Buscar

Literatura Brasileira

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Aula 01 
A Literatura no Período 
Colonial Brasileiro 
Estudar literatura é, basicamente, ampliar 
nossas habilidades de leitura do texto literário. 
No Ensino Médio, esse estudo é acrescido da 
história literária, que objetiva acompanhar a 
evolução cronológica da literatura de 
determinado povo e cultura, observando suas 
transformações de acordo com o momento 
histórico. Por isso, a história da literatura 
organiza-a em movimentos, períodos e 
gerações. 
Quinhentismo (Século XVI) 
“Viemos buscar cristão e especiarias” 
 O Quinhentismo corresponde à época do 
descobrimento do Brasil, movimento paralelo 
ao Classicismo Português que, por sua vez, 
possui ideias relacionadas diretamente ao 
Renascimento. A literatura do Quinhentismo 
tem como tema central os próprios objetivos 
da expansão marítima: a conquista espiritual e 
a conquista marítima. 
Literatura Informativa 
A literatura informativa se refere aos relatos 
dos viajantes, que eram enviados a corte 
portuguesa. O conteúdo deste tipo de literatura 
descrevia a natureza brasileira, com foco nos 
aspectos exóticos, nos nativos e nas riquezas 
naturais. Dentre os autores destes relatos, 
destacam-se: 
Pero Vaz de Caminha – Carta a El-Rei Dom 
Manuel; 
Fernandes Brandão – Diálogos das Grandezas 
do Brasil; 
Pero Magalhães Gândavo – História da 
Província de Santa Cruz. 
Viagem ao Brasil – Jean de Léry 
Entre os Tupinambás – Hans Staden 
Literatura de Catequese 
Ligada à Contrar-reforma a literatura de 
catequese tinha como objetivo de ampliar a fé 
cristã, através da catequização dos nativos. 
Utilizava como recursos o teatro e a 
compreensão da língua Tupi, por parte de seus 
autores. Dentre os escritores desta literatura, 
destacam-se: 
O Padre José de Anchieta – que utilizava o 
teatro e a poesia como forma de expressão. 
Padre Manuel da Nóbrega – conhecido por 
“Cartas do Brasil” e “Diálogo sobre a 
conversão do gentio”. 
Barroco (século XVII) 
Principais características: 
Convivendo com o sensualismo e os prazeres 
trazidos pelo Renascimento, os valores 
espirituais – tão fortes na Idade Média e 
desprezados pelo Renascimento – voltaram a 
exercer forte influência sobre a mentalidade 
da época. Uma nova onda de religiosidade foi 
trazida pela Contra-Reforma e pela fundação 
da Companhia de Jesus. Neste sentido, o 
homem do século XVII era um homem dividido 
entre duas mentalidades, duas formas 
diferentes de ver o mundo: 
 
 
Renascimento – influência dos clássicos 
(racionalismo, equilíbrio, clareza, linearidade 
de contornos), visão antropocêntrica ou 
humanista, sensualismo, valorização da vida 
corpórea, etc.; Idade Média – teocentrismo, 
valorização da vida espiritual, fé, etc. 
A Arte Barroca irá expressar esta tensão entre 
ideias e sentimentos opostos. Destacam-se 
dois autores da literatura barroca no Brasil: 
Gregório de Matos Guerra, nascido na Bahia 
em 1633, também conhecido como “Boca de 
Inferno”, é o primeiro poeta brasileiro e o 
maior poeta do Período Colonial. Sua obra 
costuma ser dividida em três vertentes 
básicas: lírico-amorosa, lírico-religiosa e 
satírica. 
Abaixo citamos alguns poemas de Gregório de 
Matos Guerra: 
 
A Jesus Cristo Nosso Senhor 
 
Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado, 
Da vossa alta clemência me despido; 
Porque, quanto mais tenho delinqüido, 
Vos tenho a perdoar mais empenhado. 
 
Se basta a vos irar tanto pecado, 
A abrandar- vos sobeja um só gemido: 
Que a mesma culpa, que vos há ofendido, 
Vos tem para o perdão lisonjeado. 
 
Se uma ovelha perdida e já cobrada, 
Glória tal e prazer tão repentino 
Vos deu, como afirmais na Sacra Historia, 
 
Eu sou, senhor, a ovelha desgarrada; 
Cobrai-a; e não queirais, pastor divino, 
Perder na vossa ovelha a vossa glória. 
 
A Cidade da Bahia 
 
“A cada canto um grande conselheiro 
Que nos quer governar cabana e vinha 
Não sabem governar sua cozinha 
E podem governar o mundo inteiro 
 
Em cada porta um freqüentado olheiro 
Que a vida do vizinho, e da vizinha 
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha 
Para levar à Praça e ao Terreiro 
 
Muitos mulatos desavergonhados 
Trazidos pelos pés os homens nobres 
Posta nas palmas toda picardia* 
 
Estupendas usuras nos mercados 
Todos os que não furtam, muito pobres 
E eis aqui a cidade da Bahia.” 
 
À Mesma Dona Ângela 
 
Anjo no nome, Angélica na cara, 
Isso é ser flor, e Anjo juntamente, 
Ser Angélica flor, e Anjo florente, 
Em quem, senão em vós se uniformara? 
 
Quem veria uma flor, que a não cortara 
De verde pé, de rama florescente? 
E quem um Anjo vira tão luzente, 
Que por seu Deus, o não idolatrara? 
 
Se como Anjo sois dos meus altares, 
Fôreis o meu custódio, e minha guarda, 
Livrara eu de diabólicos azares. 
 
Mas vejo, que tão bela, e tão galharda, 
Posto que os Anjos nunca dão pesares, 
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda. 
 
 
 
 
Moraliza o poeta nos ocidentes do Sol a 
inconstância dos bens do mundo 
 
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, 
Depois da Luz se segue a noite escura, 
Em tristes sombras morre a formosura, 
Em contínuas tristezas a alegria. 
 
Porém se acaba o Sol, por que nascia? 
Se formosa a luz é, por que não dura? 
Como a beleza assim se transfigura? 
Como o gosto da pena assim se fia? 
 
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza, 
Na formosura não se dê constância, 
E na alegria sinta-se a tristeza. 
 
Começa o mundo enfim pela ignorância, 
E tem qualquer dos bens da natureza 
A firmeza somente na inconstância. 
 
Padre Antônio Viera (1608 – 1697) 
Considerado o maior orador sacro da nossa 
história, Vieira escreveu cerca de duzentos 
sermões. Foi uma espécie de cronista da 
história imediata. Foi também um defensor 
dos índios e dos cristãos-novos. Sua obra se 
divide em quatro temáticas básicas: a arte de 
pregar, a causa do indígena, o problema da 
escravização do africano e a questão 
holandesa. Em todas elas, evidentemente, são 
debatidas questões existenciais e religiosas. 
Obra Principal: Sermões 
Arcadismo (século XVIII) 
Contexto Histórico 
- Influência do Iluminismo, representado por 
filósofos como Rousseau e Voltaire; 
- No Brasil: ocorre em Minas Gerais (ciclo do 
ouro); 
- Ouro incrementou o início de uma vida 
urbana; 
- Poetas são ligados ao movimento da 
Inconfidência Mineira. 
Principais características: 
 
O Arcadismo, também chamado 
neoclassicismo, recebeu este nome como uma 
referência à Arcádia, região campestre do 
Peloponeso, na Grécia antiga, tida como ideal 
de inspiração poética. Podemos dividir seus 
autores em líricos e épicos. 
 
 
 
 A poesia lírica, no Brasil, tem como principais 
autores Tomás Antônio Gonzaga, que escreveu 
Cartas Chilenas, uma obra satírica e a 
principal obra árcade do país: “Marília de 
Dirceu”. Já Cláudio Manuel da Costa é autor de 
“Obras poéticas”, com influência da lírica 
camoniana, e “Vila Rica”, poema narrativo 
sobre Vila Rica, sendo este um poema épico. 
Tomás Antônio Gonzaga – foi dos maiores 
escritores do Arcadismo brasileiro. Sua obra, 
na verdade, vai além das limitações desta 
 
 
escola, rodeando o pré-romantismo, 
principalmente ao referir-se à mulher amada. 
Obras: 
Marília de Dirceu (1792) - Dividido em 3 partes: 
➥Pastor Dirceu declara seu amor e celebra a 
beleza de sua pastora, Marília; 
➥Traduz estado de espírito do tempo em que 
esteve na prisão; 
➥ Poemas variados. 
 
Cartas Chilenas (1845) – obra satírica: 
➥ Cartas de Critilo para Doroteu 
➥Críticas a Fanfarrão Minésio 
Na poesia épica do arcadismo brasileiro 
iniciou-se a delineação de uma literatura 
nacionalista, diferente da europeia por utilizarcomo temática a história colonial em meio à 
descrição da paisagem tropical do país e a 
inserção do índio como personagem. 
Entre os autores de poesia épica destaca-se 
Santa Rita Durão, que escreveu a obra 
“Caramuru”, utilizando o Modelo de Camões 
para contar a Lenda do descobrimento, através 
dos personagens Diogo, Paraguaçu e Moema. 
Outro destaque é Basílio da Gama, autor de “O 
Uraguai”, poema épico pré-romântico, que 
aborda como tema a tomada das missões, 
através dos personagens Lindóia e Sepé 
Tiarajú. 
Cláudio Manuel da Costa - Utilizando o 
pseudônimo Glauceste Satúrnio (musa 
inspiradora é Nise, a pastora inacessível), foi 
um dos introdutores do Arcadismo no Brasil. 
No entanto, é considerado um poeta de 
transição (Barroco > Arcadismo) por 
apresentar, ainda, uma temática barroca (a 
brevidade dolorosa do amor e da vida). 
Cultuou o soneto de Camões como modelo 
para seus poemas. 
Obras: 
Obras Poéticas (1768) 
Vila Rica (1839): poema narrativo sobre a 
fundação de Vila Rica. 
 
Já rompe, Nise, a matutina aurora 
O negro manto, com que a noite escura, 
Sufocando do sol a face pura, 
Tinha escondido a chama brilhadora. 
 
Que alegre, que suave, que sonora 
Aquela fontesinha aqui murmura! 
E nestes campos cheios de verdura 
Que avultado o prazer tanto melhora! 
 
Só minha alma em fatal melancolia, 
Por te não poder ver, Nise adorada, 
Não sabe inda, que coisa é alegria; 
 
E a suavidade do prazer trocada, 
Tanto mais aborrece a luz do dia, 
Quanto a sombra da noite mais lhe agrada. 
 
