Lei Orgânica da Saúde (LOS), Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990, que se concretizou o acesso à saúde de forma gratuita e universalizada. A partir daí, um conjunto de leis foi criado para estruturar o SUS (Sistema Único de Saúde), outro grande marco na institucionalização das políticas de proteção social, que por sua vez também enfrenta grandes desafios na contemporaneidade. Vemos exemplos disso nas grandes filas de atendimento dos hospitais públicos, na dificuldade para conseguir marcar consultas e nos corredores muitas vezes lotados de pacientes, entre outros problemas:
“No fundo existe uma ironia, mas que é profundamente lógica: direito é algo incondicionalmente devido; porém só se efetiva, se conquistado. Por isso não basta consignar os direitos na letra, fazer declarações verbais, apropriar textos constitucionais, se os interessados não urgirem na teoria e na prática seus direitos. No horizonte desta perspectiva está a noção muito importante de Estado de Direito, contra o Estado de impunidade, de exceção, de privilégio, cuja regra do jogo é sua falta.” (DEMO, 1988, p. 61).
A Previdência Social possui sua oferta a benefícios totalmente vincula á contribuição previdenciária, isso significa que para ter acesso a algum direito, o indivíduo deve arcar com um desconto efetuado em seu salário, ou pode realiza-lo de maneira autônoma. Um bom exemplo é a aposentadoria por tempo de contribuição. Os órgãos responsáveis pela previdência são o Ministério do Trabalho e da Previdência Social.
A Assistência Social como último e não menos importante integrante do “tripé” Seguridade Social, é a proteção que visa assegurar os direitos da população, como apresentado no Art. 194 da Constituição Federal: “A seguridade Social é um conjuntointegrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade destinado a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.” (BRASIL, 2000, p. 41).
 A Constituição Federal de 1988 conduziu um novo modelo no que diz respeito à inserção de políticas e ações que atendam as necessidades sociais. Outro elemento importante foi à decisão de descentralização das Politicas Públicas, com viés a uma administração mais democrática da seguridade social, onde essa gestão se tornou mais transparente e tem a participação de todos os envolvidos.
O compromisso com a população foi ratificado com a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) e se tornou política de direito de todos os cidadãos e dever do Estado. O Serviço Social corresponde a uma profissão que possui um compromisso ético-político com a classe trabalhadora, tornando fundamental sua relação com as leis constitucionais: 
“A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; o amparo às crianças e adolescentes carentes; a promoção da integração ao mercado de trabalho; a habilitação e a reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei”. (BRASIL, PLANALTO, 1988).
 Através da oferta de benefícios e serviços, se compõem os direitos assegurados pela proteção social na esfera da Assistência Social. Desta maneira, a Política de Assistência Social procurará atender a todos os indivíduos que estejam com algum tipo de direito violado. Cabe à Assistência práticas que previnam o “rompimento de vínculos”, a exclusão e a vulnerabilidade social.
Os espaços pertencentes à construção da política de seguridade como o SUS, SUAS e a Previdência, são campos concretos de atuação e protagonismo dos Assistentes Sociais, de modo que estes profissionais operam sua intervenção a partir da formulação de políticas que são de responsabilidade do Estado, no enfrentamento da questão social. Como política de proteção social, a Assistência Social orienta-se pelos princípios da:
I – supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de rentabilidade econômica;
II – universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação assistencial alcançável pelas demais políticas públicas;
III – respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios e serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e comunitária, vedando-se qualquer comprovação vexatória de necessidade;
IV – igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e rurais;
V – divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios para sua concessão. (Brasil, 2004, p. 33).
O percurso trilhado pela consolidação da Assistência Social como Política Pública comprova que a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, a criação da Lei Orgânica da Assistência Social - (LOAS), a implementação do NOB/SUAS - (Norma Operacional Básica) / (Sistema Único de Assistência Social), através da PNAS – (Política Nacional de Assistência Social), além de afiançar direitos, impõe ao Estado à responsabilidade pela proteção social e a gestão das Políticas Sociais.
CAPÍTULO II
3 LEGISLAÇÕES PERTINENTES E ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS PELAS ATIVIDADES DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
Existe uma importante diferença nos conceitos de Serviço Social e Assistência Social. O Serviço Social corresponde à profissão executada por um Assistente Social, já a Assistência Social é considerada Política Pública. Essa breve reflexão foi exposta antes de darmos continuidade à pesquisa, pois engloba as legislações e órgãos responsáveis pelas práticas da Assistência Social. Ou seja, são encarregados de fornecer as diretrizes e formular leis que impliquem na efetivação da Assistência Social como Política Pública.
