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Manual Caseiro - Processual Penal I - 2020(1)(1)

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296 
296 
• Se a omissão foi VOLUNTÁRIA (DELIBERADA): se o querelante deixou, deliberadamente, de oferecer 
queixa contra um dos autores ou partícipes, o juiz deverá rejeitar a queixa e declarar a extinção da 
punibilidade para todos (arts. 104 e 107, V, do CP). Todos ficarão livres do processo. 
• Se a omissão foi INVOLUNTÁRIA: o MP deverá requerer a intimação do querelante para que ele faça o 
aditamento da queixa-crime e inclua os demais coautores ou partícipes que ficaram de fora. Assim, conclui-
se que a não inclusão de eventuais suspeitos na queixa-crime não configura, por si só, renúncia tácita ao 
direito de queixa. Para o reconhecimento da renúncia tácita ao direito de queixa, exige-se a demonstração de 
que a não inclusão de determinados autores ou partícipes na queixa-crime se deu de forma deliberada pelo 
querelante. STJ. 5ª Turma. RHC 55.142-MG, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 12/5/2015 (Info 562). 
 
2014 
 
 
Conselho indigenista não pode ajuizar queixa-crime subsidiária por delito contra índios 
 
Determinado indivíduo teria proferido discurso racista contra um grupo de índios que teria invadido uma 
fazenda em certa região. O Ministério Público não ofereceu denúncia nem instaurou qualquer procedimento. 
Em virtude disso, o Conselho dos Povos Indígenas (organização não-governamental indígena) ajuizou uma 
queixa-crime subsidiária (art. 5º, LIX, da CF/88) contra o indivíduo, imputando-lhe a prática dos crimes de 
racismo (art. 20 da Lei 9.459/97) e incitação à violência e ódio contra os povos indígenas (arts. 286 e 287 do 
CP). Essa queixa-crime deverá ser rejeitada, porque os conselhos indigenistas não possuem legitimidade 
ativa em matéria penal. Na ação penal privada (mesmo sendo a subsidiária da pública), a queixa-crime 
somente pode ser promovida pelo ofendido ou por quem tenha qualidade para representá-lo (art. 100, § 2º 
do CP e art. 30 do CPP). A suposta vítima dos crimes não foi o conselho indigenista, mas sim os próprios 
índios que participaram da invasão. STF. 1ª Turma. Inq 3862 ED/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado 
em 18/11/2014 (Info 768). 
 
MP deve descrever conduta do acusado de sonegação (não basta ser sócio/administrador) 
 
É inepta a denúncia que, ao imputar a sócio a prática dos crimes contra a ordem tributária previstos nos 
incisos do art. 1º da Lei 8.137/1990, limita-se a transcrever trechos dos tipos penais em questão e a 
mencionar a condição do denunciado de administrador da sociedade empresária que, em tese, teria 
suprimido tributos, sem descrever qual conduta ilícita supostamente cometida pelo acusado haveria 
contribuído para a consecução do resultado danoso. O simples fato de o acusado ser sócio e administrador 
da empresa constante da denúncia não pode levar a crer, necessariamente, que ele tivesse participação nos 
fatos delituosos, a ponto de se ter dispensado ao menos uma sinalização de sua conduta, ainda que breve, sob 
pena de restar configurada a repudiada responsabilidade criminal objetiva. STJ. 6ª Turma. HC 224.728-PE, 
Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 10/6/2014 (Info 543). 
 
Queixa-crime deverá demonstrar o elemento subjetivo do agente 
 
Deve ser rejeitada a queixa-crime que impute ao querelado a prática de crime contra a honra, mas que se 
limite a transcrever algumas frases, escritas pelo querelado em sua rede social, segundo as quais o querelante 
seria um litigante habitual do Poder Judiciário (fato notório, publicado em inúmeros órgãos de imprensa), 
sem esclarecimentos que possibilitem uma análise do elemento subjetivo da conduta do querelado 
consistente no intento positivo e deliberado de lesar a honra do ofendido. STJ. Corte Especial. AP 724-DF, 
Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 20/8/2014 (Info 547). 
 
 
 
 
 
297 
297 
Poderes especiais para advogado propor queixa-crime 
 
Para que o advogado proponha queixa-crime em nome do seu cliente, ele precisa ter recebido procuração 
com poderes especiais para praticar esse ato. Se o cliente outorga procuração sem conferir poderes ao 
advogado para ajuizar queixa-crime, este advogado não pode oferecer substabelecimento a outro advogado 
mencionando que este terá poderes para propor queixa-crime. Ora, se o advogado originário não recebeu 
poderes para ajuizar queixa-crime, ele não poderá substabelecer para outro advogado poderes para propor 
queixa-crime. Em palavras mais simples, o advogado não pode substabelecer poderes que não recebeu. 
Apenas os poderes originariamente outorgados podem ser transferidos. Assim, deve ser tida por inexistente 
a inclusão, ao substabelecer, de poderes especiais para a propositura de ação penal privada, se eles não 
constavam do mandato originário. Portanto, cabe reconhecer a nulidade da queixa-crime, por vício de 
representação, tendo em vista que a procuração outorgada para a sua propositura não atende às exigências 
do art. 44 do CPP. STJ. 6ª Turma. RHC 33.790-SP, Rel. originário Min. Maria Thereza De Assis Moura, 
Rel. para Acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 27/6/2014 (Info 544). 
 
O princípio da indivisibilidade não se aplica à ação penal pública 
 
Na ação penal pública não vigora o princípio da indivisibilidade. Assim, o MP não está obrigado a 
denunciar todos os envolvidos no fato tido por delituoso, não se podendo falar em arquivamento implícito 
em relação a quem não foi denunciado. Isso porque o Parquet é livre para formar sua convicção, incluindo 
na denúncia as pessoas que ele entenda terem praticado o crime, mediante a constatação de indícios de autoria 
e materialidade. STJ. 6ª Turma. RHC 34.233-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 
6/5/2014 (Info 540). 
 
 
2013 
 
Denúncia formulada com base em inquérito civil 
 
É possível o oferecimento de ação penal (denúncia) com base em provas colhidas no âmbito de inquérito 
civil conduzido por membro do Ministério Público. STF. Plenário. AP 565/RO, Rel. Min. Cármen Lúcia, 
julgado em 7 e 8/8/2013 (Info 714). 
 
 
 
 
 
2012 
 
Procuração para queixa-crime 
 
Para que seja protocolizada queixa-crime é necessária capacidade postulatória. A procuração outorgada pelo 
querelante ao seu advogado para o ajuizamento de queixa-crime é uma procuração com poderes especiais. 
Nesta procuração deve constar o “nome do querelado” e a “menção ao fato criminoso”. Para o STJ, “menção 
ao fato criminoso” significa que, na procuração, basta que seja mencionado o tipo penal ou o nomen iuris do 
crime, não precisando identificar a conduta. Para o STF, “menção ao fato criminoso” significa que, na 
procuração, deve ser individualizado o evento delituoso, não bastando que apenas se mencione o nomen iuris 
do crime. Caso houvesse algum vício na procuração para a queixa-crime, o STF entendia que este vício 
poderia ser sanado a qualquer tempo. Neste julgado, contudo, a 2ª Turma do STF afirmou que o vício deve 
ser corrigido antes do fim do prazo decadencial de 6 meses, sob pena de decadência e extinção da 
punibilidade. Este também é o entendimento do STJ. STF. 2ª Turma. RHC 105920/RJ, Rel. Min. Celso de 
Mello, julgado em 8/5/2012 (Info 665). 
 
 
 
 
298 
298 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
SUMÁRIO DA AULA 
Competência. Mecanismos de solução dos conflitos. Princípio do juiz natural. Competência (conceito e espécies). 
Guia para fixação de competência. Competência criminal da Justiça Militar da União e dos Estados. 
 
Conteúdo 10: Competência 
29. Mecanismos de solução de conflitos 
 
 Os conflitos em sociedade são inevitáveis, segundo declina Renato Brasileiro. Em decorrência disso 
surge a necessidade de mecanismos de solução desses conflitos. Entre os mecanismos de solução de 
conflitos, podemos apontar: a) autotutela; b) autocomposição; c) jurisdição. 
 
29.1 Autotutela 
 
 A autotutela caracteriza-se pelo emprego da força para satisfação de interesses. 
Via de regra, é vedado no Ordenamento Jurídico Brasileiro a chamada autotutela(exercício da justiça 
com as próprias mãos), sendo inclusive a conduta tipificada criminalmente (exercício arbitrário das próprias 
razões – art. 345 do Código Penal). Em decorrência lógica dessa vedação, foi o que o Estado trouxe para si 
a competência de dirimir os conflitos sociais através da tutela, nessa disciplina, na seara criminal. 
Dessa forma, temos que em regra, não é admitida a autotutela, constituindo-se o fato em tipo penal. 
Porém, admite-se de forma excepcional. Vejamos: 
Constitui, inclusive, crime: 
CP, art. 345: “Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a 
lei o permite. 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. Parágrafo 
único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa”. 
 
E quais são as situações em que a autotutela é admitida? 
 
a. Legítima defesa (Direito Penal) 
b. Estado de necessidade (Direito Penal). 
c. Prisão em flagrante (Direito Processual Penal) – autorização constitucional (justificativa: o 
Estado não é onipresente). 
 
 
 
 
299 
299 
 
Na situação da prisão em flagrante temos um exemplo em que a autotutela é exercida na seara do processo 
penal, e não do direito material, como na legitima defesa e no estado de necessidade. 
 
CPP, art. 301: “Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem 
quer que seja encontrado em flagrante delito”. 
 