Que deixa o trato pastoril amado 
Pela ingrata, civil correspondência, 
Ou desconhece o rosto da violência, 
Ou do retiro a paz não tem provado 
 
Que bem é ver nos campos transladado 
O gênio do pastor, o da inocência! 
E que mal é no trato, e na aparência 
Ver sempre o cortesão dissimulado! 
 
Ali respira amor, sinceridade; 
Aqui sempre a traição seu rosto encobre; 
Um só trata a mentira, outro a verdade: 
 
Ali não há fortuna que soçobre; 
Aqui quanto se observa, é variedade: 
Oh ventura do rico! Oh bem do pobre. 
 
 
 
 
Exercícios 
 
Instrução: após a leitura do texto abaixo 
(extraído da Carta de Caminha), responda à 
questão 1. 
 
 “Nela até agora não pudemos saber que haja 
ouro nem prata, nem nenhuma cousa de 
metal, nem de ferro; nem lho vimos. A terra, 
porém, em si, é de muito bons ares.”(...) 
 “Mas o melhor fruto que nela se pode fazer 
me parece que será salvar esta gente. E esta 
deve ser a principal semente que vossa Alteza 
em ela deve lançar. E que não houvesse mais 
ter aqui esta pousada para esta navegação de 
Calecute, bastaria, quanto mais, disposição 
para se nela cumprir e fazer o que Vossa 
Alteza tanto deseja, a saber, acrescentando de 
nossa santa fé.” 
 
1) A respeito da Carta, de Caminha, podemos 
afirmar que 
(A) não há preocupação com a conquista 
material. 
(B) a única preocupação era a catequese dos 
índios. 
(C) é representativa do Barroco brasileiro. 
(D) apresenta tanto preocupação material 
quanto espiritual. 
(E) não cita, em momento algum, os nativos 
brasileiros. 
 
2) Considere as seguintes afirmações sobre o 
Barroco brasileiro. 
 
I.A arte barroca caracteriza-se por apresentar 
dualidades, conflitos, paradoxos e contrastes, 
que convivem tensamente na unidade da obra. 
II. O conceptismo e o cultismo, expressões da 
poesia barroca, apresentam um imaginário 
 
 
bucólico, sempre povoado de pastoras e 
ninfas. 
III. A oposição entre Reforma e Contra--
Reforma expressa, no plano religioso, os 
mesmos dilemas de que o Barroco se ocupa. 
 
Quais estão corretas? 
(A) Apenas I. 
(B) Apenas II. 
(C) Apenas III. 
(D) Apenas l e III. 
(E) I, II e III. 
 
3) Pode-se reconhecer nos versos abaixo, de 
Gregório de Matos, 
 
“Que falta nesta cidade? Verdade”. 
Que mais por sua desonra? Honra. 
Falta mais que se lhe ponha? Vergonha. 
O demo a viver se exponha, 
Por mais que a fama a exalta, 
Numa cidade onde falta 
Verdade, honra, vergonha." 
 
(A) o caráter de jogo verbal próprio do estilo 
barroco, a serviço de uma crítica, em tom de 
sátira, do perfil moral da cidade da Bahia. 
(B) o caráter de jogo verbal próprio da poesia 
religiosa do século XVI, sustentando piedosa 
lamentação pela falta de fé do gentio. 
(C) o estilo pedagógico da poesia neoclássica, 
por meio da qual o poeta se investe das 
funções de um autêntico moralizador. 
(D) o caráter de jogo verbal próprio do estilo 
barroco, a serviço da expressão lírica do 
arrependimento do poeta pecador. 
(E) o estilo pedagógico da poesia neoclássica, 
sustentando em tom lírico as reflexões do 
poeta sobre o perfil moral da cidade da Bahia. 
 
 
 
4) Quanto ao período barroco e seus 
representantes na literatura colonial 
brasileira, é correto afirmar que 
 
(A) os sermões de Antônio Vieira apresentam 
uma retórica complexa pela exuberância de 
imagens e pelos postulados morais e 
religiosos. 
(B) a obra de Gregório de Matos se distingue 
pela sua unidade temática, expressa por um 
tom satírico. 
(C) a poesia irreverente de Gregório de Matos 
satiriza diferentes tipos sociais, exceção feita 
aos representantes da Igreja. 
(D) o predomínio dos valores transcendentais, 
motivados pela Reforma, marca o estilo 
barroco da obra de Vieira. 
(E) Gregório de Matos se ateve ao uso da língua 
culta da Metrópole, ao contrário de Vieira, que 
utilizou termos indígenas, africanos e 
populares. 
 
5) Leia as afirmações abaixo sobre o 
Arcadismo brasileiro. 
 
I. Os poetas árcades colocavam-se como 
pastores para realizarem, dessa forma, o ideal 
de uma vida simples em contato com a 
natureza. 
II. O Arcadismo brasileiro, embora tenha 
reproduzido muito dos modelos europeus, 
apresentou características próprias, como a 
incorporação do elemento indígena e a sátira 
política. 
III. O tema do Carpe diem, em que o poeta 
expressa o desejo de aproveitar intensamente 
o momento presente, fugaz e passageiro, foi 
ignorado pelos árcades brasileiros, 
excessivamente racionalistas. 
 
 
 
 
Quais estão corretas? 
(A) Apenas I. 
(B) Apenas III. 
(C) Apenas I e II. 
(D) Apenas II e III. 
(E) I, II e III. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gabarito 
 
1 – D 2 – D 3 – A 4 – A 5 – C 
 
 
 
Aula 02 
ROMANTISMO – Século XIX 
 
 
O movimento romântico pretendia, no início, 
suplantar a concepção clássica da arte. A 
imitação dos clássicos não fazia sentido num 
tempo (fins do séc. XVIII) que havia produzido o 
liberalismo e a Revolução Francesa. 
A Revolução Francesa significa, entre outras 
coisas, o fim do absolutismo político (no plano 
artístico, o fim da beleza única e absoluta) e a 
ascensão da burguesia como classe 
dominante. 
A burguesia, culturalmente pouco afeita às 
artes, exigia dos escritores um novo tipo e 
nível de comunicação. Privilégio de uma classe 
– a aristocracia – a cultura tinha que se 
adaptar aos novos tempos. Surge, então, um 
gênero literário que vinha se pronunciando há 
mais tempo e que se constituirá no reflexo e 
na crítica da sociedade burguesa: o romance. 
No Brasil, o romantismo vai ser o movimento 
identificado com a Independência Política. 
Características: 
1-Individualismo e subjetivismo 
2-Sentimentalismo 
3-O Culto da Natureza 
4-Idealização (Imaginação, Fantasia) 
5-Valorização do Passado 
6-Liberdade Artística 
 
 
O ROMANTISMO NO BRASIL 
O romantismo brasileiro nasce das 
possibilidades que surgiram com a 
Independência Política (1822). Os artistas e 
intelectuaissão tomados por um sentimento 
patriótico e nacionalista que vai se manifestar 
através do: 
•Indianismo 
•Regionalismo 
•Natureza Local 
 
Características no Brasil: 
 
 
Poesia Romântica 
 
 
 
 
 
 
 
Gonçalves de Magalhães – introdutor do 
movimento. Publicou a primeira obra 
romântica brasileira – Suspiros Poéticos e 
Saudades - (1836) 
Gonçalves Dias – consolidou o romantismo 
com uma produção poética de qualidade. Os 
principais temas de sua poesia são: 
• Índio: I – Juca Pirama 
• Natureza / a pátria: Canção do Exílio 
• Amor: Ainda uma vez Adeus Cara 
Obras: 
Primeiros Cantos (1846) 
Segundos Cantos (1848) 
Sextilhas de Frei Antão (1848) 
I – Juca Pirama 
Meu canto de morte, 
Guerreiros, ouvi: 
Sou filho das selvas, 
Nas selvas cresci; 
Guerreiros, descendo 
Da tribo tupi. 
 
Da tribo pujante, 
Que agora anda errante 
Por fado inconstante, 
Guerreiros, nasci; 
Sou bravo, sou forte, 
Sou filho do Norte; 
Meu canto de morte, 
Guerreiros, ouvi. ( ... ) 
 
Canção do Exílio 
Minha terra tem palmeiras 
Onde canta o sabiá 
As aves que aqui gorjeiam, 
Não gorjeiam como lá 
 
Nosso céu tem mais estrelas, 
Nossas várzeas têm mais flores, 
Nossos bosques têm mais vida 
Nossa vida mais amores ( ... ) 
 
 
 
 
 
 
 
Álvares de Azevedo - considerado o "Byron 
brasileiro", foi o maior representante nacional 
do ultra-romantismo. 
 
Temas Principais: 
•Tédio: Desejo de Morte 
•Amor: Medo, Mulher Inatingível 
•Humor, cotidiano 
Obras: 
Lira dos Vinte Anos (poemas – 1853) 
Noite na Taverna (contos – 1855) 
O Conde Lopo (poema – 1886) 
Macário (teatro – 1855) 
 
 
 
Soneto 
 
Pálida, a luz da lâmpada sombria, 
Sobre o leito de flores reclinada, 
Como a lua por noite embalsamada, 
Entre as nuvens do amor ela dormia! 
 
Era a virgem do mar! Na escuma fria 
Pela maré das águas embalada... 
– Era um anjo entre nuvens da alvorada 
que em sonhos se banhava e se esquecia! 
 
Era mais bela! O seio palpitando... 
Negros olhos, as pálpebras abrindo... 
Formas nuas no leito resvalando... 
 
Não te rias de mim, meu anjo lindo! 
Por ti – as noites eu velei chorando, 
Por ti – nos sonhos morrerei sorrindo! 
 
 
Se eu morresse amanhã 
 
Se eu morresse amanha, viria ao menos 
Fechar meus olhos minha triste irmã; 
Minha mãe de saudades morreria 
Se eu morresse amanhã! 
(...) 
Mas essa dor da vida que devora 
A ânsia de glória, o dolorido afã... 
A dor no peito emudecera ao menos 
Se eu morresse amanhã! 
 
Idéias Íntimas 
(...) 
Oh! ter vinte anos sem gozar de leve 
A ventura de uma alma de donzela! 
Na suave atração de um róseo corpo 
Meus olhos turvos se fechar de gozo! 
 
 
Casimiro de Abreu – poesia marcada pela 
ingenuidade e pela musicalidade. 
 
Temas Principais: 
•Saudade – infância e pátria 
•Amor e medo 
 
 
Obras: 
Primaveras (poemas, 1850) 
 
 
Meus oito anos 
Oh! que saudades que tenho 
Da aurora da minha vida, 
Da minha infância querida 
Que os anos não trazem mais! 
Que amor, que sonhos, que flores, 
Naquelas tardes fagueiras 
A sombra das bananeiras, 
Debaixo dos laranjais! 
 
