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RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

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EXCELENTÍSSMO (a) SENHOR (a) DOUTOR (a) JUIZ (a) DA 170ª VARA DO TRABALHO DE CAMPINAS - SP
SHEILA MELODIA, brasileira, solteira, PROFISSÃO, inscrito ao CPF sob nº. 246.964.541.76, e no RG nº. 6.794.432, domiciliado e residente à Rua Votarantim, nº 63, Bairro VILA NOVA, na cidade de CAMPINAS - SP, vem perante Vossa Excelência, por seus procuradores, ut instrumento de mandato anexo, propor a presente
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
em face de Solução Ltda., pessoa jurídica de direito privado, com sede à Rua Marechal Deodoro nº 78 bairro JARDIM NOVA EUROPA, CEP 13030-789, na cidade de CAMPINAS -SP, 
e da Tecnologia Ltda., pessoa jurídica de direito privado, localizada na Rua Padre Afonso nº 67 bairro JARDIM CAMBUÍ, CEP 13643-543, na cidade de CAMPINAS -SP pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:
I – DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
O Reclamante requer o benefício da gratuidade de justiça assegurado no Art. 5º, inciso LXXIV da Constituição Federal e disciplinado nos Artigos 98 e seguintes da Lei 13.105/15 (CPC), inclusive para efeito de possível recurso, tendo em vista estar impossibilitado de arcar com as despesas processuais sem prejuízo do próprio sustento e de sua família, conforme declaração de hipossuficiência em anexo.
II – DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA E/OU SUBSIDIÁRIA
A empresa contratante, Tecnologia Ltda, é legalmente responsável pela quitação dos salários, depósitos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), recolhimentos das contribuições previdenciárias e do Imposto de Renda (IR) de todos os trabalhadores terceirizados que lhe prestarem serviços, caso a empresa contratada, Solução Ltda (responsável principal) não o faça.
Tal dever afigura-se inerente a essa modalidade de contratação, ficando a empresa de terceirização, neste aspecto, sujeita ao exame da Tomadora com a qual guarda uma vinculação jurídica contratual.
Isto porque, a empresa contratante dos serviços é responsável subsidiária pelas obrigações trabalhistas dos trabalhadores terceirizados referentes ao período de prestação dos serviços terceirizados (artigo 5º-A, §5º, da lei).
Salienta-se ainda, que a responsabilidade da 2ª Reclamada decorre da culpa in eligendo, em virtude da ausência de fiscalização e da má escolha na contratação da empresa prestadora de serviços, no caso em questão a 1ª Reclamada. Razão pela qual a 2ª Reclamada deverá fazer parte do polo passivo da presente demanda, conforme entendimento do TST, Súmula 331, inciso IV.
TST - Súmula 331- inciso IV.
“O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da relação processual e conste também do título executivo judicial”.
Como também, deve ser aplicada a responsabilidade solidária, porque, com base no artigo 942 do Código Civil, em se tratando de aspectos ligados ao meio ambiente do trabalho, como é o caso, a responsabilidade entre contratante e contratada é solidária, pois ambas têm a obrigação de manter a higidez do meio ambiente laboral, especialmente no caso em exame, que a Reclamante prestava serviços no estabelecimento da empresa.
 DA SÍNTESE DO CONTRATO DE TRABALHO
A Autora foi contratada pela reclamada em 15/10/2019, desde o início do contrato de trabalho, atua como auxiliar de manutenção terceirizada nas dependências da sociedade empresária Tecnologia Ltda., localizada em Campinas/SP, pois existe contrato de prestação de serviços entre ambas as empresas.
Percebia mensalmente um salário mínimo, tendo para tanto, que realizar uma jornada, das 9h às 15 horas, 2ª a 6ª feira, com intervalo de 15 minutos para refeição, e aos sábados, das 8h às 14 horas sem intervalo, marcando corretamente os cartões de ponto.
A empregada jamais assinou qualquer documento ou autorização, sendo aprovada em processo seletivo para, logo após, ter a CTPS anotada.
Sendo que, a reclamante sofria abusos constantes do seu supervisor, Carlos, que detinha o constrangedor hábito de enfileirar as empregadas no início do expediente e exigir que cada trabalhadora lhe desse um beijo no rosto, assediando-as moralmente e sexualmente sob a ameaça de punição, em caso de negativa.