Durante o período histórico da Ditadura Militar que ocorreu nas décadas de 1960 a 1980, a Assistência Social permanecia vinculada as ações assistencialistas, e voltada para o ajuste social. Anterior a este período, no que se refere à Política de Assistência, o Estado cria a Legião Brasileira de Assistência (LBA), responsável por organizar instituições privadas conveniadas com o governo, dessa forma salienta SANTINI (2017, p.137) criada com “objetivo de agrupar pessoas das organizações de ‘boa vontade’, sem fins lucrativos”, para desenvolver ações com ideias assistencialistas.
A Assistência Social firmou-se como política através de muita persistência e enfrentamento de desafios que se estendem até os dias de hoje. Essas adversidades não acabaram com a promulgação da Constituição de 1988. Porém foi a partir da elaboração e aprovação da Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS, Lei n° 8.742 de 7 de dezembro de 1993, que sustenta os direitos da Assistência Social, transferiu para o Estado a responsabilidade de suprir todas as necessidades da população, assegurando os mínimos sociais.
 O Estado é o executor de políticas públicas, que garante o atendimento básico de proteção social necessário à população vulnerabilizada, ratificando com o artigo primeiro sobre a definição e os objetivos da organização da assistência social no Brasil:
“A Assistência Social, direito do cidadão e dever do Estado, é política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas”. (BRASIL, Lei n° 8.742, 1993).
A LOAS atribui um caráter de serviços socioassistenciais, destacando as competências das esferas governamentais dos serviços, programas e projetos de responsabilidade do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), enquanto instância máxima de deliberação, visando garantir os mínimos sociais no enfrentamento da pobreza e da exclusão social. A Lei Orgânica da Assistência Social é de caráter da Previdência Social, decretada com objetivo de fornecer o Benefício de Prestação Continuada – BPC. Corresponde a um salário que deve se pago a toda pessoa com deficiência ou a todo idoso (60 anos para mulheres e 65 para homens), que não dispor dos meios para suprir sua manutenção, ou não tê-los fornecidos por sua família.
Com base no Ministério do Desenvolvimento Social - MDS, que foi consolidado em 23 de janeiro de 2004, pelo presidente Luíz Inácio Lula da Silva, a LOAS elabora a Política Nacional de Assistência Social – PNAS, aprovada pela Resolução CNAS nº130/2004, em 22 de setembro de 2004, configura-se como uma política de caráter não contributivo, buscando incorporar as demandas da sociedade, esclarecendo as diretrizes na efetivação da assistência social como direito do cidadão e dever do Estado. A PNAS estabelece as diretrizes e proteção social ampliando os serviços sociais, preconizando uma gestão de forma descentralizada e participativa respeitando as diferenças entre os municípios e a realidade da população. No que diz respeito à Política de Assistência Social, podemos destacar os artigos a seguir:
Art. 203 - A Assistência Social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social (…).
Art. 204 - As ações governamentais na área da Assistência Social serão realizadas com recursos do orçamento da seguridade social (…). (BRASIL. 2018)
Instituído pela PNAS (2004), é criado o Sistema Único de Assistência Social – SUAS, tendo sua aprovação na Lei nº 12.435, de 06 de julho de 2011, representou um marco fundamental na Política de Assistência, garantindo avanços significativos na implantação de serviços socioassistenciais,objetivando reduzir danos e prevenir risco social à população vulnerável.
O Sistema Único de Assistência Social – SUAS (2005), é uma política que teve avanços na sua implantação, abordando três esferas governamentais: federal, municipal e estadual, com a finalidade de promover uma gestão descentralizada e hierarquizada. A Lei Orgânica de Assistência Social implanta esse novo modelo de gestão, aprovada pelo Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS – Resolução n° 130 de 15/10/05, inscrito no Ministério de Desenvolvimento Social – MDS, que em seguida instituiu a Norma Operacional Básica (NOB/SUAS), referenciada como “um modelo de gestão descentralizada, tem suas principais características na proteção social, a defesa de direitos socioassistenciais e a vigilância social”.
De acordo com o Ministério de Desenvolvimento Social, o SUAS estabelece ações da Política de Assistência Social, e definiu uma política lógica classificada em níveis de proteção: Proteção Social Básica e Proteção Social Especial, tendo como finalidade garantir os direitos que estão assegurados na Política de Assistência Social. O SUAS organiza serviços, cria projetos, programas e benefícios socioassistenciais, com o objetivo de promover e ampliar serviços que atendam as necessidades e demandas de toda a população.
3.1 PARTICIPAÇÃO DEMOCRÁTICA: UMA BREVE REFLEXÃO SOBRE O CONTROLE SOCIAL E SUA IMPORTÂNCIA NO EXERCÍCIO DA CIDADANIA
A partir do momento em que abordamos o tema participação, devemos ter em mente que isso está relacionado a algo coletivo, como por exemplo, acesso a direitos sociais, aquisição de benefícios, ou seja, assuntos e interesses com finalidades em comum. A Constituição de 1988 também avançou no aspecto de promover a participação popular, instigando a procura por melhores resoluções dos problemas enfrentados pela sociedade, além de promover a participação no controle e fiscalização das Políticas Públicas.
