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296 296 • Se a omissão foi VOLUNTÁRIA (DELIBERADA): se o querelante deixou, deliberadamente, de oferecer queixa contra um dos autores ou partícipes, o juiz deverá rejeitar a queixa e declarar a extinção da punibilidade para todos (arts. 104 e 107, V, do CP). Todos ficarão livres do processo. • Se a omissão foi INVOLUNTÁRIA: o MP deverá requerer a intimação do querelante para que ele faça o aditamento da queixa-crime e inclua os demais coautores ou partícipes que ficaram de fora. Assim, conclui- se que a não inclusão de eventuais suspeitos na queixa-crime não configura, por si só, renúncia tácita ao direito de queixa. Para o reconhecimento da renúncia tácita ao direito de queixa, exige-se a demonstração de que a não inclusão de determinados autores ou partícipes na queixa-crime se deu de forma deliberada pelo querelante. STJ. 5ª Turma. RHC 55.142-MG, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 12/5/2015 (Info 562). 2014 Conselho indigenista não pode ajuizar queixa-crime subsidiária por delito contra índios Determinado indivíduo teria proferido discurso racista contra um grupo de índios que teria invadido uma fazenda em certa região. O Ministério Público não ofereceu denúncia nem instaurou qualquer procedimento. Em virtude disso, o Conselho dos Povos Indígenas (organização não-governamental indígena) ajuizou uma queixa-crime subsidiária (art. 5º, LIX, da CF/88) contra o indivíduo, imputando-lhe a prática dos crimes de racismo (art. 20 da Lei 9.459/97) e incitação à violência e ódio contra os povos indígenas (arts. 286 e 287 do CP). Essa queixa-crime deverá ser rejeitada, porque os conselhos indigenistas não possuem legitimidade ativa em matéria penal. Na ação penal privada (mesmo sendo a subsidiária da pública), a queixa-crime somente pode ser promovida pelo ofendido ou por quem tenha qualidade para representá-lo (art. 100, § 2º do CP e art. 30 do CPP). A suposta vítima dos crimes não foi o conselho indigenista, mas sim os próprios índios que participaram da invasão. STF. 1ª Turma. Inq 3862 ED/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 18/11/2014 (Info 768). MP deve descrever conduta do acusado de sonegação (não basta ser sócio/administrador) É inepta a denúncia que, ao imputar a sócio a prática dos crimes contra a ordem tributária previstos nos incisos do art. 1º da Lei 8.137/1990, limita-se a transcrever trechos dos tipos penais em questão e a mencionar a condição do denunciado de administrador da sociedade empresária que, em tese, teria suprimido tributos, sem descrever qual conduta ilícita supostamente cometida pelo acusado haveria contribuído para a consecução do resultado danoso. O simples fato de o acusado ser sócio e administrador da empresa constante da denúncia não pode levar a crer, necessariamente, que ele tivesse participação nos fatos delituosos, a ponto de se ter dispensado ao menos uma sinalização de sua conduta, ainda que breve, sob pena de restar configurada a repudiada responsabilidade criminal objetiva. STJ. 6ª Turma. HC 224.728-PE, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 10/6/2014 (Info 543). Queixa-crime deverá demonstrar o elemento subjetivo do agente Deve ser rejeitada a queixa-crime que impute ao querelado a prática de crime contra a honra, mas que se limite a transcrever algumas frases, escritas pelo querelado em sua rede social, segundo as quais o querelante seria um litigante habitual do Poder Judiciário (fato notório, publicado em inúmeros órgãos de imprensa), sem esclarecimentos que possibilitem uma análise do elemento subjetivo da conduta do querelado consistente no intento positivo e deliberado de lesar a honra do ofendido. STJ. Corte Especial. AP 724-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 20/8/2014 (Info 547). 297 297 Poderes especiais para advogado propor queixa-crime Para que o advogado proponha queixa-crime em nome do seu cliente, ele precisa ter recebido procuração com poderes especiais para praticar esse ato. Se o cliente outorga procuração sem conferir poderes ao advogado para ajuizar queixa-crime, este advogado não pode oferecer substabelecimento a outro advogado mencionando que este terá poderes para propor queixa-crime. Ora, se o advogado originário não recebeu poderes para ajuizar queixa-crime, ele não poderá substabelecer para outro advogado poderes para propor queixa-crime. Em palavras mais simples, o advogado não pode substabelecer poderes que não recebeu. Apenas os poderes originariamente outorgados podem ser transferidos. Assim, deve ser tida por inexistente a inclusão, ao substabelecer, de poderes especiais para a propositura de ação penal privada, se eles não constavam do mandato originário. Portanto, cabe reconhecer a nulidade da queixa-crime, por vício de representação, tendo em vista que a procuração outorgada para a sua propositura não atende às exigências do art. 44 do CPP. STJ. 6ª Turma. RHC 33.790-SP, Rel. originário Min. Maria Thereza De Assis Moura, Rel. para Acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 27/6/2014 (Info 544). O princípio da indivisibilidade não se aplica à ação penal pública Na ação penal pública não vigora o princípio da indivisibilidade. Assim, o MP não está obrigado a denunciar todos os envolvidos no fato tido por delituoso, não se podendo falar em arquivamento implícito em relação a quem não foi denunciado. Isso porque o Parquet é livre para formar sua convicção, incluindo na denúncia as pessoas que ele entenda terem praticado o crime, mediante a constatação de indícios de autoria e materialidade. STJ. 6ª Turma. RHC 34.233-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 6/5/2014 (Info 540). 2013 Denúncia formulada com base em inquérito civil É possível o oferecimento de ação penal (denúncia) com base em provas colhidas no âmbito de inquérito civil conduzido por membro do Ministério Público. STF. Plenário. AP 565/RO, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 7 e 8/8/2013 (Info 714). 2012 Procuração para queixa-crime Para que seja protocolizada queixa-crime é necessária capacidade postulatória. A procuração outorgada pelo querelante ao seu advogado para o ajuizamento de queixa-crime é uma procuração com poderes especiais. Nesta procuração deve constar o “nome do querelado” e a “menção ao fato criminoso”. Para o STJ, “menção ao fato criminoso” significa que, na procuração, basta que seja mencionado o tipo penal ou o nomen iuris do crime, não precisando identificar a conduta. Para o STF, “menção ao fato criminoso” significa que, na procuração, deve ser individualizado o evento delituoso, não bastando que apenas se mencione o nomen iuris do crime. Caso houvesse algum vício na procuração para a queixa-crime, o STF entendia que este vício poderia ser sanado a qualquer tempo. Neste julgado, contudo, a 2ª Turma do STF afirmou que o vício deve ser corrigido antes do fim do prazo decadencial de 6 meses, sob pena de decadência e extinção da punibilidade. Este também é o entendimento do STJ. STF. 2ª Turma. RHC 105920/RJ, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 8/5/2012 (Info 665). 298 298 DIREITO PROCESSUAL PENAL SUMÁRIO DA AULA Competência. Mecanismos de solução dos conflitos. Princípio do juiz natural. Competência (conceito e espécies). Guia para fixação de competência. Competência criminal da Justiça Militar da União e dos Estados. Conteúdo 10: Competência 29. Mecanismos de solução de conflitos Os conflitos em sociedade são inevitáveis, segundo declina Renato Brasileiro. Em decorrência disso surge a necessidade de mecanismos de solução desses conflitos. Entre os mecanismos de solução de conflitos, podemos apontar: a) autotutela; b) autocomposição; c) jurisdição. 29.1 Autotutela A autotutela caracteriza-se pelo emprego da força para satisfação de interesses. Via de regra, é vedado no Ordenamento Jurídico Brasileiro a chamada autotutela(exercício da justiça com as próprias mãos), sendo inclusive a conduta tipificada criminalmente (exercício arbitrário das próprias razões – art. 345 do Código Penal). Em decorrência lógica dessa vedação, foi o que o Estado trouxe para si a competência de dirimir os conflitos sociais através da tutela, nessa disciplina, na seara criminal. Dessa forma, temos que em regra, não é admitida a autotutela, constituindo-se o fato em tipo penal. Porém, admite-se de forma excepcional. Vejamos: Constitui, inclusive, crime: CP, art. 345: “Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite. Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa”. E quais são as situações em que a autotutela é admitida? a. Legítima defesa (Direito Penal) b. Estado de necessidade (Direito Penal). c. Prisão em flagrante (Direito Processual Penal) – autorização constitucional (justificativa: o Estado não é onipresente). 299 299 Na situação da prisão em flagrante temos um exemplo em que a autotutela é exercida na seara do processo penal, e não do direito material, como na legitima defesa e no estado de necessidade. CPP, art. 301: “Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito”. 