Ademais, tantos outros direitos não eram observados pelo reclamado, tais como: o recolhimento do FGTS, dedução sindical sem consentimento da empregada, razão pela qual propõe a presente relação trabalhista.
DO DIREITO
TUTELA PROVISÓRIA
Diante da gravidade dos fatos narrados e da insuportabilidade de continuidade do vínculo empregatício, aliado às gravíssimas condutas da reclamada, figurando até mesmo crime no art. 216-A do código penal, requerer tutela provisória para imediato afastamento da empregada do trabalho, em consonância aos art. 294 e o art. 300 e seguintes do CPC. 
Assédio sexual (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)
 Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento
sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência
inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.
 Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
 Parágrafo único. (VETADO)
 § 2o A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito)
anos.
Lei nº 13.105 de 16 de Março de 2015
Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou evidência.
Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada, pode ser concedida em caráter antecedente ou incidental.
Lei nº 13.105 de 16 de Março de 2015
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
§ 1 o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.
§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia.
§ 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.
O assédio sexual compromete a própria validade material do contrato de trabalho, uma vez que incute no empregado ou na empregada o fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família ou aos seus bens, hipótese prevista no artigo 151 do Código Civil. E conforme o art. 769 da CLT, nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, no que compatível.
CLT - Decreto Lei nº 5.452 de 01 de Maio de 1943
Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho.
Art. 769 - Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título.
RESCIÇÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO
A priori, a reclamante vem pleitear a rescisão indireta do contrato do trabalho. Isto porque, em função do cenário exposto acima, se tornou insustentável a permanência da reclamante na relação de trabalho, visto que, seus direitos e sua dignidade estavam sob constante violação. As condutas dos empregadores geraram dano à personalidade, à dignidade e à honra do empregado. Desse modo, viu-se obrigada a se afastar do ambiente de trabalho e recorrer a via judicial para que o contrato seja findado e os direitos que lhe são devidos recebidos, tais sejam: o salário dos dias trabalhados; aviso prévio; férias + 1/3; 13° salário; saque do FGTS, com a multa de 40%; recebimento do seguro desemprego, se preenchido os requisitos legais.
A lei traz a prerrogativa da rescisão indireta, como uma forma de resguardar e proteger os direitos do empregador do abuso patronal, o empregador não demitiu o empregado, mas agiu de modo a tornar intolerável a continuação da prestação de serviços, não cumprindo a Legislação, nem tampouco as condições contratuais acordadas entre as partes, em consonância ao art. 483 da CLT:
Art. 483 - O empregado poderáconsiderar rescindido o contrato e pleitear a devida indenização quando:
a) forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei, contrários aos bons costumes, ou alheios ao contrato;
b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo;
c) correr perigo manifesto de mal considerável;
d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato;
e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa fama;
f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;
g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários.
§ 1º - O empregado poderá suspender a prestação dos serviços ou rescindir o contrato, quando tiver de desempenhar obrigações legais, incompatíveis com a continuação do serviço.
§ 2º - No caso de morte do empregador constituído em empresa individual, é facultado ao empregado rescindir o contrato de trabalho.