Isso significa que a sociedade possui poder participativo nas tomadas de decisão e expressão de suas reais necessidades. Porém, após a era ditatorial que se estendeu por anos em nosso país, ainda existe um desafio educativo-pedagógico, no sentido de os Assistentes Sociais, expandirem cada vez mais a importância da participação popular, pois esta proporciona o exercício da cidadania e a democratização da administração, referentes aos gastos públicos.
De acordo com Back (2010), participação “pode ser compreendida como: “fazer parte”, “tomar parte”, e, ainda, entendida como “partilha” do poder e do direito de intervir na formulação e decisões políticas que regem a vida em sociedade.” Seguindo essa afirmação, podemos dizer que a participação significa contribuir com os interesses e bem estar de todos, tornando os indivíduos capazes de manifestar suas verdadeiras necessidades, os transformando em protagonistas nas tomadas de decisão, modificando a realidade de toda uma comunidade, proporcionando acesso e efetivação das Políticas Públicas em geral.
São ferramentas de participação popular: os conselhos municipais e estaduais. Por sua vez, estes dispõem de representantes da sociedade civil e do governo, que prezam pelos direitos de todos os cidadãos, em união com a gestão pública, de maneira que viabilizam a participação da sociedade. A resolução CNAS nº 237/2006, art. 10, determina que os conselhos de assistência social sejam compostos por 50% de representantes do governo e 50% de representantes da sociedade civil.
Outros exemplos de participação popular são as associações, os sindicatos e os comitês. Esses espaços são caracterizados por reunir determinados grupos de pessoas, que possuem propósitos e objetivos em comum, executando desta forma, sua cidadania e buscando maneiras de intervir para o bem estar de toda a sociedade. O autor Figueiredo (2010), contribui com o seguinte pensamento: 
[...] “convocar vontades para atuar na busca de um propósito comum, sob a interpretação e um sentido também compartilhados. Desta forma, a participação deve ser compreendida na mobilização social como meta e meio, crescendo em abrangência e profundidade ao longo de um processo.” (FIGUEIREDO, 2010, p. 337).
Ao analisarmos o tema, compreendemos que a mobilização social é elemento crucial na formação da participação popular e ainda a relacionamos como um instrumento no trabalho do Assistente Social, pois este profissional utiliza-se dos movimentos comunitários para executar a prática da comunicação, colaborando desta forma com a efetivação da consciência de cidadania dos indivíduos.
Figueiredo (2010), também destaca que “participar é um ato de liberdade”, ou seja, o Brasil como um país democrático, deve formar pessoas conscientes da importância de participar, de “averiguar” e de exigir seus direitos. Essa observação se aplica na gestão pública, na “fiscalização” dos gastos públicos, no sentido de que as instituições operem de forma transparente ao lidar com o dinheiro público. Desta forma, o controle social faz parte da participação popular, ele é uma forma de compartilhamento de decisões sobre políticas, públicas ou sociais, programas e projetos entre a sociedade e o Estado. 
Em relação aos Conselhos, podemos dizer que cada um deles opera de forma diferente, conforme a realidade local. Criados pelo Estado possuem suas deliberações efetuadas em âmbito Municipal, Estadual e Federal. São exemplos: os Conselhos de direitos, os Conselhos de saúde, os Conselhos do idoso, os Conselhos de educação, de cultura, da mulher, de habitação, entre outros. Sua organização administrativa se dá da seguinte forma, de acordo com a Cartilha SUAS:
“A organização político-administrativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Todos estes entes são autônomos e contam com os seguintes poderes: Poder Executivo - que planeja as ações administrativas e executa as leis; Poder Legislativo - que elabora as leis; Ministério Público - que defende e fiscaliza a aplicação das leis; Poder Judiciário - que garante que as leis sejam cumpridas.” (CARTILHA SUAS, p. 18)
No âmbito municipal, é o CMAS – Conselho Municipal de Assistência Social, criado pela Lei Orgânica da Assistência Social – Lei 8.742/1993, o responsável por unir um grupo de representantes da sociedade civil e também do governo, para debater, fiscalizar e instituir normas, analisando o fornecimento dos serviços sociais públicos. O CMAS, assim como os demais Conselhos, Estadual e Federal se orienta pelos princípios da Política de Assistência Social, que se encontram assegurados nas legislações a partir da Constituição de 1988.