29.2 Autocomposição 
 
 A autocomposição caracteriza-se pela busca do consenso entre os “litigantes”. A expressão “lide” 
deve ser evitada na seara processual penal. 
 No processo penal não há conflito de interesses propriamente, pois ao Ministério Público não requer 
a condenação obrigatoriamente dos acusados, mas busca a aplicação do direito objetivo ao caso, uma vez 
caracterizada a conduta delitiva, e diante da inexistência de causa extintiva da punibilidade, pretenderá a 
aplicação da sanção penal ao caso concreto. Tanto é verdade que, existe possibilidade do Ministério Público 
pleitear pela absolvição durante o trâmite processual, caso não se convença da materialidade delitiva do fato. 
Argumentos: 
➢ Não haveria um conflito de interesses propriamente dito – ao Ministério Público não interessa a 
condenação de um inocente, tanto é verdade que, se verificada a ausência de provas, o próprio MP irá 
poder pleitear a absolvição do acusado. 
➢ A lide é um conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida – a resistência é inerente ao 
Processo Penal. Ainda que o acusado confesse a prática delituosa deverá haver um defensor 
(oferecimento de resistência). 
Questiona-se, a autocomposição é admitida no Processo Penal? Sim, no âmbito dos Juizados Especiais 
Criminais. A própria CF incentiva a autocomposição (CF, art. 98, I). Senão vejamos: 
CF, art. 98: “A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: 
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o 
julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial 
ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a 
transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau”. 
Candidato, diante da autocomposição, não haveria violação do devido processo penal? Não Excelência, isso 
 
 
 
 
300 
300 
porque a transação citada pela Constituição Federal não viola o devido processo penal porque não envolve a 
aplicação de pena privativa de liberdade, mas sim pena restritiva de direitos ou multa. 
Vejamos: 
Lei n. 9.099/95, art. 76: “Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública 
incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata 
de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta” 
29.3 Jurisdição 
Com o passar dos anos, percebeu-se que nem sempre era possível deixar a resolução dos conflitos 
para que as próprias partes resolvessem isso. Assim, o Estado toma para si esse dever. 
Nessa linha, na busca de conceituar JURISDIÇAO, preleciona Renato Brasileiro “consiste em uma 
das funções do Estado, exercida precipuamente pelo Poder Judiciário, por meio da qual o direito objetivo é 
aplicado à solução de determinada demanda. Observação: “precipuamente”: a função jurisdicional não é 
exercida com exclusividade pelo Poder Judiciário”. 
A jurisdição não é exercida exclusivamente pelo Judiciário, mas precipuamente, existe situações em 
que é exercida por outros Poderes, por exemplo, pela prática de crime de responsabilidade responderá o 
Presidente perante a Câmara dos Deputados. 
 
30. Princípio do Juiz Natural 
Também denominado de princípio do juiz legal ou princípio do juiz constitucional. 
 
30.1 Conceito 
 Consiste no direito que cada cidadão possui de conhecer antecipadamente a autoridade jurisdicional 
que irá julgá-lo caso venha a praticar um fato delituoso. 
 Em virtude deste princípio, consagrado no art. 5°, inciso LIII, do Texto Constitucional, entende-se 
que, no Processo Penal, o julgador a atuar em um determinado feito deve ser aquele previamente escolhido 
por lei ou pela Constituição Federal. 
 Veda-se com isso o Tribunal ou Juiz de Exceção, que seria aquele escolhido após a ocorrência de um 
crime e para determinado caso concreto. 
 O princípio em comento busca assegurar a imparcialidade do Juiz → principal finalidade garantir a 
 
 
 
 
301 
301 
participação no processo de um juiz imparcial. 
30.2 Previsão Constitucional 
 A fundamentação constitucional do referido princípio, pode ser extraído de dois artigos: 
Art. 5º, XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção. 
*Tribunal de Exceção: é um órgão jurisdicional criado após o fato delituoso especificamente para seu 
julgamento. 
 Art. 5º, LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pera autoridade competente. 
“O princípio do juiz natural pressupõe a existência de um órgão julgador técnico e isento, com competência 
estabelecida na própria Constituição e nas leis de organização judiciária de modo a impedir que ocorra 
julgamento arbitrário ou de exceção”. 
Obs.: O princípio do juiz natural foi objeto de estudo minucioso no conteúdo 02, retornar ao estudo do mesmo 
para fixação. 
 
31. Competência 
31.1 Conceito 
 É a medida e o limite da jurisdição, dentro dos quais o órgão jurisdicional poderá aplicar o direito 
objetivo ao caso concreto. 
 Nas lições de Leonardo Barreto Moreira Alves (Sinopse Jurídica, 2016), “Competência é a medida 
da jurisdição, espaço dentro do qual o poder jurisdicional pode ser exercido. Jurisdição todo juiz possui, 
mas competência não. Assim, por exemplo, o STF tem competência sobre todo território nacional, enquanto 
um juiz de direito tem competência apenas na comarca em que exerce as suas funções”. 
31.2 Espécies de Competência 
a. Ratione matéria: é a competência fixada em razão da matéria (natureza da infração penal): art. 
69, III, do Código de Processo Penal. 
Exemplo1: Crimes eleitorais; crimes militares. 
Exemplo2: Crimes dolosos contra a vida – competência do Tribunal do Júri 
 
b. Ratione personae (fincionae): é competência que é fixada levando em consideração o cargo 
público ocupado por determinada pessoa que cometeu a infração penal, o que implica em um 
foro por prerrogativa de função. Existe visando a proteção das funções desempenhadas por 
 
 
 
 
302 
302 
determinados agentes. 
Exemplo: Competência por prerrogativa de função. Deputados e Senadores são julgados pelo 
Supremo. 
Destaca o professor Renato Brasileiro que tecnicamente, a expressão “personae” traz um 
equívoco, pois a competência não é fixada em razão da pessoa, mas sim das funções exercidas. 
 
c. Ratione loci: é a competência fixada em razão do território – competência territorial. 
 
Obs.1: Emregra, a competência territorial é fixada com base o local de consumação do delito. 
 
Art. 70, CPP. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a 
infração, ou no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. 
 
d. Competência funcional: a competência é fixada conforme a função que cada um dos vários órgãos 
jurisdicionais exerce em um processo. 
Segundo Brasileiro, é a distribuição feita pela lei entre diversos juízes da mesma instância ou 
de instancias diversas para, num mesmo processo, ou em segmento ou fase de desenvolvimento, 
praticar determinados atos. 
 
31.2.4.1 Competência funcional por fase do processo: de acordo com a fase em que o feito estiver, um 
órgão jurisdicional diverso exercerá a competência em relação a ele. Exemplo: Tribunal do Júri 
– procedimento bifásico <1ª fase: indicium accusationis/sumário da culpa e a 2ª fase: indicium 
causae>. Na 1ª fase será feito pelo juiz sumariante, sendo ele o detentor da competência, ao final, 
sendo pronunciado, iniciará a 2ª fase. Juiz da causa propriamente dito, composto pelo juiz 
presidente e com conselho de sentença (7 jurados). A depender da fase que estiver, um órgão 
diverso terá competência em relação a este processo. 
Esquematizando 
1ª Fase 2ª Fase 
Indicium acusationis Indicium causae 
Juiz sumariante Juiz presidente + Jurados 
 
→ Um órgão jurisdicional diferente exerce a competência de acordo com a fase do processo. 
 
 
 
 
 
303 
303 
31.2.4.2 Competência funcional por objeto do juízo: cada órgão jurisdicional exerce a competência 
sobre determinadas questões, a derem decididas no processo. Levam-se em consideração as 
questões a serem decididas no processo. 
Coborrando Leonardo Barreto Moreira Alves (Sinopse Jurídica, 2016), “Objeto do juízo: quando 
há distribuição de tarefas dentro de um mesmo processo, a exemplo do que ocorre no Tribunal 
do Júri, em que o juiz-presidente é responsável pela resolução das questões de direito, pela 
prolação da sentença e pela dosimetria da pena, ao passo que compete aos jurados a votação dos 
quesitos”. 
31.2.4.3 Competência funcional por grau de jurisdição: também conhecido como competência 
funcional vertical, resulta no duplo grau de jurisdição, com o oferecimento de recursos, ou na 
competência originária dos Tribunais, em casos de foro por prerrogativa de função. 
→Divide a competência entre órgãos jurisdicionais superiores e inferiores. 
Competência funcional horizontal: ocorre quando não há hierarquia entre os vários órgãos 
funcionais. Exemplo: competência funcional por fase do processo e competência funcional por 
objeto do juízo. 
Competência funcional vertical: ocorre quando há hierarquia jurisdicional entre os diversos 
órgãos. Exemplo: competência funcional por grau de jurisdição. 
 
31.3 Classificação quanto a competência absoluta e competência relativa 
Características básicas da Competência Absoluta e Relativa 
Competência Absoluta Competência Relativa 
Regra de competência criada com base no 
interesse público. 
Regra de competência criada com base no 
interesse preponderante das partes. 
 
Renato explica que sempre haverá um 
interesse do Estado, ainda que esse seja de 
caráter residual. 
A regra de competência absoluta não pode ser 
modificada, ou seja, cuida-se de competência 
improrrogável ou imodificável. 
A regra de competência relativa pode ser 
modificada, ou seja, cuida-se de competência 
prorrogável ou derrogável. 
Consequências: 
a. nulidade absoluta (e não inexistência); 
a.1 pode ser arguida a qualquer momento, 
inclusive após o transito em julgado de 
sentença condenatória ou absolutória 
imprópria; 
a.2 prejuízo presumido; 
 
Consequências: 
a. nulidade relativa: 
a,1 deve ser arguida no momento oportuno, 
sob pena de preclusao; 
a.2) prejuízo deve ser comprovado. 
 