 
Amor e medo 
Quando eu te fujo e me desvio cauto 
Da luz de fogo que te cerca, oh! bela, 
Contigo dizes, suspirando amores: 
– Meu Deus! Que gelo, que frieza aquela! 
 
Como te enganas! Meu amor é chama 
Que se alimenta no voraz segredo, 
E se te fujo é que te adoro louco... 
És bela – eu moço; tens amor – eu medo!... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Castro Alves – além da temática social, 
inovou ao tratar do amor em sua dimensão 
carnal. 
 
Temas Principais: 
•Poesia social: causas libertárias e 
humanitárias 
•Poesia Amorosa: erotismo e sensualidade 
Obras: 
Espumas Flutuantes (1870) 
A Cachoeira de Paulo Afonso (1876) 
Os Escravos (1883) 
 
Navio Negreiro 
(...) 
Era um sonho dantesco... o tombadilho 
Que das luzernas avermelha o brilho. 
Em sangue a se banhar. 
Tinir de ferros... estalar de açoite... 
Legiões de homens negros como a noite, 
Horrendos a dançar... 
(...) 
Existe um povo que a bandeira empresta 
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!... 
E deixa-a transformar-se nessa festa 
Em manto impuro de bacante fria!... 
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é 
esta, 
Que impudente na gávea tripudia? 
 
Auriverde pendão de minha terra, 
Que a brisa do Brasil beija e balança, 
Estandarte que a luz do sol encerra 
E as promessas divinas da esperança... 
Tu que, da liberdade após a guerra, 
Foste hasteado dos heróis na lança 
Antes te houvessem roto na batalha, 
Que servires a um povo de mortalha!... 
 
Adormecida 
Uma noite eu me lembro... Ela dormia 
Numa rede encostada molemente... 
Quase aberto o roupão... solto o cabelo 
E o pé descalço do tapete rente. 
 
Boa Noite 
Boa-noite, Maria! Eu vou-me embora. 
A lua nas janelas bate em cheio. 
Boa-noite, Maria! É tarde... é tarde... 
Não me apertes assim contra teu seio. 
Boa-noite!... E tu dizes — Boa-noite. 
Mas não digas assim por entre beijos... 
Mas não mo digas descobrindo o peito 
— Mar de amor onde vagam meus desejos. 
 
 
Exercícios: 
 
1. Leia o trecho abaixo, extraído do poema 
Adormecida, de Espumas Flutuantes, de 
Castro Alves. 
 
 “Uma noite, eu me lembro... Ela dormia 
Numa rede encostada molemente... 
Quase aberto o roupão... solto o cabelo 
E o pé descalço do tapete rente. (...) 
 
De um jasmineiro os galhos encurvados, 
Indiscretos entravam pela sala, 
E de leve oscilando ao tom das auras, 
Iam na face trêmulos – beijá-la. 
 
Era um quadro celeste!... A cada afago 
Mesmo em sonhos a moça estremecia... 
Quando ela serenava... a flor beijava-a... 
Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia... (...)” 
 
 
 
 
Considere as afirmações abaixo, referentes ao 
poema. 
 
I. Trata-se de um poema que apresenta um 
erotismo sutil e delicado, no qual uma mulher 
dormindo com o roupão quase aberto é 
acariciada por galhos e flores. 
II. A imagem da mulher dormindo é comum ao 
longo de todo o Romantismo, e, mesmo nos 
poemas de poetas pertencentes a outras 
gerações que não a de Castro Alves, é muito 
comum que tal mulher surja envolta em uma 
aura de sensualismo. 
III. O poema é composto por estrofes de quatro 
versos decassílabos dos quais o segundo e o 
quarto verso de cada estrofe rimam entre si. 
 
Quais estão corretas? 
(A) Apenas I. 
(B) Apenas II. 
(C) Apenas III. 
(D) Apenas I e III. 
(E) I, II e III. 
 
 
2. Leia com atenção o fragmento abaixo 
extraído de “I-Juca Pirama”. 
 
No meio das tabas de amenos verdores, 
Cercadas de troncos – cobertos de flores, 
Alteiam-se os tetos d’altiva nação; 
São muitos seus filhos, nos ânimos fortes, 
Temíveis na guerra que em densas coortes 
Assombram das matas a imensa extensão. 
São rudos*, severos, sedentos de glória, 
Já prélios incitam, já cantam vitória, 
Já meigos atendem à voz do cantor: 
São todos Timbiras, guerreiros valentes! 
Seu nome lá voa na boca das gentes, 
Condão de prodígios, de glória e terror! 
 
Vocabulário: rudos = rudes 
 
Sobre as tendências da poesia romântica 
indianista, assinale a alternativa incorreta em 
relação à visão idealizada do poeta ao retratar 
o indígena brasileiro. 
 
(A) O índio de Gonçalves Dias ganhou o tom dos 
valorosos cavaleiros medievais e reafirmou o 
sentimento nacionalista de nosso 
Romantismo. 
(B) O poema gonçalvino enalteceu e preservou 
as tradições indígenas brasileiras, 
incorporando-as ao orgulho nacional. 
(C) O poeta romântico transformou o silvícola 
em um dos símbolos da autonomia cultural e 
dasuperioridade da nação brasileira. 
(D) A poesia romântica indianista resgatou o 
passado histórico do Brasil e valorizou a 
bravura de seus habitantes naturais. 
(E) “I-Juca Pirama” expressa o nacionalismo 
de seu autor, que, ao idealizar a coragem e o 
heroísmo do índio brasileiro, atribuiu-lhe 
também alguns distúrbios de personalidade. 
 
 
3. Leia o texto que segue atentamente. 
 
Quando te fujo e me desvio cauto 
Da luz de fogo que te cerca, oh! bela, 
Contigo dizes, suspirando amores: 
- Meu Deus! Que gelo, que frieza aquela! 
 
Como te enganas! Meu amor é chama 
Que se alimenta no voraz segredo, 
E se te fujo é que te adoro louco... 
És bela – eu moço; tens amor – eu medo!... 
(Casimiro de Abreu) 
 
Sobre o trecho e a totalidade da obra desse 
poeta, são feitas as seguintes afirmações: 
 
 
I – a temática comum na obra de Casimiro – a 
figura feminina apenas vislumbrada entre o 
amor e o medo – evidencia-se no excerto 
acima. 
II – a abordagem do tema do medo provocado 
pelo sentimento amoroso desenvolve-se de 
forma marcada pela sensibilidade e pelas 
pulsões eróticas de um jovem eu-lírico. 
III – bastante popular, Casimiro oferece uma 
obra acessível, musical, sem maiores 
complexidades. 
 
Quais estão corretas? 
(A) Apenas I. 
(B) Apenas II. 
(C) Apenas III. 
(D) Apenas I e II. 
(E) I, II e III. 
 
 
Instrução: o excerto que segue refere-se à 
questão 04. 
 
Deus! Ó Deus! Onde estás que não respondes? 
Em que mundo, em qu’estrelas tu t’escondes? 
Embuçado nos céus? 
Há dois mil anos te mandei meu grito, 
Que embalde desde então corre o infinito... 
Onde estás, Senhor Deus? 
 
 
4. Essa é a primeira estrofe de um poema que 
é exemplo de 
 
(A) lirismo subjetivo, marcado pelo desespero 
do pecador arrependido. 
(B) lirismo religioso, exprimindo anseio da 
alma humana em procura da divindade. 
(C) lirismo romântico de tema político-social, 
exprimindo o anseio do homem pela liberdade. 
(D) epopeia romântica da corrente indianista. 
(E) Romantismo nacionalista, repassado da 
saudade que atormenta o poeta no exílio. 
 
 
5. Leia o poema Canção do exílio, de Gonçalves 
Dias. 
 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá; 
As aves, que aqui gorjeiam, 
Não gorjeiam como lá. 
 
Nosso céu tem mais estrelas, 
Nossas várzeas têm mais flores, 
Nossos bosques têm mais vida, 
Nossa vida mais amores. 
 
Em cismar - sozinho, à noite - 
Mais prazer encontro eu lá; 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá. 
 
Minha terra tem primores, 
Que tais não encontro eu cá; 
Em cismar - sozinho, à noite 
Mais prazer encontro eu lá; 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá. 
 
Não permita Deus que eu morra, 
Sem que eu volte para lá; 
Sem que desfrute os primores 
Que não encontro por cá; 
Sem qu'inda aviste as palmeiras, 
Onde canta o Sabiá." 
 
Considere as afirmações que seguem. 
I- O poema trabalha com a oposição entre aqui 
e lá; Brasil e Portugal, respectivamente. 
 
 
II- O cuidado formal pode ser percebido na 
regularidade métrica e no emprego constante 
de rimas. 
III- A utilização de formas pronominais da 
primeira pessoa do plural na segunda estrofe 
demonstra a preocupação do poeta em 
reforçar o sentimento coletivo de patriotismo. 
 
Quais estão corretas? 
(A) Apenas I. 
(B) Apenas I e II. 
(C) Apenas II e III 
(D) Apenas III. 
(E) I, II e III. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gabarito: 
 
1 – D 2 – E 3 – E 4 – C 5 – C 
 
 
 
Aula 03 
 
 
 
 
Prosa Romântica 
 
• Brasil pós-Independência; 
• Romance = instrumento de redescoberta do 
país e de busca de identidade nacional; 
• Reconhecimento dos espaços nacionais: a 
selva, o campo e a cidade. 
 
Características gerais: 
• Impasse amoroso com final feliz ou trágico; 
• Amor como redenção; 
• Idealização do herói; 
• Idealização da mulher; 
• Personagens planas; 
• Flash-back narrativo; 
• Linguagem metafórica. 
 
Principais Autores e Obras: 
 
 
 
Joaquim Manuel de Macedo: 
sentimental, adaptou o romance europeu às 
necessidades nacionais. Mostrou 
superficialmente a vida da burguesia urbana 
da época. 
• A Moreninha (1844): amor entre Augusto e 
Carolina. 
 
José de Alencar: elaborou um projeto 
literário comprometido com a construção de 
uma cultura brasileira, além de se preocupar 
com a língua nacional. Suas obras de 
abrangência social, histórica e geográfica 
procuraram abarcar a multiplicidade dos 
aspectos brasileiros, no mais das vezes, 
idealizados. 
• Romances Indianistas: Iracema, O Guarani e 
Ubirajara 
• Romances Históricos: A Guerra dos 
Mascates, As Minas de Prata e Alfarrábios. 
• Romances Regionalistas: O Gaúcho, O 
Sertanejo, O Tronco do Ipê, ... 
• Romances Urbanos: Lucíola, Diva, A Pata da 
Gazela, Senhora, Sonhos d’Ouro, ... 
 
