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RESENHA DOCUMENTÁRIO SICKO S.O.S SAÚDE

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CURSO BACHARELADO EM PSICOLOGIA
GICÉLIA MENDES FERREIRA DE ARAÚJO ÂNGELO
RESENHA CRÍTICA DOS DOCUMENTÁRIOS 
“HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL: UM SÉCULO DE LUTA PELO DIREITO À SAÚDE”
&
“SICKO S.O.S SAÚDE”
Campina Grande, Paraíba
2018
Documentário “História da saúde pública no Brasil: Um século de luta pelo direito à saúde”.
Ficha Técnica
O documentário foi dirigido por Renato Tapajós, tendo sido realizado pela Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde e a Universidade Federal Fluminense. Foi produzido em 2006 e pode ser visto gratuitamente no endereço https://www.youtube.com/watch?v=SP8FJc7YTa0. 
O documentário situa-se na virada do século XX, momento histórico marcado por uma grande euforia mundial, o chamado “século do progresso”, motivado pelo desenvolvimento da ciência, da medicina, da engenharia, entre outros. Esse era o quadro do cenário do mundo. No entanto, o Brasil vivia um período marcado por uma crise sem precedentes na área da saúde pública. As principais cidades brasileiras como Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo, eram atacadas por surtos de epidemias de cólera, varíola, tuberculose, febre amarela, entre outros. 
Diante disso, infelizmente, percebe-se que a maior preocupação política não estava vinculada à erradicação dessas doenças que assolavam a população, mas era ligada apenas à reputação do país no exterior, pois, coincidentemente, temos a libertação dos escravos no final do século XIX (1888) e a chegada de imigrantes que serviriam de mão de obra assalariada nas lavouras de café, suprindo, assim, a lacuna deixada pelo fim da escravidão em nosso país. 
Os mais pobres não gozavam do direito à saúde, apenas os ricos podiam pagá-la. Aqueles eram atendidos pelos hospitais de caridade, as chamadas “Santas Casas de Misericórdia” mantidas pela igreja católica. Enquanto isso, as epidemias continuavam a se alastrar de maneira assustadora. 
Uma nomeação posterior começará a mudar um pouco esse quadro. A Diretoria Geral de Saúde nomeia Osvaldo Cruz como diretor de Saúde. Algumas resoluções iniciais foram tomadas por ele, como o início de campanhas organizadas, quarentena para aqueles que estavam com doenças contagiosas e o saneamento básico da cidade do Rio de Janeiro. Todavia, a própria população resistiu à vacinação e outros protestaram contra a obrigatoriedade da mesma, alegando que ela contrariava a liberdade e o direito dos cidadãos. Essa postura resultou em várias revoltas que foram tratadas como questão de polícia. 
Dois nomes surgem nesse período: Emílio Ribas e Paulo Sousa. O primeiro foi o responsável pelo tratamento contra a febre amarela em São Paulo e o saneamento no porto de Santos. O segundo, voltando dos Estados Unidos, cria em São Paulo um centro de saúde com foco no social e no educacional. Temos, a partir daí, uma mudança no que diz respeito ao modelo institucional, pois os guardas, inspetores e delegados seriam, agora, substituídos por médicos e educadoras sanitaristas e a família tornar-se-ia o centro da ação. 
Como nem só de boas ações e intenções vive o Brasil, o cenário político mais uma vez torna-se desafiador, com o surto de gripe espanhola que dizimou milhares, as greves dos operários das indústrias têxteis, a Revolta do Forte no Rio de Janeiro, a chamada Coluna Prestes e, por fim, a nomeação em 1930 de Getúlio Vargas à presidência da república. 
Ressaltamos aqui, o decreto presidencial de centralização e uniformização das estruturas de saúde que, na Constituinte de 1934, propôs a criação dos IAP’s (Instituto de Aposentadoria e Pensões), cujo desconto salarial propiciaria a assistência médica ao trabalhador, contudo esses recursos foram desviados para a industrialização brasileira. 
