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Saúde Coletiva Caso SI 2 I. Revisar as leis 8080/ 90 e 8142/ 90 Lei 8080/ 90 Para enfrentar todos os problemas e dificuldades diante da criação do SUS, uma legislação deveria ser criada para o SUS, e a primeira lei com esse objetivo foi a 8080/ 90. Essa lei define como deveria funcionar o SUS e explica tanto os princípios doutrinários (independentemente do local, a unidade do SUS deve ter uma essência, que é obtida ao seguir os princípios da equidade, universalidade e integralidade) quanto os princípios organizativos (diretrizes). Princípios Doutrinários Quando se pensa em universalidade, se pensa em acesso e capacidade de poder usufruir dos serviços do SUS. A integralidade se refere à assistência/ atenção que atende o paciente nas três dimensões do cuidado (biopsicossociais) e nas quatro áreas de atenção à saúde (promoção, prevenção, tratamento e reabilitação). Nas áreas de atenção pode-se incluir também os cuidados paliativos e vigilâncias por exemplo. Por fim, o conceito de equidade se refere ao tratamento desigual para aqueles que são desiguais (igualdade com justiça social). A equidade pode ser vista na instalação de ESFs em regiões carentes e na distribuição de medicamentos de alto custo para aqueles sem poder aquisitivo para compra-los por exemplo. *Acesso é universal, assistência é integral e equânime Princípios Organizativos Quanto a descentralização, é uma das diretrizes do SUS que se refere ao poder, à gestão e aos recursos, que devem ser descentralizados. A regionalização é a diretriz que se refere à distribuição da rede de saúde em um espaço geográfico, ela se refere à capacidade de realizar serviços diferentes em diferentes locais. A hierarquização, por outro lado, é organizar os serviços de saúde de acordo com os três níveis de complexidade. A resolutividade é a capacidade de oferecer respostas adequadas às necessidades individuais de cada usuário do SUS. A participação popular é a possibilidade dos usuários do SUS participarem de decisões e expressarem suas opiniões aos gestores públicos para que se tenha um atendimento mais voltado para as necessidades específicas de cada estado. O SUS deve usar da epidemiologia para planejar investimentos e intervenções além disso, não se deve criar concorrência entre gestores, cada um tem seu papel na gestão do SUS e esse papel deve ser cumprido e respeitado. Direitos Individuais dos Usuários SUS O direito a autonomia é o direito do usuário de decidir seu tratamento mediante a apresentação dos riscos e benefícios dele. O direito à informação se refere a obrigatoriedade do médico em esclarecer ao paciente todas as dúvidas acerca de sua condição e acerca dos serviços de saúde em geral. Resumo Os três princípios doutrinários estabelecidos por essa lei são a universalidade, que significa que todos têm o direito de acesso a saúde e cabe ao governo lidar com os custos, a equidade, que é tratar vulnerabilidades de forma diferenciada realizando igualdade com justiça social, e a integralidade, que é a assistência individual e coletiva abrangente de modo que ofereça promoção, prevenção, tratamento e reabilitação. Os princípios organizativos, ou diretrizes do SUS são cinco, a regionalização que se refere a distribuição espacial dos serviços de saúde sempre buscando o melhor acesso aos usuários, a hierarquização que é a organização dos serviços por níveis de complexidade com fluxo de encaminhamentos orientado por um sistema de referência e contrarreferência. Além deles, se tem a descentralização que é a distribuição de recursos e de poder entre entes federados com ênfase na municipalização, a participação social (também chamada de controle social) que é a participação da comunidade nas decisões de saúde, e a resolutividade que é a capacidade de resolução dos serviços de saúde e a qualidade na atenção. Outros princípios do SUS de acordo com a Lei 8080 são: ●Preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral; direito aos pacientes à informação sobre sua saúde; divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e seu uso pelo usuário. ●Utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orientação das ações; integração, em nível executivo, das ações de saúde, meio ambiente e saneamento básico. . Lei 8142/ 90 Sua criação foi