29.2 Autocomposição A autocomposição caracteriza-se pela busca do consenso entre os “litigantes”. A expressão “lide” deve ser evitada na seara processual penal. No processo penal não há conflito de interesses propriamente, pois ao Ministério Público não requer a condenação obrigatoriamente dos acusados, mas busca a aplicação do direito objetivo ao caso, uma vez caracterizada a conduta delitiva, e diante da inexistência de causa extintiva da punibilidade, pretenderá a aplicação da sanção penal ao caso concreto. Tanto é verdade que, existe possibilidade do Ministério Público pleitear pela absolvição durante o trâmite processual, caso não se convença da materialidade delitiva do fato. Argumentos: ➢ Não haveria um conflito de interesses propriamente dito – ao Ministério Público não interessa a condenação de um inocente, tanto é verdade que, se verificada a ausência de provas, o próprio MP irá poder pleitear a absolvição do acusado. ➢ A lide é um conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida – a resistência é inerente ao Processo Penal. Ainda que o acusado confesse a prática delituosa deverá haver um defensor (oferecimento de resistência). Questiona-se, a autocomposição é admitida no Processo Penal? Sim, no âmbito dos Juizados Especiais Criminais. A própria CF incentiva a autocomposição (CF, art. 98, I). Senão vejamos: CF, art. 98: “A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau”. Candidato, diante da autocomposição, não haveria violação do devido processo penal? Não Excelência, isso 300 300 porque a transação citada pela Constituição Federal não viola o devido processo penal porque não envolve a aplicação de pena privativa de liberdade, mas sim pena restritiva de direitos ou multa. Vejamos: Lei n. 9.099/95, art. 76: “Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta” 29.3 Jurisdição Com o passar dos anos, percebeu-se que nem sempre era possível deixar a resolução dos conflitos para que as próprias partes resolvessem isso. Assim, o Estado toma para si esse dever. Nessa linha, na busca de conceituar JURISDIÇAO, preleciona Renato Brasileiro “consiste em uma das funções do Estado, exercida precipuamente pelo Poder Judiciário, por meio da qual o direito objetivo é aplicado à solução de determinada demanda. Observação: “precipuamente”: a função jurisdicional não é exercida com exclusividade pelo Poder Judiciário”. A jurisdição não é exercida exclusivamente pelo Judiciário, mas precipuamente, existe situações em que é exercida por outros Poderes, por exemplo, pela prática de crime de responsabilidade responderá o Presidente perante a Câmara dos Deputados. 30. Princípio do Juiz Natural Também denominado de princípio do juiz legal ou princípio do juiz constitucional. 30.1 Conceito Consiste no direito que cada cidadão possui de conhecer antecipadamente a autoridade jurisdicional que irá julgá-lo caso venha a praticar um fato delituoso. Em virtude deste princípio, consagrado no art. 5°, inciso LIII, do Texto Constitucional, entende-se que, no Processo Penal, o julgador a atuar em um determinado feito deve ser aquele previamente escolhido por lei ou pela Constituição Federal. Veda-se com isso o Tribunal ou Juiz de Exceção, que seria aquele escolhido após a ocorrência de um crime e para determinado caso concreto. O princípio em comento busca assegurar a imparcialidade do Juiz → principal finalidade garantir a 301 301 participação no processo de um juiz imparcial. 30.2 Previsão Constitucional A fundamentação constitucional do referido princípio, pode ser extraído de dois artigos: Art. 5º, XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção. *Tribunal de Exceção: é um órgão jurisdicional criado após o fato delituoso especificamente para seu julgamento. Art. 5º, LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pera autoridade competente. “O princípio do juiz natural pressupõe a existência de um órgão julgador técnico e isento, com competência estabelecida na própria Constituição e nas leis de organização judiciária de modo a impedir que ocorra julgamento arbitrário ou de exceção”. Obs.: O princípio do juiz natural foi objeto de estudo minucioso no conteúdo 02, retornar ao estudo do mesmo para fixação. 31. Competência 31.1 Conceito É a medida e o limite da jurisdição, dentro dos quais o órgão jurisdicional poderá aplicar o direito objetivo ao caso concreto. Nas lições de Leonardo Barreto Moreira Alves (Sinopse Jurídica, 2016), “Competência é a medida da jurisdição, espaço dentro do qual o poder jurisdicional pode ser exercido. Jurisdição todo juiz possui, mas competência não. Assim, por exemplo, o STF tem competência sobre todo território nacional, enquanto um juiz de direito tem competência apenas na comarca em que exerce as suas funções”. 31.2 Espécies de Competência a. Ratione matéria: é a competência fixada em razão da matéria (natureza da infração penal): art. 69, III, do Código de Processo Penal. Exemplo1: Crimes eleitorais; crimes militares. Exemplo2: Crimes dolosos contra a vida – competência do Tribunal do Júri b. Ratione personae (fincionae): é competência que é fixada levando em consideração o cargo público ocupado por determinada pessoa que cometeu a infração penal, o que implica em um foro por prerrogativa de função. Existe visando a proteção das funções desempenhadas por 302 302 determinados agentes. Exemplo: Competência por prerrogativa de função. Deputados e Senadores são julgados pelo Supremo. Destaca o professor Renato Brasileiro que tecnicamente, a expressão “personae” traz um equívoco, pois a competência não é fixada em razão da pessoa, mas sim das funções exercidas. c. Ratione loci: é a competência fixada em razão do território – competência territorial. Obs.1: Emregra, a competência territorial é fixada com base o local de consumação do delito. Art. 70, CPP. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. d. Competência funcional: a competência é fixada conforme a função que cada um dos vários órgãos jurisdicionais exerce em um processo. Segundo Brasileiro, é a distribuição feita pela lei entre diversos juízes da mesma instância ou de instancias diversas para, num mesmo processo, ou em segmento ou fase de desenvolvimento, praticar determinados atos. 31.2.4.1 Competência funcional por fase do processo: de acordo com a fase em que o feito estiver, um órgão jurisdicional diverso exercerá a competência em relação a ele. Exemplo: Tribunal do Júri – procedimento bifásico <1ª fase: indicium accusationis/sumário da culpa e a 2ª fase: indicium causae>. Na 1ª fase será feito pelo juiz sumariante, sendo ele o detentor da competência, ao final, sendo pronunciado, iniciará a 2ª fase. Juiz da causa propriamente dito, composto pelo juiz presidente e com conselho de sentença (7 jurados). A depender da fase que estiver, um órgão diverso terá competência em relação a este processo. Esquematizando 1ª Fase 2ª Fase Indicium acusationis Indicium causae Juiz sumariante Juiz presidente + Jurados → Um órgão jurisdicional diferente exerce a competência de acordo com a fase do processo. 303 303 31.2.4.2 Competência funcional por objeto do juízo: cada órgão jurisdicional exerce a competência sobre determinadas questões, a derem decididas no processo. Levam-se em consideração as questões a serem decididas no processo. Coborrando Leonardo Barreto Moreira Alves (Sinopse Jurídica, 2016), “Objeto do juízo: quando há distribuição de tarefas dentro de um mesmo processo, a exemplo do que ocorre no Tribunal do Júri, em que o juiz-presidente é responsável pela resolução das questões de direito, pela prolação da sentença e pela dosimetria da pena, ao passo que compete aos jurados a votação dos quesitos”. 31.2.4.3 Competência funcional por grau de jurisdição: também conhecido como competência funcional vertical, resulta no duplo grau de jurisdição, com o oferecimento de recursos, ou na competência originária dos Tribunais, em casos de foro por prerrogativa de função. →Divide a competência entre órgãos jurisdicionais superiores e inferiores. Competência funcional horizontal: ocorre quando não há hierarquia entre os vários órgãos funcionais. Exemplo: competência funcional por fase do processo e competência funcional por objeto do juízo. Competência funcional vertical: ocorre quando há hierarquia jurisdicional entre os diversos órgãos. Exemplo: competência funcional por grau de jurisdição. 31.3 Classificação quanto a competência absoluta e competência relativa Características básicas da Competência Absoluta e Relativa Competência Absoluta Competência Relativa Regra de competência criada com base no interesse público. Regra de competência criada com base no interesse preponderante das partes. Renato explica que sempre haverá um interesse do Estado, ainda que esse seja de caráter residual. A regra de competência absoluta não pode ser modificada, ou seja, cuida-se de competência improrrogável ou imodificável. A regra de competência relativa pode ser modificada, ou seja, cuida-se de competência prorrogável ou derrogável. Consequências: a. nulidade absoluta (e não inexistência); a.1 pode ser arguida a qualquer momento, inclusive após o transito em julgado de sentença condenatória ou absolutória imprópria; a.2 prejuízo presumido; Consequências: a. nulidade relativa: a,1 deve ser arguida no momento oportuno, sob pena de preclusao; a.2) prejuízo deve ser comprovado. 