 
 
 
Obras em destaque: 
Iracema: relato de caráter lendário do Ceará, 
por meio do romance entre Iracema, a virgem 
dos lábios de mel, e Martim, o colonizador 
branco, cujo filho, Moacir (o filho da dor), 
simboliza a submissão do índio ao homem 
branco. 
Lucíola: em cartas a Sra. G.M., Paulo conta 
sua história de amor vivida com a cortesã 
Lúcia no Rio de Janeiro imperial. Apesar das 
diferenças sociais, eles se apaixonam e Lúcia, 
para provar seu verdadeiro amor, abdica da 
vida de devassidão a que foi obrigada para 
salvar a família vitimada pela febre amarela e 
assume seu verdadeiro nome – Maria da Glória 
- . Fica grávida, mas sofre um abordo e morre 
nos braços de seu amado. 
Senhora: narra a história de amor e vingança 
entre Aurélia Camargo e Fernando Seixas 
abordando a influência do dinheiro nas 
relações amorosas e nos casamentos da 
época. O romance divide-se em quatro partes, 
que correspondem às etapas de uma 
transação comercial: preço, quitação, posse e 
resgate. 
 
Manuel Antônio de Almeida: escritor 
de uma só obra, antecipou o Realismo com 
Memórias de um Sargento de Milícias. 
• Narrativa de costumes 
Corte de D. João VI 
• Narrador: 3ª pessoa 
• Predomínio do humor 
• Precursor do Realismo 
Crítica social 
Anti-herói (1º malandro da literatura 
brasileira) 
 
 
• Linguagem coloquial 
• Enfoque nas classes populares 
• Leonardo e Luizinha 
• Major Vidigal = Lei e Ordem 
 
 
Realismo 
1857 – Madame Bovary, Gustave Flaubert 
1881 – Memórias Póstumas de Brás Cubas, 
Machado de Assis 
 
 
 
» Contexto histórico trouxe o fim do Idealismo 
Romântico e a necessidade de uma nova arte: 
Realismo. 
 
 
No Brasil: 
 
Na década de 1880, o Brasil ainda era uma 
nação agrária, monarquista e escravocrata. 
Apesar dos movimentos liberais, só nos 
últimos anos dessa década, ocorreram a 
 
 
Abolição (1888) e a Proclamação da República 
(1889). Entre os fatos históricos que marcaram 
o Brasil de 1880 a 1900, destacam-se a 
aprovação da Lei Áurea, a Proclamação da 
República, a promulgação da primeira 
Constituição Republicana brasileira e a criação 
da Academia Brasileira de Letras. 
 
 
Características Gerais: 
 
• Objetividade e racionalismo; 
• Verossimilhança; 
• Contemporaneidade; 
• Anti-herói e mulher não idealizada 
(desmistificação dos heróis românticos); 
• Crítica aos valores burgueses; 
• Análise psicológica; 
•Narração lenta. 
 
 
Temáticas: 
 
• Descrença na estrutura familiar e no 
casamento; 
• Parasitismo social; 
• Fracasso permeando a vida dos indivíduos; 
• Adultério, egoísmo, vaidade, hipocrisia, 
interesse;• Limite entre loucura e razão; 
• Ambiguidade nas ações e nos personagens; 
• Crítica ao clero, à Monarquia e ao 
preconceito racial. 
 
Principal Autor e Obras: MACHADO DE ASSIS 
 
1ª Fase: Romântica 
• Convencionalismo 
• Conformismo 
• Personagens Planas 
 
Romances: A mão e a Luva, Helena, Iaiá Garcia 
 
2ª Fase: Realista 
• Análise crítica da burguesia 
• Desprezo pelas Instituições 
• Análise Psicológica 
• Ironia 
• Humor melancólico 
• Pessimismo 
 
 
 
 
Contos: O Alienista, Missa do Galo, A 
Cartomante, Conto de Escola, O Caso da Vara, 
Pai contra Mãe, etc. 
 
 
Romances: Memórias Póstumas de Brás 
Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e 
Jacó e Memorial de Aires. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Memórias Póstumas de Brás Cubas: esse 
romance é uma revolução em termos de 
estrutura e linguagem. O público do romance 
romântico estava acostumado ao episódio, aos 
incidentes circunstanciais das personagens. 
Machado de Assis escreve um romance que se 
caracteriza pela lentidão, pela análise 
exaustiva. O enfoque central não é a vida social 
ou a descrição da paisagem, mas a maneira 
como as personagens veem e sentem as 
circunstâncias em que vivem. É narrado em 
primeira pessoa por um defunto, Brás Cubas, 
que está preocupado em reexaminar, de modo 
irônico, mas radical, os principais momentos 
de sua vida. As lembranças não aparecem 
linearmente, dependem das oscilações da 
memória. O personagem mostra seus mais 
secretos desejos e anomalias e também as 
hipocrisias de uma sociedade que estrutura 
sua vida sobre falsos valores. Brás Cubas 
conta seus amores por Marcela, paixão 
desenfreada de sua juventude, seus ideais 
para vencer na vida, sempre equivocados, e 
sua relação amorosa com Virgília, esposa do 
seu amigo Lobo Neves. No livro, o autor 
analisa a teoria do Humanitismo, do seu amigo 
filósofo Quincas Borba. A análise individual e 
social é sarcástica, impiedosa, até corrosiva, e 
o romance está impregnado de amargura 
cruel e niilista, que encontramos nas palavras 
de Brás Cubas: “ Ao chegar a este outro lado 
do mistério, achei-me com um pequeno saldo, 
que é a derradeira negativa deste capítulo de 
negativas: - Não tive filhos, não transmito a 
nenhuma criatura o legado de nossa miséria.” 
 
Quincas Borba: narrado em 3ª pessoa, o 
romance conta a história do modesto 
professor Rubião que recebe a grande herança 
do falecido filósofo Quincas Borba, com a 
condição de cuidar de seu cachorro, também 
 
chamado Quincas Borba. Rubião abandona a 
pequena cidade do interior, mudando-se para 
o Rio de Janeiro, onde é enganado e explorado 
por um bando de parasitas sociais, 
especificamente pelo casal Cristiano Palha e 
Sofia. Sofia percebe a paixão do professor por 
ela e se diverte com sua ingenuidade. Tais 
reveses, além do amor frustrado por Sofia 
acabam levando o professor à demência. Ele 
retorna acidade natal – Barbacena - , onde 
morre abandonado e ridicularizado por quase 
todos. Ao seu lado, apenas o cão, que também 
vem a falecer. 
 
Dom Casmurro: o romance se vale de uma 
situação cheia de incertezas para sugerir 
quase tudo e revelar muito pouco. Já 
envelhecido, Bentinho, apelidado de Dom 
Casmurro devido a sua amarga solidão, 
resolve “atar as duas pontas da vida” através 
da reconstituição dos principais fatos de sua 
existência. Assim, em retrospectiva, técnica 
que lhe dá chances para um aprofundado 
estudo psicológico, o autor faz Bentinho contar 
de seu amor por Capitu, sua experiência no 
seminário, sua amizade com Escobar e 
finalmente o casamento com sua amada – 
Capitu. Transtornado pelo ciúme e pela dúvida 
sobre a traição de Capitu e Escobar, Bentinho 
separa-se da mulher e do filho ficando cada 
vez mais solitário e casmurro. 
 
Esaú e Jacó: narrado em 3ª pessoa, a história 
criada pelo Conselheiro Aires, também 
personagem do romance, gira em torno dos 
irmãos gêmeos, Pedro e Paulo. Adversários na 
infância, na juventude e na maturidade; vão se 
opor em tudo. Um será conservador, o outro 
liberal. Só num aspecto coincidem, além da 
 
 
semelhança física: a paixão por Flora, jovem 
indecisa entre o amor de ambos. Flora termina 
morrendo sem conseguir optar por nenhum 
dos gêmeos, que continuam cada vez mais 
desunidos. Vale lembrar que a inimizade dos 
irmãos, além de remeter à disputa entre os 
personagens bíblicos Esaú e Jacó, é também 
uma alegoria política do Brasil da época que 
viva o processo de transição entre a monarquia 
e a república. 
 
Memorial de Aires: a obra não tem 
propriamente um enredo: estrutura-se em 
forma de um diário escrito pelo Conselheiro 
Aires (personagem que já aparecera em Esaú 
o Jacó), onde o narrador relata, miudamente, 
sua vida de diplomata aposentado no Rio de 
Janeiro de 1888 e 1889. Sucedem-se, nas 
anotações do conselheiro, episódios 
envolvendo pessoas de suas relações, leituras 
do seu tempo de diplomata e reflexões quanto 
aos acontecimentos políticos, sociais e 
culturais. Destaca-se, dando uma certa 
unidade aos fragmentos de que o livro é 
composto, a história de Tristão e Fidália. Ela, 
viúva moça e bonita, é grande amiga do casal 
Aguiar, uma espécie de filha postiça de D. 
Carmo. Tristão, afilhado do mesmo casal, 
viajara para a Europa, em menino, com os pais. 
Visitando, agora, o Rio de Janeiro, dá muita 
alegria aos velhos padrinhos. Tristão e Fidélia 
acabam por apaixonar-se e, depois de 
casados, seguem para a Europa, deixando a 
saudade e a solidão como companheiros dos 
velhos Aguiar e D. Carmo. 
 
 
 
 
 
O Naturalismo, assim como o Realismo, se 
volta para a realidade. Entretanto, observa-a, 
analisa-a, disseca-a sob uma ótica 
rigorosamente científica. Os escritores 
naturalistas, valendo-se de temas inovadores, 
mostram a decadência das instituições, 
denunciam a hipocrisia, caracterizam as lutas 
sociais, com espírito participativo e reformista. 
 
Características: 
 
Características do Realismo 
¬ Racionalismo / Objetivismo 
¬ Verossimilhança 
¬ Denúncia Social 
x Homem reduzido à condição animal 
¬ determinado pelos instintos 
x Predomínio do coletivo sobre o 
individual 
x Personagens patológicas 
x Enfoque nas classes populares 
x Descritivismo fotográfico 
 
Autor Principal e Obras: Aluísio de Azevedo 
 
 
 
O Mulato – 1ª obra do naturalismo brasileiro 
• tragédia de Raimundo 
• racismo em São Luís, MA 
 
Casa de Pensão 
• narração em 3ª pessoa 
• Influência do ambiente no indivíduo 
• Amâncio, João Coqueiro, Mme. Brizard 
 
O Cortiço 
• Principal obra do naturalismo brasileiro 
• Painel do subúrbio do RJ 
• Denúncia contra a discriminação e a miséria 
• Influência do meio no comportamento 
•Taras sexuais e anomalias psicológicas 
 » Cortiço = personagem principal 
» João Romão / Bertoleza 
» Miranda / Estela / Zulmira 
» Jerônimo / Rita Baiana 
 
 
Movimento literário de origem francesa, que 
representou na poesia o espírito positivista e 
 
científico da época, surgindo no século XIX em 
oposição ao romantismo. Diferentemente do 
Realismo e do Naturalismo, que se voltavam 
para o exame da realidade, o Parnasianismo 
representou na poesia o retorno à orientação 
clássica, ao princípio do belo na arte, à busca 
do equilíbrio e da perfeição formal. Os 
parnasianos acreditavam que o sentido maior 
da arte residia nela mesma, em sua perfeição, 
e não no mundo exterior. 
CARACTERÍSTICAS: 
1. Objetividade / Racionalismo 
2. Arte pela Arte > sem sentido utilitário, 
desvinculada das questões sociais, vale pela 
Beleza 
3. Culto à Forma > MétricaRigorosa, Rimas 
Ricas, Formas Fixas 
4. Temática greco-romana 
5. Descritivismo > natureza, objetos, cenas, 
corpo feminino, etc. 
 