 O MDS – Ministério do Desenvolvimento Social, compreende que o Conselho Estadual de Assistência Social – CEAS, corresponde a uma “instância deliberativa de caráter permanente e de composição paritária entre governo e sociedade civil”, instituído no artigo 16 da LOAS. Nessa perspectiva os Conselhos de Assistência Social têm como primordiais competências:
“deliberar e fiscalizar a execução da Política de Assistência Social e seu funcionamento; convocar e encaminhar as deliberações das conferências de Assistência Social; apreciar e aprovar o Plano da Assistência Social; apreciar e aprovar a proposta orçamentária dos recursos da Assistência Social a ser encaminhada ao Poder Legislativo; apreciar e aprovar a execução orçamentária e financeira do Fundo de Assistência a ser apresentada regularmente pelo gestor do Fundo; [...] divulgar e promover a defesa dos direitos socioassistenciais; inscrever entidades de Assistência Social, bem como serviços, programas, projetos socioassistenciais; fiscalizar a rede socioassistencial (executada pelo poder público) zelando pela qualidade da prestação de serviços; eleger entre seus membros a sua mesa diretora (presidente e vice- presidente paritariamente); aprovar o seu regime interno; [...] acompanhar a gestão integrada de serviços e benefícios socioassistenciais; e, exercer o controle social da gestão do trabalho no âmbito do SUAS” (MDS,NOB/SUAS/RH/2006).
Finalmente, o Conselho Nacional de Assistência Social– CNAS é definido como o Órgão máximo de deliberação, coordenação e organização da Política de Assistência Social. Como denominado, atua em âmbito Federal, seus membros responsáveis são intitulados pelo Presidente da República e seu mandato tem durabilidade de dois anos. As fundamentais atribuições do CNAS é aprovar, regular, normatizar leis e aprovar a proposta orçamentária da Assistência Social, além de executar a divulgação de todas as suas medidas e providências no Diário Oficial da União. 
Todas as instâncias de participação popular, assim como o Órgão Máximo de regulamentação e diretrizes da Política de Assistência, são de extrema importância para a população brasileira. Podemos observar que a partir do momento em que a LOAS foi instituída, os conselhos foram criados. Desta forma, buscando a participação da sociedade civil, a efetivação de direitos, proporcionando aos indivíduos a conscientização e consequentemente a promoção de sua cidadania.
3.2 O SERVIÇO SOCIAL INSERIDO NAS CONTRADIÇÕES DO SISTEMA CAPITALISTA
O capitalismo é um sistema econômico contraditório, pois seu modo de produção acumula riquezas ao mesmo tempo em que expande a desigualdade social. Isto significa que a sociedade capitalista está fundamentada na produção exacerbada de mercadorias, onde existe a exploração do trabalho e do homem, pelo próprio homem. Consequentemente, isso resultou em um significativo crescimento da pobreza e da desigualdade social.
É grande o desafio de desvendar os contrastes do Serviço Social no modo de produção capitalista, pois, é uma profissão que surge da necessidade de uma intervenção na sociedade. Teve seus primórdios baseados na caridade, em seguida a partir do rompimento com o conservadorismo, passou a depender do Estado, além de estar ligado fortemente nas relações entre capital x trabalho. É a partir desse ponto, que passamos a compreender esta interação que se apresenta dinâmica e ao mesmo tempo contraditória.
De acordo com Iamamoto e Carvalho (2009), o Assistente Social apesar de ser um profissional que em grande parte não opera nos meios de produção do capital, atua em “uma gama de atividades, que não sendo diretamente produtivas, são indispensáveis ou facilitadoras do movimento do capital”. Ou seja, o profissional ao mesmo tempo em que trabalha com a efetivação e acesso aos direitos sociais, é trabalhador assalariado, faz parte de um sistema econômico cuja venda da força de trabalho, garante a sua sobrevivência.
O Assistente Social, opera suas funções no sentido de contribuir para o fim das relações de exploração do trabalho, ao mesmo tempo em que participa do aumento da produtividade dessa força de trabalho. Podemos compreender a partir daí a “mais valia”, que significa o valor das práticas desempenhadas por esse profissional, ou seja, o valor da venda de sua força de trabalho. Além disso, por tratar-se de um trabalhador assalariado, essa circunstância atinge diretamente a realização das suas práticas profissionais. 