 
 
 
304 
304 
A incompetência absoluta pode ser 
reconhecida de ofício, pelo menos enquanto 
não houver o esgotamento de instância. 
A incompetência relativa pode ser 
reconhecida de ofício, pelo menos até o início 
da instrução probatória. 
Súmula 33, stj* 
Não pode ser modificada pela conexão ou 
continência. 
Nesse sentido, o art. 62 do Novo CPC. 
Pode ser modificada pela conexão ou pela 
continência. 
Nesse sentido, o art. 54 do Novo CPC. 
Exemplos: 
Ratione materiae; 
Ratione funcionae; 
Funcional. 
Exemplos: 
Territorial; 
Prevenção (Súmula 706 do STF); 
Distribuição; 
Conexão e continência. 
 
*Atenção para a súmula n. 33 do STJ: “a incompetência relativa não pode ser declarada de 
ofício”. 
 
A súmula 33 do STJ, a qual dispõe não ser possível a declaração da incompetência relativa de 
ofício NÃO se aplica ao processo penal. 
 
No processo penal, ainda que se trate de incompetência relativa, o magistrado poderá 
reconhecê-la de ofício. 
 
** Previsão ao teor do Novo CPC: 
 
Art. 54. A competência relativa poderá modificar-se pela conexão ou pela continência, 
observado o disposto nesta Seção. 
 
Art. 62. A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da função é 
inderrogável por convenção das partes. 
 
Quanto a natureza de ser nula, e não inexistente. Vejamos a decisão do STJ. 
STJ: “(...) O Juiz absolutamente incompetente para decidir determinada 
causa, até que sua incompetência seja declarada, não profere sentença inexistente, mas NULA, 
que depende de pronunciamento judicial para ser desconstituída. E se essa declaração de nulidade 
foi alcançada por meio de recurso exclusivo da defesa, ou por impetração de habeas corpus, como 
no caso, não há como o Juiz competente impor ao Réu uma nova sentença mais gravosa do que a 
anteriormente anulada, sob pena de reformatio in pejus indireta”. (STJ, 5ª Turma, RHC 
20.337/PB, Rel. Min. Laurita Vaz, Dje 04/05/2009). 
CPP, art. 567: “A incompetência do juízo anula somente os atos decisórios, devendo o processo, 
 
 
 
 
305 
305 
quando for declarada a nulidade, ser remetido ao juiz competente”. 
 
Segundo a doutrina, quando a incompetência for absoluta, os atos decisórios e probatórios devem 
ser anulados. Por outro lado, se a incompetência for relativa, somente os atos decisórios devem 
ser anulados, sendo empregado o art. 567 do CPP, acima transcrito. 
Em que pese a referida classificação, os tribunais não fazem a referida divisão, argumentando que 
tanto os atos decisórios quanto os atos probatórios não precisam ser anulados (nulidade relativa), 
desde que ratificados pelo juízo competente. 
 
STJ: “(...) Tanto a denúncia quanto o seu recebimento emanados de 
autoridades incompetentes rationae materiae são ratificáveis no juízo competente". (STF, Pleno, 
HC 83.006/SP, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 29/08/2003). 
 
Desse modo, podemos observar que a Jurisprudência posiciona-se no sentido de que não haveria 
necessidade em se anular tudo. 
 
31.4 Guia para fixação de competência 
 
a. Competência da Justiça: qual a justiça competente? No ordenamento jurídico brasileiro temos 
várias “justiças” competentes: J. Federal, Estadual, Militar, etc. 
 
✓ Militar: da União/dos Estados 
✓ Eleitoral 
✓ Trabalho 
✓ Federal 
✓ Estadual (competência da justiça estadual é residual). 
 
b. Competência originária: o acusado tem foro por prerrogativa de função? 
c. Competência de foro/territorial: qual é a comarca (Estadual)/seção judiciária (Federal) 
competente? 
d. Competência de juízo: qual é a vara (juízo) competente? 
 
 
 
 
306 
306 
 
Critérios: 
✓ Varas especializadas. P. ex.: violência doméstica e familiar contra a mulher; lavagem de 
capitais; organizações criminosas; crimes contra a ordem financeira; crime de tráfico de 
drogas; crimes de trânsito. 
✓ Distribuição. 
✓ Prevenção: competência fixada entre dois ou mais juízos igualmente competentes – fixada 
em razão de ato decisório, ainda que anterior à denúncia. Aquele que tomar o primeiro ato 
decisório é considerado prevento e seráo juízo competente. 
Art. 70. § 3º Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando 
incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou 
mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção. 
 
e. Competência interna: qual é o juiz competente? 
Vara criminal, em regra: juiz titular e juiz substituto. Antigamente: distribuição (número par/ímpar). 
Atualmente adota-se um critério aleatório. 
f. . Competência recursal: a quem compete o processo e julgamento de eventual recurso? 
✓ Tribunal de Justiça 
✓ TRF 
✓ Turma Recursal (JECrim). 
 
31.5 Competência da Justiça Militar 
 
 A competência da justiça militar sofreu alterações nos últimos anos em virtude da 
 - Lei nº 13.491/2017; 
 - Lei nº 13.774/2018. 
Justiça Militar da União Justiça Militar dos Estados 
Art. 124. À Justiça Militar compete 
processar e julgar os crimes militares 
definidos em lei. 
 
Obs.1: o art. 124 encontra-se enquadrado 
no capítulo que trata da J. Militar da 
União. 
Art. 125. 
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual 
processar e julgar os militares dos 
Estados, nos crimes militares definidos 
em lei e as ações judiciais contra atos 
disciplinares militares, ressalvada a 
competência do júri quando a vítima for 
 
 
 
 
307 
307 
 
Obs.2: LEI - a lei de organização da 
Justiça Militar da União é a Lei 
8.457/1992. 
civil, cabendo ao tribunal competente 
decidir sobre a perda do posto e da 
patente dos oficiais e da graduação das 
praças. 
§ 5º Compete aos juízes de direito do 
juízo militar processar e julgar, 
singularmente, os crimes militares 
cometidos contra civis e as ações 
judiciais contra atos disciplinares 
militares, cabendo ao Conselho de 
Justiça, sob a presidência de juiz de 
direito, processar e julgar os demais 
crimes militares. 
Crimes militares. Crimes militares. 
Acusados: miliares e civis. Acusados: militares dos Estados. 
NÃO há ressalva quanto a competência 
do Júri quando a vítima for civil. 
Não permite que crimes dolosos contra a 
vida cometidos contra civis sejam 
julgados pela Justiça Militar Estadual. 
A competência da Justiça Militar da 
União tem como critério unicamente a 
matéria, julga os crimes militares 
definidos em lei. 
Competência fixada pelo critério 
“ratione materiae”. 
Em sentido mais amplo, a Justiça Militar 
dos Estados possui dois critérios para 
fixação sua competência: ratione 
materiae e ratione personae. Fixada com 
base em dois critérios. 
**A condição de militar estadual deve ser 
aferida com base a sua condição no 
“momento do delito”, e não do processo 
criminal. 
A ÉPOCA DO DELITO ERA MILITAR 
DO ESTADO. 
Não tem competência civil. Tem competência civil. 
 
 
Súmula 53, STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar civil acusado de prática de 
crime contra instituições militares estaduais. 
 
Comentários: a Súmula em comento ganha sentido em razão do fato de que, civil não pode ser julgado 
pela Justiça Militar estadual. 
E a Justiça Militar da União, pode julgar civis? Em tese, pode julgar tanto militares quanto civis, 
posto que a Constituição Federal não fez nenhuma ressalva. 
 
*Civil – interpretação restritiva da competência da J. Militar da União para processo e julgamento de 
civis. 
 
 
 
 
308 
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ADPF n. 289 (em tramitação perante o STF): ajuizada pelo PGR com o objetivo de dar interpretação 
conforme a Constituição ao art. 9º, incisos I e III, do Código Penal Militar, para que seja reconhecida a 
incompetência da Justiça Militar para julgar civis em tempo de paz e para que tais crimes sejam 
submetidos a julgamento pela Justiça Comum, Federal ou Estadual. 
 
Lei n. 8.457/92, art. 30: “Compete ao juiz federal da Justiça Militar, monocraticamente: (Redação 
dada pela Lei n. 13.774/18) 
 
I-A - presidir os Conselhos de Justiça; (Incluído pela Lei n. 13.774/18); 
I-B - processar e julgar civis nos casos previstos nos incisos I e III do art. 9º do Código Penal Militar, e 
militares, quando estes forem acusados juntamente com aqueles no mesmo processo; 
I-C - julgar os habeas corpus, habeas data e mandados de segurança contra ato de autoridade militar 
praticado em razão da ocorrência de crime militar, exceto o praticado por oficial-general;” 
 
 
Observações: 
1º) O juiz federal da Justiça Militar passou a ter, com a Lei 13.774/2018, a presidência dos Conselhos de 
Justiça. 
2º) Antes da Lei 13.774/2018, se o civil praticasse crime militar da competência da JMU, ele seria julgado 
por um conselho. Agora, quando o civil estiver envolvido em crime militar da competência da JMU, ele 
será julgado pelo juiz federal da Justiça Militar. 
3º) A Justiça Militar da União não detém competência cível, mas a JME tem. 
4º) Ao tratar da Justiça Militar dos Estados, a CF ressalva a competência do tribunal do júri quanto ao 
crime doloso contra a vida de civil. Essa ressalva, entretanto, não consta no art. 124, CF (Justiça Militar 
da União). 
 
Crimes dolosos contra a vida praticados por militares contra civis 
 “Art. 9º. Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: 
(...) 
§ 1º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares contra 
civil, serão da competência do Tribunal do Júri. 
 