Por conseguinte, em meio à turbulência que acometeu o país – o golpe do Estado Novo, foi criado o SESP (Atividade do Serviço Especial de Saúde Pública no Interior do País) como iniciativa da saúde pública. Ele foi criado para combater a malária e para proteger os soldados na Amazônia. Projeto esse financiado pelos americanos que necessitavam da borracha para a guerra (2ª Guerra Mundial), contudo, também objetivava o combate às epidemias, ações preventivas, preocupação mais social, expedições que descobriram novas doenças e a necessidade de descobrir um país como ponto relevante para a saúde pública. Nomes importantes merecem ser mencionados aqui: Carlos Chagas e os irmãos Vilas-Boas.
Mais adiante, com a deposição de Vargas, a saúde pública muda mais uma vez. Dessa feita, houve a criação de hospitais de grandes portes, equipados com médicos especialistas, com grande quantidade de equipamentos modernos e de última geração, e com medicamentos desenvolvidos no esforço da guerra. Cedendo, assim, espaço não só para a saúde, mas também, para a doença. Essa nova era na história dos hospitais copiava o modelo norte-americano.
Depois da eleição direta de Getúlio para a presidência do Brasil, foi criado o Ministério da Saúde. O mesmo visava o fortalecimento das ações da saúde pública e da medicina preventiva. No contexto, havia várias correntes: a dos médicos especialistas, a da criação dos centros de saúde, a da aproximação da medicina com as condições sociais do povo. Alguns médicos já propunham a criação de um sistema público para todos, em redes locais, numa visão municipalista, mas só seria possível 30 depois. 
Politicamente, o Brasil muda novamente. Pós suicídio de Vargas, Juscelino Kubitschek assume a presidência da república. O país passa por um período de entusiasmo: desenvolvimento econômico, implementação da indústria automobilística e a construção de Brasília. Há a ampliação dos IAP’s, contudo há também uma rejeição à criação de um único instituto. Esses institutos tornaram-se segmentados com alguns mais ricos e outros mais pobres gerando, assim, insatisfação por parte dos seus usuários. É nesse momento que surge a chamada “Medicina de Grupo”.
Entende-se por “Medicina de Grupo” a prestação de serviços médicos privados, apresentava como vantagens uma melhor seleção de mão de obra, empregados que faltassem menos, sendo considerada o futuro da assistência médica: as empresas médicas. 
Houve, posteriormente, na década de 70, uma sucessão de presidentes (Jânio Quadros, João Goulart e Jango) até o Golpe Militar quando assume o poder o general Camilo Castelo Branco. Era época da Ditadura, da censura, dos baixos salários, do arroxo salarial, com a classe média e operária sendo levadas à miséria. Período marcado pelo êxodo rural, trazendo às cidades populações pobres, aumentando, assim, o risco de doenças e aumento da taxa de mortalidade infantil. Consequentemente, o governo estava sucateando a saúde pública, com serviços que existiam há anos sem verbas, com programas de saneamento básico sendo totalmente abandonados. A relevância estava agora naquilo que podia ser repassado à iniciativa privada, tendo a saúde pública com um investimento tipicamente estatal, não atraindo interesse nenhum por parte da ditadura. Levanta-se o questionamento: “A saúde é um bem público ou privado? ”. 
Mais uma mudança no rumo da saúde pública acontece: a criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) que propunha uma unificação do sistema previdenciário, gerindo, dessa forma, aposentadorias e assistências médicas. Posteriormente, há o incentivo à iniciativa privada para a construção de hospitais privados que atenderiam aos trabalhadores inscritos no INPS. Nesse ínterim, é estendido o benefício da assistência do INPS aos trabalhadores rurais. Esse foi considerado como o maior orçamento da história do país, porém não havia fiscalização dos serviços médicos executados pela rede privada. 
Em meio a tudo isso, um movimento começará a fazer diferença em nosso país. É o nascimento do Movimento de Saúde Popular, oriundo da periferia, com eleição de conselhos populares. Afirmavam que a saúde era uma conquista popular. Experiências inovadoras na saúde estavam acontecendo em vários municípios brasileiros,como em Montes Claros, Niterói, Bauru e Campinas. O governo propõe mais uma vez uma sistematização da saúde brasileira ao criar outros institutos, a saber: SINPAS, INAMPS e o IAPAS, que atuariam junto ao INPS.