A questão social mais uma vez entra em destaque, pois os Assistentes Sociais lidam diretamente com as suas mais variadas formas de expressão no cotidiano. São profissionais que repercutem o trabalho de se contrapor a um sistema repressor, garantindo direitos, visando à emancipação dos indivíduos. Sendo assim, a autora Iamamoto (2000), ainda contribui:
“Os assistentes sociais trabalham com a questão social nas suas mais variadas expressões quotidianas, tais como os indivíduos as experimentam no trabalho, na família, na área habitacional, na saúde, na assistência social pública etc. Questão social que, sendo desigualdade é também rebeldia, por envolver sujeitos que vivenciam as desigualdades e a elas resistem e se opõem.” (IAMAMOTO, 2000, p. 24)
Para manter sua sobrevivência, a sociedade de forma geral é dependente deste sistema econômico, pois precisa vender sua força de trabalho, para garantia de um salário e assim assegurar os seus meios de sobrevivência. Esses meios de sobrevivência correspondem à moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, entre outros. O valor desse salário corresponde ao nível de aperfeiçoamento profissional de cada um. Mas e as pessoas que não possuem os meios para garantir um salário, ou não o suficiente para arcar com as necessidades básicas de sua família? Qual o verdadeiro significado da prática profissional instituída na garantia de melhores condições de vida da sociedade?
Tratar da relação trabalho x capital é realmente desafiante, principalmente se pensarmos que ainda que o trabalho tenha um “valor”, isso não exclui a possibilidade de exploração do homem, pelo próprio homem. É a partir desse pensamento que o Assistente Social atua, por intermédio dos serviços sociais, fornecidos pelas Políticas Públicas, que são responsabilidade do Estado.
Segundo Iamamoto (2014), o processo de institucionalização do Serviço Social como profissão inserida na divisão sóciotécnica do trabalho “encontra-se estritamente vinculado ao crescimento das grandes instituições de prestações de serviços sociais e assistenciais, geradas ou subsidiadas pelo Estado.” Isto significa, que embora os espaços de atuação da profissão tenham se ampliado, os serviços sociais prestados minimizam o processo de exploração, mas os limites impostos por esse mesmo sistema de produção não permite sua eliminação.
Como profissional que trabalha com a efetivação de direitos, o Assistente Social encontra-se em uma posição “privilegiada”, pois sua formação permite que explore a dimensão político-pedagógica a respeito das relações sociais no processo de reprodução do capitalismo e da exploração do trabalho. A partir de sua relação direta com a sociedade exerce certo “poder de influência” na vida dos indivíduos, cooperando para que se tornem conscientes de seus direitos.
Apesar de o Serviço Social muitas vezes ser compreendido como uma profissão que apenas “ameniza” as desigualdades e que possui funções “reguladas” pelo Estado, a profissão possui um Projeto Ético Político, que não desconsidera as lutas e contradições de sua “práxis” profissional, porém proporciona a reflexão sobre essa realidade e a lembrança de que este profissional está inserido diretamente nas relações sociais, assim como afirma Iamamoto (2014):
“O Assistente Social atua no campo social a partir de aspectos de vida da classe trabalhadora, relativos à saúde, moradia, educação, relações familiares, infraestrutura urbana etc. É a partir dessas expressões concretas das relações sociais no cotidiano da vida dos indivíduos e grupos que o profissional efetiva sua intervenção. [...] A descoberta do cotidiano é a descoberta das possibilidades da transformação da realidade. [...] O Assistente Social, através da prática direta junto aos setores populares, dispõem de condições potencialmente privilegiadas de apreender a variedade das expressões da vida cotidiana, por meio de um contato estreito e permanente com a população. Sendo esta proximidade aliada a uma bagagem científica, que possibilite ao profissional superar o caráter pragmático e empirista que não raras vezes caracteriza sua intervenção, poderá obter uma visão totalizadora da realidade desse cotidiano e da maneira como é vivenciada pelos agentes sociais.” (IAMAMOTO, 2014, p. 123, 124)
Considerando a condição do Assistente Social como trabalhador assalariado, este deve apresentar respostas às imposições da entidade que solicita seus serviços, sendo ainda responsável pela execução de suas atividades e pelos rumos que estas tomam. Por sua vez, qualquer prática que a ele seja implicada e que vá contra os princípios de seu papel como profissional, é concedido o direito de uma não resposta à instituição empregadora e deve fundamentar-se em seu Código de Ética.
Os Assistentes Sociais estando fundamentados em seu Código de Ética Profissional devem ter a consciência, de que a sua união com a categoria profissional e ainda com as esferas populares, possuem o poder de indicar novas propostas para que possam efetivar seus objetivos profissionais. Desta forma, potencializam o redirecionandoda prática do Serviço Social, para que esta não se perca a partir do controle e dominação gerado pelos capitalistas, que são os donos dos meios de produção, acumuladores da maior parte de toda riqueza gerada socialmente.
CAPÍTULO III
4 O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NA PERSPECTIVA DO SUAS
Nesta etapa em questão, analisaremos o trabalho do Assistente Social no âmbito do SUAS – Sistema Único de Assistência Social, instituído pela PNAS (2004), sob a Lei 12.435/2011, que alterou a LOAS para garantir a consolidação do Sistema Único. A partir de sua implementação, é inegável que o campo de atuação profissional para os Assistentes Sociais se expandiu consideravelmente. Este sistema corresponde a um grande marco para a concretização da Política de Assistência Social no Brasil. 
