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Português instrumental AP1 2020 Cederj

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AP1 – Português Instrumental – 2020.1 
 
Leia o texto de Rubem Alves. 
 
São duas, apenas duas, as tarefas da educação. Como acho que as explicações conceituais são difíceis de 
aprender e fáceis de esquecer, eu caminho sempre pelo caminho dos poetas, que é o caminho das imagens. Uma 
boa imagem é inesquecível. Assim, em vez explicar o que disse, vou mostrar o que disse por meio de uma 
imagem. O corpo carrega duas caixas. Na mão direita, mão da destreza e do trabalho, ele leva uma caixa 
de ferramentas. E na mão esquerda, mão do coração, ele leva uma caixa de brinquedos. Ferramentas 
são melhorias do corpo. Os animais não precisam de ferramentas porque seus corpos já são 
ferramentas. Eles lhes dão tudo aquilo de que necessitam para sobreviver. Como são desajeitados os 
seres humanos quando comparados com os animais! Veja, por exemplo, os macacos. Sem nenhum 
treinamento especial eles tirariam medalhas de ouro na ginástica olímpica. E os saltos das pulgas e dos 
gafanhotos! Já prestou atenção na velocidade das formigas? Mais velozes a pé, proporcionalmente, que 
os bólidos de F-1! O voo dos urubus, os buracos dos tatus, as teias das aranhas, as conchas dos 
moluscos, a língua saltadora dos sapos, o veneno das taturanas, os dentes dos castores. 
Nossa inteligência se desenvolveu para compensar nossa incompetência corporal. Inventou 
melhorias para o corpo: porretes, pilões, facas, flechas, redes, barcos, jegues, bicicletas, casas... Disse 
Marshall MacLuhan corretamente que todos os “meios” são extensões do corpo. É isso que são as 
ferramentas, meios para viver. Ferramentas aumentam a nossa força, nos dão poder. Sem ser dotado de 
força de corpo, pela inteligência o homem se transformou no mais forte de todos os animais, o mais 
terrível, o maior criador, o mais destruidor. O homem tem poder para transformar o mundo num 
paraíso ou num deserto. A primeira tarefa de cada geração, dos pais, é passar aos filhos, como herança, 
a caixa de ferramentas. Para que eles não tenham de começar da estaca zero. Para que eles não 
precisem pensar em soluções que já existem. Muitas ferramentas são objetos: sapatos, escovas, facas, 
canetas, óculos, carros, computadores. Os pais apresentam tais ferramentas aos seus filhos e lhes 
ensinam como devem ser usadas. Com o passar do tempo, muitas ferramentas, muitos objetos e muitos 
de seus usos se tornam obsoletos. Quando isso acontece, eles são retirados da caixa. São esquecidos 
por não terem mais uso. As meninas não têm de aprender a torrar café numa panela de ferro, e os 
meninos não têm de aprender a usar arco e flecha para encontrar o café da manhã. Somente os velhos 
ainda sabem apontar os lápis com um canivete... 
Como são desajeitados os seres humanos quando comparados com os animais! Veja, por 
exemplo, os macacos. Uma habilidade extraordinária que usamos o tempo todo, mas de que não temos 
consciência, é a capacidade de construir, na cabeça, as realidades virtuais chamadas mapas. Para nos 
entendermos na nossa casa, temos de ter mapas dos seus cômodos e mapas dos lugares onde as coisas 
estão guardadas. Fazemos mapas da casa. Fazemos mapas da cidade, do mundo, do universo. Sem 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO 
ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
mapas, seríamos seres perdidos, sem direção. A ciência é, ao mesmo tempo, uma enorme caixa de 
ferramentas e, mais importante que suas ferramentas, um saber de como se fazem as ferramentas. O 
uso das ferramentas científicas que já existem pode ser ensinado. Mas a arte de construir ferramentas 
novas, para isso há de saber pensar. A arte de pensar é a ponte para o desconhecido. 
 Assim, tão importante quanto a aprendizagem do uso das ferramentas existentes – coisa que se 
pode aprender mecanicamente– é a arte de construir ferramentas novas. Na caixa das ferramentas, ao 
lado das ferramentas existentes, mas num compartimento separado, está a arte de pensar. (Fico a 
pensar: o que as escolas ensinam? Elas ensinam as ferramentas existentes ou a arte de pensar, chave 
para as ferramentas inexistentes? O problema: os processos de avaliação sabem como testar o 
conhecimento das ferramentas. Mas que procedimentos adotar para avaliar a arte de pensar?). Assim, 
diante da caixa de ferramentas, o professor tem de se perguntar: “Isso que estou ensinando é 
ferramenta para quê? De que forma pode ser usado? Em que aumenta a competência dos meus alunos 
para cada um viver a sua vida?”. Se não houver resposta, pode estar certo de uma coisa: ferramenta não 
é. 
 Mas há uma outra caixa, na mão esquerda, a mão do coração. Essa caixa está cheia de coisas 
que não servem para nada. Inúteis. Lá estão um livro de poemas da Cecília Meireles, a “Valsinha” de 
Chico Buarque, um cheiro de jasmim, um quadro de Monet, um vento no rosto, uma sonata de Mozart, 
o riso de uma criança, um saco de bolas de gude... Coisas inúteis. 
E, no entanto, elas nos fazem sorrir. E não é para isso que se educa? Para que nossos filhos 
saibam sorrir? Na próxima vez, a gente abre a caixa dos brinquedos... 
 