 
 
AUTORES: 
OLAVO BILAC (1865 – 1918): foi o mais 
popular dos poetas parnasianos brasileiros, 
sendo eleito em 1913 o primeiro "Príncipe dos 
Poetas Brasileiros". Seus poemas foram 
 
 
decorados e declamados por toda parte, tanto 
nas ruas como em saraus e salões literários. 
Temas Principais: 
• Questionamento da própria poesia (o fazer 
poético); 
• Amor > Sensualidade e platonismo 
alternam-se em seus poemas líricos; 
• Natureza; 
• Pátria; 
• Antiguidade greco-romana. 
 
Obras: Via láctea, Sarças de Fogo, O caçador 
de Esmeraldas (tentativa épica). 
Profissão de fé 
Invejo o ourives quando escrevo: 
Imito o amor 
Com que ele, em ouro, o alto relevo 
Faz de uma flor. 
(...) 
Assim procedo. Minha pena 
Segue esta norma, 
Por te servir, Deusa serena, 
Serena Forma! 
 
 
A um poeta 
Longe do estéril turbilhão da rua, 
Beneditino, escreve! No aconchego 
Do claustro, na paciência e no sossego, 
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua! 
 
Mas que na forma se disfarce o emprego 
Do esforço; e a trama viva se construa 
De tal modo, que a imagem fique nua, 
Rica mas sóbria, como um templo grego. 
 
 
 
 
Via láctea – XIII 
Ora (direi) ouvir estrelas! Certo 
Perdeste o senso! E eu vos direi, no entanto, 
Que, para ouvi-las, muita vez desperto 
E abro as janelas pálido de espanto ... 
 
E conversamos toda a noite, enquanto 
A Via-Láctea, como um pálio aberto, 
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, 
Inda as procuro pelo céu deserto. 
 
Direi agora: “Tresloucado amigo ! 
Que conversas com ela? Que sentido 
Tem o que dizem, quando estão contigo?” 
 
E eu vos direi: “Amai para entendê-las! 
Pois só quem ama pode ter ouvido 
Capaz de ouvir e entender as estrelas.” 
 
 
Satânia 
Nua , de pé, solto o cabelo às costas, 
Sorri. Na alcova perfumada e quente, 
Pela janela, como um rio enorme 
Profusamente a luz do meio-dia 
 
Entra e se espalha, palpitante e viva. 
Como uma vaga preguiçosa e lenta 
Vem lhe beijar a pequenina ponta 
Do pequenino pé macio e branco 
 
Sobe... Cinge-lhe a perna longamente; 
 Sobe... e que volta sensual descreve 
Para abranger todo o quadril! – prossegue 
 
Lambe-lhe o ventre, abraça-lhe a cintura 
Morde-lhe os bicos túmidos dos seios 
Corre-lhe a espádua, espia-lhe o recôncavo 
Da axila, acende-lhe o coral da boca. 
 
E aos mornos beijos, às carícias ternas 
Da luz, cerrando levemente os cílios 
Satânia... abre um curto sorriso de volúpia. 
 
 
 
 
 
ALBERTO DE OLIVEIRA (1857 – 1937): 
considerado o mais parnasiano dos 
parnasianos. 
Temas: natureza, objetos e temática Greco-
latina. 
Poemas mais conhecidos: “Vaso Grego”, “Vaso 
Chinês”, “A Estátua” 
 
RAIMUNDO CORREIA (1859 – 1911): sua 
poesia possui tom filosófico e melancólico, 
quase pessimista. 
Poemas mais conhecidos: “As Pombas” e “Mal 
secreto” 
 
 
 
No final do século XIX, ao mesmo tempo em 
que ainda vigorava a onda cientificista e 
materialista que deu origem ao Realismo e ao 
Naturalismo, já surgia um grupo de artistas e 
pensadores que punha em dúvida a capacidade 
absoluta da ciência de explicar todos os 
fenômenos relacionados ao homem. A 
literatura que representou essa nova forma de 
ver o mundo, mais voltada para o subjetivo, 
para o inconsciente, para o místico, foi o 
Simbolismo. 
 
CARACTERÍSTICAS: 
 
1. Subjetivismo – descoberta do inconsciente e 
do subconsciente; 
2. Irracionalismo – há um mergulho no 
irracional, fuga do mundo proposto pelo 
racionalismo. A ciência explica o mundo, o 
poeta deve comunicar o irracional, o mundo 
interior. Há um clima de mistério, situações 
vagas, obscuras, presença do inconsciente e 
do subconsciente; 
3. Misticismo, religiosidade; 
4. Sugestão – imagens, metáforas, símbolos, 
sinestesias, etc. A poesia não deve dizer nada, 
apenas sugerir; 
5. Musicalidade – na tentativa de sugerir 
infinitas sensações, os simbolistas aproximam 
a poesia da música através do ritmo, das 
combinações estranhas de rimas, repetição de 
palavras e versos, aliterações, assonâncias,... 
6. A linguagem é simbólica e musical; 
7. Desejo de transcendência, de integração 
cósmica; 
8. Interesse pelo noturno, pelo mistério e pela 
morte. 
AUTORES 
 
 
 
CRUZ E SOUSA (1863 – 1898) – considerado 
o mais importante poeta simbolista brasileiro, 
inaugura o movimento com as obras “Missal” e 
“Broquéis” (1893). Manteve em sua obra a 
estrutura formal típica do Parnasianismo (uso 
de sonetos, rimas ricas, etc.), mas em um tom 
mais musical, rítmico, com uma variedade de 
efeitos sonoros, uma riqueza de vocabulários, 
e um precioso jogo de correspondências 
(sinestesias) e contrastes (antíteses). 
 
Temas Principais: 
• Morte; 
•Sofrimento da condição humana, conflito 
entre matéria e espírito; 
• Espiritualização e religiosidade; 
• Sublimação dos desejos carnais; 
• Obsessão pela cor branca 
 
Obras: Missal (prosa), Broquéis (versos), 
Faróis (versos), Evocações (prosa) e Últimos 
sonetos. 
 
Antífona 
Ó formas alvas, brancas, Formas claras 
De luares, de neves, de neblinas! ... 
Ó formas vagas fluidas, cristalinas ... 
Incensos dos turíbulos das aras ... 
(...) 
Infinitos espíritos dispersos, 
Inefáveis, edênicos, aéreos, 
Fecundai o Mistério destes versos 
Com a chama ideal de todos os mistérios ... 
 
 
 
Violões que Choram 
Ah! Plangentes violões dormentes, mornos 
Soluços ao luar, choros ao vento... 
Tristes perfis, os mais vagos contornos, 
Bocas murmurejantes de lamento 
( ... ) 
Vozes veladas, veludosas vozes, 
Volúpias dos violões, vozes veladas, 
Vagam nos velhos vórtices velozes 
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas. 
 
ALPHONSUS DE GUIMARAENS (1870 – 
1921): Marcado pela morte da prima 
Constança – a quem amava e que tinha apenas 
17 anos – sua poesia, marcada por uma 
profunda suavidade e lirismo, com uma 
linguagem simples e um ritmo bem musical, 
cheio de aliterações e sinestesias, é toda 
voltada ao tema da morte da mulher amada. 
 
Temas: 
• Amor 
• Morte 
• Atmosfera mística e litúrgica 
• Loucura 
 
Obras: Dona Mística, Kiriale, Câmara Ardente 
 
Ismália 
Quando Ismália enlouqueceu, 
Pôs-se na torre a sonhar ... 
Viu uma lua no céu, 
Viu uma lua no mar. 
(...) 
 
 
E como um anjo pendeu 
As asas para voar ... 
Queria a lua do céu 
Queria a lua do mar ... 
 
E as asas que Deus lhe deu 
Ruflaram de par em par ... 
Sua alma subiu ao céu, 
Seu corpo desceu ao mar ... 
 
 
Exercícios 
 
1. A vinda da família real portuguesa para o 
Brasil, em 1808, fomentou econômica, política 
e, principalmente, culturalmente o cenário 
local. A prosa romântica brasileira foi 
beneficiária direta da presença da corte de D. 
João VI no Rio de Janeiro, já que a criação dos 
jornais diários possibilitou o sucesso do 
romance estruturado em folhetins. Sobre este 
tipo de estrutura romanesca e sua utilização 
no Romantismo brasileiro somente NÃO se 
pode afirmar que: 
 
(A) Apresenta enredos baseados nos 
acontecimentos narrados, de modo a produzir 
uma trama cheia de peripécias cuja finalidade 
é contrapor-se ao desejo do par romântico de 
realizar seu amor. 
(B) Sempre apresentam um final feliz através 
da união do par romântico, que consegue 
vencer todas as dificuldades que se 
apresentam a seu mútuo amor, consumando 
seus sentimentos. 
(C) Tal como nas fábulas, suaspersonagens 
desempenham papéis preconcebidos nas 
narrativas, simbolizando a sociedade de modo 
maniqueísta e cristalizado. 
 
(D) São construídas mediante tramas 
superficiais, onde as personagens, no mais das 
vezes bastante moralistas, apresentam-se 
como criaturas rasas do ponto de vista 
psicológico. 
(E) Não visava à análise crítica da sociedade, 
uma vez que a descrevia através de extrema 
idealização, primando pelo entretenimento de 
um público leitor que pouco exigia da 
Literatura além de um simples modo de 
diversão. 
 