Existem elementos indispensáveis para que seja executada à Política de Assistência Social, por isso a normatização dos padrões e serviços são cruciais para que haja a organização dessa política. Além disso, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome (2004), existem eixos que são estruturantes para a composição do SUAS, são eles: 
Matricialidade Sociofamiliar; Descentralização político-administrativa e Territorialização; Novas bases para a relação entre Estado e Sociedade Civil; Financiamento; Controle Social; O desafio da participação popular/cidadão usuário; A Política de Recursos Humanos; A Informação, o Monitoramento e a Avaliação. (MDS, PNAS,2004, p. 33).
O SUAS, possui um caráter organizativo e define suas atribuições nas três esferas de governo: municipal, estadual e federal. Deste modo, a PNAS (2004), estabelece que as proteções se contemplem de maneira hierarquizada, divididas em básica e especial de média e alta complexidade. Essas proteções são concebidas aos indivíduos ou famílias, conforme o nível de vulnerabilidade, risco social e complexidade que apresentam.
Os serviços de proteção básica de assistência social destacam a família como unidade de referência, fortalecendo seus vínculos, buscando o protagonismo de seus membros e oferecendo um conjunto de serviços que direcionam a convivência, o acolhimento, a socialização. Esses serviços são prestados às famílias que não tiveram seus vínculos familiar e social rompidos. Ou seja, atua de maneira preventiva, diante das situações de risco social.
A proteção especial de alta complexidade atua quando os direitos do indivíduo ou da família já foram violados, havendo o rompimento de vínculo social ou familiar. Na proteção de média complexidade não houve rompimento de vínculos, porém o risco social é eminente, e os direitos de certa forma, foram violados. Essas proteções ofertam serviços, programas e projetos de forma especializada, não prevenindo e sim visando à superação das situações de vulnerabilidade social e de quebra de direitos.
São exemplos de Centros de Proteção: os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), os Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), os Centros de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP). Esses espaços possibilitam a gestão pública, planejamento, monitoramento, avaliação, execução das Políticas de Assistência, entre outros.
O SUAS ainda encontra desafios em relação aos novos conceitos de família. Na contemporaneidade encontramos novas configurações familiares, não existe mais um padrão de família pré-determinado pela sociedade. Todas as estruturas devem ser respeitadas. O desafio se aplica em acompanhar todo esse movimento, além de superar a característica conservadora, que defende que a família substitua o sistema que tem a responsabilidade de garantir os direitos sociais. Sendo assim podemos destacar:
“O núcleo familiar é o espaço insubstituível de proteção e socialização primárias, independentes dos formatos, modelos e feições que ele tem assumido com as transformações econômicas, sociais e culturais contemporâneas [...] podemos dizer que estamos diante de uma família quando encontramos um conjunto de pessoas que se acham unidas por laços consanguíneos, afetivos e, ou, de solidariedade.” (BRASIL, 2005, p. 42).
 Direcionaremos agora a atenção para o Assistente Social, que corresponde a um profissional indispensável ao Sistema Único de Assistência Social, pois lida com as mais diversas expressões da “questão social”, apropriando-se em sua formação, das dimensões teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa. 
Este Profissional atua em equipes multidisciplinares, assim como descrito na NOB- RH/SUAS, que estipula que as equipes de referência sejam “constituídas por servidores efetivos responsáveis pela organização e oferta de serviços, programas, projetos e benefícios de proteção social básica e especial”, e ainda ressalta que o número de famílias e indivíduos é referenciado de acordo com o porte dos municípios. 