304 304 A incompetência absoluta pode ser reconhecida de ofício, pelo menos enquanto não houver o esgotamento de instância. A incompetência relativa pode ser reconhecida de ofício, pelo menos até o início da instrução probatória. Súmula 33, stj* Não pode ser modificada pela conexão ou continência. Nesse sentido, o art. 62 do Novo CPC. Pode ser modificada pela conexão ou pela continência. Nesse sentido, o art. 54 do Novo CPC. Exemplos: Ratione materiae; Ratione funcionae; Funcional. Exemplos: Territorial; Prevenção (Súmula 706 do STF); Distribuição; Conexão e continência. *Atenção para a súmula n. 33 do STJ: “a incompetência relativa não pode ser declarada de ofício”. A súmula 33 do STJ, a qual dispõe não ser possível a declaração da incompetência relativa de ofício NÃO se aplica ao processo penal. No processo penal, ainda que se trate de incompetência relativa, o magistrado poderá reconhecê-la de ofício. ** Previsão ao teor do Novo CPC: Art. 54. A competência relativa poderá modificar-se pela conexão ou pela continência, observado o disposto nesta Seção. Art. 62. A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da função é inderrogável por convenção das partes. Quanto a natureza de ser nula, e não inexistente. Vejamos a decisão do STJ. STJ: “(...) O Juiz absolutamente incompetente para decidir determinada causa, até que sua incompetência seja declarada, não profere sentença inexistente, mas NULA, que depende de pronunciamento judicial para ser desconstituída. E se essa declaração de nulidade foi alcançada por meio de recurso exclusivo da defesa, ou por impetração de habeas corpus, como no caso, não há como o Juiz competente impor ao Réu uma nova sentença mais gravosa do que a anteriormente anulada, sob pena de reformatio in pejus indireta”. (STJ, 5ª Turma, RHC 20.337/PB, Rel. Min. Laurita Vaz, Dje 04/05/2009). CPP, art. 567: “A incompetência do juízo anula somente os atos decisórios, devendo o processo, 305 305 quando for declarada a nulidade, ser remetido ao juiz competente”. Segundo a doutrina, quando a incompetência for absoluta, os atos decisórios e probatórios devem ser anulados. Por outro lado, se a incompetência for relativa, somente os atos decisórios devem ser anulados, sendo empregado o art. 567 do CPP, acima transcrito. Em que pese a referida classificação, os tribunais não fazem a referida divisão, argumentando que tanto os atos decisórios quanto os atos probatórios não precisam ser anulados (nulidade relativa), desde que ratificados pelo juízo competente. STJ: “(...) Tanto a denúncia quanto o seu recebimento emanados de autoridades incompetentes rationae materiae são ratificáveis no juízo competente". (STF, Pleno, HC 83.006/SP, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 29/08/2003). Desse modo, podemos observar que a Jurisprudência posiciona-se no sentido de que não haveria necessidade em se anular tudo. 31.4 Guia para fixação de competência a. Competência da Justiça: qual a justiça competente? No ordenamento jurídico brasileiro temos várias “justiças” competentes: J. Federal, Estadual, Militar, etc. ✓ Militar: da União/dos Estados ✓ Eleitoral ✓ Trabalho ✓ Federal ✓ Estadual (competência da justiça estadual é residual). b. Competência originária: o acusado tem foro por prerrogativa de função? c. Competência de foro/territorial: qual é a comarca (Estadual)/seção judiciária (Federal) competente? d. Competência de juízo: qual é a vara (juízo) competente? 306 306 Critérios: ✓ Varas especializadas. P. ex.: violência doméstica e familiar contra a mulher; lavagem de capitais; organizações criminosas; crimes contra a ordem financeira; crime de tráfico de drogas; crimes de trânsito. ✓ Distribuição. ✓ Prevenção: competência fixada entre dois ou mais juízos igualmente competentes – fixada em razão de ato decisório, ainda que anterior à denúncia. Aquele que tomar o primeiro ato decisório é considerado prevento e seráo juízo competente. Art. 70. § 3º Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção. e. Competência interna: qual é o juiz competente? Vara criminal, em regra: juiz titular e juiz substituto. Antigamente: distribuição (número par/ímpar). Atualmente adota-se um critério aleatório. f. . Competência recursal: a quem compete o processo e julgamento de eventual recurso? ✓ Tribunal de Justiça ✓ TRF ✓ Turma Recursal (JECrim). 31.5 Competência da Justiça Militar A competência da justiça militar sofreu alterações nos últimos anos em virtude da - Lei nº 13.491/2017; - Lei nº 13.774/2018. Justiça Militar da União Justiça Militar dos Estados Art. 124. À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. Obs.1: o art. 124 encontra-se enquadrado no capítulo que trata da J. Militar da União. Art. 125. § 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for 307 307 Obs.2: LEI - a lei de organização da Justiça Militar da União é a Lei 8.457/1992. civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças. § 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente, os crimes militares cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar e julgar os demais crimes militares. Crimes militares. Crimes militares. Acusados: miliares e civis. Acusados: militares dos Estados. NÃO há ressalva quanto a competência do Júri quando a vítima for civil. Não permite que crimes dolosos contra a vida cometidos contra civis sejam julgados pela Justiça Militar Estadual. A competência da Justiça Militar da União tem como critério unicamente a matéria, julga os crimes militares definidos em lei. Competência fixada pelo critério “ratione materiae”. Em sentido mais amplo, a Justiça Militar dos Estados possui dois critérios para fixação sua competência: ratione materiae e ratione personae. Fixada com base em dois critérios. **A condição de militar estadual deve ser aferida com base a sua condição no “momento do delito”, e não do processo criminal. A ÉPOCA DO DELITO ERA MILITAR DO ESTADO. Não tem competência civil. Tem competência civil. Súmula 53, STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar civil acusado de prática de crime contra instituições militares estaduais. Comentários: a Súmula em comento ganha sentido em razão do fato de que, civil não pode ser julgado pela Justiça Militar estadual. E a Justiça Militar da União, pode julgar civis? Em tese, pode julgar tanto militares quanto civis, posto que a Constituição Federal não fez nenhuma ressalva. *Civil – interpretação restritiva da competência da J. Militar da União para processo e julgamento de civis. 308 308 ADPF n. 289 (em tramitação perante o STF): ajuizada pelo PGR com o objetivo de dar interpretação conforme a Constituição ao art. 9º, incisos I e III, do Código Penal Militar, para que seja reconhecida a incompetência da Justiça Militar para julgar civis em tempo de paz e para que tais crimes sejam submetidos a julgamento pela Justiça Comum, Federal ou Estadual. Lei n. 8.457/92, art. 30: “Compete ao juiz federal da Justiça Militar, monocraticamente: (Redação dada pela Lei n. 13.774/18) I-A - presidir os Conselhos de Justiça; (Incluído pela Lei n. 13.774/18); I-B - processar e julgar civis nos casos previstos nos incisos I e III do art. 9º do Código Penal Militar, e militares, quando estes forem acusados juntamente com aqueles no mesmo processo; I-C - julgar os habeas corpus, habeas data e mandados de segurança contra ato de autoridade militar praticado em razão da ocorrência de crime militar, exceto o praticado por oficial-general;” Observações: 1º) O juiz federal da Justiça Militar passou a ter, com a Lei 13.774/2018, a presidência dos Conselhos de Justiça. 2º) Antes da Lei 13.774/2018, se o civil praticasse crime militar da competência da JMU, ele seria julgado por um conselho. Agora, quando o civil estiver envolvido em crime militar da competência da JMU, ele será julgado pelo juiz federal da Justiça Militar. 3º) A Justiça Militar da União não detém competência cível, mas a JME tem. 4º) Ao tratar da Justiça Militar dos Estados, a CF ressalva a competência do tribunal do júri quanto ao crime doloso contra a vida de civil. Essa ressalva, entretanto, não consta no art. 124, CF (Justiça Militar da União). Crimes dolosos contra a vida praticados por militares contra civis “Art. 9º. Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: (...) § 1º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri. 309 309 § 2º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares das Forças Armadas contra civil, serão da competência da Justiça Militar da União, se praticados no contexto: I – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da República ou pelo Ministro de Estado da Defesa; II – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo que não beligerante; ou III – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem ou de atribuição subsidiária, realizadas em conformidade com o disposto no art. 142 da Constituição Federal e na forma dos seguintes diplomas legais: a) Lei n. 