2. Preencha as lacunas com V (verdadeira) ou 
F (falsa), com base no romance Memórias de 
um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de 
Almeida. Após assinale a alternativa que 
apresenta a sequencia correta, de cima para 
baixo. 
(_) O romance retrata a elite e as classes 
abastadas do Rio de Janeiro, na época de D. 
Pedro II, anterior à abolição. 
(_) Leonardo Pataca é "o primeiro grande 
malandro que entra na novelística brasileira". 
(_) A vida de Leonardo transita entre a "ordem 
constituída" (Major Vidigal) e a "desordem 
tolerada" (Maria Regalada), para proveito da 
personagem principal. 
(_) O narrador da obra, embora se mantenha 
distanciado do texto narrado, revela uma 
atitude crítica em face das convenções sociais 
da época. 
(_) Enquadrada no período Romântico, a obra 
foi considerada precursora do Realismo e 
rotulada, por Mário de Andrade, como 
"romance picaresco". 
(_) Apesar de malandro, Leonardo encarna o 
típico herói romântico, capaz de desafiar o mal 
e lutar pela pureza do seu amor até tornar-se 
um sargento de milícias. 
 
 
(_) Irreverência e esperteza marcam a vida de 
Leonardo Pataca, despreocupado com os 
valores sociais, exceto quando estes 
funcionam a seu favor, instaurando a ideologia 
da malandragem. 
 
(A) V – V – V – F – V – F – V. 
(B) F – V – F – F – V – F – V. 
(C) F – F – F – V – F – V – F. 
(D) F – V – V – F – V – F – V. 
(E) V – F – V – V – F – V – F. 
 
3. Leia atentamente o trecho que segue. 
“Algum tempo hesitei se devia abrir estas 
memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se 
poria em primeiro lugar o meu nascimento ou 
a minha morte. Suposto o uso vulgar seja 
começar pelo nascimento, duas considerações 
me levaram a adotar diferente método: a 
primeira é que não sou propriamente um autor 
defunto, mas um defunto autor, para quem a 
campa foi outro berço; a segunda é que o 
escrito ficaria assim mais galante e mais 
novo.” 
A condição na qual anteriormente se 
apresenta o narrador das Memórias Póstumas 
de Brás Cubas, de Machado de Assis, permitiu-
lhe 
(A) isentar-se de qualquer compromisso com a 
realidade objetiva, permanecendo no plano do 
imaginário e do fantástico. 
(B) reconstruir caprichosamente a totalidade 
da própria história, com humor crítico e 
discreta melancolia. 
(C) manter um frio julgamento de sua própria 
história, dispensando as marcas subjetivas da 
ironia e do humor. 
 
(D) pairar acima das fraquezas humanas, 
analisando-as com rigor ético e severidade 
moral. 
(E) satirizar as tendências românticas e 
espiritualistas da época, submetendo-as a 
uma visão cientificista da História. 
 
4. As seguintes afirmações referem-se à obra 
de Machado de Assis. 
I. Em Esaú e Jacó, uma das interpretações 
para o conflito que se estabelece entre os dois 
irmãos gêmeos é que ele pode simbolizar o 
momento histórico em que se passa a 
narrativa, na transição política do Império para 
a República. 
II. Em Dom Casmurro, Bentinho, o narrador, 
retoma a história de sua vida e reflete sobre a 
infidelidade conjugal e sobre o sentido da 
existência. 
III. Machado de Assis altera o foco do romance 
brasileiro romântico, quando deixa de enfatizar 
a descrição da natureza para centrar-se nas 
atitudes e psicologia das personagens. 
 
Quais estão corretas? 
(A) Apenas I. 
(B) Apenas II. 
(C) Apenas III. 
(D) Apenas I e III. 
(E) I, II e III. 
 
 
 
 
 
 
5. Considere as seguintes afirmações. 
I. Os romances do Naturalismo sustentam-se 
nas teorias deterministas da época; por isso os 
personagens geralmente apresentam 
características patológicas. 
II. Aluísio Azevedo seguiu rigidamente os 
pressupostos teóricos do Naturalismo e, no 
romance O Cortiço, apresentou um painel das 
relações sociais do Rio de Janeiro no final do 
século XIX. 
III. Nos textos naturalistas, a subjetividade do 
narrador contrasta com o rigor científico que 
permeia a construção do enredo. 
 
Quais estão corretas? 
(A) Apenas I. 
(B) Apenas II. 
(C) Apenas I e II. 
(D) Apenas I e III. 
(E) I, II e III. 
 
 
 
 
 
Gabarito 
1 – B 2 – D 3 – B 4 – E 5 – C 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 04 
 
 
 
 
A literatura brasileira atravessa um período de 
transição nas primeiras décadas do século XX. 
De um lado, ainda há a influência das 
tendências artísticas da Segunda metade do 
século XIX; de outro, já começa a ser 
preparada a grande renovação modernista, 
que se inicia em 1922, com a Semana de Arte 
Moderna. A esse período de transição, que não 
chegou a constituir um movimento literário, 
chamou-se de Pré-modernismo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Autores e Obras: 
 
 
 
 
 
 
Obra máxima: Os Sertões (1902) 
 
- Ensaio sociológico e histórico – rigor 
científico 
- Influência do cientificismo sobre Canudos e 
sobre a guerra movida pelas forças do governo 
contra Antônio Conselheiro e SUS seguidores. 
- Determinismo geográfico, racial, histórico. 
- A estrutura do livro é justificada pela teoria 
determinista: 
A Terra: análise do condicionamento 
geográfico do sertão. 
 
 
 
 
O Homem: análise da miscigenação, das 
crenças, dos hábitos geradores do fatalismo 
messiânico; costumes do sertanejo. 
A Luta: narra o conflito entre o primitivismo 
interiorano e a civilização urbana; quatro 
expedições contra Canudos e sua extinção. 
 
 
- Mulato e pobre; 
- Temática do preconceito; 
- Análise da vida suburbana carioca, 
especialmente do funcionário público. 
Obra Principal: Triste Fim de Policarpo 
Quaresma 
- Tema: Pátria = Construção, enfrentamento 
da realidade, não sonho ou idealismo. 
- Narrado em 3ª pessoa. 
- Policarpo (Quixote) Quaresma 
Funcionário Público, 
Nacionalista ufanista. 
- Projetos de Brasilidade: Cultural, Agrícola e 
Político. 
- Revolta da Armada. 
 
 
 
 
 
 
- Nacionalista: ideal de país moderno, 
progressista; 
- Desinteressado pela renovação literária; 
valorização do “realismo tradicional”. 
- “Paranoia ou Mistificação” (1917): artigo 
polêmico em que critica a exposição de pintura 
expressionista de Anita Malfati. 
Obras (contos): 
- Urupês (1918) – onde cria a figura do caipira 
Jeca Tatu, exemplo típico do caboclo paulista 
marginalizado pelo progresso. 
- Cidades Mortas (1919) 
- Negrinha (1920) 
 
 
 
 
 
 
Obra: Eu (1912) – poemas 
- Obra única (sucesso popular, ignorado pela 
crítica); 
- Vocabulário cientificista, às vezes agressivo, 
apesar do tom coloquial; 
- Visão pessimista; 
- Materialismo, angústia, falta de esperança; 
- Predomínio do soneto. 
 
Psicologia de um Vencido 
 
Eu, filho do carbono e do amoníaco 
Monstro de escuridão e rutilância, 
Sofro, desde a epigênese da infância, 
A influência má dos signos do Zodíaco. 
 
Profundissimamente hipocondríaco, 
Este ambiente me causa repugnância... 
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsiaQue se escapa da boca de um cardíaco. 
 
Já o verme, este operário das ruínas 
Que o sangue podre das carnificinas 
Come, e à vida em geral declara guerra. 
 
Anda a espreitar meus olhos para roê-los, 
E há de deixar-me apenas os cabelos, 
Na frieldade inorgânica da terra! 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vês, Ninguém assistiu ao formidável 
Enterro de tua última quimera. 
Somente a ingratidão – esta pantera – 
Foi tua companheira inseparável! 
 
Acostuma-te a lama que te espera! 
O homem, que nesta terra miserável, 
Mora, entre feras, sente a inevitável 
Necessidade de também ser fera. 
 
Toma um fósforo. Acende teu cigarro! 
O beijo, amigo, é a véspera do escarro, 
A mão que afaga é a mesma que apedreja. 
 
Se alguém causa ainda pena a tua chaga, 
Apedreja essa mão vil que te afaga 
Escarra nessa boca que te beija! 
 
 
SIMÕES LOPES NETO (1865 – 1916) 
 
- Considerado o criador do regionalismo sul-
rio-grandense; 
- Fotografia social > valores, costumes, 
tipologia,... 
- Oralidade e regionalismos da linguagem. 
 
Obras: 
- Cancioneiro Guasca (1910) " série de poemas 
populares; 
- Contos Gauchescos (1912) " 19 contos 
narrados por “Blau Nunes” que retomam 
 
 
elementos do regionalismo e transformam-os 
em instrumento de reflexão sobre a realidade 
gaúcha; 
- Lendas do Sul (1913) "série de lendas do 
folclore popular”; 
- Casos do Romualdo (1952) "brincalhão e 
mentiroso, representa a desmistificação do 
gaúcho”. 
 
 
Exercícios 
 
1. Assinale a alternativa que se refere à(s) 
correta(s) afirmativa(s) acerca de Triste fim de 
Policarpo Quaresma, de seu autor Lima 
Barreto e do Pré-Modernismo brasileiro. 
I. Lima Barreto viveu no Rio de Janeiro entre o 
final do século XIX e início do século XX, de tal 
sorte que presenciou o desenrolar de 
acontecimentos históricos marcantes no 
cenário nacional, como a abolição dos 
escravos e a proclamação da república. Foi um 
dos maiores cronistas do universo carioca de 
sua época e um dos escritores mais críticos e 
severos da incipiente República, por ele 
considerada preconceituosa e profundamente 
hipócrita. 
II. O prefixo “pré”, no caso do Pré-Modernismo 
brasileiro, pode ser lido de duas maneiras: 
como um período de preparação ao 
Modernismo que irá ter como marco inicial a 
Semana da Arte Moderna, de 1922 e, portanto, 
encarado como um período que já apresenta 
os primeiros indícios modernistas; ou, como 
um período que apenas antecede 
cronologicamente o Modernismo e que ainda 
apresentava várias produções literárias 
filiadas a estéticas anteriores. Dessa forma, a 
 
opção por apenas uma ou outra definição 
implicaria reducionismo estético. 
III. A obra Triste fim de Policarpo Quaresma 
tem como personagem principal um major 
nacionalista que, entre outros excessos, chega 
a propor a adoção do tupi como língua oficial 
brasileira. A personagem é internada em um 
hospício, fato também ocorrido com o autor. 
 
Quais estão corretas? 
(A) Apenas II. 
(B) Apenas III. 
(C) Apenas I e III. 
(D) Apenas II e III. 
(E) I, II e III. 
 