 
 
 
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§ 2º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares das Forças 
Armadas contra civil, serão da competência da Justiça Militar da União, se praticados no contexto: 
I – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da República ou pelo 
Ministro de Estado da Defesa; 
II – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo que não 
beligerante; ou 
III – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem ou de atribuição 
subsidiária, realizadas em conformidade com o disposto no art. 142 da Constituição Federal e na forma 
dos seguintes diplomas legais: 
a) Lei n. 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de Aeronáutica; 
b) Lei Complementar n. 97, de 9 de junho de 1999; 
c) Decreto-Lei n. 1.002, de 21 de outubro de 1969 – Código de Processo Penal Militar; e 
d) Lei n. 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral.” 
Art. 9º, §2º, I, do CPM: crimes dolosos contra a vida praticados por militares das Forças Armadas contra 
civis praticados no contexto do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente 
da República ou pelo Ministro de Estado da Defesa; 
Exemplo: utilização das Forças Armadas para atividades de defesa civil, como, por exemplo, distribuição 
de alimentos e remédios em alguma região que passou por alguma calamidade pública (Decreto n. 
895/93, art. 10, II, III e X); utilização das Forças Armadas em obras de construção civil (v.g., 
transposição do Rio São Francisco, duplicação da BR-101, etc.) 
- Art. 9º, §2º, III, “a”, do CPM: tiro de abate (Código Brasileiro de Aeronáutica, art. 303); 
- Art. 9º, §2º, III, “b”, do CPM: organização, preparo e emprego das Forças Armadas (LC 97/99). 
Exemplos: garantia da lei e da ordem; ações preventivas e repressivas na faixa de fronteira terrestre, no 
mar e nas águas interiores, contra delitos transfronteiriços e e ambientais, etc.); 
- Art. 9º, §2º, III, “c”, do CPM: Código de Processo Penal Militar. Exemplo: homicídio praticado por 
militar no exercício de funções de polícia judiciária militar; 
- Art. 9º, §2º, III, “d”, do CPM: emprego das Forças Armadas para garantir a segurança do processo 
eleitoral (Código Eleitoral, art. 23, XIV); 
 
 
 
 
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Justiça Militar da União Justiça Militar dos Estados 
A competência da Justiça Militar da 
União tem como critério unicamente a 
matéria, julga os crimes militares 
definidos em lei. 
Competência fixada pelo critério 
“ratione materiae”. 
Em sentido mais amplo, a Justiça Militardos Estados possui dois critérios para 
fixação sua competência: ratione 
materiae e ratione personae. Fixada com 
base em dois critérios. 
**A condição de militar estadual deve ser 
aferida com base a sua condição no 
“momento do delito”, e não do processo 
criminal. 
Não tem competência civil. Tem competência civil. 
Órgãos jurisdicionais: 
- Conselho de Justiça; 
- Juiz Federal da JMU; 
Órgãos jurisdicionais: 
- Juiz de Direito do Juízo Militar; 
- Conselho de Justiça. 
Juízo “Ad quem”: STM Juízo “Ad quem”: TJM (MG, SP e RS) ou 
TJ, nos demais Estados. 
 
 
Observações: 
 
1º) A JMU tem competência “ratione materiae”, ou seja, só julga crimes militares definidos em lei. A 
JME tem competência “ratione materiae” e “ratione personae”, pois julga crimes militares definidos 
em lei e só julga militares dos estados. 
2º) Desde o advento da Lei 13.774/2018, o juiz federal da JMU também passou a ter competência 
monocrática. Na JME, o juiz de direito julga crimes militares contra civis e ações judiciais contra atos 
disciplinares militares. Os Conselhos de Justiça julgam os demais crimes (em ambas as justiças). 
3º) O STM é o juízo “ad quem” da Justiça Militar da União. No caso da Justiça Militar dos estados, 
apenas três estados têm TJM, sendo Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. Os demais estados 
têm como juízo “ad quem” os próprios TJs. 
4º) O crime militar, até bem pouco tempo, era apenas o descrito no Código Penal Militar. No ano de 
2017, o CPM foi alterado e passou a prever que crimes militares são os previstos no CPM e na 
legislação penal, desde que o crime tenha sido praticado em uma das condições do art. 9º do CPM. 
Exemplo: o crime de abuso de autoridade praticado por militar não era considerado crime militar até 
2017, conforme súmula 172, STJ: 
 
 
Súmula 172, STJ. Compete à Justiça Comum processar e julgar militar por crime de abuso de 
 
 
 
 
311 
311 
autoridade, ainda que praticado em serviço. 
 
Entretanto, a súmula está superada. 
 
Justiça Militar da União Justiça Militar dos Estados 
Código Penal Militar. 
(Redação anterior à Lei n. 13.491/17) 
Código Penal Militar. 
(Redação posterior à Lei n. 13.491/17) 
Art. 9º Consideram-se crimes militares, 
em tempo de paz: (...) II - os crimes 
previstos neste Código, embora também 
o sejam com igual definição na lei penal 
comum, quando praticados: 
Art. 9º Consideram-se crimes militares, 
em tempo de paz: (...) II – os crimes 
previstos neste Código e os previstos na 
legislação penal, quando praticados: 
 
No ano de 2017 com o advento da Lei n. 13.491/17 o CPM foi alterado e passou a prevê que crimes 
militares são não apenas aqueles previstos no CPM, mas também aqueles previstos na legislação 
penal – desde que o crime tenha sido praticado em uma das condições previstas ao teor do art. 9º do 
CPM. 
 
Código Penal Militar 
 
“Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: 
II – os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando praticados: (Redação 
dada pela Lei n. 13.491/17) 
a) por militar em situação de atividade contra militar na mesma situação; 
b) por militar em situação de atividade, em lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, 
ou reformado, ou civil; 
c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em 
formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou reformado, 
ou civil; 
d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou 
civil; 
e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a administração militar, 
ou a ordem administrativa militar; 
f) por militar em situação de atividade ou assemelhado que, embora não estando em serviço, use 
armamento de propriedade militar ou qualquer material bélico, sob guarda, fiscalização ou administração 
 
 
 
 
312 
312 
militar, para a prática de ato ilegal; (revogada pela Lei n. 9.299/96).” 
 
Atenção: a Lei 13.491/2017 tem vício de constitucionalidade. Isso ocorre porque o seu art. 2º trazia a 
informação de que ela seria temporária. Entretanto, este artigo foi vetado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
313 
313 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
SUMÁRIO DA AULA 
Competência: Competência criminal da Justiça Eleitoral. Competência criminal da Justiça do Trabalho. 
Competência criminal da Justiça Federal (CF, art. 109, incisos IV, V, V-A e VI). 
Conteúdo 11: Competência 
 
32. Competência criminal da Justiça Eleitoral 
32.1 Noções 
A Justiça Eleitoral tem sua competência estabelecida em razão da matéria. Assim, nos chamados crimes 
eleitorais, a competência será da J. Eleitoral. Nessa linha, os crimes eleitorais estão previstos no Código 
Eleitoral e em leis especiais. 
CF, art. 121: “Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos Tribunais, dos juízes de 
direito e das juntas eleitorais”. 
 
A Constituição Federal não estabelece a competência da J. Eleitoral, atribuindo tal incumbência a Lei 
Complementar. 
Embora editado como lei ordinária, o Código Eleitoral (Lei nº 4.737/65) foi recepcionado pela 
Constituição Federal como lei complementar, mas tão somente no que tange à organização judiciária e 
competência eleitorais, tal qual prevê a Carta Magna (CF, art. 121, caput). Portanto, no tocante à 
definição dos crimes eleitorais, as normas postas no Código Eleitoral mantêm o status de lei ordinária. 
 
Obs.1: Segundo a Jurisprudência não basta que o crime esteja prevista no Código Eleitoral, é necessário 
também a demonstração de motivação política ou mesmo eleitoral. 
Nesse sentido, se manifestou o STJ: 
STJ: “A simples existência, no Código Eleitoral, de descrição formal de conduta 
típica não se traduz, incontinenti, em crime eleitoral, sendo necessário, também, que se configure o 
conteúdo material de tal crime. Sob o aspecto material, deve a conduta atentar contra a liberdade de 
exercício dos direitos políticos, vulnerando a regularidade do processo eleitoral e a legitimidade da 
vontade popular. Ou seja, a par da existência do tipo penal eleitoral específico, faz-se necessária, para 
sua configuração, a existência de violação do bem jurídico que a norma visa tutelar, intrinsecamente 
 
 
 
 
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314 
ligado aos valores referentes à liberdade do exercício do voto, a regularidade do processo eleitoral e à 
preservação do modelo democrático. A destruição de título eleitoral da vítima, despida de qualquer 
vinculação com pleitos eleitorais e com o intuito, tão somente, de impedir a identificação pessoal, não 
atrai a competência da Justiça Eleitoral. (...)” (STJ, 3ª Seção, CC 127.101/RS, Rel. Min. Rogerio Schietti 
Cruz, Dje 20/02/2015). 
 
Portanto, a caracterização de um crime eleitoral pressupõe não apenas a descrição formal do delito, mas 
também a análise do conteúdo material. 
 
Lembre-se!!! Os crimes eleitorais estão previstos no Código Eleitoral, mas também estão previstos em 
várias leis especiais que vão se sucedendo nos períodos eleitorais. 
 