§ 3º - Nas hipóteses das letras d e g, poderá o empregado pleitear a rescisão de seu contrato de trabalho e o pagamento das respectivas indenizações, permanecendo ou não no serviço até final decisão do processo. (Incluído pela Lei nº 4.825, de 5.11.1965)
No caso elucidado, houve a clara afronta às normas trabalhistas com o não recolhimento do FGTS e ao abuso moral ao qual esteve reduzida, os quais ensejam a resolução do contrato de trabalho, conforme jurisprudência pacificada:
RESCISÃO INDIRETA. A comprovada falta de depósitos relativos ao FGTS enseja a rescisão indireta do contrato de trabalho, pela incidência do art. 483 da CLT. Recurso provido. (...) (Processo: RO 4873020115040201 RS 0000487-30.2011.5.04.0201 - Relator (a): ANGELA Rosi Almeida Chapper - Julgamento: 23.08.2012)
RESCISÃO INDIRETA. Hipótese em que a conduta adotada pela reclamada, ao adimplir com atraso os salários de seus empregados, repetidamente, caracteriza o grave descumprimento de suas obrigações contratuais, autorizando a rescisão contratual por iniciativa da autora. Provimento negado. (TRT23. 5a Turma. Relator o Exmo. Juiz João Batista de Matos Danda - Convocado. Processo n. 0010100- 54.2009.5.04.0004 RO. Publicação em 28.10.11)
RESCISÃO INDIRETA - A anotação da CTPS com data incorreta, a falta de depósitos do FGTS por mais de 10 meses e o atraso salarial, autorizam a rescisão indireta do contrato pelo empregado na forma do art. 483 da CLT. (TRT/SP - 02141200743102001 - RS - Ac. 11ªT 20090760918 - Rel. Jomar Luz de Vassimon Freitas - DOE 22.09.2009)
RESCISÃO INDIRETA. RIGOR EXCESSIVO. PRESSÃO PSICOLÓGICA. Constitui fundamento suficiente para o deferimento da rescisão indireta do contrato de trabalho, a comprovada imposição pelo empregador, de tratamento excessivamente rigoroso e vexatório, submetendo a empregada ao império do medo. Com efeito, caracterizam a culpa patronal a teor do artigo 483 da CLT, a cobrança contundente do trabalho na presença de colegas e sob constante ameaça de dispensa, a ponto de levar a trabalhadora às lágrimas e abalar seu equilíbrio emocional, com afastamentos provisórios atestados pelo Sistema Brasileiro de Saúde Mental. Verbas rescisórias devidas. Sentença mantida. (TRT/SP - 02692200804202007 - RO - Ac. 4ªT 20090838038 - Rel. Ricardo Artur Costa e Trigueiros - DOE 09.10.2009)
DANOS MORAIS – ASSÉDIO SEXUAL
 A pretensão indenizatória por danos morais, prevista no art. 7o., inciso XXVIII, da CF/88 e artigos 186 e 927 do Código Civil, pressupõe, necessariamente, um comportamento do agente que, "desrespeitando a ordem jurídica, cause prejuízo a outrem, pela ofensa a bem ou direito deste. Esse comportamento deve ser imputável à consciência do agente por dolo (intenção) ou por culpa (negligência, imprudência ou imperícia), contrariando seja um dever geral do ordenamento jurídico (delito civil), seja uma obrigação em concreto (inexecução da obrigação ou de contrato)" (Rui Stoco, Responsabilidade Civil, 2a. edição, ed. Revista dos Tribunais).
 A situação delineada nesta peça vestibular, maiormente quando na forma como traçada no tópico anterior, teve como causa a conduta ilícita da Reclamada. A Reclamante sofreu momentos angustiantes e humilhantes, o que afetou, no mínimo, a sua dignidade, a sua autoestima e integridade psíquica.
 Demonstrada, portanto, a relação de causalidade entre a ação antijurídica e o dano causado, requisitos esses que se mostram suficientes para a configuração do direito à reparação moral ora pretendida.
 As circunstâncias do caso recomendam que a condenação seja de valor elevado, como medida pedagógica, maiormente quando, corriqueiramente, as empresas que admitem esse tipo de postura de seus prepostos.
 Conforme aduz os seguintes jugados:
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. ASSÉDIO SEXUAL. CONFIGURAÇÃO.
Configura-se assédio sexual a conduta de natureza sexual não consentida pelo destinatário, que embora rejeitada, é continuadamente reiterada, cerceando-lhe a liberdade sexual. Assim, comprovado que a trabalhadora era assediada pelo seu superior hierárquico, é devido o pagamento da indenização. Recurso desprovido. (TRT 24ª R.; RO 0025207-96.2017.5.24.0006; Primeira Turma; Rel. Des. Fed. Nery Sá e Silva de Azambuja; Julg. 27/06/2019; DEJTMS 27/06/2019; Pág. 851)
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. ASSÉDIO SEXUAL. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. DEVIDA.