Aprovada em 13 de dezembro de 2006, pela resolução Nº 269, foi criada a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS, a (NOB-RH/SUAS), que concretiza os principais pontos a serem considerados para a gestão e organização do trabalho e educação permanente. De acordo com a Cartilha CFESS, podemos analisar:
 “O SUAS trouxe avanços no modo de organizar as ações de assistência social no País: Definiu como funções de assistência social: proteção social, a vigilância social e a defesa dos direitos socioassistenciais; Afirmou-se enquanto política descentralizada e definiu o papel de cada esfera de governo de acordo com os critérios da NOB/SUAS/2005; Enfatizou o comando único das ações para superar o antigo cenário de desarticulação da política; Viabilizou a participação e o controle social através do fortalecimento dos conselhos, fundos e planos de assistência social. Reorganizou as ações em níveis de proteção (Básica, Especial de média complexidade e Especial de alta complexidade) e tipificou os serviços que são oferecidos para cada nível com o objetivo de qualificar as ofertas aos usuários; Regulamentou o Fundo Nacional de Assistência Social pelo Decreto 7788/2012 com objetivo proporcionar recursos para co-financiar gestão, serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social. Criou o Sistema Nacional de Informação do Sistema Único de Assistência Social – Rede SUAS, um novo jeito de enviar e trocar informações (via Internet) que pretende agilizar a transferência regular e automática de recursos financeiros do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS) para os Fundos Estaduais, do Distrito Federal e Municipal; Definiu diretrizes para a política de gestão do trabalho no âmbito do SUAS através da aprovação da NOB/RH/SUAS.” (CARTILHA CFESS, p.43)
 A Lei nº 8.662/1993 regulamenta a profissão de Assistente Social, organizando desta forma, a prática profissional da categoria. Fazem parte das atribuições dos Assistentes Sociais: analisar, elaborar, executar, avaliar estudos, planos, pesquisas, projetos, entre outros, todos englobados na esfera do Serviço Social. Sob essa perspectiva, para que o trabalho do Assistente Social capture os objetivos e o sentido do Projeto Ético-Político Profissional, é necessário que este tenha a capacidade de analisar a realidade de maneira crítica, dispensando o senso comum, desvelando o particular dos territórios que abrangem a sua intervenção. De acordo o pensamento da autora Iamamoto (2011) podemos refletir: 
“Formar profissionais qualificados, com relevante gabarito político, ético, metodológico e interventivo, significa apontar-lhes caminhos e ensinar-lhes a aprender, pela convivência permanente com a teoria, a história, a pesquisa e o cotidiano das práticas.” (IAMAMOTO, 2011, p. 252).
Como protagonista na Política de Assistência Social, este profissional encontra no SUAS, uma concretização dos serviços assistenciais. Levando em consideração a era neoliberal que vivemos e que busca retirar cada vez mais a responsabilidade do Estado perante a população, a categoria profissional encontra uma série de desafios.
Contudo, o SUAS, como um sistema sempre em movimento, necessita que suas “engrenagens”,suas “conexões” funcionem de maneira eficiente. Sob esta ótica, destacamos a importância da Rede Socioassistencial, uma ferramenta importante na efetivação dos serviços prestados. A articulação com a Rede corresponde a mais um obstáculo enfrentando pelos Assistentes Sociais, pois estando situados na “ponta”, na gestão ou no planejamento dessas políticas, necessita de uma Rede sólida, capaz de atender às necessidades e prioridades apresentadas pela sociedade.
4.1 O SUAS E A REDE SOCIOASSISTENCIAL
É extremamente necessário que façamos uma breve reflexão sobre a Rede Socioassistencial, pois é um instrumento que dá suporte ao Sistema Único de Assistência Social. O SUAS atende às demandas que se apresentam na sociedade, o que possibilita a concretização da Assistência Social como Política Pública, ou seja, é direito do cidadão e dever do Estado.
Por sua vez, o governo busca desenvolver estratégias para a condução e efetivação dos serviços assistenciais. A articulação com a Rede Socioassistencial se apresenta como uma dessas estratégias, no sentido de promover um melhor atendimento à população. Isso significa que a Assistência Social é uma Política Pública que carece de uma integração com as demais políticas, assim como complementa Bourguignon (2001):
“O termo rede sugere a ideia de articulação, conexão, vínculos, ações complementares, relações horizontais entre parceiros, interdependência de serviços para garantir a integralidade da atenção aos seguimentos sociais vulnerabilizados ou em situação de risco social e pessoal.” (BOURGUIGNON, 2001, p. 4). 
A educação, a saúde e a Assistência Social são Políticas Públicas fundamentais no exercício da articulação da rede socioassistencial, pois estão entre os serviços básicos ofertados à população. Porém, para que a rede funcione de maneira eficaz, é necessário que existam fortes conectivos, ou seja, uma boa articulação instersetorial e interdisciplinar, além de investimento em todos os campos que configuram a rede.
O trabalho em rede possibilita o conhecimento aprofundado das instituições socioassistencias, das equipes e das demandas apresentadas pela comunidade. Além disso, esse relacionamento traz para os campos de visão soluções eficientes, ampliando o acesso aos serviços sociais. Por esse motivo, a rede necessita de instituições parceiras que estejam de acordo com a efetivação dos direitos sociais, viabilizando o apoio e a proteção social aos usuários. Porém, os profissionais devem saber identificar os limites e muitas vezes as precariedades que apresentam essas instituições.
O Assistente Social, como articulador necessita conhecer bem a rede, porém em seu processo de formação, e principalmente em seu cotidiano profissional encontra sérios desafios que englobam a execução e alcance dos serviços sociais. Todos são cidadãos de direitos, mesmo levando em consideração a pouca disponibilidade de recursos públicos. O assunto “gestão” é um dos pontos mais importantes de reflexão no que diz respeito à estrutura de uma rede sociassistencial sólida, que atenda a todos que dela necessitar. Nessa perspectiva Raichelis (2009) complementa: 
[...] “o retraimento das funções do Estado e a redução dos gastos sociais vêm contribuindo para o processo de desresponsabilização em relação às políticas sociais universais e o consequente retrocesso na consolidação e expansão dos direitos sociais.” (RAICHELIS, 2009, p.387).