32.2 Conexão entre crime da justiça eleitoral e crime comum 
 
A Justiça Eleitoral poderá julgar os crimes conexos a este? 
Deve haver distinção entre o crime comum conexo da Justiça Estadual ou da Justiça Federal. 
Se da Justiça Estadual, haverá atração para a Justiça Eleitoral, porém, se for da Justiça Federal prevalece 
a competência da J. Federal, a qual vem consagrada na Constituição Federal, razão pela qual deve 
prevalecer. 
Assim, a conexão e a continência entre crime eleitoral e crime da competência da Justiça Federal não 
importa unidade de processo e julgamento. 
 
Desse modo, temos o seguinte cenário: 
a) se houver conexão e/ou continência entre crime eleitoral e crime comum “Estadual” deverá haver a 
reunião dos feitos perante a J. Eleitoral; 
b) se houver conexãoe/ou continência entre crime eleitoral e crime comum “Federal” deverá haver a 
separação dos processos. 
c) se houver conexão e/ou continência entre crime eleitoral e crime doloso contra a vida deverá haver 
separação dos processos. 
 
Vamos Esquematizar? 
 
 
Crime conexo estadual 
O crime conexo estadual será julgado pela Justiça Eleitoral – 
competência da Justiça Estadual é residual. Nessa hipótese 
 
 
 
 
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não haverá a separação dos processos obrigatoriamente. 
 
→Havendo infrações conexas de competência da Justiça 
Estadual, a Justiça Eleitoral exercerá força atrativa, nos 
exatos termos do dispositivo constante do art. 78, inciso IV, 
do CPP, c/c o art. 35, inciso II, do Código Eleitoral (Lei nº 
4.737/65). 
 
 
Crime conexo federal 
Deverá ocorrer a separação obrigatória dos processos: 
→Crime federal (Justiça Federal); 
→Crime eleitoral (Justiça Eleitoral) – competências 
constitucionais. 
 
Crime conexo doloso contra à vida 
Nessa hipótese deverá ocorrer a separação obrigatória dos 
processos: 
→Crime doloso contra a vida (Júri); 
→Crime eleitoral (Justiça Eleitoral) – competências 
constitucionais. 
 
STJ: “(...) Constatada a existência inequívoca da prática do crime previsto no art. 
171, § 3º, do Código Penal, consistente no emprego de fraude para a obtenção de benefício previdenciário 
junto ao INSS, a competência para processar e julgar o delito é da Justiça Federal. Na eventualidade de 
ficar caracterizado o crime do art. 299 do Código Eleitoral, este deverá ser processado e julgado na Justiça 
Eleitoral, sem interferir no andamento do processo relacionado ao crime de estelionato, porquanto a 
competência da Justiça Federal está expressamente fixada na Constituição Federal, não se aplicando, 
portanto, o critério da especialidade, previsto nos arts. 74, IV, do CPP e 35, II, do Código Eleitoral, 
circunstância que impede a reunião dos processos na Justiça especializada. Conflito conhecido para 
declarar competente o Juízo Federal da 3ª Vara da Seção Judiciária do Mato Grosso, o suscitado, para 
processar e julgar o crime previsto no art. 171, § 3º, do Código Penal, sem prejuízo de ser apurado, em 
sede própria, eventual crime eleitoral conexo”. (STJ, 3ª Seção, CC 107.913/MT, Rel. Min. Marco Aurélio 
Bellizze, j. 24/10/2012, Dje 31/10/2012). 
STJ: “(...) A competência criminal da Justiça Eleitoral se restringe ao processo e 
julgamento dos crimes tipicamente eleitorais. O crime praticado contra Juiz Eleitoral, ou seja, contra 
órgão jurisdicional de cunho federal, evidencia o interesse da União em preservar a própria 
administração. Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo Federal do Juizado Especial 
Cível e Criminal da Seção Judiciária do Estado de Rondônia, ora suscitado”. (STJ, 3ª Seção, CC 
 
 
 
 
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45.552/RO, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJU 27/11/1993). 
 
32.3 Informativo 
 
 
Info 555, STJ. 
Compete à Justiça Federal (e não à Justiça Eleitoral) processar e julgar o crime caracterizado pela 
destruição de título eleitoral de terceiro, quando não houver qualquer vinculação com pleitos eleitorais e 
o intuito for, tão somente, impedir a identificação pessoal. A simples existência, no Código Eleitoral, de 
descrição formal de conduta típica não se traduz, incontinenti, em crime eleitoral, sendo necessário, 
também, que se configure o conteúdo material de tal crime. Sob o aspecto material, deve a conduta atentar 
contra a liberdade de exercício dos direitos políticos, vulnerando a regularidade do processo eleitoral e a 
legitimidade da vontade popular. Ou seja, a par da existência do tipo penal eleitoral específico, faz-se 
necessária, para sua configuração, a existência de violação do bem jurídico que a norma visa tutelar, 
intrinsecamente ligado aos valores referentes à liberdade do exercício do voto, à regularidade do processo 
eleitoral e à preservação do modelo democrático. A destruição de título eleitoral da vítima, despida de 
qualquer vinculação com pleitos eleitorais e com o intuito, tão somente, de impedir a identificação 
pessoal, não atrai a competência da Justiça Eleitoral. STJ. 3 Seção. CC 127.101-RS, Rei. Min. Rogerio 
Schietti Cruz, julgado em 11/2/2015 (lnfo 555). 
 
33. Competência criminal da Justiça do Trabalho 
Nos moldes do art. 114 da Constituição Federal, “Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (...) IV 
os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita 
à sua jurisdição; (...)”. 
 
Até o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004, a Justiça do Trabalho não tinha qualquer competência 
no âmbito criminal. Com a EC nº 45/04, houve uma alteração do art. 114 da Constituição Federal, atribuindo 
à Justiça do Trabalho, dentre outras, a competência para processar e julgar os mandados de segurança, habeas 
corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição (art. 114, inciso 
IV). 
 
Ex.: prisão do depositário infiel decretada por juiz do trabalho – HC seria julgado pela Justiça do Trabalho. 
 
 
 
 
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No entanto, não subsiste mais a prisão do depositário infiel (RE n. 466.343). 
A EC 45/04 não outorgou competência criminal genérica à Justiça do Trabalho. 
 
Antes da Emenda de 45 Após o Advento da Emenda de 45 
A Justiça do Trabalho não tinha qualquer 
competência no âmbito criminal. 
Possui competência para processar e julgar os 
mandados de segurança, habeas corpus e habeas 
data, quando o ato questionado envolver matéria 
sujeita à sua jurisdição. 
 
STF: “(...) Justiça do Trabalho. Ações penais. Processo e julgamento. Jurisdição penal 
genérica. Inexistência. Interpretação conforme dada ao art. 114, incs. I, IV e IX, da CF, acrescidos pela EC 
nº 45/2004. Ação direta de inconstitucionalidade. Liminar deferida com efeito ex tunc. O disposto no art. 
114, incs. I, IV e IX, da Constituição da República, acrescidos pela Emenda Constitucional nº 45, não atribui 
à Justiça do Trabalho competência para processar e julgar ações penais”. (STF, Pleno, ADI 3.684 MC/DF, 
Rel. Min. Cezar Peluso, Dje 72 02/08/2007). 
 
A Emenda de 45 não outorgou competência genérica criminal para que a J. do trabalho julgue delitos. Assim, 
a única “competência” criminal que persiste na Justiça do Trabalho é a do HC, desde que o ato questionado 
diga respeito à jurisdição trabalhista. 
 
34. Competência Criminal da Justiça Federal 
34.1 Competência “ratione materiae” 
A competência da Justiça Federal encontra-se taxativamente prevista na Constituição Federal, ao teor do 
art. 109 da Carta Magna. As questões criminais estão especialmente previstas nos incisos IV, V, VI, VII, 
IX e X do art. 109. 
CF, art. 109: “Aos juízes federais compete processar e julgar: (Justiça Federal de 1ª instância) 
(...) 
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços 
ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as 
contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; 
 
 
 
 
318 
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V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a 
execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou 
reciprocamente; 
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo; (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra 
o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; 
VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o 
constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra 
jurisdição; 
VIII - os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal, 
excetuados os casos de competência dos tribunais federais; 
IX - os crimes cometidos a bordo denavios ou aeronaves, ressalvada a competência da 
Justiça Militar; 
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta 
rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas 
referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização; 
XI - a disputa sobre direitos indígenas. 
§ 1º As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver 
domicílio a outra parte. 
§ 2º As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for 
domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda 
ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal. 
§ 3º Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou 
beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, 
sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, 
a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça 
estadual. 
§ 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal 
Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau. 
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, 
com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados 
internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o 
 
 
 
 
319 
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Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de 
deslocamento de competência para a Justiça Federal. 
 
Trata-se de competência ratione materiae, estabelecida em razão da matéria do delito, com status 
constitucional. 
 
34.2 Análise pormenorizada da competência criminal Estabelecida na CF, art. 109 
a. Crimes políticos 
 
34.2.1.1 Previsão Legal 
O que são os crimes políticos? Os crimes políticos são aqueles previstos na Lei de Segurança 
Nacional (Lei nº 7.170/83). Assim, crimes políticos são aqueles previstos na referida lei. 
Todavia, não basta a capitulação na legislação em comento, é preciso ainda ter motivação 
política. 
✓ É preciso que, além de encontrar-se previsto na referida lei, o crime detenha Motivação 
Política. 
 
LEI Nº 7.170, DE 14 DE DEZEMBRO DE 1983. Define os crimes contra a segurança 
nacional, a ordem política e social, estabelece seu processo e julgamento e dá outras 
providências. 
 
34.2.1.2 Motivação Política 
 
Corroborando ao exposto, a Lei n. 7.170/83, art. 2º: “Art. 2º Quando o fato estiver também 
previsto como crime no Código Penal, no Código Penal Militar ou em leis especiais, levar-
se-ão em conta, para a aplicação desta Lei: 
I – a motivação e os objetivos do agente; 
II – a lesão real ou potencial aos bens jurídicos mencionados no artigo anterior”. 
 