Caso em que comprovado que a reclamante passou por situações constrangedoras, com cunho sexual, perpetradas por empregado da reclamada que detinha ascendência funcional sobre a empregada, de maneira que, ao submeter a trabalhadora a condições aviltantes no ambiente de trabalho, a recorrente agiu de forma lesiva, em ofensa ao disposto no art. 5º, V e X, da CF, segundo o qual são invioláveis a intimidade, a vida, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano moral decorrente da sua violação, sendo evidente o constrangimento e o sofrimento psicológico por que passou o reclamante a ensejar o direito à reparação. Recurso desprovido, no aspecto. (TRT 4ª R.; RO 0020303-21.2018.5.04.0211; Quinta Turma; Relª Desª Angela Rosi Almeida Chapper; DEJTRS 14/06/2019; Pág. 1562)
HORAS EXTRAS - INTERVALO INTRAJORNADA
Conforme elucidado na síntese dos fatos, a reclamante trabalhou de segunda a sábado, marcando corretamente os cartões de ponto, em uma jornada superior a quatro horas, todavia, não lhe foi concedido o intervalo que lhe era devido nos sábados durante todo o período trabalhado. 
O artigo 71 da CLT estabelece a obrigatoriedade da concessão de intervalo intrajornada aos trabalhadores, in verbis
Art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas.
1º - Não excedendo de 6 (seis) horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório um intervalo de 15 (quinze) minutos quando a duração ultrapassar 4 (quatro) horas.
Sendo que, a não-concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT), sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração. Conforme entendimento consolidado do TST, Súmula nº. 437:
Súmula 437/TST - 25/09/2012 - Jornada de trabalho. Horas extras. Intervalo intrajornada (para repouso e alimentação). Lei 8.923/1994. CLT, art. 71, caput e § 4º. CF/88, art. 7º, XXII.
«I - Após a edição da Lei 8.923/1994, a não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo de, no mínimo, 50% sobreo valor da remuneração da hora normal de trabalho (CLT, art. 71), sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração.
Res. 185, de 14/09/2012 - DJ 25, 26 e 27/09/2012 (Acrescenta a súmula. Seção do Pleno de 14/09/2012).
II - É inválida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho contemplando a supressão ou redução do intervalo intrajornada porque este constitui medida de higiene, saúde e segurança do trabalho, garantido por norma de ordem pública (CLT, art. 71 e CF/88, 7º, XXII), infenso à negociação coletiva.
III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida pela Lei 8.923, de 27/07/1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de outras parcelas salariais.
IV - Ultrapassada habitualmente a jornada de seis horas de trabalho, é devido o gozo do intervalo intrajornada mínimo de uma hora, obrigando o empregador a remunerar o período para descanso e alimentação não usufruído como extra, acrescido do respectivo adicional, na forma prevista no art. 71, caput e § 4º da CLT.»
Desse modo, o empregador deverá proceder o pagamento integral do intervalo sonegado, com o acréscimo de horas extras, e não apenas do tempo sonegado. Consolida que o valor pago tem natureza salarial e, consequentemente, reflete em cálculo de outras verbas salariais.
DO NÃO RECOLHIMENTO DO FGTS
A Reclamada durante todo o pacto laboral, deve depositar o FGTS na conta vinculada da reclamante, devendo ainda provar tais depósitos, se não fizer o depósito ou não provar os referidos depósitos deverá regularizar tal obrigação, o referido encontra supedâneo no artigo 818 da CLT.
A legislação impõe o dever do empregador a efetuar o deposito, em conta bancária vinculada, a importância correspondente a 8% da remuneração paga ou devida, no mês anterior, a cada trabalhador, incluídas na remuneração as parcelas de que tratam os artigos 457 e 458 da CLT (comissões, gorjetas, gratificações, etc.) e a gratificação de Natal a que se refere a Lei 4.090/1962, com as modificações da Lei 4.749/1965.
Com base nos fatos expostos e nos documentos juntados (extratos), as Reclamadas, durante o período de trabalho, não depositaram o percentual devido na conta bancária vinculada da Reclamante junto ao Fundo de Garantia sob Tempo do Serviço (FGTS).
Deste modo, a Lei 8.036/1990, em seu Art. 15, regulamenta que:
“Art. 15. Para os fins previstos nesta lei, todos os empregadores ficam obrigados a depositar, até o dia 7 (sete) de cada mês, em conta bancária vinculada, a importância correspondente a 8 (oito) por cento da remuneração paga ou devida, no mês anterior, a cada trabalhador, incluídas na remuneração as parcelas de que tratam os arts. 457 e 458 da CLT e a gratificação de Natal a que se refere a Lei nº 4.090, de 13 de julho de 1962, com as modificações da Lei nº 4.749, de 12 de agosto de 1965”. (BRASIL, 1990). (Grifo nosso).