O trabalho em rede está diretamente ligado ao trabalho multidisciplinar, portanto trabalhar em equipes compostas por profissionais de diferentes áreas científicas do conhecimento fortalece a efetivação dos serviços prestados, além de organizar o sistema em rede.
Refletir sobre a rede socioassistencial nos permite ir além das práticas que foram elaboradas para potencializar as técnicas de gestão dessa estrutura, ou seja, proporciona uma análise ampla e crítica da realidade dos territórios, das condições de vida da população usuária dos serviços sociais.
A rede sociassistencial possui um objetivo fundamental: criar uma estrutura que ofereça a integração e a participação. A rede é um espaço de articulação de políticas sociais que se vinculam para aperfeiçoar esforços, potencializando ações, fortalecendo os profissionais e as instituições que se conectam em torno de um interesse comum.
Contudo, podemos afirmar que a o trabalho articulado entre a Política de Assistência Social e as demais Políticas Públicas, torna-se ferramenta indispensável no enfrentamento das mais diversas formas de expressão da “questão social”, colaborando de maneira significativa para que os serviços sociais alcancem o maior número de usuários, atuando desta forma, no combate à miséria e a exclusão social.
4.2 DESAFIOS PROFISSIONAIS NA CONTEMPORANEIDADE 
Como sabemos a realidade brasileira em relação à consolidação dos projetos societários da profissão que corresponde ao Serviço Social, encontra-se cada vez mais desvalorizado, pois vivemos uma era em que o Estado sendo o maior responsável pela garantia de direitos à toda população, tem buscado estratégias cada vez mais neoliberais para lidar com as relações de trabalho e bem estar social. Consequentemente, essa questão tem gerado retrocessos no campo das Políticas Públicas.
Em contrapartida, o rumo ético-político que vem direcionando a categoria dos Assistentes Sociais, tem se mostrado resistente e podemos reconhecer muitas vitórias no âmbito das reinvindicações, sejam por melhores salários, melhores condições de vida. Essa luta não se resume apenas à classe profissional, mas também, é claro, se estende à classe trabalhadora, com a qual temos um compromisso firmado. Porém, devemos destacar que a participação da categoria de Assistentes Sociais, nos sindicatos, reforça essa luta por melhorias nas condições de trabalho. Além disso, a participação de toda a sociedade nas esferas de participação social, potencializa essa insatisfação à respeito da realidade, pois a união gera todo um movimento de busca pela efetivação de direitos.
De acordo com Iamamoto (2009), as políticas governamentais da atualidade são “favorecedoras da esfera financeira e do grande capital produtivo das instituições, mercados financeiros e empresas multinacionais que capturam o Estado”, desta forma, trazendo novas dimensões “a questão social”, “radicalizando suas expressões”. Neste sentido, isso intensifica a degradação das condições de vida de todos os trabalhadores.
Como mencionado anteriormente, os Assistentes Sociais são trabalhadores assalariados que tem vivenciado em seu cotidiano profissional, tanto na esfera pública quanto na privada, muitas transformações nas condições de trabalho que emergem a partir do capitalismo. Na contemporaneidade, isso significa redução dos direitos trabalhistas, como podemos observar na aprovação da Reforma da Previdência. Podemos analisar ainda, as más condições de trabalho, que consequentemente atinge a efetivação dos serviços sociais. 
Podemos verificar ainda, a busca do Estado pela terceirização dos serviços socioassistenciais, o que o distancia cada vez mais do seu papel de provedor de direitos perante todos os cidadãos brasileiros. As estratégias do Estado juntamente com o sistema capitalista podem ser definidas como “perversas”, pois visam apenas à acumulação de capital, ou seja, o lucro.
O cenário contemporâneo ainda destaca o trabalho cada vez mais burocratizado, que vai em direção contrária ao compromisso profissional de desburocratização dos serviços socioassistenciais e isso implica diretamente na qualidade dos serviços prestados. Desta forma, Iamamoto (2000), ainda complementa: 
“O Código de Ética representa a defesa da profissão, do exercício do Serviço Social com qualidade, na perspectiva da defesa dos usuários, dos profissionais, dos espaços de trabalho, em consequência dos direitos. Nele estão contidos valores que expressam a direção social desse Projeto Profissional, vinculado à defesa de um projeto social, significando a construção e efetivação de um Projeto Coletivo, um Projeto Profissional.” (IAMAMOTO, 2000,

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