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de Aeronáutica; b) Lei Complementar n. 97, de 9 de junho de 1999; c) Decreto-Lei n. 1.002, de 21 de outubro de 1969 – Código de Processo Penal Militar; e d) Lei n. 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral.” Art. 9º, §2º, I, do CPM: crimes dolosos contra a vida praticados por militares das Forças Armadas contra civis praticados no contexto do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da República ou pelo Ministro de Estado da Defesa; Exemplo: utilização das Forças Armadas para atividades de defesa civil, como, por exemplo, distribuição de alimentos e remédios em alguma região que passou por alguma calamidade pública (Decreto n. 895/93, art. 10, II, III e X); utilização das Forças Armadas em obras de construção civil (v.g., transposição do Rio São Francisco, duplicação da BR-101, etc.) - Art. 9º, §2º, III, “a”, do CPM: tiro de abate (Código Brasileiro de Aeronáutica, art. 303); - Art. 9º, §2º, III, “b”, do CPM: organização, preparo e emprego das Forças Armadas (LC 97/99). Exemplos: garantia da lei e da ordem; ações preventivas e repressivas na faixa de fronteira terrestre, no mar e nas águas interiores, contra delitos transfronteiriços e e ambientais, etc.); - Art. 9º, §2º, III, “c”, do CPM: Código de Processo Penal Militar. Exemplo: homicídio praticado por militar no exercício de funções de polícia judiciária militar; - Art. 9º, §2º, III, “d”, do CPM: emprego das Forças Armadas para garantir a segurança do processo eleitoral (Código Eleitoral, art. 23, XIV); 310 310 Justiça Militar da União Justiça Militar dos Estados A competência da Justiça Militar da União tem como critério unicamente a matéria, julga os crimes militares definidos em lei. Competência fixada pelo critério “ratione materiae”. Em sentido mais amplo, a Justiça Militardos Estados possui dois critérios para fixação sua competência: ratione materiae e ratione personae. Fixada com base em dois critérios. **A condição de militar estadual deve ser aferida com base a sua condição no “momento do delito”, e não do processo criminal. Não tem competência civil. Tem competência civil. Órgãos jurisdicionais: - Conselho de Justiça; - Juiz Federal da JMU; Órgãos jurisdicionais: - Juiz de Direito do Juízo Militar; - Conselho de Justiça. Juízo “Ad quem”: STM Juízo “Ad quem”: TJM (MG, SP e RS) ou TJ, nos demais Estados. Observações: 1º) A JMU tem competência “ratione materiae”, ou seja, só julga crimes militares definidos em lei. A JME tem competência “ratione materiae” e “ratione personae”, pois julga crimes militares definidos em lei e só julga militares dos estados. 2º) Desde o advento da Lei 13.774/2018, o juiz federal da JMU também passou a ter competência monocrática. Na JME, o juiz de direito julga crimes militares contra civis e ações judiciais contra atos disciplinares militares. Os Conselhos de Justiça julgam os demais crimes (em ambas as justiças). 3º) O STM é o juízo “ad quem” da Justiça Militar da União. No caso da Justiça Militar dos estados, apenas três estados têm TJM, sendo Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. Os demais estados têm como juízo “ad quem” os próprios TJs. 4º) O crime militar, até bem pouco tempo, era apenas o descrito no Código Penal Militar. No ano de 2017, o CPM foi alterado e passou a prever que crimes militares são os previstos no CPM e na legislação penal, desde que o crime tenha sido praticado em uma das condições do art. 9º do CPM. Exemplo: o crime de abuso de autoridade praticado por militar não era considerado crime militar até 2017, conforme súmula 172, STJ: Súmula 172, STJ. Compete à Justiça Comum processar e julgar militar por crime de abuso de 311 311 autoridade, ainda que praticado em serviço. Entretanto, a súmula está superada. Justiça Militar da União Justiça Militar dos Estados Código Penal Militar. (Redação anterior à Lei n. 13.491/17) Código Penal Militar. (Redação posterior à Lei n. 13.491/17) Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: (...) II - os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei penal comum, quando praticados: Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: (...) II – os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando praticados: No ano de 2017 com o advento da Lei n. 13.491/17 o CPM foi alterado e passou a prevê que crimes militares são não apenas aqueles previstos no CPM, mas também aqueles previstos na legislação penal – desde que o crime tenha sido praticado em uma das condições previstas ao teor do art. 9º do CPM. Código Penal Militar “Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: II – os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando praticados: (Redação dada pela Lei n. 13.491/17) a) por militar em situação de atividade contra militar na mesma situação; b) por militar em situação de atividade, em lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a administração militar, ou a ordem administrativa militar; f) por militar em situação de atividade ou assemelhado que, embora não estando em serviço, use armamento de propriedade militar ou qualquer material bélico, sob guarda, fiscalização ou administração 312 312 militar, para a prática de ato ilegal; (revogada pela Lei n. 9.299/96).” Atenção: a Lei 13.491/2017 tem vício de constitucionalidade. Isso ocorre porque o seu art. 2º trazia a informação de que ela seria temporária. Entretanto, este artigo foi vetado. 313 313 DIREITO PROCESSUAL PENAL SUMÁRIO DA AULA Competência: Competência criminal da Justiça Eleitoral. Competência criminal da Justiça do Trabalho. Competência criminal da Justiça Federal (CF, art. 109, incisos IV, V, V-A e VI). Conteúdo 11: Competência 32. Competência criminal da Justiça Eleitoral 32.1 Noções A Justiça Eleitoral tem sua competência estabelecida em razão da matéria. Assim, nos chamados crimes eleitorais, a competência será da J. Eleitoral. Nessa linha, os crimes eleitorais estão previstos no Código Eleitoral e em leis especiais. CF, art. 121: “Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos Tribunais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais”. A Constituição Federal não estabelece a competência da J. Eleitoral, atribuindo tal incumbência a Lei Complementar. Embora editado como lei ordinária, o Código Eleitoral (Lei nº 4.737/65) foi recepcionado pela Constituição Federal como lei complementar, mas tão somente no que tange à organização judiciária e competência eleitorais, tal qual prevê a Carta Magna (CF, art. 121, caput). Portanto, no tocante à definição dos crimes eleitorais, as normas postas no Código Eleitoral mantêm o status de lei ordinária. Obs.1: Segundo a Jurisprudência não basta que o crime esteja prevista no Código Eleitoral, é necessário também a demonstração de motivação política ou mesmo eleitoral. Nesse sentido, se manifestou o STJ: STJ: “A simples existência, no Código Eleitoral, de descrição formal de conduta típica não se traduz, incontinenti, em crime eleitoral, sendo necessário, também, que se configure o conteúdo material de tal crime. Sob o aspecto material, deve a conduta atentar contra a liberdade de exercício dos direitos políticos, vulnerando a regularidade do processo eleitoral e a legitimidade da vontade popular. Ou seja, a par da existência do tipo penal eleitoral específico, faz-se necessária, para sua configuração, a existência de violação do bem jurídico que a norma visa tutelar, intrinsecamente 314 314 ligado aos valores referentes à liberdade do exercício do voto, a regularidade do processo eleitoral e à preservação do modelo democrático. A destruição de título eleitoral da vítima, despida de qualquer vinculação com pleitos eleitorais e com o intuito, tão somente, de impedir a identificação pessoal, não atrai a competência da Justiça Eleitoral. (...)” (STJ, 3ª Seção, CC 127.101/RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Dje 20/02/2015). Portanto, a caracterização de um crime eleitoral pressupõe não apenas a descrição formal do delito, mas também a análise do conteúdo material. Lembre-se!!! Os crimes eleitorais estão previstos no Código Eleitoral, mas também estão previstos em várias leis especiais que vão se sucedendo nos períodos eleitorais. 