Diante disso, constitui obrigação legal do empregador o devido deposito, cuja penalidade diante da sua ausência ou irregularidade está elencada no art. 22 da mesma Lei, vejamos:
Art. 22. “O empregador que não realizar os depósitos previstos nesta Lei, no prazo fixado no art. 15, responderá pela incidência da Taxa Referencial – TR sobre a importância correspondente”.
§ 1o “Sobre o valor dos depósitos, acrescido da TR, incidirão, ainda, juros de mora de 0,5% a.m. (cinco décimos por cento ao mês) ou fração e multa, sujeitando-se, também, às obrigações e sanções previstas no Decreto-Lei no 368, de 19 de dezembro de 1968”.
§ 2o “A incidência da TR de que trata o caput deste artigo será cobrada por dia de atraso, tomando-se por base o índice de atualização das contas vinculadas do FGTS”.
§ 2o-A. “A multa referida no § 1o deste artigo será cobrada nas condições que se seguem”:
I – “5% (cinco por cento) no mês de vencimento da obrigação”;
II – “10% (dez por cento) a partir do mês seguinte ao do vencimento da obrigação”.
§ 3o “Para efeito de levantamento de débito para com o FGTS, o percentual de 8% (oito por cento) incidirá sobre o valor acrescido da TR até a data da respectiva operação”. (BRASIL, 1990). (Grifo nosso).
Com isso, diante da infração cometida pelas Reclamadas pela ausência dos depósitos do FGTS, busca-se aqui a tutela jurisdicional para a condenação desta a efetuar os depósitos com incidência das correções monetárias legais, bem como auferir a ele também a multa correspondente.
Nesse sentido vejamos:
BASE DE CÁLCULO PARA O PAGAMENTO DO FGTS NÃO DEPOSITADO. SENTENÇA DE ACORDO COM A LEI 8.036/90. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL DO RECLAMADO. NÃO CONHECIMENTO. Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região TRT-22 - RECURSO ORDINÁRIO: RO 0000179-90.2201.8.52.2010". É dever do empregador, efetuar, na conta vinculada do empregado, os depósitos mensais relativos ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, no importe de 8% sobre a sua remuneração, até o dia 7 do mês subsequente ao da prestação de serviços (Art. 15 da Lei 8.036/90). Em observância ao referido dispositivo, a sentença condenou o reclamado a pagar o FGTS não recolhido, calculando-o com base na evolução salarial do empregado, e não na sua remuneração atual, como afirma o recorrente. Logo, na falta de sucumbência, carece o recorrente de interesse recursal. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Na esteira do art. 6º da Instrução Normativa 41/2018 do C. TST, é pertinente a condenação em honorários advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A da CLT. (TRT 22 – RO 000017990220185220102, Relator: Giorgi Alan Machado Araujo, Data de Julgamento: 11/06/2019, SEGUNDA TURMA). (grifo nosso).