 (ALVES. Rubem. As tarefas da educação. Folha de São Paulo, 29 jun. 2004. p. 8. Com adaptações). 
 
Rubem Azevedo Alves foi um psicanalista, educador, teólogo, escritor. Escreveu, entre outros, “Livro 
sem Fim” (Edições ASA), publicado em Portugal, e “Seu Eu Pudesse Viver Minha Vida Novamente” 
(Verus). 
 
1. Assinale a opção cujo termo em destaque substitui o da frase transcrita. (2,0) 
 “A primeira tarefa dos pais, como herança, é passar aos filhos a caixa de ferramentas, para que eles 
não precisem pensar em soluções que já existem”. 
(a) “A primeira tarefa dos pais, como herança, é passar aos filhos a caixa de ferramentas, porque eles 
não precisam pensar em soluções que já existem”. 
(b) “A primeira tarefa dos pais, como herança, é passar aos filhos a caixa de ferramentas, a fim de que 
eles não precisem pensar em soluções que já existem”. 
(c) “A primeira tarefa dos pais, como herança, é passar aos filhos a caixa de ferramentas, se eles não 
precisarem pensar em soluções que já existem”. 
(d) “A primeira tarefa dos pais, como herança, é passar aos filhos a caixa de ferramentas, enquanto eles 
não precisam pensar em soluções que já existem”. 
(e) “A primeira tarefa dos pais, como herança, é passar aos filhos a caixa de ferramentas, à medida que 
eles não precisam pensar em soluções que já existem” 
 
 
 
 
2. Rubem Alves inicia seu texto afirmando que há somente duas tarefas eficientes na Educação e usa 
uma analogia com a palavra “caixa” para explicá-las. Nos itens apresentados abaixo, assinale o que NÃO 
corresponde à explicação do autor. (2,0) 
(a) uma das caixas apresenta o aspecto útil dos recursos empregados pelo educador e a outra 
representa o lado lúdico do aprendizado. 
(b)as caixas não são excludentes entre si, mas se complementam por serem ambas necessárias para 
uma Educação integral. 
(c) a caixa que ele designa como de ferramentas contém recursos necessários para o desempenho do 
ser humano em seu dia a dia. 
(d) as ferramentas acessíveis ao ser humano, como força, destreza e poder são superiores às dos 
animais, já que estes não têm acesso ao auxílio externo para suas tarefas. 
(e) quando o autor diz que uma das caixas contém objetos inúteis, ele usa o recurso da ironia para listar 
objetos de arte e de lazer. 
 