32.2 Conexão entre crime da justiça eleitoral e crime comum A Justiça Eleitoral poderá julgar os crimes conexos a este? Deve haver distinção entre o crime comum conexo da Justiça Estadual ou da Justiça Federal. Se da Justiça Estadual, haverá atração para a Justiça Eleitoral, porém, se for da Justiça Federal prevalece a competência da J. Federal, a qual vem consagrada na Constituição Federal, razão pela qual deve prevalecer. Assim, a conexão e a continência entre crime eleitoral e crime da competência da Justiça Federal não importa unidade de processo e julgamento. Desse modo, temos o seguinte cenário: a) se houver conexão e/ou continência entre crime eleitoral e crime comum “Estadual” deverá haver a reunião dos feitos perante a J. Eleitoral; b) se houver conexãoe/ou continência entre crime eleitoral e crime comum “Federal” deverá haver a separação dos processos. c) se houver conexão e/ou continência entre crime eleitoral e crime doloso contra a vida deverá haver separação dos processos. Vamos Esquematizar? Crime conexo estadual O crime conexo estadual será julgado pela Justiça Eleitoral – competência da Justiça Estadual é residual. Nessa hipótese 315 315 não haverá a separação dos processos obrigatoriamente. →Havendo infrações conexas de competência da Justiça Estadual, a Justiça Eleitoral exercerá força atrativa, nos exatos termos do dispositivo constante do art. 78, inciso IV, do CPP, c/c o art. 35, inciso II, do Código Eleitoral (Lei nº 4.737/65). Crime conexo federal Deverá ocorrer a separação obrigatória dos processos: →Crime federal (Justiça Federal); →Crime eleitoral (Justiça Eleitoral) – competências constitucionais. Crime conexo doloso contra à vida Nessa hipótese deverá ocorrer a separação obrigatória dos processos: →Crime doloso contra a vida (Júri); →Crime eleitoral (Justiça Eleitoral) – competências constitucionais. STJ: “(...) Constatada a existência inequívoca da prática do crime previsto no art. 171, § 3º, do Código Penal, consistente no emprego de fraude para a obtenção de benefício previdenciário junto ao INSS, a competência para processar e julgar o delito é da Justiça Federal. Na eventualidade de ficar caracterizado o crime do art. 299 do Código Eleitoral, este deverá ser processado e julgado na Justiça Eleitoral, sem interferir no andamento do processo relacionado ao crime de estelionato, porquanto a competência da Justiça Federal está expressamente fixada na Constituição Federal, não se aplicando, portanto, o critério da especialidade, previsto nos arts. 74, IV, do CPP e 35, II, do Código Eleitoral, circunstância que impede a reunião dos processos na Justiça especializada. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo Federal da 3ª Vara da Seção Judiciária do Mato Grosso, o suscitado, para processar e julgar o crime previsto no art. 171, § 3º, do Código Penal, sem prejuízo de ser apurado, em sede própria, eventual crime eleitoral conexo”. (STJ, 3ª Seção, CC 107.913/MT, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, j. 24/10/2012, Dje 31/10/2012). STJ: “(...) A competência criminal da Justiça Eleitoral se restringe ao processo e julgamento dos crimes tipicamente eleitorais. O crime praticado contra Juiz Eleitoral, ou seja, contra órgão jurisdicional de cunho federal, evidencia o interesse da União em preservar a própria administração. Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo Federal do Juizado Especial Cível e Criminal da Seção Judiciária do Estado de Rondônia, ora suscitado”. (STJ, 3ª Seção, CC 316 316 45.552/RO, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJU 27/11/1993). 32.3 Informativo Info 555, STJ. Compete à Justiça Federal (e não à Justiça Eleitoral) processar e julgar o crime caracterizado pela destruição de título eleitoral de terceiro, quando não houver qualquer vinculação com pleitos eleitorais e o intuito for, tão somente, impedir a identificação pessoal. A simples existência, no Código Eleitoral, de descrição formal de conduta típica não se traduz, incontinenti, em crime eleitoral, sendo necessário, também, que se configure o conteúdo material de tal crime. Sob o aspecto material, deve a conduta atentar contra a liberdade de exercício dos direitos políticos, vulnerando a regularidade do processo eleitoral e a legitimidade da vontade popular. Ou seja, a par da existência do tipo penal eleitoral específico, faz-se necessária, para sua configuração, a existência de violação do bem jurídico que a norma visa tutelar, intrinsecamente ligado aos valores referentes à liberdade do exercício do voto, à regularidade do processo eleitoral e à preservação do modelo democrático. A destruição de título eleitoral da vítima, despida de qualquer vinculação com pleitos eleitorais e com o intuito, tão somente, de impedir a identificação pessoal, não atrai a competência da Justiça Eleitoral. STJ. 3 Seção. CC 127.101-RS, Rei. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 11/2/2015 (lnfo 555). 33. Competência criminal da Justiça do Trabalho Nos moldes do art. 114 da Constituição Federal, “Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (...) IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; (...)”. Até o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004, a Justiça do Trabalho não tinha qualquer competência no âmbito criminal. Com a EC nº 45/04, houve uma alteração do art. 114 da Constituição Federal, atribuindo à Justiça do Trabalho, dentre outras, a competência para processar e julgar os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição (art. 114, inciso IV). Ex.: prisão do depositário infiel decretada por juiz do trabalho – HC seria julgado pela Justiça do Trabalho. 317 317 No entanto, não subsiste mais a prisão do depositário infiel (RE n. 466.343). A EC 45/04 não outorgou competência criminal genérica à Justiça do Trabalho. Antes da Emenda de 45 Após o Advento da Emenda de 45 A Justiça do Trabalho não tinha qualquer competência no âmbito criminal. Possui competência para processar e julgar os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição. STF: “(...) Justiça do Trabalho. Ações penais. Processo e julgamento. Jurisdição penal genérica. Inexistência. Interpretação conforme dada ao art. 114, incs. I, IV e IX, da CF, acrescidos pela EC nº 45/2004. Ação direta de inconstitucionalidade. Liminar deferida com efeito ex tunc. O disposto no art. 114, incs. I, IV e IX, da Constituição da República, acrescidos pela Emenda Constitucional nº 45, não atribui à Justiça do Trabalho competência para processar e julgar ações penais”. (STF, Pleno, ADI 3.684 MC/DF, Rel. Min. Cezar Peluso, Dje 72 02/08/2007). A Emenda de 45 não outorgou competência genérica criminal para que a J. do trabalho julgue delitos. Assim, a única “competência” criminal que persiste na Justiça do Trabalho é a do HC, desde que o ato questionado diga respeito à jurisdição trabalhista. 34. Competência Criminal da Justiça Federal 34.1 Competência “ratione materiae” A competência da Justiça Federal encontra-se taxativamente prevista na Constituição Federal, ao teor do art. 109 da Carta Magna. As questões criminais estão especialmente previstas nos incisos IV, V, VI, VII, IX e X do art. 109. CF, art. 109: “Aos juízes federais compete processar e julgar: (Justiça Federal de 1ª instância) (...) IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; 318 318 V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição; VIII - os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais; IX - os crimes cometidos a bordo denavios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar; X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização; XI - a disputa sobre direitos indígenas. § 1º As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte. § 2º As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal. § 3º Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual. § 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau. § 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o 319 319 Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. Trata-se de competência ratione materiae, estabelecida em razão da matéria do delito, com status constitucional. 34.2 Análise pormenorizada da competência criminal Estabelecida na CF, art. 109 a. Crimes políticos 34.2.1.1 Previsão Legal O que são os crimes políticos? Os crimes políticos são aqueles previstos na Lei de Segurança Nacional (Lei nº 7.170/83). Assim, crimes políticos são aqueles previstos na referida lei. Todavia, não basta a capitulação na legislação em comento, é preciso ainda ter motivação política. ✓ É preciso que, além de encontrar-se previsto na referida lei, o crime detenha Motivação Política. LEI Nº 7.170, DE 14 DE DEZEMBRO DE 1983. Define os crimes contra a segurança nacional, a ordem política e social, estabelece seu processo e julgamento e dá outras providências. 34.2.1.2 Motivação Política Corroborando ao exposto, a Lei n. 7.170/83, art. 2º: “Art. 2º Quando o fato estiver também previsto como crime no Código Penal, no Código Penal Militar ou em leis especiais, levar- se-ão em conta, para a aplicação desta Lei: I – a motivação e os objetivos do agente; II – a lesão real ou potencial aos bens jurídicos mencionados no artigo anterior”. Exemplo: Lei n. 7.170/83 Art. 29 - Matar qualquer das autoridades referidas no art. 26. Pena: reclusão, de 15 a 30 anos. 320 320 Art. 26 - Caluniar ou difamar o Presidente da República, o do Senado Federal, o da Câmara dos Deputados ou o do Supremo Tribunal Federal, imputando-lhes fato definido como crime ou fato ofensivo à reputação. Pena: reclusão, de 1 a 4 anos. Não é suficiente, por exemplo, matar alguma dessas pessoas, é preciso que o assassinato se dê em decorrência de razão política. 