Nesse contexto, em sentido pareio, urge trazer à baila o entendimento jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho, vejamos:
RECURSO DE REVISTA - RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO - FALTA GRAVE DO EMPREGADOR - AUSÊNCIA DOS DEPÓSITOS DO FGTS. A rescisão indireta deve ser reconhecida diante de irregularidade contratual substancial prevista no art. 483 da CLT que impeça a continuidade da relação empregatícia. Nos termos do art. 483, d, da CLT, o descumprimento de obrigações contratuais e legais pelo empregador, no caso, a ausência reiterada dos depósitos do FGTS, deve ser considerada falta grave, autorizando a rescisão indireta do contrato de trabalho, com o pagamento das verbas rescisórias correlatas. Recurso de revista conhecido e provido. (TST - RR: 9929120125030143, Relator: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Data de Julgamento: 18/03/2015, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 20/03/2015)
Dessa forma, somado ao FGTS não depositado, ainda deverá incidir a multa de 40% qual não foi paga, vejamos:
MULTA DE 40% (QUARENTA POR CENTO) DO FGTS. INSIDÊNCIA SOBRE VALORES NÃO DEPOSITADOS. É devida a incidência da multa de 40% (quarenta por cento) sobre as parcelas de FGTS não depositadas, reconhecidas na sentença, a serem apuradas em liquidação. Recurso parcialmente provido. (Processo: RO - 0000294-91.2016.5.06.0004, Redator: Milton Gouveia da Silva Filho, Data de julgamento: 14/03/2018, Segunda Turma, Data da assinatura: 14/03/2018)
DEVOLUÇÃO DOS DESCONTOS A TÍTULO DE CONTRIBUIÇÃO SINDICAL
Durante o contrato de trabalho, o reclamante sofreu descontos a título de contribuição confederativa, todavia, o mesmo não era sindicalizado, violando o que se tem exposto na Súmula Vinculante 40 e o artigo 579 da CLT:
“A CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA DE QUE TRATA O ART. 8º, IV, DA CONSTITUIÇÃO, SÓ É EXIGÍVEL DOS FILIADOS AO SINDICATO RESPECTIVO.”
Art. 579 – CLT- O desconto da contribuição sindical está condicionado à autorização prévia e expressa dos que participarem de uma determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal, em favor do sindicato representativo da mesma categoria ou profissão ou, inexistindo este, na conformidade do disposto no art. 591 desta Consolidação.
Também dispõe sobre as contribuições sindicais o Precedente Normativo TST Nº 119:
"A Constituição da Republica, em seus arts. 5º, XX e 8º, V,assegura o direito de livre associação e sindicalização. É ofensiva a essa modalidade de liberdade cláusula constante de acordo, convenção coletiva ou sentença normativa estabelecendo contribuição em favor de entidade sindical a título de taxa para custeio do sistema confederativo, assistencial, revigoramento ou fortalecimento sindical e outras da mesma espécie, obrigando trabalhadores não sindicalizados. Sendo nulas as estipulações que inobservem tal restrição, tornam-se passíveis de devolução os valores irregularmente descontados."
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS 
Nos termos do art. 791-A da CLT, incluído pela lei 13.467/2017, ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.
Além disso, nos termos do art. 133 da CF, o advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei. Portanto, é devido o pagamento, pelo réu, dos honorários advocatícios.
Diante do exposto, requer-se a condenação da reclamada ao pagamento de honorários advocatícios de 15% sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, nos termos do art. 791-A da CLT.
III- DOS PEDIDOS
Ex positis, requer a Vossa Excelência a condenação do Reclamado:
a) a notificação da Reclamada para apresentar defesa, se quiser, sob pena de revelia e confissão;
b) a concessão do benefício da Assistência Judiciária Gratuita, por tratar-se o Reclamante de pessoa pobre nos termos da lei, não possuindo condições financeiras de arcar com os custos da presente ação sem prejuízo de sua subsistência e de sua família;
c) a rescisão indireta do contrato de trabalho diante das inúmeras faltas contratuais por parte do empregador.
d) requerer tutela provisória para imediato afastamento da empregada do trabalho.
e) a responsabilidade solidária das reclamadas pelo pagamento das verbas pleiteadas nesta demanda, ou subsidiariamente se assim entender o Juízo;
f) requerer a condenação da reclamada ao pagamento, como extra (adicional de horas extras), do intervalo intrajornada não concedido, de 15 minutos a cada sábado.
g) requerer a condenação da reclamada ao recolhimento de todo o FGTS referente ao período trabalhado, exceto o referente à competência de novembro de 2019.
h) requerer a devolução dos valores descontados a título de contribuição sindical obrigatória.
i) requerer a expedição de ofício ao Ministério Público Estadual para apuração de crime previsto no artigo 216-A do Código Penal.
j) a condenação da Reclamada ao pagamento de custas judiciais e honorários advocatícios de 15% sobre o valor bruto da condenação;
k) a produção de todas as provas em direito admitidas, como documental, testemunhal, pericial e inspeção judicial.
Atribui à causa, aproximadamente, o valor de R$ XX.XXX,XX.
Termos em que pede e espera deferimento.
CAMPINAS - SP 04 de Abril de 2022.
BRUNA RIO MACIEIRA
OAB/PE

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