2. Considere as seguintes afirmações sobre Os 
Sertões, de Euclides da Cunha. 
I. Na prosa grandiloquente do livro, a 
linguagem recebe um tratamento artístico 
todo especial, num trabalho semelhante ao de 
um escultor. 
II. Na primeira parte do livro, Euclides 
descreve as características geológicas e 
topográficas do sertão, particularmente da 
região de Canudos. 
III. O sertão de Canudos é descrito 
romanticamente por Euclides da Cunha, uma 
vez que ele recria um espaço idealizado, onde 
há uma perfeita harmonia entre o homem e a 
natureza. 
 
 
 
IV. O material fornecido pelo episódio de 
Canudos foi trabalhado por Euclides da Cunha 
em Os Sertões com base no cientificismo que a 
cultura do século XIX lhe propiciou. 
 
Quais estão corretas? 
(A) Apenas I e III. 
(B) Apenas II e IV. 
(C) Apenas I, II e III. 
(D) Apenas I, II e IV. 
(E) Apenas II, III e IV. 
 
3. Assinale com V (Verdadeiro) ou F (Falso) as 
afirmações abaixo sobre a obra Os Sertões, de 
Euclides da Cunha. 
(__) No texto de Euclides da Cunha, misturam-
se o requinte da linguagem, a intenção 
científica e o propósito jornalístico. 
(__) A obra euclideana insere-se numa 
tradição da literatura brasileira que tematiza o 
povoamento do sertão, iniciada ainda no 
Romantismo com Bernardo Guimarães. 
(__) Euclides da Cunha escreveu Os Sertões 
com base nas reportagens que realizou como 
correspondente do jornal O Estado de São 
Paulo. 
(__) Antônio Conselheiro é uma personagem 
fictícia criada pelo imaginário do autor. 
(__) O episódio de Canudos, retratado no texto 
de Euclides da Cunha, faz parte dos 
movimentos de protesto surgidos logo após a 
proclamação da Independência do Brasil. 
 
A sequência correta de preenchimento dos 
parênteses, de cima pra baixo, é 
(A) V-F-V-F-F 
(B) V-V-V-F-F 
(C) F-F-V-V-F 
(D) F-V-F-F-V 
(E) V-V-F-F-F 
 
4. Considere as seguintes afirmações sobre 
obras de Monteiro Lobato. 
I. Em Urupês, Cidades Mortas e Negrinha, ele 
produz uma literatura comprometida 
predominantemente com os problemas 
socioeconômicos do Brasil. 
II. Em Urupês, ele atribui a culpa pelo atraso 
do Brasil ao caboclo, por ele ser acomodado e 
inadaptável às mudanças necessárias ao 
desenvolvimento. 
III. O título Cidades Mortas alude às 
cidadezinhas do interior de São Paulo, que 
perderam a sua importância econômica face à 
Capital. 
 
Quais estão corretas? 
(A) Apenas I. 
(B) Apenas II. 
(C) Apenas III. 
(D) Apenas I e II. 
(E) I, II e III. 
 
 
 
5. É correto afirmar que Augusto dos Anjos foi 
o poeta do 
(A) pessimismo aliado à ciência que acusava a 
degradação humana mediante associações e 
comparações com processos químicos e 
biológicos. 
(B) cientificismo triunfante que, aliado à ideia 
de progresso, marcou boa parte da lírica 
contemporânea aos primeiros anos da 
República. 
(C) pessimismo acusatório que denunciou o 
latifúndio e a política oligárquica, reproduzindo 
na poesia as preocupações e temas de Lima 
Barreto. 
(D) esteticismo que depurava a forma de seus 
sonetos à perfeição, sem jamais fazer 
concessões a temas considerados prosaicos 
ou de mau gosto. 
(E) cientificismo militante disposto a abranger 
temas como o cálculo algébrico, a crítica 
literária e arquitetura para retirar o caráter 
subjetivo da poesia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gabarito 
 
1 – E 2 – D 3 – B 4 – E 5 – A 
 
 
Aula 05 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Autores: 
 
> Principal figura teórica do movimento; 
> Temas: 
- O progresso de São Paulo; 
- Família burguesa paulistana; 
- Nacionalismo Crítico; 
- Antropofagia. 
Poesia: 
> Paulicéia Desvairada – (Prefácio 
Interessantíssimo) 
> Losango Cáqui 
> Clã do Jabuti 
> Lira Paulistana 
 
Ode ao Burguês 
Eu insulto o burguês! O burguês níquel, 
O burguês-burguês! 
A digestão bem feita de São Paulo! 
O homem curva! O homem-nádegas! 
O homem que sendo francês, brasileiro, 
italiano, 
É sempre um cauteloso pouco-a-pouco! (...) 
 
 
 
Romance: 
Amar, Verbo Intransitivo 
- Fräulein Elza é contratada oficialmente para 
ensinar alemão e piano aos filhos do casal 
Souza Costa. Sua função de fato, no entanto, 
era fazer a iniciação sexual d Carlinhos, filho 
adolescente do casal. 
- Crítica aos valores da família burguesapaulistana. 
 
Rapsódia: 
Macunaíma - “O herói sem nenhum caráter.” 
- Mistura contos populares, anedotas, 
narrativas míticas, lendárias e folclóricas 
- Narrado em 3ª pessoa 
- Tempo / Espaço: Míticos 
- Humor, ironia 
- Intertextualidade 
- Síntese cultural brasileira 
- Anti-herói, malandro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 > Irrequieto e ousado; 
> Ligado aos movimentos Pau-Brasil e 
Antropofagia; 
> Renovação da Linguagem Literária: 
fragmentação, paródias, neologismos, 
subversão sintática, etc. 
Poesia: 
Pau-Brasil (poesia de exportação) 
> História e Cultura Brasileira (tema) 
- visão crítica e irônica 
> Técnicas de Vanguarda (linguagem) 
- paródias, deboche, fragmentação 
O Capoeira 
- Qué apanhá sordado? 
- O quê? 
- Qué apanhá? 
Pernas e cabeças na calçada. 
 
 
 
 
 
Canto de Regresso à Pátria 
Minha terra tem palmares 
Onde gorjeia o mar 
Os passarinhos daqui 
Não cantam como os de lá 
 
Romance: 
> Memórias Sentimentais de João Miramar 
> Serafim Ponte Grande 
 
 
Exercícios 
 
01. Música de Manivela é tipicamente 
modernista por 
(A) reelaborar, com linguagem direta, um 
elemento da vida urbana moderna. 
(B) unir o arcaico e o moderno, o rural com 
traços coloniais e o urbano voltado para o 
futuro e a velocidade. 
(C) citar a retórica bacharelesca e pomposa 
para criticá-la logo a seguir. 
(D) retomar a tradição cultural do negro e do 
índio para questionar os valores patriarcais. 
(E) denunciar a exploração capitalista e seus 
efeitos sobre a saúde dos trabalhadores. 
 
 
 
 
 
Instrução: para responder à questão 02, leia os 
textos a seguir. 
I 
Pedro apenas trabalhou. 
Ganhou mais, foi subindinho, 
Um pão de terra comprou. 
Um pão apenas, três quartos 
E cozinha num subúrbio 
Que tudo dificultou. 
 
II 
A cidade progredia 
Em roda de minha casa 
Que os anos não trazem mais 
Debaixo da bananeira 
Sem nenhum laranjais. 
 
02. Tanto no texto I, de Mário de Andrade, 
quanto no texto II, de Oswald de Andrade, 
encontram-se exemplos de uma das propostas 
dos modernistas de 1922. Assinale a 
alternativa em que essa proposta se explicita. 
(A) Os nossos poetas de hoje, possuindo um 
sentimento igual, e às vezes superior ao dos 
poetas antigos, sobre eles excedem pelo 
cuidado que dão à pureza da linguagem e pela 
habilidade com que variam e aperfeiçoam a 
métrica. 
(B) A língua sem arcaísmos. Sem erudição. 
Natural e neológica. A contribuição milionária 
de todos os erros. 
(C) Os tempos em que vivemos são outros, 
tempos de técnica e comunicação maciça, 
tempos em que outra é a percepção da 
 
 
 
realidade (...); logo, tempos em que já não faria 
sentido o uso da unidade de verso linear, nem 
o da frase. 
(D) A literatura exaltou até hoje a imobilidade 
pensativa, o êxtase, o sono. Nós queremos 
exaltar o movimento agressivo, a insônia febril, 
o passo de corrida, o salto mortal, o bofetão e 
o soco. 
(E) O filho dos trópicos deve escrever numa 
linguagem propriamente sua, lânguida como 
ele, quente como o sol que a abrasa, grande e 
misteriosa como as suas matas seculares. 
 
03. Entre os muitos textos conhecidos do poeta 
modernista Oswald de Andrade, selecionamos 
os que seguem. 
Vicio na Fala 
Para dizerem milho dizem mio 
Para melhor dizem mio 
Para pior pio 
Para telha teia 
Para telhado teiado 
E vão fazendo telhados 
 
As Meninas da Gare 
Eram três ou quatro moças bem moças e bem 
gentis 
Com cabelos mui pretos pelas espáduas 
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas 
Que de nós as muito olharmos 
Não tínhamos nenhuma vergonha 
(ANDRADE, Oswald de. Poesias Reunidas, RJ: 
Civilização Brasileira, 1978) 
 
Com relação a eles, é correto afirmar que 
(A) Em ambos, é estabelecida uma 
intertextualidade com a carta de Pero Vaz de 
Caminha, com o propósito de desconstruí-la, a 
partir da confrontação de duas realidades 
brasileiras que, embora distantes no tempo, 
permanecem similares em sua quintessência. 
(B) Nos dois poemas, percebemos referência 
do autor a uma realidade que até então 
(Semana de Arte Moderna) não era retratada 
pela literatura brasileira, o que o colocou em 
rota de colisão com o movimento literário do 
qual participava. 
(C) A oposição “melhor/mio”, no primeiro 
poema, conota a forte estratificação social 
vigente na realidade brasileira da época, 
reforçada pelo tom depreciativo da poesia de 
Oswald ao falar popular brasileiro. 
(D) O último verso do primeiro poema pode 
referir-se tanto às ocupações operárias da 
camada da população que se vale da 
linguagem não-padrão quanto ao 
distanciamento social entre os estratos 
populacionais, agravando a diferença no modo 
de falar. 
(E) A referência à ausência de vergonha, 
confessada pelo eu-lírico, remete a uma 
conhecida passagem da carta de Pero Vaz de 
Caminha, com o firme propósito de satirizar as 
mazelas sociais brasileiras, conforme o 
preconizado pelo Manifesto Antropofágico. 
 
04. Assinale a alternativa incorreta. 
(A) Oswald de Andrade, autor do Manifesto 
Antropófago, de 1928, compôs também o 
Manifesto Pau-Brasil, que discute concepções 
sobre a linguagem poética, a modernização e a 
cor local. 
 