34.2.1.3 Competência da Justiça Federal X Competência da Justiça Militar Lei n. 7.710/83, art. 30: “Compete à Justiça Militar processar e julgar os crimes previstos nesta Lei, com observância das normas estabelecidas no Código de Processo Penal Militar, no que não colidirem com disposição desta Lei, ressalvada a competência originária do Supremo Tribunal Federal nos casos previstos na Constituição. Parágrafo único - A ação penal é pública, promovendo-a o Ministério Público”. O artigo de lei acima transcrito não fora recepcionado pela Constituição Federal – “Compete à Justiça Militar...” - em razão da CF, art. 109, IV, primeira parte. 34.2.1.4 Recurso cabível da sentença em crime político Nessa hipótese, diferentemente, o recurso cabível não será a apelação, mas Recurso Ordinário Constitucional (ROC) que subirá diretamente para o STF, é o que prevê o art. 102, II – b, da Constituição Federal. Vejamos: Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: II – julgar em recurso ordinário; b) crime político. ROC – Recurso Ordinário Constitucional →STF b. Infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas A competência da J. Federal, nessa hipótese está fundada em dois tripés: 321 321 ➢ Bens, serviços e interesses. ➢ União, autarquias federais e empresas públicas federais. Competência da Justiça Federal Bens; Serviços; Interesses. União; Autarquias Federais; Empresas Públicas Federais. Ex.: crime de moeda falsa – atinge o interesse da União. Assim, é da Competência da J. Federal o crime de moeda falsa. Ex.: crime de estelionato contra o INSS. O crime praticado atenta contra bens de Autarquia Federal (INSS; Banco Central do Brasil/Incra). Assim, será da competência da J. Federal. Ex.: Roubo de carteiro. Empresa de correios e telégrafos (Empresa Pública Federal). Obs.1: Conforme a Jurisprudência, para que a competência seja da J. Federal há necessidade de que a lesão ao bem jurídico da União seja direta. Assim, temos que para fins de fixação da competência da Justiça Federal com base no art. 109, IV, da Constituição Federal, essa lesão aos bens, serviços e interesses da União deve ser direta. Corroborando com esse entendimento, a Súmula 107 do STJ. Súmula 107, STJ. Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de estelionato mediante falsificação de guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando não ocorrente lesão à autarquia federal. Exemplos: I) Fraude eletrônica praticada em detrimento de correntista da Caixa Econômica Federal, cuja agência está localizada em São Paulo e os saques fraudulentos são realizados em Curitiba. Fraude eletrônica caracteriza o delito de estelionato ou furto qualificado pela fraude? Depende do caso concreto. No estelionato, o indivíduo é enganado e voluntariamente entrega a res ao criminoso. Por outro lado, no furto qualificado pela fraude, a fraude é empregada para burlar a vigilância sobre a coisa. No exemplo n. I: furto qualificado pela fraude. 322 322 STJ: “(...) O furto mediante fraude não se confunde com o estelionato. A distinção se faz primordialmente com a análise do elemento comum da fraude que, no furto, é utilizada pelo agente com o fim de burlar a vigilância da vítima que, desatenta, tem seu bem subtraído, sem que se aperceba; no estelionato, a fraude é usada como meio de obter o consentimento da vítima que, iludida, entrega voluntariamente o bem ao agente. Hipótese em que o Acusado se utilizou de equipamento coletor de dados, popularmente conhecido como "chupa- cabra", para copiar os dados bancários relativos aos cartões que fossem inseridos no caixa eletrônico bancário. De posse dos dados obtidos, foi emitido cartão falsificado, posteriormente utilizado para a realização de saques fraudulentos. No caso, o agente se valeu de fraude - clonagem do cartão – para retirar indevidamente valores pertencentes ao titular da conta bancária, o que ocorreu, por certo, sem o consentimento da vítima, o Banco. A fraude, de fato, foi usada para burlar o sistema de proteção e de vigilância do Banco sobre os valores mantidos sob sua guarda, configurando o delito de furto qualificado”. (STJ, 5ª Turma, Resp 1.412.971/PE, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 07/11/2013, Dje 25/11/2013). Questiona-se:quem é a vítima? A Caixa Econômica Federal (competência da Justiça Federal) – o correntista é considerado mero prejudicado, cf. a jurisprudência. Questiona-se: qual é a competência territorial? Justiça Federal de São Paulo – o crime de furto consuma-se no local de onde a res foi retirada da esfera de disponibilidade da vítima (dinheiro estava custodiado em São Paulo). II) Roubo contra casa lotérica Acerca da competência para o processo e julgamento de crime de roubo em casa lotérica, entende o Superior Tribunal de Justiça que a competência recai sobre a Justiça Estadual, na medida em que a casa lotérica tem natureza jurídica de pessoa jurídica de direito privado permissionária de serviço público, o que não atrai a competência da Justiça Federal, em virtude da inexistência de infração penal praticada em detrimento de bens, serviços ou interesses da União, autarquias federais e empresas públicas federais. 323 323 Nesse sentido, o professor Renato Brasileiro explica que A casa lotérica mantém convênio com a CEF, mas tal fato não a transforma em empresa pública federal. A natureza jurídica da casa lotérica: pessoa jurídica de direito privado - ser permissionária ou concessionária de um serviço público federal não modifica a natureza jurídica da pessoa. Portanto, o crime cometido contra casa loteria é de competência da Justiça Estadual. III) Roubo contra agência dos Correios Os correios operam através de franquias. Se ficar visualizado que o crime foi praticado contra uma franquia dos correios, a competência será da J. Comum Estadual. Por outro lado, se cometido contra a própria EBCT, será da Justiça Federal. Roubo Contra Agência dos Correios EBCT – sujeito passivo. Franquias dos Correios – sujeito passivo Justiça Federal Justiça Estadual No tocante à infração penal praticada em detrimento de agência da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, o Superior Tribunal de Justiça tem fundamentado suas decisões na constatação da exploração direta da atividade pelo ente da administração indireta federal – caso em que a competência seria da Justiça Federal, nos termos do artigo 109, inciso IV, da Constituição Federal – ou se objeto de franquia, isto é, a exploração do serviço por particulares – quando então se verificaria a competência da Justiça Estadual. STJ: “(...) Nos crimes praticados em detrimento das agências da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT, esta Corte Superior já firmou o entendimento de que a fixação da competência depende da natureza econômica do serviço prestado. Se explorado diretamente pela empresa pública - na forma de agência própria -, o crime é de competência da Justiça Federal. De outro vértice, se a exploração se dá por particular, mediante contrato de franquia, a competência para o julgamento da infração é da Justiça estadual. A espécie, contudo, guarda peculiaridade, pois a agência alvo do roubo é tida como "comunitária". Constituída sob a forma de convênio entre a ECT e a prefeitura municipal, ostenta interesse recíproco dos entes contratantes, inclusive da empresa pública federal. Embora noticiado que o ilícito importou em pequeno prejuízo à empresa pública, o fato é que houve perda material e prejuízo ao serviço postal; logo é o caso de firmar a competência da Justiça Federal para conhecer do feito, nos termos 324 324 do art. 109, IV, da Constituição Federal”. (STJ, 3ª Seção, CC 122.596/SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 08/08/2012). IV) Crime cometido em detrimento da OAB Inicialmente, cumpre destacarmos qual a natureza jurídica da OAB: para fins criminais continua entendendo ser da competência da J. Federal, principalmente no tocante a fiscalização. ão. STF: ADI 3026 – Natureza Jurídica da OAB: SUI GENERIS. CP, Art. 205. Exercício de atividade com infração de decisão administrativa: Exercer atividade, de que está impedido por decisão administrativa. Diante do exposto, contemplamos que aquele que exerce a profissão (advogado) estando impedido por ocasião de decisão administrativa, será julgado pela J. Federal, quando tiver relacionada com a função de fiscalização. V) Roubo praticado contra o Banco do Brasil O Banco do Brasil é espécie de sociedade de economia mista, por consequência, crime cometido em face do Banco do Brasil deverá ser julgado perante a J. Estadual. Súmula nº 42, STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento. STJ: (...) Compete à Justiça Estadual Comum julgar e processar crimes cometidos contra empresa concessionária de serviços públicos, por inexistir prejuízo a bens e/ou interesses da União”. (STJ, 5ª Turma, RHC 19.202/SC, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, Dje 08/09/2008). Info 571, STJ. Compete à Justiça Estadual (e não à Justiça Federal) processar e julgar tentativa de estelionato (art. 171, caput, c/c o art. 14, 11, do CP) consistente em tentar receber, mediante fraude, em agência do Banco do Brasil, valores relativos a precatório federal creditado em favor de particular. STJ. 3" Seção. CC 133.187-DF, Rei. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 14/10/2015 (lnfo 571). 325 325 VI) Crimes cometidos contra bens tombados Entende-se que se o bem subtraído pelo agente foi tombado pelo patrimônio histórico nacional, decorre inequívoco interesse da União, e a consequente competência da Justiça Federal. Portanto, considerando que o objetivo do tombamento é a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional, cabendo ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) a sua manutenção e vigilância, conclui-se pela competência da Justiça Federal. Por outro lado, se se trata de furto e receptação de bens tombados por estado membro ou por município, não há falar em interesse da União, e consequentemente a competência será da J. Estadual. Assim, temos que depende do ente responsável pelo tombamento: ➢ União: Justiça Federal. ➢ Estado/Município: Justiça Estadual. VII) Crime cometido contra consulado estrangeiro É da competência da J. Estadual. O consulado estrangeiro é a representação de outro país no território nacional. Porém, ele não é União, autarquia ou empresa. Assim, a competência é da Justiça Estadual. STJ: CC 45.650-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 14/3/2007. Também compete à Justiça Estadual – e não à Justiça Federal – processar e julgar supostos crimes de violação de domicílio, de dano e de cárcere privado – este, em tese, praticado contra agente consular – cometidos por particulares no contexto de invasão a consulado estrangeiro: STJ, 3ª Seção, AgRg no CC 133.092/RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 23/4/2014. 326 326 Fonte; https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2015/01/info-541-stj.pdf VIII) Desvio de verbas oriundas de convênios firmados com a União Súmula 208, STJ: Compete a justiça federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal. [A prestação de contas, em regra, ocorre perante o TCU, de modo que, a competência será da J. Federal]. Sujeito ativo do delito: o Prefeito. Enquanto Prefeito, possui direito a foro – julgado pelo TRF. Súmula 209, STJ. Compete à justiça estadual processar e julgar prefeito por desvio de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal. - Quando já incorporado ao patrimônio municipal, a competência será da J. Estadual. Enquanto Prefeito, possui direito a foro – julgado pelo TJ. IX) Falso testemunho cometido em processo trabalhista (ou perante a Justiça Eleitoral, Federal ou Militar da União) Inicialmente cumpre destacarmos que o crime de falso testemunho é crime contra a Administração da Justiça (CP, art. 342). A JustiçaTrabalhista, Eleitoral, Militar e Federal integram o Poder Judiciário da União. Assim, o crime de falso testemunho praticado em alguma dessas “justiças”, atenta contra um serviço da União, de modo que a competência será da J. Federal. Portanto, o crime, citado no exemplo, será julgado pela Justiça Federal. Súmula 165, do STJ: “Compete à Justiça Federal processar e julgar crime de falso testemunho cometido no processo trabalhista”. https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2015/01/info-541-stj.pdf 327 327 STJ: STJ: “(...) O eventual ilícito decorrente do uso de artefato incendiário contra edifício-sede da Justiça Militar da União em Porto Alegre/RS não é crime militar, uma vez que o bem atingido não integra patrimônio militar, nem está subordinado à administração militar (art. 9º, III, a, do CPM). Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo Federal da 11ª Vara de Porto Alegre - SJ/RS, o suscitado”. (STJ, 3ª Seção, CC 137.378/RS. Dje 14/04/2015). X) Crime contra (ou por) funcionário público federal Se visualizado o chamado nexo funcional (delito propter offficium), a competência será da J. Federal. → Nexo funcional: existindo nexo funcional, a competência será da Competência da Justiça Federal. Súmula 147, do STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar crimes praticados contra (ou por)* funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função. Em regra, crime praticado contra funcionário público federal, em razão do exercício de sua função, afeta o serviço público federal, atraindo, por conseguinte, a competência da Justiça Federal. Em sentido contrário, se não tiver relação funcional, a competência será da J. Estadual. Exemplo: homicídio de três auditores fiscais do Ministério do Trabalho, além do motorista que os conduzia, na cidade de Unaí, noroeste de Minas Gerais, hipótese em que restou firmada a competência do Tribunal do Júri Federal, regulado pelo Decreto-lei 253/1967. A condição da vítima de funcionário público federal na ativa, por si só, não desloca a competência para a Justiça Federal, sendo indispensável que haja relação entre a infração penal e as funções exercidas pelo funcionário público federal. 328 328 STJ: “(...) se um servidor público federal é vítima de um delito em razão do exercício de suas funções, tem-se que o próprio serviço público é afetado, o que atrai a competência da Justiça Federal para processar e julgar o feito. Doutrina. Enunciado 147 da Súmula do Superior Tribunal de Justiça. Precedentes. No caso dos autos, ainda que a atuação dos policiais rodoviários federais tenha se dado de forma casuística, como sustentado na impetração, o certo é que era sua incumbência, naquele momento, reprimir a prática criminosa, nos termos do artigo 301 do Código de Processo Penal, motivo pelo qual não há dúvidas de que agiram no exercício de suas funções, o que revela a competência da Justiça Federal para processar e julgar o paciente, que desferiu diversos tiros contra eles ao empreender fuga de agência bancária que tentou assaltar. Precedente. Habeas corpus não conhecido”. (STJ, 5ª Turma, HC 309.914/RS, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 07/04/2015, Dje 15/04/2015). O professor Márcio André explica que no caso, observa-se que, embora os policiais rodoviários federais não estivessem em serviço de patrulhamento ostensivo, possuem, como agentes policiais, o dever legal de prender em flagrante quem estiver praticando crime, nos termos do art. 301 do CPP: “Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito”. 329 329 Dessa forma, o certo é que era incumbência dos policiais rodoviários federais, naquele momento, reprimir a prática criminosa, motivo pelo qual não há dúvidas de que agiram no exercício de suas funções, o que revela a competência da Justiça Federal. XI) Crimes contra o meio-ambiente Entendia-se anteriormente que a fauna era bem da União, e assim sendo, a competência seria da J. Federal. Contudo, tal entendimento não prevalece mais, restando cancelada a referida súmula. Súmula 91 do STJ fora cancelada! Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra a fauna. (CANCELADA). Dessa forma, em regra, a competência será da Justiça Comum Estadual, SALVO se o crime em questão tiver sido praticado em detrimento de bens da União. Exemplos: a) crime de pesca ilegal de camarão no mar territorial: o sujeito passivo é o proprietário do local em que o crime foi praticado. Nesse caso, a competência é da Justiça Federal, pois o mar territorial é bem da União. b) extração de recurso mineral: sendo o recurso natural bem da União, a competência será igualmente da J. Federal, pois é praticado em detrimento de bem da União. Nesse sentido, a Jurisprudência. Vejamos: STJ: “(...) CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊN-CIA. EXTRAÇÃO DE CASCALHO SEM AUTORIZA-ÇÃO. ART. 55 DA LEI 9.605/98. PROPRIEDADE PRIVADA. IRRELEVÂNCIA. RECURSO MINERAL. BEM DA UNIÃO. ART. 20, IX, DA CF. COMPETÊN-CIA DA JUSTIÇA FEDERAL. ART. 109, IV, DA CF. Cuidando-se de delito contra bem da União, explicitamente trazido no artigo 20 da Constituição Federal, mostra-se irrelevante o local de sua prática, pois onde o legislador constituinte não excepcionou, não cabe ao intérprete fazê-lo. Conflito conhecido para julgar competente o JUÍZO FEDERAL DE RONDO-NÓPOLIS - SJ/MT, suscitante”. (STJ, 3ª Seção, CC 116.447/MT, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 25/05/2011). 