Exemplo: 
Lei n. 7.170/83 
Art. 29 - Matar qualquer das autoridades referidas no art. 26. 
Pena: reclusão, de 15 a 30 anos. 
 
 
 
 
320 
320 
Art. 26 - Caluniar ou difamar o Presidente da República, o do Senado Federal, o da Câmara 
dos Deputados ou o do Supremo Tribunal Federal, imputando-lhes fato definido como crime 
ou fato ofensivo à reputação. 
Pena: reclusão, de 1 a 4 anos. 
 
Não é suficiente, por exemplo, matar alguma dessas pessoas, é preciso que o assassinato se 
dê em decorrência de razão política. 
 
34.2.1.3 Competência da Justiça Federal X Competência da Justiça Militar 
 
Lei n. 7.710/83, art. 30: “Compete à Justiça Militar processar e julgar os crimes previstos 
nesta Lei, com observância das normas estabelecidas no Código de Processo Penal Militar, 
no que não colidirem com disposição desta Lei, ressalvada a competência originária do 
Supremo Tribunal Federal nos casos previstos na Constituição. 
Parágrafo único - A ação penal é pública, promovendo-a o Ministério Público”. 
 
O artigo de lei acima transcrito não fora recepcionado pela Constituição Federal – “Compete 
à Justiça Militar...” - em razão da CF, art. 109, IV, primeira parte. 
 
34.2.1.4 Recurso cabível da sentença em crime político 
 
Nessa hipótese, diferentemente, o recurso cabível não será a apelação, mas Recurso Ordinário 
Constitucional (ROC) que subirá diretamente para o STF, é o que prevê o art. 102, II – b, da 
Constituição Federal. Vejamos: 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, 
cabendo-lhe: II – julgar em recurso ordinário; b) crime político. 
 
ROC – Recurso Ordinário Constitucional →STF 
 
b. Infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas 
entidades autárquicas ou empresas públicas 
 
A competência da J. Federal, nessa hipótese está fundada em dois tripés: 
 
 
 
 
321 
321 
➢ Bens, serviços e interesses. 
➢ União, autarquias federais e empresas públicas federais. 
 
Competência da Justiça Federal 
Bens; 
Serviços; 
Interesses. 
União; 
Autarquias Federais; 
Empresas Públicas Federais. 
 
Ex.: crime de moeda falsa – atinge o interesse da União. Assim, é da Competência da J. Federal 
o crime de moeda falsa. 
Ex.: crime de estelionato contra o INSS. O crime praticado atenta contra bens de Autarquia 
Federal (INSS; Banco Central do Brasil/Incra). Assim, será da competência da J. Federal. 
Ex.: Roubo de carteiro. Empresa de correios e telégrafos (Empresa Pública Federal). 
 
Obs.1: Conforme a Jurisprudência, para que a competência seja da J. Federal há necessidade de 
que a lesão ao bem jurídico da União seja direta. 
 
Assim, temos que para fins de fixação da competência da Justiça Federal com base no art. 109, 
IV, da Constituição Federal, essa lesão aos bens, serviços e interesses da União deve ser direta. 
Corroborando com esse entendimento, a Súmula 107 do STJ. 
 
 
Súmula 107, STJ. Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de estelionato 
mediante falsificação de guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando não 
ocorrente lesão à autarquia federal. 
Exemplos: 
I) Fraude eletrônica praticada em detrimento de correntista da Caixa Econômica Federal, cuja 
agência está localizada em São Paulo e os saques fraudulentos são realizados em Curitiba. 
Fraude eletrônica caracteriza o delito de estelionato ou furto qualificado pela fraude? Depende 
do caso concreto. 
No estelionato, o indivíduo é enganado e voluntariamente entrega a res ao criminoso. 
Por outro lado, no furto qualificado pela fraude, a fraude é empregada para burlar a vigilância 
sobre a coisa. No exemplo n. I: furto qualificado pela fraude. 
 
 
 
 
322 
322 
STJ: “(...) O furto mediante fraude não se confunde com o estelionato. A 
distinção se faz primordialmente com a análise do elemento comum da fraude que, no furto, é 
utilizada pelo agente com o fim de burlar a vigilância da vítima que, desatenta, tem seu bem 
subtraído, sem que se aperceba; no estelionato, a fraude é usada como meio de obter o 
consentimento da vítima que, iludida, entrega voluntariamente o bem ao agente. Hipótese em que 
o Acusado se utilizou de equipamento coletor de dados, popularmente conhecido como "chupa-
cabra", para copiar os dados bancários relativos aos cartões que fossem inseridos no caixa 
eletrônico bancário. De posse dos dados obtidos, foi emitido cartão falsificado, posteriormente 
utilizado para a realização de saques fraudulentos. No caso, o agente se valeu de fraude - 
clonagem do cartão – para retirar indevidamente valores pertencentes ao titular da conta bancária, 
o que ocorreu, por certo, sem o consentimento da vítima, o Banco. A fraude, de fato, foi usada 
para burlar o sistema de proteção e de vigilância do Banco sobre os valores mantidos sob sua 
guarda, configurando o delito de furto qualificado”. (STJ, 5ª Turma, Resp 1.412.971/PE, Rel. 
Min. Laurita Vaz, j. 07/11/2013, Dje 25/11/2013). 
 
Questiona-se:quem é a vítima? A Caixa Econômica Federal (competência da Justiça Federal) – 
o correntista é considerado mero prejudicado, cf. a jurisprudência. 
 
Questiona-se: qual é a competência territorial? Justiça Federal de São Paulo – o crime de furto 
consuma-se no local de onde a res foi retirada da esfera de disponibilidade da vítima (dinheiro 
estava custodiado em São Paulo). 
 
II) Roubo contra casa lotérica 
Acerca da competência para o processo e julgamento de crime de roubo em casa lotérica, entende 
o Superior Tribunal de Justiça que a competência recai sobre a Justiça Estadual, na medida em 
que a casa lotérica tem natureza jurídica de pessoa jurídica de direito privado permissionária de 
serviço público, o que não atrai a competência da Justiça Federal, em virtude da inexistência de 
infração penal praticada em detrimento de bens, serviços ou interesses da União, autarquias 
federais e empresas públicas federais. 
 
 
 
 
 
323 
323 
Nesse sentido, o professor Renato Brasileiro explica que A casa lotérica mantém convênio com 
a CEF, mas tal fato não a transforma em empresa pública federal. A natureza jurídica da casa 
lotérica: pessoa jurídica de direito privado - ser permissionária ou concessionária de um serviço 
público federal não modifica a natureza jurídica da pessoa. Portanto, o crime cometido contra 
casa loteria é de competência da Justiça Estadual. 
 
III) Roubo contra agência dos Correios 
 
Os correios operam através de franquias. Se ficar visualizado que o crime foi praticado contra 
uma franquia dos correios, a competência será da J. Comum Estadual. Por outro lado, se cometido 
contra a própria EBCT, será da Justiça Federal. 
Roubo Contra Agência dos Correios 
EBCT – sujeito passivo. Franquias dos Correios – sujeito passivo 
Justiça Federal Justiça Estadual 
 
No tocante à infração penal praticada em detrimento de agência da Empresa Brasileira de Correios 
e Telégrafos, o Superior Tribunal de Justiça tem fundamentado suas decisões na constatação da 
exploração direta da atividade pelo ente da administração indireta federal – caso em que a 
competência seria da Justiça Federal, nos termos do artigo 109, inciso IV, da Constituição Federal 
– ou se objeto de franquia, isto é, a exploração do serviço por particulares – quando então se 
verificaria a competência da Justiça Estadual. 
STJ: “(...) Nos crimes praticados em detrimento das agências da Empresa 
Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT, esta Corte Superior já firmou o entendimento de que 
a fixação da competência depende da natureza econômica do serviço prestado. Se explorado 
diretamente pela empresa pública - na forma de agência própria -, o crime é de competência da 
Justiça Federal. De outro vértice, se a exploração se dá por particular, mediante contrato de 
franquia, a competência para o julgamento da infração é da Justiça estadual. A espécie, contudo, 
guarda peculiaridade, pois a agência alvo do roubo é tida como "comunitária". Constituída sob a 
forma de convênio entre a ECT e a prefeitura municipal, ostenta interesse recíproco dos entes 
contratantes, inclusive da empresa pública federal. Embora noticiado que o ilícito importou em 
pequeno prejuízo à empresa pública, o fato é que houve perda material e prejuízo ao serviço 
postal; logo é o caso de firmar a competência da Justiça Federal para conhecer do feito, nos termos 
 
 
 
 
324 
324 
do art. 109, IV, da Constituição Federal”. (STJ, 3ª Seção, CC 122.596/SC, Rel. Min. Sebastião 
Reis Júnior, j. 08/08/2012). 
IV) Crime cometido em detrimento da OAB 
Inicialmente, cumpre destacarmos qual a natureza jurídica da OAB: para fins criminais continua 
entendendo ser da competência da J. Federal, principalmente no tocante a fiscalização. ão. 
STF: ADI 3026 – Natureza Jurídica da OAB: SUI GENERIS. 
CP, Art. 205. Exercício de atividade com infração de decisão administrativa: Exercer atividade, 
de que está impedido por decisão administrativa. 
Diante do exposto, contemplamos que aquele que exerce a profissão (advogado) estando 
impedido por ocasião de decisão administrativa, será julgado pela J. Federal, quando tiver 
relacionada com a função de fiscalização. 
 