A década de 80, trouxe uma nova postura na área de saúde. Postura que começa de modo sutil, porém que ganha espaço de modo significativo. A saúde passa a ser discutida pelo povo, tem-se a eleição de conselhos populares, ou seja, o movimento da saúde ganha força. Ao mesmo tempo, temos a falência do sistema previdenciário. O IAPAS não tem mais recursos para manter o sistema. Algumas medidas foram tomadas como o aumento das contribuições e redução dos benefícios. Desse modo, a população não poderia usufruir de um atendimento médico decente. A crise na saúde estava atrelada à crise econômica do país. Para piorar esse quadro, houve o descredenciamento dos hospitais particulares do INAMPS. Em meio a esse caos, surge uma luz. Luz que mudará o rumo do sistema público de saúde no Brasil.
Temos a realização da 8ª Conferência Nacional da Saúde em Brasília. Esse evento contou com a participação dos movimentos sociais, dos trabalhadores e gestores da saúde. Eles propuseram a criação de um sistema único de saúde pública e de qualidade para todos com equidade e controlado pela sociedade e pelos conselhos de saúde. Então, cria-se o SUS (Sistema Único de Saúde), como fruto dos movimentos populares brasileiros. Seus princípios fundamentais são universalidade – para todos: ricos e pobres, com ou sem carteira assinada; integralidade – da vacina ao transplante; equidade – enfrentando as desigualdades sociais, junto a eles, a presença da participação social. Essa última como aquela que constitui a marca mais importante do SUS. 
A partir de então, cada cidade terá um conselho de saúde, formado por usuários (metade dos membros) e por trabalhadores e gestores da área da saúde. Juntos, debatem, fiscalizam e controlam as políticas de saúde e de todos os recursos investidos. Há, periodicamente, conferências municipais, composta por usuários e pela sociedade civil, que debatem e aprovam o plano de saúde da cidade. Como também, há conselhos e conferências estaduais e da união. Sem os conselhos e as conferências, o município fica fora do SUS e não recebe os recursos.
Em 1990, houve a aprovação da regulamentação do SUS com as leis 8.080 e 8.142. Ainda nessa época, temos o lançamento do programa “Saúde da Família” pelo Ministério da Saúde que prestará assistência domiciliar à população, com garantia de assistência clínica individual, da promoção e prevenção da saúde. 
Mais um governo surge, agora o de Fernando Henrique Cardoso, propondo intervenções no que tange à saúde pública. Agora dá-se a transferência da gestão de serviços públicos para entidades privadas sem fins lucrativos, as chamadas Organizações Sociais. Elas, posteriormente, foram questionadas pela própria Justiça, por causa das leis e da Constituição.
Ao longo do seu surgimento, implantação e solidificação, o SUS teve muitos inimigos, em especial, aqueles que usam a doença como fonte de lucro. Para esses, não interessa um sistema público universal e de qualidade. 
Por fim, depois de 20 anos da 8ª Conferência, podemos afirmar que há ações de saúde voltadas para a população brasileira que vão desde o atendimento no Amazonas (ribeirinhos) até o maior sistema público de transplantes do mundo. Por todo o país, há experiências exitosas na área da saúde, como também, promoção de pesquisas e novas tecnologias de ponta, da intervenção crítica na formação do profissional até a produção de insumos, de vacinas, de medicados. Desde o atendimento de emergência até às ações de maior complexidade, prevenindo epidemias, fazendo vigilância, garantindo a qualidade da agua, do alimento e dos remédios. 
Sem dúvida, a criação do SUS é a mais importante política social em vigência em solo brasileiro, por ser uma proposta pública, popular e democrática que aponta para a justiça social. Sabemos que muitas são as dificuldades, como o pouco orçamento, diversificadas e inúmeras outras necessidades, e ainda, o jogo de interesses político sempre presente na história do nosso país. 
Documentário - Sicko S.O.S saúde
Ficha técnica
Foi lançado em 2007. Produzido por Michael Moore. Pode ser visto gratuitamente em https://www.youtube.com/watch?v=VoBleMNAwUg.
Basicamente, o filme aborda os diversos sistemas de saúde existentes em alguns países desenvolvidos, em especial, dos Estados Unidos da América. 
