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RECURSO DE REVISTA

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 9ª REGIÃO. 
AUTOS 0020000/2017
Recorrente: SABRINA DOS SANTOS
Recorrida: RAINHA DOS CALÇADOS LTDA 
SABRINA DOS SANTOS, já qualificada nos autos em epígrafe, vem por intermédio de seu advogado, com fundamento no artigo 896 “a” da Consolidação das Leis do Trabalho, vêm perante Vossa Excelência, interpor
RECURSO DE REVISTA, de acordo com as Razões em anexo, as quais quer sejam recebidas e remetidas ao Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, seguindo em anexo os comprovantes das custas e depósito recursal, devidamente recolhidos.
A matéria abordada nas razões está devidamente prequestionada, conforme Súmula nº 297 do TST.
O presente recurso está em consonância com a transcendência descrita no artigo 896-A da CLT.
O presente recurso está de acordo com a Instrução Normativa nº 23/03.
Nestes termos, 
Pede deferimento.
CAMPO MOURÃO PR, __/__/_____
RENAN ALCIDES MORAES WENNECK
OAB PR 15.3391-8
RAZÕES DO RECURSO DE REVISTA
EGRÉGIO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO 
COLENDA TURMA 
EMÉRITOS JULGADORES
DA ADMISSIBILIDADE 
O presente recurso preenche todos os pressupostos recursais extrínsecos e intrínsecos, motivo pelo qual o presente Recurso de Revista deverá ser conhecido para apreciação de seu mérito por este Colendo Tribunal. O presente recurso no que tange em sua matéria, já foi prequestionada, conforme Súmula 297 do TST, ou seja, a recorrente buscou reformar de todas as maneiras legais o respeitável acórdão. Só restando Recurso de Revista para o reexame da matéria.
DA TRANSCENDÊNCIA 
Ressalte -se, também, que es te Recurso de Revista preenche o pressuposto recursal específico da transcendência, nos termos do artigo 896-A da CLT, devendo ser conhecido e processado regularmente. Neste sentido, a matéria debatida no recurso é de suma relevância, apresentando transcendência no que diz respeito aos reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica. 
SINTESE FÁTICA
A recorrente ajuizou ação trabalhista em face da recorrida pleiteando a devolução dos descontos efetuados pela empresa através do sistema de pagamentos adotado, que substituía o pagamento em pecúnia de 20% do salário da empregada pelo recebimento de vale-calçados de mesmo valor, valido somente para compras na rede de lojas da empresa recorrida. 
Após a instrução processual o magistrado de primeiro grau julgou a demanda totalmente improcedente, decisão mantida pelo Tribunal Regional do Trabalho em sede de Recurso Ordinário.
DO MÉRITO 
A Constituição Federal de 1988 contempla no artigo 7º, incisos IV, VI e X, os princípios de proteção salarial, garantindo ao trabalhador a remuneração devida e os descontos previstos em Lei, constituindo crime sua retenção dolosa.
Nesse sentido, insta analisar o artigo 462, e seus parágrafos 2º e 4º: 
Art. 462 - Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo.
(...)
§ 2º - É vedado à empresa que mantiver armazém para venda de mercadorias aos empregados ou serviços estimados a proporcionar-lhes prestações " in natura " exercer qualquer coação ou induzimento no sentido de que os empregados se utilizem do armazém ou dos serviços. (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
(..)
§ 4º - Observado o disposto neste Capítulo, é vedado à empresa limitar, por qualquer forma, a liberdade dos empregados de dispôr do seu salário. 
É sabido que as partes (empregado e empregador) devem pactuar, todo e qualquer desconto salarial, não acarretando assim, alteração unilateral do contrato individual de trabalho. 
Dispõe o artigo 468, da CLT: 
Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.
Da analise do regramento supra, observa-se: 
1- O desrespeito a Proteção do Salário, prevista na Magna Carta, eis que efetuados descontos em desconformidade com a norma e sem anuência do trabalhador, ocasionando dano a natura ALIMENTAR e de SUBSISTÊNCIA do salário do recorrente. 
Da analise dos autos, NÃO CONSTA, nenhum documento que comprove a anuência do trabalhador para os descontos realizados. 
2- A coação do trabalhador para que adquira os produtos da empresa recorrente, em face a substituição da pecúnia por “vale calçado”, que só possui validade na própria empresa. 
Há a infringência da norma do parágrafo 2º do artigo 462 da Consolidação das Leis do Trabalho. 
3- A limitação da liberdade do empregado em dispor do seu próprio salário, prejudicando sua subsistência, e contrariando a norma do parágrafo 4º do artigo 462 da CLT. 
4- A alteração UNILATERAL do contrato de trabalho, eis que, conforme supracitado, não houve qualquer anuência do trabalhador para o referido desconto, uma lesão a disposição legal do artigo 468 da CLT. 
Diante do exposto, requer que o presente Recurso de Revista seja recebido, conhecido e provido para que, ao final, o acordão proferido pelo Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região seja totalmente reformado, para condenar a recorrida a devolver os valores descontados irregularmente dos salários da recorrente. 
CAMPO MOURÃO PR, __/__/_____
RENAN ALCIDES MORAES WENNECK
OAB PR 15.3391-8

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