V) Roubo praticado contra o Banco do Brasil 
O Banco do Brasil é espécie de sociedade de economia mista, por consequência, crime cometido 
em face do Banco do Brasil deverá ser julgado perante a J. Estadual. 
 
 
Súmula nº 42, STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas cíveis em 
que é parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento. 
 
STJ: (...) Compete à Justiça Estadual Comum julgar e processar crimes 
cometidos contra empresa concessionária de serviços públicos, por inexistir prejuízo a bens e/ou 
interesses da União”. (STJ, 5ª Turma, RHC 19.202/SC, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, Dje 
08/09/2008). 
 
 
Info 571, STJ. 
Compete à Justiça Estadual (e não à Justiça Federal) processar e julgar tentativa de estelionato 
(art. 171, caput, c/c o art. 14, 11, do CP) consistente em tentar receber, mediante fraude, em 
agência do Banco do Brasil, valores relativos a precatório federal creditado em favor de particular. 
STJ. 3" Seção. CC 133.187-DF, Rei. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 14/10/2015 (lnfo 571). 
 
 
 
 
325 
325 
 
VI) Crimes cometidos contra bens tombados 
Entende-se que se o bem subtraído pelo agente foi tombado pelo patrimônio histórico nacional, 
decorre inequívoco interesse da União, e a consequente competência da Justiça Federal. Portanto, 
considerando que o objetivo do tombamento é a proteção do patrimônio histórico e artístico 
nacional, cabendo ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) a sua 
manutenção e vigilância, conclui-se pela competência da Justiça Federal. Por outro lado, se se 
trata de furto e receptação de bens tombados por estado membro ou por município, não há falar 
em interesse da União, e consequentemente a competência será da J. Estadual. 
Assim, temos que depende do ente responsável pelo tombamento: 
➢ União: Justiça Federal. 
➢ Estado/Município: Justiça Estadual. 
 
VII) Crime cometido contra consulado estrangeiro 
É da competência da J. Estadual. 
O consulado estrangeiro é a representação de outro país no território nacional. Porém, ele não é 
União, autarquia ou empresa. Assim, a competência é da Justiça Estadual. 
 
STJ: CC 45.650-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 
14/3/2007. Também compete à Justiça Estadual – e não à Justiça Federal – processar e julgar 
supostos crimes de violação de domicílio, de dano e de cárcere privado – este, em tese, praticado 
contra agente consular – cometidos por particulares no contexto de invasão a consulado 
estrangeiro: STJ, 3ª Seção, AgRg no CC 133.092/RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, 
j. 23/4/2014. 
 
 
 
 
 
 
 
326 
326 
Fonte; https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2015/01/info-541-stj.pdf 
 
VIII) Desvio de verbas oriundas de convênios firmados com a União 
 
 
Súmula 208, STJ: Compete a justiça federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de 
verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal. 
[A prestação de contas, em regra, ocorre perante o TCU, de modo que, a competência será da J. 
Federal]. 
 
Sujeito ativo do delito: o Prefeito. Enquanto Prefeito, possui direito a foro – julgado pelo TRF. 
 
 
Súmula 209, STJ. Compete à justiça estadual processar e julgar prefeito por desvio de verba 
transferida e incorporada ao patrimônio municipal. 
- Quando já incorporado ao patrimônio municipal, a competência será da J. Estadual. 
Enquanto Prefeito, possui direito a foro – julgado pelo TJ. 
 
IX) Falso testemunho cometido em processo trabalhista (ou perante a Justiça Eleitoral, Federal 
ou Militar da União) 
 
Inicialmente cumpre destacarmos que o crime de falso testemunho é crime contra a 
Administração da Justiça (CP, art. 342). 
 
A JustiçaTrabalhista, Eleitoral, Militar e Federal integram o Poder Judiciário da União. Assim, 
o crime de falso testemunho praticado em alguma dessas “justiças”, atenta contra um serviço da 
União, de modo que a competência será da J. Federal. 
Portanto, o crime, citado no exemplo, será julgado pela Justiça Federal. 
 
 
Súmula 165, do STJ: “Compete à Justiça Federal processar e julgar crime de falso testemunho 
cometido no processo trabalhista”. 
https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2015/01/info-541-stj.pdf
 
 
 
 
327 
327 
STJ: STJ: “(...) O eventual ilícito decorrente do uso de artefato incendiário 
contra edifício-sede da Justiça Militar da União em Porto Alegre/RS não é crime militar, uma vez 
que o bem atingido não integra patrimônio militar, nem está subordinado à administração militar 
(art. 9º, III, a, do CPM). Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo Federal da 11ª 
Vara de Porto Alegre - SJ/RS, o suscitado”. (STJ, 3ª Seção, CC 137.378/RS. Dje 14/04/2015). 
 
X) Crime contra (ou por) funcionário público federal 
Se visualizado o chamado nexo funcional (delito propter offficium), a competência será da J. 
Federal. 
→ Nexo funcional: existindo nexo funcional, a competência será da Competência da Justiça 
Federal. 
 
 
Súmula 147, do STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar crimes praticados contra (ou 
por)* funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função. 
 
Em regra, crime praticado contra funcionário público federal, em razão do exercício de sua 
função, afeta o serviço público federal, atraindo, por conseguinte, a competência da Justiça 
Federal. Em sentido contrário, se não tiver relação funcional, a competência será da J. Estadual. 
 
Exemplo: homicídio de três auditores fiscais do Ministério do Trabalho, além do motorista que 
os conduzia, na cidade de Unaí, noroeste de Minas Gerais, hipótese em que restou firmada a 
competência do Tribunal do Júri Federal, regulado pelo Decreto-lei 253/1967. 
 
A condição da vítima de funcionário público federal na ativa, por si só, não desloca a competência 
para a Justiça Federal, sendo indispensável que haja relação entre a infração penal e as funções 
exercidas pelo funcionário público federal. 
 
 
 
 
 
328 
328 
STJ: “(...) se um servidor público federal é vítima de um delito em razão 
do exercício de suas funções, tem-se que o próprio serviço público é afetado, o que atrai a 
competência da Justiça Federal para processar e julgar o feito. Doutrina. Enunciado 147 da 
Súmula do Superior Tribunal de Justiça. Precedentes. No caso dos autos, ainda que a atuação dos 
policiais rodoviários federais tenha se dado de forma casuística, como sustentado na impetração, 
o certo é que era sua incumbência, naquele momento, reprimir a prática criminosa, nos termos do 
artigo 301 do Código de Processo Penal, motivo pelo qual não há dúvidas de que agiram no 
exercício de suas funções, o que revela a competência da Justiça Federal para processar e 
julgar o paciente, que desferiu diversos tiros contra eles ao empreender fuga de agência bancária 
que tentou assaltar. Precedente. Habeas corpus não conhecido”. (STJ, 5ª Turma, HC 309.914/RS, 
Rel. Min. Jorge Mussi, j. 07/04/2015, Dje 15/04/2015). 
 
 
 
 
O professor Márcio André explica que no caso, observa-se que, embora os policiais rodoviários 
federais não estivessem em serviço de patrulhamento ostensivo, possuem, como agentes policiais, 
o dever legal de prender em flagrante quem estiver praticando crime, nos termos do art. 301 do 
CPP: “Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem 
quer que seja encontrado em flagrante delito”. 
 
 
 
 
329 
329 
Dessa forma, o certo é que era incumbência dos policiais rodoviários federais, naquele momento, 
reprimir a prática criminosa, motivo pelo qual não há dúvidas de que agiram no exercício de suas 
funções, o que revela a competência da Justiça Federal. 
 
XI) Crimes contra o meio-ambiente 
Entendia-se anteriormente que a fauna era bem da União, e assim sendo, a competência seria da 
J. Federal. Contudo, tal entendimento não prevalece mais, restando cancelada a referida súmula. 
 
Súmula 91 do STJ fora cancelada! Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes 
praticados contra a fauna. (CANCELADA). 
 
Dessa forma, em regra, a competência será da Justiça Comum Estadual, SALVO se o crime em 
questão tiver sido praticado em detrimento de bens da União. 
 
Exemplos: 
a) crime de pesca ilegal de camarão no mar territorial: o sujeito passivo é o proprietário do local 
em que o crime foi praticado. Nesse caso, a competência é da Justiça Federal, pois o mar territorial 
é bem da União. 
b) extração de recurso mineral: sendo o recurso natural bem da União, a competência será 
igualmente da J. Federal, pois é praticado em detrimento de bem da União. Nesse sentido, a 
Jurisprudência. Vejamos: 
 
STJ: “(...) CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊN-CIA. 
EXTRAÇÃO DE CASCALHO SEM AUTORIZA-ÇÃO. ART. 55 DA LEI 9.605/98. 
PROPRIEDADE PRIVADA. IRRELEVÂNCIA. RECURSO MINERAL. BEM DA UNIÃO. 
ART. 20, IX, DA CF. COMPETÊN-CIA DA JUSTIÇA FEDERAL. ART. 109, IV, DA CF. 
Cuidando-se de delito contra bem da União, explicitamente trazido no artigo 20 da Constituição 
Federal, mostra-se irrelevante o local de sua prática, pois onde o legislador constituinte não 
excepcionou, não cabe ao intérprete fazê-lo. Conflito conhecido para julgar competente o JUÍZO 
FEDERAL DE RONDO-NÓPOLIS - SJ/MT, suscitante”. (STJ, 3ª Seção, CC 116.447/MT, Rel. 
Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 25/05/2011). 
 
 
 
 
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c) Crime ambiental cometido na Floresta Amazônica 
A Floresta Amazônica faz parte do Patrimônio Nacional (ao lado do Pantanal Mato-grossense), 
porém essa expressão não se confunde com patrimônio da União. Em virtude disso, é julgado 
perante a Justiça Estadual. 
 