Descrever a política pública de saúde norte-americana é falar de negócios. A realidade é que visam apenas lucros (altíssimos) – não apenas por parte das seguradoras, mas também, das indústrias farmacêuticas. 
O documentário apresenta inúmeros casos de famílias americanas impossibilitadas de ter ajuda médica, falidas e endividadas. São cerca de 50 milhões de cidadãos sem seguro-saúde, e os outros 250 milhões assegurados que, mesmo com seus pagamentos efetuados e em dia, não têm a totalidade de despesas médicas cobertas, nem exames ou medicamentos assegurados, não há serviço médico gratuito, nem tampouco medicação. 
A criação desse tipo de modelo de saúde remete ao governo de Nixon que, em 1971, entregou à iniciativa privada o sistema de saúde norte-americano, seu controle e organização. Desse modo, o sistema público faliu e as seguradoras enriqueceram.
O que se vê ao longo do documentário são pessoas tratadas de forma desumana, como objetos, plenamente descartáveis – literalmente jogadas na sarjeta, negligenciadas por aqueles que deveriam cuidar delas, isso num dos países mais ricos do planeta, mas que, infelizmente, não consegue tratar seus cidadãos de uma maneira nobre e humana. O acesso à saúde está diretamente ligado às concessões, permissões e negações das empresas seguradoras.
Em contrapartida, ao olhar as condições de saúde nos países europeus, como a França e Inglaterra, deparamo-nos com uma realidade totalmente diferente e inusitada. A saúde nesses países é para todos – pobres e ricos, sem distinção de cor ou de raça. Ela é universal e totalmente gratuita. 
O que nos chama atenção é a ideologia que está presente, não apenas no sistema de serviço social de saúde, mas também na população em geral: a de que o tratamento das pessoas não depende de posses, mas daquilo que se precisa. E mais: as pessoas que estão melhores pagam por aquelas que estão piores, isso é solidariedade!
Tem-se a consciência plena do que se considera “democracia”. As pessoas nesses países não temem o governo, pois sabem que é a população que detém o poder e eles apenas os representam. Há um consenso geral de que o direito à saúde é algo básico e indispensável a qualquer cidadão, algo tão natural que não há cogitação de algo diferente da realidade que eles vivem. 
Ao lado dos Estados Unidos, separado apenas por uma fronteira, localiza-se o Canadá. País que também segue a ideologia dos países europeus, que propõe uma saúde para todos, em que o “melhor” e o “pior” desfrutam do mesmo tipo de assistência médica.
Por fim, faz-se referência a Cuba, que apesar de todo o desgaste político no cenário mundial, consegue manter um sistema de saúde gratuito e universal, atuando com uma medicina preventiva, com clínicas, grandes hospitais e remédios a preço de custo.
Conclusões
Depois dessa abordagem do sistema público de saúde de outros países, somos naturalmente obrigados a olhar para a nossa realidade e chegar a algumas conclusões. Primeiramente, podemos afirmar que, apesar de toda precariedade do nosso sistema público de saúde (SUS), os princípios que o norteia possibilitam o acesso à saúde a qualquer cidadão brasileiro, de uma forma universal e gratuita. Assim, sabemos que ainda há muito por fazer e melhorar, mas, sem dúvida, ratificamos que estamos, como nação, no caminho certo. 
Uma segunda conclusão latente nessa reflexão é a da relevância da participação popular nesse processo. É a voz do povo, sua união, sua interação que impulsionará o governo a agir de modo que beneficie a todos e não apenas a alguns. Diferentemente davisão europeia, o nosso povo, infelizmente, – assim como os norte-americanos – teme o governo, acabando, dessa maneira, aceitando o que “vier”, parafraseando aqui com o antigo ditado popular que diz “ruim com ele, pior sem ele”. 
Por fim, indubitavelmente, a corrupção e os interesses pessoais no sistema político afetam diretamente toda e qualquer política pública. Foi assim no princípio da implantação da saúde pública em nosso país, e continua a sê-lo em nossos dias. Todavia, essa situação não é privilégio apenas do Brasil, pois, como vimos, os Estados Unidos também partilham dessa realidade, pois estão politicamente ligados e subordinados ao capital oriundo das empresas seguradoras.

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