necessária pois a lei 8080/ 90 teve alguns itens vetados ou pouco esclarecidos, com isso a Lei ficou descaracterizada até certo ponto. A Lei 8142/ 90 especifica a descentralização e a participação popular no SUS. Participação Popular Também chamada de Controle Social no SUS, pode ser feita de duas formas, sendo ambos tipos diferentes de colegiados, que são grupos de pessoas que representam outras pessoas. Ela será feita ou no Conselho de Saúde (reuniões mensais) ou na Conferência de Saúde (reuniões a cada 4 anos). O Conselho de Saúde é um colegiado de participação popular, caráter deliberativo (obrigatório) e funcionamento permanente (membros têm um mandato de dois anos e devem cumprir suas funções nesse período). A principal função de um Conselho de Saúde é fiscalizar a utilização da verba destinada à saúde. A cada 4 meses, os gestores devem justificar todos os seus gastos para o Conselho. A Conferência de Saúde é um colegiado de caráter consultivo (decisões não são obrigatórias, mas sim tendenciosas) e funcionamento temporário. Na Conferência se tomam decisões grandes, a nível estadual geralmente, por isso se tem a necessidade de um número de membros maior que do Conselho. Uma Conferência deve ter no mínimo 50 membros e sua função é aprovar políticas globais de municípios, estados ou do país. Participantes do Conselho Ambos os colegiados devem ter o princípio da paridade, que é possuir uma porcentagem de cada parte da população para a composição deles. Para determinação de um Conselho, o prefeito deve escolher entidades que terão representantes no Conselho, então participantes dessas entidades elegem seus representantes, o prefeito faz uma lei, encaminha à Câmara dos Vereadores para ser aprovado o grupo de conselheiros. A determinação dos conselheiros da Conferência, por outro lado, é feita a partir de um decreto. Existem três seguimentos da sociedade, segundo a Lei 8142, que deverão fazer parte do Conselho, são eles trabalhadores (25%), usuários (50%) e gestores/ prestadores (25%). Essa proporção deve ser seguida (conselho deve ser paritário), do contrário, o Conselho e as decisões que ele toma são vistas como irregulares. Exemplos de usuários são representantes de associações, sindicatos e igrejas; exemplos de trabalhadores são os profissionais de saúde de nível médio e superior; e os exemplos de gestores (compreende patrões públicos e privados) são os coordenadores e secretários de saúde. Quantidade de membros de um Conselho A quantidade de membros de um Conselho varia de acordo com a população do seu município e deve ser um número múltiplo de 4. Em geral, em municípios pequenos, se tem entre 10 e 20 membros, já em municípios grandes, entre 20 e 40 membros no máximo. Mais de 40 membros dificulta a tomada de decisões, por isso deve ser evitado um Conselho muito grande. Descentralização A descentralização de recursos, de acordo com a Lei 8142, segue seis fatores: deve-se ter Fundo de Saúde (conta em um banco público oficial onde todos os recursos da saúde devem ser colocados) que pode ser municipal, estadual ou nacional. Tendo o fundo, deve-se ter Conselhos de Saúde para fiscalização dos gastos, e o Plano de Saúde, que dura 4 anos e determina com o que serão gastos os recursos do Fundo de Saúde. Só é possível gastar com aquilo que está no Plano, exceto quando se tem calamidade pública ou situação emergencial. A lei garante a continuidade nas ações de saúde pois o prefeito que é eleito fica um ano com o plano do prefeito anterior até que se estabeleça no controle do município e crie seu próprioplano, que também será utilizado por um ano pelo prefeito seguinte. Além dos três fatores mencionados, a lei prevê o Relatório de Gestão Anual (deve ser entregue do início do ano até o dia 31/03), que é uma prestação de contas de tudo o que foi gasto do Fundo de Saúde comparando os gastos feitos com os previstos pelo Plano. O quinto item é a Contrapartida de Recursos, isto é, gestores de todos os níveis (municipal, estadual e federal) devem investir dinheiro no fundo. Por fim, o último item é o Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS), que se refere a um estímulo ao trabalho em saúde. Esse último fator é a possível promoção dos trabalhadores por tempo de serviço ou mérito.
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