 
(B) Mário de Andrade dedicou-se à renovação 
da ficção e da poesia, escrevendo também 
manifestos, prefácios e livros sobre o Brasil, a 
respeito dos mais variados assuntos. 
(C) As propostas do Modernismo, receptivas às 
diferentes linguagens artísticas, pretendem 
discutir os padrões estéticos e culturais 
brasileiros. 
(D) O Modernismo, embora aberto à linguagem 
coloquial, não se opôs aos padrões poéticos e 
narrativos já consagrados desde o 
Romantismo. 
(E) Os poetas das diferentes tendências do 
Modernismo contribuíram para a inovação 
formal e temática da poesia brasileira, que 
posteriormente se aproximou da canção 
popular. 
 
Textos para a questão 05: 
Texto I 
O Canto do Guerreiro 
Aqui na floresta 
Dos ventos batida, 
Façanhas de bravos 
Não geram escravos, 
Que estimem a vida 
Sem guerra e lidar. 
- Ouvi-me, Guerreiros. 
- Ouvi meu cantar. 
 
Valente na guerra 
Quem há, como eu sou? 
Quem vibra o tacape 
Com mais valentia? 
 
Quem golpes daria 
Fatais, como eu dou? 
- Guerreiros, ouvi-me; 
- Quem há, como eu sou? 
(Gonçalves Dias) 
 
Texto II 
Macunaíma (Epílogo) 
Acabou-se a história e morreu a vitória. 
Não havia mais ninguém lá. Dera tangolo-
mangolo na tribo Tapanhumas e os filhos dela 
se acabaram de um em um. Não havia mais 
ninguém lá. Aqueles lugares aqueles campos 
furos puxadouros arrastadouros meios-
barrancos, aqueles matos misteriosos, tudo 
era a solidão do deserto... Um silêncio imenso 
dormia a beira-rio do Uraricoera. 
Nenhum conhecido sobre a terra não sabia 
nem falar na falta da tribo nem contar aqueles 
casos tão pançudos. Quem que podia saber do 
herói? (Mário de Andrade) 
 
05. A leitura comparativa dos dois textos acima 
indica que 
(A) ambos têm como tema a figura do indígena 
brasileiro apresentada de forma realista e 
heroica, como símbolo máximo do 
nacionalismo romântico. 
(B) a abordagem da temática adotada no texto 
escrito em versos é discriminatória em relação 
aos povos indígenas do Brasil. 
(C) as perguntas “- Quem há, como eu sou?” 
(1º texto) e “Quem podia saber do herói?” (2º 
texto) expressam diferentes visões da 
realidade indígena brasileira. 
 
 
(D) o texto romântico, assim como o 
modernista,aborda o extermínio dos povos 
indígenas como resultado do processo de 
colonização no Brasil. 
(E) os versos em primeira pessoa revelam que 
os indígenas podiam expressar-se 
poeticamente, mas foram silenciados pela 
colonização, como demonstra a presença do 
narrador, segundo o texto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gabarito 
1 – A 2 – B 3 – D 4 – D 5 – C 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 06 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Obras principais: 
- Libertinagem 
- Estrela da Vida Inteira 
 
Testamento 
O que não tenho e desejo 
É o que melhor me enriquece 
Tive uns dinheiros – perdi-os... 
Mas no maior desespero 
Rezei: ganhei essa prece. 
Vi terras da minha terra 
Pro outras terras andei 
Mas o que ficou marcado 
No meu olhar fatigado, 
Foram terras que inventei. 
(...) 
Criou-me desde eu menino 
Para arquiteto meu pai. 
Foi-se-me um dia a saúde ... 
Fiz-me arquiteto? Não pude! 
Sou poeta menor, perdoai! 
 
Pneumotórax 
Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturno. 
A vida inteira que podia ter sido e que não foi. 
Tosse, tosse, tosse. 
 
Mandou chamar o médico 
- Diga trinta e três. 
 
 
- Trinta e três... trinta e três... trinta e três... 
- Respire 
- O senhor tem uma escavação no pulmão 
esquerdo e o pulmão direito infiltrado. 
- Então, doutor, não é possível tentar o 
pneumotórax? 
- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango 
argentino. 
 
Vou-me Embora pra Pasárgada 
 
Vou-me embora pra Pasárgada 
Lá sou amigo do rei 
Lá tenho a mulher que eu quero 
Na cama que escolherei 
 
Vou-me embora pra Pasárgada 
Vou-me embora pra Pasárgada 
Aqui eu não sou feliz 
Lá a existência é uma aventura 
De tal modo inconsequente 
Que Joana a Louca de Espanha 
Rainha e falsa demente 
Vem a ser contraparente 
Da nora que nunca tive 
 
E como farei ginástica 
Andarei de bicicleta 
Montarei em burro brabo 
Subirei no pau-de-sebo 
Tomarei banhos de mar! 
E quando estiver cansado 
Deito na beira do rio 
Mando chamar a mãe-d'água 
 
Pra me contar as histórias 
Que no tempo de eu menino 
Rosa vinha me contar 
Vou-me embora pra Pasárgada 
 
Em Pasárgada tem tudo 
É outra civilização 
Tem um processo seguro 
De impedir a concepção 
Tem telefone automático 
Tem alcalóide à vontade 
Tem prostitutas bonitas 
Para a gente namorar 
 
E quando eu estiver mais triste 
Mas triste de não ter jeito 
Quando de noite me der 
Vontade de me matar 
— Lá sou amigo do rei — 
Terei a mulher que eu quero 
Na cama que escolherei 
Vou-me embora pra Pasárgada. 
 
 
 
 
 
 
 
Poemas das Sete Faces 
Quando nasci, um anjo torto 
desses que vivem na sombra 
disse: Vai Carlos! ser gauche na vida. 
(...) 
Mundo mundo vasto mundo, 
se eu chamaste Raimundo 
seria uma rima, não seria uma solução. 
Mundo mundo vasto mundo, 
Mais vasto é meu coração. 
 
Mãos dadas 
Não serei o poeta de um mundo caduco. 
Também não cantarei o mundo futuro. 
Estou preso à vida e olho meus companheiros. 
Estão taciturnos mas nutrem grandes 
esperanças. 
Entre eles, considero a enorme realidade. 
O presente é tão grande, não nos afastemos. 
Não nos afastemos muito, vamos de mãos 
dadas. 
(...) 
 
 
Confidência do itabirano 
Alguns anos vivi em Itabira. 
Principalmente nasci em Itabira. 
Pó isso sou triste, orgulhoso: de ferro. 
Noventa por cento de ferro nas calçadas. 
Oitenta por cento de ferro nas almas. 
E esse alheamento do que na vida é porosidade 
e comunicação 
 
 
Procura da Poesia 
Não faças versos sobre acontecimentos 
Não há criação nem morte perante a poesia 
Diante dela, a vida é um sol estático, 
Não aquece nem ilumina. 
As afinidades, os aniversários, os incidentes 
pessoais não contam. 
Não faças versos com o corpo, esse excelente 
e confortável 
Corpo, tão intenso à efusão lírica 
Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor 
no escuro 
São indiferentes. 
Nem me reveles teus sentimentos 
Que se prevalecem do equívoco e tentam a 
longa viagem. 
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia 
( ... ) 
Chega mais perto e contempla as palavras 
Cada uma 
Tem mil faces secretas sob a face neutra (...) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Motivo 
Eu canto porque o instante existe 
e a minha vida está completa. 
Não sou alegre nem sou triste: 
sou poeta. 
Irmão das coisas fugidias, 
não sinto gozo nem tormento. 
Atravesso noites e dias 
no vento. 
Se desmorono ou se edifico, 
se permaneço ou me desfaço, 
– não sei, não sei. Não sei se fico 
ou passo. 
Sei que canto. E a canção é tudo. 
Tem sangue eterno a asa ritmada. 
E um dia sei que estarei mudo: 
mais nada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Soneto de Fidelidade 
De tudo ao meu amor serei atento 
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto 
Que mesmo em face do maior encanto 
Dele se encante mais meu pensamento. 
 
Quero vivê-lo em cada vão momento 
E em seu louvor hei de espalhar meu canto 
E rir meu riso e derramar meu pranto 
Ao seu pesar ou seu contentamento 
 
E assim, quando mais tarde me procure 
Quem sabe a morte, angústia de quem vive 
Quem sabe a solidão, fim de quem ama 
 
Eu possa me dizer do amor (que tive): 
Que não seja imortal, posto que é chama 
Mas que seja infinito enquanto dure. 
 
A rosa de Hiroxima 
Pensem nas crianças 
Mudas telepáticas 
Pensem nas meninas 
Cegas inexatas 
 
 
Pensem nas mulheres 
Rotas alteradas 
Pensem nas feridas 
Como rosas cálidas 
Mas oh não se esqueçam 
Da rosa da rosa 
Da rosa de Hiroxima 
A rosa hereditária 
A rosa radioativa 
Estúpida e inválida 
A rosa com cirrose 
A anti-rosa atômica 
Sem cor sem perfume 
Sem rosa sem nada. 
 
 
Soneto De Separação 
De repente do riso fez-se o pranto 
Silencioso e branco como a bruma 
E das bocas unidas fez-se a espuma 
E das mãos espalmadas fez-se o espanto 
 
De repente da calma fez-se o vento 
Que dos olhos desfez a última chama 
E da paixão fez-se o pressentimento 
E do momento imóvel fez-se o drama 
 
De repente não mais que de repente 
Fez-se de triste o que se fez amante 
E de sozinho o que se fez contente 
 
Fez-se do amigo próximo, distante 
Fez-se da vida uma aventura errante 
De repente, não mais que de repente 
 
Exercícios 
 
01. Leia as estrofes abaixo, de Vinícius de 
Moraes, e a afirmação que as segue. 
 
01. "Uma lua no céu apareceu 
02. cheia e branca; foi quando, emocionada 
03. a mulher a meu lado estremeceu 
04. e se entregou sem que eu dissesse nada. 
05. Larguei-as pela jovem madrugada 
06. ambas cheias e brancas e sem véu 
07. perdida uma, a outra abandonada 
08. uma nua na terra, outra no céu." 
 
Por meio de versos ....... em que é a perceptível 
um lirismo ........ , típico de sua poesia, Vinícius 
de Moraes aproxima a mulher e a lua, 
fundindo-as, em alguns momentos, como 
acontece no verso de número .... . 
Assinale a alternativa que preenche 
corretamente as lacunas acima. 
 
(A) octassílabos - amoroso – 06 
(B) heptassílabos - social – 07 
(C) decassílabos - moralizante – 08 
(D) octassílabos - despojado – 07 
(E) decassílabos - sensual - 06

Continue navegando