→ Não confundir bem da União com Patrimônio Nacional! 
 
STJ: “(...) Não há se confundir patrimônio nacional com bem da 
União. Aquela locução revela proclamação de defesa de interesses do Brasil diante de eventuais 
ingerências estrangeiras. Tendo o crime de desmatamento ocorrido em propriedade particular, 
área que já pertenceu - hoje não mais - a Parque Esta dual, não há se falar em lesão a bem da 
União. Ademais, como o delito não foi praticado em detrimento do IBAMA, que apenas 
fiscalizou a fazenda do réu, ausente prejuízo para a União. Conflito conhecido para julgar 
competente o JUÍZO DE DIREITO DA 1A VARA DE CEREJEIRAS - RO, suscitante”. (STJ, 3ª 
Seção, CC 99.294/RO, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 12/08/2009). 
 
XII) Crimes contra a Fé Pública 
a) Falsificação de documento 
Em se tratando de crime de falsificação, a competência será determinada com base no órgão 
responsável pela emissão do documento. Por exemplo: CNH – Detran, sendo órgão Estadual, será 
da C. da Justiça Estadual. 
CPF – Competência da J. Federal – órgão Federal responsável pela emissão do documento. 
 
 
Súmula 104, STJ. Compete à Justiça Estadual o processo e julgamento dos crimes de falsificação 
e uso de documento falso relativo a estabelecimento particular de ensino. 
 
Súmula 73, STJ. A utilização de papel-moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o 
crime de estelionato da competência da Justiça Estadual. 
 
 
 
 
 
331 
331 
Cuidado! 
Súmula Vinculante de nº 36, STF. Compete à Justiça Federal comum processar e julgar civil 
denunciado pelos crimes de falsificação e de uso de documento falso quando se tratar de 
falsificação da Caderneta de Inscrição e Registro (CIR) ou de Carteira de Habilitação de Amador 
(CHA), ainda que expedidas pela Marinha do Brasil. 
 
→Quando se tratar de crime de falsificação para fins de fixação da competência deve-se analisar 
qual o órgão responsável pela emissão daquele documento. 
 
b) Uso de documento falso (atenção!)Na hipótese em comento, o crime não é o de falsificação, mas USO do documento falso por 
aquele que não foi o falsificador. 
→O crime é praticado pelo usuário do documento falso. 
Em se tratando de uso de documento falso por terceiro que não tenha sido o responsável pelo a 
falsificação, a competência será determinada com base na pessoa física ou jurídica prejudicada 
pelo uso, pouco importando o órgão responsável pela emissão do documento. 
Obs.1: Em se tratando de crimes de falsificação ou de uso de documento falso cometidos como 
meio para a prática de um crime-fim, sendo por este absorvido, a competência será determinada 
pelo sujeito passivo do crime-fim: segundo preceitua a súmula nº 17 do STJ, quando o falso se 
exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido. 
 
 
 
 
 
 
 
332 
332 
 
Súmula 546, STJ: A competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso é 
firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público, não 
importando a qualificação do órgão expedidor. 
 
Acessar: https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2015/10/sc3bamula-546-stj.pdf 
 
O professor Márcio André (@dizerodireito) explica “para o STJ, no caso do crime de uso de 
documento falso, a qualificação do órgão expedidor do documento público é irrelevante para 
determinar a competência. No uso de documento falso, o critério a ser utilizado para definir a 
competência é analisar a natureza do órgão ou da entidade a quem o documento foi apresentado, 
considerando que são estes quem efetivamente sofrem os prejuízos em seus bens ou serviços. 
Assim, se o documento falso é apresentado perante um órgão ou entidade federal, a vítima é este 
órgão ou entidade que teve seu serviço ludibriado”. 
 
c) Crime de falso como crime-meio 
A competência será determinada, pois, a partir do sujeito passivo do crime-fim. Nesse caso, se a 
falsificação (ou o uso) for absolvida pelo crime fim, com base no princípio da consunção, a 
competência deverá ser determinada com base no sujeito passivo do crime fim. 
 
d) Falsa Anotação na CTPS 
https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2015/10/sc3bamula-546-stj.pdf
 
 
 
 
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Editada em 1992: Súmula 62 do STJ: compete à Justiça Estadual processar e julgar o crime de 
falsa anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, atribuído à empresa privada. 
Ultrapassada! 
Em 2000: Lei 9.9983/2000; 
 
Por força da Lei nº 9.983/00, foram introduzidos no Código Penal os crimes de falsificação de 
documentos destinados à Previdência Social (art. 297, §§ 3º e 4º, do Código Penal). Destarte, 
com a criação desses tipos penais, verificando-se que a falsa anotação foi feita para produzir efeito 
perante a Previdência Social (v.g., para se conseguir o pagamento de um benefício 
previdenciário), há de se concluir pela competência da Justiça Federal; caso a falsa anotação não 
seja destinada a fazer prova perante a Previdência Social, a competência permanece na Justiça 
Estadual (v.g., falsa anotação apenas para comprovação de prévia experiência de modo a se obter 
um emprego). 
 
STJ: “(...) CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. PENAL. 
ART. 297, § 4.º, DO CÓDIGO PENAL. OMISSÃO DE LANÇAMENTO DE REGISTRO. CAR-
TEIRAS DE TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL. INTERESSE DA PREVIDÊNCIA 
SOCIAL. JUSTIÇA FEDERAL. O agente que omite dados na Carteira de Trabalho e Previdência 
Social, atentando contra interesse da Autarquia Previdenciária, estará incurso nas mesmas 
sanções do crime de falsificação de documento público, nos termos do § 4.º do art. 297 do Código 
Penal, sendo a competência da Justiça Federal para processar e julgar o delito, consoante o art. 
109, inciso IV, da Constituição Federal. 2. Competência da Justiça Federal”. (STJ, 3ª Seção, CC 
58.443/MG, Rel. Min. Laurita Vaz, Dje 26/03/2008). 
 
e) Falsificação de certificado de conclusão de curso 
 
 
Súmula 31 do TRF: Compete a J. Estadual o processo e julgamento de crime de falsificação ou 
de uso de certificado de conclusão de curso de 1º e 2º Graus, desde que não se refira a 
estabelecimento federal de ensino ou falsidade não seja de assinatura de funcionário federal. 
 
 
 
 
 
334 
334 
E o diploma de curso superior? Ainda que a faculdade seja particular, no verso do Diploma deve 
constar autenticação do Ministério da Educação será da competência da J. Federal. 
 
c. Execução penal 
Candidato, de quem é a competência para julgar os incidentes da execução penal? Para fins de 
fixação da competência da execução penal será levado em consideração o local em que o indivíduo 
estiver recolhido. Nesse sentido, a Súmula 192 do STJ. Vejamos. 
 
 
Súmula 192, STJ. Compete ao juízo das execuções penais do estado a execução das penas impostas a 
sentenciados pela justiça federal, militar ou eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos a 
administração estadual. 
Dessa forma, temos que se recolhidos em estabelecimento da Administração Estadual, a competência é da 
J. Estadual. 
 
d. Contravenções Penais 
As contravenções penais não podem ser julgadas pela Justiça Federal de 1ª instância, nem mesmo 
se conexas com crimes federais. 
CF, art. 109: “Aos juízes federais compete processar e julgar: (Justiça Federal de 1ª instância) 
(...) 
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços 
ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, EXCLUÍDAS 
AS CONTRAVENÇÕES e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça 
Eleitoral; 
 
Nesse sentido, a Súmula do STJ. 
 
Súmula 38, STJ: Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição de 1988, o 
processo por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços ou 
interesse da União ou de suas entidades autárquicas. 
 
Contravenções penais podem ser julgadas pela Justiça Federal de 2ª instância (TRF-s) caso o 
 
 
 
 
335 
335 
autor do delito seja dotado de foro por prerrogativa de função perante tais tribunais (ex.: juiz 
federal). 
 
STJ: “(...) Apesar da existência de conexão entre o crime de contrabando 
e contravenção penal, mostra-se inviável a reunião de julgamentos das infrações penais perante o 
mesmo Juízo, uma vez que a Constituição Federal expressamente excluiu, em seu art. 109, IV, a 
competência da Justiça Federal para o julgamento das contravenções penais, ainda que praticadas 
em detrimento de bens, serviços ou interesse da União. Súmula nº 38/STJ. Precedentes. 
Firmando-se a competência do Juízo Federal para processar e julgar o crime de contrabando 
conexo à contravenção penal, impõe-se o desmembramento do feito, de sorte que a contravenção 
penal seja julgada perante o Juízo estadual. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo 
de Direito do 8º Juizado Especial Criminal do Rio de Janeiro/RJ, o suscitado, para processar e 
julgar a conduta relacionada à contravenção, remanescendo a competência do Juízo Federal da 9ª 
Vara Federal Criminal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro-RJ, suscitante, para o processo e 
julgamento do crime de contrabando”. (STJ, 3ª Seção, CC 120.406/RJ, Rel. Min. Alderita Ramos 
de Oliveira, Dje 01/02/2013). 
 
e. Crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no país, o 
resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente 
Para além de está previsto em tratado internacional ou convenção internacional, é preciso ainda 
que tenha início no Brasil ou tenha resultado ou devesse ter ocorrido no estrangeiro. 
Assim, são dois os requisitos para a configuração da competência da J. Federal: 
✓ Crime previsto em tratado ou Convenção Internacional; 
✓ Internacionalidade territorial relativamente à conduta delituosa (crime à 
distância); 
 
Exemplos: 
1) Tráfico Internacional de Drogas 
Cuidando-se de crime previsto em tratado ou convenção internacional, conclui-se que, presente

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