3. Em cada alternativa abaixo, há uma passagem transcrita do texto, seguida de um comentário. Assinale a 
alternativa em que o comentário não encontra respaldo no texto. (2,0) 
(a) ”Nossa inteligência se desenvolveu para compensar nossa incompetência corporal”. – Nossa inabilidade 
corporal é resultado do desenvolvimento equivocado de nossa inteligência 
(b) ”(...)Assim, em vez de explicar o que disse, vou mostrar o que disse por meio de uma imagem.” - Para o autor, 
explicar um conceito por meio de imagens é mais complexo do que simplesmente falar sobre ele. 
(c) ”Com o passar do tempo, muitas ferramentas, muitos objetos e muitos de seus usos se tornamobsoletos. 
Quando isso acontece, eles são retirados da caixa.” – Os recursos empregados na Educação em casa e na escola 
devem ser renovados para evitar que percam sua utilidade. 
(d) ”(...)Assim, tão importante quanto a aprendizagem do uso das ferramentas existentes - coisa que se pode 
aprender mecanicamente – é a arte de construir ferramentas novas.” – A arte de pensar pode ser considerada a 
chave para a construção de novas ferramentas. 
(e) “(...) o professor tem que se perguntar: ´Isso que estou ensinando é ferramenta para quê? De que forma pode 
ser usado? Em que aumenta a competência dos meus alunos para cada um viver a sua vida? ´ Se não houver 
resposta, pode estar certo de uma coisa: ferramenta não é.” - Qualquer que seja sua disciplina, o professor tem 
obrigação de ensiná-la com desempenho e competência, com o objetivo de cumprir a grade e o currículo 
estipulados pela escola. 
 
4. Lê-se na página 41 do volume 2 do nosso livro, Língua Portuguesa Instrumental, Aula 16 da 
professora Helena Feres Hawad, "Grandes perfumes em pequenos frascos: o resumo", que: 
 
 “As relações de sentido entre a ideia principal e as ideias secundárias em um texto podem ser 
diversificadas. Veja algumas possibilidades: ideia principal + exemplo ou ilustração; + justificativa ou 
explicação; + causa; + analogia; [...]. 
 
 
 Assinale a opção cujas frases contêm o par de ideias com causa e comparação contido nos períodos 
destacados abaixo. (1,0). 
(a) “Em que aumenta a competência dos meus alunos para cada um viver a sua vida? Se não houver 
resposta, pode estar certo de uma coisa: ferramenta não é”. 
(b) “Nossa inteligência se desenvolveu para compensar nossa incompetência corporal. Inventou 
melhorias para o corpo”. 
 
(c) “A primeira tarefa de cada geração, dos pais, é passar aos filhos, como herança, a caixa de 
ferramentas. Para que eles não tenham de começar da estaca zero”. 
 
(d) “Os animais não precisam de ferramentas porque seus corpos já são ferramentas. / As formigas são 
mais velozes a pé, proporcionalmente, que os bólidos de F-1”. 
 
(e ) “Como são desajeitados os seres humanos quando comparados com os animais! Já prestou atenção 
na velocidade das formigas?” 
 
5. Assinale a opção que não traduz a imagem contida na frase “A arte de pensar é a ponte para o 
desconhecido”. (1,0). 
(a) “A arte de pensar é o salto para o desconhecido”. 
(b) “A arte de pensar é o caminho para o desconhecido”. 
(c) “A arte de pensar é o extremo do desconhecido”. 
(d) “A arte de pensar é o transporte para o desconhecido”. 
(e) N. D. A. 
 
 
 
6. Assinale a forma verbal que não deve levar acento gráfico. (2,0) 
 
(a) Ele mantém 
(b) Eles detêm 
(c) Ele crê 
(d) Elas têm 
(e) Eles crêem

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