330 330 c) Crime ambiental cometido na Floresta Amazônica A Floresta Amazônica faz parte do Patrimônio Nacional (ao lado do Pantanal Mato-grossense), porém essa expressão não se confunde com patrimônio da União. Em virtude disso, é julgado perante a Justiça Estadual. → Não confundir bem da União com Patrimônio Nacional! STJ: “(...) Não há se confundir patrimônio nacional com bem da União. Aquela locução revela proclamação de defesa de interesses do Brasil diante de eventuais ingerências estrangeiras. Tendo o crime de desmatamento ocorrido em propriedade particular, área que já pertenceu - hoje não mais - a Parque Esta dual, não há se falar em lesão a bem da União. Ademais, como o delito não foi praticado em detrimento do IBAMA, que apenas fiscalizou a fazenda do réu, ausente prejuízo para a União. Conflito conhecido para julgar competente o JUÍZO DE DIREITO DA 1A VARA DE CEREJEIRAS - RO, suscitante”. (STJ, 3ª Seção, CC 99.294/RO, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 12/08/2009). XII) Crimes contra a Fé Pública a) Falsificação de documento Em se tratando de crime de falsificação, a competência será determinada com base no órgão responsável pela emissão do documento. Por exemplo: CNH – Detran, sendo órgão Estadual, será da C. da Justiça Estadual. CPF – Competência da J. Federal – órgão Federal responsável pela emissão do documento. Súmula 104, STJ. Compete à Justiça Estadual o processo e julgamento dos crimes de falsificação e uso de documento falso relativo a estabelecimento particular de ensino. Súmula 73, STJ. A utilização de papel-moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato da competência da Justiça Estadual. 331 331 Cuidado! Súmula Vinculante de nº 36, STF. Compete à Justiça Federal comum processar e julgar civil denunciado pelos crimes de falsificação e de uso de documento falso quando se tratar de falsificação da Caderneta de Inscrição e Registro (CIR) ou de Carteira de Habilitação de Amador (CHA), ainda que expedidas pela Marinha do Brasil. →Quando se tratar de crime de falsificação para fins de fixação da competência deve-se analisar qual o órgão responsável pela emissão daquele documento. b) Uso de documento falso (atenção!)Na hipótese em comento, o crime não é o de falsificação, mas USO do documento falso por aquele que não foi o falsificador. →O crime é praticado pelo usuário do documento falso. Em se tratando de uso de documento falso por terceiro que não tenha sido o responsável pelo a falsificação, a competência será determinada com base na pessoa física ou jurídica prejudicada pelo uso, pouco importando o órgão responsável pela emissão do documento. Obs.1: Em se tratando de crimes de falsificação ou de uso de documento falso cometidos como meio para a prática de um crime-fim, sendo por este absorvido, a competência será determinada pelo sujeito passivo do crime-fim: segundo preceitua a súmula nº 17 do STJ, quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido. 332 332 Súmula 546, STJ: A competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público, não importando a qualificação do órgão expedidor. Acessar: https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2015/10/sc3bamula-546-stj.pdf O professor Márcio André (@dizerodireito) explica “para o STJ, no caso do crime de uso de documento falso, a qualificação do órgão expedidor do documento público é irrelevante para determinar a competência. No uso de documento falso, o critério a ser utilizado para definir a competência é analisar a natureza do órgão ou da entidade a quem o documento foi apresentado, considerando que são estes quem efetivamente sofrem os prejuízos em seus bens ou serviços. Assim, se o documento falso é apresentado perante um órgão ou entidade federal, a vítima é este órgão ou entidade que teve seu serviço ludibriado”. c) Crime de falso como crime-meio A competência será determinada, pois, a partir do sujeito passivo do crime-fim. Nesse caso, se a falsificação (ou o uso) for absolvida pelo crime fim, com base no princípio da consunção, a competência deverá ser determinada com base no sujeito passivo do crime fim. d) Falsa Anotação na CTPS https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2015/10/sc3bamula-546-stj.pdf 333 333 Editada em 1992: Súmula 62 do STJ: compete à Justiça Estadual processar e julgar o crime de falsa anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, atribuído à empresa privada. Ultrapassada! Em 2000: Lei 9.9983/2000; Por força da Lei nº 9.983/00, foram introduzidos no Código Penal os crimes de falsificação de documentos destinados à Previdência Social (art. 297, §§ 3º e 4º, do Código Penal). Destarte, com a criação desses tipos penais, verificando-se que a falsa anotação foi feita para produzir efeito perante a Previdência Social (v.g., para se conseguir o pagamento de um benefício previdenciário), há de se concluir pela competência da Justiça Federal; caso a falsa anotação não seja destinada a fazer prova perante a Previdência Social, a competência permanece na Justiça Estadual (v.g., falsa anotação apenas para comprovação de prévia experiência de modo a se obter um emprego). STJ: “(...) CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. PENAL. ART. 297, § 4.º, DO CÓDIGO PENAL. OMISSÃO DE LANÇAMENTO DE REGISTRO. CAR- TEIRAS DE TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL. INTERESSE DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. JUSTIÇA FEDERAL. O agente que omite dados na Carteira de Trabalho e Previdência Social, atentando contra interesse da Autarquia Previdenciária, estará incurso nas mesmas sanções do crime de falsificação de documento público, nos termos do § 4.º do art. 297 do Código Penal, sendo a competência da Justiça Federal para processar e julgar o delito, consoante o art. 109, inciso IV, da Constituição Federal. 2. Competência da Justiça Federal”. (STJ, 3ª Seção, CC 58.443/MG, Rel. Min. Laurita Vaz, Dje 26/03/2008). e) Falsificação de certificado de conclusão de curso Súmula 31 do TRF: Compete a J. Estadual o processo e julgamento de crime de falsificação ou de uso de certificado de conclusão de curso de 1º e 2º Graus, desde que não se refira a estabelecimento federal de ensino ou falsidade não seja de assinatura de funcionário federal. 334 334 E o diploma de curso superior? Ainda que a faculdade seja particular, no verso do Diploma deve constar autenticação do Ministério da Educação será da competência da J. Federal. c. Execução penal Candidato, de quem é a competência para julgar os incidentes da execução penal? Para fins de fixação da competência da execução penal será levado em consideração o local em que o indivíduo estiver recolhido. Nesse sentido, a Súmula 192 do STJ. Vejamos. Súmula 192, STJ. Compete ao juízo das execuções penais do estado a execução das penas impostas a sentenciados pela justiça federal, militar ou eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos a administração estadual. Dessa forma, temos que se recolhidos em estabelecimento da Administração Estadual, a competência é da J. Estadual. d. Contravenções Penais As contravenções penais não podem ser julgadas pela Justiça Federal de 1ª instância, nem mesmo se conexas com crimes federais. CF, art. 109: “Aos juízes federais compete processar e julgar: (Justiça Federal de 1ª instância) (...) IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, EXCLUÍDAS AS CONTRAVENÇÕES e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; Nesse sentido, a Súmula do STJ. Súmula 38, STJ: Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição de 1988, o processo por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas. Contravenções penais podem ser julgadas pela Justiça Federal de 2ª instância (TRF-s) caso o 335 335 autor do delito seja dotado de foro por prerrogativa de função perante tais tribunais (ex.: juiz federal). STJ: “(...) Apesar da existência de conexão entre o crime de contrabando e contravenção penal, mostra-se inviável a reunião de julgamentos das infrações penais perante o mesmo Juízo, uma vez que a Constituição Federal expressamente excluiu, em seu art. 109, IV, a competência da Justiça Federal para o julgamento das contravenções penais, ainda que praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União. Súmula nº 38/STJ. Precedentes. Firmando-se a competência do Juízo Federal para processar e julgar o crime de contrabando conexo à contravenção penal, impõe-se o desmembramento do feito, de sorte que a contravenção penal seja julgada perante o Juízo estadual. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de Direito do 8º Juizado Especial Criminal do Rio de Janeiro/RJ, o suscitado, para processar e julgar a conduta relacionada à contravenção, remanescendo a competência do Juízo Federal da 9ª Vara Federal Criminal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro-RJ, suscitante, para o processo e julgamento do crime de contrabando”. (STJ, 3ª Seção, CC 120.406/RJ, Rel. Min. Alderita Ramos de Oliveira, Dje 01/02/2013). e. Crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no país, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente Para além de está previsto em tratado internacional ou convenção internacional, é preciso ainda que tenha início no Brasil ou tenha resultado ou devesse ter ocorrido no estrangeiro. Assim, são dois os requisitos para a configuração da competência da J. Federal: ✓ Crime previsto em tratado ou Convenção Internacional; ✓ Internacionalidade territorial relativamente à conduta delituosa (crime à distância); Exemplos: 1) Tráfico Internacional de Drogas Cuidando-se de crime previsto em tratado ou convenção internacional, conclui-se que, presente
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